Ciência Animal, 13(1):23-32, 2003 ATIVIDADE IMUNOMODULADORA DAS PLANTAS MEDICINAIS: PERSPECTIVAS EM MEDICINA VETERINÁRIA (Immunomodulatory activity of the medicinal plants: perspectives for veterinary medicine) Diana Célia Sousa NUNES-PINHEIRO*, Ana Karine Rocha de Melo LEITE, Viviane Moura FARIAS, Luziana Tavares BRAGA & Cláudio Afonso Pinho LOPES. RESUMO A presente revisão tem por objetivo relatar a atividade imunomoduladora das plantas medicinais utilizadas popularmente. Focaliza-se o funcionamento do sistema imunológico através de conceitos básicos sobre a imunidade inata e a imunidade adaptativa e ainda sobre a regulação do sistema imunológico através da imunomodulação. Destaca-se a atuação de óleos, extratos e princípios ativos isolados de plantas tradicionalmente utilizadas sobre a modulação do sistema imunológico através de técnicas especializadas para estudos in vivo e in vitro. Esse trabalho traz como perspectiva a utilização da atividade imunomoduladora de plantas em Medicina Veterinária. PALAVRAS-CHAVE: plantas medicinais, imunomodulação, Medicina Veterinária. ABSTRACT The aim of this review was to relate the imunomodulatory activity of the medicinal plants popularly used. Previously, it was focalized the operation of the immune system through basic concepts on the innate and adaptive immunity and its immunomodulatory regulation. It was focused on the properties of the oils, extracts and active constituents of the plants traditionally used to modulate the immune system through specific techniques for in vivo and in vitro studies. This paper shows the perspective in Veterinary Medicine for the use of plants to modulate the immune system of the animals. KEY WORDS: medicinal plants, immunomodulation, Etnoveterinary medicine. INTRODUÇÃO No que diz respeito à medicina, os produtos de origem vegetal estão relacionados com a exploração tecnológica e econômica de vegetais empregados na prevenção, no tratamento e na cura de condições patológicas que acometem o homem e os animais. As plantas medicinais são importantes tanto por serem fornecedoras de matérias-primas para a síntese de drogas, bem como por serem utilizadas como agentes terapêuticos. Porém, o emprego das plantas é supervalorizado no uso *Autor para correspondência Av. Paranjana, 1700. CEP: 60740-000, Campus do Itaperi, Fortaleza, Ce e-mail: [email protected] tradicional com base no seu benefício. Dessa forma, torna-se imprescindível o conhecimento sobre a dose e a parte empregada da planta, além de suas propriedades terapêuticas. No entanto, existem plantas que são altamente tóxicas, mesmo em pequenas doses (ZHAN & ZHOU, 2003). Como as plantas medicinais constituem os produtos mais antigos para o tratamento de problemas relacionados à saúde humana e animal, a comprovação científica dos efeitos terapêuticos desperta interesse junto á comunidade científica que tem como objetivo auxiliar na resolução de problemas relacionados à saúde da população mundial. Constituintes ativos das plantas medicinais são considerados recursos promissores em esquemas terapêuticos (MAKARE et al., 2001) 23 voltados para o tratamento de estados imunossupressivos e imunodeficientes (MATHEW & KUTTAN, 1999). Entretanto, o funcionamento do sistema imunológico e o desconhecimento de mecanismos de ação específicos desses agentes e de seus efeitos adversos dificultam seu uso clínico como imunomoduladores. Nesse contexto, esta revisão focaliza o estudo de plantas medicinais usadas tradicionalmente, quanto à sua atuação sobre o sistema imunológico, com possibilidades de sua utilização em Medicina Veterinária. O sistema imunológico O sistema imunológico é um sistema de defesa complexo e sofisticado (TIZARD, 1998), constituído de moléculas endógenas, que agem controlando as invasões, e capaz de distinguir os elementos próprios do organismo, daqueles estranhos. O organismo protege-se da entrada de microorganismos por diferentes mecanismos. Esses incluem barreiras físicas, químicas, físico-químicas, sistema fagocítico, citotoxicidade mediada por células citotóxicas (células NK), moléculas circulantes (anticorpos e complemento) e mediadores solúveis produzidos pela ativação das células (citocinas), além de linfócitos T e B antígenoespecíficas (STITES & TERR, 1995). A interação do sistema imunológico com organismos infecciosos é dinâmica, objetivando o delineamento de estratégias de eliminação microbiana para permitir a sobrevivência do hospedeiro na face de poderosos mecanismos efetores. Em resposta aos estímulos provocados, mecanismos imunológicos são desencadeados e vão conferir aos indivíduos proteção através da imunidade inata e da imunidade adaptativa (ABBAS et al., 2001). Imunidade inata O sistema imune inato de defesa contra infecção é constituído de barreiras, células e moléculas que controlam e destroem os patógenos. A resposta inflamatória, o mecanismo da fagocitose e a liberação de mediadores, entre estes os que envolvem os processos oxidativos, constituem etapas importantes da imunidade inata. 24 Geralmente, a invasão de um agente estranho a um tecido provoca uma resposta inflamatória local, que muitas vezes leva ao recrutamento e ativação de leucócitos para o tecido afetado (TIZARD, 1998). O recrutamento ocorre como parte da resposta inflamatória e é mediado pelas moléculas de adesão celular que controlam a interação entre os leucócitos e as células endoteliais dos vasos sanguíneos locais (IMHOF & DUNAN, 1995). A migração leucocitária ocorre através dos tecidos sob a influência das quimiocinas produzidas pelos macrófagos. No sítio inflamatório, os neutrófilos são capazes de eliminar muitos patógenos por meio da fagocitose, a qual pode ser efetivada pela participação ou não de proteínas opsonizantes. A imunidade inata pode usar uma variedade de mecanismos efetores para eliminar ou conter uma infecção. No entanto, em caso de falha destes mecanismos será acionado o sistema imune adaptativo. Imunidade adaptativa Resposta Imune Humoral A resposta imune humoral envolve a produção e secreção de anticorpos por linfócitos B por duas vias, uma dependente de Linfócitos T (LT) e outra independente da participação de LT. As células B são dotadas de genes altamente polimórficos que sofrem rearranjo, permitindo a diversidade das imunoglobulinas (anticorpos), que funcionam também como receptores expressos na membrana celular (RCB). Essas imunoglobulinas são formadas por cinco classes: IgG, IgA, IgM, IgE e IgD e constituem as moléculas efetoras da resposta imune humoral (JANEWAY et al., 2002). Normalmente, a resposta imune humoral necessita da ação das células T auxiliares específicas (LT CD4, TH) para um fragmento peptídico do antígeno reconhecido pela célula B. Assim, o primeiro passo para a produção de anticorpos é a captura do material estranho (antígeno), seu processamento e sua apresentação pelas células apresentadoras de antígenos (APC) aos LT CD4. Os determinantes antigênicos são associados a uma glicoproteína de membrana (ZINKERNAGEL & DOHERTY, 1997), conhecida por complexo de histocompatibilidade principal classe II (MHC classe II), internamente na APC e, em seguida, levadas à superfície celular para apresentação e interação específica com os LT CD4, através de receptores específicos (TCR). Essa interação é responsável pela ativação do linfócito T CD4, desencadeando uma cascata de eventos intracelulares que culminam com sua proliferação e diferenciação em células T efetoras, TH0, TH1 e TH2 (KELSO, 1995), e de memória, além de um padrão de citocinas que irão caracterizar e direcionar para a produção específica de anticorpos (KELSO, 1995). A ativação de linfócitos B pode ocorrer pelo contato com os Linfócitos T. A ativação dos linfócitos B auxiliada por TH2 é dependente das citocinas (IL-4, IL-5 e IL-10) que estimulam a produção de anticorpos das classes IgM, IgG, IgA e IgE. A ativação dos linfócitos B pode também ser auxiliada por TH1 que estimula predominantemente a produção de IgG2, o que está relacionado com as características dos antígenos. A ativação cooperativa entre linfócitos T e B requer também a participação de moléculas co-estimulatórias que incluem a ligação do CD 40 ao seu ligante CD 40L (TIZARD, 1998). Acredita-se que a associação entre IL-4 e o ligante CD40, e outros sinais que não estão bem compreendidos, estimulem a expansão clonal da célula B específica para o antígeno, levando à proliferação e diferenciação da mesma em células efetoras, plasmócitos, e em células de memória. Os plasmócitos são responsáveis pela produção e liberação dos anticorpos a fim de que os mesmos possam interagir com os antígenos, formando os complexos imunes e, conseqüentemente, desencadeando mecanismos efetores dependentes de anticorpos. Já o caminho da ativação de LB independente de LT requer a ligação de mitógenos a receptores específicos presentes na membrana do LB, e nesse caso a ativação leva a diferenciação de plamócitos que secretam majoritariamente anticorpos da classe IgM (TIZARD, 1998). Os anticorpos facilitam a fagocitose e ativam mecanismos de citotoxicidade mediados pelo sistema complemento, neutrófilos, macrófagos e célula natural killer (NK). Resposta Imune Celular Os principais componentes da imunidade mediada por células compreendem os mecanismos especializados que envolvem a citotoxicidade mediada por LT e a ativação de macrófagos pelas células T efetoras (JANEWAY et al., 2002). Todas as funções efetoras dos linfócitos T envolvem a interação de um LT efetor com uma célula-alvo. As suas ações dependem de um conjunto de proteínas de membranas e proteínas secretadas que as mesmas expressam ou secretam após a ligação com o receptor. Na ativação dos linfócitos T citotóxicos (Tc, LT CD8), inicialmente, ocorre adesão à célulaalvo através da ligação entre o complexo de histocompatibilidade principal da classe I (MHC-I) associado ao peptídeo e o receptor clonal dos linfócitos T (TCR) e de moléculas co-estimulatórias. Além disso, a IL-2 produzida e secretada pelo LTH1 ativa receptores específicos do LT CD8, estimulando sua ativação, proliferação e diferenciação em células efetoras e de memória. O LT CD8 efetor produz e secreta citocinas, aumenta a produção de perforinas e granzinas (TIZARD, 1998), contidas nos seus grânulos citoplasmáticos, que em seguida são lançadas contra a célula-alvo formando um poro. Ao ser atingida, a membrana da célula-alvo perde sua integridade e as células morrem rapidamente. Outra forma pela qual o LT CD8 destrói outra célula é através da glicoproteína ligante do fas (fasL) GRIFFITH & FERGUSON, 1997) que interage com a molécula fas, presente na membrana da célula-alvo, que ativam internamente uma cascata de enzimas da via das caspases, cujos mecanismos são responsáveis pelo processo de apoptose (FROELICH et al., 1998, REVILLARD et al., 1998). A apoptose é uma forma de morte celular programada, na qual todo material genético é fragmentado e a célula morre sem destruição da arquitetura tecidual (ABBAS et al., 2001). Os LTH1 efetores e ativados produzem e secretam INF-γ, que é uma citocina ativadora do macrófago e indutora de citotoxicidade, sendo que essa atividade muitas vezes depende da liberação do óxido nítrico e aumento da expressão de moléculas de MHC de classe II na membrana 25 (TIZARD, 1998). Imunomodulação As células envolvidas nas respostas imunes possuem função reguladora, em que podem claramente promover ou suprimir as respostas imunológicas. Esse mecanismo regulador assegura que as respostas sejam apropriadas tanto qualitativamente quanto quantitativamente (TIZARD, 1998), mostrando que o próprio sistema imune se autoregula através da liberação de substâncias imunomoduladoras (STITES & TERR, 1995, HOLLAND & VIZI, 2002). As respostas imunes são estimuladas quando o organismo se sente ameaçado. A ativação do sistema imune frente à colonização por agentes infecciosos propaga o distúrbio na balança fisiológica do hospedeiro o qual dispõe de mecanismos reguladores para o retorno à homeostase, no entanto, em algumas situações esse poderá estar prejudicado (HOLLAND & VIZI, 2002). Com a descoberta dos imunomoduladores tornou-se possível a manipulação do sistema imune a favor de um estado saudável, na tentativa de reduzir os efeitos associados ou não à quimioterapia, à rejeição de enxertos, à doenças alérgicas, à doenças cancerígenas etc (DUTTA, 2002) . Tradicionalmente,os imunomoduladores são agentes capazes de modificar a resposta imune, podendo o efeito ser estimulatório ou inibitório. Os agentes estimulantes ou adjuvantes imunes além de serem capazes de restaurar a resposta imune normal, estimulam o sistema estado imunológico dos indivíduos susceptíveis a invasões por agentes devido a fatores ambientais (DUTTA, 2002). A imunomodulação pode alterar o funcionamento do sistema imune de um indivíduo (MAKARE et al., 2001). Os imunomoduladores são capazes de simultaneamente estimular algumas células do sistema imune e suprimir outras. Por exemplo, alguns compostos podem estimular a produção de anticorpos IgG2 e simultaneamente inibir a produção de IgM, ou ainda estimular linfócitos T e inibir linfócitos B. Os imunomoduladores podem aumentar 26 os mecanismos de defesa do hospedeiro (imunoestimulantes) ou diminuí-los (imunossupressores) (MASIHI, 2000). Os imunoestimulantes estimulam os mecanismos que envolvem tanto a imunidade inata quanto a imunidade adquirida, através da ativação de células e mediadores, enquanto os imunossupressores agem seletivamente sobre os mecanismos envolvidos na imunidade adquirida (STITES & TERR, 1995). Dentre os imunomoduladores, destacam-se os produtos de origem vegetal, microbiana, as drogas de origem natural e sintética, além das proteínas derivadas da ativação do próprio sistema imune (MASIHI, 2000). PLANTAS MEDICINAIS Propriedades biológicas Nas últimas décadas, a pesquisa científica, estimulada por programas da Organização Mundial da Saúde (OMS), vem procurando avaliar e comprovar os efeitos benéficos do uso de plantas na medicina tradicional pela população mundial, na tentativa de esclarecer mecanismos de ação. No Brasil, detentor de uma das maiores biodiversidades do mundo, existem grupos de pesquisadores envolvidos no estudo de propriedades farmacológicas de plantas medicinais de diferentes regiões do país (MELLO, 1980; SOUZA BRITO & SOUZA BRITO, 1993), apesar da Índia se destacar na produção científica (SCARTEZZINI & SPERONI, 2000; PURI et al., 2000). Outros pesquisadores estão envolvidos na propagação da utilização das mesmas pelas comunidades carentes, assim como ocorreu no Ceará onde foi implantado o programa de Farmácias Vivas (MATOS, 1994). Muitas plantas são conhecidas por apresentarem diversas propriedades; como antibacteriana e antimicrobiana (LEMOS et al., 1990, SHAPIRO et al., 1994), antifúngica (MAHMOUD, 1994), anti-ulcerogêncica (GURBUZ et al., 2000), antiinflamatória (HUTTER et al., 1996, VASQUEZ, 1996; MARTIN et al., 1993, GIRÃO, 2001, LEITE et al., 2001), antiséptica (LACOSTE et al., 1996, MORAIS et al, 1996), anti-helmíntica (KALYANI, 1989), antitumoral (MATHEW & KUTTAN, 1999) e até mesmo como imunomoduladora (SIGLER et al., 1997, MATHEW & KUTTAN, 1999; KANG et al., 2000; ABUHARFEIL et al., 2000; SILVA & PARENTE, 2001; ZVETKOVA et al., 2001, RODRIGUES et al., 2002). Vale também chamar atenção para o uso de plantas medicinais em Veterinária em Trinidad e Tobago, América Central, para o tratamento de ruminantes (LANS & BROWN, 1998) e de cães (LANS et al., 2000). Essas plantas eram basicamente usadas para prevenir ou tratar diarréias, miiase, problemas da pele, sarnas, ectoparasitas e como antihelmínticas. Propriedades imunomoduladoras O uso de plantas como fonte de substâncias imunomoduladoras ainda é insignificante na medicina moderna (DAVIS & KUTTAN, 2000). Uma variedade de substâncias, como polissacarídeos, lectinas, peptídeos, saponinas, óleos e outras, oriundas de plantas são capazes de estimular o sistema imune, apresentando atividade imunomoduladora. Destacam-se as mais diversas plantas usadas na medicina popular e indígena nas diferentes partes do mundo. A resposta inflamatória é um mecanismo inato de defesa que envolve uma série de eventos celulares e moleculares, que favorece a chegada de células fagocíticas, anticorpos e o complemento aos locais de infecção ou onde há danos teciduais. A atividade fagocítica funciona, portanto, como um mecanismo de avaliação da imunidade inata. Um polissacarídeo isolado do mesocarpo de frutas de Orbignya phalerata elevou a atividade de células fagocíticas in vivo e inibiu o aumento da permeabilidade vascular causada pelo ácido acético, apresentando-se tanto atividade imunomoduladora quanto antiinflamatória (SILVA & PARENTE, 2001). O óleo da casca de Cedrus deodora atuou sobre os neutrófilos, reduzindo a atividade fagocítica e a liberação de várias enzimas lisossomais, e sobre os mediadores os quais estão envolvidos na inflamação (SHINDE et al., 1999). Já o extrato metanólico da raiz da Withania somnifera aumentou essa atividade em macrófagos peritoneais de camundongos Balb/c (DAVIS & KUTTAN, 2000). Com relação à citotoxicidade, o extrato etanólico das sementes de Psoralea corylifolia aumentou tanto a atividade citotóxica dependente de anticorpos quanto aquela mediada pelo complemento, além de combater as células tumorais através da ativação das células NK. Esses resultados demonstram uma atividade imunomoduladora mediada tanto pelo aumento da resposta imune celular quanto humoral. Vale ressaltar a ligação entre as respostas imunes desencadeadas tanto pelas células NK quanto macrófagos, principalmente nos ensaios envolvendo tumores (LATHA et al., 2000). Já o extrato etanólico da raiz da Boerhaavia difusa inibiu tanto a citotoxicidade mediada pelas células NK quanto a produção de óxido nítrico por macrófagos estimulados por LPS (MEHROTRA et al., 2002). Por outro lado, o extrato metanólico do caule de Tinospora cordifolia ativou a citotoxicidade dos macrófagos contra células do carcinoma ascítico de Ehrlich e em contrapartida apresentou atividade proliferativa dos leucócitos, além de elevar a produção de anticorpos (MATHEW & KUTAN, 1999). Quanto à resposta imune humoral, mediada por linfócitos T e B in vivo, os extratos metanólicos da raiz da Withania somnifera (DAVIS & KUTTAN, 2000) e do caule de Tinospora cordifolia (MATHEW & KUTAN, 1999), o extrato etanólico da casca do caule de Mangifera indica (MAKARE et al., 2001) e os frutos de Punica granatum (ROSS et al., 2001) aumentaram o título de anticorpos circulantes e o número de células produtoras de anticorpos enquanto o óleo da casca de Cedrus deodora (SHINDE et al., 1999) inibiu a reação de Arthus, indicando declínio na produção de anticorpos, bem como na formação e precipitação do complexo imune. Quanto à resposta imune celular, o extrato metanólico da raiz da Withania somnifera (DAVIS & KUTTAN, 2000) e o óleo da casca de Cedrus deodora (SHINDE et al., 1999) foram capazes de inibir a reação de hipersensibilidade retardada (RHR) enquanto o extrato etanólico da casca do caule de Mangifera indica (MAKARE et al., 2001) e os frutos de Punica granatum 27 (ROSS et al., 2001) aumentaram a RHR. No entanto, os mecanismos responsáveis por estas atividades ainda são desconhecidos. Um dos elementos mais importantes de regulação do sistema imune é o funcionamento da rede de citocinas. Assim, MEHROTRA et al (2002) verificaram que o extrato etanólico da raiz da Boerhaavia difusa inibia tanto a produção de IL2 quanto à produção de TNF-α, IL-13, IL-15, interferon-γ, IL-4, IL-5 e IL-10, moléculas importantes no controle da resposta inflamatória e das respostas mediadas por células T e B. O extrato aquoso de folhas da Osbeckia aspera é conhecido por apresentar efeito antioxidante, e existem fortes evidências de sua atuação inibitória sobre a ativação das vias clássica e alternativa do complemento (TRABEW et al., 1991). Recentemente, foi demonstrada sua atividade imunossupressora sobre a proliferação de linfócitos do sangue periférico de pacientes com hepatite crônica do tipo C (NICHOLL et al., 2001), o que em parte explicaria a redução de lesões sobre os hepatócitos na hepatite aguda, já que nas lesões hepáticas induzidas pelos vírus B e C o ataque dos hepatócitos está relacionado com a ativação de linfócitos T citotóxicos que induziram ativação da apoptose aumentando a expressão da molécula fas (GALLE et al., 1995). Ensaios de proliferação de linfócitos in vitro são utilizados para avaliar os mecanismos envolvidos tanto na atividade estimulatória quanto inibitória de diferentes substâncias sobre a ativação dos linfócitos. Assim, o suco das folhas da Kalanchoe brasiliensis (IBRAHIM et al., 2002) apresentou atividade imunossupressora, inibindo a proliferação de linfócitos, enquanto o extrato aquoso das flores de Tilia cordata (ANESINI et al., 1999) demonstrou ação estimulatória sobre a proliferação de linfócitos, que pode estar associada à presença de flavonóides. Já o extrato metanólico das folhas de Bidens pilosa L. inibiu a atividade linfoproliferativa in vitro e esta atividade se deve à presença de um poliacetileno que foi isolado da mesma (PEREIRA et al., 1999). Saponinas isoladas do extrato etanólico de Astragalus peregrinus estimularam a proliferação de esplenócitos de camundongos 28 ativados in vitro, e não apresentaram citotoxicidade contra diferentes linhagens celulares tumorais de humanos, como tumores de mama, pulmão, colon e próstata (VEROTTA et al., 2001). Constituintes bioativos da Bidens pilosa L., planta amplamente distribuída em regiões tropicais, apresentam atividades antibiótica, antiinflamatória e anti-malária, bem como inibidores da síntese de prostaglandinas (ALVAREZ et al., 1996). O extrato metanólico e o poliacetileno da Bidens pilosa L. também inibiram o processo inflamatório in vivo induzido pelo Zymozan (PEREIRA et al., 1999). A Hippophae rhamnoides L., nativa da Europa e da Ásia, é usada como planta medicinal no Tibete e na Mongólia e tem uso diverso na clínica. Recentes estudos demonstraram seus efeitos antioxidantes e imunomoduladores in vitro. Partes da planta aumentaram os níveis de glutationa oxidase nas células e inibiram a produção de espécies reativas de oxigênio, no entanto, não induziram mudanças na atividade da superóxido dismutase; foram capazes de inibir a proliferação celular in vitro, reduzir a citotoxicidade celular, inibindo a produção da lactato desidrogenase, além de provocar a redução da apoptose (GEETHA et al., 2002). O estudo das propriedades imunomoduladoras das plantas inclui também interações específicas que envolvem as moléculas, como é o caso das moléculas de adesão celular, responsáveis por mediar tanto a adesão de leucócitos quanto sua migração para os sítios inflamatórios ou de depósito do antígeno. Com essa concepção, HABTEMARIAN (1998) demonstrou que o extrato de Eupatorium purpureum inibe a adesão celular dependente de integrinas, moléculas frequentemente envolvidas no desenvolvimento de doenças inflamatórias. Essa planta é usada tradicionalmente no tratamento da artrite reumatóide e outras doenças inflamatórias, confirmando seu efeito. É sabido que muitos quimioterápicos exercem danos graves ao sistema imunológico de indivíduos sob tratamento desse grupo de fármacos. Uma dessas drogas usadas rotineiramente é a ciclofosfamida, que induz supressão da resposta imune humoral e causa anemia. Na tentativa de reduzir seus efeitos colaterais, BIN-HAFEEZ et al. (2001) demonstraram que o extrato aquoso de Cassia occidentalis L. inibia a supressão da resposta imune humoral reduzindo a produção de anticorpos e a ativação das células produtoras de anticorpos, enquanto MANJREKAR et al. (2000) demonstraram que os extratos etanólicos de Tinospora cordifolia e sinensis exercem atividade imunomoduladora não só por impedir a redução do número total de leucócitos do sangue periférico como por aumentá-los durante o tratamento com ciclofosfamida, além de reduzir efeitos tóxicos sobre órgãos vitais. A administração oral de extratos de raízes de Janakia arayalpathra resultou em aumento dos títulos de anticorpos circulantes, bem como do número de células produtoras de anticorpos, quando comparado ao Levamisole, droga utilizada amplamente como imunoestimulante. Essa planta apresentou também redução de células tumorais em líquído ascítico, fato esse associado ao poder de estimulação in vivo de macrófagos peritoneais (SUBRAMONIAM et al., 1996). Verifica-se, portanto, ampla atuação das plantas medicinais nos diferentes protocolos empregados para avaliação de suas ações sobre o sistema imunológico. Muitos desses trabalhos foram responsáveis por validar sua utilização na medicina popular. Vale salientar que os artigos citados referem-se a dados obtidos em camundongos ou ratos em virtude da existência de poucas informações sobre o uso de plantas medicinais em Veterinária. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS A pesquisa científica das propriedades medicinais de plantas tem sido bastante explorada nos últimos anos, porém o mecanismo de ação da maioria dos constituintes dessas plantas é desconhecido. Apesar da literatura atual dispor de muitas publicações abordando as propriedades imunomoduladoras de plantas usadas pela população mundial, pouco ou quase nada é sabido sobre seu uso em animais domésticos. Como pode ser constatado, através de revisão bibliográfica especializada, existem poucos relatos sobre a abordagem etnoveterinária. O que nos chamou mais atenção nessa revisão foi a ausência de relatos do uso de plantas medicinais em animais, envolvendo tanto a imunoestimulação quanto a imunossupressão, uma vez que é sabido que os animais sofrem também de graves doenças que envolvem o sistema imunológico. Apesar de estudos sobre a atividade imunomoduladora de plantas ainda estar no início, verifica-se a existência de um potencial muito grande do uso de plantas em Veterinária na manipulação do sistema imune dos animais, levando-se em conta as particularidades de cada espécie animal. Vale salientar a necessidade de pesquisas sobre a toxicidade e as reações alérgicas, além das interações farmacológicas com produtos farmacêuticos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H.; POBER, J.S.; 2001. Imunologia celular e molecular. Revinter, Rio de Janeiro, p.1-6. ABUHARFEIL, N. M.; MARAQA, A.; KLEIST, S. V. Augmentation of natural killer cell activity in vitro against tumor cells by wild plants from Jordan. Journal of Ethnopharmacology, v. 71, p. 55-63, 2000. ALVAREZ, L.; MARQUINA, S.; VILLARREAL, M. L.; ALONSO, D.; ARANDA, E.; DELGADO, G. Bioactive polyacetylenes from Bidens pilosa. Planta Medica, v. 62, p. 355-357, 1996. ANESINI, C.; WERNER, S.; BORDA, E. 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