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entrevista
Alberto Gonzalez, médico
«Deixar alguns vícios
alimentares é fundamental para
a cura e saúde do corpo»
Alberto Gonzalez é o médico mais famoso do Brasil. Cirurgião, formado pela
Universidade de Brasília com mestrado e doutoramento da Universidade Ludwig
Maximilian de Munique. Alberto Gonzalez trabalha no sistema nacional de saúde
do Brasil. Em paralelo promove a cura e prevenção de doenças com a alimentação
crudivorista. Dirige a ‘Oficina da Semente’ e ensina as pessoas a transformar a
alimentação no melhor remédio. Promove também conferências e simpósios com
outros médicos. Além disso tem assinado alguns programas de televisão na TV Globo
e de rádio, na CBN Rádio, onde tem motivado e ensinado muitas pessoas sobre os
benefícios de uma dieta saudável.
Por Fátima Baptista * (Ideia e produção de Fátima Baptista para a Rádio Nostalgia e para a revista Zen Energy
- www.facebook.com/eco.media.sapiens)
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lberto Gonzalez,
A importância do sumo
verde
em entrevista à Zen Energy e à Rádio Nostalgia, no
programa Eco-Sapiens, uma
montra aberta de ideias, notícias e serviços direccionados
para a protecção do planeta
e desenvolvimento humano,
mostra que a chave para a
saúde pode estar à sua mão,
da horta e do pomar para a
sua cozinha.
O que é a alimentação
viva?
A alimentação viva é o
aproveitamento do alimento
com todas as condições em
que é fornecido pela
Mãe Natureza. Nós evitamos todo o tipo de fervuras,
processamentos, pasteurizações, alimentos industrializados. Fugimos do conceito
de alimento industrializado e
processado que, infelizmente,
tomaram conta praticamente
de todas as economias no
âmbito alimentar em quase
todos os países do mundo.
Quais os benefícios do
crudivorismo na nossa
saúde?
Alimentos funcionais são os
alimentos que têm um impacto
positivo na saúde do indivíduo
e no seu desempenho físico e
mental. Estes alimentos têm
funções particulares quando
ingeridos, regulam processos vitais específicos, como
O sumo verde é o primeiro passo da sua receita. Porquê?
Beber o sumo verde pela manhã torna-se um desafio,
porque muda uma rotina culinária estabelecida às
gerações. Trata-se de uma mudança cultural no âmbito
dos hábitos alimentares que em qualquer país do mundo,
em qualquer cultura, é muito forte e difícil de mudar. O
que está arraigado no momento é a cultura instantânea,
tirar do frigorífico, e colocar no micro-ondas, é comer
rápido. Eu costumo dizer: agora, pode ganhar tempo,
mas depois vai perder tempo no hospital. É melhor gastar
10min a preparar um sumo ou um prato saudável que lhe
forneça os nutrientes certos para um bom funcionamento
das células e esse tempo perdido será um tempo de vida
que a pessoa ganha. Está estudado e comprovado que
se a população mudar os seus hábitos alimentares para
melhor, aumentarão a sua vida, pelo menos, em 20 anos.
o aumento dos mecanismos
biológicos de defesa do organismo contra influências
ambientais, prevenção de
doenças, influência positiva
nas condições físicas e mentais e redução do processo de
envelhecimento.
Interesse por este
regime alimentar
O que o fez interessar por
este regime alimentar?
Eu sou médico, cirurgião,
investigador e professor e, com
o passar do tempo e da experiência profissional, observei
que o modelo alopático actual
não resolve fisiologicamente
a doença, ele serve apenas
como tampão de um sintoma, que fica mascarado. A
academia médica não treina
os profissionais para respeitar
a fisiologia, por outro lado os
médicos não estão a conseguir
reverter e travar a pandemia
de doenças degenerativas que
estão a assolar o mundo.
Como médico alopata que
abraça propostas tão pouco
convencionais, pergunto-lhe
se sentiu dificuldades em
ser aceite no seu meio pro-
A população
é sensível a
uma mudança
alimentar
quando
percebe como
funciona o seu
próprio corpo
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entrevista
Inimigos alimentares
fissional, se foi bem aceite
pelos seus pares?
Embora tenha sempre
trabalhado como médico as
minhas propostas foram rejeitadas durante uns 7 anos
pela academia médica, actualmente está a acontecer o
oposto, estou a ser chamado
para conferências e formações
em muitas universidades em
São Paulo, Brasil. Até agora
estive a formar os formadores.
Estou a padronizar um trabalho que começou a tomar
forma agora, neste período
de novos mandatos de novas Prefeituras no Brasil. Um
trabalho que estou a fazer
chegar a muitos municípios
do Brasil através da assistência institucional do programa
‘Saúde na Família’.
Mudanças
alimentares
Esta proposta de alimentação pode mudar a estrutura da sociedade?
Essa abordagem tem profunda implicação nas estruturas económicas locais,
beneficiando pequenos produtores e baixando gastos
com a saúde das populações
mais carenciadas. No momento em que este modelo
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despertar, ele será adoptado
por muitos países do mundo
que queiram responder a esse
impasse que estamos vivendo
no mundo.
A maioria das pessoas,
independentemente do seu
nível intelectual e sócioeconómico, não entende o
funcionamento do seu organismo. Nós adoptamos o
modelo educacional, ou seja,
a população é sensível a uma
mudança alimentar quando
percebe como funciona o seu
próprio corpo. Eu ofereço
oficinas gratuitas em alguns
municípios do Brasil, pelo
programa ‘Saúde na Família’. Nessas aulas, usando o
teatro e dramatizações, explico cientificamente como se
fossem alunos de medicina,
o funcionamento do nosso
organismo. Aí, entra a Maya
Beermann, a minha companheira de trabalho e de vida,
Quais são os nossos principais inimigos alimentares?
Os vícios alimentares são o açúcar e o amido. Nós
temos uma herança cultural para comer doces, e os
doces na escala de alimentos nocivos que prejudicam
a saúde, estão em primeiro lugar. A pessoa precisa de
aceitar o desafio de desabituar-se a comer doces e,
também, de comer pão. O pão é outra arte portuguesa
que, em excesso, é muito prejudicial para a saúde, tal
como, o açúcar, as massas, as bolachas, pois causam
as glicações, um processo degenerativo que atinge
qualquer célula do corpo, especialmente as células do
endotélio, a membrana que recobre os vasos sanguíneos
e o seu interior. Essas células são responsáveis por todo
o controlo cardiovascular e da distribuição de oxigénio.
Todo a estratégia vital do corpo fica em perigo. Este é
o desafio. É muito importante perceber que aprender
novas rotinas e, ao mesmo tempo, deixar alguns vícios
alimentares que têm a ver com cultura e conveniência é
fundamental para a cura e saúde do corpo.
com a culinária, ensinando a
preparar os alimentos para
refeições saudáveis e agradáveis.
E o sabor deste tipo de comida não é um problema para
o paladar das pessoas?
Quando trabalho com pessoas que nunca experimentaram comida crua, viciadas em
açúcar, refrigerantes e excesso
de pão, o meu trabalho é
progressivo, é assistencial.
Começamos a incentivar as
pessoas a incluir de o% para
10% de alimentos funcionais
na sua dieta, depois passa
para 30% e assim progressivamente. São o sumo verde,
algumas saladas e hortaliças.
Nós temos um role de receitas
muito amplo. Nos nossos
cursos de uma semana, ao
fim de 3 ou 4 dias, as pessoas
dizem que estão saciadas, que
não têm fome e que se sentem
bem e mais leves. Sentem-se
satisfeitas.
O sistema corporal humano
necessita de muito menos
comida do que nós pensamos para se manter com alta
eficiência energética, com
alta eficiência imune, principalmente com alta eficiência proteica no sentido de
desenvolver músculos e um
funcionamento apropriado.
No site www.doutotalberto.
com encontra receitas, vídeos,
programas de televisão e mais
Z
informações.
(*) Responsável pela Feira
Terra Alternativa
Alberto Gonzalez em Portugal
Alberto Peribanez Gonzalez vai estar pela primeira vez em Portugal
para uma conferência pública no dia 27 de Maio às 18h45, no Club
House, na Expo, em Lisboa. Haverá uma sessão de autógrafos e venda
do livro Lugar de Médico é na Cozinha (que não está disponível em
Portugal).
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Deixar alguns vícios alimentares é fundamental