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#economia #previsões #investimentos
é possível
crescer
Ricardo Amorim já palestrou ao lado de figuras como Al Gore
e Bill Clinton. Além de economista, é um dos apresentadores
do Manhattan Connection. Em entrevista à VERO, ele mostrou
alguns caminhos possíveis para o país se desenvolver
e indicou como e onde investir em 2015
por
Thais Sant'Ana
retrato
Chico Max
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De uma pequena e bem decorada sala no coração da capital paulista, o economista
Ricardo Amorim controla sua menina dos olhos: a Ricam – empresa de consultoria
econômica fundada por ele em 2009 que auxilia empresas e pessoas físicas a fazer de
planejamentos estratégicos complexos a investimentos mais simples. Junto com ele,
apenas mais três funcionários. “Eles é que fazem tudo. De vez em quando eu venho e
bagunço tudo”, conta, sem esconder um ar de diversão com a própria piada. Mas essa
é apenas uma das atividades de Amorim. Economista nato e dono de um invejável
currículo de palestras – é o único brasileiro na lista de mais importantes e melhores
palestrantes mundiais do Speakers Corner, já tendo palestrado ao lado de figuras como
Al Gore e Bill Clinton –, ele foi parar na tela da TV. Desde 2003, é um dos debatedores,
ao lado de Lucas Mendes, Caio Blinder, Diogo Mainardi e Pedro Andrade, de um
dos mais respeitados programas de economia da televisão brasileira, o Manhattan
Connection. Colunista da revista IstoÉ e adepto das redes sociais, ele é sempre
convidado para comentar e dar entrevistas sobre rumos políticos do país – que, claro,
estão muitas vezes ligados à política econômica – e até sobre o mercado imobiliário.
Afinal, análises sobre os assuntos é que não lhe faltam. Mais: com dois filhos pequenos,
ele garante que, se tivesse que resumir todas as suas faces em uma única palavra, hoje
ela seria: pai. O segredo para tantas atividades? Disposição. Durante a entrevista que
Amorim concedeu à VERO, ele foi interrompido uma única vez, para lembrar da aula
de natação que costuma fazer na hora do almoço, e exibiu diversas fotos da família
e em viagens de aventura: “Eu amo esportes”. Confira a entrevista e saiba, nas palavras
do especialista, como o Brasil ainda pode dar certo, pelo menos economicamente!
Por que os economistas
têm que falar “economês”?
Faz parte do charme falar
difícil e usar jargões?
Acho que isso é culpa dos economistas.
A responsabilidade por se fazer entender,
em qualquer caso, é de quem fala, não de
quem ouve. Einstein tem uma frase de que
eu gosto muito: ele diz que se você explicar
alguma coisa para uma criança de seis anos
e ela não entender, a culpa é sua, não da
criança. É exatamente no que eu acredito.
A gente tem que fugir dos jargões. Dá para
falar com profundidade de um assunto sem
que isso tenha que ser chato ou inteligível.
Infelizmente, os economistas normalmente
não fazem isso, eles falam uma linguagem
cifrada, que se você não for da área, de fato,
não dá para entender. Para ser franco,
isso acaba me ajudando muito. Acaba
abrindo um mercado para mim, para
fazer algo que deveria ser o básico,
que todo mundo deveria fazer.
Muitas vezes, os economistas
aparecem como “mensageiros
do apocalipse”. Precisa causar
polêmica para ser bom?
Os economistas são treinados para
detectar como as coisas são e comparar
com como elas deveriam ser. Tendem, a
partir daí, a chamar atenção para o lado
vazio do copo. Mas algumas pessoas
só apontam os problemas. Acho que se
deve dar ênfase, em primeiro lugar, aos
problemas; em segundo, como solucioná-
los; terceiro, sempre há oportunidades
nisso. Vou dar um exemplo: no Brasil,
saúde e educação públicas não têm
a qualidade que deveriam ter. Se o
setor público não oferece, alguém do
setor privado que ofereça vai fazer
um bom negócio. Por isso, escolas de
inglês, universidades, planos de saúde,
farmácias e laboratórios farmacêuticos
crescem tanto. Na crise há semente de
oportunidade. Isso precisa ser ressaltado.
Quando surgiram as palestras?
Trabalhei muito tempo em bancos e já fazia
muitas palestras para clientes, para ajudálos a tomar decisões. Depois, em paralelo,
desde o final de 2002, que foi quando
entrei no Manhattan, começaram a vir
muitos pedidos, e comecei a fazer mais.
Eu via o que funcionava e o que não
e, a partir daí, passei a estruturar as
palestras com três coisas. A primeira: os
economistas geralmente ficam em um nível
macro da economia. "O crescimento do PIB
é tal, a inflação é tal..." Só que a maioria
das pessoas não consegue entender como
aquilo impacta a vida delas. Eu falo do
que importa para quem está sentado
lá. A segunda é a linguagem: nada de
“economês” e muito de humor. Acho que
aquilo tem que ser agradável, não pode ser
chato. E o último, que veio um pouco da
formação que eu tive: como morei dez anos
fora, parte nos Estados Unidos e parte na
Europa, passei a olhar o Brasil dentro do
mundo. O Brasil é uma peça que a gente
acha que é grande, mas é relativamente
pequena numa engrenagem mundial.
Então, coisas que acontecem fora muitas
vezes determinam os acontecimentos
daqui, e a gente não percebe.
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Ativo e inquieto, Ricardo
Amorim já competiu em
Badminton e viajou para
diferentes lugares do mundo,
sempre com o objetivo de
extrair o melhor dessas
experiências: de cultura
a esportes radicais
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“
Ações, hoje, no
brasil, estão
30% mais baratas
do que na média
histórica.
Então, a
longo prazo,
são uma boa
oportunidade
”
Você é o único brasileiro na
lista dos melhores palestrantes
mundiais. O que isso lhe permite?
Me permite participar de eventos
no mundo inteiro que são muito
interessantes. Tive a chance de estar com
algumas das pessoas que são líderes nas
suas áreas no mundo. Fiz uma palestra
num evento em que estava o Al Gore. Uma
vez, palestrei logo após o Bill Clinton, que,
aliás, foi um tremendo desafio, porque
o Clinton, além de ser ex-presidente dos
EUA, brilhante, tem uma vivência enorme
e é um palestrante de mão cheia, então, ele
deu um show. Eu pensava: "Como é que
eu vou entrar agora nesse palco, depois
que esse cara arrasou?". Já dividi painel
com Gary Becker, que foi prêmio Nobel de
economia, já estive com vários presidentes
de países diferentes, líderes financeiros,
enfim... É minha chance de aprender o
tempo inteiro direto da fonte de algumas
das mentes mais brilhantes do mundo,
das áreas mais distintas.
Falando um pouco da Ricam,
agora. Qual é a missão dela?
A missão da Ricam é transformar
economia em uma arma, um diferencial
competitivo para seus clientes. É fazer
com que entender economia permita que
eles tomem decisões melhores que os
concorrentes e por consequência cresçam
mais, evitem riscos, tenham melhores
resultados e melhor desempenho. O que a
gente faz passa por três linhas principais.
A palestra é uma delas. A segunda linha
é fazer planejamento estratégico para
empresas. Tem um terceiro aspecto, que
são as consultorias para investimentos
financeiros – tenho clientes que são
empresas, pessoas físicas, bancos
e bancos de investimento.
o que se leva em consideração
para investir?
O cenário econômico e os preços de
ativos no mundo. Porque, às vezes,
em investimentos, você tem a seguinte
situação: uma ótima perspectiva, todo
mundo acha que aquilo está ótimo,
todos já compraram e o preço está lá em
cima. Então, por mais que a perspectiva
econômica seja boa, não é um bom
investimento. Mais duas coisas sempre
têm que ser levadas em consideração.
A primeira é o tempo de investimento,
porque algumas aplicações têm
desempenho quase linear ao longo do
tempo, mas outras têm grandes ziguezagues. Nestas, você não pode se colocar
na posição de ser forçado a sair em um
determinado momento por precisar do
dinheiro. O segundo aspecto é a sua
própria psicologia. Normalmente, as
pessoas tomam a decisão errada na hora
errada, por razões emocionais. Com ações,
por exemplo, as pessoas compram e pode
muito bem acontecer de o preço cair.
Normalmente, e depende de quanto caiu,
a ação tende a ter uma boa oportunidade
quando fica barata, só que, se você
comprou quando ela estava mais cara,
você diz: "Estou com medo, isso pode
cair ainda mais". Você vende e depois
ela volta a subir. Então, para dar uma boa
recomendação de investimento, é preciso
entender bem o perfil das pessoas.
No cenário atual, HÁ algumas
dicas gerais que podemos dar
para quem quer investir?
Tem, sempre. Onde investir é uma
decisão que depende de algumas coisas.
Como é que eu olho para isso hoje:
perspectiva versus preço. A primeira
coisa é determinar se um investimento
está caro ou barato. Se você comprar algo
que está barato, tem uma chance de, no
longo prazo, ganhar dinheiro. Nós temos
uma metodologia aqui na Ricam, que
levamos quatro anos para desenvolver,
que diz, para cada ativo, quão caro ou
quão barato em relação à média está
e para qual lado está indo. Então, eu
consigo dizer: "Olha, ele está 20%, 30%,
40%, 50% mais barato e está barateando
ainda mais ou está voltando".
e onde devemos investir?
Ações, hoje, no Brasil, estão mais ou
menos 30% mais baratas do que na
média histórica. Então, olhando por
uma perspectiva de longo prazo, ações,
provavelmente, são uma boa oportunidade.
O segundo grupo que está barato são
ativos indexados à inflação. São títulos do
governo ou de empresas que pagam a taxa
de inflação mais uma determinada taxa
de juros, então, a taxa real de juros hoje
está alta, e isso, normalmente, em prazos
longos, gera bom desempenho também.
como você foi parar no
Manhattan Connection?
Foi um acaso de um monte de coisa.
Como tudo na vida, acho que depende
muito de sorte e de ver e aproveitar as
oportunidades. O Manhattan eu brinco que
foi o Lula que me pôs lá, porque em 2002
a preocupação com a eleição dele levou
o dólar a R$ 4, e me convidaram para o
Manhattan como entrevistado. O Lucas
me perguntou e eu respondi "Eu acho que
vai cair". Para minha sorte, na semana
seguinte, o dólar começou a despencar.
Aí eles me chamaram de novo no
programa, e ele disse “Pô, Ricardo, achei
que você estava louco”. Depois disso,
acabaram me fazendo o convite para ser
um dos apresentadores. Eu demorei para
aceitar, porque o Manhattan fala de tudo,
de muito assunto que eu não sei, mas
topei. Foi a melhor decisão que já tomei
na vida. Amo fazer o Manhattan!
Como é trabalhar com Lucas
Mendes, Caio Blinder, Diogo
Mainardi e Pedro Andrade?
É fantástico, porque temos uma
equipe muito bacana. Uma das marcas
registradas no Manhattan é o espaço
para visões diferentes, então temos
toda a liberdade para discordar um do
outro. Posso dar um exemplo recente.
O resultado da eleição: o Diogo tem
uma visão do que foi determinante da
qual eu discordo completamente, que é
o papel dos eleitores nordestinos. Quer
dizer, ao mesmo tempo em que ele tem
razão – o que definiu a vitória da Dilma
foi o eleitorado nordestino e do Norte –,
discordamos completamente sobre o que
os motivou a votar. Na minha opinião,
eles votaram com o bolso. Isso não tem
nada a ver com a índole do nordestino.
Aonde eu quero chegar: a gente discorda
e se dá superbem. Acho que uma coisa
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Pelo escritório de Amorim,
há vários porta-retratos
espalhados com fotos de
viagens de aventura e da
família. "Amo esportes
radicais, já fiz de tudo. Mas
agora, com filhos, não tenho
mais coragem de fazer essas
coisas, quero curti-los o
máximo que eu puder"
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“
o governo
gasta demais
e muito mal. se
gastasse menos,
caía a taxa de
juros. se a taxa
fosse menor,
não atraía
tanto dinheiro
de fora e
sobrava mais
para investir em
infraestrutura
e saúde
”
é divergir das ideias; outra, das pessoas.
Entre todos nós, temos um ótimo
relacionamento fora do programa.
qual é a sua opinião sobre o Bolsa
Família nesse processo eleitoral?
Tem vários aspectos importantes nessa
pergunta. O primeiro é: como vamos criar
um país onde haja Bolsa Família para
quem precisar, mas que muito menos
gente precise dele? Primeiro, o país tem
que crescer; um país que não cresce não
gera emprego, não gera oportunidade.
Segundo, preparando as pessoas que
estão no Bolsa Família para que possam
fazer isso. Eu sou a favor da existência
do programa, mas sou contra vários
pontos. Por exemplo, o valor do Bolsa
Família é igual no Brasil inteiro, e isso
gera um problema. Em São Paulo é um
valor muito baixo para sobreviver. No
interior de alguns lugares do Norte e do
Nordeste, onde o custo de vida é muito
baixo e os salários também, às vezes, o
cara se vê numa situação que é "Se eu
ganhar Bolsa Família, eu ganho X; se eu
trabalhar, eu ganho só um pouquinho a
mais". Esse cara se vê desincentivado a
trabalhar. O Bolsa Família não pode ser
um desincentivo ao trabalho. O valor
deveria ser proporcional ao custo de vida.
Segundo ponto: devia ter tempo, porque
hoje há perspectiva de entrar no programa
e ficar pro resto da vida. Isso está errado.
Durante a eleição, você
se posicionou abertamente
nas redes sociais...
Sabe o que é engraçado? Não tem nada nas
minhas redes sociais a favor de nenhum
candidato. O que fiz, de fato, foi falar o
que acho que está errado. Mas isso não fiz
durante a campanha, faço sempre. O que
houve foi uma polarização tão grande nas
eleições em que basicamente você não
podia falar de uma coisa ou de outra sem
que isso fosse lido pelos outros como "Ah,
está fazendo campanha". Outra coisa que
as redes sociais me ensinaram é que nós,
seres humanos, temos uma dificuldade
colossal de lidar com uma informação
que não bate com nossa visão de mundo.
Se a gente acha uma determinada coisa
e tem uma informação que não encaixa
com ela, o que a gente faz é falar "Isso aqui
não pode ser, essa informação está errada,
essa pessoa mentiu, está manipulando".
Acho que as redes fazem muitas coisas
fantásticas e várias péssimas. O lado
bacana é que elas dão voz a todos, e isso
é, em princípio, altamente democrático.
Mas temos que tomar muito cuidado
como essa coisa vai evoluir.
Como o Brasil pode voltar
a crescer nos próximos
quatro anos?
O primeiro fator fundamental é retomar
confiança, tanto de empresários quanto de
consumidores. O consumidor com medo
não compra. O empresário preocupado
não investe. Se ele não investe, ele
não gera emprego, e mais, ele começa
a mandar gente embora. Por exemplo,
de um ano para cá, no Brasil, foram
criados 600 mil empregos, só que, nas 12
maiores capitais brasileiras, o número de
vagas caiu em 400 mil, e no interior foi
gerado 1 milhão. Então, o interior ainda
está indo bem, mas as capitais já estão
mandando mais gente embora do que
contratando. Precisamos reverter isso.
Mas como? Basicamente, mostrando para
o empresário que, ao contrário do que
foi feito no primeiro mandato, a partir
de agora, Dilma vai ver o setor privado
como um parceiro. O segundo aspecto
fundamental para mim: precisa aumentar
a produtividade da economia brasileira.
Investindo em educação, treinamento e
melhora de regulamentação do país. Por
exemplo, a gente precisa de infraestrutura.
Educação: Brasil precisa ter um choque
de gestão em qualidade de educação
de ensino básico, fundamental e médio.
Como é que você faz isso? Pegando casos
de sucesso. Eles já existem, não precisamos
reinventar a roda. Vou dar um exemplo:
Sobral, no Ceará, e uma cidade no interior
do Piauí, que agora esqueci o nome [referese a Teresina]. Essas duas cidades têm,
hoje, média no Enem melhores que a de
cidade grandes, com um gasto por aluno
que é uma fração do que é gasto em São
Paulo. O ponto é: a gente precisa copiar,
parar de querer dar desculpa do porquê
não dá certo ou aumentar a quantidade
de dinheiro no que não dá certo. "Então
vamos gastar 10% do PIB em educação."
Nenhum país do mundo tem esse custo
em educação, e a maioria tem resultados
muito melhores.
tem uma fórmula mágica?
Onde começam os nossos problemas?
Começam porque o governo brasileiro
gasta demais e gasta mal. O Brasil é o
terceiro país emergente onde mais se paga
imposto. Já que os impostos são altos, o
custo de produzir no Brasil é alto. Já que o
custo de produzir no Brasil é alto, a gente
não produz aqui, vai comprar em Miami.
Outro dia estava chegando de fora, e na
esteira do meu lado chegava um voo de
Miami. Passaram quatro pneus. Até pneu
o pessoal está trazendo de fora! Isso está
matando a indústria brasileira, matando
a geração de emprego, matando a renda.
Mais: como o Brasil gasta muito, ele tem
que tomar muito dinheiro emprestado, e
como ele toma muito dinheiro emprestado
e a nossa poupança é baixa – tem muita
gente que ganha pouco e gasta tudo –,
o resultado é que o preço é alto. A taxa
de juros é alta. Se o governo gastasse
menos, caía a taxa de juros; se a taxa de
juros fosse mais baixa, o Brasil não atraía
tanto dinheiro de fora e sobrava mais para
gastar em infraestrutura e educação, e os
impostos podiam cair. Tudo começa por
corte de gasto do governo. E por que o
governo gasta demais? Pela mentalidade:
se temos um problema, a solução é
Bolsa Família. A indústria vai mal? Vou
temporariamente reduzir o IPI. Está ruim
para os exportadores? Que tal tentar
manter o dólar mais alto, para ajudar?
A gente está eternamente lidando com as
consequências, e não com os problemas.
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