Ações do Sindicato crescem em ano de crise A maior crise financeira mundial dos últimos 80 anos foi encarada pelo Senge como uma oportunidade para ampliar e melhorar a qualidade das suas ações em defesa dos engenheiros e engenheiras de Minas Gerais. 2009 começou com um quadro sombrio, com milhares de demissões atingindo setores econômicos em que a atuação da engenharia é fundamental. O Sindicato apoiou as medidas de enfrentamento tomadas pelo Governo Federal e nas mesas de negociações defendeu a categoria apostando na imediata recuperação da economia. O resultado foram os bons acordos que garantiram aumentos reais em diversas empresas e ramos de atividades. Esteve, também, solidário com a luta dos aposentados por reajustes mais justos das pensões e pelo fim do fator previdenciário. Defendeu em todos os fóruns o respeito ao Salário Mínimo Profissional, uma das principais conquistas da categoria. O Sindicato também ampliou os serviços e benefícios que oferece aos seus sócios, como a assistência jurídica, os cursos de qualificação e o banco de currículos e empregos. E o Sindicato cresceu também na sua inserção nos movimentos sociais e populares. Denunciou as práticas antissindicais e esteve presente nos fóruns em defesa de um mundo mais justo e com menos desigualdades. Empunhou a bandeira da Engenharia e Arquitetura Públicas, defendendo a implantação da Lei 11.888 que garante assistência técnica gratuita à população de baixa renda para a reforma e construção de moradias de interesse social. Esta edição do Senge Informa faz um balanço da atuação do Senge em 2009 e projeta para 2010 um ano de muita luta e trabalho em prol dos engenheiros e engenheiras de Minas Gerais. Edição nº 185 - Janeiro/Fevereiro de 2010 - Página 2 Ano Novo, novos desafios No final deste ano, completaremos o nosso segundo mandato à frente do Sindicato. Em novembro de 2004, iniciamos uma grande caminhada com a posse da Chapa 1 – Uma história em Movimento, eleita para dirigir este que é um dos maiores sindicatos de engenheiros do Brasil, com quase 70% dos votos. Foi uma disputa de qualidade histórica, valorizou a democracia sindical e colocou o SENGE-MG mais uma vez na pauta de discussões da engenharia. Na época elaboramos um programa que explicitou claramente a necessidade de construirmos um projeto de valorização da engenharia e dos profissionais da área tecnológica, ampliar a interiorização e nossa representatividade nas cidades pólos do Estado e intensifi- car a nossa relação com os sindicatos de base e movimentos sociais. Este programa foi ratificado e ampliado no processo eleitoral de 2006, que resultou em uma ampla composição de forças para a direção do Sindicato. Nos nossos debates colocamos sempre que as forças neoliberais criaram uma “ilusão coletiva” valorizando o consumo desenfreado e o individualismo. Propusemos ser um vetor no sentido de resgatar a força do coletivo e a solidariedade como valores maiores, um contraponto à doutrina reinante que desmoronou completamente no final de 2008. Estávamos completamente corretos e continuaremos sendo o farol na névoa que tenta encobrir as injustiças do mundo atual. 2009 foi um ano que marcou o Cooperativa cadastra profissionais Um antigo anseio dos profissionais da engenharia, que há muito tempo vinha sendo gestado, está se concretizando. A constituição jurídica da Cooperativa de Trabalho dos Profissionais da Área de Engenharia (Copenge) já foi concluída no final de dezembro de 2009. Segundo o presidente da Copenge, engº Hamilton Silva, faltam apenas pequenos ajustes internos. “Com a expectativa de uma crescente demanda pelos serviços dos profissionais do Sistema Confea/Creas, face ao crescimento econômico atual, a Cooperativa tem um grande espaço de atuação”, acredita Hamilton. Para tanto, a Copenge está organizando um cadastro de interessados em associar-se à Cooperativa. “Estamos recebendo currículos de profissionais com a certidão de atribuições previstas na Resolução 218. E, para não penalizar os colegas interessados, sob a ótica financeira, somente quando o Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais Rua Espírito Santo, 1.701 Bairro Lourdes - CEP 30160-031 Belo Horizonte-MG Tel.: (31) 3271.7355 Fax: (31) 3226.9769 e-mail: [email protected] site: www.sengemg.org.br interiorização, reforçamos as nossas relações com os sindicatos de base e os movimentos sociais, procurando sempre cumprir as nossas propostas e projetos debatidos no Conselho Diretor. Em 2010 um grande desafio nos espera. Teremos eleições para uma nova diretoria do Senge-MG para o triênio 2010/2013. Será o momento de exercitarmos a democracia sindical, colocando em debate ideias e propostas para um novo ciclo administrativo no nosso Sindicato. Esperamos e contamos com a ampla participação de todos os associados para que tenhamos um processo rico e de grande valia para o futuro da nossa instituição. Nilo Sérgio Gomes Presidente do Senge-MG Copass elege conselheiros profissional for alocado para executar uma atividade é que será cobrado o valor da associação”, informa Hamilton. Segundo o seu presidente, a Copenge vem para preencher uma lacuna demandada na atualidade que é a prestação de serviços técnicos profissionais que exigem grande experiência e, que às vezes, não são encontrados no mercado. A Cooperativa tem como objetivos principais a congregação dos profissionais regularmente inscritos no Sistema Confea/Creas em níveis superior e médio, buscando estimular o desenvolvimento progressivo e a defesa de suas atividades econômicas, através da oferta de serviços profissionais autônomos especializados em todas as áreas da engenharia. A Copenge está atuando na Rua Araguari, 658, Barro Preto, Belo Horizonte, e o telefone de contato é 3271-7355. GESTÃO 2007/2010 - DIRETORIA EXECUTIVA - Presidente: Nilo Sérgio Gomes; Vice-presidente: Vicente de Paulo Alves Lopes Trindade; 2º Vice-presidente: Rubens Martins Moreira; Secretário Geral: Raul Otávio da Silva Pereira; 1º Secretário: Eustáquio Pires dos Santos; 1º Tesoureiro: Anivaldo Matias de Sousa; 2º Tesoureiro: Sávio Nunes Bonifácio. DIRETORIAS DEPARTAMENTAIS Negociações Coletivas: Augusto César Santiago e Silva Pirassinunga (licenciado); Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente: Nara Julio Ribeiro; Relações Inter-Sindicais: Jairo Ferreira Fraga Barrioni; Saúde e Segurança do Trabalhador: Arnaldo Alves de Oliveira; Assuntos Jurídicos: Paulo César Rodrigues; Assuntos Comunitários: Laurete Martins Alcântara Sato; Imprensa e Informação e Promoções Culturais: Fernando Augusto Vilaça Gomes; Estudos Sócio-Econômicos: Abelardo Ribeiro de Novaes Filho; Interiorização: Paulo Henrique Francisco dos Santos; Aposentados: Waldyr Paulino Ribeiro Lima. mundo com uma grave crise financeira abalando a economia dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Assistimos as potências mundiais estatizarem bancos e seguradoras, injetarem dinheiro público no mercado para garantir crédito e evitar o caos no sistema produtivo. O Brasil com políticas anticíclicas e um sistema financeiro regulado, foi um dos primeiros países a sair da crise, destacando-se no cenário mundial. Fechamos 2009 com grandes realizações apesar da crise. Realizamos seis seminários debatendo a engenharia pública e a implementação da Lei 11.888 e várias reuniões durante o ano com executivos e legislativos de diversos municípios. Ampliamos as negociações coletivas, intensificamos a No mês de fevereiro, os funcionários da Copasa vão eleger o novo Conselho Fiscal e de Gestão do plano de saúde da empresa, o Copass Saúde. O Conselho é formado por 20 integrantes, sendo 10 da empresa e 10 dos trabalhadores. O Senge-MG indicou dois conselheiros para a chapa única dos trabalhadores. O candidato indicado para a suplência do Conselho de Gestão é o engenheiro Luiz Fernando Carvalho Naves e para titular do Conselho Fiscal é o contador Armando Cerqueira Gomes. De acordo com o diretor do Senge, Sávio Nunes, os dois nomes escolhidos têm possibilidade de representar bem os trabalhadores, além de terem mostrado interesse e disponibilidade para gerir e fiscalizar o DIRETORIAS REGIONAIS - Diretoria Regional Centro: Júnia Márcia Bueno Neves, Alfredo Marques Dyniz, Rosemary Antonia Lopes Faraco, Daniel Meinberg Shimidt de Andrade, Clóvis Scherner, Clóvis Geraldo Barroso, Hamilton Silva, Anderson Rodrigues, Pedro Carlos Garcia Costa, Antônio Lombardo, Débora Maria Moreira de Faria. Diretoria Regional Norte Nordeste: Aliomar Veloso Assis, Rômulo Buldrini Filogônio, Jessé Joel de Lima, Antônio Carlos Sousa, Aloísio Pereira da Cunha, Guilherme Augusto Guimarães Oliveira. Diretoria Regional Zona da Mata: João Vieira de Queiroz Neto, Eduardo Barbosa Monteiro de Castro, Carlos Alberto de Oliveira Joppert, Francisco Antônio Nascimento, Maria Angélica Arantes de Aguiar Abreu, Silvio Rogério Fernandes. Diretoria Regional Triângulo: Ismael Figueiredo Dias da Costa Cunha, Antônio Marcos Belo. Diretoria Regional Vale do Aço: Ildon José Pinto, Antônio Azevedo, José Couto Filho, Antônio Germano Macedo. Diretoria Regional Campos das Vertentes: Domingos Palmeira Neto, plano de saúde. “O Senge quis também reforçar a preocupação com os profissionais aposentados ao indicar um conselheiro aposentado”, informa Nunes. O candidato Armando Cerqueira pretende corresponder à altura a indicação do Senge. “Sou um dos fundadores do plano. Quero zelar pelo Copass, contribuir para que cresça e cumprir fielmente meu mandato e corresponder à indicação do Senge”, diz Armando. “O que queremos com essas indicações é que o Copass Saúde avance com firmeza, sustentabilidade e melhoria dos serviços”, finaliza Sávio. Todos os sócios podem votar. O voto pode ser feito por correspondência em cédula de papel e poderá ser enviado via malote. A apuração acontece no dia 4 de março, na sede do Sindágua. Wilson Antônio Siqueira, Nélson Henrique Nunes de Souza. Diretoria Regional Sul: Antônio Iatesta, Fernando de Barros Magalhães, Paulo Roberto Mandello, Nélson Benedito Franco, Nélson Gonçalves Filho, Arnaldo Rezende de Assis, João Batista Lopes Júnior, Eberth Antônio Piantino, Júlio César Lima. CONSELHO FISCAL: Luiz Antônio Fazza, Vânia Barbosa Vieira, Luiz Carlos Sperandio Nogueira, Dorivaldo Damascena, Marcelo de Camargos Pereira Edição: Miguel Ângelo Teixeira Redação: Fabyana Assunção e Miguel Ângelo Teixeira Arte final: Viveiros Edições Impressão: Fumarc Edição nº 185 - Janeiro/Fevereiro de 2010 - Página 3 Contribuições fortalecem a luta do trabalhador de fevereiro de 2010 e uma cópia da guia quitada apresentada ao departamento pessoal da empresa em que trabalha, evitando, assim, o desconto de um dia de salário no mês de março. Construir um sindicato forte, capaz de liderar as lutas da categoria por melhores condições de vida e trabalho. É neste objetivo que o Senge-MG investe as suas forças e as contribuições dos engenheiros e engenheiras de Minas Gerais. E esta construção se dá no dia-a-dia. São dezenas de negociações coletivas realizadas, anualmente, com sindicatos patronais e grandes empresas, garantindo aumentos salariais e condições de trabalho mais dignas para todos os engenheiros. É a luta permanente pelo respeito ao Salário Mínimo Profissional, uma das principais conquistas da categoria. Ou a busca de maiores oportunidades de trabalho para a categoria, como na defesa da lei 11.888, da engenharia pública. Ou, ainda, na manutenção de um departamento jurídico capaz de encaminhar e defender as causas individuais e coletivas da categoria. Para que estas lutas possam ser travadas, o Sindicato precisa manter a sua independência e estar preparado para fazer frente ao poder patronal e às políticas econômicas que privilegiam o capital. E isto depende da sua participação e contribuição. Basicamente, são três as principais receitas dos sindicatos: a Contribuição Sindical, que é devida por todos os trabalhadores; a Contribuição Social que é obrigação apenas dos sócios do Sindicato; e a Taxa Assistencial ou Taxa de Fortalecimento Sindical, que depende da negociação da convenção ou acordo coletivo de trabalho de cada setor econômico ou empresa. Contribuição Social Para os fins legais, os sindicatos se equivalem às associações civis sem fins lucrativos. Como associações, são formados por um quadro de filiados, os quais contribuem, por adesão livre e espontânea, com mensalidades ou anuidades para a manutenção da estrutura sindical, cujos valores e forma de cobrança são definidos em Assembleia Geral do Sindicato. No Senge-MG, a anuidade vigente tem o valor de R$ 150,00 e os aposentados têm desconto de 50%. Para os engenheiros que têm salários abaixo do mínimo profissional, a anuidade é proporcional à sua remuneração e os profissionais que se encontram desempregados estão isentos até que retomem as suas atividades. Taxa Assistencial Contribuição Sindical Estabelecida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a Contribuição Sindical é a principal fonte de receita dos sindicatos. O seu recolhimento é obrigatório e os valores são repassados para os sindicatos (60%), para as federações (15%), para as confederações (5%), para as centrais sindicais (10%) e o restante (10%) para a conta especial de emprego e salário do Mi- nistério do Trabalho. A Nota Técnica Nº 201/2009 do Ministério do Trabalho, de 30 de novembro de 2009, esclarece que o valor da Contribuição Sindical, devida por todos os trabalhadores, inclusive o profissional liberal, entre eles, os engenheiros, é o equivalente a um dia de salário. Respaldado na Constituição Fede- ral e com a aprovação da Assembleia Geral da categoria, o Senge-MG definiu o valor de R$ 131,75 (cento e trinta e um reais e setenta e cinco centavos) para a Contribuição Sindical de 2010, que corresponde a um dia de salário tendo como base o Salário Mínimo Profissional do engenheiro. Esse valor deve ser pago até o dia 28 A Taxa Assistencial, que também é chamada de Taxa de Fortalecimento Sindical ou Taxa Negocial, é decidida em assembleias gerais específicas da categoria, conforme prevê o inciso IV do artigo 8º da Constituição Federal de 1988, e se destina a cobrir os custos de campanhas salariais. Normalmente é cobrada após a celebração de um instrumento coletivo de trabalho. Diferentemente da contribuição social que é definida e paga somente pelos associados, esta taxa é definida em Assembleia da qual participam associados e não-associados. Os trabalhadores que não concordarem com a sua cobrança podem se opor através de carta enviada ao sindicato. A história de lutas do Sindicato em defesa dos engenheiros, da engenharia e de toda a sociedade, construída ao longo de mais de 60 anos, é a certeza de que a sua contribuição é um excelente investimento para que possamos construir um sindicato melhor e cada vez mais forte. Edição nº 185 - Janeiro/Fevereiro de 2010 - Página 4 Sindicato consolida participação nas negociações coletivas As negociações coletivas são a principal prioridade do Senge-MG e, em 2009, o Sindicato consolidou e ampliou a sua participação em diversas campanhas que resultaram em convenções e acordos coletivos de trabalho com diversos sindicatos patronais e empresas e instituições públicas e privadas. A principal luta do Sindicato nas mesas de negoci- ação foi garantir as conquistas sociais e econômicas, constantemente ameaçadas, agora com o pretexto da crise econômica mundial. Engenheiros e engenheiras de empresas e instituições, como a Epamig e Prefeitura de Contagem, depositaram na entidade esperanças e expectativas em relação à melhoria de condições de trabalho e salários. “Além disso, entramos com mais força e energia nas campanhas dos setores de engenharia consultiva, metalúrgicos, Copasa, Cemig, Urbel e Gerdau Açominas”, fala o secretário-geral do SengeMG, Raul Otávio Pereira. Para que isto pudesse acontecer, foram feitos investimentos no setor de negociações coletivas, tan- to em pessoal quanto em equipamento. “Sabemos que temos um longo trabalho pela frente, mas defender a categoria, garantindo melhores salários e condições de trabalho é prioridade do Senge-MG. Queremos a cada ano aumentar e intensificar nosso trabalho e luta junto aos profissionais de engenharia.”, completa Raul Otávio. Campanhas unificadas ganham terreno As negociações com os sindicatos representantes de setores econômicos específicos são uma das principais vertentes das negociações coletivas realizadas pelo Senge-MG. Estas negociações abrangem setores em que os engenheiros são maioria, como a engenharia consultiva, e em outros em que embora a categoria seja minoritária, tem participação significativa e diferenciada, como a construção civil e pesada e as indústrias metalúrgicas. A campanha unificada foi a marca das negociações com o Sinaenco e a Fiemg, representantes das empresas de engenharia consultiva e metalúrgicas. Nas negociações com o setor metalúrgico, o Senge integrou a cam- A redução da jornada de trabalho para 40 horas foi um dos pontos da pauta dos metalúrgicos o mesmo percentual para as demais cláusulas econômicas. A convenção modificou as horas extras, que passam a ser pagas com acréscimo de 100% a partir da 32ª hora feita no mês. panha unificada com os sindicatos de base de Belo Horizonte, Contagem e Betim, mas apresentou e defendeu uma pauta específica dos engenheiros que, entre outras reivindicações, Nova frente na Epamig As negociações com a Epamig significaram a abertura de mais uma frente de trabalho para o Sindicato. Chamado a intervir em um processo de negociação já iniciado com a associação dos profissionais da empresa, o Sindicato procurou o caminho que garantisse os melhores ganhos e menor renúncia a direitos acumulados, como o passivo referente ao não pagamento do salário mínimo profissional em anos anteri- ores. Para o engenheiro da Epamig, Paulo Lima, o Senge entrou num momento de impasse. “A entrada do Sindicato ajudou a categoria, embora o prazo tenha sido curto para as negociações”, diz Paulo. Os principais pontos do acordo foram as correções, pelo INPC do período, dos salários e do vale alimentação retroativos a maio de 2009 e o reajuste da tabela de entrada dos níveis 11, 12 e 13 de forma a aproximar os salários do salário mínimo profissional das categorias de engenheiro e médicos veterinários a partir de agosto de 2009. Esta correção na tabela representou aumentos entre 30% e 50% para cada nível. Os engenheiros e engenheiras da Epamig aprovam a proposta de acordo coletivo de trabalho continha uma cláusula de respeito ao salário mínimo profissional, garantido pela lei 4.950-A. A convenção assinada prevê reajustes diferenciados para o porte das empresas. Aquelas que possuem até 50 empregados, salários até R$ 4.150 foram reajustados em 6%, acima deste valor, o aumento foi único de R$ 249. Nas empresas com mais de 50 funcionários, o reajuste concedido foi de 6,54% para salários até R$ 4.150 e de R$ 271,41 para quem recebe acima deste valor. Engenharia consultiva As negociações com o Sinaenco não foram nada fáceis em 2009. Liderando uma série de outros sindicatos de trabalhadores nestas empresas, o Senge não poupou esforços e recursos para mobilizar e ampliar a participação dos engenheiros nas negociações, com resultados amplamente favoráveis. Os patrões, com o pretexto da crise econômica, ofereciam um reajuste muito abaixo do INPC do período. Em virtude disso, a convenção somente foi fechada em setembro, com 6% de reajuste salarial retroativos a 1º de maio e Construção pesada e civil As negociações com os sindicatos representantes das empresas de construção pesada e civil são realizadas em separado dos demais sindicatos de trabalhadores destes setores. Com data-base em novembro, a proposta de acordo para Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos engenheiros da Construção Pesada foi aprovada em Assembleia Geral Extraordinária realizada na nova sede do Senge no dia 21 de janeiro de 2010. O reajuste aprovado, retroativo a novembro de 2009, foi de 6,45% para a cláusula salarial e de 10% para as demais cláusulas econômicas. O acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG) também foi aprovado em assembleia geral realizada no dia 21 de janeiro de 2010. O reajuste foi de 7,30%, mesmo valor fechado com o sindicato de base. Este reajuste representa um aumento real de 3,14%. Com data base em 1º de abril, a Convenção Coletiva de Trabalho dos engenheiros da construção civil de Juiz de Fora foi fechada em 16 de julho. O reajuste aprovado pelos trabalhadores foi de 7% retroativos a abril. Edição nº 185 - Janeiro/Fevereiro de 2010 - Página 5 Empresas tentam cortar direitos e conquistas Cemig A campanha salarial da Cemig colocou à prova a capacidade de mobilização da categoria. Para conseguir uma proposta decente, os trabalhadores da empresa chegaram a paralisar as atividades por um dia com indicativo de greve. Depois de várias propostas e contrapropostas, o acordo foi firmado com reajuste de 4,20% mais aumento real de 0,65%. A empresa elevou, ainda, a PRE para 0,7 remuneração ou R$ 5 mil, o que for melhor, com pagamento até março de 2010. Com relação aos engenheiros, entre os avanços, podemos citar a questão da evolução funcional na carreira, através da obtenção de critérios para ascensão a máster. No entanto, é importante continuar a luta pelo salário mínimo profissional e pelo pagamento do adicional de periculosidade aos engenheiros. Para o Sindicato, a Cemig precisa mudar sua postura para manter seus profissionais na empresa. Existe uma alta insatisfação, demonstrada pela alta rotatividade (turn over) dos novos engenheiros, assim como um sucateamento da estrutura de pessoal e de rede da empresa, em função de lucros cada vez maiores. Além disso, é visível a queda de qualidade no desempenho operacional da empresa, como demonstra o alto índice de queda de energia visto no último ano. O Sindicato defende que a empresa tenha uma política voltada para o trabalhador e não apenas para o acionista. Gerdau Açominas A aprovação do acordo, em assembleia realizada em dezembro, encerrou uma campanha que mar- cou a entrada do Senge na mesa de negociações. Para o diretor do Senge, Wilson Siqueira, esta foi uma negociação independente dos demais sindicatos da região em defesa dos diretos e benefícios dos engenheiros da Gerdau Açominas. Além do reajuste de 4,18%, a empresa concordou com o pagamento das horas extras de todos os engenheiros, com exceção dos ocupantes de cargos de confiança. Foto: Benedito Maia Algumas grandes empresas, pelas suas especificidades, exigem do Sindicato a realização de negociação direta, que acaba gerando o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Em 2009, foram celebrados ACTs com a Cemig, Furnas, Gerdau Açominas e Paul Wurth. A tônica das negociações foi a tentativa de algumas destas empresas de cortar direitos adquiridos. O Sindicato procurou mobilizar os trabalhadores para resistir às investidas das empresas. Já a Vale, tradicional nas mesas de negociação do Sindicato, adotou a postura de negociar apenas com os sindicatos de base. Aos demais a empresa ofereceu a possibilidade de uma carta compromisso sobre reivindicações específicas de cada categoria. Em dezembro, aconteceu uma primeira reunião com representantes da empresa, quando foram discutidos os itens da pauta enviada pelo Senge em 16 de setembro. O Sindicato aguarda o prosseguimento das negociações. O secretário-geral e diretor de Negociações Coletivas do Senge, Raul Otávio, fala em assembleia dos trabalhadores da Cemig Furnas O Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2009/2010 dos empregados de Furnas foi fechado em agosto. A contraproposta da empresa foi aprovada pelos engenheiros e engenheiras, em assembleia realizada no dia 05 de agosto, em São José da Barra (MG). O Sindicato também negociou o pagamento da indenização pela redução do internível salarial. O pagamento será em três parcelas iguais e sucessivas, a partir de janeiro/2010, com o pagamento até o dia 15 de cada mês. A proposta foi aprovada, em assembleia realizada no dia 21 de outubro. Paul Wurth Foi fechado, no final de dezembro, um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) com a empresa que garantiu dois salários para cada empregado, a título de participação nos resultados. Já está acertada uma nova negociação para discutir metas e valores para 2010, na expectativa de garantir um melhor acordo para os funcionários. O Sindicato firmou, ainda, com a empresa acordo específico sobre férias, que passam a ser de 22 dias úteis. Crise é pretexto para prefeituras As negociações com algumas prefeituras municipais foram difíceis e com resultados pouco animadores. A desculpa das administrações municipais foi a crise financeira que teria provocado redução de receitas. E quem pagou o pato foram os trabalhadores que, na maioria delas, ficaram sem reajuste. Na Prefeitura de Belo Horizonte, apesar da ampla mobilização realizada pelos engenheiros e engenheiras da administração direta e indireta, apenas a negociação com a Urbel chegou a bom termo. O Acordo Coletivo de Trabalho foi fechado com reajuste de 6,73% nos salários e as demais cláusulas econômicas não foram corrigidas. Os engenheiros da administração direta e da Sudecap ficaram sem reajuste. Na Sudecap, a mobilização foi, também, contra o decreto que autorizou o superintendente da Sudecap a dispensar os funcionári- os que ocupavam cargos considerados desnecessários. O Sindicato, em conjunto com outras entidades, notificou extrajudicialmente o superintendente da Sudecap e foi feita denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Após três audiências no MPT, sem chegar a um acordo, foi aberto um processo investigatório na empresa, principalmente após denúncias de contratações irregulares. Juiz de Fora Reajuste zero também foi a resposta da Prefeitura de Juiz de Fora. Desde o início das negociações, a Prefeitura alegou que não tinha condições de conceder reajuste por causa das dívidas da administração municipal e da queda da arrecadação em função da crise econômica mundial. Além do reajuste, o Senge priorizou o cumprimento do Salário Mínimo Profissional. A Regional Zona da Mata protocolou, no dia 19 de ju- nho, na Câmara Municipal de Juiz de Fora, uma carta com o pedido de inclusão da Lei Orgânica do Município dos dispositivos da Lei 4.950-A/66, que define o piso salarial dos engenheiros. O pedido está em tramitação na Câmara. Contagem Provocado pelos engenheiros que trabalham na administração municipal, o Senge iniciou negociações com a Prefeitura de Contagem para correção salarial e construção de um Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV). Foram realizadas duas reuniões com o Secretário de Administração que sinalizou dificuldades para atender as demandas dos engenheiros. Os profissionais reivindicam o piso salarial de 8,5 salários mínimos, o retorno da progressão vertical, extinta em 2006, e a participação na elaboração do PCCV. Edição nº 185 - Janeiro/Fevereiro de 2010 - Página 6 Senge lidera movim engenharia e arquitet Como fazer a lei 11.888 sair do papel. Quais os passos para sua efetiva implementação nas cidades e o papel das instituições de ensino. O que muda para o profissional de engenharia e arquitetura com a efetivação desta lei nos municípios. As repercussões do programa Minha Casa, Minha Vida para as populações de baixa renda e profissionais de engenharia. Estes foram alguns dos temas debatidos nos seminários realizados, na capital e no interior, pelo Senge-MG em 2009. A lei 11.888 foi sancionada no dia 24 de dezembro de 2008 e entrou em vigor seis meses depois. Ela assegura às famílias de baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de Seminário realizado na Câmara Municipal de Belo Horizonte, em 20/03/2009, foi o ponto de partida para as ações de divulgação e implementação da lei 11.888. No detalhe, o presidente do Senge-MG, Nilo Sérgio Gomes, entrega ao autor da lei 11.888, deputado federal Zezéu Ribeiro (PT/BA), placa em homenagem a sua iniciativa O seminário de Belo Horizonte contou com a presença de mais de 700 pessoas, entre autoridades, engenheiros, estudantes de engenharia e arquitetura e lideranças do movimento de defesa da moradia digna O seminário realizado em Juiz de Fora teve como foco as questões legais para a implementação da assistência técnica em nível municipal habitação de interesse social. O Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais abraçou esta bandeira e assumiu a divulgação da lei no Estado de Minas Gerais, realizando seminários e diversas reuniões com prefeitos e vereadores. O objetivo é fazer com que a lei saia do papel e assim, a população de baixa renda tenha acesso à assistência técnica na construção de suas casas, o que vai gerar mais emprego para engenheiros e arquitetos. O primeiro seminário foi realizado em parceria com a Câmara Municipal de Belo Horizonte, no dia 20 de março. Cerca de 750 pessoas, entre entidades, representantes de prefeituras, lideranças dos movimentos populares de defesa da moradia e profissionais da área estiveram presentes no evento. O autor do projeto, o deputado federal Zezéu Ribeiro (PT-BA), foi um dos palestrantes e homenageado pelo Sindicato. Neste primeiro seminário foi discutida a implementação e a regulamentação da Lei 11.888. Em junho foram realizados dois seminários. No dia 6, em Conselheiro Lafaiete, que também abordou o programa Minha Casa, Minha Vida. O evento, que aconteceu na Escola Meridional, contou com a presença de cerca de 200 pessoas, entre representantes de movimentos sociais e interessados no programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida. No dia 26 de junho foi a vez de Juiz de Fora receber o seminário, que teve a mesma temática do realizado em Belo Horizonte e contou com a presença de engenheiros, arquitetos e participantes de movimentos ligados à moradia de Juiz de Fora e cidades vizinhas. Este seminário foi or- ganizado pela regional Zona da Mata do Senge-MG. Na ocasião foi ressaltada a importância de garantir os recursos financeiros para que a lei realmente funcione, foi proposto um plano operacional para a implementação da lei e também um organizacional pelo arquiteto e urbanista, professor da UFJF, Mário Márcio Queiroz. O presidente do Senge-MG, Nilo Sérgio Gomes frisou que ali, em Juiz de Fora, começou a se enxergar o caminho para a implantação da lei. Uma carta do seminário foi entregue à Câmara Municipal de Juiz de Fora, no dia 8 de julho, com as premissas do que foi discutido no evento. Em agosto, o papel das instituições de ensino superior para a efetiva implantação da lei 11.888 foi discutido em seminário realizado em Formiga. O presidente do Senge-MG explicou a lei e informou sobre as possibilidades de emprego, principalmente entre os recém formados, que a implementação desta lei pode gerar. O chefe do departamento de engenharia ambiental da Unifor, professor Leyser Rodrigues Oliveira, ressaltou os desafios dos profissionais de engenharia para a construção de moradias dignas e a importância das universidades neste processo. Em outubro, o tema foi abordado em seminário realizado em Sete Lagoas (Engenharia, Urbanismo e Arquitetura). O vereador Dalton Andrade apresentou um projeto que cria o escritório público na cidade. A vereadora de Belo Horizonte, Neusinha Santos, fez questão de ressaltar que sem regularização da casa não há habite-se, nem financiamento pela Caixa. O fechamento dos seminários Em Conselheiro Lafaiete, o foco do seminário foi o programa de moradias Minha Casa, Minha Vida, com palestra do representante da Caixa Edição nº 185 - Janeiro/Fevereiro de 2010 - Página 7 mento pela tura públicas de 2009 aconteceu com a realização do XIX Seminário Anual do Senge-MG, na nova sede da entidade. O evento aconteceu no dia 10 de dezembro e reuniu diretores do Sindicato e profissionais de engenharia, tendo como tema as ações de divulgação e implementação da Lei 11.888 e a definição de rumos para 2010. O presidente do Sindicato, abriu o seminário fazendo o balan- ço das ações implementadas durante o ano. A representante do Ministério das Cidades, Júnia Santa Rosa, falou sobre as ações do Ministério no campo da assistência técnica. Ela afirmou que recursos têm sido empenhados e as perspectivas são boas neste campo. Na ocasião, foram apresentadas várias propostas para ampliar e melhorar a divulgação da lei. O papel das instituições de ensino na implantação da lei 11.888 foi discutido em Formiga com ampla participação da comunidade universitária Realizado em parceria com o mandato do vereador Dalton Andrade, o seminário abriu perspectivas para a implantação da lei 11.888 em Sete Lagoas. O XIX Seminário Anual, com a participação da representante do Ministério das Cidades, Júnia Santa Rosa, definiu estratégias para 2010 Mínimo Profissional sofre ataque no Supremo Apesar da lei 4.950-A existir desde 1966, até hoje o SengeMG precisa intervir para garantir que algumas empresas cumpram o pagamento do salário mínimo profissional dos engenheiros. E em 2009 não foi diferente. O Sindicato continuou recebendo denúncias e precisou tomar algumas providências. Além disso, o piso profissional sofreu um sério ataque da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, que entrou com uma arguição de inconstitucionalidade de alguns artigos da lei no Supremo Tribunal Federal (STF), o que pode comprometer a sua vigência. O Senge-MG, junto com a Fisenge, entrou na luta em defesa da Lei. No dia 4 de novembro, a Fisenge se reuniu com a assessoria da ministra do STF, Ellen Gracie. Na ocasião, foi apresentado o contraponto que ratifica o cumprimento da lei. Dois pareceres favoráveis ao piso já foram dados pelo Ministério Público da União (MPF) e pela Advocacia Geral da União (AGU). A assessoria ficou de entregar os documentos à ministra e deixou à disposição das entidades informações sobre os autos. A votação no Supremo está empatada e o resultado depende do voto da ministra. Entre as empresas que foram denunciadas ao Senge, a MGS corrigiu a situação em ambas as vezes em que foi notificada pelo Sindicato. A Consominas alegou dificuldades financeiras, mas se comprometeu a corrigir os salá- rios dos engenheiros, retroativo a fevereiro. A Claro e a TIM também estiveram entre as empresas denunciadas e, em virtude, da falta de resposta o Senge já está tomando as providências cabíveis para garantir o pagamento do SMP dos engenheiros destas empresas. É importante destacar que o departamento jurídico do Senge também conquistou importantes vitórias na Justiça a favor do SMP. No dia 26 de outubro, a 2ª Turma do TRT-MG entendeu que o engenheiro que trabalhava em empresa de sociedade de economia mista tem o direito a receber a remuneração especificada na lei 4.950-A e desqualificou o uso da Súmula Vinculante nº 4. A defesa do engenheiro foi feita pela advogada do Senge, Katarina Andrade Amaral Motta. Também em decisão de segunda instância do TRT foi reconhecido o direito do engenheiro ao piso salarial da categoria. O engenheiro foi defendido pela advogada do Sindicato, Simone Maria de Souza. O art. 5º da Lei 4.950-A/66 estipula que o piso salarial do engenheiro que cumpre seis horas de trabalho corresponde a seis vezes o salário mínimo vigente no País. Para o profissional que exceda essa jornada, o artigo 6º determina que a fixação do salário levará em conta o custo da hora já estabelecido no artigo 5º, acrescido de 25% por hora excedente. O engenheiro que tem uma carga horária de 8 horas por dia deverá, por lei, receber 8,5 salários mínimos vigentes. Edição nº 185 - Janeiro/Fevereiro de 2010 - Página 8 Homologações são termômetro da crise mundial Um dos termômetros do efeito da crise financeira mundial sobre os engenheiros são os números das homologações realizadas pelo setor no Sindicato. Em 2009, foram homologadas 1.039 rescisões de contrato de trabalho de engenheiros no Sindicato, número pouco superior ao registrado em 2008, quando foram homologadas 1003 rescisões. Isto significa que, pelo menos para a categoria, os bons fundamentos da economia e as medidas anticíclicas do Governo minimizaram os seus efeitos. Os setores que mais dispensaram engenheiros foram o Metalúrgico com 307 demissões, seguido de Consultoria (257), Construção Civil (213), Extração Mineral (56) e Construção Pesada (56). Em relação a 2008, os setores da Construção Pesada, Extração Mineral e Consultoria demitiram menos trabalhadores, demonstrando uma recuperação duran- te o decorrer de 2009. Já nos setores de Construção Civil, Metalúrgico, Energia e Comércio e Serviços o número de demissões aumentou em 2009. Foi, ainda, constatado que 19 empresas não pagavam aos engenheiros demitidos o salário mínimo profissional, o que pode gerar, por parte destes, ações trabalhistas. O serviço de homologação de rescisão de contrato de trabalho prestado pelo Senge-MG garante aos engenheiros demitidos a certeza de que estarão recebendo corretamente o que têm direito. A homologação é a revisão dos valores de um contrato de trabalho e o Sindicato é obrigado por lei a oferecê-lo para os engenheiros contratados a mais de um ano pela empresa. No entanto, os profissionais contratados a menos de um ano também podem procurar o Senge-MG para conferir os valores do seu contrato. Novas cartilhas do Sindicato Em seu esforço para divulgar amplamente a Lei 11.888, que assegura às famílias de baixa renda a assistência técnica gratuita para o projeto e construção de habitação de interesse social, o Senge-MG, em parceria com o Senge Bahia, o Crea-MG e a Fisenge lançou a cartilha “Engenharia e Arquitetura Públicas – Lei Federal nº11.888 – Pelo direito à moradia digna”. Durante o ano, foram impressas cerca de 30 mil cartilhas, amplamente distribuídas aos profissionais de engenharia e aos movimentos populares de defesa da moradia digna. A cartilha explica, detalhadamente, todos os aspectos da lei e esclarece, também, quais profissionais vão poder prestar a assistência técnica. Aquecimento global A preocupação do Senge-MG com o meio ambiente levou à edição da cartilha Aquecimento Global. Organizada pelo diretor Fernando Villaça, ela explica o aquecimento global, expondo suas causas, consequências e as pequenas atitudes que podem ser tomadas por cada um para não agravar o problema. A cartilha traz ainda esclarecimentos sobre o Protocolo de Kyoto e apresenta uma lista com 50 perguntas e respostas relacionadas ao tema e a legislação brasileira, no que se refere ao meio ambiente. Já foram impressas duas edições com 10 mil exemplares cada e uma edição em inglês. Os interessados nas cartilhas devem procurar o Senge-MG. Departamento jurídico amplia atendimento O departamento jurídico do Senge-MG ampliou a sua estrutura com a contratação de mais uma advogada e conseguiu aumentar seus atendimentos aos engenheiros e engenheiras. Foram 147 dias de plantão, com atendimento a 431 profissionais. O departamento atendeu a 3.025 ligações e as advogadas participaram de 83 audiências. Foram iniciadas 79 ações, sendo 33 de sócios do Sindicato, 24 ações foram encerradas ou concluídas ganhas. Nenhuma ação foi considerada improcedente. Até dezembro de 2009, 480 processos estavam em andamento, sendo que 39,21% são referentes a ações trabalhistas em geral e 27,91% a repetição de indébito. Os valores pagos aos engenheiros giraram em torno de R$ 673 mil. Cursos de qualificação O Senge realizou oito cursos de qualificação entre os meses de junho a dezembro de 2009. Foram oferecidos cursos de Autocad, Planejamento e Controle de Obras, Licenciamento Ambiental, Primavera, Excel Avançado e MS Project, sendo este último em três turmas. Aproximadamente 100 pessoas participaram dos cursos, entre sócios e não sócios do Sindicato. Os mais procurados foram o MS Project e Excel avançado, com média de 20 alunos por turma. A engenheira eletricista, Ana Cristina Almeida, participou de três cursos oferecidos no ano passado. “Como uso estas ferramentas, achei interessante fazer o curso para me aprofundar mais. E tenho interesse em continuar fazendo outros que forem oferecidos pelo Senge”, diz a engenheira. Banco de currículos Entre os serviços oferecidos pelo Senge estão o Banco de Currículos e o link Oportunidades de Trabalho em nosso site. No ano de 2009 foram 275 currículos cadas- trados em nosso banco, 274 vagas oferecidas e enviados 671 currículos para as empresas demandantes. Este serviço é uma forma de ajudar a recolocação dos profissionais de engenharia no mercado de trabalho. Plano de Saúde O Senge-MG mantém um convênio com a Unimed-BH que permite aos associados um valor diferenciado na mensalidade do plano de saúde. As novas adesões a este convênio estão suspensas no momento por determinação da Agência Nacional de Saúde. A Unimed-BH está estudando uma forma para que possa garantir o benefício a futuras adesões de sócios do Sindicato. É importante salientar que o convênio via Senge está mantido para todos aqueles que já fizeram a sua adesão até o dia 18 de janeiro de 2010. Em 2009, foram 41 adesões e 513 sócios utilizam este benefício. Anuidade Social Premiada Em 2009 foi realizada mais uma edição da Anuidade Social Premiada, que premia os sócios em dia do Sindicato com o sorteio de três notebooks. O primeiro sorteado foi o engenheiro Giordani Lopes Tavares, que recebeu o equipamento das mãos do presidente do Senge-MG, Nilo Sérgio Gomes, no dia 17 de setembro. O sócio Marco Antônio Oliveira foi o segundo sorteado da promoção. O sorteio do terceiro notebook acontece no dia 2 de fevereiro. O presidente do Senge, Nilo Sérgio, abre o curso de Licenciamento Ambiental Edição nº 185 - Janeiro/Fevereiro de 2010 - Página 9 Defesa dos aposentados é prioridade do Sindicato O Departamento de Aposentados do Senge teve uma atuação destacada em 2009 na defesa das principais reivindicações das engenheiras e engenheiros aposentados, como o reajuste de benefícios e o fim do fator previdenciário. Sócios sindicalizados foram consultados e a grande reclamação foi a questão das perdas salariais. O que se pode perceber é que muitos continuam no mercado de trabalho para garantir renda e outros viram seu padrão de vida ser reduzido ao longo dos anos. O Senge acredita que a informação é o primeiro passo para a luta dos aposentados. Por isto, passou a dedicar, em seu jornal, espaço com matérias informando sobre os projetos de lei em andamento no Congresso Nacional e problemas enfrentados na aposentadoria. Na primeira reportagem, os projetos de lei relacionados a aposentadoria foram tratados, seguido pela importância de se planejar a aposentadoria e as perdas causada pelo fator previdenciário. O Sindicato participou, também, de atos de protesto e manifestações em Brasília com o intuito de pressionar o Legislativo para que vote os projetos de lei em tramitação no Congresso. E esteve presente na audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, com a presença do senador Paulo Paim, para discutir a tramitação destes projetos. E a luta continua em 2010. O aumento que será concedido em fevereiro, de 6,14%, não satisfaz a categoria. A empenho continua pe- los 9,67% de aumento do salário mínimo. No dia 24 de janeiro, Dia Nacional do Idoso, houve uma missa em Aparecida do Norte, onde foi lida a Carta de Aparecida, que entre outros pontos reivindica o mesmo reajuste de salário mínimo para todos os aposentados e pensionistas (PL 01/07), a recuperação do poder de compra da data da concessão do benefício (PL 4434/ 08), fim do fator previdenciário (PL 3299/08) e derrubada do veto ao reajuste de 2006, com a concessão de 11,66%. O diretor do Senge, Abelardo Ribeiro Novaes, representou o Sindicato nesta manifestação. “São 10 anos que fazemos essas manifestações. É a única forma de mostrarmos a nossa força”, informa Abelardo. “Este ano teremos um aumento de 6,14%, se tivéssemos ficado quieto, nem isto conseguiríamos”, completa. O que percebemos em 2009 foi a completa insatisfação por parte dos aposentados. Uma certa radicalização e postergação por parte do governo. Previsões pessimistas de que mesmo estes projetos sendo aprovados, seriam vetados pelo presidente. E outros defendendo o fator 85/95. O próprio deputado Pepe Vargas, autor do substitutivo que implanta o fator 85/95, defende que antes ter o fator 85/95, do que permanecer como está. “O fator previdenciário é o principal problema dos aposentados e a luta deveria ser também de quem está na ativa, pois ele prejudica o futuro de todos, de quem se aposentou recentemente e também dos futuros aposentados”, completa Abelardo Novaes. O diretor do Departamento de Aposentados do Senge, Waldir Paulino, o senador Paulo Paim (PT) e o presidente da FAP-MG, Robson Bittencourt, participam da Audiência Pública na Assembleia Legislativa Previdência complementar exige acompanhamento Previdência complementar é garantia de uma aposentadoria mais tranquila. Algumas empresas oferecem planos de previdência aos seus funcionários, no entanto é de fundamental importância que estes participantes tenham conhecimento de como estão sendo geridos seus planos para garantir sua aposentadoria no futuro. Problemas no plano da Previminas da Copasa e a eleição do conselho da Gerdau Previdência fizeram com que o Senge se mobilizasse em prol dos participantes e assistidos. O grupo Complementação (Senge, Sindágua, Acoprevi, Grupo de Mulheres, Anapar, Deapes e Saemg) continuou a realizar suas reuniões em 2009 com o objetivo de discutir as melhores opções para o futuro do plano. A Copasa já tem propostas alternativas ao plano de previdência atual. A intenção é saldar o plano BD, fechando-o a novas adesões e abrindo novo plano CD. Outro fator positivo foi que as dificuldades das entidades para conseguir negociar estas e outras questões parecem que chegaram ao fim dentro da Copasa. O novo presidente da empresa, Ricardo Simões, já estabeleceu um canal de diálogo importante. Com isto, as entidades conseguiram suspender o reajuste nas contribuições que estava progra- mado para acontecer em novembro de 2009 e tiveram acesso às propostas elaboradas pela empresa para o saldamento do plano BD. Foi acertado ainda um calendário e acreditamos que as negociações ocorrerão de forma respeitosa e produtiva. A demanda dos participantes e assistidos da Gerdau Açominas aconteceu durante as negociações da campanha salarial. Há pouco conhecimento do plano de previdência e quase ninguém acompanha a situação do patrimônio na antiga Fundação Açominas de Seguridade (Aços), que hoje é gerido pela Gerdau Previdência. O Senge e a Associação de Aposentados da Açominas (AAA) realizaram algumas atividades em conjunto. Participamos ativamente do processo eleitoral do Conselho Deliberativo e Fiscal da Gerdau Previdência, e já foram realizadas duas reuniões para alertar e esclarecer os participantes e assistidos. A última foi realizada no dia 7 de janeiro de 2010, quando a especialista em previdência complementar, Claúdia Ricaldoni, proferiu uma palestra sobre o tema. A questão do superávit do plano também foi abordada. A reunião contou com a presença de cerca de 300 pessoas. Edição nº 185 - Janeiro/Fevereiro de 2010 - Página 10 Sindicato combate práticas antissindicais No final de 2008 foi criado o Fórum Sindical e Social de Minas Gerais (FSS) visando combater as práticas antissindicais vigentes, com destaque para as do governo Aécio Neves. Sindicatos e movimentos sociais se uniram para poder lutar contra o sucateamento das entidades de trabalhadores, provocado pela falta de diálogo e de abertura para negociações. Entre as atividades do FSS, foi realizado um protesto, no dia 21 de abril, Dia de Tiradentes, em Ouro Preto. A manifestação foi realizada paralelamente às comemorações da Inconfidência Mineira e contou com a participação do Senge-MG, que também fez parte da organização. Portal Minas Livre Como fruto do FSS, as enti- dades sindicais participantes estão criando um portal na Internet chamado Minas Livre. A proposta do portal surgiu durante as reuniões do FSS, realizadas entre julho e agosto de O diretor Raul Otávio discursa no ato contra as práticas antissindicais realizado em Ouro Preto 2009. O objetivo deste portal é abrir espaço para divulgar as notícias que não são veiculadas nos meios de comunicação de Minas Gerais. As dificuldades dos sindicatos encontrarem espaço na mídia é grande, desta forma o portal vai ser o meio de comunicação com a sociedade mineira. O Portal Minas Livre será um veículo de combate à política neoliberal, que vem prejudicando a sociedade de um modo geral. Será também uma forma de fortalecer os veículos de comunicação das entidades sindicais, movimentos sociais e estudantis, que atuará enfrentando a comunicação hegemônica que hoje domina os meios de informação em nosso País e no Estado. Participação ativa em diversos fóruns sindicais e sociais Ao longo de 2009, o Senge teve participação destacada nos vários fóruns que integram a luta sindical e o movimento social no Brasil. Em todos eles, levou a posição da categoria sobre questões políticas, econômicas e sociais de interesse nacional. Sua atuação sempre foi em defesa da participação dos trabalhadores no desenvolvimento do País, com distribuição de renda e justiça social. Entre os principais fóruns em que o Senge participa, estão os que discutem a política urbana e de habitação no Estado e em Belo Horizonte, a Central Única Raul Otávio participa de reunião na França com sindicalistas de vários países da Europa de Trabalhadores (CUT) e a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge). O Senge-MG está representado na diretoria da Fisenge pelos seus diretores Vicente Trindade e Raul Otávio Pereira, que ocupam respectivamente a Vice-presidência, Diretoria de Relações Internacionais. O Fórum Social Mundial, realizado em Belém, em janeiro de 2009, foi um dos eventos em que o Sindicato participou em parceria com a Fisenge. O secretário-geral do Senge, Raul Otávio Pereira, coordenou a oficina “Privatização e precarização das relações de trabalho – Alternativas Democráticas”, promovida pela Fisenge. A oficina abordou o sucateamento do trabalho formal na Europa como resultado das privatizações e como proteger o trabalhador das investidas neoliberais. Durante o ano de 2009, o diretor Raul Otávio Pereira, participou de diversos eventos e reuniões através da Fisenge. Entre eles, podemos destacar a reunião em Nimes, na França, com Gerd Rohde (UNI), Jean-Paul Bouchet (CFDT) e outros sindicalistas de Portugal e da Inglaterra, que aconteceu em junho. O objetivo da reunião foi discutir a necessidade de ampliação dos acordos coletivos globais. Raul participou também, em janeiro de 2010, em Paris, da reunião preparatória para o Congresso Mundial de Engenheiros Cientistas, que acontecerá em 2011, na França. Os diretores do Senge participaram também da reunião de Conselho Deliberativo da Fisenge, realizada em abril de 2009, na cidade de Ouro Preto. Na ocasião foram discutidos os próximos passos da gestão atual e foi definido que a Fisenge ampliará seu trabalho pela construção de um projeto político nacional coletivo. Outra atividade da Federação com participação do Sindicato foi a reunião do Coletivo de Mulheres da Fisenge que aconteceu no mês de novembro em Salvador. Na ocasião foram discuti- dos temas como valorização profissional sob a ótica de gênero, saúde da mulher e a participação da mulher nas negociações coletivas. Participaram a diretora do Senge, Laurete Sato, a engenheira Glauci Any Gonçalves e a arquiteta Gabriele Rodrigues Cabral. Os diretores Vicente Trindade e Raul Otávio Pereira, participaram, em outubro, do Congresso Estadual do Sindicato de Engenheiros de Rondônia. Eles tiveram a oportunidade de visitar também as obras da construção da hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira. Reunião com o ministro Carlos Luppi para a discussão de assuntos de interesse da categoria Edição nº 185 - Janeiro/Fevereiro de 2010 - Página 11 O futuro do sindicalismo em meio às novas relações de trabalho RAUL OTÁVIO PEREIRA (*) O advento da globalização, facilitado e incentivado pelo desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação e informação, trouxe consigo mudanças significativas no mundo do trabalho. As técnicas de gestão, profundamente influenciadas pela rapidez com que as informações fluem, obrigam a uma maior agilidade operacional e funcional dos atores envolvidos (empregados e empregadores). Nesse contexto, as formas conhecidas de relacionamento entre as partes estão em constante mutação, fazendo com que o papel das entidades sindicais tenha que ser, se não revisto, adaptado à nova realidade do século XXI. É fato que todo esse quadro acarretou a mudança no perfil e na rotina diária dos empregados, e, no caso dos engenheiros, nem sempre existe correspondência entre o aumento da carga de trabalho propriamente dita e o aumento da valorização do profissional, conforme registra o trabalho inédito no País - Radiografia dos Engenheiros no Brasil, Unicamp/2009 - de Andriei Gutierrez, à disposição no Senge. Percebe-se que o engenheiro, dentro do novo modelo de trabalho, é utilizado como mão de obra tecnológica e de liderança, tendo, entretanto, pouca autonomia no que tange a decisões empresariais. Não há que se falar, portanto, em uma primeira análise, da visão predominante em alguns setores (e mesmo entre profissionais) do engenheiro como gestor, ocupante de “cargo de confiança”. Até porque o conhecimento adquirido por estes profissionais permite que os mesmos sejam úteis para tratar de questões administrativas de ordem orçamentária, relação com fornecedores e clientes e qualidade de produtos, acrescido a isso o ônus do aumento indevido e na maior parte não remunerado da jornada de trabalho. O espaço de não inserção dos engenheiros é justamente o ambiente decisório sobre o foco estratégico das empresas. Entre alguns resultados apresentados na pesquisa, pode-se constatar que, em média, 60% dos engenheiros são acionados durante o período de descanso e se julgam como profissionais, líderes ou responsáveis de equipe com responsabilidades hierárquicas. No entanto, destes mes- propôs desde o seu surgimento. A mediação dos conflitos, a busca pela melhoria das remunerações e condições de trabalho e claro, a contribuição para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O desafio que se coloca na realidade é “reinventar o conflito”, buscando dessa forma a sensibilização da massa de trabalhadores hoje excluídos culturalmente do ambiente político-sindical. mos engenheiros, apenas 43% (em média) alegam ter poderes para influenciar nas decisões estratégias, econômicas, financeiras, tecnológicas e também nas decisões relativas a questões ecológicas e sociais das empresas. Não é à toa que, segundo a mesma pesquisa, o grau de insatisfação com o “poder” de influenciar é alto: 39%, na média. A nova geração de trabalhadores A própria forma através da qual se materializa o trabalho do engenheiro mostra claramente o perfil de empregado, sujeito a condições trabalhistas – 66% dos profissionais estão hoje vinculados ao setor privado ou a empresas públicas. É fato também o aumento de escala do teletrabalho, no qual a relação pessoal está sendo substituída pelo trabalho à distância, via Internet. Essa situação, se por um lado acarreta ganhos de escala empresariais, por outro lado diminui ou praticamente elimina o ambiente de reivindicação bem como o questionamento político sobre condições de trabalho e remuneração, que seriam em primeira instância os catalisadores da atuação sindical. O advento da chegada ao mercado de trabalho das denominadas gerações Y e Z, já acostumadas ao convívio com a tecnologia existente, demonstra que o contato pessoal já está sendo velozmente substituído pela Internet e pela telefonia celular. Essas gerações, por muitos chamada de “geração silenciosa”, é individualista e enxerga no aprimoramento do de- sempenho pessoal e na meritocracia a forma predominante de gestão da carreira e de crescimento na vida profissional, descartando assim as ações e reivindicações coletivas. Aos olhos destes novos profissionais, essa realidade faz parecer excludente e supérflua a participação dos sindicatos no dia a dia das corporações. O conflito na relação capital e trabalho O quadro de “desnacionalização” e “desindustrialização” da economia brasileira, a partir da década de 90, pode ser facilmente observado pelo desaparecimento, segundo a pesquisa citada, de 50 mil postos de trabalho para engenheiros nas últimas duas décadas. Um olhar crítico sobre a crise sistêmica que se abateu sobre o mundo nos anos de 2008 e 2009 também pode oferecer algumas alternativas para análise e reflexão. A soberba do capitalismo (travestido de novidade sob a alcunha de “neoliberalismo”) tentou inculcar nos corações e mentes a crença de que a autorregulação dos mercados era suficiente para se alcançar o “paraíso’ na terra. A essa soberba se somaram (e ainda se somam) medidas de práticas antisindicais e de precarização das relações de trabalho, que buscam substituir o Estado na regulação das relações e dos conflitos. São corporações que, na ânsia do lucro desmedido (e sob a falsa justificativa da produtividade), buscam cortar e diminuir toda e qualquer forma de conquista trabalhista. Quanto ao sindicalismo, seu papel permanece idêntico ao que se E o futuro ? Têm relevância as iniciativas observadas, no Brasil e no mundo, no que diz respeito à redução das jornadas de trabalho. A constante melhoria das condições de vida da população do planeta pode sim estar sinalizando uma possibilidade de se avançar na redução da jornada como fator não só de bem estar social como também de desenvolvimento, na medida em que incentiva o consumo e são abertos mais postos de trabalho. No campo da engenharia, muitas são as questões em pauta: - Qual o impacto da inserção de novas tecnologias de informação e novos instrumentos de gestão sobre o comportamento do grupo profissional ? - Para qual horizonte aponta o cenário de ampliação das atividades do engenheiro além da esfera técnica, tais como as áreas de administração e finanças, muitas vezes sem a devida correspondência com o ambiente decisório ? - Até que ponto a individualização das carreiras altera a correlação de forças entre os engenheiros e as direções das empresas? - Estariam os engenheiros efetivamente mais sensíveis aos problemas relativos ao meio ambiente, precarização das condições de trabalho, saúde e preconceitos (gênero, étnicos e sociais)? São questões da maior importância, devem ser objeto de avaliação e discussão, especialmente em um momento que tem o modelo capitalista no centro do debate. A ideia desse texto é justamente lançar luz sobre o assunto, buscando abrir o debate e efetivamente construir, de forma coletiva, alternativas para a nova realidade do século em que vivemos. (*) Raul Otávio da Silva Pereira é engenheiro eletricista e secretário-geral do Senge-MG