Ano I - Número 06
25 de abril a 8 de maio /2005
Abusos preocupam
comunidade universitária
Notícias negativas envolvendo
alunos, fora e dentro dos campi,
movimentaram a comunidade universitária nas últimas semanas.
Denúncias de uma possível violência sexual em uma república, de irregularidades no processo de seleção
de uma das 513 bolsas do Programa
Universidade Para Todos (ProUni)
e o comércio e o consumo de bebidas alcoólicas em festas não-autorizadas e em bares localizados na
região dos campi fomentaram o
debate nas diversas esferas da
Universidade. O reitor, padre José
Benedito de Almeida David, lamentou os acontecimentos, divulgou a
criação e a manutenção de serviços
de apoio à comunidade e ratificou a
possibilidade de aplicação das penalidades previstas no Regimento
Geral da PUC-Campinas, em casos
extremos.
Página 05
A proliferação de bares na região do Campus I provoca polêmica entre alunos, professores e funcionários
Surfistas por um dia
Cerca de 40 portadores de necessidades especiais mergulharam, no dia 12 de abril, em Santos,
na fantástica aventura da busca pela autonomia.
O projeto Aula de Surfe é desenvolvido pelo
Ambulatório Infantil de Terapia Ocupacional, sob
a coordenação do professor Roberto Ciasca.
Página 08
Jeferson mostrou habilidade com a prancha
MURAL
A coluna propõe aos leitores um passeio pela história
do cinema brasileiro, com direção do professor do
Centro de Linguagem e Comunicação (CLC) Wagner
José Geribello. Do Cinema Novo ao Cinema da
Retomada, nosso trailer faz um
paralelo entre os dois movimentos
e dá dicas para uma sessão de
filminho em casa. A coluna traz
também os vencedores das últimas
promoções e os novos sorteios.
Página 07
Entrevista
Ethel Rosenfeld luta
por dignidade
A história de vida de
Ethel daria um livro ou um
filme. Enquanto isto não
acontece, ela inspira a criação de personagens cegos
da novela América da Rede
Globo. Ethel ficou cega após uma cirurgia aos 13
anos e há 32 anos luta pelos direitos dos portadores de necessidades especiais. Acompanhada pelo
primeiro cão-guia do Rio de Janeiro, Ethel mobilizou a sociedade para a aprovação das principais
leis brasileiras referentes aos portadores. A educadora participa da 5ª Semana Científica do Ceatec,
que acontece no dia 29 de abril, no Auditório
Dom Gilberto, às 19h30.
Página 04
Opinião
"Vivemos ainda uma época da ética do mais forte; do
oportunismo, do hiperpragmatismo e da crença na
impunidade. Reclamamos quando o juiz rouba o nosso time, e
fazemos vistas grossas quando somos favorecidos. A paz é
vista como uma utopia colocada no fim de todas as guerras,
quando vencermos todos aqueles que representam o mal, isto
é, que pensam, agem ou sentem diferente de nós". Por
Tabajara Dias de Andrade, médico psicoterapeuta e diretor do
Centro Latino-Americano de Desenvolvimento (Clade).
Página 03
Vinícius e Carolina: apaixonados e arquiinimigos no futebol
Entre o amor e a bola
O gosto pelo futebol muitas vezes passa dos
limites e alcança o fanatismo. O casal de estudantes torce para times diferentes, embora
compartilhe do amor pelo futebol, que já foi
pivô de crises entre os namorados. Já a professora Cleonice Furtado de Mendonça Van Raij
não larga do radinho em dias de jogos. Mas
exageros devem ser contidos, como alerta o
psicólogo e professor João Serapião Aguiar.
Página 06
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25 de abril a 8 de maio /2005
Jornal da PUC-Campinas
Editorial
Educar para não punir
L
amento profundamente que , há duas semanas, o nome
da PUC-Campinas tenha sido associado a notícias
provenientes de denúncia sobre violência sexual ocorrida fora da Universidade. Teria acontecido após festa estudantil realizada em 2004, envolvendo alunos nossos, tanto a
vítima quanto os supostos agressores. A violência, qualquer que
seja ela, é um problema abrangente. Suas conseqüências são
nefastas para toda a sociedade. Quando nela se agrava, reflete-se em seus segmentos, inclusive na família e na universidade. Evidente que o fato muito nos entristece. Não só por suas
graves conseqüências nas vidas dos jovens envolvidos, como para
os familiares de cada um deles, para o nome da Instituição e
para os colegas de curso e professores que assistiram pasmados
à sucessão de reportagens divulgadas. Embora tenha acontecido fora de nossas instalações, o caso fere profundamente nossa concepção ética e humanitária de sociedade e, em especial,
do papel representado por cada um dos nossos alunos, conforme a formação integral que a eles queremos oferecer como uma
universidade católica e comunitária. Nossas preocupações se
estendem inclusive para as influências internas do caso, pois
temos consciência de que tem sido motivo de discórdia entre os
que se posicionam favoravelmente a um dos lados envolvidos.
Enquanto acompanhamos as investigações realizadas pelos
setores públicos competentes, temos procurado aprofundar a reflexão sobre o caso com a comunidade universitária. Com a devida cautela, no entanto, para evitar que incorramos em préjulgamentos que nada acrescentam e que podem, inclusive,
tomar rumos completamente adversos da avaliação final da
Justiça. Além do caso citado, temos tido atenção com outros
tipos de abusos em nossa comunidade estudantil. O consumo
excessivo de álcool, por exemplo. Temos consciência do que
ocorre nos bares em torno dos campi e, o que é pior, com a venda de bebidas em festas estudantis, cujos organizadores procuram burlar as normas internas da Instituição, para permitir que também sejam vendidas e consumidas nos campi. O
objetivo maior da Universidade é formar o ser humano, o que
implica também em enfrentar os seus problemas. Não somos
uma Instituição punitiva, razão pela qual insistimos no esforço preventivo, na conscientização e no diálogo, antes de qualquer medida extrema.
Reitor da PUC-Campinas
Padre José Benedito de Almeida David
CEA registra aproveitamento de 71,17% em monografias
Quem pretende seguir carreira
plo de que o interesse pelo assuncomo pesquisador deve ficar atento faz a diferença. Antes de iniciar
to: um bom Trabalho de Conclusão
o trabalho de pesquisa para comde Curso (TCC) representa um
por sua monografia, ela acreditava
importante passo para trilhar o
ter uma tarefa muito chata pela
caminho da ciência. A nota alcanfrente. Sua primeira atitude foi
çada nesses trabalhos é um dos criescolher um assunto com o qual se
térios de seleção para o candidato a
identificasse. Interessada na quesuma vaga na pós-graduação. Dados
tão do emprego no País, ela escoda Coordenadoria de Monografias
lheu o tema Políticas de Emprego
do Centro de Economia e Adminisnos Anos 90: Um Estudo sobre o
tração (CEA) da PUC-Campinas Professor Josmar Cappa no Auditório Dom Gilberto
Banco do Povo e Pró-Renda em
revelam que, dos 333 alunos matriCampinas. Deu certo. Priscila se
culados na disciplina de Monografia da Faculdade de empolgou com o assunto, dedicou-se e, como recompenCiências Econômicas, 237 foram aprovados, representan- sa, recebeu nota 10 em seu trabalho e ainda conquistou o
do um índice de aproveitamento de 71,17%. Um cresci- segundo lugar do Prêmio CEA PUC-Campinas de
mento significativo se comparado ao desempenho do ano Excelência em Monografia de 2003, oferecido anualmende 1998, quando foram aprovados 56 alunos dos 162 matri- te aos três melhores TCCs.
culados, 34,57%. Para o professor Josmar Cappa, coordePara quem não tem pretensões de seguir carreira na pesnador de monografias da Faculdade de Ciências Econô- quisa, o trabalho final do curso pode ser usado como marmicas, mais que uma obrigatoriedade, "a monografia é a keting pessoal na hora de procurar emprego. O gerente de
oportunidade que o aluno tem de se aprofundar em uma consultoria em Recursos Humanos Marchal Rassa dá a dica:
área específica, de conhecer melhor um assunto do seu no processo seletivo, o candidato que pesquisou algo relainteresse".
cionado à área na qual concorre a uma vaga leva vantagem
A economista Priscila Vedovatto dos Santos é um exem- sobre aquele que não se aprofundou no assunto.
Notas
Inscrições para Iniciação Científica aumentam quase 85%
O número de inscritos no Programa Integrado de
Iniciação Científica da Universidade aumentou em 85,89%,
chegando a 461 alunos. Os candidatos concorrem à 167
bolsas: 115 oferecidas pelo Fundo de Apoio à Iniciação
Científica (Fapic) e 52 pelo Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação Científica (Pibic). O resultado será publicado
no dia 17 de junho pelo Portal PUC-Campinas.
O coordenador da Iniciação Científica, Dalmo Mandelli,
atribuiu o aumento das inscrições à divulgação do programa
entre os alunos. "No começo do ano, antes de abrirem as
inscrições, realizamos palestras em alguns centros. Os cerca
de 600 alunos que participaram, além de terem informações
sobre o programa, perceberam a importância da Iniciação
Científica", avaliou Mandelli.
Agenda
27/04
Mostra dos Grupos de Pesquisa do
Centro de Ciências da Vida
(CCV).Auditório Monsenhor Salim,
Campus II, das 13h às 18h.
29/04
Data-limite para pedido de
trancamento de matrícula dos
alunos de Graduação dos cursos
semestrais e de alunos de pósgraduação
Visita de representantes do Consulado
dos EUA ao Centro de Linguagem e
Comunicação (CLC), Campus I, para
apresentar aos alunos o concurso
"Estude nos Estados Unidos". A visita
ocorrerá das 15h30 às 21h, nas
instalações do CLC. O concurso é
dirigido a alunos de Marketing,
Publicidade e Propaganda e
Jornalismo. Informações:
www.embaixada-americana.org.br.
A equipe vencedora receberá
equipamentos e softwares
no valor de U$ 5 mil.
02 a 05/05
1º Simpósio Internacional do
Adolescente – Adolescência Hoje:
Desafios, Práticas e Políticas.
Primeiro dia ocorrerá no Auditório
Monsenhor Salim, Campus II, e os
demais, na USP, em São Paulo.
Informações pelo site
www.fe.usp.br.
05/05
O Laboratório de Ensino, Sociedade
e Cultura (LESC), do Centro de
Ciências Humanas (CCH), convida
professores de Sociologia do Ensino
Médio para a oficina pedagógica, das
8h30 às 12h30, no Prédio H-11,
salas 29/30, Campus I.
Expediente
Reitor- Padre José Benedito de Almeida David; Vice-rreitor - Padre Wilson Denadai; Conselho Editorial - Ciça Toledo, Wagner José de Mello e Domenico Feliciello;
Coordenador de Departamento de Comunicação - Wagner José de Mello; Coordenador do Setor de Jornalismo - Aderval Borges; Editora - Eunice Gomes (MTB 21.390);
Redatores - Du Paulino, Eunice Gomes, Aderval Borges e Fábio Guzzo; Revisão - Luiz Antonio Razera; Fotografia - Ricardo Lima; Tratamento de Fotos - Ricardo Lima e
Marcelo Adorno; Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica - Neo Arte Gráfica Digital; Impressão - Grafcorp; Redação - Campus I da PUC-Campinas, Rodovia D. Pedro I,
mail: [email protected]
km 136, Parque das Universidades. Telefones: (19) 3756-7147 e 3756-7674. E-m
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Jornal da PUC-Campinas
25 de abril a 8 de maio /2005
Opinião
Limites existem para serem superados!
Tabajara Dias de Andrade
R
ecentemente, em um workshop realizado com educadores, solicitamos
que listassem quais os principais
objetivos do trabalho com crianças. Em
resposta, obtivemos como um dos itens
mais citados: "ensiná-los a respeitar limites". Parece que aqui não existem grandes contradições. As pessoas precisam ser
educadas e educação significa, entre outras
coisas, aprender a respeitar os limites
impostos pela sociedade, pela realidade
e pelas outras pessoas.
Num segundo momento, neste mesmo evento, solicitamos que listassem pessoas conhecidas pessoalmente, por literatura ou por ouvir falar, que, também na
opinião deles, pudessem ser consideradas
pessoas de sucesso. Depois, pedimos que
observassem quais os aspectos mais significativos dessas pessoas e que, ainda na
opinião deles, seriam os responsáveis diretos ou indiretos por este sucesso. Curiosamente, a "capacidade de superar limites" estava entre os itens mais citados! De
fato, muitas das pessoas mencionadas
Não haveria conflitos
de gênero, comércio de
favores, nem abusos
sexuais; pois homens
e mulheres se
respeitariam numa
relação igualitária
foram pessoas que ousaram ultrapassar barreiras pessoais e circunstanciais. Adiantaramse ao próprio tempo, quebraram paradigmas.
Como lidar com esta aparente contradição? O que há de errado em tudo isso?
O ser humano sempre lutou para superar limites. Foi assim com a ampliação das
áreas geográficas exploradas e também com
os avanços históricos e tecnológicos. Se assim
não fosse, ainda viveríamos um estilo de vida
primitivo, semelhante aos homens das cavernas; talvez, nem sequer existiríamos como
espécie. Entretanto, um rápido passeio pela
história nos mostrará que muito deste desenvolvimento foi feito sem que fossem respeitados os mais básicos princípios éticos. Nos
desenvolvemos, progredimos, criamos recur-
sos tecnológicos fantásticos, mas continuamos tão rudimentarmente éticos como
homens das cavernas. Vivemos ainda uma
época da ética do mais forte; do oportunismo, do hiperpragmatismo e da crença na
impunidade. Reclamamos quando o juiz
rouba o nosso time, e fazemos vistas grossas quando somos favorecidos. A paz é vista como uma utopia colocada no fim de
todas as guerras, quando vencermos todos
aqueles que representam o mal, isto é, que
pensam, agem ou sentem diferente de nós.
"O seu direito termina onde começa o direito do outro", "não faça ao outro o que não
quer que lhe façam", dizem os arautos da
ética, numa relação direta com o "olho-porolho" da antiga lei de talião que pregava que
a pena deveria se equiparar em gravidade
ao fato que a provocou e nunca superá-la.
Na verdade falta-nos uma ética moderna, superior, desenvolvida. Uma ética que
se preocupe mais do que "não-fazer-o-malao-próximo-e-respeitar-os-valores-sociais",
uma ética que se ocupe em promover o bem
de todos, na qual não haja minorias a serem
defendidas, porque todos faremos parte da
grande maioria de seres humanos. Bastaria
Galeria
@
Vinícius Zanotti, coordenador do
Diretório Acadêmico da Comunicação
DEMOLIÇÃO DO 'PLATÔ'
A matéria talvez não tenha considerado que
a nossa mobilização não foi apenas pelo
'platô'. Ele foi apenas o estopim de inúmeras reivindicações. Nossa mobilização não
foi apenas pela destruição desse espaço,
mas sim pela falta de respeito da
Universidade para com os alunos da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
(FAU). A destruição foi uma gota d'água,
mas a desinstalação das unidades de ensino da nossa faculdade e a mensalidade que
pagamos deveria ser lembrada na matéria.
Nossas reivindicações vieram com a intenção de expor os problemas que passamos
quanto às instalações de ensino e pedir novas
soluções. Desde a criação dos centros, nossa faculdade foi esfacelada, situando cada
parte administrativa em um prédio diferente, evitando a união das pessoas. Só se fez
destruir e desinstalar nossos espaços.
Sofremos com a má qualidade de nossas
salas de aula e nossos professores nem possuem uma sala deles. Nossa mobilização foi
nitidamente mascarada por um fato que,
apesar de muito importante, não represen-
"Os bares estão aí e
são uma opção de
cada um. Se o cara é
maior de idade e quer
ficar enchendo a lata,
o problema é dele. A
Universidade não tem
de se meter nisso.
Nas festas no
campus, acho que
podemos beber de
forma saudável".
ta a importância bem mais significativa de
um todo que desejamos.
Joana Ribeiro, estudante da
Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo (FAU)
NOTA DA REDAÇÃO -Joana, a produção
de uma matéria jornalística segue critérios técnicos, entre eles o limite de espaço editorial.
Como você pode perceber sua carta não foi
publicada na íntegra, já que seria inviável considerando a extensão dela. Selecionamos os
trechos que julgamos de maior interesse para
a comunidade. Trechos esses de cuja relevância você pode discordar. Este mesmo mecanismo ocorre na produção de uma matéria.
Seleciona-se o ponto mais importante e ouvemse os vários lados do assunto, como foi criteriosamente realizado. Esclarecemos que os
docentes contam com uma sala de professores. Ela fica na Sala 04 do Prédio Administrativo
do Ceatec, centro do qual a FAU faz parte, e
promove o intercâmbio de conhecimento dos
docentes de diversas faculdades. Sobre a construção do novo prédio, a referida matéria esclarece o tema respaldada por entrevistas com
os diretores da FAU e do Ceatec.
Tabajara Dias de Andrade, médico psicoterapeuta e
educador, formado pela Unicamp com pós-graduação
nos Estados Unidos e Europa. É diretor do
Centro Latino-Americano de Desenvolvimento (Clade)
QUAL SUA OPINIÃO SOBRE A PROLIFERAÇÃO DE BARES NA REGIÃO DA
UNIVERSIDADE E O CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NOS CAMPI?
Espaço leitor
Qual sua opinião sobre o Jornal da PUC-Campinas? Quer sugerir
uma pauta? Divulgar o que você está fazendo? Participe! Mande uma
mensagem para a redação. [email protected]
sermos seres vivos para sermos respeitados. As diferenças étnicas dariam belas
cores ao mosaico humano. Não haveria
conflitos de gênero, comércio de favores,
nem abusos sexuais; pois homens e mulheres se respeitariam numa relação igualitária. A violência social, em todos os sentidos, seria substituída pela colaboração em
busca de uma vida cada vez mais abundante e gratificante para todos. As guerras seriam substituídas por programas de
desenvolvimento global.
Isto é utopia, podem dizer alguns. Talvez
seja. Talvez isto esteja além dos limites
imaginados pela mente humana.
Vamos superar mais este limite?
Dalmo Mandelli, professor da
Faculdade de Química
"Não tenho problema com o
som emitido pelos bares nem
percebo que meus alunos
deixem de assistir às aulas
para ir até eles. O problema é
que esses bares concentram
muitas pessoas e pioram o
trânsito do Campus I. Por
isso, acho que não deveriam
existir. Para coibir esta situação, a Universidade já fez o que
poderia ser feito: construiu a Praça de Alimentação,
concentrando a área de lazer naquela região".
Alessandra Cristina
Splendorelli, funcionária
da Faculdade de Educação
"Acredito que, fora da
Universidade as pessoas têm
liberdade de fazer o que
quiserem. Agora,o fato de os
bares serem muito próximos
aos campi pode ser um
complicador, porque isso
estimula os alunos ao consumo
bebidas alcoólicas. Além disso,
no Campus I, a proximidade
dos bares causa
congestionamentos
freqüentes".
Imagens
“Liberdade
significa
responsabilidade.
É por ISSO
que tanta
GENTE tem
MEDO dela ”
SONO DOS JUSTOS - A placa de concreto da PUC-Campinas no balão de acesso ao Campus I não parece muito confortável para tirar
um cochilo. Mas para o pintor de paredes Gilson Costa Andrade o 'colchão' era perfeito. Já a estudante da Faculdade de Psicologia Mylene Magalhães
também não se acanhou para dar uma relaxada entre uma aula e outra no Campus II, acompanhada do ursinho de pelúcia.
George Bernard Shaw (1856 -1950).
Dramaturgo irlandês, contemplado pelo
Prêmio Nobel de Literatura em 1925.
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25 de abril a 8 de maio /2005
Jornal da PUC-Campinas
Entrevista
Vida de educadora
inspira teledramaturgia
Ethel Rosenfeld sempre desejou que os problemas enfrentados pelos
deficientes visuais pautassem a grande mídia, o que acontece agora com a
novela América, na qual dois personagens são inspirados em sua história
C
Cega desde os 13 anos, quando foi submetida a
uma cirurgia para a retirada de um tipo de tumor
cerebral, a carioca e filha de judeus russos, Ethel
Rosenfeld, 58 anos de idade, tem uma trajetória
de luta pelos direitos e pela dignidade dos portadores de deficiência visual. Foi preciso aprender a viver em um mundo que não está preparado para abrigar os portadores de necessidades
especiais. Hoje, sempre acompanhada do labra-
Du Paulino
[email protected]
Jornal da PUC - Quais as dificuldades que
os deficientes visuais enfrentam no Brasil?
Ethel Rosenfeld - A falta de organização do
mobiliário urbano, falta de divulgação e nãocumprimento das leis existentes, ausência da
mídia em seminários e congressos, onde
temas relevantes são discutidos e equipamentos demonstrados. Toda essa informação gira entre os que já a conhecem e o objetivo é levar a informação para todos. Há também o custo elevado de softwares e equipamentos indispensáveis aos deficientes.
JP - Qual a garantia de acessibilidade para
os deficientes?
Ethel - Garantia nenhuma. Falta o verdadeiro desejo político para fazer acontecer o
que temos garantido nas leis e decretos.
JP- Essas leis encontram muita resistência?
Ethel - Prefiro dizer dificuldade para serem
cumpridas. Por exemplo: a lei que obriga
os restaurantes a terem cardápios em braile. As poucas gráficas existentes no País, não
têm capacidade para absorver a demanda.
O mais importante ainda é o livro didático
e este, também, não chega para todos. Em
relação ao cão-guia, muitas vezes, sou impedida de entrar em algum lugar e o problema é, exatamente, a falta de conhecimento
da importância do cão-guia para uma pessoa cega e de como ele se comporta em todos
os ambientes. Precisamos é que a mídia se
interesse em conhecer as reais necessidades
das pessoas com deficiência e nos ajude a
esclarecer a sociedade.
JP - Como é a experiência de ter um personagem de novela baseado em sua história ?
Ethel - É tudo que sonhei. Desde que comecei a enfrentar as dificuldades de conviver
com Gem, meu cão-guia, há sete anos, logo
desejei conversar com algum novelista para
criar um personagem com esse perfil.
Somente em uma novela eu difundiria a
cultura do cão-guia. Em abril de 2004 fui
procurada pela pesquisadora da Glória Perez.
Para mim, a realização ultrapassou os meus
limites de satisfação. Sinto como se fosse o
coroamento de minha vida. Tudo que venho
fazendo há 32 anos será devidamente apresentado de forma direta.
dor Gem, o primeiro cão-guia da cidade do Rio
de Janeiro (atualmente o Estado do Rio tem dois
cães-guias), ela enfrenta com tranqüilidade e
segurança os obstáculos físicos e sociais comuns
à qualquer cego. Foi graças ao engajamento de
Ethel que muitas leis foram criadas para garantir os direitos dos cegos tanto no limite carioca
quanto no Brasil. Seu empenho inspirou a autora Glória Perez na criação dos personagens cegos
JP - A senhora presta alguma assessoria na
composição dos personagens?
Ethel - Sim. Depois que a Glória Perez ouviu
a entrevista que dei à pesquisadora, ela quis
nos conhecer e veio a nossa casa. Quando
perguntei se o personagem seria cego congênito ou teria cegueira adquirida, ela respondeu que não tinha definido e, com a
evolução da conversa, ela se entusiasmou
com as diferenças radicais e impactos sociais
que cada uma apresenta e criou os dois personagens. Desde então, tenho contribuído
com meus conhecimentos técnicos e feito
oficinas com o Marcos Frota e a Bruna
Marquezine.
JP - Qual o maior equívoco que as pessoas
cometem em relação a essa deficiência?
Ethel - Pensarem que os cegos são surdos.
Em geral, falam alto conosco, quase gritando. Pensarem que os cegos não têm competência para decidirem, sempre indagam ao
nosso acompanhante. Em relação ao mundo do trabalho, é a deficiência menos aceitável.
JP - Qual o comportamento ideal para
quem quer ajudar um deficiente visual?
Ethel - O que devemos sempre fazer é perguntar: Você precisa de ajuda? Como eu
posso lhe ajudar? Em se tratando de uma
pessoa cega, ao se aproximar dela, toque suavemente em seu braço, para que ela saiba
que é com ela que você está falando e, depois,
faça as duas perguntas. Se for uma pessoa surda, fale de frente e devagar com ela, não precisa gritar.
JP - A senhora ainda enfrenta preconceito?
Ethel - Apenas em raras situações, quando
me impedem de entrar com o Gem, logo
explico que sou cega e que ele é um cãoguia e, imediatamente as pessoas liberam a
passagem. A maioria dos brasileiros já ouviu
falar sobre o cão-guia e, agora, com a novela, com certeza essa situação vai deixar de
existir.
JP - Como é a sua relação com Gem quando ele não está trabalhando?
Ethel - A mais amorosa possível. Sou realmente apaixonada por ele. Faço tudo que
uma mãe faz por um filho. Abraço, beijo,
brinco, induzo ao erro dos petiscos, etc.
da novela América, exibida pela Rede Globo de
Televisão. A consultora e professora especializada em deficiência visual participa da 5ª Semana
Científica do Ceatec, promovida pelo Centro de
Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias
(Ceatec), que acontece de 25 a 29 de abril, no
Campus I. Ethel ministra palestra no dia 29 sobre
a Acessibilidade e Sensibilidade - Um outro
Mundo é Possível.
Acima,
Ethel e seu
companheiro
inseparável;
ao lado,
paciente na
rampa de
acesso ao
Ambulatório
de Terapia
Ocupacional
Universidade tem 21 portadores
de necessidades especiais
A PUC-Campinas tem 21 alunos portadores de necessidades especiais, segundo o Projeto de Acessibilidade (Proaces), responsável por
atender às necessidades pedagógicas desses alunos. Nove têm deficiência físico-motora, sete são deficientes visuais e cinco são portadores de deficiência auditiva. O Proaces oferece, mediante solicitação do
aluno, apoio pedagógico específico para cada necessidade, como a
transcrição para braile do material didático e intérpretes da Língua
Brasileira de Sinais (Libras). Quanto às barreiras arquitetônicas, a solicitação é encaminhada ao Departamento de Obras e Projetos (DPO).
Para a assessora técnico-pedagógica do Proaces, Mônica Martinez
de Moraes, essas medidas possibilitam que os deficientes vençam as
barreiras, mas não resolvem o problema. Ela citou como um problema de acessibilidade o Campus Central, prédio tombado pelo
Patrimônio Histórico. "Em Salamanca todos os prédios históricos tombados garantem o acesso dos deficientes", argumentou.
O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), de 2000, indica que cerca de 24 milhões de brasileiros têm
algum tipo de necessidade especial. Desses, mais de sete milhões não
são alfabetizados. A Constituição Brasileira garante o atendimento educacional especializado aos portadores (inciso III, art. 208) e a igualdade
de condições para o acesso e permanência na escola (inciso I, art. 206).
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Jornal da PUC-Campinas
Debate
25 de abril a 8 de maio /2005
NOTÍCIAS
negativas agitam
comunidade
universitária
Reitor, padre David, e vice-reitor, padre Wilson, durante coletiva à imprensa, no Campus Central
N
Eunice Gomes
[email protected]
Fábio Guzzo
[email protected]
Nas últimas semanas alguns acontecimentos lamentáveis alteraram a rotina universitária na PUC-Campinas. A prisão de três alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
(FAU) e da Faculdade de Jornalismo, acusados, pela Polícia Civil, de estuprar uma estudante da FAU em uma república, a realização
de uma festa do Diretório Acadêmico e Atlética
de Comunicação com a comercialização de
bebidas alcoólicas no Campus I e as suspeitas de possíveis irregularidades envolvendo
um dos alunos contemplados pelo Programa
Universidade para Todos (ProUni) desencadearam
diversas discussões na Universidade. O reitor da
PUC-Campinas, padre José Benedito de Almeida
David, concedeu uma coletiva à imprensa no dia 15
de abril, quando ratificou as medidas adotadas para
conter os abusos dentro dos campi e a apuração de
irregularidades.
Na ocasião, o reitor lamentou as notícias negativas que, neste momento, arranham a imagem da instituição, mas lembrou que a PUC-Campinas tem
uma história escrita em mais de seis décadas com a
formação de cerca de 140 mil profissionais e a prestação de serviços à sociedade. "A construção de uma
formação ético-cristã ao longo de anos não será ofuscada por casos isolados que não refletem o dia-a-dia
de nossa comunidade", afirmou padre David.
Bebidas alcoólicas
A venda de bebidas alcoólicas nos campi é proibida pela Universidade. Porém algumas festas acontecem com ou sem consentimento das direções dos
centros, nas quais são ingeridas e comercializadas
bebidas alcoólicas. Uma dessas festas aconteceu no
dia 5 de abril no Campus I, promovida pela Diretório
Acadêmico e Atlética da Comunicação. O fato será
apurado por uma sindicância interna. De acordo com
uma das coordenadoras,Tássia Vinhas, a festa reuniu
cerca de mil estudantes de diversos cursos. "Conheço
o estatuto, mas decidimos vender cervejas para angariar fundos. Reconheço que as festas atrapalham às
O que pensa a comunidade sobre
o consumo de bebidas alcoólicas
nos campi e nos bares localizados
próximos à Universidade?
"Não gosto de ir ao bar porque
nunca fico em uma cervejinha
só. Acabo tomando a segunda, a
terceira. Os bares complicam o
trânsito. Outro dia estacionei em
frente ao La Bodega. Quando sai
da aula, o carro estava
arrombado e sem o rádio. Com
estes bares, a Universidade
perde em segurança. Tem um
pessoal da minha sala que enche
a cara e incomoda".
RUI ALBERTO NASCIMENTO
JÚNIOR, estudante da Faculdade
de Ciências Contábeis, que
estava no Campus I
a Universidade. "Realizamos trabalhos
com a Comissão de Prevenção ao Uso
de Drogas, criamos a Coordenadoria de
Atenção à Comunidade Interna (Caci)
e estamos implementando o Núcleo de
Atenção à Comunidade Interna (Naci)
com o objetivo de alavancar a qualidade
Coordenadora da Atlética
de nossa comunidade. A situação da drode Comunicação Tássia
ga é muito abrangente. Está dentro da
Vinhas promoveu festa
com venda de bebidas
sociedade representando um desafio para
nós como Instituição e para todos os que
Diretora do CLC advertiu três alunos
integram nossa comunidade. Nossa políaulas, mas é uma forma de protestar contra a falta de
tica não é da repressão e sim da formação de nossos
verbas e infra-estrutura", afirmou Tássia.
alunos. Criamos mecanismos para ajudá-los. No
As manifestações são legítimas a todos os segmenentanto, vamos tomar outras providências em casos
tos, porém devem respeitar as autoridades e o direiextremos, com punições", explica padre David.
to dos demais colegas. O que não aconteceu no ano
passado, quando um grupo de estudantes do Centro
Denúncia de estupro
de Linguagem e Comunicação (CLC) agrediu verO reitor esclareceu que soube desses acontecibalmente o reitor da Universidade. O desacato gerou
mentos em dezembro último pela direção da FAU e
a punição (advertência) de três alunos. "A advertênque em momento algum a Universidade tentou abacia é um alerta de que este limite foi alcançado e ultrafar o caso. "Se a Justiça apontar culpados, podemos
passado, propondo aos alunos a atenção e a reflexão
aplicar as punições previstas no Regimento Geral da
sobre seus atos. Aqui tem limites. Podem ter causas
PUC-Campinas. Mas não vamos julgar e nem cone mobilizações para defendê-las, mas não pode misdenar ninguém, porque isto não cabe à Universidade",
turar isto com agressão", afirmou a diretora do CLC,
esclareceu padre David. As penalidades variam de
Laura Umbelina Santi.
advertência ao desligamento da Universidade.
Outro tema que pontuou a reflexão e o debate é
a proliferação de bares na região dos campi. Um
ProUni
dos points é o La Bodega, localizado a 50 metros do
Algumas denúncias envolvendo um dos 513 bolCampus I. Segundo o dono do bar, Alcides Pereira
sistas contemplados pelo Programa Universidade
da Silva, cerca de 20 caixas de cerveja são vendidas
Para Todos (ProUni) chegaram à Reitoria e estão senpor dia. "O bar funciona como um ponto de encondo apuradas. O padre David afirmou que todos os
tro. O intuito é a confraternização, não a bebedeidocumentos apresentados pelo aluno foram avaliara", afirma Silva. Porém os depoimentos atestam
dos e contemplam as exigências do Ministério da
que os alunos não apenas trocam as aulas pelo bar,
Educação (MEC). Porém, se for comprovada a falmas perdem até provas.
sidade de alguma informação contida nesses docuO consumo de álcool e outras drogas preocupam
mentos, o aluno poderá perder o benefício.
?
"Já tive três
dependências ao
longo do curso.
Neste momento,
minha turma está
em prova e era
para eu estar lá.
Mas recupero
esta nota daqui umas semanas, quando
vai ter prova substituta. Além disso,
esta disciplina é fácil e não segura
outras matérias. Venho para cá umas
duas ou três vezes na semana"
JEFFERSON IKE, aluno de Análise de
Sistemas, que estava no bar no dia 13
de abril à noite
Prisão de alunos, denúncia de
irregularidades em uma das 513 bolsas
do ProUni e o comércio de bebidas
alcoólicas dentro e fora dos campi
promoveram discussões sobre a ética,
os limites e a aplicação do Regimento
Geral da PUC-Campinas
"Acabei de fazer prova. Venho para
cá no intervalo entre as aulas. A
Praça de Alimentação é muito
cheia. Aqui o atendimento é mais
rápido, mas sempre que venho
acabo tomando uma coisinha e
volto para assistir à segunda aula.
Mas não fico bêbada. Trabalho o dia
inteiro e aqui acabo
desestressando."
ELAINE DONATO, estudante da
Faculdade da Administração, que
estava no bar 13 de abril à noite
"Esta questão do álcool está dentro
de outra maior, que é o consumo
de drogas. Sobre as festas, acho
que a Universidade não deveria
proibi-las.
Acho que
deveria ter
uma festa
oficial para
cada curso,
na qual
haveria uma
organização e alguém assinaria um
termo de comprometimento. Estas
festas poderiam ser feitas no
campus, mas em um local
adequado, que não atrapalhasse as
aulas. Assim, haveria maior controle
e fiscalização sobre elas."
JÚLIO CÉSAR FELIPPE, presidente da
Associação dos Funcionários
Administrativos da PUC-Campinas
(Afapucc)
"Leciono à
noite e sinto
uma certa
dispersão dos
alunos que
pode dificultar
os trabalhos
dos professores. Mas isto é um
problema que a educação de forma
geral vem enfrentado: como
competir com os atrativos
oferecidos pela sociedade? No
nosso caso, competir com os bares;
no caso de outras escolas, com a
Internet, por exemplo. Acho que os
cursos deveriam repensar suas
grades curriculares e práticas para
se tornarem mais atrativos aos
alunos"
MAURÍCIO FRANCISCO CEOLIN,
presidente da Associação dos
Professores da PUC-Campinas
(Apropucc)
"É difícil condenar o pessoal que vai
aos bares. São pessoas que
trabalharam o dia todo, chegam
cansadas e vão tomar uma cerveja.
Cada um tem sua consciência e
sabe o quanto paga de mensalidade.
Mas, se a administração concedesse
autorizações para as
confraternizações no campus, o
pessoal ia querer ficar por aqui
mesmo".
FERNANDO FREDIANI, coordenador
do Diretório Central dos Estudantes
(DCE) da PUC-Campinas
25 de abril a 8 de maio /2005
06
Jornal da PUC-Campinas
Comportamento
Apaixonados fazem
loucura pelo futebol
Casal se une por causa da torcida inflamada
por times arquiinimigos e professora
acompanha jogos pelo radinho até na igreja;
psicólogo alerta que uma linha tênue
separa a torcida saudável da patológica
E
la é ponte-pretana. Ele é bugrino. Mas esta diferença não os separou. Os estudantes da Faculdade
de Jornalismo Carolina Lacelva Marangni e
Vinícius Freitas Felippe conheceram-se na PUCCampinas e o fanatismo por futebol e seus respectivos times logo os uniu. A professora Cleonice Furtado
Van Raij não perde um só jogo da Ponte Preta, acompanhando as partidas até na sala de aula e na igreja.
Embora garantam que quase nunca perdem a postura, o psicólogo João Serapião alerta sobre os riscos do
fanatismo pelo futebol.
"Estudávamos na mesma classe e eu sempre levava meu fichário da Ponte Preta, quando, na véspera de
um dérbi, nós puxamos assunto sobre o jogo", explica Carolina. Felippe credita a aproximação dos dois ao
fato de torcerem com a mesma intensidade e freqüência. "Mesmo sabendo que o outro torcia para um time
rival, nós percebemos o gosto pelo futebol em comum
e começamos a namorar", afirmou o bugrino.
O casal freqüenta estádios e não desgruda dos rádios.
"Cada um tem o seu radinho e levamos conosco a
todos os lugares", comentou Felippe. As diferenças
ficam latentes na hora de ir ao estádio. Felippe já se sentou na torcida da Ponte no início do namoro, mas não
pretende repetir a experiência. "Não dá para um bugrino ficar no meio dos ponte-pretanos. Até tentamos
no começo, ela também foi à um jogo comigo, mas
não nos sentimos bem", garantiu Felippe
A professora Cleonice é torcedora ponte-pretana assídua
Carolina aponta o
humano. Precisamos nos preocupar em
dérbi como o racha mais
não incentivar a competição destrutiva,
forte do casal. "Nossa, aí
que pode levar ao fanatismo", explica.
é cada um na sua torciAguiar afirma que muitas vezes é necesda e uma provocação
sário um acompanhamento psicológiatrás da outra através de
co para que a pessoa consiga retomar o
mensagens pelo celular".
equilíbrio. Segundo o psicólogo é preE depois que o jogo acaciso que os próprios educadores mosba, eles têm a tradição
trem aos alunos desde cedo que é prede sair para jantar. A conciso canalizar a paixão pelo esporte para
ta fica para o torcedor do
uma prática sadia.
time que perdeu. Caso
É o que acontece com a professora
haja empate, a conta é
Cleonice Furtado de Mendonça Van
dividida.
Raij apaixonada pela Ponte Preta.
Carolina admite que
Considera-se uma torcedora com espíchegou a ultrapassar o
rito esportivo e cultiva uma paixão saulimite da paixão saudádável. "Torcer pela Ponte me faz muivel. "Cheguei a ficar
to bem, desopila o fígado e deixo de
muito fanática, quando O psicólogo Serapião alerta sobre os excessos
lado todos os problemas".
houve a possibilidade de
Mas acompanhar os jogos até na
a Ponte ser rebaixada. Chorei tanto durante o jogo igreja, não é demais? Para Cleonice não. A profesque, mesmo ao saber que ela não seria rebaixada, não sora arruma sempre um jeitinho de saber dos lances
consegui parar. Tive um ataque de nervos, uma crise da partida. Cleonice leva o radinho, deixa-o com o
de choro incontrolável", contou.
guardador de carros e senta-se na última fileira do
Segundo o psicólogo e professor da PUC- templo. “Assim que há alguma novidade no jogo, ele
Campinas João Serapião de Aguiar, o fanatismo espor- entra na igreja para me avisar, com respeito e distivo pode chegar a extremos que prejudicam as pes- crição”. É claro que a professora também adora ir ao
soas." O sentimento de competição é intrínseco ao ser estádio.
A vida dura do universitário-trabalhador
Na PUC-Campinas cerca de 30% dos alunos
podem comemorar o Dia do Trabalho, em 1º de
maio. Segundo a Coordenadoria de Ingresso Discente
(CID), este é o percentual de matriculados que trabalham em tempo integral. Eles enfrentam a rotina
dura da dupla jornada. Um cotidiano mais pesado
para as mulheres que para os homens, como apontou a dissertação Qualidade de Vida e Sintomas
Psicopatológicos do Estudante Universitário
Trabalhador, defendida pela professora da Faculdade
de Psicologia da PUCCampinas Maria Cláudia
Roberta Tombolato.
"Dos 140 alunos do curso
de Administração que entrevistei, 87% estudavam e trabalhavam e 13% só estudavam", detalhou Maria Claúdia. A pesquisadora identificou também que
os universitários-trabalhadores,
independentemente do sexo,
têm maiores desgastes físicos.
"Aqueles que trabalham reclamam mais de dores no
corpo e de sono. Outra diferença que percebi é que
os trabalhadores têm piores condições de moradia e
de transporte, além de ter menos tempo para o lazer",
ponderou Maria Cláudia.
Embora trabalhe desde os 16 anos, a aluna de
Artes Visuais com ênfase em Design Michele
Resende Campos afirmou que é difícil conciliar a
dupla jornada. "No ano passado, trabalhei em um
banco em São Paulo. Quase morri! Acordava 4h30
Ao lado, Michele Resende Campos que
batalhou muito para ser empresária;
acima, Elvis Broccolio enfrenta com
bravura a dupla jornada
para pegar o ônibus uma hora depois. Na
volta, chegava ao Centro de Campinas
umas 19h e vinha com meu carro para a
faculdade. Sempre entrava na sala atrasada. Meu café da manhã e meu jantar eram
um sanduíche que eu mesma preparava.
Comia sempre dentro do ônibus", lembrou. Mas
o esforço valeu a pena, Michele é empresária e
desenvolve homepages.
Já o aluno de Matemática Elvis Broccolio garantiu que não se desgasta pelo fato de trabalhar o dia
todo. "O que aprendo em sala de aula é suficiente
para mim. É claro que tenho menos tempo para estudar, mas isto não compromete meu desempenho",
garantiu Broccolio, que atua no departamento financeiro de uma empresa pública.
Clínica de Fisioterapia
será inaugurada
em junho
A Clínica de
Fisioterapia da PUCCampinas, que funciona
parcialmente desde
março no Campus II,
será inaugurada
oficialmente em junho e
está sendo considerada
Valéria Campomori
pelos especialistas como
uma das mais modernas da Região Metropolitana de
Campinas (RMC). Vinte funcionários e 21
professores atendem diariamente cerca de 200
pacientes carentes. Cerca de 450 alunos da Faculdade
de Fisioterapia terão aulas práticas no local.
A clínica ocupa uma área de 4,3 mil metros
quadrados com quatro andares, onde funcionarão
cinco setores: ginecologia e obstetrícia, neurologia
adulta e saúde mental, pediatria, cardiorrespiratório e
músculo-esquelético.
A clínica conta com três salas para atendimentos,
três laboratórios, corredor com marcações para teste
de caminhada, área de descanso, dois elevadores,
fraldário, playground e 16 banheiros (alguns
adaptados para portadores de deficiências físicas).
"Outro destaque é a piscina terapêutica com 25
metros, aquecida por energia solar e com três níveis
de profundidade, adequada para fazer diversos
serviços. É uma das mais modernas da região",
destacou a coordenadora da clínica, Maria Valéria
Campomori.
07
Jornal da PUC-Campinas
L
A
R
U
M
25 de abril a 8 de maio /2005
Espaço feminino
A professora da Faculdade de Direito
da PUC-Campinas Lígia Bisogni é a primeira mulher do
interior do Estado de São Paulo a ser nomeada
desembargadora. Ela tomou posse no dia 14 de abril
no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
para ocupar o cargo de representante da
classe dos advogados, pelo chamado
Quinto Constitucional. Lígia é
advogada há mais de 25 anos
e leciona Direito
Processual Civil na
Universidade
desde 1984.
Aderval Borges
[email protected]
Fábio Guzzo
[email protected]
A
nos sessenta, governo
ditatorial, nasce o
Cinema Novo. Corta! Anos
noventa, governo neoliberal, surge
o Cinema da Retomada. Há alguma
semelhança entre os dois movimentos? Para o
professor do Centro de Linguagem e Comunicação
(CLC) Wagner José Geribello, sim. "Ambos tiveram
apoio do Estado. Glauber Rocha e outros cineastas da época
utilizaram recursos da Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme).
Quando essa estatal foi extinta, no governo Fernando Henrique, foi
criada a Lei Rouanet, que concede isenção de
impostos para quem investir em cinema. Só assim a
produção nacional sobrevive: com alguma forma de
apoio do Estado", garantiu.
Mas as semelhanças param por aí. De acordo com Geribello, o
cinema autoral não se coloca com tanta
intensidade como em 30 anos atrás. "A
qualidade do Cinema Novo é infinitamente maior. Hoje, os
enquadramentos, os cortes, a montagem, as textura dos filmes, enfim, a
estrutura do cinema brasileiro é muito internacionalizada", compara.
O que há
de novo
no cinema
nacional
No palco O Centro de Cultura e
Arte (CCA) realiza na sala 800 do
Prédio H-1, Campus I, o programa
PUC Ponto Musical, com oficinas de
canto e de som para alunos,
professores e funcionários da
Universidade. A Oficina de Canto é
realizada todas as terças e quintas, a
partir das 17h50, e é coordenada
pela professora Ana Yara Campos. A
Oficina de Som, ocorre às quartas,
no mesmo horário e local, sob a
coordenação da professora
Eloísa Lopes. Os
agendamentos e inscrições:
CCA (Campus I) ou no
próprio local com as
coordenadoras.
Informações: (19)
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O homem de preto
classificados
Um dos pilares da música popular norte-americana, o cantor e compositor Johnny Cash era dono de uma voz estranha, instável, mas ideal para falar sobre os problemas do homem comum. Embora
tenha vendido 53 milhões de discos ao longo de cinco décadas de carreira,
não fazia concessões ao mercado. Suas letras são melancólicas e abordam o
submundo americano. Só vestia roupas pretas e não era de muito papo. Autor
de clássicos como Folsom Prison Blues, I Walk the Line e A Boy Named
Sue, morreu aos 71 anos em setembro de 2003. Surgiu em Memphis, terra de origem do rock-and-roll, juntamente com Elvis Presley, de quem
era amigo. Bob Dylan cita-o como sua maior influência musical.
Sua obra é facilmente encontrada nas lojas de CDs e
várias de suas músicas estão disponíveis
na Internet.
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Teatro do impossível
Contemporâneo pobre de Shakespeare
João encrenca Em um
papo com São Pedro, já entrando no
céu, João Saldanha diz de si mesmo:
"Fui contrabandista de armas aos seis
anos de idade, líder estudantil aos 20,
membro do Partido Comunista a vida
toda. Também fui jogador e técnico de
futebol, analista de escola de samba,
co-autor de enciclopédia, ator de
cinema e candidato a vice-prefeito.
Dizem que fui um grande personagem.
Parece que vivi várias vidas, sempre
entre a lenda e a realidade." Assim, o
jornalista João Máximo inicia a
apresentação de seu livro João Saldanha
sobre Nuvens de Fantasia. É um perfil
delicioso deste gaúcho, mas "carioca
de bossa e espírito", bom de papo e de
briga. O livro apresenta o Saldanha
comentarista, o técnico de futebol, o
jornalista, o militante político, o garoto
de praia, o brigão, o contador de
histórias "verdadeiras" e mentirosas. O
livro é da RioArte e Relume-Dumará
Editores. Tem 138 páginas e custa R$
13,00 nas livrarias.
Para muitos, o grande nome da poesia inglesa do século XVI não é Shakespeare, mas o discreto John Donne (1572-1631). O estudioso de literatura e comunicação canadense Marshall McLuhan tinha veneração por ele. Segundo McLuhan, as elegias
de Donne são a síntese da sensibilidade européia da época. O melhor tradutor de
Donne no Brasil é o poeta Augusto de Campos, que traduziu para o português
várias poemas, no livro O Anticrítico, publicado em 1986 pela Companhia das
Letras, e no qual estão os versos de Elegy: going to be, cuja versão é cantada por
Caetano Veloso: "...deixa que a minha mão errante adrente/atrás, na frente, em
cima, em baixo, entre/minha América, minha terra à vista..." Quem se lembra?
Locadora de Geribello
> Abril Despedaçado (2001, drama, diretor Walter Salles). "Trata da
temática nordestina, mas não de forma saudosista e regionalista"
> Desmundo (2003, drama, diretor Alain Fresnot). "Nunca vi o BrasilColônia tão bem retratado como neste filme "
> Olga (2004, drama, diretor Jayme Monjardim). "Apesar de toda a
crítica que foi feita quando do seu lançamento - de que seria um filme
romantizado -, retrata muito bem uma época em que o movimento
esquerdista esteve forte no País".
> O Prisioneiro da Grade de Ferro: Auto-Retratos (2003, documentário,
diretor Paulo Sacramento). "Entre os filmes sobre o Carandiru, este
traz um olhar documental sobre o presídio.Vale a pena conferir".
> Sargento Getúlio (1983, drama, diretor Hermanno Penna). "Apesar de
ser um pouco mais antigo, é um filme que se mantém atual".
Gordon Craig (1872-1966), ator, encenador e cenógrafo inglês foi uma das figuras mais interessantes e decisivas para o teatro ocidental do século XX. Foi um dos expoentes da escola simbolista no teatro. Entre suas importantes montagens está Hamlet,
de Shakespeare, apresentada em 1912 no Teatro de Arte de Moscou, a
convite do grande encenador russo Constantin Stanislavski. Após a primeira guerra mundial, Craig passou a ser muito mais um teórico que um
homem da prática teatral. Mas um teórico muito especial, que, além de
escrever sobre suas idéias, esboçava cenas e construía maquetes de cenários para peças que imaginava. Entre elas Drama para Loucos, uma peça
de 365 cenas para marionetes, impraticável, ainda hoje, pela complexidade técnica exigida. Há farto material sobre Craig na Internet.
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Incompreensíveis para
as massas Um dos mais
importantes movimentos da arte moderna
foi o cubo-futurismo russo, criado em
1905 por David Burliuk, Vielimir
Khlébnikov e Vladímir Maiakóvski. Todos
aderiram à revolução soviética de 1917.
Mas a lua-de-mel entre os vanguardistas e
os sectários seguidores de Lênin, Trotski e
Stalin durou pouco. Foram marginalizados
pelo regime, sob a acusação de que eram
"incompreensíveis para as massas".
Passados cem anos, os cubo-futuristas
continuam influentes em todo o mundo e a
revolução soviética, que pretendia mudar
o planeta, ficou para as páginas da história.
No Brasil, existe sobre eles a ótima
antologia Poesia Russa Moderna, com
traduções de Augusto e Haroldo de
Campos e de Boris Schnaidermann. A foto
acima é da capa de uma edição da antiga
Editora Brasiliense, que traz um poema
visual de Maiakovski. Atualmente, o livro é
editado pela Perspectiva e vendido nas
livrarias por R$ 50,00.
Confira os GANHADORES do último sorteio,
que devem retirar seus prêmios até 05 de maio
no Departamento de Comunicação, localizado
no Prédio da Pastoral II (Campus I), das 8h30 às
11h30 e das 13h30 às 16h30.
Uma Janela em Copacabana - Lorena Verônica
Piuselli (Relações Públicas)
A Era do Eu S/A - Liége Honda (Psicologia)
Psicologia nas Organizações - Ângela Ferreira
da Silva (Psicologia)
Almoço na República do Café - Poliane Cristiane
Rodrigues (Patrulheira)
08
25 de abril a 8 de maio /2005
Jornal da PUC-Campinas
Surfistas
Pacientes de
TO invadem a
praia de Santos
Cerca de 40 portadores de necessidades
especiais mergulharam em busca de
autonomia e sensibilizaram moradores
da Baixada Santista na Aula de Surfe,
programa do Ambulatório Infantil de
Terapia Ocupacional (TO)
D
Fábio Guzzo
[email protected]
ia 12 de abril na Praia do José Menino, em Santos (171
quilômetros de Campinas). Tudo indica que esta será mais
uma terça-feira comum: mar, areia, muito sol e poucos
banhistas. De repente, dois ônibus estacionam na avenida
beira-mar, em frente ao Posto 2, dos quais descem 39
pacientes do Ambulatório Infantil de Terapia Ocupacional da
PUC-Campinas alterando a paisagem litorânea. É mais uma edição
da Aula de Surfe, um programa realizado semestralmente pela
Universidade desde 2001.
"Tiramos os alunos de sua rotina trazendo-os para cá. Assim, eles
têm um ganho de autonomia, pois fazem suas atividades sozinhos",
explicou o coordenador do Ambulatório e professor de Terapia
Ocupacional, Roberto Ciasca. Na praia, a aula foi ministrada por
três professores da Escola Radical, que também forneceu as
pranchas. "Fazendo com que se interajam com o oceano, eles se
tornam mais sensíveis e nós, professores, mais humanos", avaliou o
coordenador da escola, Francisco Araña, o Cisco.
Para alguns pacientes especiais, o mar era novidade. "A gente fica
em cima da prancha, boiando, com a água levando para lá e para cá.
Isto é muito gostoso", afirmou Guilherme Felipe Pereira Valok, 8
anos. Para outros, era o momento de matar saudades, como
O veterano Cisco compartilha as manhas do esporte com Jeferson
O coordenador
Roberto Ciasca
(ao centro
com a criança
no colo) com
os brothers
campineiros e
caiçaras
Acima,
Alessandro
Cândido
Gomes dá uma
forcinha para o
sobrinho
Daniel; ao lado,
Gabriela Alden
da Silva ensaia
uma manobra
radical
Jeferson Manuel da Silva Santos, 9 anos, que exibiu intimidade com
a prancha e as ondas. "Fazia tempo que não sentia este gosto de água
salgada... A única vez que vim para a praia foi há uns quatro anos",
lembrou.
Pablo Daniel, 4 anos, que tem problemas de coordenação
motora, conheceu o mar pelo projeto do ambulatório. Desta vez,
com maior familiaridade com a prancha, ele foi o primeiro a
mergulhar e o último a sair do mar. "Está da hora", afirmou Daniel.
Enquanto estava dentro da água, o tio de Daniel, Alessandro
Cândido Gomes, empurrava-o em cima da prancha. "Promover esta
integração da família é uma das propostas da aula de surfe. Só assim
os parentes vão deixar de ver aquele deficiente como um coitadinho,
como alguém incapaz", comentou Ciasca.
A visita dos campineiros já é tradição no Bairro da Pompéia ,
onde está localizada a escola , e sensibiliza os moradores. Francisco
Leonardo Neto, por exemplo, tem uma confeitaria a poucos metros
da escola. "Arrecadei dinheiro com
meus clientes e trouxe bolos,
cachorros-quentes e refrigerantes,
além de uns presentinhos. O pessoal
daqui do bairro gosta muito deles e se
envolve", comentou Neto. Alguns
moradores estavam presentes durante
a aula e ajudaram os pacientes em
pleno mar. "É incrível ver estas crianças
com uma série de dificuldades,
sorrindo. Você percebe que seus
problemas são insignificantes",
comparou José Antônio Brience.
Garotada se esbalda na Praia do José Menino
Download

Surfistas por um dia Entre o amor e a bola - PUC