Por salários justos e melhores reformas! Campanha «Nenhuma empregada doméstica é ilegal» 2 14 de Junho Com salários mínimos em direcção à igualdade salarial Naturalização 3 Novo regulamento da prova de conhecimento de língua 4 Nr. 3 | Maio 2013 | português Sai como suplemento do jornal «work» | Redacção T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch Iniciativa popular AHVplus/AVSplus Por pensões de reforma dignas num país rico Editorial Por salários justos e melhores reformas! Quem trabalha a vida toda deve poder viver descansado da pensão de reforma. O sistema de pensões de reforma AHV/AVS é uma das maiores conquistas sociais na Suíça. Ele existe para que todos possam passar os últimos anos da sua vida em sossego. Mas para muitas pessoas que toda a vida trabalharam e fizeram descontos, a pensão de reforma é hoje pequena. Isto não pode ser! Com a iniciativa AHV/AVSplus a reforma de todos aumentará em 10 %. Quem toda a vida trabalhou deve poder viver na velhice dignamente da pensão de reforma e da caixa de pensões. Assim o quer a constituição. Mas a realidade das pessoas que têm rendimentos baixos é outra. Por isso lançámos a iniciativa AHV/AVSplus – para aumentar as pensões de reforma. O dinheiro chega: as 20 maiores empresas suíças pagam num ano 29 milhões de francos em dividendos aos seus accionistas e a Suíça tem a maior densidade de milionários do mundo. É incrível que digam que não há dinheiro que chegue para pensões de reforma dignas. Um imposto sobre as heranças e os impostos sobre o tabaco e o álcool chegariam para financiar reformas mais elevadas. A AHV/AVS é social e imparcial Mas porquê reforçar a AHV/AVS? Entre outros motivos porque é justa e financiada com imparcialidade. Todos os trabalhadores, também os que mais ganham, descontam sobre os salários e os prémios para a reforma. Por outro lado, as reformas são limitadas. Um casal de bancários não recebe mais dinheiro do que um electricista e a esposa que trabalha como vendedora. Graças ao princípio social da reforma, um aumento das pensões da AHV/AVS é muito mais barato para quem tem salários baixos ou médios do que outras formas da previdência de velhice. A AHV/AVS é a previdência de velhice mais segura Enquanto houver pessoas a trabalhar e a ganhar dinheiro na Suíça, as pensões de reforma estão asseguradas, mesmo que a população envelheça. Isto porque quando os salários so- bem, os descontos também sobem, assim há mais dinheiro disponível. A AHV/AVS tem contas equilibradas, as previsões negativas do conselho federal têm errado sempre. Mulheres e jovens beneficiam Porque se ocupam mais dos filhos, as mulheres descontam menos para a caixa de pensões, logo as pensões desta são mais baixas. No caso da AHV/ AVS, as interrupções de trabalho são compensadas com as bonificações para tarefas educativas. Dessa forma, também as mães podem beneficiar de boas pensões de reforma. E as famílias jovens podem poupar milhares de francos se a poupança para a velhice for feita pela AHV/AVS e não para o 3° pilar. A poupança privada para a reforma através do 3° pilar é muito mais cara porque os bancos e os seguros também querem ganhar. Este tipo de poupança é menos produtivo e mais arriscado. Por isso SIM à AHV/AVSplus! Há 40 anos que as pensões de reforma não são alteradas. Elas têm sido indexadas à inflação de 2 em 2 anos e só parcialmente ajustadas aos salários. As pensões de reforma têm evoluído de forma negativa em relação aos salários. Mudar esta situação é possível e está na altura de o fazermos. A iniciativa popular AHV/AVSplus exige um aumento de 10 % para todas as pensões de reforma. Assim, a reforma média aumenta cerca de 200 Fr para pessoas que vivem sozinhas e cerca de 350 Fr para casais. / Aurora García Recolha assinaturas! Agora todos temos de dar uma contribuição. Recolha também assinaturas para a iniciativa AHV/AVSplus. Entre, por exemplo, para o clube dos 100 e recolha 100 assinaturas em 100 dias. Quem recolher mais assinaturas pode ganhar um fim-de-semana num hotel do Unia. Encontra mais informações sobre a iniciativa em: www.ahvstaerken.ch www.renforceravs.ch É com este slogan que sairemos à rua no dia 1 de Maio. Vivemos numa época de grandes mudanças na Suíça e no mundo. Mas muitos problemas são tão velhos como a humanidade. O mundo continua a estar dividido entre ricos e pobres. E esta divisão vai aumentando, os ricos estão cada vez mais ricos. Quem suporta este aumento de riqueza de alguns poucos são os muitos que pouco ou nada possuem, com as graves consequências que isso implica. A muitos trabalhadores são impostos salários que mal dão para viver, um batalhão de desempregados procura desesperadamente trabalho, na Suíça, na Europa, pelo mundo fora, enquanto uns poucos ganham despreocupadamente milhões todos os anos. Na Suíça temos lutado contra salários e prémios abusivos e pela justiça salarial. Agora a luta por salários mínimos legais, por reformas mais altas e contra o dumping salarial entra numa nova fase. Na Suíça e no mundo os ricos e os especuladores estão solidários entre si. O seu objectivo é legitimar e assegurar a longo prazo os seus privilégios e o seu poder. Nós podemos e devemos opor-nos a esta solidariedade entre os ricos, lutando juntos por um economia que serve as pessoas contra uma economia que se serve das pessoas. Lutemos por melhores condições de trabalho, salários justos e por pensões de reformas mais elevadas. Sejamos solidários no dia 1 de Maio: «Por salários justos e reformas melhores»! Empenhemo-nos, com o nosso sindicato, por melhores condições de trabalho, por justiça, igualdade e pelos direitos humanos. Vamos no dia 1 de Maio manifestar-nos por um mundo mais justo! Osman Osmani Secretário pela migração e membro da redacção do Horizonte horizonte Notícias breves 2 Nr. 3 | Maio 2013 | português Campanha «Nenhuma empregada doméstica é ilegal» Mais direitos para empregadas domésticas! Horário de abertura das lojas: entrega de referendo rização de estadia regularizada. Segundo estimativas, mais de 40 000 empregado(a)s doméstico(a)s não têm autorização de estadia e cerca de 90% são mulheres. A maioria tem vários empregadores mas mal ganha o suficiente para subsistir. Muitos dos que trabalham só para uma família vivem com esta e estão completamente dependentes dos empregadores. Só poucas estão registadas na segurança social, porque têm medo de ser denunciadas. Assim assumem todos os riscos (doença, acidente, etc.) e não podem fazer valer os seus direitos. Petição por mais direitos No dia 3 de Abril, cerca de 100 activistas entregaram o referendo contra o dia de trabalho de 24 horas. Uma vasta aliança de sindicatos e de outras organizações sociais conseguiram recolher em cerca de três meses o impressionante número de 86 499 assinaturas. Muito mais de metade das assinaturas foram recolhidas pelo Unia. Mais uma vez obrigado e parabéns a todos e todas que se emprenharam na recolha de assinaturas! Neuchâtel: Sindicatos fazem pressão para a aplicação do salário mínimo Em Novembro de 2011, os eleitores de Neuchâtel aprovaram claramente a introdução de uma salário mínimo no cantão. Mas o dossier tem vindo desde então a ser bloqueado na comissão competente pelos políticos de direita e representantes dos empregadores. A esquerda e os sindicatos ameaçam agora apresentar o seu projecto para a lei de aplicação da iniciativa directamente no conselho cantonal, sem passarem pela comissão. Lei da cidadania: agravamento à vista O conselho nacional sugeriu em meados de Março que a lei da cidadania seja endurecida no que toca à naturalização de estrangeiros. O contributo dos migrantes para a sociedade suíça continua, assim, a não ser reconhecida. De acordo com a vontade do conselho nacional, só migrantes «bem integrados» e aqueles que «comunicam bem» numa língua nacional é que se podem naturalizar. Além disso, só podem obter a nacionalidade estrangeiros com uma autorização de residência C. É sobretudo grave que a única facilidade que os jovens migrantes agora têm seja eliminada: os anos passados na Suíça entre os 10º e 20º anos de vida deixarão de contam a dobrar, como acontece actualmente. O Unia considera este agravamento inaceitável e recusa-o. O conselho de estados ainda vai deliberar sobre esta lei, podendo alterar a proposta do conselho nacional. «Nenhuma empregada doméstica é ilegal»: lançamento da campanha em Berna. As empregadas domésticas dão um enorme contributo para o bem-estar e a qualidade de vida de muitas pessoas na Suíça: permitem que todos na família trabalhem ou se dediquem a empregos exigentes. Sem migrantes em geral e sans-papiers em especial, este ramo de actividade não funcionaria. Uma vasta aliança de organizações, que inclui o Unia, lançou por isso em Março uma campanha que exige do Conselho Federal mais direitos e uma autorização de estadia para empregadas domésticas sem estadia regularizada. O trabalho doméstico pago vai-se tornando indispensável na Suíça. A procura de mão-de-obra aumenta sem parar. O número de mulheres empregadas aumenta e, devido à partilha desigual de tarefas domésticas entre os homens e as mulheres e à falta de lugares nas estruturas de guarda de crianças, muitas delas só podem continuar a trabalhar com o auxílio de empregadas domésticoas. A limpeza da casa, o cuidado das crianças e de pais dependentes têm vindo a ser cada vez mais realizados por mão-de-obra auxiliar externa. Também consequência da política suíça de estrangeiros O ramo da economia doméstica conhece um boom, mas está cheia de problemas: quer se trate das trabalhadoras polacas no Ticino, que têm de trabalhar em situações precárias e degradantes; quer se trate de empregadas domésticas oriundas de um país extra-europeu, que não têm autorização de estadia, vivem com o medo de serem repatriadas e têm de trabalhar sem qualquer forma de segurança social. Este último aspecto é uma consequência directa da lei de estrangeiros em vigor. Esta não quer ver a realidade. Parte do princípio de que a economia suíça só necessita, de países fora da União Europeia, de mão-de-obra altamente qualificada, para os outros empregos há mão-de-obra da UE que chegue. No caso do trabalho doméstico, não é este o caso. Muito(a)s sans-papiers são empregado(a)s doméstico(a)s Uma grande parte das empregadas domésticas são mulheres sem auto- Por isso, a aliança de organizações lançou no dia 15 de Março uma campanha, cujo ponto fundamental é uma petição que exige mais direitos para empregadas domésticas sem autorização de estadia. Requer-se sobretudo a regularização da sua situação na Suíça. Elas e eles devem receber mais protecção social e acesso a tribunais de trabalho sem terem de arriscar uma expulsão do país. / Aurora García Encontra mais informações sobre a campanha nas seguintes páginas web: www.khii.ch (alemão), www.aemni.ch (francês) ou www.ncdei.ch (italiano). Pode assinar aí a petição. Todos podem assinar e todas as assinaturas contam! Renovação do CCT da indústria MEM Um CCT forte para uma indústria forte Em finais de Junho de 2013 expira o contrato colectivo de trabalho (CCT) da indústria metalomecânica e eléctrica (MEM). Para os trabalhadores é claro: são necessários salários mínimos para acabar com o dumping salarial. O CCT da indústria MEM é um dos mais importantes na Suíça. 340 000 trabalhadores do ramo contribuem diariamente para a robustez da economia do país. Mas o ramo não tem salários mínimos. A pressão sobre os salários e o dumping salarial são, por isso, maiores. Assim é difícil encontrar jovens que queiram trabalhar no ramo e que possam garantir o futuro da indústria. Não a salários de fome! Há trabalhadores no ramo a ganhar salários muito inferiores a 3000 Fr. Por isto é fundamental a introdução de um salário mínimo. Estes garantem, além disso, situações de igualdade para todas as empresas. Elas não competem, então, através da redução dos salários mas pela qualidade da produção. Isto é positivo para o futuro da indústria MEM. Outras exigências do Unia Outras exigências do Unia são: mais protecção para sindicalistas activos, reforma antecipada aos 62 anos, igualdade entre mulheres e homens, eliminação do artigo especial para tempos de crise. Este artigo número 57 permite o prolongamento do horário de trabalho em tempos de crise. Na prática, no entanto, a sua aplicação é arbitrária e acabam por ser os trabalhadores a pagar a crise. Uma política industrial virada para o futuro O Unia quer assim garantir uma indústria forte virada para o futuro, que leve à criação de novos postos de trabalho. Para isso é necessário que os empregadores apostem numa produção social e em inovação no ramo das energias alternativas. A bem da competitividade da indústria suíça. Com salários mínimos por uma indústria de futuro. Nem todas as organizações de trabalhadores estão no mesmo barco Outras organizações de trabalhadores não vão tão longe nas suas reivindicações, uma chegou a pronunciar-se publicamente contra salários mínimos. As negociações são assim mais duras. Por isso, para o Unia é importante fazer ainda mais pressão neste campo. / Marília Mendes Gagner avec Uni Oui à une place et créatrice d’em Informe-se no seu secretariado Unia sobre acções previstas e participe nelas! horizonte Nr. 3 | Maio 2013 | português 14 de Junho Entrevista Igualdade salarial! Salário mínimo 4000.–! AHV/AVSplus! As mulheres exigem salários mínimos para todos e igualdade salarial A 14 de Junho de 1991 as mulheres suíças fizeram greve pela igualdade entre homens e mulheres. Todos os anos se continua a festejar esta data na Suíça, pois a igualdade ainda não é realidade. As mulheres continuam a ser mais vítimas de pobreza do que os homens. Este ano o Unia voltará a realizar várias acções, como o churrasco com actividades culturais em Basileia. As mulheres continuam a receber a maior parte dos salários abaixo do nível de subsistência. Em 2010 6,1 % dos salários masculinos eram baixos. No caso das mulheres, essa percentagem era de 15,8 %. De acordo com um estudo do eurostat, a Suíça é um dos poucos países em que as mulheres ganham salários três vezes mais baixos do que os homens. A pobreza feminina é o dobro da masculina. As famílias monoparentais de mulheres são especialmente atingidas pela pobreza. Assim se vê: a difícil situação financeira das mulheres não é um problema só destas, atinge também os filhos. Salários mínimos: um passo em direcção à igualdade salarial No que toca à igualdade entre homens e mulheres. Os salários mínimos, a Suíça está muito desfasada da constituição. E sem salários mínimos nada mudará nos próximos anos. O exemplo da Inglaterra mostra que a introdução do salário mínimo reduziu as diferenças salariais entre homens e mulheres. Os salários mínimos também têm conseqüências sobre as pensões: as mulheres têm com mais frequência reformas que não garantem a subsistência. O Unia apoia por isso a iniciativa AHV/AVSplus, que prevê um aumento de 10 % em todas as pensões de reforma. Por isso, no dia 14 de Junho, as mulheres do Unia exigem: «Igualdade salarial! Salário mínimo de 4000.–! AHV/AVSplus!» / Aurora García Mais informações sobre as actividades do dia 14 de Junho nos secretariados do Unia. Referendo contra a revisão da lei de asilo NÃO a um agravamento da lei de asilo No dia 9 de Junho os eleitores suíços são chamados a votar o referendo à revisão da lei de asilo. Esta foi aprovada pela Assembleia Nacional em Junho de 2012. As alterações introduzidas na lei significam, para quem é perseguido no seu país de origem, mais dificuldades na procura de um lugar seguro para viver. Um NÃO no dia 19 de Junho será um sinal claro pelos direitos humanos. Outra grave restrição é o facto de a recusa de participar numa guerra deixar de contar como motivo para asilo. Isto é contra as normas internacionais dos direitos humanos. Os homens jovens são muitas vezes obrigados a participar nos seus países de origem durante anos em guerras horríveis. Resistir à participação na guerra é a única forma de viverem uma vida dig- O veterano e a novata no WSF: Giovanni Giranna e Camila Aros Fórum social mundial 2013, Tunes «Um mundo melhor é possível» O fórum social mundial (FSM) realizou-se, de 26 a 30 de Março em Tunes, sob o tema «dignidade», em homenagem à Primavera Árabe. O primeiro FSM teve lugar em 2001 em Porto Alegre, Brasil, como contraponto ao fórum económico mundial de Davos. O FSM mudou ao longo dos anos, mas o seu espírito manteve-se: um espaço de discussão criativa de temas subordinados à ideia de que outra sociedade, não capitalista, é possível. Horizonte falou com dois membros da delegação do Unia: Camila Aros, do grupo jovens de Genebra, e Giovanni Giranna, do grupo migração. Quais eram as vossas expectativas em relação ao FSM? Camila: Foi a minha primeira participação. Nós de Genebra tínhamos um objectivo concreto: estabelecer contactos com sindicalistas locais. Além disso, eu queria ver como é que a juventude tunisina e a sociedade civil viveram a revolução e o período pós-revolução. Giovanni: É o meu quarto FSM. Eu queria conhecer a situação na Tunísia e dos tunisinos para contar na Suíça. As vossas expectativas foram satisfeitas? Giovanni: A organização do FSM foi fantástica. O ambiente na manifestação de abertura era muito positivo e pacífico. Mas fiquei triste quando vi a longa lista de mortos: mais de 16 500 morreram ao tentar atravessar o Mediterrâneo e chegar à Europa. As mães impressionaram-me, elas não sabem dos filhos e querem que os governos ajam. Camila: O FSM foi uma maravilhosa oportunidade para encontrar pessoas de outras organizações. Fiquei impressionada com a juventude tunisina. Empenham-se tanto e tão jovens nas actividades políticas! Têm entre 15 e 20 anos e estão muito influenciados pela revolução. Mas pagaram um preço alto: perderam muitas pessoas amadas. Vi também que o trabalho sindical livre não existe em muitos países. A nossa tarefa deverá ser apoiá-los. E que é que vos interessou mais nos workshops? Giovanni: Fui sobretudo a workshops sobre migração. Mas também assisti, por exemplo, a um workshop sobre a reforma da ONU. Acho que se deve acabar com o direito de veto para os cinco países! A assembleia de convergência da migração, em que convocámos um dia de greve dos migrantes a nível nacional e mundial, foi o ponto alto. Duas alterações à lei são especialmente graves. A eliminação da possibilidade de pedir asilo político numa embaixada levará a que as pessoas que precisam de mais protecção, sobretudo mulheres e crianças, sejam obrigadas a viajar com contrabandistas. Estas viagens são perigosas e muitas pessoas morrem no caminho. Resistência à guerra deixa de ser motivo de asilo 3 Camila: Aprendi muito sobre questões sindicais. Impressionaram-me os relatos de outros sindicalistas, sobretudo sobre a forma violenta como os seus direitos são limitados. A reunião de preparação da assembleia de convergência dos sindicatos foi especialmente informativa. Fascinante foi também ver como uma organização com poucos meios consegue trabalhar contra outra muito poderosa. Estes sindicatos precisam de apoio e formação. A sua sede de conhecimento é enorme! No dia 9 de Junho: NÃO ao referendo da lei de asilo! na. Para isso, estes jovens têm de fugir, porque nos seus países de origem são vistos como traidores. NÃO no dia 19 de Junho O comité que lançou o referendo à lei de asilo, e de que o Unia faz parte, não concorda com a nova lei e por isso lançou o referendo. Este é um sinal contra os políticos de direita que se aparoveitam dos refugiados políticos e exilados para fazer uma política do medo e xenófoba. O referendo assume uma clara posição contra uma política de marginalização e segregação. O Unia recomenda a todos os votantes que coloquem um NÃO nas urnas. / Emine Sariaslan Giovanni: Impressionou-me o apelo de que não se responda à violência com violência. E que este funcionou: durante um mês a Tunísia não teve governo nem polícia e não houve uma onda de violência. As mulheres tiveram um papel fundamental durante e depois da revolução – espantosa a força e convicção com que lutaram pela mudança! Camila: Queremos agradecer ao Unia por esta experiência. Por pão, liberdade, dignidade, como cantam os jovens na Tunísia. Ou dito de outra forma: para que o sonho se torne realidade e um outro mundo seja possível! / Aurora García horizonte 4 Nr. 3 | Maio 2013 | português Crianças imigrantes na Suíça Pergunte, que nós Todas as crianças têm o respondemos direito de frequentar a escola Na Suíça, todas as crianças têm o direito de andar na escola, independentemente do seu estatuto legal. Para isso, os pais só têm de as inscrever nos serviços escolares. te ponto. Em muitos cantões há mesmo instruções para não serem feitas perguntas sobre o estatuto legal das crianças. Para que as crianças frequentem a escola, basta que os pais as inscrevam nos serviços escolares da zona de residência. Jovens «ilegais» podem fazer aprendizagem Recentemente, o parlamento suíço alargou este direito, aprovando para jovens «ilegais», que tenham frequentado no país a escola obrigatória durante um mínimo de cinco anos, a possibilidade de fazerem uma formação profissional (ver Horizonte No. 1 de 2013). Todas as crianças podem e devem frequentar a escola. A revista Visão publicou uma reportagem sobre portugueses recém-chegados à Suíça, referindo o caso de crianças que abandonam a escola para acompanhar os pais. E é focada uma criança, a Cátia, que não vai à escola e passa o dia sozinha enquanto a mãe trabalha. O direito de frequentar a escola é garantido Por que motivo não frequenta a Cátia a escola? Na Suíça, o direito das crianças de irem à escola é garantido, mesmo que não vivam legalmente no país. As autoridades escolares têm sido muito claras nes- A Cátia tem o direito a ir à escola Não há, assim, qualquer motivo para que a Cátia da reportagem e outras crianças não vão à escola. Tanto mais que, sendo ela e os pais cidadãos da União Europeia, têm direito à estadia no país desde que um dos pais tenha um contrato de trabalho. / Marilia Mendes Subsídio de desemprego Incompreensíveis dificuldades para obter o documento U1 Em casos recentes, o Fundo de Desemprego em Portugal só depois de muitas insistências preencheu o documento U1, criando dificuldades desnecessárias a portugueses desempregados na Suíça. Quem faz descontos para o fundo de desemprego num país da UE ou da AELC pode acumulá-los com os descontos feitos noutro país. Assim, quem tenha feito descontos em Portugal pode acumular os períodos contributivos com os da Suíça. Para isso tem de apresentar na caixa de desemprego o documento portátil U1. Três meses de espera Estes documentos são preenchidos pelos fundos ou caixas de desempre- obter os documentos. Isto impediu as pessoas de receber logo o subsídio, apesar de a ele terem direito. Só depois de muitas insistências por escrito e telefónicas junto do Fundo de Desemprego português, bem como de outros contactos com as autoridades portuguesas, é que os documentos foram entregues. Três meses depois de efectuado o pedido! Informar as autoridades portuguesas Quem muda de país deve levar o documento U1. go do país em que foram feitos os descontos. Recentemente surgiram na Caixa de Desemprego do Unia, em Berna, casos de dificuldades em Isto é intolerável. Quem tiver dificuldade em obter documentos de Portugal deve informar, sem falta, as autoridades portuguesas na Suíça. E quem muda de país deve pedir os documentos necessários antes de partir para estar preparado para uma eventual necessidade futura. / Marilia Mendes Obtenção da nacionalidade portuguesa Prova do conhecimento de língua mais exigente No dia 1 de Abril de 2013 foi publicada em Diário da República uma alteração importante ao Regulamento da Nacionalidade Portuguesa. A prova de conhecimento do português passa a ser mais exigente. Um dos requisitos para a obtenção da nacionalidade portuguesa é a prova que o candidato deve fazer de que domina a língua. O decreto-lei de 1 de Abril vem alterar a forma como esta prova é prestada. Segundo o preâmbulo, a alteração pretende «garantir maior rigor e transparência» na verificação dos conhecimentos da língua portuguesa. Na realidade, torna a naturalização de estrangeiros mais difícil e mais cara, porque as provas têm de ser pagas. Locais acreditado pelo Camões O conhecimento da língua portuguesa passará a ser comprovado, para quem está no estrangeiro, por prova realizada em locais acreditados pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. Na Suíça, no entanto, não existe nenhum local acreditado por este instituto. Uma alternativa é a obtenção de um certificado de português língua estrangeira, também previsto no decreto-lei. As pessoas interessadas devem, para esse efeito, informar-se no Centro de Avaliação de Português Língua Estrangeira: ww3.fl.ul.pt/caple. Carta de referências: a minha empresa pode recusar-me uma? A minha chefe vai reformar-se no fim do Verão, por isso pedi uma carta de referências provisória. Agora chamaram-me para uma conversa: ela exige uma justificação para o meu pedido. Eu tenha de lhe dar uma? Não. A senhora tem a qualquer momento o direito de exigir uma carta de referências. Também uma chamada carta de referências provisória enquanto trabalha na empresa. Não tem de justificar o seu pedido, basta que o faça. De qualquer forma, é aconselhável exigir uma carta de referências provisória quando muda de chefe. A sua chefe actual é quem melhor sabe quais as tarefas que desempenha e é quem melhor pode avaliar o seu trabalho. Se se despedisse pouco depois da sua chefe, os seus novos chefes não poderiam fazer uma avaliação credível do seu trabalho por ainda não a conhecerem. Em relação à forma e ao conteúdo, a carta de referências provisória em nada difere da normal. Heinrich Nydegger, work, 25.8.2011 Reserva de uma casa: podemos levantar dinheiro da previdência profissional? A minha mulher e eu queremos comprar uma casa. A casa dos nossos sonhos, no entanto, ainda não está pronta. O arquitecto está de acordo em nos reservar uma casa, mas quer que lhe paguemos 30 000 Fr. de reserva. Depois da assinatura do contrato, podemos pagar a casa em mensalidades. Nós queremos aplicar na compra da casa a prestação de saída da previdência profissional da minha esposa. Também podemos levantar o dinheiro da instituição de previdência para fazermos a reserva da casa? Não. O levantamento antecipado e a penhora da prestação de saída da previdência profissional só são permitidos para a aquisição de uma casa em caso de utilização própria. Isto é, para a pessoa viver na casa ou fazer dela o sítio de sua «estadia habitual». Isto significa que o levantamento do dinheiro da previdência profissional só é possível se houver garantia de que o dinheiro é efectivamente aplicado na compra de uma casa para habitação própria. Mas, no caso da reserva, tanto comprador como vendedor podem desistir dela. A compra efectiva da casa não fica assim garantida. Só quando tiver assinado o contrato de compra e feito a inscrição no registo predial é que pode pedir o pagamento adiantado de parte da sua prestação de saída. Até lá tem de obter os 30 000 Fr de outra forma. Resumindo: um adiantamento da prestação de saída da previdência profissional para a aquisição de uma casa não pode ser aplicado para outros fins, como seja, por exemplo, uma reserva. Myriam Muff, work, 17.1.2013 Doente: não recebo abono de família? Estou doente há três meses e completamente incapacitado de trabalhar. Porque o meu chefe tem um seguro voluntário de subsídio diário de doença, eu recebo 80 % do meu salário. Mas agora a caixa de compensação não paga o abono de família. Isto está certo? Sim, está certo. Os trabalhadores recebem, em caso de doença, o abono de família para o mês em que ficam doentes. E depois para mais três meses. A seguir o abono de família só é pago se o trabalhador receber um salário de, no mínimo, 585 Fr por mês. Isso seria possível, por exemplo, se o senhor, com uma impossibilidade de trabalhar a 100 %, recebesse 80 % de subsídios diários de saúde e 20 % pagos pelo empregador. Mas o senhor só recebe os subsídios diários, não o salário. Não tem por isso direito ao abono de família. Um conselho: o seu chefe poderia incluir o abono de família no seguro de subsídios diários, nesse caso o senhor receberia o abono de família. A propósito, o seguro contra acidentes inclui o abono de família. Heinrich Nydegger, work, 28.2.2013 Impressum: Beilage zu den Gewerkschaftszeitungen work, area, Événement syndical | Herausgeber Verlagsesellschaft work AG, Zürich, Chefredak tion: Marie-José Kuhn; Événement syndical SA, Lausanne, Chefredaktion: Sylviane Herranz; Edizioni Sociali SA, Lugano, Chefredaktion: Claudio Carrer | Redaktionskommission A. García, D. Filipovic, E. Sariaslan, M. Martín, M. Mendes, O. Osmani | Sprachverantwortlich Marília Mendes | Layout C. Lonati, Unia | Druck Ringier Print, Adligenswil | Adresse Unia Redaktion «Horizonte», Weltpoststrasse 20, 3000 Bern 15, [email protected] / Marilia Mendes www.unia.ch