FABIANA VIEIRA REIS NAVES A MULHER E A DECISÃO DE COMPRA DE AUTOMÓVEL: propósitos e processos FACULDADES INTEGRADAS DE PEDRO LEOPOLDO Mestrado Profissional em Administração Pedro Leopoldo – MG 2012 FABIANA VIEIRA REIS NAVES A MULHER E A DECISÃO DE COMPRA DE AUTOMÓVEL: propósitos e processos Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração das Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo, como requisito parcial à obtenção de título de Mestre em Administração. Área de Concentração: Marketing Orientador: Dr. José Edson Lara FACULDADES INTEGRADAS DE PEDRO LEOPOLDO Mestrado Profissional em Administração Pedro Leopoldo – MG 2012 FOLHA DE APROVAÇÃO Título da Dissertação: A MULHER E A DECISÃO DE COMPRA DE AUTOMÓVEL: propósitos e processos Nome do aluno (a): FABIANA VIEIRA REIS NAVES Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração das Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo, como requisito parcial à obtenção de título de Mestre em Administração. Prof. Dr. José Edson Lara (Orientador) Prof. Prof. Pedro Leopoldo (MG), ____ de _____________________ de 2012 Dedico este trabalho às minhas filhas para que possam ter certeza que o conhecimento é o melhor caminho para todas as conquistas. E que não há crescimento sem dor, escolhas sem renúncias, vitórias sem dedicação. Aos meus pais, pois sem eles eu não estaria aqui. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus pela minha vida, pelas oportunidades e todas as conquistas. Por ser minha fortaleza, me fazendo persistente e forte o que me dá a certeza de que Ele existe e está sempre comigo. Ao professor Dr.José Edson Lara pela dedicação, pelo apoio incondicional dado em todos os momentos do desenvolvimento deste trabalho. Aos demais professores do Programa de Mestrado pela valiosa orientação profissional e pessoal em especial à Profª. Drª Maria Celeste, e Prof. Dr Cláudio Paixão. Aos funcionários da secretaria do mestrado em especial Jussara por toda sua competência. Às minhas filhas Ana Rosa e Ana Clara, que mesmo sem compreender suportaram s minhas ausências. O amor de vocês foi o que me incentivou durante a caminhada. Ao meu marido, por me fazer sempre acreditar que devemos lutar pelo que acreditamos. Aos meus pais, pelo incentivo e confiança em tudo que fiz até hoje. Aos meus amigos, em especial à Romênia que jamais negaram seu caloroso apoio durante a realização desta pesquisa. Às mulheres consumidoras que participaram da minha pesquisa, pois sem elas, este estudo não teria se finalizado com sucesso e se tornado uma rica fonte de compreensão do comportamento feminino. “Ah, essas Mulheres modernas... Sabem o que querem... Compram o desejam.... Decidem o que vai ser seu... Quando e em que momento.... Opinião? No final, basta a sua! Ah, essas Mulheres modernas...” John Gray RESUMO Esta dissertação apresenta os fatores determinantes que se evidenciam no processo decisório de compra de automóveis novos para uso pessoal, lançando um olhar de especificidade para o público feminino. O estudo de caso, junto a 89 mulheres de 21 a 55 anos da cidade de Sete Lagoas (MG) compradoras dos modelos novos anos 2009/ 2010/2011 da montadora FIAT ocorreu no período de julho/agosto/setembro do ano de 2011. Foi elaborado um instrumento estruturado sobre a forma de um questionário com perguntas fechadas, de natureza não disfarçada. Cada bloco de perguntas objetivou obter respostas para os elementos essenciais do processo decisório das compradoras de automóveis. Como principais resultados: o perfil geral predominante das respondentes é de mulheres casadas, com filhos, que trabalham fora, ganham de 3 a 5 salários mínimos, tem ensino superior, não moram sozinhas, vivem num grupo familiar de 4 a 6 pessoas, possuem apenas um carro, e nunca tiveram algum outro carro anteriormente; na amostra investigada foi possível levantar que as aquisições de carros novos se efetivam como resultado de uma necessidade real de ter um meio de locomoção, que atenda às necessidades das consumidoras, seja para locomoção para o trabalho, para levar os filhos à escola ou mesmo lazer; em ocasiões onde apenas a mãe está presente com filhos ou sozinha; a probabilidade de aquisição por status não foi apontada pelas entrevistadas; em se tratando de automóveis, variáveis como valor e condições estabelecidas de pagamento, fazem com que a razão novamente se faça mais forte que a emoção e ao entusiasmo do primeiro momento em que a mulher chega à concessionária, conforme apontam autores que abordam o poder da imagem sobre o consumidor; a pesquisa faz perceber que as mulheres entrevistadas ao adquirirem um automóvel novo, pensam em praticidade, benefícios e vantagens que o bem lhe dá de retorno, principalmente na mínima preocupação com serviços de manutenção que os automóveis novos garantem, tanto que segundo as entrevistadas o tempo de permanência com o automóvel e a troca (descarte) por outro gira em torno de 36 meses (03 anos). A pesquisa aponta ainda a diferenciação comportamental pelas mulheres nas diversas fases do modelo do processo de compra do consumidor apresentado na literatura sobre marketing. PALAVRAS – CHAVE: Comportamento do consumidor. Processo de compra. Aquisição de automóveis. Mulher. ABSTRACT This dissertation presents the main factors that are evident in the decision process to purchase new cars for personal use, casting a look of specificity for the female audience. The case study, along with 89 women, ranging 21-55 years from the city of Sete Lagoas (MG), buyers of the new models2009/2010/2011 from the assembler FIAT occurred from July / August / September of 2011. A structured instrument was developed on the form of a questionnaire with closed, non-disguised questions. Each block of questions aimed at obtaining answers to the key elements of the decision process of buying a car: The main results: the general profile of respondents is predominantly married women with children, working outside, earning 3-5 minimum wages, have higher education, not living alone, living in a family group of 4 to 6 people, have only one car, and never had any other car before; in the investigated sample, it was possible to raise that the purchase of new cars are effected as a result of a real need to have a means of locomotion, that meets the needs of consumers, whether commuting to work, to bring their children to school or leisure on occasions where only the mother is present with children or alone; the probability of acquisition status was not indicated by the interviewees; when it comes to cars, variables such as value and established conditions of payment, make the reason, again, stronger than the excitement and enthusiasm of the first time the woman comes to the concessionaire, as the authors that address the power of image on the consumer point out; the research makes us realize that the interviewed women, when purchasing a new car, think about practicality, benefits and advantages that the car gives in return, especially in the least concern with maintenance services that the new cars ensure, so that according to the interviewees, the time spent with the car until exchange (discard) is around 36 months (03 years). The research also highlights the differentiation of behavior by women in various stages of the model of consumer’s purchase process presented in the literature on marketing. Keywords: Consumer behavior. Purchase process. Caracquisition. Women. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Modelo de comportamento de comprador ................................................. 24 Figura 2 – Pirâmide de Maslow ................................................................................ 27 Figura 3 - Modelo de processo de compra do consumidor ....................................... 38 Figura 4 - Processo de compra ................................................................................. 39 Figura 6 - Correlação dos construtos, indicadores e fatores ..................................... 88 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1- Idade......................................................................................................... 68 Gráfico 2 – Ocupação principal ................................................................................. 69 Gráfico 3 - Escolaridade ............................................................................................ 70 Gráfico 4 – Quantidade de pessoas que fazem parte da família ............................... 71 LISTAS DE QUADROS Quadro 1 Os diferentes papéis do consumidor ......................................................... 25 Quadro 2 - Influências situacionais e o comportamento do consumidor ................... 28 Quadro 3 ´Construtos, indicadores e fatores do modelo utilizado ............................. 63 Quadro 4 - Características valorizadas na hora de comprar um carro ...................... 64 Quadro 5 - Considerações que as mulheres optaram ao comprarem o automóvel .. 64 Quadro 6 - As Influências na Decisão Final ............................................................. 64 Quadro 7 – Pontos da Escala Likert .......................................................................... 65 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Estado civil .............................................................................................. 68 Tabela 2 - Filhos........................................................................................................ 69 Tabela 3 – Renda mensal l........................................................................................ 70 Tabela 4 – Respondentes que moram sozinhas ....................................................... 71 Tabela 5 – Quantidade de carros .............................................................................. 72 Tabela 6 – Frequência da troca de carro .................................................................. 72 Tabela 7 – Significado de “Ter um carro” .................................................................. 73 Tabela 8 – Uso do carro adquirido ............................................................................ 74 Tabela 9 – Construto Reconhecimento da Necessidade (RN) .................................. 74 Tabela 10 – Construto Levantamento de Alternativas (LA) ....................................... 75 Tabela 11 – Construto Avaliação de Alternativas (AA) .............................................. 75 Tabela 12 – Construto Decisão de compra (DC)....................................................... 76 Tabela 13 – Construto Avaliação Pós-Compra (APC)............................................... 76 Tabela 14 – Construto Revenda e Descarte (RV) ..................................................... 77 Tabela 15 – Estatística descritiva dos fatores e construto - Decisão de Compra ...... 77 Tabela 16 – Teste de diferença entre médias ........................................................... 78 Tabela 17 – Correlação entre os construtos ............................................................. 78 Tabela 18 – Correlação entre médias – Estado Civil ................................................ 80 Tabela 19 – Características valorizadas na hora da compra..................................... 84 Tabela 20 – Fatores de influênciam na aquisição do automóvel ............................... 85 Tabela 21 – Teste diferença entre média dos Fatores de influência ......................... 86 Tabela 22 – Correlação dos Construtos .................................................................... 89 LISTA DE SIGLAS AA - Avaliação de Alternativas APC - Avaliação Pós-Compra DC - Decisão de Compra DV - Descarte ou Revenda FIP - Fatores de Influência pessoal LA - Levantamento de Alternativas RN - Reconhecimento da Necessidade SPSS - Statistical Package for the Social Sciences SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 1.1 A questão norteadora e os objetivos da pesquisa ............................................... 17 1.2 Justificativa e Relevância da Pesquisa ............................................................... 17 1.3 Estruturação da Dissertação ............................................................................... 19 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 21 2.1 Comportamento do consumidor .......................................................................... 21 2.1.1 Compreensão desse comportamento............................................................... 21 2.1.2 Os Grupos de Consumidores e seu Comportamento no Ato da Compra ......... 26 2.1.3 A força das variáveis sociais sobre o grupo de consumidores ........................ 29 2.1.4 A influência dos grupos de referência, da família, o papel e os status social no comportamento do consumidor ................................................................................. 30 2.1.4.1 Os grupos de referência ................................................................................ 31 2.1.4.2 A Influência da Família .................................................................................. 32 2.1.4.3 O papel e status social .................................................................................. 33 2.1.4.4 A influência da cultura sobre o consumidor ................................................... 34 2.1.5 A influência dos fatores pessoais idade, ocupação e circunstâncias econômicas ............................................................................................................... 35 2.2 O processo de compra e a postura do consumidor ............................................. 37 2.2.1 Estratégias de Marketing influenciando o consumidor: o poder do uso da imagem de um determinado produto. ........................................................................ 40 2.2.2 Quando as emoções interferem no processo de compra ................................. 44 2.3 Análise de gênero: Mulher................................................................................... 46 2.3.1 O comportamento das mulheres durante o processo de compra ..................... 52 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 60 3.1 Caracterização da Pesquisa................................................................................ 60 3.2 Amostra e coleta de dados .................................................................................. 61 3.4 Estratégia de Análise de Dados ......................................................................... 65 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS NA PESQUISA .. 67 4.1 Perfil socioeconômico das respondentes ............................................................ 67 4.2 Análise descritiva do processo de compra .......................................................... 74 4.2.1 Comparação entre segmentos ......................................................................... 79 4.3 Percepção das características valorizadas na hora de comprar um carro .......... 83 4.4 Percepção das influências na aquisição do produto ........................................... 85 4.5 Correlação entre características valorizadas na hora da compra, influências na aquisição do produto e construtos do processo de compra ...................................... 87 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 93 REFERENCIAS ....................................................................................................... 100 APÊNDICE A – FORMULÁRIO DA PESQUISA - O PROCESSO DE COMPRA DE CARROS DA MULHER SETELAGOANA ............................................................... 106 14 1 INTRODUÇÃO Este estudo estabelece as relações entre o modelo do comportamento do consumidor com foco no processo decisório de compra de automóveis pelo público feminino. A questão do gênero associado ao consumo tem despertado a atenção de pesquisadores das áreas de marketing, da teoria organizacional, da sociologia, da psicologia e da antropologia. No entanto o tema revela lacunas conceituais e taxonômicas, definições imprecisas e ausências de aplicabilidade pragmática do conhecimento dos gêneros e de suas percepções e realidades sobre as razões, os propósitos e processos do consumo. Com a globalização, o mercado está cada vez mais competitivo e os clientes mais exigentes, obrigando as empresas a se adaptarem a essa nova realidade a fim de assegurar sua permanência no setor através da venda de seus produtos. Mudanças estratégicas focadas nos fatores que influenciam no processo de compra tornaram-se indispensáveis para a garantia de um futuro próspero para as empresas. Atualmente, para conquistar clientes e vender seus produtos, as empresas têm que perceber que não basta satisfazê-los. É essencial “encantá-los” e “surpreendê-los” com produtos e serviços fundamentalmente novos, diferentes e modernos, como dizem os autores de marketing (PEREZ, 2012). Toda empresa que quiser vender seus produtos e lutar pela liderança de mercado, haverá de buscar incessantemente essa compreensão. 15 Ao longo do tempo, as pesquisas têm tentado elucidar as razões que levam um consumidor a escolher um produto ou serviço, uma quantidade a ofertar, um momento de oferta e o local específico de demanda em detrimento de outros e especificamente na área de marketing teorias e modelos foram desenvolvidos para tentar explicar o comportamento do consumidor, que segundo Wilkie (1994) é uma atividade mental, emocional e física na qual, as pessoas se envolvem emocionalmente quando selecionam, compram, usam e disponibilizam um produto ou serviço para satisfazer uma necessidade ou desejo pessoal. Quando um indivíduo compra um produto, o faz por um motivo, desejo ou necessidade, como expressa Arnould (2000, p.53): “Comprar é parte do processo no qual, as mercadorias encerram valores, idéias e significados”. Corrobora Benson (2000), apontando que comprar é essencialmente uma experiência íntima e pessoal “Comprar é experimentar, tocar, analisar, refletir [...]. É o modo pelo qual nós procuramos por nós mesmos e pelo nosso lugar no mundo. [...]” (BENSON, 2000, p.52). Comprar também pode ser um ritual que vai desde olhar vitrines, examinar e testar produtos, comparar preços e características que às vezes, são ações realizadas pelo puro prazer que proporcionam, com ou sem a consumação da compra (CAMPBELL, 2001). Na tentativa de compreender o comportamento do consumidor é fundamental ao profissional de marketing atentar que cada indivíduo se comporta de maneira diferente num processo de compra. Seu envolvimento no processo será mais ou menos efetivo de acordo com os motivos que o levam a comprar, o leque de ofertas, a variedade de escolha e a sua satisfação final. 16 Com foco no mercado brasileiro de automóveis, nota-se que existem várias empresas ofertando ao consumidor uma ampla linha de produtos similares, mas com pequenos benefícios que acabam sendo percebidos como diferenciais que definem a escolha final, o que vai determinando o posicionamento da marca no mercado. Diante desse fato, Sheth; Mithal e Newman at. al (2001, p. 62) ressaltam que esse desafio de escolher uma entre uma multiplicidade de marcas em uma mesma categoria de serviço/produto, gera a preocupação de “procurar formas que possam ajudar a simplificar e facilitar” o processo de compra para um consumidor mais exigente. Importante ressaltar a importância do gênero feminino como foco deste estudo, sabendo-se que as mulheres atualmente são mais participativas no processo de aquisição de bens familiares, e o mercado já percebeu isso. Orientam Bristor e Fisher (1993), que estudar o comportamento feminino, tendo como base as experiências das mulheres pode levar ao surgimento de problemáticas referente ao comportamento de consumo, bastante proveitosas para a área de marketing, sendo impossível negligenciá-las. Perez (2008) aponta que a participação feminina traz racionalidade ao processo de decisão de compra, o que tem levado a mudanças nos veículos para atender às exigências femininas. Segundo o autor, essas mudanças visam segurança, conforto e versatilidade para toda a família, tanto que diversas empresas já perceberam o poder das mulheres no processo de compra que começaram a desenvolver táticas e estratégias de mercado sob a óptica do público feminino. 17 1.1 A questão norteadora e os objetivos da pesquisa Com base no contexto descrito anteriormente, esta pesquisa visa responder à seguinte pergunta: Quais fatores são considerados como determinantes no processo de aquisição de automóveis novos pela mulher? Como objetivo geral, estabeleceu-se estudar os fatores determinantes que se evidenciam no processo decisório de compra de automóveis novos para uso pessoal, lançando um olhar de especificidade para o público feminino. Na intenção de alcançar este objetivo, foram traçados os seguintes objetivos específicos: a) identificar as variáveis relacionadas ao processo de compra e comportamento do consumidor; b) avaliar o comportamento das consumidoras em cada etapa de aquisição de um automóvel. c) caracterizar os principais fatores decisórios valorizados pelas mulheres no processo de aquisição de automóveis. 1.2 Justificativa e Relevância da Pesquisa A importância de promover uma investigação em torno do comportamento do consumidor feminino no processo de compra de automóveis se justifica na 18 constatação da indústria automobilística, sobre o quanto o público feminino passou a fazer parte de um mercado antes direcionado exclusivamente ao público masculino. Percebendo que cresce o número de consumidoras conscientes que acompanham as tendências, e optam por suas próprias escolhas na hora de adquirir seu automóvel o mercado automobilístico passou a fabricar produtos que atraiam essas consumidoras em potencial. Descobrir se essas estratégias são capazes de interferir na hora da compra é de grande importância para entender o comportamento da mulher. A relevância dessa pesquisa do ponto de vista teórico centra-se na possibilidade de alcançar a compreensão do comportamento do consumidor, algo que todas as empresas de todos os ramos desejam saber para atrair mais consumidores para sua linha de produtos. Sob o ponto de vista da pesquisa prática, considera-se que conhecer como as mulheres se posicionam no processo decisório de compra, seja fundamental como forma de visualizar pontos que possam ser evidenciados pela indústria automobilística no momento de produzir sua linha de produtos e construir suas estratégias de marketing. A premissa do estudo consiste na importância de se conhecer preferências, prioridades e exigências que as diferenciam dos homens, para saber como atendê-las consistentemente. O desenvolvimento da pesquisa servirá para aplicar aspectos referentes ao marketing, como por exemplo a sua conceituação e aplicação no comportamento do consumidor, a percepção do processo de aquisição de produtos, a participação feminina no processo de compra, o relacionamento e a retenção de cliente, a importância do relacionamento entre empresa e cliente, a satisfação do consumidor 19 e a qualidade dos serviços. Neste contexto, o propósito deste estudo coaduna com a assimilação do conhecimento construído ao longo da formação acadêmica. Percebe-se que em meio a tantos estudos de comportamento de consumidor no processo de compra, poucos, entretanto estão direcionados a investigar a influência feminina na compra de carros. Visualiza-se nas pesquisas em torno do tema que o comportamento feminino na aquisição de carros é pouco tratado por estudiosos de marketing e comportamento do consumidor, mesmo que a opinião feminina tenha se mostrado relevante nos estudos acerca das formas de consumo. Em nossos dias, utilizar informações é essencial para desenvolver produtos e serviços necessários ou desejados por eles, estreitar os relacionamentos e conhecê-los cada vez mais. 1.3 Estruturação da Dissertação A presente pesquisa estrutura-se na observância do que rege as normas acadêmicas e aos padrões norteadores dos trabalhos de dissertação, sendo estruturado em capítulos na seguinte sequência: Além desta introdução, onde foi abordada a contextualização do tema proposto, os objetivos a serem alcançados, a questão da pesquisa, a justificativa e relevância da pesquisa, mais quatro capítulos são apresentados. No segundo, apresenta-se o referencial teórico da literatura especifica da área de marketing cujo foco central está voltado ao comportamento do consumidor, 20 o processo decisório de compra, o mercado da indústria automobilística e a percepção do comportamento da mulher na aquisição de carros novos. No terceiro, apresenta-se a metodologia, onde são descritos os procedimentos adotados na pesquisa para a realização do estudo. No quarto, reservou-se o espaço para a análise de discussão dos resultados obtidos durante a pesquisa. Finalizando, no quinto capítulo, são apresentadas as considerações finais, as implicações da pesquisa, as limitações do estudo e as sugestões para os trabalhos. 21 2 REFERENCIAL TEÓRICO Este capítulo tem por objetivo apresentar os temas pertinentes a esta pesquisa: comportamento do consumidor, gênero feminino e a compra do produto automóvel. Quanto comportamento do consumidor, conceitos e modelos são descritos, para que se possam traçar as abordagens dos autores em interação com tais construtos. Na questão do gênero feminino é apresentada uma análise teórica sobre o significado do termo a partir de levantamento bibliográfico, com ênfase na compra do produto automóvel. 2.1 Comportamento do consumidor 2.1.1 Compreensão desse comportamento Na busca da compreensão do comportamento do consumidor, considerase importante perceber que bens e serviços mantêm uma relação com os fatores culturais e com as expectativas individuais sobre determinados produtos ou serviços. Segundo Kotler (2006) os costumes dos consumidores estão relacionados com sua renda, sua atividade profissional, estilos e hábitos de consumo. A análise do comportamento do consumidor, de acordo com Engel, Blackwell e Minard (2000), deve ser feita com base nos fatores que influenciam este 22 comportamento, tais como fatores pessoais e socioculturais. O homem caracterizase por ser um ser social, portanto necessita viver em comunidades/grupos e para isto precisa ser aceito por eles. A partir do convívio em grupo, são definidos valores e comportamentos que serão aceitos, desejados ou rejeitados. Determinadas variáveis influenciam o comportamento do consumidor, se dividindo em três grandes categorias: diferenças individuais (fatores pessoais e fatores culturais), influências ambientais (fatores sociais) e o outro grupo de fatores que sai um pouco da esfera do racional e passa para aspectos subjetivos como: motivação, percepção, crenças e atitudes, considerando-se os aspectos psicológicos (ou fatores psicológicos) (MOWEN, MINOR, 2006). Churchill e Peter (2003) destacam que existem inúmeros fatores que determinam o comportamento do consumidor no processo de compra, sendo que a tomada de decisão pelo consumidor por um determinado produto ou serviço é o mais relevante. Samara e Morsch (2005) afirmam que: O estudo do comportamento de compra dos consumidores “tem como objeto conhecer profundamente o comportamento das pessoas, suas necessidades, seus desejos e suas motivações, procurando entender o processo de como, quando e por que elas compram. É um processo que envolve a seleção, a compra, o uso ou a disposição de produtos, idéias ou experiências para satisfazer necessidades e desejos. (SAMARA;MORSCH, 2005,p.2). Já Sheth, Mittal e Newman (2001), o define da seguinte maneira: O comportamento do cliente é definido como as atividades físicas e mentais realizadas por clientes de bens de consumo e industriais que resultam em decisões e ações, como comprar e utilizar produtos e serviços, bem como pagar por eles. Os clientes estão divididos em domiciliares ou consumidores e empresas, os quais possuem como papéis de serem: usuários, compradores e pagantes. (SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2001, p. 29) 23 Cabe salientar que, segundo Schiffman e Kanuk (1997, p.412), em se tratando de comportamento do consumidor é importante perceber os tipos de comportamento que pesam durante o processo de compra: compras experimentais (aquelas com apelos promocionais); compras repetidas (baseadas em uma experimentação de sucesso) e compras de comportamento de longo prazo (bens duráveis como fogões residenciais). (Grifo nosso) Na visão de Karsaklian (2000), por mais que se busque conhecer o consumidor, é difícil saber quais comportamentos ele vai ter em relação a fatos que venham ocorrer durante a sua vida. De acordo com a teoria tradicional sobre o consumidor, comportamento do consumidor pode ser definido como um conjunto de reações ou respostas dos indivíduos a determinados estímulos, os quais decorrem de fatores pessoais, fatores ambientais, situacionais e de marketing. (VIDIGAL, 2008, p.08) Nota-se, que em relação à compreensão do comportamento do consumidor é um erro das empresas ignorá-lo. Para Underhill (1999), a maior ignorância dos homens de negócio centra-se no desconhecimento de quem são seus clientes e o que eles desejam. Por isso, acaba sendo essencial conhecer o que querem os consumidores e como eles tomam suas decisões sobre a compra e a utilização de produtos é fundamental para que as organizações tenham êxito em seu mercado (SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2001). Apontam Pride e Ferrell (2000, p.150) que “a habilidade de uma empresa para estabelecer e manter relacionamentos satisfatórios com o cliente requer uma compreensão do comportamento de compra e do comportamento do consumidor”. O comportamento de compra são os processos de decisão e os atos das pessoas envolvidas na compra e no uso de produtos. E comportamento do consumidor, se refere ao comportamento de compra dos consumidores finais, aquelas pessoas que adquirem produtos para uso pessoal ou doméstico, e não para fins comerciais (PRIDE; FERRELL, 2000, p.150). 24 O conhecimento das variáveis de influência sobre o comportamento de compra é importante para que os empresários e profissionais de marketing qualifiquem seus produtos e serviços, considerando efetivamente os desejos e as necessidades do consumidor e orientando suas ofertas para o mercado (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). Para Churchill e Peter (2003), todas as pessoas são consumidores potenciais, com personalidade distinta e anseios variados, uma das outras. Na mesma linha de pensamento, complementam Schiffman e Kanuk (2000), que a distinção dos consumidores é percebida nas necessidades iguais mais com gostos diferentes muitas vezes evidenciadas na hora da escolha de um determinado produto. Cobra (1997, p.59) destaca que “cada consumidor reage de forma diferente sob estímulos iguais, e isso ocorre porque cada um possui uma ‘caixa preta’ diferente". Sendo assim, são essas diferenças que vão pesar em seus atos de compra, o que é retratado por Kotler (2006) da seguinte forma (FIG. 1): Figura 1- Modelo de comportamento de comprador Fonte: Adaptado de KOTLER (2004, p. 182) 25 Nota-se a partir do modelo apresentado que o campo do comportamento do consumidor leva ao estudo de “como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, usam e descartam artigos, ideias ou experiências para satisfazer suas necessidades e seus desejos" (KOTLER, 2006, p.182). Assim, é importante conhecer os papéis mais comuns do consumidor apontados por Kotler (2006) descritos no QUAD 1 a seguir. Iniciador Pessoa que sugere a ideia de comprar um produto ou serviço. Decisor Pessoa cujo ponto de vista ou conselho influencia na decisão de compra. Influenciador Pessoa que decide sobre quaisquer componentes de uma decisão de compra. O que comprar? Como comprar? E onde comprar? Comprador Pessoa que efetivamente realiza a compra. Usuário Pessoa que consome ou usa o produto ou serviço. Quadro 1 Os diferentes papéis do consumidor Fonte: Adaptado de Kotler (2006, p. 108) Diante da classificação dos papéis do consumidor apontada por Kotler (2006), é que o mercado se posiciona para melhor atendê-lo. “[...] um indivíduo é influenciado pelos vários pequenos grupos com os quais interage” (KOTLER, 2006, p.108). Desta forma, defende o autor que o comportamento do consumidor tem influência de outros consumidores e também de pequenos grupos existentes dentro das sociedades, e o mercado precisa saber lidar com eles (KOTLER, 2006). 26 2.1.2 Os Grupos de Consumidores e seu Comportamento no Ato da Compra No mercado de consumo pode-se encontrar vários tipos de consumidores e de variados comportamentos. Nesse mercado, aqueles consumidores que acham que tudo está bom, aquelas que quase sempre apresentam satisfação mediana, e de outro lado, encontramos aqueles consumidores exigentes, que levam em conta todos os fatores que podem lhes prejudicar diante do ato de consumo. Churchill e Peter (2003), lembram que existem ainda, fatores que podem determinar o comportamento do consumidor, fazendo com que a compra não siga as mesmas etapas de um processo considerado normal, como: a) a compra é importante para os consumidores; b) o preço do produto é muito alto; c) o produto tem características complexas ou novas; d) há muitas opções de marcas. Em se tratando do comportamento de compra do consumidor é importante inicialmente compreender que o consumo, de acordo com Kotler (1996), sofre influências diversas desde a idade, renda, nível de educação, padrão de mobilidade e gosto dos consumidores. “Ao fazerem suas escolhas as pessoas são influenciadas por fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos” (KOTLER, 1996). Na visão de Karsaklian (2000), a ação de comprar que move o consumidor, tem sempre um fundamento, sendo seu ponto de partida uma necessidade, o desejo de possuir um bem. Segundo o autor é com base em um determinado desejo, é que surgem as preferências por determinadas marcas, 27 modelos ou produtos. “Essas preferências estarão diretamente relacionadas ao auto-conceito: o consumidor tenderá a escolher um produto que corresponda ao conceito que ele tem ou que gostaria de ter de si” (KARSAKLIAN, 2000.p.11). Um importante fator que impulsiona um processo de compra é a necessidade do indivíduo, sendo fundamental que se compreenda que muitos os fatores psicológicos podem influenciar a tomada de decisão e comportamentos do consumidor, entre eles conforme apontam Kotler e Armstrong (2003): a) Motivações: Os consumidores podem ser influenciados por necessidades, que são divididas em fisiológicas (fome, sede, desconforto) e psicológicas (reconhecimento, auto-estima, relacionamento), mas muitas vezes estas necessidades não serão fortes o bastante para motivar a pessoa a agir num dado momento, ou seja, a pessoa às vezes necessita de um motivo maior para buscar sua satisfação. b) Personalidade: É a personalidade de cada pessoa que vai determinar o seu comportamento no ato da compra, pois se refere às características psicológicas que conduzem uma resposta relativamente consistente no ambiente onde a pessoa está inserida. Destaca, ainda, o autor, que o conhecimento da personalidade pode ser muito útil para analisar o comportamento do consumidor quanto a uma marca ou um produto. c) Percepções: Considerada como “processo pelo quais as pessoas selecionam, organizam e interpretam informações para formar uma imagem significativa do mundo” (KOTHER e ARMSTRONG, 2003, p.89). A pirâmide de Maslow apresenta cinco necessidades do indivíduo. De acordo com as necessidades identificadas, as fisiológicas são as principais e as que motivam o consumidor a comprar. A ordem de satisfação das necessidades do consumidor segue a mesma ordem hierárquica da pirâmide de Maslow, ilustrada na FIG.2. Figura 2 – Pirâmide de Maslow Fonte: KOTHER e ARMSTRONG (2003, p.89). 28 Além de serem influenciados por fatores psicológicos (internos), citados anteriormente, os consumidores também recebem uma influência muito forte dos fatores situacionais. Vieira (2004) argumenta que esses fatores têm grande poder de influenciar o ato da compra. As influências situacionais mais comuns que afetam o comportamento do consumidor, segundo Churchill e Peter (2003), são: ambiente físico, ambiente social, tempo, a tarefa (razões de compra) e as condições momentâneas, cujas características são apresentadas no quadro 2 a seguir. Tipos de Ambiente Características Composto por características notadas pelo consumidor no momento da compra, como a 1. Ambiente físico iluminação do local, o nível de barulho, a localização da loja, sua decoração etc. Inclui outras pessoas, o status que elas pretendem 2. Ambiente social manter perante os demais. Pode influenciar de uma maneira muito forte o processo de compra; as pessoas tomam decisões 3. O tempo diferentes dependendo de qual momento do dia, da semana ou da estação do ano fazem a compra. 4. A tarefa, ou as razões que movem o Inclui a identidade da pessoa que irá utilizar o consumidor a comprar produto 5. As condições momentâneas o humor, o dinheiro de que o consumidor dispõe naquele momento, sua saúde etc. Quadro 2 - Influências situacionais e o comportamento do consumidor Fonte: Churchill e Peter (2003) Adaptado Mas é importante frisar que os consumidores ainda são influenciados por outras variáveis muito importantes em seus comportamentos no ato da compra, que são: as classes sociais; as variáveis sociais; as variáveis econômicas; e as variáveis culturais (VIEIRA, 2004, p.28). 29 2.1.3 A força das variáveis sociais sobre o grupo de consumidores As variáveis sociais são o segundo grupo de determinantes no comportamento do consumidor. Engel, Blacwell e Miniard (2000), orientam que quem deseja estudar ou saber o que leva os consumidores a comprarem um determinado produto, não pode deixar de considerar os fatores sociais. Para os autores, “o que leva as pessoas a se decidirem por um determinado produto vem de sua personalidade, de seu estilo de vida e das forças sociais”. (ENGEL; BLACWELL E MINIARD, 2000, p.50-51) De acordo com os autores estas variáveis de influências sociais podem ser classificadas como: a) Estilo de vida: as mudanças nos padrões de vida, como uniões instáveis, pessoas morando sozinhas, têm gerado um maior número do consumo, onde as pessoas procuram por produtos e serviços que lhes proporcionem maior conforto e tranquilidade. b) Valores sociais: os valores sociais são determinantes nas escolhas que os consumidores fazem na vida, como, por exemplo, um determinado produto pode ter certo valor para uma pessoa e para outra não. c) Demografia: o fator crescente da população leva a observar que os padrões de consumo afetam o tamanho da oferta de mão-de-obra e da localização no mercado de consumo. d) cultura: o fator cultural não pode ser negligenciado pelas empresas, pois ele afeta vários fatores relacionados ao consumo, como: os motivos de compra, o que as pessoas compram e como elas decidem comprar. (ENGEL; BLACWELL E MINIARD, 2000, p.396-397) Pode-se perceber assim, que as influências individuais de cada comprador ou consumidor, acaba por se tornar um fator de peso no processo de escolha de um produto. Corroboram Chirchill e Peter (2003) com a visão de que grupos de referência, que podem ser a família, os amigos, os clubes e organizações profissionais e influenciam de diversas maneiras, os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos consumidores. Esta influência ocorre indiretamente, através de 30 conversas, recomendações, convites, ordens, coerção, crítica, elogios, provocação etc.; 2.1.4 A influência dos grupos de referência, da família, o papel e os status social no comportamento do consumidor De acordo com Schiffman e Kanuk (2000), além dos fatores culturais, o comportamento do consumidor é influenciado por fatores sociais como grupo de referência, famílias, papéis e status, bem como o fator idade. Para Engel, Blackweel e Miniard (2000), os fatores sociais influenciam no comportamento do consumidor, pois os grupos de referência, a família, têm forte poder de apelo no momento de decisão da compra. Isso porque todas as decisões de compra são ligadas a indivíduos que, apesar de explicarem, antes de tudo, suas preferências e intenções, por si só não garantem qual o comportamento será utilizado na hora da compra. “O comportamento às vezes é afetado mais por pressões do ambiente social do que por atitudes pessoais” (Engel, Blackweel e Miniard, 2000, p.255). Considerada por Kotler (1996), uma das variáveis que mais interfere no ato de consumo, a classe social limita o consumidor diante de determinadas escolhas. As classes sociais são divisões relativamente homogêneas e permanecentes numa sociedade, ordenadas com respeito a cada um e cujos membros compartilham dos mesmos valores, estilos de vida, interesses e comportamento (KOTLER, 1996, p.107) 31 Vieira (2004, p.39) afirma que “[...] a classe social pode ser definida como um critério de ordenação da sociedade, utilizando indicadores como poder aquisitivo, escolaridade e ocupação”. As classes sociais acabam se tornando determinantes para o mercado, pois o comportamento dentro delas pode determinar o poder de decisão de compra de todo o grupo. 2.1.4.1 Os grupos de referência Os grupos de referência servem de formação direta ou indireta na formação de atitudes de uma pessoa. Portanto, os profissionais de marketing tentam identificar os grupos de referências de seus mercados alvo. Assim podem influenciar nas atitudes e criar pressões que podem afetar sua escolha de produtos e marcas (KOTLER; KELLER, 2006). Para Bagozzi e Dholakia (1999), o consumidor quando acompanhado, tem sua percepção em relação ao consumo afetada pela opinião de quem o acompanha. Segundo os autores, isso ocorre, na medida em que as pessoas tomam decisões de comprar baseadas no que outros pensam ou no que elas acham que os outros vão pensar das suas decisões. Os chamados grupos de referência, que como descrevem Bagozzi e Dholakia (1999), são grupos compostos por pessoas com que há uma identificação, o desejo de parecer ou pessoas, ou até mesmo pessoas com as quais não gostaríamos de parecer ou ser (as denominadas referências negativas). 32 Solomon (2002), salienta que a influência exercida sobre o consumidor depende dos grupos no qual ele está inserido, depende do tipo de produtos e situações de compra, bem como da faixa etária dos indivíduos que compõem esse grupo. 2.1.4.2 A Influência da Família A família tem grande influencia no comportamento do comprador, e cada membro da família exerce influencia na decisão da compra. Como apontam Kotler e Keller (2006) se dividem em dois grupos: [...] Os membros da família constituem o grupo primário de referência de maior influência sobre o consumidor. Podem-se distinguir entre duas famílias na vida do comprador: a de “orientação”, que é formada pelos pais, e a de “procriação”, por esposa e filhos (KOTLER; KELLER, 2006, p.177). Nota-se a partir das opiniões de Engel, Blackwel e Miniard (2000); Solomon (2002) que a família é um dos principais determinantes no comportamento das pessoas, e por isso passa a ser a principal fonte na determinação de hábitos e costumes podendo agir como fator influenciador, decisor ou comprador num processo de compra. 33 2.1.4.3 O papel e status social Para compreender o papel e o status social e sua influência junto ao consumidor é importante assimilar a opinião de Giddens (1991), aponta que o papel social e status social em nenhum momento não se confundem ou podem ser tomados como sinônimos, pois apresentam influências diferentes junto ao consumidor. “Enquanto o papel social é determinado pelas normas preconizadas nas instituições e organizações da sociedade, o stauts surge no processo de individualização do indivíduo”. (GIDDENS, 1991, p.103) Segundo descreve Schiffman e Kanuk (2000), a posição em que cada grupo pertence é definido como papéis e status. Sobre estes, os autores abordam que em quase todas as sociedades os indivíduos tentam melhorar seu status social, a partir da aquisição de bens de consumo que o retratem. Na visão de Solomon (2002), o termo status define a idéia de que diferentes posições em um grupo ou sociedade apresentam diferentes valores para cada um, onde o nível mais alto representa o status mais elevado. Para Bacellar (2002), o papel social se define como o conjunto de ações realizadas pelo indivíduo na interação com outros indivíduos, Já o status, determinado pela posição que o indivíduo ocupa na sociedade e pelas expectativas daí decorrentes em relação ao comportamento (BACELLAR, 2002). [...] toda função social ou papel social desempenhado por um indivíduo leva associado certo status. O status é uma posição socialmente classificada. O papel social é o padrão de comportamento que se espera de pessoas que ocupam um determinado status. A estrutura social é um sistema organizado de papéis ou funções sociais, que definem as relações entre grupos e indivíduos (SOLOMON, 2002, p.124). 34 2.1.4.4 A influência da cultura sobre o consumidor Para Solomon (2002, p.371), a cultura é a “lente” através da qual as pessoas enxergam os produtos. Segundo o autor, os fatores culturais exercem a mais ampla e profunda influência sobre o comportamento do consumidor. Por meio dos papéis exercidos pela cultura, subcultura e classe social da compradora. De acordo com Kotler (2000, p.162) “a cultura é o determinante mais fundamental dos desejos e do comportamento de uma pessoa. As decisões de um comprador são também influenciadas por características pessoais, que incluem a idade e o estágio do ciclo de vida, ocupação, situação econômica, estilo de vida, personalidade e auto-estima (SCHIFFMAN e KANUK, 2000). Kotler e Keller (2006) corroborando com Engel; Blacwell; Miniard (2000), apontam que a cultura exerce uma influência considerável sobre os consumidores. A cultura tem efeito profundo em por que as pessoas compram. A cultura afeta os produtos específicos que as pessoas compram, assim como a estrutura de consumo, a tomada de decisão individual e comunicação numa sociedade (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000, p.397). Orienta Kotler (2006), que os profissionais de marketing, devem estar atentos às mudanças culturais dos consumidores para descobrir novos produtos que possam ser desejados por eles. Muitas subculturas criam importantes segmentos de mercado, e os profissionais de marketing geralmente elaboram programas de marketing e produtos sob medida para suas necessidades (KOTLER, 2006, p.178). O que se se observa é que cada consumidor apresenta fatores que devem ser considerados durante o processo de compra. 35 2.1.5 A influência dos fatores pessoais idade, ocupação e circunstâncias econômicas Para Kotler e Keller (2006, p.177) como “cada consumidor reage de uma forma diferente, sob estímulos iguais”, e isso acontece uma vez que cada pessoa é diferente uma das outras, é válido que os principais fatores pessoais que influenciam o comportamento do consumidor sejam conhecidos tais como idade, ocupação e Circunstâncias Econômicas. O consumo de produtos e serviços também depende da posição no ciclo de vida na qual o consumidor se encontra. Salienta Kotler (1998, p.168) “que as necessidades e os desejos das pessoas modificam-se ao longo de suas vidas”. Nesse sentido, Churchill e Peter (2003, p.162) comentam a existência dos ciclos de vida familiar, isto é, “conjunto de estágios pelos quais as famílias passam e que influenciam suas necessidades e a capacidade de satisfazê-las”. Inúmeras pesquisas psicográficas acerca da influência que o estilo de vida no processo decisório de compra, variáveis psicológicas são constantemente realizadas pelo mercado, a fim de identificar grupos de consumidores com estilos de vida semelhantes, de modo que seja possível oferecer produtos ou serviços que atendam a necessidades comuns. Nessas pesquisas, foram identificados alguns grupos em relação ao ciclo de vida que responde a postura de cada consumidor, apontados por Porter (2000, p.78): a) Modernizadores: que buscam atualizar-se constantemente, desenvolver. Possuem as boas coisas da vida, são sofisticados e bem-sucedidos; se 36 b) Realizadores: indivíduos maduros e guiados por valores internos, beminformados, tranqüilos, consumidores que buscam durabilidade, valor e praticidade; c) Empreendedores: indivíduos bem-sucedidos, voltados para o trabalho, dirigidos pelos valores do grupo social, consomem produtos que lhe dão imagem e status; d) Experimentadores: jovens que experimentam várias idéias, mas não têm outra orientação definida. Consumidores de som, vídeo, moda e fast-food. As tendências predominantes dos quatro grupos com menos recursos são: a) Lutadores: almejam o sucesso, consomem em função dos outros e têm recursos limitados para o consumo; b) Executores: indivíduos que gostam de construir e fazer coisas e consomem produtos relacionados a estas atividades; c) Sobreviventes: pessoas que buscam sobreviver com dificuldade. Seu consumo é limitado. d) Crentes: indivíduos conservadores, tradicionais, fielmente acreditam em marcas estabelecidas. Finalizando, cabe uma breve abordagem em torno das variáveis econômicas que são totalmente relevantes na hora do processo de compra e muito consideradas pelo consumidor, como: profissão, ocupação e circunstâncias econômicas, destacadas por todos os autores da área de marketing. Já em relação às variáveis ocupação e circunstâncias econômicas elas definem o status e poder aquisitivo e também definem claramente o consumo de produtos específicos. 37 A ocupação influencia o padrão de consumo de uma pessoa, por exemplo, um presidente de uma empresa comprará ternos caros, passagens de avião, títulos de clubes exclusivos e barcos luxuosos, enquanto que um operário comprará roupas e calçados de trabalho e marmitas. A escolha do produto também é afetada pelas circunstâncias econômicas: renda disponível (nível, estabilidade). As empresas de produtos sensíveis ao nível de renda prestam atenção às tendências de renda pessoal. Se os indicadores apontarem uma recessão, a empresa terá que reposicionar e reestudar os preços de seus produtos para continuar oferecendo valor aos seus clientes-alvo. 2.2 O processo de compra e a postura do consumidor Após serem levantados os fatores que podem influenciar a tomada de decisão por adquirir um produto, apresentar-se-á uma síntese do processo de compra. Churchil & Peter (2003, p.146), baseando-se na clássica teoria do processo decisório, descrevem o processo de compra do consumidor em cinco etapas: reconhecimento da necessidade, busca das informações, avaliação das alternativas, decisão de compra e avaliação pós-compra, sem contar com os fatores sociais, de marketing e situacionais já citados. Churchill e (2003), já apresentam o processo de compra dividindo suas etapas em conformidade com as influências sofridas pelo consumidor visualizados na FIG.03. 38 Processo de compra do consumidor (Churchill e Peter) Influências de Marketing Influências Sociais Reconhecimento da necessidade Busca de informações Avaliação das Alternativas Influências Situacionais Decisão de compra Avaliação pós-compra. Figura 3 - Modelo de processo de compra do consumidor Fonte: Churchill & Peter (2003, p.146). Adaptado O consumidor percorre por várias etapas até fazer escolhas sobre produtos e serviços para o consumo. Salienta Castro apud Blackwell (2003, p.53-54) complementa o processo descrito por Churchill e Peter (2003) e que pela importância não podem deixar de ser consideradas. • Reconhecimento do problema: É quando o consumidor percebe que existe uma necessidade a ser suprida que está lhe tirando o seu estado de equilíbrio, ainda que transitoriamente, e lhe causando desconforto. • Busca de Informações: Aquela que o consumidor recorre quando se quer saber de algum produto ou serviço. Pode-se recorrer à memória, para saber se já houve experiências anteriores ou então a fontes pessoais (amigos, parentes) e fontes públicas (Instituições ligadas a consumidores, revistas especializadas, etc). • Avaliação de alternativas: Este estágio é o que vai buscar informações e esclarecer problemas aos consumidores, por que sugere critérios para orientar a compra, cria nomes de marca que podem atender aos critérios buscados pelo consumidor e desenvolve percepções de valor. • Decisão de Compra: Depois de feita a busca de informação e avaliar as alternativas, a pessoa já está pronta a efetuar a compra. Devem-se levar em consideração três etapas importantes de decisão nesta fase, como: de quem comprar como comprar e como pagar. • Comportamento pós-compra, uso: É quando o comprador vai comparar o desempenho do produto ou serviço com expectativas anteriores, e se vai ficar satisfeito ou não quanto ao produto ou serviço (CASTRO apud BLACKWELL, 2003, p.54). Já Sheth; Mittal e Newman (2001), ao discutirem o processo decisório acrescantam em sua análise a modalidade de descarte, como visualizado na FIG.04 a seguir. 39 Reconhecimento do Problema Busca de informação Avaliação de Alternativas Compra Experiência pós compra Descarte Figura 4 - Processo de compra Fonte: Sheth; Mittal e Newman(2001) - Adaptado Em análise ao processo apresentado, os autores apontam que inicialmente, os clientes identificam o problema (necessidade) para em seguida obterem informações sobre as marcas renomadas ou conhecidas antes de decidir. Segundo os autores, as informações podem partir de propagandas, vendedores, displays em lojas, web sites das organizações, de amigos, conhecidos, ou mesmo de uma experiência anterior, e ainda, de fontes independentes (como profissionais especializados, jornais e revistas). Mas conforme destacam Schiffman e Kanuk (1997), mesmo sendo importantes, as fontes de informação acima citadas, destacam-se os grupos de referência que incluem “a família, amigos diretos e indiretos (como ídolos esportivos), classe social, subculturas específicas (como adolescentes), cultura pessoal (conhecimentos específicos e técnicos) e outras culturas” (SCHIFFMAN; KANUK, 1997, p.230). Na visão de Schiffman e Kanuk (1997), a compra é decidida depois de avaliada a opção mais vantajosa pelo consumidor. A experiência pós-compra é o penúltimo momento do processo vai possibilitar ao consumidor: avaliar a decisão da compra; identificar o grau de satisfação ou não, sendo que no último caso, este desiste de uma nova compra do produto. Em relação ao descarte, Blackwell, Minard e Engel (2005) definem o estágio de descarte como desfazer-se do bem ao jogá-lo fora diretamente ou através de troca, doação, reciclagem ou revenda. De acordo com os autores, neste último estágio do PDC, o consumidor já terminou de consumir o produto, que 40 passou a ter pouca ou nenhuma importância, valor ou utilidade para ele. Nesse caso, ele costuma ter três alternativas: o descarte completo, a reciclagem ou a revenda (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Como o descarte é a eliminação completa do produto ou do que restou dele. Blackwell, Minard e Engel (2005) evidenciam a revenda, última das opções de descarte, como a mais importante, uma vez que ela é realizada quando o produto ainda tem algum valor de uso e de troca, fazendo com que ele possa ser convertido em unidades monetárias e oferecido a outros consumidores. “Em alguns casos, ao invés de revender o produt o, os consumidores preferem trocar, o que também caracteriza uma das ações possíveis no Estágio de Descarte” (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005, p.123). 2.2.1 Estratégias de Marketing influenciando o consumidor: o poder do uso da imagem de um determinado produto. A imagem, enquanto representação é provavelmente o principal conteúdo do pensamento humano. Elas constituem um dos materiais intelectuais mais importantes do homem, sendo capazes de influenciar e direcionar o comportamento das pessoas. “E em se tratando de automóveis a imagem diz muito” (PIAGET, 1971). Damásio (1971), aponta que o conceito de imagem pode ser dividido em dois domínios: o domínio da imagem como representação visual: desenhos, pinturas, imagens televisivas, etc. Imagens nesse sentido são objetos materiais ou 41 signos que representam o ambiente visual, e o domínio imaterial das imagens na mente humana. Neste aspecto as imagens aparecem como visões, imaginações, esquemas, modelos e, em geral, como representações mentais. “A imagem designa um padrão mental que comunica aspectos das características físicas do objeto, e pode ser traduzida como pensamento” (DAMÁSIO, 2001, p.48). A visão da imagem de Piaget (1971) e Damásio (2001) leva a perceber o porquê das empresas investirem tanto no uso de propaganda dos seus produtos para conquistar consumidores. A imagem de produto significa a soma de convicções, atitudes e impressões que uma pessoa ou grupo tem sobre um objeto (companhia, produto, lugar, pessoa) (KOTLER, 2006). De acordo com Porter (2006), a imagem a partir das principais ênfases relacionadas a ela é utilizada para conquistar o consumidor: a) Ênfase geral: a imagem é a soma total das impressões que o consumidor recebe de muitas fontes. A definição genérica trata a imagem do produto como uma ampla abstração, enfatizando tanto a percepção do consumidor quanto a divergência entre a percepção e a realidade. b) Ênfase no aspecto simbólico: as pessoas compram objetos não somente pelo que eles podem fazer, mas também pelo que eles significam. As coisas que as pessoas compram têm um significado pessoal e social além de suas funções utilitárias. c) Ênfase na personificação do produto: os produtos possuem uma imagem de personalidade (personality image) assim como as pessoas. Essa personalidade da imagem não é determinada somente por características físicas do 42 produto, mas também por um conjunto de outros fatores tal como propaganda, preço e outras associações psicológicas e de marketing. d) Ênfase no significado ou mensagem: a imagem é uma interpretação, um conjunto de inferências e reações sobre o produto. A definição de imagem com ênfase na mensagem foca no significado subjacente que o consumidor atribui ao produto. e) Ênfase nos elementos cognitivos ou psicológicos: as imagens de produto são como um conjunto de idéias, sentimentos e atitudes que o consumidor tem sobre o produto. Na perspectiva cognitiva, a imagem é tratada como uma entidade externa e uma construção mental que inclui idéias, sentimentos, atitudes, conceitos mentais, entendimento e expectativa. Diante das ênfases descritas inúmeras pesquisas de mercado buscam sempre levantar respostas para os seguintes questionamentos: Por que algumas mensagens ou conceitos de produtos são melhores assimilados pelo consumidor? Por que algumas propagandas conseguem envolver o consumidor e outras não? Por que alguns produtos são aceitos por uma região e por outra não? Estas e outras questões podem ser parcialmente respondidas a partir da compreensão de como as pessoas formam as imagens dos objetos. Num estudo realizado por de Shapiro e Krishnan (2001) revela que em muitas situações de compra, principalmente compras de baixo envolvimento, em que a escolha do produto não envolve um esforço de recuperação da informação, a memória implícita é mais utilizada pelo consumidor. Assim, anúncios expostos anteriormente aos consumidores podem afetá-los na escolha de produtos sem o consumidor estar consciente da base de sua escolha. 43 Dessa forma, identifica-se que as imagens podem ser armazenadas, recuperadas e sobreviver a um maior espaço de tempo quando: 1. as imagens são repetidas e acessadas com uma certa freqüência; 2. a apreensão da informação ocorre de forma recente e espaçada ao longo do tempo; 3. as informações são organizadas de forma que tenham vivacidade, sentido e significado para o sujeito; 4. as proposições ou conceitos que farão referência a domínios do conhecimento concretos e familiares de forma que possam ligar a esquemas preestabelecidos; 5. as representações que mantêm laços estreitos com "problemas da vida", carregadas de emoção e envolvimento do sujeito (LÉVY, 2000, p.38). Shapiro e Krishnan (2001) salientam que é importante notar que as três operações básicas da memória: codificação, armazenagem e recuperação, não trabalham de modo seqüencial, tais processos interagem reciprocamente e são interdependentes. O sujeito retém melhor as informações quando elas estão ligadas a situações ou domínios de conhecimento que sejam familiares. “Quanto mais conexões o item a ser lembrado tiver com os outros nós da rede, mais numerosos serão os caminhos associativos e melhor a possibilidade de lembrança do objeto procurado” (SHAPIRO; KRISHNAN, 2001, p.32). Assim, analisando as considerações do autor, pode-se concluir que o indivíduo primeiro percebe e identifica as informações sobre o produto que quer adquirir, para em seguida armazená-las de acordo com o que considera como de maior relevância. Schuler (1999) faz considerações importantes sobre o conceito que o indivíduo forma de um objeto. Para autora, o conceito formado passa a funcionar, para o indivíduo, como um conjunto de dados interligados, “de forma que cada vez que ele pensa no núcleo central deste conceito, vários dados são imediatamente lembrados, por fazerem parte muito ativa do modelo mental que representa o objeto para este indivíduo” (SCHULER, 1999, p.23). 44 2.2.2 Quando as emoções interferem no processo de compra De acordo com a literatura, uma das maneiras de se avaliar a experiência de consumo é considerando-se os sentimentos produzidos com a compra ou consumo do produto Blackwel; Miniard e Engel (2005); Mowen e Minor(2006), podendo os mesmos ser positivos ou negativos. Qualquer experiência de consumo é capaz de evocar emoções, embora isso dependa de muitos aspectos situacionais. Allen et al. (1992) avaliaram a influência de emoções tanto na atitude como no comportamento, e comprovaram a influência direta em ambos os casos, além da mediação da atitude na relação entre emoções e comportamento. Nas palavras dos autores, “as emoções podem ter uma influência direta no comportamento que não é capturada pelo julgamento de atitude” (ALLEN et al., 1992, p.500). Logo, o que se evidencia é que o impacto direto das emoções na intenção de compra de um produto é decorrente das avaliações que o consumidor faz acerca dele e as toma como referência, influenciando diretamente no momento final de escolha. Na propaganda de um produto, apelos ou argumentos são comumente utilizados e tem um papel fundamental na intenção de atrair os consumidores. Estudiosos afirmam que a efetividade da propaganda está relacionada ao seu poder de convencer o público a escolher seu produto (VAKRATSAS E AMBLER, 1999). Segundo Martins (1997) a marca de um produto apresenta duas dimensões de marca: a funcional e a emocional, e para seduzir o consumidor é imprescindível a elaboração de propagandas específicas visando atender as 45 respectivas necessidades de seus consumidores, levando em conta o papel das dimensões das marcas nesse processo. O objetivo fundamental da propaganda é criar a ideia de algo e estimular o desejo para sua aquisição, o que pode ser feito através de dois caminhos: “oferecer” o serviço com objetividade e fidelidade, ou sugestionar e atrair a atenção para ele. Sendo assim, a propaganda é composta por dados objetivos e subjetivos, “vendendo” o serviço, seja pela razão ou pela emoção (MARTINS, 1997, p.108). Martins (1997) identifica, então, três bases de argumentação que compõem a comunicação publicitária das empresas se configuram em: Argumentos lógico-racionais ou referenciais: cujo objetivo é demonstrar a utilidade prática do produto; Argumentos lógico-emocionais: explora o componente emocional das pessoas, os sentimentos naturais e até os aspectos inconscientes; Argumentos mistos: é uma mistura dos dois argumentos acima mencionados (MARTINS, 1997, p.18). Conforme esclarece Martins (1997), mesmo diante de bons argumentos, não se pode deixar de considerar que no momento de decisão de um processo de compra, é a percepção positiva do consumidor que de modo favorável avalia o produto, é que efetiva a compra. Segundo o autor, uma percepção negativa por parte do consumidor o levará a fazer uma avaliação desfavorável do produto que almejava. Para Martins (1997), as pessoas normalmente acabam fazendo suas avaliações com base nos seus sentimentos momentâneos em relação ao que querem adquirir. O autor defende então a utilização de argumentos mistos capazes de influenciar o consumidor na hora da compra, um papel destinado aos profissionais de marketing e vendedores (MARTINS, 1997). De acordo com Vakratsas e Ambler (1999), o tipo de apelo, ou argumento, utilizado para atrair o consumidor tem um papel fundamental na efetividade da compra. Estudiosos afirmam que a efetividade de uma boa 46 propaganda está relacionada ao seu poder de convencer o público a escolher seu produto. Para Martins (1997) o uso da propaganda como instrumento de argumentação com o consumidor encontra defesa, na sua característica de estimular o desejo de aquisição de um determinado bem. Orienta o autor que essa estratégia pode ser efetivada através de dois caminhos: “oferecer” o serviço com objetividade e fidelidade, ou sugestionar e atrair a atenção para ele. Sendo assim, a propaganda é composta por dados objetivos e subjetivos, vendendo o serviço, seja pela razão ou pela emoção. 2.3 Análise de gênero: Mulher Barletta (2006) comenta que no início da década de 1960 e durante a década de 1970, o ingresso das mulheres na força de trabalho foi considerado uma das mudanças mais drásticas do século XX. Como consequência dessas mudanças, a renda, a atitude e o estilo de decisão das mulheres mais jovens variaram significativamente em relação às suas predecessoras. Atualmente as mulheres representam uma parcela significativa no mercado de trabalho e também contribuindo no orçamento familiar, percebe-se que mulheres tornaram-se independentes no aspecto financeiro (BARLETTA, 2006). Segundo Engel; Blackwell e Miniard (2000), o consumidor feminino antes lembrado pelos profissionais de marketing por causa do volume de produtos que consomem; hoje é visto como alvo potencial de investimento, dada a mudança 47 comportamental das mulheres que se tornaram independentes, mais participativas nas decisões e pela movimentação que trouxeram ao mercado de consumo. Na opinião de Popcorn e Marigold (2000): A evolução através da mulher é uma série de axiomas de marketing construída em torno da realidade de que as mulheres e homens são tão diferentes “compra lógica” quanto biologicamente. [...] A evolução através da mulher mudará para sempre o modo como produtos e serviços são desenvolvidos, comercializados e distribuídos. (POPCORN e MARIGOLD, 2000, p.26). A mulher do século XXI é mais descolada, detalhista, interativas, observadoras e acima de tudo atenta no que fazem e o que passa ao seu redor. E diante desse novo perfil, muitas vezes o seu poder de compra é superior ao do homem principalmente nos dias de hoje, onde as facilidades para adquirir produtos estão cada vez maiores (POPCORN e MARIGOLD, 2000). .Ainda em Popcorn e Marigold (2003, p.58) “as mulheres compram ou influenciam na aquisição de 80% de todas as mercadorias de consumo”. Além disso, outros dois bens, anteriormente de poder aquisitivo masculino, estão caindo consideravelmente nas mãos das mulheres: o automóvel e a posse de ações. Na visão das autoras, cerca de “48% dos investidores do mercado são do gênero feminino”. Pode-se visualizar que com o passar dos anos a mulher mudou sua imagem por meio da conquista de independência financeira e deixou de ser vista somente como dona-de-casa. Ao assumir espaços nas diversas áreas de atuação a mulher passou adquirir bens de consumo graças à sua ascensão profissional. Segundo Barletta (2003, p.40): “[...] as mulheres ganham e possuem mais hoje em dia do que em qualquer outro período anterior da história – e o seu poder financeiro está crescendo aceleradamente”. 48 Barletta (2003) aponta que cerca de 50% da população mundial é constituída por mulheres, sendo assim, fica explícito que no contexto econômico, o segmento feminino não deve ser desconsiderado quanto se lança um produto no mercado. Uma vez que cresce o número de mulheres que compram produtos que antes só interessava aos homens. A mulher contemporânea saiu de casa e conquistou o mercado de trabalho, até então, exclusivamente masculino, provando ser capaz de gerenciar e administrar com competência e responsabilidade; ativa, participante e exigente transformou-se no maior segmento de consumidores do mercado atual (BARLETTA, 2003, p.40). A essência da mulher contemporânea é a do ser que se adaptou a multifunções: mulher-família (mãe e esposa), mulher-pessoa, mulherprofissional e, em muitos casos, a de principal provedora do lar, portanto, preocupada com seu bem-estar e o dos outros. Essa nova postura transformou-a em uma cidadã bem informada, com um estilo de vida independente e com capacidade de decisão nos assuntos familiares (BARLETTA, 2003, p.40). Popcorn e Marigold (2000), afirmam que o comportamento da mulher é uma questão de genética. Mulheres observam o mundo por meio do feminino, são acostumadas, desde sempre, com a cumplicidade com outras mulheres e sua capacidade de trocar experiências e informações. Já Gobé (2002) vê as mulheres como seres altamente sensíveis a emoções. E, como pessoas e como consumidoras, apreciam o relacionamento. Mulheres gostam de sentir que o vendedor está interessado em saber do que ela precisa, do que ela gosta e, principalmente, o que combina com ela. Um vendedor que não se envolve que não dá palpite e que deixa a mulher se sentindo “sozinha” na compra dificilmente conseguirá atraí-la novamente. O segredo está no equilíbrio. Também não adianta tentar empurrar o produto quando ela já esboçou que não gostou ou que não é aquilo que ela estava procurando (BARLETTA, 2006, p.152). Defende Barletta (2003) que as mulheres têm hoje em dia muito mais autoridade e responsabilidade na casa do que alguma vez tiveram. O que 49 funcionava no passado com o público feminino já não produz os mesmos efeitos. As mulheres se tornaram mais resistentes e impermeáveis à publicidade e ao típico pensamento das empresas, em que pensam que apenas mudando a cor de um produto e colocando-o a um preço superior, fará com que elas tentem desesperadamente obtê-lo. “Pura ilusão. Isto pertence ao passado, [...]. O que elas procuram é inovação, tecnologia, arrogância, design, humor, sofisticação, elegância, irreverência, audácia, o que elas pretendem é ser surpreendidas” (BARLETTA, 2003, p. 32). Barletta (2006) explica que a chave para criar programas de marketing para mulheres é entender o que elas valorizam. Torna-se essencial buscar formas de ouvir as mulheres e conhecer sobre seu comportamento, de modo a auxiliar o processo de desenvolvimento de produtos, serviços e estratégias de mercado, para melhor atendê-las. Para a autora, isso ajuda as empresas a resolverem de forma efetiva os desafios impostos pelo do mercado e adaptarem-se a esse novo perfil de consumidor e de consumo. De acordo com o estudo da TNS InterScience, empresa do segmento de pesquisas customizadas, no site InfoMoney apud ADMINISTRADORES.COM, 2006), em estudo realizado em torno da mulher consumidora, “ O consumidor do futuro é mulher, tem em média 32 anos e é solteira. [...]. Esse público é o tipo de consumidor normalmente receptivo a novas marcas, as quais costuma divulgar em seus círculos sociais”. Elas são quatro vezes mais propensos a adotar inovações, são atentas a lançamentos e demonstrações nos pontos-de-venda, [...] valorizam a criatividade, não dispõem de tempo, preferem lojas especializadas e pequenas, são adeptos da customização (adaptam os produtos às suas necessidades) e têm preocupação com a ética e com o meio ambiente (ADMINISTRADORES.COM, 2006, p. 1). 50 Os autores Popcorn e Marigold (2003) em seu estudo em torno do comportamento do público feminino levantaram “oito verdades” sobre o marketing direcionado às mulheres, a saber: a) 1ª Verdade: é que mulheres se comunicam, trocam informações sobre produtos e serviços para então efetuar sua escolha. b) 2ª Verdade: As mulheres por apresentarem habilidade em executar várias tarefas, optam por produtos e serviços que as ajudem a facilitar sua vida com ganho de tempo. c) 3ª Verdade: A mulher gosta de perceber que o mercado se direciona aos seus desejos e necessidades de forma a antecipar seus pedidos. d) 4ª Verdade: Como a mulher detém da capacidade de captar pequenos detalhes que considera relevantes em uma escolha. É importante que o profissional de Marketing invista nos detalhes para seduzi-la na hora de compra. e) 5ª Verdade: A mulher valoriza e enaltece produtos e serviços que correspondem às suas expectativas. f) 6ª Verdade: A influência da mulher no momento da compra ganhou força, influenciando nos hábitos de compra de seus filhos, uma vez que mães por buscarem o melhor para os filhos são vistas como fontes segura de opinião. g) 7ª Verdade: Mulheres em geral quando as consumidoras aceitam uma marca, produto ou serviço, permanecem fiéis a ela. h) 8ª Verdade: Observadoras, mulheres dão importância a detalhes que vão de logomarcas às campanhas publicitárias informativas de um determinado produto. Em geral, esperam informações detalhadas para então se posicionarem a favor ou contra um determinado produto. 51 Apesar dos autores acima assumirem estas condições como “verdades”, é natural que a mulher enquanto ser humano seja muito mais complexa, inteligente e sofisticada do que supõe estas “verdades” (POPCORN e MARIGOLD, 2003). A literatura acadêmica tem sido pródiga em identificar e avaliar os diversos níveis de satisfação, inteligência, sensibilidade e complexidade do gênero mulher. Conforme destacam Artoni et. al.(2010, 01), é fato incontestável que o comportamento das mulheres durante o processo de compra tem sofrido mudanças, graças ao seu crescente poder aquisitivo decorrente das alterações nos papéis sociais, e o mercado automobilístico não está alheio a essas condições, tanto que os automóveis estão sendo criados e fabricados para atender a esse nicho que cresce e torna os produtos cada vez mais qualificados e adaptados à sua realidade. Mulheres querem ter um plano cuidadosamente elaborado, querem ser ouvidas, querem ser levadas a sério. O público feminino tem afinidade com o ato da compra, procuram prazer, detalhes e informações. O preço das mercadorias para elas já não é o fator de maior peso na decisão de compra. Mulheres são pacientes e não economizam tempo para encontrar exatamente aquilo que desejam. (BARLETTA, 2003, p.32). Domingues, sócio-diretor da Sense Envirosell – empresa de pesquisa especializada em comportamento do consumidor apud Brum (2004( diz que a mulher passou a fazer parte de todo o processo econômico do país, conquistando poder de compra, e com isso, acumulando também as funções de provedora e gestora da economia doméstica. Existiam dois estereótipos de mulher: a que geria a economia do lar, guardando o que sobrava da feira no bule, para alguma necessidade; e a gastadora, que não tinha a menor noção do dinheiro. À medida que a mulher entrou no mercado de trabalho, ambas entraram em extinção. Hoje, ela também ganha o dinheiro, administra, e decide em que vai gastá-lo. A mulher se tornou uma consumidora de peso, em todos os sentidos (DOMINGUES, apud BRUM, 2004, p. 73). Miranda (2007) apresenta dados estatísticos contundentes que colocam em xeque essa imagem ultrapassada da mulher sexo frágil, provando que o 52 mercado mais do que nunca deve se posicionar de acordo com as suas opiniões também. No Brasil, as mulheres respondem ainda por 94% das compras de mobiliário doméstico, 92% dos pacotes de viagens, 88% dos planos de saúde, 82,3% das decisões de compra de itens de alimentação familiar, 67% das escolhas das opções de lazer, entretenimento e 53% dos serviços bancários e compra de eletrônicos. Se não bastassem todos estes dados, em 51,22% das vezes quem decide o que o homem veste é a mulher (IBGE apud MIARANDA, 2007. 34). No contexto brasileiro, a mulher contemporânea, de acordo com Carvalho (2003, p. 1) vem colocando abaixo o mito da “Cinderela”. A mulher moderna, segundo o autor “não espera mais o Príncipe com o sapatinho na mão. Ela, agora, escolhe e compra o próprio sapato”. O que coloca de forma contundente que a mulher não espera por opiniões masculinas na hora de comprar um bem de consumo. “Visualiza-se que a mulher consumidora deixou de ser passiva e se tornou muito exigente e reivindicativa. [...] “ (ASSAD, 2007, p.2) Outro ponto a ser enaltecido no comportamento da mulher na hora da compra é a propaganda que ela faz sobre o bem adquirido, ressalta Barletta (2003, p. 47). “Como o boca a boca predomina entre as mulheres, elas têm mais tendências a recomendar a outras pessoas as marcas ou vendedores que as impressionam favoravelmente”. 2.3.1 O comportamento das mulheres durante o processo de compra Descreve Bacellar (2002) que homens e mulheres sempre desempenharam papéis distintos dentro da sociedade, a partir das transformações 53 sociais, culturais e econômicas, com destaque para o crescimento exponencial da taxa de trabalho feminino. Muitos estudos foram realizados para identificar as diferenças no comportamento de consumo entre homens e mulheres (BACELLAR, 2002). Ao estudar o comportamento dos consumidores durante quase duas décadas em diversos tipos de organizações de varejo, Underhill (1999), fez apontamentos bastante relevantes quanto ao comportamento de homens e mulheres durante o processo de compras. Relata o pesquisador que já no ponto de venda se manifestam as muitas diferenças entre os sexos. Na análise de Underhill (1999), as mulheres durante as compras são envolvidas por sentimentos de prazer e satisfação, ao passo que os homens são envolvidos pelo desafio de serem convencidos a compram. Para as mulheres, as compras envolvem aspectos psicológicos e emocionais ausentes na maioria deles. Os homens andam sempre mais rápido que as mulheres pelos corredores das lojas e gastam menos tempo olhando e dificilmente se fixamem algo que não têm intenção de comprar. Eles normalmente não gostam de perguntar onde estão as coisas ou de fazer qualquer outra pergunta. (UNDERHILL, 1999, p. 91). Segundo o autor, 86% as mulheres são mais atenciosas, consultam os preços ao fazerem as compras, buscam melhor preço. Ao passo que os homens 72% apresentam essa capacidade. Como resultado dessa pesquisa Underhill (1999) aponta que a compra média dos homens tem um valor mais elevado que a das mulheres. “Eles também são muito mais sugestionáveis do que as mulheres – os homens parecem tão ansiosos por sair da loja que dizem sim para quase tudo”, aponta Underhill (1999, p. 91). 54 As mulheres exigem mais do que os homens dos ambientes de compra. Os homens simplesmente querem lugares onde consigam encontrar o que precisam com o mínimo de procura e, depois, sair rapidamente, já que sentem menos prazer no passeio. As mulheres são geralmente mais pacientes e indagadoras, sentindo-se completamente à vontade em um ambiente de vendas. Elas gostam de estudar os produtos antes de comprar, sobretudo se for um produto novo no mercado (UNDERHILL, 1999, p.9192). Na visão de Boles (2003 apud GUTTERRES et al, 2003) as principais diferenças de comportamento entre homem e mulher centram-se no fato dos homens utilizarem a linguagem não verbal sem conseguir focar em único tema, enquanto que as mulheres necessitam verbalizar para transmitir as mensagens e conseguem captar uma quantidade maior sobre produtos em um ambiente de vendas. No momento da compra, se houver duas opções de produtos equivalentes, a consumidora escolherá a alternativa que expressa e representa valores mais positivos (IMADI, 2009). Para compreender as diferenças do comportamento entre homens e mulheres ao fazerem suas escolhas por produtos/serviços, ao longo das décadas, muitas pesquisas foram realizadas, com o intuito de levantar quais são os atributos desejados e as marcas de referência de cada um, de modo a orientar o mercado (BACELLAR, 2002). Os estudos concluem que menos seletivo do que as mulheres, o consumidor masculino leva mais em conta o custo-benefício do que o preço em si, como descrito por Boles (2003). MULHERES Gentis enquanto compram Têm um campo de visão mais amplo,conseguem perceber vários itens mais facilmente Preferem uma parada única e demorada para várias compras. HOMENS Irritam-se fazendo compras, encaram compras como uma atividade militar Têm visão tipo “túnel” conseguem fixar um objeto longe, mas tem dificuldade em localizar rapidamente um objeto quando este está no meio de outros. Têm comportamento de “caça e coleta”, ou seja, à medida que vão identificando o que 55 Gostam mais de gastar com serviços médicos, presentes, necessidades de casa, atividades de caridade, brinquedos e roupas para crianças. querem eles vão fazendo a seleção e compra, tendem a comprar em mais ambientes do que as mulheres. Priorizam gastar com entretenimento, comidas e bebidas, artigos esportivos, videogames, computadores e artigos eletrônicos. Quadro 3 . Características do processo de compra de homens e mulheres. Fonte: Boles (2003) Segundo pesquisas já realizadas acerca do processo de compra e comportamento entre homens e mulheres, tornou possível atestar que as mulheres são guiadas mais pelo sistema emocional e os homens, pelo racional. Inclusive ao fazerem compras. Isto acontece desde o início dos tempos, pois as mulheres, desde pequenas, aprendem a conversar para buscar a solução dos seus problemas, ou mesmo, para desabafar. Já os homens procuram ficar só para poder refletir sobre a resolução das suas dificuldades (GRAY apud POPCORN; MARIGOLD, 2000, p. 40). Para Persona (2007), a mulher é hoje o alvo mais importante da indústria dirigida ao consumidor final. Além de aproximadamente metade dos lares brasileiros serem hoje dirigidos por mulheres, em todas as situações elas têm um enorme poder de decisão na compra. Por sua própria natureza, as mulheres são também grandes compradoras por causa de sua capacidade de atenção pulverizada. Enquanto o homem é focado e provavelmente sai para comprar como quem sai para caçar -tendo um alvo só em mente --, a mulher tem um comportamento mais extrativista, mais de coleta, o que a leva a sair em busca de muitas coisas por ter também um espectro maior de interesses, como beleza, saúde, casa, filhos e até as necessidades do marido. São poucos os homens que compram para suprir necessidades da mulher, mas são muitas as mulheres que compram para suprir necessidades do homem. Daí seu extraordinário poder de compra e consumo. (PERSONA, 2007, p. 4). Corroborando com Boles (2003), Persona (2007) aponta que As mulheres não analisam apenas o uso imediato daquilo que compra, mas tem uma visão muito mais holística dos desdobramentos daquela compra. 56 A mulher também pensa em mais pessoas que poderão ser beneficiadas pela sua compra [...]. Por isso, de um modo geral, a mulher é sempre mais preocupada com as conseqüências de uma compra, e isso inclui a melhor relação custo-benefício. (PERSONA, 2007. P. 5). Para Assad (2007), a mulher tem mais sensibilidade, consegue identificar valores que passariam despercebidos à maioria dos homens. Apesar das emoções, o produto em si é muito importante. “Elas são muito racionais na hora de avaliar resultados. A mulher confere, compara. O homem, por ser mais conservador no consumo, não é tão propenso a experimentar novidades” (ASSAD, 2007, p. 2). Barletta (2006, p.151) diz que “mulheres são clientes com alto poder de observação. São mais analíticas, não querem saber apenas o preço, mas também quais são as garantias agregadas”. Já que pesquisam mais e se tornam clientes uma vez fidelizadas, se tornam abertas à absorção de novos produtos, uma vez que seu universo de consumo é amplo. (BARLETTA, 2006, p.151). Barletta (2003) orienta para a mudança do jeito de olhar a mulher que compra. “Apesar de antigas crenças absolutas e imutáveis, possuímos agora dados científicos e comprovados que confirmam a existência de diferenças significativas entre homens e mulheres” (BARLETTA, 2003, p.51). Para a autora, além dos fatores biológicos, as pressões sociais, também auxiliam nessas diferenças, com isso, as empresas devem conhecê-las mais a fundo, para então trabalhar basicamente em cima destes pontos em boas estratégias de marketing. Uma vez que o marketing não é tão eficaz para homens como para mulheres. “Homens e mulheres requerem abordagens diferentes, elas estão mais voltadas para o grupo e para o longo prazo” (BARLETTA, 2006, p.151). Corroborando com Barletta (2003), Simões (2006) defende que as mulheres estão à procura de tudo que os homens estão e mais um pouco. 57 Logo, são mais exigentes, tornam-se mais minuciosas e criteriosas que os homens no ato da compra; querem produtos que ofereçam mais do que a sua exigente lista foi capaz de elencar e insistem em saber os detalhes. O objetivo é saber como os produtos e serviços facilitarão as suas vidas (SIMÕES, 2006, p. 49). Frisam Underhill (1999); Del-Vecchio; Bronnemann(2007) que o conjunto de prioridades, comportamentos e atitudes, e preferências do público feminino são diferentes de qualquer outro público. Para os pesquisadores “Mulheres comparam benefícios do produto, reúnem informações e só então decidem consumir” (UNDERHILL, 1999; DEL-VECHIO e BRONNEMANN, 2007). Diante do levantado, percebe-se que quando se trata numa nova aquisição ou compra, os homens procuram uma boa solução, enquanto que as mulheres procuram resposta perfeita. “Esta procura das mulheres pela perfeição torna-as relutantes em comprar até que todos os cenários e opções possíveis tenham sido explorados” (BARLETTA, 2003, p.150). Considerando diferenças de gênero, os profissionais devem canalizar estas diferenças de forma a criar vantagens para o marketing, e não pode de forma alguma ignorar este perfil. Para Barletta (2003, p.47): “É preciso focar a campanha de marketing em públicos geradores de comentários”. O que público feminino compra e vende, ou seja, quando estão satisfeitas com os produtos e serviços falam para outras pessoas, sejam estas homens ou mulheres. Por isso, as empresas devem voltar- se a este segmento em especial, no qual cada “nova consumidora conquistada provoca um efeito multiplicador de vendas direcionadas e negócios extras” (BARLETTA, 2003, p.47). Em relação à Indústria Automobilística e a atenção à nova categoria de consumidor: a Mulher pode-se encontrar opiniões relevantes. 58 De acordo com Perez (2008) a influência do público feminino na decisão de compra de carros chega em torno de 80% e 90%, dos casos de venda, e a maneira diferenciada como a mulher vê e se relaciona com o automóvel, pesa na hora da compra. Enquanto o homem enxerga o lado "carrão", destacando potência, ronco do motor, rodas de liga leve e outros detalhes que remetem mais ao exterior do veículo, a mulher se preocupa mais com itens mais funcionais e objetivos, como consumo de combustível e facilidades internas, como boa quantidade de porta-objetos ou a presença de luz no espelho do pára-sol (PEREZ, 2008, p.1). Miranda (2007, p. 2), ao analisar o mercado automobilístico com maior participação das mulheres na aquisição de automóveis, aponta que a indústria brasileira está atenta a essa movimentação: “Hoje, as mulheres influenciam 70% das decisões de compra e 43% das compras efetivas de carro são feitas por mulheres, e a indústria automobilística está atenta a isso” (MIRANDA, 2007). Concordando com Miranda (2007), Persona (2007), complementa apontando que as escolhas das mulheres sempre têm relação lógica uma com as outras. [...] até mesmo a indústria automobilística e de produtos eletro-eletrônicos acompanha os grandes desfiles de moda para saber quais serão as tendências de cores para o ano seguinte. Essas tendências no vestir têm um grande impacto na escolha das cores dos carros e eletro-eletrônicos porque elas traduzem o gosto estético da população feminina, (PERSONA, 2007, p. 4). Conforme descreve Brum (2011), tal qual, outros setores, o setor automobilístico já percebeu a força da mulher consumidora. A autora aponta que as grandes montadoras já criam produtos direcionados ao público-feminino, atendendo às principais solicitações presentes nas pesquisas de mercado. 59 A Volvo apresentou no último salão de automóveis da Genebra, na Suíça, o modelo YCC, feito e gerenciado por elas e pensado para elas – afinal, nada melhor de que colocar quem entende do assunto para atender consumidores tão exigentes. Nisso, a Volvo tem tradição. Desde a década de 80 um grupo feminino já tinha sido formado na empresa para testar e avaliar os novos modelos. Paparicos assim se justificam: hoje, as mulheres representam 54% dos compradores da Volvo Car nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, empresas como Ford, Chevrolet, Renault e Citröen também vêm buscando agradar as consumidoras e sua tripulação com diferenciais e linhas, digamos, mais femininas. A advogada Fátima Villarinho proprietária de um Citröen Xsara conta que certos detalhes pesaram na sua escolha. "O carro tem bandejinhas atrás para o lanche das crianças, ar-condicionado para o banco traseiro, além de ser espaçoso. (BRUM, 2011, p. 1) Aponta Miranda (2007) analisando a mulher consumidora, que no Brasil temos um cenário de domínio da mulher mais consolidado em relação ao consumo. A mulher brasileira forma o 10º maior mercado feminino do mundo, responsável por 62,9% do PIB de 2009. A mulher da classe C, principalmente, é ainda mais forte como consumidora e ganhou espaço em mercados tradicionalmente masculinos, como na compra e manutenção de automóveis. 36% dos gastos no segmento de serviços automobilísticos estão nas mãos das mulheres, 42% dos carros novos vendidos no Brasil pertencem ao público feminino e cerca de 30% das aquisições feitas pelos homens têm influência direta das mulheres, segundo pesquisa da fabricante Renault, realizada com sete mil pessoas em vários estados. (MIRANDA, 2011, p. 1). Para Domingues (apud BRUM, 2011) “não é só o poder de compra e decisão que faz da mulher uma consumidora especial, também existe um perfil” Ao tentar analisar as mulheres na hora da compra Barletta (2003) expõe que não se trata de as mulheres exigirem melhores produtos e serviços que os homens. É que as mulheres enfrentam mais problemas para conseguir o que querem, por isso colocam na balança os prós e contra da aquisição de um determinado bem. . As mulheres, explica Barletta (2003, p.49), querem a “solução perfeita”. 60 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Segundo Bianchi et al.(1998,p. 37) metodologia é um “conjunto de instrumentos que deverá ser utilizado na investigação e tem por finalidade encontrar o caminho mais racional para atingir os objetivos propostos, de maneira rápida e melhor”. Assim, este capítulo descreve os procedimentos utilizados para a realização da pesquisa, tendo como base a fundamentação de autores referenciados em estudos científicos, compreendendo os seguintes subitens: caracterização da pesquisa; amostra e coleta de dados e a estratégia de análise de dados. 3.1 Caracterização da Pesquisa A pesquisa proposta pode ser classificada, quanto aos fins, como uma pesquisa descritiva, uma vez que buscou perceber um fenômeno em um terminado contexto social. Para Gil (2002, p.103) a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de determinadas populações ou fenômenos. Segundo Vergara (2007, p.47), a pesquisa descritiva expõe as características de determinada população ou fenômeno, estabelece correlações entre variáveis e define sua natureza. 61 Quanto aos meios, esta dissertação caracterizou-se como uma pesquisa bibliográfica e um estudo de caso. A pesquisa bibliográfica foi realizada a partir do exame de livros e artigos científicos para levantamento e análise especialmente sobre o comportamento do consumidor, que se assumiu como tema de pesquisa científica. A pesquisa empírica foi configurada como um estudo de caso realizado em uma concessionária da marca FIAT na cidade de Sete Lagoas/MG. Yin (2005, p.32) assim define o estudo de caso: Uma investigação empírica que: - investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. A investigação de estudo de caso: - enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados e, como resultado, - baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo e, como outro resultado, - beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados (YIN, 2005, p. 32-33). É importante salientar inicialmente que a escolha das técnicas de pesquisa selecionadas para o alcance do objetivo geral deste estudo, ocorreu após aprofundamento das opções disponíveis para coleta de dados, para então escolher a melhor técnica que de forma eficiente levantasse os dados necessários. 3.2 Amostra e coleta de dados A amostra selecionada para a pesquisa proporcionou condições adequadas para a produção de um conhecimento consistente sobre comportamento delas em relação ao processo de compra do automóvel pessoal. o 62 Foram selecionadas 89 mulheres, que compraram seus automóveis que no período de julho/agosto/setembro do ano de 2011, consumidoras com idade entre 21 a 55, compradoras dos modelos novos anos 2009/ 2010/2011 lançados pela FIAT. Conforme Vergara (2007) orienta, a coleta de dados, para levar ao alcance dos objetivos de pesquisa, deve informar o que o pesquisador pretende obter dos dados para responder o problema detectado e que motivou a pesquisa. Diante disso, foi elaborado um instrumento estruturado sobre a forma de um questionário com perguntas fechadas, de natureza não disfarçada, buscando atender aos propósitos da pesquisa, notadamente aos seus objetivos específicos. Cada bloco de perguntas objetiva obter respostas para os elementos essenciais do processo decisório das compradoras de automóveis (APÊNDICE A). Cada entrevista durou em média de 25 minutos, conforme planejado. O processo consistiu dos seguintes momentos: a) As entrevistas realizadas no momento após as compras pelas clientes, ainda na concessionária; b) Com a cessão dos endereços das clientes pela concessionária, esta pesquisadora procurou cada entrevistada em suas casas ou locais de trabalho. As entrevistadas, conforme percepções desta pesquisadora não se sentiram constrangidas a responder ao questionário e demonstram gentileza e cortesia em proporcionar as respostas necessárias ao estudo. Para levantar o comportamento de compra das entrevistadas, foram utilizadas as seguintes variáveis, além do perfil demográfico: perguntas relativas aos fatores determinantes do processo de compra, às características valorizadas neste 63 processo e os fatores de influência pessoal, segundo o modelo teórico utilizado nesta pesquisa, conforme são apresentados a seguir (QUAD 3. 4. 5 e 6): Construto Indicador RN1 Reconhecimento RN2 da Necessidade RN3 LA1 Levantamento de LA2 Alternativas LA3 Fator 1. Eu mesma constatei a necessidade de comprar um carro novo 2. Não considero importante que outra pessoa me diga se necessito comprar um carro 3. Normalmente analiso as minhas próprias condições econômicas para comprar um carro 4. Normalmente sou bem consciente dos aspectos do carro que quero comprar 5. Para levantar as características do carro que quero comprar, pergunto ao meu marido/companheiro ou familiar 6. Para levantar as características do carro que quero comprar, busco informações na internet ou concessionária 7. Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar, eu consulto meu marido/companheiro ou familiar 8. Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar, Avaliação de AA2 busco informações na internet ou concessionária Alternativas 9. Eu posso avaliar sozinha, as características do automóvel que AA3 quero comprar DC1 10. Na hora da compra eu prefiro ir sozinha à concessionária 11. Normalmente fico muito bem informada dos aspectos técnicos DC2 e de design do carro antes de comprá-lo Decisão de 12. Considero importante, mas não essencial outras pessoas irem Compra DC3 comigo à concessionária 13. Sou negociadora independente e posso comprar sozinha um DC4 automóvel 14. Não tenho receio de me arrepender da compra do automóvel APC1 que faço Avaliação Pós15. Normalmente avalio os aspectos técnicos e de design do APC2 compra automóvel que eu compro 16. Normalmente eu falo bem ou mal do automóvel ou APC3 concessionária que me decepciona RV1 17. Na hora de revender o carro eu busco um comprador particular 18. Para a revenda de carro eu conto com o apoio de meu Descarte ou RV2 marido/companheiro ou de um familiar Revenda 19. Eu procuro cuidar muito bem de meu automóvel e ficar com ele RV3 por muitos anos Quadro 3 ´Construtos, indicadores e fatores do modelo utilizado Fonte: Elaborado pela autora AA1 64 Características Valorizadas Preço Confiança na marca (qualidade) Marca mais conhecida/mais vendida Design externo (aparência) Características técnicas do carro Potências do motor Itens de segurança Acessórios internos Espaço interno Atendimento no momento da compra Tamanho do porta-malas Garantia do fabricante ou vendedor Cor disponível /modelo Status Condições de financiamento Desempenho Preço das peças de reposição Valorização na revenda Quadro 4 - Características valorizadas na hora de comprar um carro Fonte: Elaborado pela autora Considerações A propaganda do produto Referência de terceiros Test-drive realizado no produto A argumentação do vendedor Quadro 5 - Considerações que as mulheres optaram ao comprarem o automóvel Fonte: Elaborado pela autora Influências A marca O modelo Opinião de terceiros O desejo pelo produto A argumentação do vendedor Sua opinião própria As vantagens que o produto Quadro 6 - As Influências na Decisão Final Fonte: Elaborado pela autora 65 Todas essas variáveis foram avaliadas de acordo com uma escala Likert , onde os respondentes são solicitados não só a concordarem ou discordarem das afirmações, mas também a informarem qual o seu grau de concordância/discordância (MARCONI e LAKATOS, 2002). Nessa escala, a cada célula de resposta é atribuído um número que reflete a direção da atitude do respondente em relação a cada afirmação. Neste estudo utilizou-se cinco pontos, sendo que a nota 1 equivale à resposta discordo totalmente e 5 concordo totalmente, conforme o QUAD 7. Concordância: C - Concordo D - Discordo C - Concordo parcialmente DP - Discordo parcialmente NS - Não sei Quadro 7 – Pontos da Escala Likert Fonte: Elaborado pela autora. Importância: 1 - (nenhuma influência) 2 - (Pouca influência) 3 - (Influência razoável) 4 - (Influência bastante considerável) 5 - (Grande influência) 3.4 Estratégia de Análise de Dados Defende Rauen (1999, p. 141), que a análise de dados é a parte que apresenta os resultados obtidos na pesquisa e analisa-os sob o crivo dos objetivos propostos. Assim, a apresentação dos dados é a evidência das conclusões e a interpretação consiste no contrabalanço dos dados com a teoria. Para a análise das variáveis e construtos foi utilizado o método estatístico descritivo que é realizado por meio do cálculo de média, e desvio padrão,, que “compreende a organização, o resumo e a descrição dos dados [...] para que, 66 posteriormente, possam ser utilizados nas discussões de caráter descritivo ou analítico” (MALHOTRA, 2001, p. 73). Em pesquisas, frequentemente, procura-se verificar se existe relação entre duas ou mais variáveis, isto é, saber se as alterações sofridas por uma das variáveis são acompanhadas por alterações nas outras. O termo correlação significa relação em dois sentidos (co + relação), e é usado em estatística para designar a força que mantém unido dois conjuntos de valores. A verificação da existência e do grau de relação entre as variáveis é o objeto de estudo da correlação. A diferença entre as médias de variáveis ou construtos foi verificada através do teste t de Student. A razão do nome vem da utilização da distribuição com o mesmo nome, que substitui a distribuição normal no caso de não se conhecer o desvio padrão da população e em vez deste utilizar-se o desvio padrão da amostra (HAIR et al, 2005). O tratamento dos dados levantados na pesquisa foi feito utilizando-se os softwares Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 17® e Microsoft Excel®. 67 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS NA PESQUISA Neste capítulo, são apresentados e analisados os resultados recolhidos na parte empírica do trabalho. Em primeiro lugar, apresenta-se o perfil socioeconômico das respondentes. Em segundo é apresentada a análise descritiva do processo de compra. Em terceiro a percepção das características valorizadas na hora de comprar um carro. Em quarto a percepção das influências na aquisição do produto e, quinto a correlação entre características valorizadas na hora da compra, finalmente são apresentados os resultados das influências na aquisição do produto e construtos do processo de compra, e, consequentemente, os comentários. 4.1 Perfil socioeconômico das respondentes O perfil geral predominante das respondentes é de mulheres casadas, com filhos, que trabalham fora, ganham de 3 a 5 salários mínimos, tem ensino superior, não moram sozinhas, vivem num grupo familiar de 4a 6 pessoas, possuem apenas um carro, e nunca tiveram algum outro carro anteriormente. Em relação ao estado civil, dentre as respondentes, a maioria é casada, com 61%. O grupo das solteiras está em segundo lugar com 33%, e o grupo das que possui outro estado civil que não seja casada ou solteira, aparece com apenas 7% (TAB 1). 68 Tabela 1 – Estado civil Fonte: Dados de pesquisa. A faixa etária predominante é a de 31 a 50 anos de idade, aparecendo com 55%, seguida pela de 22 a 30 anos, com 30%, depois pela de 18 a 21 anos com 10% e finalmente a de mais de 50 anos com 4% (GRAF 1). Gráfico 1- Idade Fonte: Dados de pesquisa. 69 As respondentes com filhos totalizam 62% do total restando 38% para as que não têm filhos (TAB 2). Tabela 2 - Filhos Fonte: Dados de pesquisa. A grande maioria das pesquisadas trabalha fora (70%), as demais são estudantes (20%) ou donas de casa (10%). Não houve representantes da categoria aposentadas/pensionistas (GRAF 2). Gráfico 2 – Ocupação principal Fonte: Dados de pesquisa. A renda mensal se concentra entre 3 a 5 salários mínimos (72%), seguido pelo grupo de 5 a 10 salários mínimos (21%), inferior a 3 salários mínimos (4%) e acima de 10 salários mínimos (2%) (TAB 3). 70 Tabela 3 – Renda mensal l Fonte: Dados de pesquisa. O nível de escolaridade se divide quase que igualmente entre as que possuem ensino superior com 45% e até o ensino médio com 44%, com apenas 11% para as que possuem pós-graduação (GRAF 3). Gráfico 3 - Escolaridade Fonte: Dados de pesquisa. As entrevistadas que moram sozinhas são minoria, apenas 8% contra 92% das que moram com outras pessoas (TAB 4). A quantidade de pessoas no grupo familiar que mais se destaca é de 4 a 6 pessoas com 62%, e de 1 a 3 pessoas 71 com 38%, não havendo respostas para pertencentes a grupos familiares com mais de 6 pessoas (GRAF 4) Tabela 4 – Respondentes que moram sozinhas Fonte: Dados de pesquisa. Gráfico 4 – Quantidade de pessoas que fazem parte da família Fonte: Dados de pesquisa. A grande maioria das mulheres entrevistada é proprietária de apenas 1 carro com 82% das respostas, apenas 1% com 3 carros (TAB 5). a seguir as que possuem 2 carros com 17% e 72 Tabela 5 – Quantidade de carros Fonte: Dados de pesquisa. O grupo das que nunca tiveram outro carro é o maior com 36%, seguido pelas que tiveram 2 carros com 26%, depois as que tiveram apenas 1 carros com 24%, 3 carros com 8%, 4 carros com 3% e mais de 4 carros também com 3% No que tange à freqüência com que trocam de carro aparece com 46% para as que trocam a cada 3 anos, 36% para as que nunca trocaram, 15% para as que trocam a cada 2 anos e apenas 2% delas trocam de carro anualmente (TAB 6). Tabela 6 – Frequência da troca de carro Fonte: Dados de pesquisa. A questão apresentada sobre qual o significado do carro para as respondentes destacou-se com mais respostas positivas como sendo a Necessidade, com 75% contra 25% negativas. As demais opções apresentaram respostas afirmativas inferiores às positivas: Praticidade apresentou 25% afirmativas contra 75% negativas, Realização 11% afirmativas contra 89% negativas e 73 Economia com 10% afirmativas contra 90% negativas. O significado Status não obteve nenhuma resposta positiva (TAB 7). Tabela 7 – Significado de “Ter um carro” Fonte: Dados de pesquisa. Quanto ao uso do carro, a finalidade que mais se destacou com respostas positivas foi o Uso domiciliar, com 65% de afirmativas contra 35% negativas, seguida pelo uso a Trabalho com 57% positivas contra 43% negativas. O uso do carro para Lazer obteve mais respostas negativas (69%) que positivas (31%) (TAB 8). Vale notar que talvez exista aqui alguma disparidade, pois de acordo com o Gráfico 2, 70% das respondentes trabalham fora, e mesmo assim o item que obteve mais respostas positivas foi o de Uso domiciliar. Mesmo que o carro seja usado para se locomover da residência ao trabalho e vice-versa, provavelmente o seu uso ainda assim deve ter sido considerado como domiciliar, em alguns casos. Ao final, após a realização e análise da pesquisa, percebe-se que teria sido mais objetiva se ao invés de da opção “Trabalho”, tivessem sido utilizadas as opções “Utiliza o carro para ir ao local de trabalho” e “Utiliza o carro durante o período de trabalho” que evitariam alguma interpretação dúbia como pode ter acontecido (TAB 8). 74 Tabela 8 – Uso do carro adquirido Fonte: Dados de pesquisa. 4.2 Análise descritiva do processo de compra O segundo passo da pesquisa foi a análise descritiva dos fatores e construtos seguindo o modelo do processo de compra. O cálculo da estatística descritiva de cada construto se deu por meio da média dos fatores componentes de cada construto. O fator com maior média dentro do construto Reconhecimento das necessidades foi o RN3 (Normalmente analiso as minhas próprias condições econômicas para comprar um carro) e o fator com menor média foi RN2 (Não considero importante que outra pessoa me diga se necessito comprar um carro). A média geral do construto foi 3,629 (TAB 9). Tabela 9 – Construto Reconhecimento da Necessidade (RN) Indicador Eu mesma constatei a necessidade de comprar um carro novo Não considero importante que outra pessoa me diga se necessito comprar um carro Normalmente analiso as minhas próprias condições econômicas para comprar um carro RN Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS N Média Desvio Padrão 89 4,0000 1,32288 89 3,6292 1,26475 89 4,4719 1,04544 89 4,0337 ,83492 75 A análise da TAB 10 mostra que o fator com menor média foi o LA2 (Para levantar as características do carro que quero comprar, pergunto ao meu marido/companheiro ou familiar) e o fator com menor média foi LA3(Para levantar as características do carro que quero comprar, busco informações na internet ou concessionária). A média do construto levantamento de alternativas foi 4,277. Tabela 10 – Construto Levantamento de Alternativas (LA) Indicador Normalmente sou bem consciente dos aspectos do carro que quero comprar. Para levantar as características do carro que quero comprar, pergunto ao meu marido/companheiro ou familiar. Para levantar as características do carro que quero comprar, busco informações na internet ou concessionária. LA N Média Desvio Padrão 89 4,4270 ,81027 89 4,4607 ,96597 89 3,9438 1,17124 89 4,2772 ,60142 Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS A TAB 11 mostra que dentro do construto avaliação de alternativas o fator com maior média foi AA1 (Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar, eu consulto meu marido/companheiro ou familiar ) e o com menor média foi AA3 (Eu posso avaliar sozinha, as características do automóvel que quero comprar). A média do construto dói de 3,561. Tabela 11 – Construto Avaliação de Alternativas (AA) Indicador Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar, eu consulto meu marido/companheiro ou familiar. Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar, busco informações na internet ou concessionária. Eu posso avaliar sozinha, as características do automóvel que quero comprar. AA Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS N Média Desvio Padrão 89 4,4719 ,88021 89 3,7528 1,29053 89 2,4607 1,25278 89 3,5618 ,67718 76 Dentro do construto decisão de compra a maior média foi do fator DC3 (Considero importante, mas não essencial, que outras pessoas irem comigo à concessionária ) e a menor do fator DC1 (Na hora da compra eu prefiro ir sozinha à concessionária). A média do construto foi 2,969 (TAB 12). Tabela 12 – Construto Decisão de compra (DC) Indicador N Média Desvio Padrão Na hora da compra eu prefiro ir sozinha à concessionária. Normalmente fico muito bem informada dos aspectos técnicos e de design do carro antes de comprá-lo. Considero importante, mas não essencial outras pessoas irem comigo à concessionária. Sou negociadora independente e posso comprar sozinha um automóvel. DC 89 2,0899 1,26707 89 3,6966 1,37679 89 3,1798 1,29300 89 2,9101 1,41132 89 2,9691 ,88855 Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS A TAB 13 mostra que o fator com menor média dentro do construto avaliação pós-compra foi o APC1 (Não tenho receio de me arrepender da compra do automóvel que faço) e o com maior média o fator APC2 (Normalmente avalio os aspectos técnicos e de design do automóvel que eu compro. A média do construto foi 3,730. Tabela 13 – Construto Avaliação Pós-Compra (APC) Indicador Não tenho receio de me arrepender da compra do automóvel que faço. Normalmente avalio os aspectos técnicos e de design do automóvel que eu compro. Normalmente eu falo bem ou mal do automóvel ou concessionária que me decepciona. APC N Média Desvio Padrão 89 3,4270 1,35586 89 4,0337 1,04934 89 3,7303 1,17516 89 3,7303 ,78637 Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS O fator que obteve a menor média dentro do construto revenda e descarte foi o RV1 (Na hora de revender o carro eu busco um comprador particular) e o fator com a maior média foi o RV2 (Para a revenda de carro eu conto com o apoio de meu marido/companheiro ou de um familiar). A média do construto foi 4,097 (TAB 14). 77 Tabela 14 – Construto Revenda e Descarte (RV) Indicador Na hora de revender o carro eu busco um comprador particular. Para a revenda de carro eu conto com o apoio de meu marido/companheiro ou de um familiar. Eu procuro cuidar muito bem de meu automóvel e ficar com ele por muitos anos. RV N Média Desvio Padrão 89 3,4944 1,19776 89 4,4045 ,99680 89 4,3933 ,89972 89 4,0974 ,66515 Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS Dos construtos avaliados na pesquisa a maior média foi obtida por levantamento de alternativas (média = 4,277) e a menor média foi alcançada por decisão de compra ( média = 2,969), conforme apresenta a TAB 15. Tabela 15 – Estatística descritiva dos fatores e construto - Decisão de Compra Construto Reconhecimento da Necessidade Levantamento de Alternativas Avaliação de Alternativas Decisão de Compra Avaliação Pós-compra Descarte ou Revenda Indicador N Média Desvio Padrão RN 89 4,0337 ,83492 LA 89 4,2772 ,60142 AA 89 3,5618 ,67718 DC 89 2,9691 ,88855 APC 89 3,7303 ,78637 RV 89 4,0974 ,66515 Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS A análise da TAB 16 vai demonstrar que, ao nível de significância estatística de 0,05, as diferenças entre as médias dos construtos descarte ou revenda (RV) e reconhecimento da necessidade (RN) não são estatisticamente diferentes. O mesmo acontece entre as médias dos construtos avaliação póscompra (AVP) e avaliação de alternativas (AA). 78 Tabela 16 – Teste de diferença entre médias Diferença entre as médias Desvio Padrão t df Sig. Bicaudal Levantamento de Alternativas/ Descarte ou Revenda. ,17978 ,73350 2,312 88 ,023 Descarte ourevenda/Reconhecimento da Necessidade ,06367 1,09507 ,549 88 ,585 ,30337 1,04403 2,741 88 ,007 ,16854 ,84555 1,880 88 ,063 ,59270 1,04306 5,361 88 ,000 Pares Reconhecimento da Necessidade/ Avaliação Pós-compra Avaliação Pós-compra/ Avaliação das alternativas Avaliação das Alternativas/ Decisão de Compra Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS A análise da TAB 17 mostra que os construtos são pouco relacionados. A correlação mais alta encontrada (0,605) é entre os construtos levantamento de alternativas (LA) e avaliação das alternativas (AA). As demais correlações são fracas, como por exemplo, a correlação entre os construtos decisão de compra (DC) e avaliação pós-compra (APC) (correlação = 0,439), entre levantamento de alternativas (LA) e avaliação pós-compra (APC) (correlação = 0,405), entre decisão de compra (DC) e reconhecimento da necessidade (RN) (correlação = 0,354), entre levantamento de alternativas (LA) e revenda (RV) (correlação = 0,333), e entre avaliação de alternativas (AA) e avaliação pós-compra (APC) (correlação = 0,340). Tabela 17 – Correlação entre os construtos RN Reconhecimento da Necessidade LA DC APC RV 1 Levantamento de Alternativas ,004 1 Avaliação de Alternativas ,071 ,605 Decisão de Compra AA ,354 ** ** ,108 Avaliação Pós-compra ,172 ,405 ** Descarte ou Revenda -,054 ,333 ** Obs:** correlação significante no nível 0,01 bicaudal Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS 1 ,133 ,340 ** ,163 1 ,439 ** -,113 1 ,188 1 79 A análise dos dados do processo de compra levantados na pesquisa mostra que as mulheres tendem a depender do apoio dos maridos e familiares na aquisição de um automóvel. O fato de preferirem estar acompanhadas durante o processo de visita à concessionária, na avaliação, na compra e na revenda, não significa que sejam menos independentes. A análise das correlações, por outro lado, demonstra que o processo de compra destas mulheres não segue a lógica das etapas sugeridas no modelo do processo de compra e poderia demonstrar que elas possuem uma forma diferenciada de lidar com estas situações, preferindo um método mais colaborativo e dialógico. Por outro lado, poderia demonstrar que são menos seguras em seu método decisório, ou ainda, que são mais precavidas 4.2.1 Comparação entre segmentos O terceiro momento da pesquisa foi a comparação dos resultados dos fatores e construtos entre os diversos segmentos de entrevistadas. A tabela 18 mostra os resultados entre os segmentos de solteiras e casadas. O segmento outros foi desconsiderado, uma vez que o número de respondentes deste segmento era insuficiente para gerar uma base de análise significativa. O teste t de student foi utilizado para testar se as diferenças entre os dois segmentos são, de fato, estatisticamente significativas (TAB 18). 80 Tabela 18 – Correlação entre médias – Estado Civil Estado Civil Solteira Casada Sig bicaudal Fator Construto N Média Desvio Padrão N Média Desvio Padrão Eu mesma constatei a necessidade de comprar um carro novo 29 4,3448 1,07822 54 3,7407 1,44307 ,026 Não considero importante que outra pessoa me diga se necessito comprar um carro 29 3,5172 1,35279 54 3,6852 1,25629 ,473 Normalmente analiso as minhas próprias condições econômicas para comprar um carro 29 4,2759 1,30648 54 4,5370 ,92579 ,053 Normalmente sou bem consciente dos aspectos do carro que quero comprar 29 4,3103 ,92980 54 4,5370 ,69263 ,071 Para levantar as características do carro que quero comprar, pergunto ao meu marido/companheiro ou familiar 29 4,0690 1,16285 54 4,7407 ,61996 ,000 Para levantar as características do carro que quero comprar, busco informações na internet ou concessionária 29 4,2759 ,84077 54 3,7963 1,32294 ,003 . Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar, eu consulto meu marido/companheiro ou familiar 29 4,2069 1,11417 54 4,6296 ,68118 ,026 Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar, busco informações na internet ou concessionária 29 3,8276 1,25553 54 3,7593 1,35890 ,124 Eu posso avaliar sozinha, as características do automóvel que quero comprar 29 2,9655 1,20957 54 2,1296 1,18236 ,623 Na hora da compra eu prefiro ir sozinha à concessionária 29 2,4483 1,29797 54 1,8519 1,17212 ,675 Normalmente fico muito bem informada dos aspectos técnicos e de design do carro antes de comprá-lo 29 3,5517 1,40372 54 3,7407 1,36237 ,902 81 Considero importante, mas não essencial outras pessoas irem comigo à concessionária 29 3,2759 ,95978 54 3,0926 1,44416 ,002 . Sou negociadora independente e posso comprar sozinha um automóvel 29 3,1379 1,45710 54 2,8148 1,40181 ,401 Não tenho receio de me arrepender da compra do automóvel que faço 29 3,4138 1,11858 54 3,4074 1,48602 ,014 Normalmente avalio os aspectos técnicos e de design do automóvel que eu compro 29 3,8276 1,13606 54 4,1667 ,92655 ,071 Normalmente eu falo bem ou mal do automóvel ou concessionária que me decepciona 29 4,0690 ,96106 54 3,6111 1,25016 ,018 Na hora de revender o carro eu busco um comprador particular 29 3,2759 1,27885 54 3,5741 1,19119 ,900 Para a revenda de carro eu conto com o apoio de meu marido/companheiro ou de um familiar 29 4,0345 1,23874 54 4,6296 ,75975 ,008 Eu procuro cuidar muito bem de meu automóvel e ficar com ele por muitos anos 29 4,2069 1,04810 54 4,5000 ,81842 ,072 Reconhecimento da Necessidade 29 4,0460 ,92034 54 3,9877 ,82407 ,525 Levantamento de Alternativas 29 4,2184 ,69165 54 4,3580 ,53730 ,188 Avaliação de Alternativas 29 3,6667 ,70711 54 3,5062 ,66899 ,595 Decisão de Compra 29 3,1034 ,76915 54 2,8750 ,93257 ,256 Avaliação Pós-compra C 29 3,7701 ,69638 54 3,7284 ,85187 ,203 82 Descarte ou Revenda 29 3,8391 ,75394 54 4,2346 ,59216 ,095 Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS A média dos construtos analisados não demonstrou diferenças significativas estatisticamente entre os dois segmentos, assim como a maior parte dos fatores usados na pesquisa. A média do fator RN1(Eu mesma constatei a necessidade de comprar um carro novo) foi maior no segmento de solteiras, assim como as médias dos fatores LA3 (Para levantar as características do carro que quero comprar, busco informações na internet ou concessionária), DC3 (Considero importante, mas não essencial outras pessoas irem comigo à concessionária) e APC3 (Normalmente eu falo bem ou mal do automóvel ou concessionária que me decepciona). No segmento de casadas as médias maiores ao se solteiras foram relativas aos fatores LA2 (Para levantar as características do carro que quero comprar, pergunto ao meu marido/companheiro ou familiar), AA1 (Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar, eu consulto meu marido/companheiro ou familiar) e RV2 (Para a revenda de carro eu conto com o apoio de meu marido/companheiro ou de um familiar). Estas diferenças apontam para maior independência das mulheres solteiras em relação aos companheiros e familiares. Em relação aos demais segmentos investigados não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, demonstrando que, independentemente da faixa de renda, grau de escolaridade, ter filhos ou não e demais critérios utilizados na pesquisa, o comportamento das mulheres é o mesmo identificado os dados gerais. 83 O fator de maior predominância, com média de 4,5, numa escala de 1 a 5, “Normalmente analiso as minhas próprias condições econômicas para comprar um carro” demonstra uma preocupação com o fator financeiro, o que leva a supor a compra do carro pelas mulheres como um processo mais racional que emocional. Os fatores que aparecem na segunda, terceira e quinta posições demonstram que mesmo sendo independentes e modernas, as mulheres não deixam de contar com a ajuda de seus maridos/companheiros, ou ainda familiares, tanto para a avaliação dos aspectos técnicos do carro a comprar, quanto para levantar as características do mesmo ou ainda na hora da revenda. 4.3 Percepção das características valorizadas na hora de comprar um carro Foram disponibilizadas dezoito características valorizadas na hora de comprar um carro, e a que obteve melhor posição foi o item Preço, com uma média de pontuação de 4,8 numa escala de 1 a 5, coincidente com a primeira posição obtida na TAB 19. 84 Tabela 19 – Características valorizadas na hora da compra N Média Desvio Padrão Preço 89 4,7640 ,56453 Confiança na marca (qualidade) 89 4,6292 ,62853 Itens de segurança 89 4,5506 ,86617 Cor disponível /modelo 89 4,4045 ,88830 Características técnicas do carro 89 4,3820 ,84619 Espaço interno 89 4,2809 ,79756 Atendimento no momento da compra 89 4,2697 ,97426 Desempenho 89 4,2697 ,84965 Garantia do fabricante ou vendedor 89 4,2472 1,06899 Design externo (aparência) 89 4,1685 ,93220 Valorização na revenda 89 4,1573 1,18608 Marca mais conhecida/mais vendida 89 4,1124 1,06000 Condições de financiamento 89 4,1011 1,10828 Preço das peças de reposição 89 4,0674 1,11598 Acessórios internos 89 4,0337 ,95880 Potências do motor 89 3,9888 1,08182 Tamanho do porta-malas 89 3,9551 1,02148 Status 89 3,2809 1,21533 Características Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS Os itens com melhor pontuação foram preço, confiança na marca (qualidade) e segurança. O item cor e modelo disponível também obtiveram boa pontuação. Em contrapartida, os que obtiveram pior pontuação foram: tamanho do porta-malas, potência do motor e status. Coincidentemente, os dois itens com melhor pontuação também obtiveram o menor desvio padrão, de apenas 0,6, metade do maior desvio padrão ocorrido na mesma lista. Os resultados demonstram uma maior preocupação do público feminino com qualidade e segurança, e menos com potência e tamanho, provavelmente diferente do público masculino. 85 A comparação destes resultados entre os diversos segmentos de entrevistadas não mostrou diferenças estatisticamente significativas, apontando para um comportamento similar entre os vários segmentos. 4.4 Percepção das influências na aquisição do produto Foram utilizados dez fatores de influência na aquisição do produto, cuja estatística descritiva está sintetizada na TAB 20. Tabela 20 – Fatores de influênciam na aquisição do automóvel Fatores N Média Desvio Padrão Sua opinião própria 89 4,7978 ,40395 As vantagens que o produto oferece 89 4,6067 ,73265 O desejo pelo produto 89 4,5393 ,72388 O modelo do automóvel 89 4,5169 ,75547 A marca conhecida 89 4,3820 ,80489 Test-drive realizado no produto 89 4,0000 1,06600 A propaganda do produto 89 3,8652 1,16961 Referência de terceiros 89 3,8539 ,89887 Opinião de terceiros 89 3,5281 1,11895 A argumentação do vendedor 89 3,4157 1,09554 Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS A influência mais pontuada foi “Sua opinião própria”, com 4,8 numa escala de 1 a 5, seguido por “As vantagens que o produto oferece” com 4,6, “O desejo pelo produto” e “O modelo do automóvel” com 4,5. A influência menos pontuada foi “A argumentação do vendedor”, com 3,4 (TAB 21). 86 Tabela 21 – Teste diferença entre média dos Fatores de influência Pares de Fatores Diferença entre médias Sig bi-caudal 0,19101 0,019 0,22472 0,014 0,60674 0,000 0,14607 0,289 0,47181 0,003 0,11236 0,383 Sua opinião própria As vantagens que o produto oferece As vantagens que o produto oferece A marca conhecida As vantagens que o produto oferece Test-drive realizado no produto Test-drive realizado no produto Referência de terceiros Test-drive realizado no produto Opinião de terceiros Opinião de terceiros A argumentação do vendedor Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS O teste de diferença entre as médias dos fatores reforça a prevalência do fator “sua própria opinião” como o mais influente na decisão de compra, assim como o fator “argumentação do vendedor” como o menos influente ao lado de opinião de terceiros, como demonstra o teste de diferença entre médias. Observa-se na tabela que não existem diferenças estatisticamente significativas no bloco que envolve os fatores “as vantagens que o produto oferece”, “O desejo pelo produto”, “O modelo do automóvel” e “A marca conhecida”. Estatisticamente não existe diferença entre as médias destes fatores. O mesmo acontece com o bloco de fatores “Test-drive realizado no produto”, “A propaganda do produto” e “Referência de terceiros”. A primeira posição ocupada pelo fator “sua própria opinião” está de acordo com o perfil das mulheres estereotipadamente “modernas”, que trabalham fora, com escolaridade de nível superior, que valorizam sua própria opinião. Não entra em contradição com a necessidade de companhia durante todo o processo, 87 como visto anteriormente, pois mesmo com a ajuda de terceiros, a sua própria opinião é a que mais as influenciam na aquisição final. Por outro lado, a menor pontuação obtida pode revelar certo grau de desconfiança na figura do vendedor, bastante compreensível, porque por mais que este possa demonstrar sinceridade e honestidade pode se situar numa posição pouco confiável, pois possui interesse na venda e na sua comissão e, portanto, possivelmente esteja predisposto a omitir ou alterar informações. Também neste conjunto de fatores não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as médias dos diversos segmentos trabalhados na pesquisa. 4.5 Correlação entre características valorizadas na hora da compra, influências na aquisição do produto e construtos do processo de compra Considerando-se o conjunto de fatores definidos como características valorizadas na hora da compra como constituinte do construto fatores de marketing e o conjunto de fatores definidos como de influências na aquisição do produto como constituinte do construto fatores de influência pessoal, como demonstrado no quadro a seguir, procurou-se verificar a influência destes construtos no processo de compra (FIG 6). 88 Construto Fatores Preço Confiança na marca (qualidade) Marca mais conhecida/mais vendida Design externo (aparência) Características técnicas do carro Potências do motor Itens de segurança Acessórios internos Espaço interno Características valorizadas na hora de comprar um carro (CVCC) Atendimento no momento da compra Tamanho do porta-malas Garantia do fabricante ou vendedor Cor disponível /modelo Status Condições de financiamento Desempenho Preço das peças de reposição Valorização na revenda A propaganda do produto Referência de terceiros Test-drive realizado no produto A argumentação do vendedor A marca conhecida Fatores de influência pessoal (FIP) O modelo do automóvel Opinião de terceiros O desejo pelo produto Sua opinião própria As vantagens que o produto oferece Figura 5 - Correlação dos construtos, indicadores e fatores Fonte: Questionário da pesquisa Os valores relativos aos construtos características valorizadas na hora da compra e fatores de influência pessoal foram determinados a partir das médias dos fatores componentes de cada um dos construtos como discriminado no quadro anterior. A partir dos valores calculados para cada um dos construtos foi feita a análise das correlações entre os construtos determinados como de influência de marketing ou de características valorizadas na hora da compra e de influência pessoal e os construtos componentes do processo de compra, como pode ser visto na TAB 22. 89 Tabela 22 – Correlação dos Construtos Correlações RN Reconhecimento da Necessidade Levantamento de Alternativas Avaliação de Alternativas Decisão de Compra Avaliação Pós-compra Descarte ou Revenda Características valorizadas na hora da compra 1 ,004 ,071 ** ,354 ,172 -,054 LA AA DC APC 1 ** ,605 1 ,108 ,133 1 ** ** ** ,405 ,340 ,439 1 ** ,333 ,163 -,113 ,188 ** ,054 ,464 ** Fatores de influência pessoal -,048 ,365 Obs:** correlação significante no nível 0,01 bicaudal Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS ** * RV CVCC FIP 1 ** ,150 * ,141 ,617 ,384 ,216 ,302 ,101 -,025 ,271 1 ** 1 A análise das correlações entre o conjunto de fatores de influência pessoal e os fatores de marketing, como constituintes de construtos nomologicamente independentes, não se identificou correlações estatisticamente significativas e relevantes entre estes construtos influentes e os construtos componentes do processo de compra. O construto CVCC – características valorizadas na hora da compra se correlacionam estatisticamente de forma mais significativa e mediamente relevante com o construto LA – levantamento de alternativas (correlação = 0,464), o que demonstra uma coerência relativamente explicável uma vez que os fatores componentes de ambos os construtos se referem a características do produto e de seu mix de marketing. Por outro lado, os construtos de influência sobre o processo de compra, CVCC e FIP demonstram correlações estatisticamente significativas e relevantes (correlação = 0,617) e que podem apontar para a influência dos fatores de marketing na percepção de valor do produto e da marca considerados no processo de compra. Considerando-se também as variações de perfis constituintes dos segmentos de entrevistadas da pesquisa não foram identificadas mudanças 90 estatisticamente significativas, o que, novamente, aponta para um comportamento, teoricamente, homogeneizado entre as mulheres. Pôde-se notar a partir dos resultados acima apresentados que a maioria das mulheres entrevistas são casadas, têm filhos, com a família composta de 4 a seis membros, trabalham fora, têm uma renda mensal entre 3 a 5 salários mínimos e possuem o ensino superior. Notou-se que a maioria tem apenas um carro, mas fazem a troca desse produto a cada três anos. O significado de “ter um carro” é a necessidade para o usp domiciliar. Assim, os resultados mostraram-se de acordo com as orientações de diferentes autores. Em primeiro lugar, pode-se apontar o que foi visto em Barletta (2003) quando diz que a mulher contemporânea saiu de casa e conquistou o mercado de trabalho, adaptando-se às multifunções tais como mulher-pessoa, mulher-profissional e, em muitos casos, a de principal provedora do lar, portanto, preocupada com seu bem-estar e o dos outros, o que comprova o significado de “ter um carro” para a maioria da amostra de mulheres setelagoanas. Em segundo lugar, outros autores também podem ser lembrados a partir desses resultados, pois ele ressalta que a mulher do tipo familiar valoriza a família, seu bem-estar, optando por escolhas que resultem em melhores oportunidades de compra, novidades e promoções, o que a classifica como pouco fiel às marcas, adepta às liquidações, mas também a mulher do tipo “ativa” é sistemática e racional, que realiza as compras de maneira rápida e profissional, vai direto ao produto que deseja, e normalmente é fiel à marca, mas muda caso não as encontre, o que também dá respaldo à configuração do sentido de ter um carro para as entrevistadas nessa amostra.. 91 Em análise ao processo apresentado, os autores apontam que inicialmente, os clientes identificam o problema (necessidade) para em seguida obterem informações sobre as marcas renomadas ou conhecidas antes de decidir. Segundo os autores, as informações podem partir de propagandas, vendedores, displays em lojas, web sites das organizações, de amigos, conhecidos, ou mesmo de uma experiência anterior, e ainda, de fontes independentes (como profissionais especializados, jornais e revistas). Mas, conforme destacam Schiffman e Kanuk (1997), mesmo sendo importantes, as fontes de informação acima citadas, destacam-se os grupos de referência que incluem “a família, amigos diretos e indiretos (como ídolos esportivos), classe social, subculturas específicas (como adolescentes), cultura pessoal (conhecimentos específicos e técnicos) e outras culturas” (SCHIFFMAN; KANUK, 1997, p.230). Na visão de Schiffman e Kanuk (1997), a compra é decidida depois de avaliada a opção mais vantajosa pelo consumidor, o que se relaciona tamém à alta média (4,5) das mulheres que normalmente analisam suas condições financeiras antes de comprarem um automóvel. Sobre a etapa do descarte, a mostra setelagoana não se manifestou tanto assim, visto que a média desse aspecto foi insignificante, apesar dos autores Blackwell, Minard e Engel (2005) evidenciarem a revenda, última das opções de descarte, como a mais importante, uma vez que ela é realizada quando o produto ainda tem algum valor de uso e de troca, fazendo com que ele possa ser convertido em unidades monetárias e oferecido a outros consumidores. Já nas percepções das influências na aquisição do produto puderam-se ver as considerações de Assad (2007) quando diz que a mulher tem mais 92 sensibilidade, consegue identificar valores que passariam despercebidos à maioria dos homens. Apesar das emoções, o produto em si é muito importante. Notam-se Vecchio; ainda as considerações de Frisam Underhill (1999) e Del- Bronnemann (2007) sobre existir um conjunto de prioridades, comportamentos e atitudes, e preferências do público feminino diferentes de qualquer outro público. Para os pesquisadores “Mulheres comparam benefícios do produto, reúnem informações e só então decidem consumir” , o que está relacionado com os fatores que influenciam a compra de um carro relacionados neste estudo )preço, confiança na marca, design externo, espaço interno, garantia do vendedor, cor disponível ou assessório internos, como exemplos. 93 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao responder a pergunta que orientou este estudo, quer seja: “Quais fatores são considerados como determinantes no processo de aquisição de automóveis novos pela mulher?” pôde-se traçar as seguintes considerações finais. Há muito, a intenção de se compreender o que se passa na cabeça das mulheres, se tornou um desafio. Principalmente, nos dias atuais onde a mulher com atuações de destaque se tornou independentes, mais participativas na economia com maior participação no mercado de trabalho e aumento do poder de compra e passaram a almejar produtos e bens de consumo para uso pessoal mais vantajosos e de maior valor que, apenas bolsas, produtos de beleza, roupas e sapatos, como de forma errônea e preconceituosa a sociedade em rotulou há até pouco tempo. O pensamento da mulher contemporânea tornou-se mais refinado, mais crítico e exigente, já que ela paga pelo que consume. Mesmo que na sociedade atual, ela ainda desenvolva habilidades de mãe, dona de casa, a mulher se tornou arrimo familiar, independente ao trabalhar fora, cresceu e se posicionou, aprendendo a delimitar o seu espaço no mercado de consumo. E nesse mesmo tempo, não houve como o mercado não reconhecê-la como consumidora séria, o que levou a partir de então, a busca de encontrar meios de satisfação dos seus desejos, em todos os aspectos através da análise do seu comportamento no processo de compra. A pesquisa realizada levou à percepção de que as mulheres setelagoanas ao investirem também na compra de automóveis apresentam um poder de decisão e a consciência de que o mercado está repleto de opções para elas. 94 Na amostra investigada foi possível levantar que as aquisições de carros novos se efetivam como resultado de uma necessidade real de ter um meio de locomoção, que atenda às necessidades das consumidoras, sejam para locomoção para o trabalho, para levar os filhos à escola ou mesmo lazer em ocasiões onde apenas a mãe está presente com filhos ou sozinha. A probabilidade de aquisição por status não foi apontada pelas entrevistadas, identificando a primeira etapa do processo decisório do consumidor, o reconhecimento da necessidade. Outro ponto destacado na pesquisa é a percepção das mulheres quanto à caracterização de “carro para uso pessoal”, nota-se pelas respostas apresentadas que para as entrevistadas não há distinção entre um automóvel exclusivo para ela e aquele que é utilizado aquele atender às necessidades da família. Somente nos casos onde foi levantada a presença de mais de um automóvel é que há a distinção sendo o automóvel da família aquele que fica com o marido. Este momento reconhece-se a segunda etapa do processo decisório: o levantamento das alternativas. As mulheres entrevistadas apontaram que se sentem confortáveis com a presença de terceiros durante o processo de compra de automóveis, o que aponta que mesmo independentes a presença de uma companhia é reconhecida. No que tange aos fatores decisórios na hora da compra, levantou-se entre as opiniões apresentadas, que a opinião de terceiros é um determinante de pouco peso no processo de compra, não que não seja considerada, mas que as mulheres em geral, após ouvir opiniões de terceiros, formulam a sua própria ideia do que aquele determinado automóvel trará como benefícios a ela e assim, se posicionam dão a última palavra, decidindo pela compra ou não. Aqui, evidencia-se a terceira etapa do processo decisório: a avaliação das alternativas. 95 De acordo com o que foi levantado na pesquisa, percebe-se que as mulheres não se deixaram de ser influenciadas por homens ou quem as acompanhou na hora de comprar o automóvel. Segundo o que foi exposto pelas entrevistadas, a escolha decisiva ocorre após a consideração de todos os fatores que a compra de um automóvel no acarreta, essa posição das mulheres acaba provando que a razão se sobrepõe à emoção, fato contrário ao que acontecia no passado ou acontece em outras compras. Cabe salientar que não há como afirmar que por ser uma compra de grande valor, do porque as mulheres se comportam assim, para tanto seria necessária uma investigação que girasse em torno dessa possibilidade. Aqui se visualiza a quarta etapa do processo decisório e a mais importante: a decisão de compra. Aos olhos desta pesquisadora no momento da entrevista conclui que em se tratando de automóveis, variáveis como valor e condições estabelecidas de pagamento, fazem com que a razão novamente se faça mais forte que a emoção e ao entusiasmo do primeiro momento em que a mulher chega à concessionária, conforme apontam autores que abordam o poder da imagem sobre o consumidor. A pesquisa faz perceber que as mulheres entrevistadas ao adquirirem um automóvel novo, pensam em praticidade, benefícios e vantagens que o bem lhe dá de retorno, principalmente na mínima preocupação com serviços de manutenção que os automóveis novos garantem. Tanto que segundo as entrevistadas o tempo de permanência com o automóvel e a troca (descarte) por outro gira em torno de 36 meses (03 anos). Neste ponto percebe-se a quinta e sexta etapas do processo decisório: a avaliação pós-compra e o descarte /revenda. No apanhado de dados que determinaram as 5 (cinco) características de maior destaque no processo de compra de automóveis novos para uso pessoal por 96 mulheres, evidenciou-se que para as entrevistadas as condições econômicas têm grandes peso no processo decisório, o que as tornam bastante cautelosas acerca da capacidade de adquirirem um automóvel desejado, sem que este prejudique o seu orçamento pessoal ou familiar, é a questão do preço pesando no momento da escolha. A segunda característica que se destaca na hora da compra está ligada à questão da qualidade, algo que para as mulheres exigentes é essencial para que se reconheça um bom produto. E em questão de avaliar a qualidade de um produto, ninguém é mais exigente que as mulheres, prova disso que a variável se apresenta em segundo lugar. Essa constatação nos remete ao que apontam os teóricos que apontam a diferenciação do processo de escolha entre homens (funcionalidade) e mulheres (qualidade/praticidade/segurança). No quesito segurança, terceira característica destacada na pesquisa, aponta que no momento da compra as mulheres querem em seus automóveis o maior número de itens de segurança possível, considerando principalmente, o perfil das entrevistadas que na maioria tem filhos. Um momento em que fica evidente que com a globalização, as mulheres se tornaram antenadas e começaram a se ater a detalhes dos automóveis que adquirem, marca a escolha pelo modelo/cor disponível do automóvel escolhido. Neste momento, pode-se afirmar que o lado mais feminino e emocional da mulher prevalece, o que faz com que ela só saia da concessionária com o automóvel considerado por ela “perfeito”, afinal, não é um vestido ou sapato com tempo curto de uso e que pode ser descartado facilmente. Por isso, cada vez mais, as indústrias estão disponibilizando modelos que sob medida para mulheres lhe oferte ao mesmo tempo o design moderno e uma cartela de cores que represente a modernidade da 97 mulher, como no caso da Fiat, que vem seduzindo um número cada vez maior de mulheres. Finalizando, ao levantar a quinta característica mais apontada na hora da compra, a variável destacou-se características técnicas do carro. Talvez por não possuírem conhecimentos técnicos sobre os automóveis muitos mulheres tenham sido influenciadas em compras de automóveis, por maridos, companheiros, amigos e mesmo os próprios vendedores. Hoje, no entanto, as mulheres estão buscando mias informações acerca do automóvel, da marca e garantias que oferecem, para decidir uma compra. E sua compreensão em torno das características técnicas do automóvel terá que satisfazê-la, para que enfim a compra se concretize. Ao encerrar esta dissertação que atingindo aos objetivos propostos e ainda apresentou-se através da pesquisa teórica e prática ao problema de pesquisa, vale registrar as impressões da pesquisadora quanto à validade do estudo realizado. Numa avaliação da experiência efetivada, é importante evidenciar que a possibilidade de compreender o pensamento das mulheres no processo decisório de compra de automóveis novos para uso pessoal, se mostrou uma rica fonte de aprendizado, uma vez que possibilitou desmitificar a ideia de que mulher escolhe automóveis primeiramente pela “paixão à primeira vista”, provou-se que as mulheres são mais sensatas em suas escolhas, diferindo dos homens. Então estes optam por potência, desempenho, velocidade e preço; a mulher quer qualidade, segurança, conforto, design associados ao preço. Colocando um final na falsa imagem de que mulher não sabe comprar automóveis. Por serem mais exigentes, acabam realizando as melhores compras. Numa avaliação crítica do estudo realizado é importante evidenciar o ineditismo da pesquisa de caráter exploratório em torno do processo de compra de 98 automóveis por mulheres, uma vez que é a primeira vez que é dedicado tempo para coletar informações de consumidoras, mesmo que seja fato comprovado a participação das mulheres em processos de aquisição de bens, ou mesmo da sua participação em processos decisórios de escolha de automóveis. Conclui-se, portanto, que como constantemente as indústrias de bens de consumo, ao lançarem seus produtos no mercado, utilizam-se de várias maneiras para verificar o comportamento de seus clientes durante o processo de aquisição e consumo de um bem, entender o comportamento do consumidor final, conhecer quem é este consumidor, e quais fatores são efetivamente importantes no processo decisório de compra. É fundamental para a indústria que quer vender, obter lucratividade e ser referência em produtos ter uma boa imagem no mercado. Isso é fundamental por causa das representações mentais e sociais que as imagens têm com um forte poder de moldar o comportamento do consumidor no processo de compra. Não se pode deixar de registrar que dentro das limitações da pesquisa, o tamanho da amostra final pesquisada. É importante frisar que os dados levantados retratam a opinião de mulheres consumidoras de apenas uma das concessionárias das 12 existentes na cidade de Sete Lagoas (MG) e assim, não pode ser percebida como uma verdade absoluta que represente todas as mulheres que compram automóveis na cidade. 99 5.1 Recomendações para pesquisas futuras Dado aos diversos universos a que estes resultados podem ser aplicados, registra-se como recomendações para pesquisas futuras, ações como: a) efetuar novas pesquisas com amostras mais amplas, incluindo outros mercados e marcas; b) desenvolver análise comparativa de compras pelos gêneros: masculino e feminino; c) desenvolver este estudo, utilizando outros modelos teóricos, como por exemplo, a propensão à compra de automóveis, com a utilização de recursos de alta tecnologia e; d) estudar o processo decisório de compra por gênero e seu comportamento quanto às formas de pagamentos e atitudes em relação ao crédito. 100 REFERENCIAS ADMINISTRADORES.COM. 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PARTE 1 - PERFIL/ENTREVISTADA 1. Estado Civil: ( )solteira ( ) casada ( ) viúva ( )separada/divorciada ( ) outro 2. Idade: ( ) 18 -21anos ( ) 21- 30 anos ( ) 31-40 anos ( ) 41-50anos ( ) + 50 anos 3.Filhos ( ) sim ( ) não 4. Ocupação Principal (profissão): ( ) dona de casa ( ) servidora pública ( ) empregada setor privado ( ) aposentado/pensionista ( ) estudante ( ) empresária ( ) outra profissão._____________________________ 5.Renda Mensal: ( ) 1-3 salários míninos ( )3-5 salários mínimos ( ) +5 salários mínimos 6. Escolaridade máxima concluída: ( ) Ensino fundamental graduação ( ( ) Ensino médio ( ) Ensino Superior ( ) Pós- ) Mestrado/Doutorado 7. Mora sozinha? ( ) sim ( ) não Quantas pessoas fazem parte da família: ( ) 1 a 3 ( ) 4 a 6 ( ) + de 5 8. Quantos carros tem? ........................... Quantos já teve? .......................... 9. Com que freqüência troca seu carro? ( )a cada 12 meses meses( ) a cada 36 meses ( ( ) a cada 24 ) nunca trocou 10. Ter um carro pra você significa ( ) status ( ) praticidade ( 11.Uso do carro adquirido: ( ) economia ( ) uso domiciliar ( ) realização ( ) necessidade ) trabalho ( )lazer 107 PARTE 2 – COMPORTAMENTO EM CADA ETAPA AQUISIÇÃO DE UM AUTOMÓVEL Instruções: Escolha a resposta que mais lhe convier, observando os Contrutos abaixo relacionados à seguintes variáveis de Avaliação: Concordância: C - Concordo D - Discordo C - Concordo parcialmente DP - Discordo parcialmente NS - Não sei Construtos Importância: 1 - (nenhuma influência) 2 - (Pouca influência) 3 - (Influência razoável) 4 - (Influência bastante considerável) 5 - (Grande influência) Fator 1. Eu mesma constatei a necessidade de comprar um carro novo 2. Não considero importante que outra pessoa me diga se Reconhecimento necessito comprar um carro da Necessidade 3. Normalmente analiso as minhas próprias condições econômicas para comprar um carro 4. Normalmente sou bem consciente dos aspectos do carro que quero comprar 5. Para levantar as características do carro que quero comprar, Levantamento de pergunto ao meu marido/companheiro ou familiar Alternativas 6. Para levantar as características do carro que quero comprar, busco informações na internet ou concessionária Avaliação de Alternativas Decisão de Compra Avaliação Póscompra Descarte ou Revenda 7. Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar, eu consulto meu marido/companheiro ou familiar 8. Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar, busco informações na internet ou concessionária 9. Eu posso avaliar sozinha, as características do automóvel que quero comprar 10. Na hora da compra eu prefiro ir sozinha à concessionária 11. Normalmente fico muito bem informada dos aspectos técnicos e de design do carro antes de comprá-lo 12. Considero importante, mas não essencial outras pessoas irem comigo à concessionária 13. Sou negociadora independente e posso comprar sozinha um automóvel 14. Não tenho receio de me arrepender da compra do automóvel que faço 15. Normalmente avalio os aspectos técnicos e de design do automóvel que eu compro 16. Normalmente eu falo bem ou mal do automóvel ou concessionária que me decepciona 17. Na hora de revender o carro eu busco um comprador particular 18. Para a revenda de carro eu conto com o apoio de meu marido/companheiro ou de um familiar 19. Eu procuro cuidar muito bem de meu automóvel e ficar com ele por muitos anos Opção de Importância 108 PARTE 3 - PERCEPÇÃO DOS FATORES DECISÓRIOS NA HORA DA COMPRA A seguir, apresentamos questões diretamente relacionadas aos fatores que interferem no processo de compra de carros. Avalie marcando a opção que representa a sua opinião segundo as variáveis apresentadas. Variáveis de Avaliação: Concordância: C - Concordo D - Discordo C - Concordo parcialmente DP - Discordo parcialmente NS - Não sei Importância: 1 - (nenhuma influência) 2 - (Pouca influência) 3 - (Influência razoável) 4 - (Influência bastante considerável) 5 - (Grande influência) Características valorizadas na hora de comprar um carro C C Concordância D CP DP NS D CP DP NS C D CP DP NS C C D D CP CP DP DP NS NS C C C C C D D D D D CP CP CP CP CP DP DP DP DP DP NS NS NS NS NS C C D D CP CP DP DP NS NS C C C C C D D D D D CP CP CP CP CP DP DP DP DP DP NS NS NS NS NS C D CP DP NS Características Valorizadas Preço Confiança na marca (qualidade) Marca mais conhecida/mais vendida Design externo (aparência) Características técnicas do carro Potências do motor Itens de segurança Acessórios internos Espaço interno Atendimento no momento da compra Tamanho do porta-malas Garantia do fabricante ou vendedor Cor disponível /modelo Status Condições de financiamento Desempenho Preço das peças de reposição Valorização na revenda Importância 3 4 1 2 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 A Opção pelo Produto Ao optar pelo produto que adquiriu você considerou : Concordância Considerações Importância C D CP DP NS A propaganda do produto 1 2 3 4 5 C D CP DP NS Referência de terceiros 1 2 3 4 5 C D CP DP NS Test-drive realizado no produto 1 2 3 4 5 C D CP DP NS A argumentação do vendedor 1 2 3 4 5 5 109 As Influências na Decisão Final Na hora de escolher pelo produto desejado quais influências tiveram maior peso em sua decisão: Concordância Influências Importância C D CP DP NS A marca 1 2 3 4 5 C D CP DP NS O modelo 1 2 3 4 5 C D CP DP NS Opinião de terceiros 1 2 3 4 5 C D CP DP NS O desejo pelo produto 1 2 3 4 5 C D CP DP NS A argumentação do vendedor 1 2 3 4 5 C D CP DP NS Sua opinião própria 1 2 3 4 5 C D CP DP NS As vantagens que o produto 1 2 3 4 5 Avaliação do grau de satisfação pela aquisição do produto Avalie a sua satisfação pela sua escolha Concordância Influências Importância C D CP DP NS A marca 1 2 3 4 5 C D CP DP NS O modelo 1 2 3 4 5 C D CP DP NS Opinião de terceiros 1 2 3 4 5 C D CP DP NS O desejo pelo produto 1 2 3 4 5 C D CP DP NS A argumentação do vendedor 1 2 3 4 5 C D CP DP NS Sua opinião própria 1 2 3 4 5 C D CP DP NS As vantagens que o produto 1 2 3 4 5