FABIANA VIEIRA REIS NAVES
A MULHER E A DECISÃO DE COMPRA DE AUTOMÓVEL:
propósitos e processos
FACULDADES INTEGRADAS DE PEDRO LEOPOLDO
Mestrado Profissional em Administração
Pedro Leopoldo – MG
2012
FABIANA VIEIRA REIS NAVES
A MULHER E A DECISÃO DE COMPRA DE AUTOMÓVEL:
propósitos e processos
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
Profissional em Administração das Faculdades
Integradas de Pedro Leopoldo, como requisito parcial
à obtenção de título de Mestre em Administração.
Área de Concentração: Marketing
Orientador: Dr. José Edson Lara
FACULDADES INTEGRADAS DE PEDRO LEOPOLDO
Mestrado Profissional em Administração
Pedro Leopoldo – MG
2012
FOLHA DE APROVAÇÃO
Título da Dissertação: A MULHER E A DECISÃO DE COMPRA DE AUTOMÓVEL:
propósitos e processos
Nome do aluno (a): FABIANA VIEIRA REIS NAVES
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração das
Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo, como requisito parcial à obtenção de
título de Mestre em Administração.
Prof. Dr. José Edson Lara
(Orientador)
Prof.
Prof.
Pedro Leopoldo (MG), ____ de _____________________ de 2012
Dedico este trabalho às minhas
filhas para que possam ter certeza que o
conhecimento é o melhor caminho para
todas as conquistas. E que não há
crescimento
sem
dor,
escolhas
sem
renúncias, vitórias sem dedicação.
Aos meus pais, pois sem eles eu
não estaria aqui.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela minha vida, pelas oportunidades
e todas as conquistas. Por ser minha fortaleza, me fazendo persistente e forte o que
me dá a certeza de que Ele existe e está sempre comigo.
Ao professor Dr.José Edson Lara pela dedicação, pelo apoio incondicional
dado em todos os momentos do desenvolvimento deste trabalho.
Aos demais professores do Programa de Mestrado pela valiosa
orientação profissional e pessoal em especial à Profª. Drª Maria Celeste, e Prof. Dr
Cláudio Paixão.
Aos funcionários da secretaria do mestrado em especial Jussara por toda
sua competência.
Às minhas filhas Ana Rosa e Ana Clara, que mesmo sem compreender
suportaram s minhas ausências. O amor de vocês foi o que me incentivou durante a
caminhada.
Ao meu marido, por me fazer sempre acreditar que devemos lutar pelo
que acreditamos.
Aos meus pais, pelo incentivo e confiança em tudo que fiz até hoje.
Aos meus amigos, em especial à Romênia que jamais negaram seu
caloroso apoio durante a realização desta pesquisa.
Às mulheres consumidoras que participaram da minha pesquisa, pois sem
elas, este estudo não teria se finalizado com sucesso e se tornado uma rica fonte de
compreensão do comportamento feminino.
“Ah, essas Mulheres modernas...
Sabem o que querem...
Compram o desejam....
Decidem o que vai ser seu...
Quando e em que momento....
Opinião?
No final, basta a sua!
Ah, essas Mulheres modernas...”
John Gray
RESUMO
Esta dissertação apresenta os fatores determinantes que se evidenciam no processo
decisório de compra de automóveis novos para uso pessoal, lançando um olhar de
especificidade para o público feminino. O estudo de caso, junto a 89 mulheres de 21
a 55 anos da cidade de Sete Lagoas (MG) compradoras dos modelos novos anos
2009/ 2010/2011 da montadora FIAT ocorreu no período de julho/agosto/setembro
do ano de 2011. Foi elaborado um instrumento estruturado sobre a forma de um
questionário com perguntas fechadas, de natureza não disfarçada. Cada bloco de
perguntas objetivou obter respostas para os elementos essenciais do processo
decisório das compradoras de automóveis. Como principais resultados: o perfil geral
predominante das respondentes é de mulheres casadas, com filhos, que trabalham
fora, ganham de 3 a 5 salários mínimos, tem ensino superior, não moram sozinhas,
vivem num grupo familiar de 4 a 6 pessoas, possuem apenas um carro, e nunca
tiveram algum outro carro anteriormente; na amostra investigada foi possível
levantar que as aquisições de carros novos se efetivam como resultado de uma
necessidade real de ter um meio de locomoção, que atenda às necessidades das
consumidoras, seja para locomoção para o trabalho, para levar os filhos à escola ou
mesmo lazer; em ocasiões onde apenas a mãe está presente com filhos ou sozinha;
a probabilidade de aquisição por status não foi apontada pelas entrevistadas; em se
tratando de automóveis, variáveis como valor e condições estabelecidas de
pagamento, fazem com que a razão novamente se faça mais forte que a emoção e
ao entusiasmo do primeiro momento em que a mulher chega à concessionária,
conforme apontam autores que abordam o poder da imagem sobre o consumidor; a
pesquisa faz perceber que as mulheres entrevistadas ao adquirirem um automóvel
novo, pensam em praticidade, benefícios e vantagens que o bem lhe dá de retorno,
principalmente na mínima preocupação com serviços de manutenção que os
automóveis novos garantem, tanto que segundo as entrevistadas o tempo de
permanência com o automóvel e a troca (descarte) por outro gira em torno de 36
meses (03 anos). A pesquisa aponta ainda a diferenciação comportamental pelas
mulheres nas diversas fases do modelo do processo de compra do consumidor
apresentado na literatura sobre marketing.
PALAVRAS – CHAVE: Comportamento do consumidor. Processo de compra.
Aquisição de automóveis. Mulher.
ABSTRACT
This dissertation presents the main factors that are evident in the decision process to
purchase new cars for personal use, casting a look of specificity for the female
audience. The case study, along with 89 women, ranging 21-55 years from the city of
Sete Lagoas (MG), buyers of the new models2009/2010/2011 from the assembler
FIAT occurred from July / August / September of 2011. A structured instrument was
developed on the form of a questionnaire with closed, non-disguised questions. Each
block of questions aimed at obtaining answers to the key elements of the decision
process of buying a car: The main results: the general profile of respondents is
predominantly married women with children, working outside, earning 3-5 minimum
wages, have higher education, not living alone, living in a family group of 4 to 6
people, have only one car, and never had any other car before; in the investigated
sample, it was possible to raise that the purchase of new cars are effected as a result
of a real need to have a means of locomotion, that meets the needs of consumers,
whether commuting to work, to bring their children to school or leisure on occasions
where only the mother is present with children or alone; the probability of acquisition
status was not indicated by the interviewees; when it comes to cars, variables such
as value and established conditions of payment, make the reason, again, stronger
than the excitement and enthusiasm of the first time the woman comes to the
concessionaire, as the authors that address the power of image on the consumer
point out; the research makes us realize that the interviewed women, when
purchasing a new car, think about practicality, benefits and advantages that the car
gives in return, especially in the least concern with maintenance services that the
new cars ensure, so that according to the interviewees, the time spent with the car
until exchange (discard) is around 36 months (03 years). The research also
highlights the differentiation of behavior by women in various stages of the model of
consumer’s purchase process presented in the literature on marketing.
Keywords: Consumer behavior. Purchase process. Caracquisition. Women.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Modelo de comportamento de comprador ................................................. 24
Figura 2 – Pirâmide de Maslow ................................................................................ 27
Figura 3 - Modelo de processo de compra do consumidor ....................................... 38
Figura 4 - Processo de compra ................................................................................. 39
Figura 6 - Correlação dos construtos, indicadores e fatores ..................................... 88
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Idade......................................................................................................... 68
Gráfico 2 – Ocupação principal ................................................................................. 69
Gráfico 3 - Escolaridade ............................................................................................ 70
Gráfico 4 – Quantidade de pessoas que fazem parte da família ............................... 71
LISTAS DE QUADROS
Quadro 1 Os diferentes papéis do consumidor ......................................................... 25
Quadro 2 - Influências situacionais e o comportamento do consumidor ................... 28
Quadro 3 ´Construtos, indicadores e fatores do modelo utilizado ............................. 63
Quadro 4 - Características valorizadas na hora de comprar um carro ...................... 64
Quadro 5 - Considerações que as mulheres optaram ao comprarem o automóvel .. 64
Quadro 6 - As Influências na Decisão Final ............................................................. 64
Quadro 7 – Pontos da Escala Likert .......................................................................... 65
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Estado civil .............................................................................................. 68
Tabela 2 - Filhos........................................................................................................ 69
Tabela 3 – Renda mensal l........................................................................................ 70
Tabela 4 – Respondentes que moram sozinhas ....................................................... 71
Tabela 5 – Quantidade de carros .............................................................................. 72
Tabela 6 – Frequência da troca de carro .................................................................. 72
Tabela 7 – Significado de “Ter um carro” .................................................................. 73
Tabela 8 – Uso do carro adquirido ............................................................................ 74
Tabela 9 – Construto Reconhecimento da Necessidade (RN) .................................. 74
Tabela 10 – Construto Levantamento de Alternativas (LA) ....................................... 75
Tabela 11 – Construto Avaliação de Alternativas (AA) .............................................. 75
Tabela 12 – Construto Decisão de compra (DC)....................................................... 76
Tabela 13 – Construto Avaliação Pós-Compra (APC)............................................... 76
Tabela 14 – Construto Revenda e Descarte (RV) ..................................................... 77
Tabela 15 – Estatística descritiva dos fatores e construto - Decisão de Compra ...... 77
Tabela 16 – Teste de diferença entre médias ........................................................... 78
Tabela 17 – Correlação entre os construtos ............................................................. 78
Tabela 18 – Correlação entre médias – Estado Civil ................................................ 80
Tabela 19 – Características valorizadas na hora da compra..................................... 84
Tabela 20 – Fatores de influênciam na aquisição do automóvel ............................... 85
Tabela 21 – Teste diferença entre média dos Fatores de influência ......................... 86
Tabela 22 – Correlação dos Construtos .................................................................... 89
LISTA DE SIGLAS
AA - Avaliação de Alternativas
APC - Avaliação Pós-Compra
DC - Decisão de Compra
DV - Descarte ou Revenda
FIP - Fatores de Influência pessoal
LA - Levantamento de Alternativas
RN - Reconhecimento da Necessidade
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
1.1 A questão norteadora e os objetivos da pesquisa ............................................... 17
1.2 Justificativa e Relevância da Pesquisa ............................................................... 17
1.3 Estruturação da Dissertação ............................................................................... 19
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 21
2.1 Comportamento do consumidor .......................................................................... 21
2.1.1 Compreensão desse comportamento............................................................... 21
2.1.2 Os Grupos de Consumidores e seu Comportamento no Ato da Compra ......... 26
2.1.3 A força das variáveis sociais sobre o grupo de consumidores ........................ 29
2.1.4 A influência dos grupos de referência, da família, o papel e os status social no
comportamento do consumidor ................................................................................. 30
2.1.4.1 Os grupos de referência ................................................................................ 31
2.1.4.2 A Influência da Família .................................................................................. 32
2.1.4.3 O papel e status social .................................................................................. 33
2.1.4.4 A influência da cultura sobre o consumidor ................................................... 34
2.1.5 A influência dos fatores pessoais idade, ocupação e circunstâncias
econômicas ............................................................................................................... 35
2.2 O processo de compra e a postura do consumidor ............................................. 37
2.2.1 Estratégias de Marketing influenciando o consumidor: o poder do uso da
imagem de um determinado produto. ........................................................................ 40
2.2.2 Quando as emoções interferem no processo de compra ................................. 44
2.3 Análise de gênero: Mulher................................................................................... 46
2.3.1 O comportamento das mulheres durante o processo de compra ..................... 52
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 60
3.1 Caracterização da Pesquisa................................................................................ 60
3.2 Amostra e coleta de dados .................................................................................. 61
3.4 Estratégia de Análise de Dados ......................................................................... 65
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS NA PESQUISA .. 67
4.1 Perfil socioeconômico das respondentes ............................................................ 67
4.2 Análise descritiva do processo de compra .......................................................... 74
4.2.1 Comparação entre segmentos ......................................................................... 79
4.3 Percepção das características valorizadas na hora de comprar um carro .......... 83
4.4 Percepção das influências na aquisição do produto ........................................... 85
4.5 Correlação entre características valorizadas na hora da compra, influências na
aquisição do produto e construtos do processo de compra ...................................... 87
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 93
REFERENCIAS ....................................................................................................... 100
APÊNDICE A – FORMULÁRIO DA PESQUISA - O PROCESSO DE COMPRA DE
CARROS DA MULHER SETELAGOANA ............................................................... 106
14
1 INTRODUÇÃO
Este estudo estabelece as relações entre o modelo do comportamento do
consumidor com foco no processo decisório de compra de automóveis pelo público
feminino.
A questão do gênero associado ao consumo tem despertado a atenção
de pesquisadores das áreas de marketing, da teoria organizacional, da sociologia,
da psicologia e da antropologia. No entanto o tema revela lacunas conceituais e
taxonômicas, definições imprecisas e ausências de aplicabilidade pragmática do
conhecimento dos gêneros e de suas percepções e realidades sobre as razões, os
propósitos e processos do consumo.
Com a globalização, o mercado está cada vez mais competitivo e os
clientes mais exigentes, obrigando as empresas a se adaptarem a essa nova
realidade a fim de assegurar sua permanência no setor através da venda de seus
produtos. Mudanças estratégicas focadas nos fatores que influenciam no processo
de compra tornaram-se indispensáveis para a garantia de um futuro próspero para
as empresas.
Atualmente, para conquistar clientes e vender seus produtos, as
empresas têm que perceber que não basta satisfazê-los. É essencial “encantá-los” e
“surpreendê-los” com produtos e serviços fundamentalmente novos, diferentes e
modernos, como dizem os autores de marketing (PEREZ, 2012). Toda empresa que
quiser vender seus produtos e lutar pela liderança de mercado, haverá de buscar
incessantemente essa compreensão.
15
Ao longo do tempo, as pesquisas têm tentado elucidar as razões que
levam um consumidor a escolher um produto ou serviço, uma quantidade a ofertar,
um momento de oferta e o local específico de demanda em detrimento de outros e
especificamente na área de marketing teorias e modelos foram desenvolvidos para
tentar explicar o comportamento do consumidor, que segundo Wilkie (1994) é uma
atividade mental, emocional e física na qual, as pessoas se envolvem
emocionalmente quando selecionam, compram, usam e disponibilizam um produto
ou serviço para satisfazer uma necessidade ou desejo pessoal.
Quando um indivíduo compra um produto, o faz por um motivo, desejo ou
necessidade, como expressa Arnould (2000, p.53): “Comprar é parte do processo no
qual, as mercadorias encerram valores, idéias e significados”. Corrobora Benson
(2000), apontando que comprar é essencialmente uma experiência íntima e pessoal
“Comprar é experimentar, tocar, analisar, refletir [...]. É o modo pelo qual nós
procuramos por nós mesmos e pelo nosso lugar no mundo. [...]” (BENSON, 2000,
p.52).
Comprar também pode ser um ritual que vai desde olhar vitrines,
examinar e testar produtos, comparar preços e características que às vezes, são
ações realizadas pelo puro prazer que proporcionam, com ou sem a consumação da
compra (CAMPBELL, 2001).
Na tentativa de compreender o comportamento do consumidor é
fundamental ao profissional de marketing atentar que cada indivíduo se comporta de
maneira diferente num processo de compra. Seu envolvimento no processo será
mais ou menos efetivo de acordo com os motivos que o levam a comprar, o leque de
ofertas, a variedade de escolha e a sua satisfação final.
16
Com foco no mercado brasileiro de automóveis, nota-se que existem
várias empresas ofertando ao consumidor uma ampla linha de produtos similares,
mas com pequenos benefícios que acabam sendo percebidos como diferenciais que
definem a escolha final, o que vai determinando o posicionamento da marca no
mercado. Diante desse fato, Sheth; Mithal e Newman at. al (2001, p. 62) ressaltam
que esse desafio de escolher uma entre uma multiplicidade de marcas em uma
mesma categoria de serviço/produto, gera a preocupação de “procurar formas que
possam ajudar a simplificar e facilitar” o processo de compra para um consumidor
mais exigente.
Importante ressaltar a importância do gênero feminino como foco deste
estudo, sabendo-se que as mulheres atualmente são mais participativas no
processo de aquisição de bens familiares, e o mercado já percebeu isso. Orientam
Bristor e Fisher (1993), que estudar o comportamento feminino, tendo como base as
experiências das mulheres pode levar ao surgimento de problemáticas referente ao
comportamento de consumo, bastante proveitosas para a área de marketing, sendo
impossível negligenciá-las.
Perez (2008) aponta que a participação feminina traz racionalidade ao
processo de decisão de compra, o que tem levado a mudanças nos veículos para
atender às exigências femininas. Segundo o autor, essas mudanças visam
segurança, conforto e versatilidade para toda a família, tanto que diversas empresas
já perceberam o poder das mulheres no processo de compra que começaram a
desenvolver táticas e estratégias de mercado sob a óptica do público feminino.
17
1.1 A questão norteadora e os objetivos da pesquisa
Com base no contexto descrito anteriormente, esta pesquisa visa
responder à seguinte pergunta: Quais fatores são considerados como determinantes
no processo de aquisição de automóveis novos pela mulher?
Como objetivo geral, estabeleceu-se estudar os fatores determinantes
que se evidenciam no processo decisório de compra de automóveis novos para uso
pessoal, lançando um olhar de especificidade para o público feminino.
Na intenção de alcançar este objetivo, foram traçados os seguintes
objetivos específicos:
a) identificar as variáveis relacionadas ao processo de compra e
comportamento do consumidor;
b) avaliar o comportamento
das consumidoras em cada etapa de
aquisição de um automóvel.
c) caracterizar os principais fatores decisórios valorizados pelas mulheres
no processo de aquisição de automóveis.
1.2 Justificativa e Relevância da Pesquisa
A importância de promover uma investigação em torno do comportamento
do consumidor feminino no processo de compra de automóveis se justifica na
18
constatação da indústria automobilística, sobre o quanto o público feminino passou a
fazer parte de um mercado antes direcionado exclusivamente ao público masculino.
Percebendo que cresce o número de consumidoras conscientes que
acompanham as tendências, e optam por suas próprias escolhas na hora de adquirir
seu automóvel o mercado automobilístico passou a fabricar produtos que atraiam
essas consumidoras em potencial. Descobrir se essas estratégias são capazes de
interferir na hora da compra é de grande importância para entender o
comportamento da mulher.
A relevância dessa pesquisa do ponto de vista teórico centra-se na
possibilidade de alcançar a compreensão do comportamento do consumidor, algo
que todas as empresas de todos os ramos desejam saber para atrair mais
consumidores para sua linha de produtos.
Sob o ponto de vista da pesquisa prática, considera-se que conhecer
como as mulheres se posicionam no processo decisório de compra, seja
fundamental como forma de visualizar pontos que possam ser evidenciados pela
indústria automobilística no momento de produzir sua linha de produtos e construir
suas estratégias de marketing. A premissa do estudo consiste na importância de se
conhecer preferências, prioridades e exigências que as diferenciam dos homens,
para saber como atendê-las consistentemente.
O desenvolvimento da pesquisa servirá para aplicar aspectos referentes
ao marketing, como por exemplo a sua conceituação e aplicação no comportamento
do consumidor, a percepção do processo de aquisição de produtos, a participação
feminina no processo de compra, o relacionamento e a retenção de cliente, a
importância do relacionamento entre empresa e cliente, a satisfação do consumidor
19
e a qualidade dos serviços. Neste contexto, o propósito deste estudo coaduna com a
assimilação do conhecimento construído ao longo da formação acadêmica.
Percebe-se que em meio a tantos estudos de comportamento de
consumidor no processo de compra, poucos, entretanto estão direcionados a
investigar a influência feminina na compra de carros. Visualiza-se nas pesquisas em
torno do tema que o comportamento feminino na aquisição de carros é pouco
tratado por estudiosos de marketing e comportamento do consumidor, mesmo que a
opinião feminina tenha se mostrado relevante nos estudos acerca das formas de
consumo.
Em nossos dias, utilizar informações é essencial para desenvolver
produtos e serviços necessários ou desejados por eles, estreitar os relacionamentos
e conhecê-los cada vez mais.
1.3 Estruturação da Dissertação
A presente pesquisa estrutura-se na observância do que rege as normas
acadêmicas e aos padrões norteadores dos trabalhos de dissertação, sendo
estruturado em capítulos na seguinte sequência: Além desta introdução, onde foi
abordada a contextualização do tema proposto, os objetivos a serem alcançados, a
questão da pesquisa, a justificativa e relevância da pesquisa, mais quatro capítulos
são apresentados.
No segundo, apresenta-se o referencial teórico da literatura especifica da
área de marketing cujo foco central está voltado ao comportamento do consumidor,
20
o processo decisório de compra, o mercado da indústria automobilística e a
percepção do comportamento da mulher na aquisição de carros novos.
No terceiro, apresenta-se a metodologia, onde são descritos os
procedimentos adotados na pesquisa para a realização do estudo.
No quarto, reservou-se o espaço para a análise de discussão dos
resultados obtidos durante a pesquisa.
Finalizando, no quinto capítulo, são apresentadas as considerações finais,
as implicações da pesquisa, as limitações do estudo e as sugestões para os
trabalhos.
21
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo tem por objetivo apresentar os temas pertinentes a esta
pesquisa: comportamento do consumidor, gênero feminino e a compra do produto
automóvel.
Quanto comportamento do consumidor, conceitos e modelos são
descritos, para que se possam traçar as abordagens dos autores em interação com
tais construtos. Na questão do gênero feminino é apresentada uma análise teórica
sobre o significado do termo a partir de levantamento bibliográfico, com ênfase na
compra do produto automóvel.
2.1 Comportamento do consumidor
2.1.1 Compreensão desse comportamento
Na busca da compreensão do comportamento do consumidor, considerase importante perceber que bens e serviços mantêm uma relação com os fatores
culturais e com as expectativas individuais sobre determinados produtos ou serviços.
Segundo Kotler (2006) os costumes dos consumidores estão relacionados com sua
renda, sua atividade profissional, estilos e hábitos de consumo.
A análise do comportamento do consumidor, de acordo com Engel,
Blackwell e Minard (2000), deve ser feita com base nos fatores que influenciam este
22
comportamento, tais como fatores pessoais e socioculturais. O homem caracterizase por ser um ser social, portanto necessita viver em comunidades/grupos e para
isto precisa ser aceito por eles. A partir do convívio em grupo, são definidos valores
e comportamentos que serão aceitos, desejados ou rejeitados.
Determinadas variáveis influenciam o comportamento do consumidor, se
dividindo em três grandes categorias: diferenças individuais (fatores pessoais e
fatores culturais), influências ambientais (fatores sociais) e o outro grupo de fatores
que sai um pouco da esfera do racional e passa para aspectos subjetivos como:
motivação, percepção, crenças e atitudes, considerando-se os aspectos psicológicos
(ou fatores psicológicos) (MOWEN, MINOR, 2006).
Churchill e Peter (2003) destacam que existem inúmeros fatores que
determinam o comportamento do consumidor no processo de compra, sendo que a
tomada de decisão pelo consumidor por um determinado produto ou serviço é o
mais relevante.
Samara e Morsch (2005) afirmam que:
O estudo do comportamento de compra dos consumidores “tem como
objeto conhecer profundamente o comportamento das pessoas, suas
necessidades, seus desejos e suas motivações, procurando entender o
processo de como, quando e por que elas compram. É um processo que
envolve a seleção, a compra, o uso ou a disposição de produtos, idéias ou
experiências para satisfazer necessidades e desejos. (SAMARA;MORSCH,
2005,p.2).
Já Sheth, Mittal e Newman (2001), o define da seguinte maneira:
O comportamento do cliente é definido como as atividades físicas e mentais
realizadas por clientes de bens de consumo e industriais que resultam em
decisões e ações, como comprar e utilizar produtos e serviços, bem como
pagar por eles. Os clientes estão divididos em domiciliares ou consumidores
e empresas, os quais possuem como papéis de serem: usuários,
compradores e pagantes. (SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2001, p. 29)
23
Cabe salientar que, segundo Schiffman e Kanuk (1997, p.412), em se
tratando de comportamento do consumidor é importante perceber os tipos de
comportamento que pesam durante o processo de compra: compras experimentais
(aquelas com apelos promocionais); compras repetidas (baseadas em uma
experimentação de sucesso) e compras de comportamento de longo prazo (bens
duráveis como fogões residenciais). (Grifo nosso)
Na visão de Karsaklian (2000), por mais que se busque conhecer o
consumidor, é difícil saber quais comportamentos ele vai ter em relação a fatos que
venham ocorrer durante a sua vida.
De acordo com a teoria tradicional sobre o consumidor, comportamento do
consumidor pode ser definido como um conjunto de reações ou respostas
dos indivíduos a determinados estímulos, os quais decorrem de fatores
pessoais, fatores ambientais, situacionais e de marketing. (VIDIGAL, 2008,
p.08)
Nota-se, que em relação à compreensão do comportamento do
consumidor é um erro das empresas ignorá-lo. Para Underhill (1999), a maior
ignorância dos homens de negócio centra-se no desconhecimento de quem são
seus clientes e o que eles desejam. Por isso, acaba sendo essencial conhecer o
que querem os consumidores e como eles tomam suas decisões sobre a compra e a
utilização de produtos é fundamental para que as organizações tenham êxito em seu
mercado (SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2001).
Apontam Pride e Ferrell (2000, p.150) que “a habilidade de uma empresa
para estabelecer e manter relacionamentos satisfatórios com o cliente requer uma
compreensão do comportamento de compra e do comportamento do consumidor”.
O comportamento de compra são os processos de decisão e os atos das
pessoas envolvidas na compra e no uso de produtos. E comportamento do
consumidor, se refere ao comportamento de compra dos consumidores
finais, aquelas pessoas que adquirem produtos para uso pessoal ou
doméstico, e não para fins comerciais (PRIDE; FERRELL, 2000, p.150).
24
O conhecimento das variáveis de influência sobre o comportamento de
compra é importante para que os empresários e profissionais de marketing
qualifiquem seus produtos e serviços, considerando efetivamente os desejos e as
necessidades do consumidor e orientando suas ofertas para o mercado (ENGEL;
BLACKWELL; MINIARD, 2000).
Para Churchill e Peter (2003), todas as pessoas são consumidores
potenciais, com personalidade distinta e anseios variados, uma das outras. Na
mesma linha de pensamento, complementam Schiffman e Kanuk (2000), que a
distinção dos consumidores é percebida nas necessidades iguais mais com gostos
diferentes muitas vezes evidenciadas na hora da escolha de um determinado
produto.
Cobra (1997, p.59) destaca que “cada consumidor reage de forma
diferente sob estímulos iguais, e isso ocorre porque cada um possui uma ‘caixa
preta’ diferente".
Sendo assim, são essas diferenças que vão pesar em seus atos de
compra, o que é retratado por Kotler (2006) da seguinte forma (FIG. 1):
Figura 1- Modelo de comportamento de comprador
Fonte: Adaptado de KOTLER (2004, p. 182)
25
Nota-se a partir do modelo apresentado que o campo do comportamento
do consumidor leva ao estudo de “como pessoas, grupos e organizações
selecionam, compram, usam e descartam artigos, ideias ou experiências para
satisfazer suas necessidades e seus desejos" (KOTLER, 2006, p.182).
Assim, é importante conhecer os papéis mais comuns do consumidor
apontados por Kotler (2006) descritos no QUAD 1 a seguir.
Iniciador
Pessoa que sugere a ideia de
comprar um produto ou serviço.
Decisor
Pessoa cujo ponto de vista ou
conselho influencia na decisão de
compra.
Influenciador
Pessoa que decide sobre quaisquer
componentes de uma decisão de
compra. O que comprar? Como
comprar? E onde comprar?
Comprador
Pessoa que efetivamente realiza a
compra.
Usuário
Pessoa que consome ou usa o produto ou serviço.
Quadro 1 Os diferentes papéis do consumidor
Fonte: Adaptado de Kotler (2006, p. 108)
Diante da classificação dos papéis do consumidor apontada por Kotler
(2006), é que o mercado se posiciona para melhor atendê-lo. “[...] um indivíduo é
influenciado pelos vários pequenos grupos com os quais interage” (KOTLER, 2006,
p.108).
Desta forma, defende o autor que o comportamento do consumidor tem
influência de outros consumidores e também de pequenos grupos existentes dentro
das sociedades, e o mercado precisa saber lidar com eles (KOTLER, 2006).
26
2.1.2 Os Grupos de Consumidores e seu Comportamento no Ato da Compra
No mercado de consumo pode-se encontrar vários tipos de consumidores
e de variados comportamentos. Nesse mercado, aqueles consumidores que acham
que tudo está bom, aquelas que quase sempre apresentam satisfação mediana, e
de outro lado, encontramos aqueles consumidores exigentes, que levam em conta
todos os fatores que podem lhes prejudicar diante do ato de consumo.
Churchill e Peter (2003), lembram que existem ainda, fatores que podem
determinar o comportamento do consumidor, fazendo com que a compra não siga as
mesmas etapas de um processo considerado normal, como:
a) a compra é importante para os consumidores;
b) o preço do produto é muito alto;
c) o produto tem características complexas ou novas;
d) há muitas opções de marcas.
Em se tratando do comportamento de compra do consumidor é
importante inicialmente compreender que o consumo, de acordo com Kotler (1996),
sofre influências diversas desde a idade, renda, nível de educação, padrão de
mobilidade e gosto dos consumidores. “Ao fazerem suas escolhas as pessoas são
influenciadas por fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos” (KOTLER,
1996).
Na visão de Karsaklian (2000), a ação de comprar que move o
consumidor, tem sempre um fundamento, sendo seu ponto de partida uma
necessidade, o desejo de possuir um bem. Segundo o autor é com base em um
determinado desejo, é que surgem as preferências por determinadas marcas,
27
modelos ou produtos. “Essas preferências estarão diretamente relacionadas ao
auto-conceito: o consumidor tenderá a escolher um produto que corresponda ao
conceito que ele tem ou que gostaria de ter de si” (KARSAKLIAN, 2000.p.11).
Um importante fator que impulsiona um processo de compra é a
necessidade do indivíduo, sendo fundamental que se compreenda que muitos os
fatores psicológicos podem influenciar a tomada de decisão e comportamentos do
consumidor, entre eles conforme apontam Kotler e Armstrong (2003):
a) Motivações: Os consumidores podem ser influenciados por
necessidades, que são divididas em fisiológicas (fome, sede, desconforto) e
psicológicas (reconhecimento, auto-estima, relacionamento), mas muitas
vezes estas necessidades não serão fortes o bastante para motivar a
pessoa a agir num dado momento, ou seja, a pessoa às vezes necessita de
um motivo maior para buscar sua satisfação.
b) Personalidade: É a personalidade de cada pessoa que vai determinar o
seu comportamento no ato da compra, pois se refere às características
psicológicas que conduzem uma resposta relativamente consistente no
ambiente onde a pessoa está inserida. Destaca, ainda, o autor, que o
conhecimento da personalidade pode ser muito útil para analisar o
comportamento do consumidor quanto a uma marca ou um produto.
c) Percepções: Considerada como “processo pelo quais as pessoas
selecionam, organizam e interpretam informações para formar uma imagem
significativa do mundo” (KOTHER e ARMSTRONG, 2003, p.89).
A pirâmide de Maslow apresenta cinco necessidades do indivíduo. De
acordo com as necessidades identificadas, as fisiológicas são as principais e as que
motivam o consumidor a comprar. A ordem de satisfação das necessidades do
consumidor segue a mesma ordem hierárquica da pirâmide de Maslow, ilustrada na
FIG.2.
Figura 2 – Pirâmide de Maslow
Fonte: KOTHER e ARMSTRONG (2003, p.89).
28
Além de serem influenciados por fatores psicológicos (internos), citados
anteriormente, os consumidores também recebem uma influência muito forte dos
fatores situacionais.
Vieira (2004) argumenta que esses fatores têm grande poder de
influenciar o ato da compra. As influências situacionais mais comuns que afetam o
comportamento do consumidor, segundo Churchill e Peter (2003), são: ambiente
físico, ambiente social, tempo, a tarefa (razões de compra) e as condições
momentâneas, cujas características são apresentadas no quadro 2 a seguir.
Tipos de Ambiente
Características
Composto por características notadas pelo
consumidor no momento da compra, como a
1. Ambiente físico
iluminação do local, o nível de barulho, a
localização da loja, sua decoração etc.
Inclui outras pessoas, o status que elas pretendem
2. Ambiente social
manter perante os demais.
Pode influenciar de uma maneira muito forte o
processo de compra; as pessoas tomam decisões
3. O tempo
diferentes dependendo de qual momento do dia, da
semana ou da estação do ano fazem a compra.
4. A tarefa, ou as razões que movem o
Inclui a identidade da pessoa que irá utilizar o
consumidor a comprar
produto
5. As condições momentâneas
o humor, o dinheiro de que o consumidor dispõe
naquele momento, sua saúde etc.
Quadro 2 - Influências situacionais e o comportamento do consumidor
Fonte: Churchill e Peter (2003) Adaptado
Mas é importante frisar que os consumidores ainda são influenciados por
outras variáveis muito importantes em seus comportamentos no ato da compra, que
são: as classes sociais; as variáveis sociais; as variáveis econômicas; e as variáveis
culturais (VIEIRA, 2004, p.28).
29
2.1.3 A força das variáveis sociais sobre o grupo de consumidores
As variáveis sociais são o segundo grupo de determinantes no
comportamento do consumidor. Engel, Blacwell e Miniard (2000), orientam que
quem deseja estudar ou saber o que leva os consumidores a comprarem um
determinado produto, não pode deixar de considerar os fatores sociais. Para os
autores, “o que leva as pessoas a se decidirem por um determinado produto vem de
sua personalidade, de seu estilo de vida e das forças sociais”. (ENGEL; BLACWELL
E MINIARD, 2000, p.50-51)
De acordo com os autores estas variáveis de influências sociais podem
ser classificadas como:
a) Estilo de vida: as mudanças nos padrões de vida, como uniões
instáveis, pessoas morando sozinhas, têm gerado um maior número do
consumo, onde as pessoas procuram por produtos e serviços que lhes
proporcionem maior conforto e tranquilidade.
b) Valores sociais: os valores sociais são determinantes nas escolhas que
os consumidores fazem na vida, como, por exemplo, um determinado
produto pode ter certo valor para uma pessoa e para outra não.
c) Demografia: o fator crescente da população leva a observar que os
padrões de consumo afetam o tamanho da oferta de mão-de-obra e da
localização no mercado de consumo.
d) cultura: o fator cultural não pode ser negligenciado pelas empresas, pois
ele afeta vários fatores relacionados ao consumo, como: os motivos de
compra, o que as pessoas compram e como elas decidem comprar.
(ENGEL; BLACWELL E MINIARD, 2000, p.396-397)
Pode-se perceber assim, que as influências individuais de cada
comprador ou consumidor, acaba por se tornar um fator de peso no processo de
escolha de um produto. Corroboram Chirchill e Peter (2003) com a visão de que
grupos de referência, que podem ser a família, os amigos, os clubes e organizações
profissionais e influenciam de diversas maneiras, os pensamentos, sentimentos e
comportamentos dos consumidores. Esta influência ocorre indiretamente, através de
30
conversas, recomendações, convites, ordens, coerção, crítica, elogios, provocação
etc.;
2.1.4 A influência dos grupos de referência, da família, o papel e os status
social no comportamento do consumidor
De acordo com Schiffman e Kanuk (2000), além dos fatores culturais, o
comportamento do consumidor é influenciado por fatores sociais como grupo de
referência, famílias, papéis e status, bem como o fator idade.
Para Engel, Blackweel e Miniard (2000), os fatores sociais influenciam no
comportamento do consumidor, pois os grupos de referência, a família, têm forte
poder de apelo no momento de decisão da compra. Isso porque todas as decisões
de compra são ligadas a indivíduos que, apesar de explicarem, antes de tudo, suas
preferências e intenções, por si só não garantem qual o comportamento será
utilizado na hora da compra. “O comportamento às vezes é afetado mais por
pressões do ambiente social do que por atitudes pessoais” (Engel, Blackweel e
Miniard, 2000, p.255).
Considerada por Kotler (1996), uma das variáveis que mais interfere no
ato de consumo, a classe social limita o consumidor diante de determinadas
escolhas.
As classes sociais são divisões relativamente homogêneas e
permanecentes numa sociedade, ordenadas com respeito a cada um e
cujos membros compartilham dos mesmos valores, estilos de vida,
interesses e comportamento (KOTLER, 1996, p.107)
31
Vieira (2004, p.39) afirma que “[...] a classe social pode ser definida como
um critério de ordenação da sociedade, utilizando indicadores como poder aquisitivo,
escolaridade e ocupação”. As classes sociais acabam se tornando determinantes
para o mercado, pois o comportamento dentro delas pode determinar o poder de
decisão de compra de todo o grupo.
2.1.4.1 Os grupos de referência
Os grupos de referência servem de formação direta ou indireta na
formação de atitudes de uma pessoa. Portanto, os profissionais de marketing tentam
identificar os grupos de referências de seus mercados alvo. Assim podem influenciar
nas atitudes e criar pressões que podem afetar sua escolha de produtos e marcas
(KOTLER; KELLER, 2006).
Para Bagozzi e Dholakia (1999), o consumidor quando acompanhado,
tem sua percepção em relação ao consumo afetada pela opinião de quem o
acompanha. Segundo os autores, isso ocorre, na medida em que as pessoas tomam
decisões de comprar baseadas no que outros pensam ou no que elas acham que os
outros vão pensar das suas decisões. Os chamados grupos de referência, que como
descrevem Bagozzi e Dholakia (1999), são grupos compostos por pessoas com que
há uma identificação, o desejo de parecer ou pessoas, ou até mesmo pessoas com
as quais não gostaríamos de parecer ou ser (as denominadas referências
negativas).
32
Solomon (2002), salienta que a influência exercida sobre o consumidor
depende dos grupos no qual ele está inserido, depende do tipo de produtos e
situações de compra, bem como da faixa etária dos indivíduos que compõem esse
grupo.
2.1.4.2 A Influência da Família
A família tem grande influencia no comportamento do comprador, e cada
membro da família exerce influencia na decisão da compra. Como apontam Kotler e
Keller (2006) se dividem em dois grupos:
[...] Os membros da família constituem o grupo primário de referência de
maior influência sobre o consumidor. Podem-se distinguir entre duas
famílias na vida do comprador: a de “orientação”, que é formada pelos pais,
e a de “procriação”, por esposa e filhos (KOTLER; KELLER, 2006, p.177).
Nota-se a partir das opiniões de Engel, Blackwel e Miniard (2000);
Solomon (2002) que a família é um dos principais determinantes no comportamento
das pessoas, e por isso passa a ser a principal fonte na determinação de hábitos e
costumes podendo agir como fator influenciador, decisor ou comprador num
processo de compra.
33
2.1.4.3 O papel e status social
Para compreender o papel e o status social e sua influência junto ao
consumidor é importante assimilar a opinião de Giddens (1991), aponta que o papel
social e status social em nenhum momento não se confundem ou podem ser
tomados como sinônimos, pois apresentam influências diferentes junto ao
consumidor. “Enquanto o papel social é determinado pelas normas preconizadas
nas instituições e organizações da sociedade, o stauts surge no processo de
individualização do indivíduo”. (GIDDENS, 1991, p.103)
Segundo descreve Schiffman e Kanuk (2000), a posição em que cada
grupo pertence é definido como papéis e status. Sobre estes, os autores abordam
que em quase todas as sociedades os indivíduos tentam melhorar seu status social,
a partir da aquisição de bens de consumo que o retratem.
Na visão de Solomon (2002), o termo status define a idéia de que
diferentes posições em um grupo ou sociedade apresentam diferentes valores para
cada um, onde o nível mais alto representa o status mais elevado.
Para Bacellar (2002), o papel social se define como o conjunto de ações
realizadas pelo indivíduo na interação com outros indivíduos, Já o status,
determinado pela posição que o indivíduo ocupa na sociedade e pelas expectativas
daí decorrentes em relação ao comportamento (BACELLAR, 2002).
[...] toda função social ou papel social desempenhado por um indivíduo leva
associado certo status. O status é uma posição socialmente classificada. O
papel social é o padrão de comportamento que se espera de pessoas que
ocupam um determinado status. A estrutura social é um sistema organizado
de papéis ou funções sociais, que definem as relações entre grupos e
indivíduos (SOLOMON, 2002, p.124).
34
2.1.4.4 A influência da cultura sobre o consumidor
Para Solomon (2002, p.371), a cultura é a “lente” através da qual as
pessoas enxergam os produtos. Segundo o autor, os fatores culturais exercem a
mais ampla e profunda influência sobre o comportamento do consumidor. Por meio
dos papéis exercidos pela cultura, subcultura e classe social da compradora.
De acordo com Kotler (2000, p.162) “a cultura é o determinante mais
fundamental dos desejos e do comportamento de uma pessoa. As decisões de um
comprador são também influenciadas por características pessoais, que incluem a
idade e o estágio do ciclo de vida, ocupação, situação econômica, estilo de vida,
personalidade e auto-estima (SCHIFFMAN e KANUK, 2000).
Kotler e Keller (2006) corroborando com Engel; Blacwell; Miniard (2000),
apontam que a cultura exerce uma influência considerável sobre os consumidores.
A cultura tem efeito profundo em por que as pessoas compram. A cultura
afeta os produtos específicos que as pessoas compram, assim como a
estrutura de consumo, a tomada de decisão individual e comunicação numa
sociedade (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000, p.397).
Orienta Kotler (2006), que os profissionais de marketing, devem estar
atentos às mudanças culturais dos consumidores para descobrir novos produtos que
possam ser desejados por eles.
Muitas subculturas criam importantes segmentos de mercado, e os
profissionais de marketing geralmente elaboram programas de marketing e
produtos sob medida para suas necessidades (KOTLER, 2006, p.178).
O que se se observa é que cada consumidor apresenta fatores que
devem ser considerados durante o processo de compra.
35
2.1.5 A influência dos fatores pessoais idade, ocupação e circunstâncias
econômicas
Para Kotler e Keller (2006, p.177) como “cada consumidor reage de uma
forma diferente, sob estímulos iguais”, e isso acontece uma vez que cada pessoa é
diferente uma das outras, é válido que os principais fatores pessoais que influenciam
o comportamento do consumidor sejam conhecidos tais como idade, ocupação e
Circunstâncias Econômicas.
O consumo de produtos e serviços também depende da posição no ciclo
de vida na qual o consumidor se encontra. Salienta Kotler (1998, p.168) “que as
necessidades e os desejos das pessoas modificam-se ao longo de suas vidas”.
Nesse sentido, Churchill e Peter (2003, p.162) comentam a existência dos ciclos de
vida familiar, isto é, “conjunto de estágios pelos quais as famílias passam e que
influenciam suas necessidades e a capacidade de satisfazê-las”.
Inúmeras pesquisas psicográficas acerca da influência que o estilo de
vida no processo decisório de compra, variáveis psicológicas são constantemente
realizadas pelo mercado, a fim de identificar grupos de consumidores com estilos de
vida semelhantes, de modo que seja possível oferecer produtos ou serviços que
atendam a necessidades comuns.
Nessas pesquisas, foram identificados alguns grupos em relação ao ciclo
de vida que responde a postura de cada consumidor, apontados por Porter (2000,
p.78):
a) Modernizadores:
que
buscam
atualizar-se
constantemente,
desenvolver. Possuem as boas coisas da vida, são sofisticados e bem-sucedidos;
se
36
b) Realizadores: indivíduos maduros e guiados por valores internos, beminformados, tranqüilos, consumidores que buscam durabilidade, valor e praticidade;
c) Empreendedores: indivíduos bem-sucedidos, voltados para o trabalho,
dirigidos pelos valores do grupo social, consomem produtos que lhe dão imagem e
status;
d) Experimentadores: jovens que experimentam várias idéias, mas não
têm outra orientação definida. Consumidores de som, vídeo, moda e fast-food.
As tendências predominantes dos quatro grupos com menos recursos
são:
a) Lutadores: almejam o sucesso, consomem em função dos outros e têm
recursos limitados para o consumo;
b) Executores: indivíduos que gostam de construir e fazer coisas e
consomem produtos relacionados a estas atividades;
c) Sobreviventes: pessoas que buscam sobreviver com dificuldade. Seu
consumo é limitado.
d) Crentes: indivíduos conservadores, tradicionais, fielmente acreditam
em marcas estabelecidas.
Finalizando, cabe uma breve abordagem em torno das variáveis
econômicas que são totalmente relevantes na hora do processo de compra e muito
consideradas pelo consumidor, como: profissão, ocupação e circunstâncias
econômicas, destacadas por todos os autores da área de marketing.
Já em relação às variáveis ocupação e circunstâncias econômicas elas
definem o status e poder aquisitivo e também definem claramente o consumo de
produtos específicos.
37
A ocupação influencia o padrão de consumo de uma pessoa, por
exemplo, um presidente de uma empresa comprará ternos caros, passagens de
avião, títulos de clubes exclusivos e barcos luxuosos, enquanto que um operário
comprará roupas e calçados de trabalho e marmitas.
A escolha do produto também é afetada pelas circunstâncias econômicas:
renda disponível (nível, estabilidade). As empresas de produtos sensíveis ao nível
de renda prestam atenção às tendências de renda pessoal. Se os indicadores
apontarem uma recessão, a empresa terá que reposicionar e reestudar os preços de
seus produtos para continuar oferecendo valor aos seus clientes-alvo.
2.2 O processo de compra e a postura do consumidor
Após serem levantados os fatores que podem influenciar a tomada de
decisão por adquirir um produto, apresentar-se-á uma síntese do processo de
compra. Churchil & Peter (2003, p.146), baseando-se na clássica teoria do processo
decisório, descrevem o processo de compra do consumidor em cinco etapas:
reconhecimento da necessidade, busca das informações, avaliação das alternativas,
decisão de compra e avaliação pós-compra, sem contar com os fatores sociais, de
marketing e situacionais já citados. Churchill e (2003), já apresentam o processo de
compra dividindo suas etapas em conformidade com as influências sofridas pelo
consumidor visualizados na FIG.03.
38
Processo de compra do consumidor (Churchill e Peter)
Influências de
Marketing
Influências
Sociais
Reconhecimento
da necessidade
Busca de
informações
Avaliação das
Alternativas
Influências
Situacionais
Decisão de
compra
Avaliação
pós-compra.
Figura 3 - Modelo de processo de compra do consumidor
Fonte: Churchill & Peter (2003, p.146). Adaptado
O consumidor percorre por várias etapas até fazer escolhas sobre
produtos e serviços para o consumo. Salienta Castro apud Blackwell (2003, p.53-54)
complementa o processo descrito por Churchill e Peter (2003) e que pela
importância não podem deixar de ser consideradas.
• Reconhecimento do problema: É quando o consumidor percebe que
existe uma necessidade a ser suprida que está lhe tirando o seu estado de
equilíbrio, ainda que transitoriamente, e lhe causando desconforto.
• Busca de Informações: Aquela que o consumidor recorre quando se quer
saber de algum produto ou serviço. Pode-se recorrer à memória, para saber
se já houve experiências anteriores ou então a fontes pessoais (amigos,
parentes) e fontes públicas (Instituições ligadas a consumidores, revistas
especializadas, etc).
• Avaliação de alternativas: Este estágio é o que vai buscar informações e
esclarecer problemas aos consumidores, por que sugere critérios para
orientar a compra, cria nomes de marca que podem atender aos critérios
buscados pelo consumidor e desenvolve percepções de valor.
• Decisão de Compra: Depois de feita a busca de informação e avaliar as
alternativas, a pessoa já está pronta a efetuar a compra. Devem-se levar em
consideração três etapas importantes de decisão nesta fase, como: de
quem comprar como comprar e como pagar.
• Comportamento pós-compra, uso: É quando o comprador vai comparar
o desempenho do produto ou serviço com expectativas anteriores, e se vai
ficar satisfeito ou não quanto ao produto ou serviço (CASTRO apud
BLACKWELL, 2003, p.54).
Já Sheth; Mittal e Newman (2001), ao discutirem o processo decisório
acrescantam em sua análise a modalidade de descarte, como visualizado na FIG.04
a seguir.
39
Reconhecimento
do
Problema
Busca
de
informação
Avaliação
de
Alternativas
Compra
Experiência
pós compra
Descarte
Figura 4 - Processo de compra
Fonte: Sheth; Mittal e Newman(2001) - Adaptado
Em análise ao processo apresentado, os autores apontam que
inicialmente, os clientes identificam o problema (necessidade) para em seguida
obterem informações sobre as marcas renomadas ou conhecidas antes de decidir.
Segundo os autores, as informações podem partir de propagandas, vendedores,
displays em lojas, web sites das organizações, de amigos, conhecidos, ou mesmo
de uma experiência anterior, e ainda, de fontes independentes (como profissionais
especializados, jornais e revistas).
Mas conforme destacam Schiffman e Kanuk (1997), mesmo sendo
importantes, as fontes de informação acima citadas, destacam-se os grupos de
referência que incluem “a família, amigos diretos e indiretos (como ídolos
esportivos), classe social, subculturas específicas (como adolescentes), cultura
pessoal (conhecimentos específicos e técnicos) e outras culturas” (SCHIFFMAN;
KANUK, 1997, p.230).
Na visão de Schiffman e Kanuk (1997), a compra é decidida depois de
avaliada a opção mais vantajosa pelo consumidor. A experiência pós-compra é o
penúltimo momento do processo vai possibilitar ao consumidor: avaliar a decisão da
compra; identificar o grau de satisfação ou não, sendo que no último caso, este
desiste de uma nova compra do produto.
Em relação ao descarte, Blackwell, Minard e Engel (2005) definem o
estágio de descarte como desfazer-se do bem ao jogá-lo fora diretamente ou através
de troca, doação, reciclagem ou revenda. De acordo com os autores, neste último
estágio do PDC, o consumidor já terminou de consumir o produto, que
40
passou a ter pouca ou nenhuma importância, valor ou utilidade para ele. Nesse
caso, ele costuma ter três alternativas: o descarte completo, a reciclagem ou a
revenda (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005).
Como o descarte é a eliminação completa do produto ou do que restou
dele. Blackwell, Minard e Engel (2005) evidenciam a revenda, última das opções
de descarte, como a mais importante, uma vez que ela é realizada quando o produto
ainda tem algum valor de uso e de troca, fazendo com que ele possa ser convertido
em unidades monetárias e oferecido a outros consumidores. “Em alguns
casos, ao invés de revender o produt o, os consumidores preferem trocar, o
que também caracteriza uma das ações possíveis no Estágio de Descarte”
(BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005, p.123).
2.2.1 Estratégias de Marketing influenciando o consumidor: o poder do uso da
imagem de um determinado produto.
A imagem, enquanto representação é provavelmente o principal conteúdo
do pensamento humano. Elas constituem um dos materiais intelectuais mais
importantes do homem, sendo capazes de influenciar e direcionar o comportamento
das pessoas. “E em se tratando de automóveis a imagem diz muito” (PIAGET,
1971).
Damásio (1971), aponta que o conceito de imagem pode ser dividido em
dois domínios: o domínio da imagem como representação visual: desenhos,
pinturas, imagens televisivas, etc. Imagens nesse sentido são objetos materiais ou
41
signos que representam o ambiente visual, e o domínio imaterial das imagens na
mente humana. Neste aspecto as imagens aparecem como visões, imaginações,
esquemas, modelos e, em geral, como representações mentais. “A imagem designa
um padrão mental que comunica aspectos das características físicas do objeto, e
pode ser traduzida como pensamento” (DAMÁSIO, 2001, p.48).
A visão da imagem de Piaget (1971) e Damásio (2001) leva a perceber o
porquê das empresas investirem tanto no uso de propaganda dos seus produtos
para conquistar consumidores.
A imagem de produto significa a soma de convicções, atitudes e
impressões que uma pessoa ou grupo tem sobre um objeto (companhia, produto,
lugar, pessoa) (KOTLER, 2006).
De acordo com Porter (2006), a imagem a partir das principais ênfases
relacionadas a ela é utilizada para conquistar o consumidor:
a) Ênfase geral: a imagem é a soma total das impressões que o
consumidor recebe de muitas fontes. A definição genérica trata a imagem do produto
como uma ampla abstração, enfatizando tanto a percepção do consumidor quanto a
divergência entre a percepção e a realidade.
b) Ênfase no aspecto simbólico: as pessoas compram objetos não
somente pelo que eles podem fazer, mas também pelo que eles significam. As
coisas que as pessoas compram têm um significado pessoal e social além de suas
funções utilitárias.
c) Ênfase na personificação do produto: os produtos possuem uma
imagem de personalidade (personality image) assim como as pessoas. Essa
personalidade da imagem não é determinada somente por características físicas do
42
produto, mas também por um conjunto de outros fatores tal como propaganda, preço
e outras associações psicológicas e de marketing.
d) Ênfase no significado ou mensagem: a imagem é uma interpretação,
um conjunto de inferências e reações sobre o produto. A definição de imagem com
ênfase na mensagem foca no significado subjacente que o consumidor atribui ao
produto.
e) Ênfase nos elementos cognitivos ou psicológicos: as imagens de
produto são como um conjunto de idéias, sentimentos e atitudes que o consumidor
tem sobre o produto. Na perspectiva cognitiva, a imagem é tratada como uma
entidade externa e uma construção mental que inclui idéias, sentimentos, atitudes,
conceitos mentais, entendimento e expectativa.
Diante das ênfases descritas inúmeras pesquisas de mercado buscam
sempre levantar respostas para os seguintes questionamentos: Por que algumas
mensagens ou conceitos de produtos são melhores assimilados pelo consumidor?
Por que algumas propagandas conseguem envolver o consumidor e outras não? Por
que alguns produtos são aceitos por uma região e por outra não?
Estas e outras questões podem ser parcialmente respondidas a partir da
compreensão de como as pessoas formam as imagens dos objetos. Num estudo
realizado por de Shapiro e Krishnan (2001) revela que em muitas situações de
compra, principalmente compras de baixo envolvimento, em que a escolha do
produto não envolve um esforço de recuperação da informação, a memória implícita
é mais utilizada pelo consumidor. Assim, anúncios expostos anteriormente aos
consumidores podem afetá-los na escolha de produtos sem o consumidor estar
consciente da base de sua escolha.
43
Dessa forma, identifica-se que as imagens podem ser armazenadas,
recuperadas e sobreviver a um maior espaço de tempo quando:
1. as imagens são repetidas e acessadas com uma certa freqüência;
2. a apreensão da informação ocorre de forma recente e espaçada ao longo
do tempo;
3. as informações são organizadas de forma que tenham vivacidade,
sentido e significado para o sujeito;
4. as proposições ou conceitos que farão referência a domínios do
conhecimento concretos e familiares de forma que possam ligar a
esquemas preestabelecidos;
5. as representações que mantêm laços estreitos com "problemas da vida",
carregadas de emoção e envolvimento do sujeito (LÉVY, 2000, p.38).
Shapiro e Krishnan (2001) salientam que é importante notar que as três
operações básicas da memória: codificação, armazenagem e recuperação, não
trabalham de modo seqüencial, tais processos interagem reciprocamente e são
interdependentes. O sujeito retém melhor as informações quando elas estão ligadas
a situações ou domínios de conhecimento que sejam familiares. “Quanto mais
conexões o item a ser lembrado tiver com os outros nós da rede, mais numerosos
serão os caminhos associativos e melhor a possibilidade de lembrança do objeto
procurado” (SHAPIRO; KRISHNAN, 2001, p.32).
Assim, analisando as considerações do autor, pode-se concluir que o
indivíduo primeiro percebe e identifica as informações sobre o produto que quer
adquirir, para em seguida armazená-las de acordo com o que considera como de
maior relevância.
Schuler (1999) faz considerações importantes sobre o conceito que o
indivíduo forma de um objeto. Para autora, o conceito formado passa a funcionar,
para o indivíduo, como um conjunto de dados interligados, “de forma que cada vez
que ele pensa no núcleo central deste conceito, vários dados são imediatamente
lembrados, por fazerem parte muito ativa do modelo mental que representa o objeto
para este indivíduo” (SCHULER, 1999, p.23).
44
2.2.2 Quando as emoções interferem no processo de compra
De acordo com a literatura, uma das maneiras de se avaliar a experiência
de consumo é considerando-se os sentimentos produzidos com a compra ou
consumo do produto Blackwel; Miniard e Engel (2005); Mowen e Minor(2006),
podendo os mesmos ser positivos ou negativos. Qualquer experiência de consumo é
capaz de evocar emoções, embora isso dependa de muitos aspectos situacionais.
Allen et al. (1992) avaliaram a influência de emoções tanto na atitude
como no comportamento, e comprovaram a influência direta em ambos os casos,
além da mediação da atitude na relação entre emoções e comportamento. Nas
palavras dos autores, “as emoções podem ter uma influência direta no
comportamento que não é capturada pelo julgamento de atitude” (ALLEN et al.,
1992, p.500).
Logo, o que se evidencia é que o impacto direto das emoções na intenção
de compra de um produto é decorrente das avaliações que o consumidor faz acerca
dele e as toma como referência, influenciando diretamente no momento final de
escolha.
Na propaganda de um produto, apelos ou argumentos são comumente
utilizados e tem um papel fundamental na intenção de atrair os consumidores.
Estudiosos afirmam que a efetividade da propaganda está relacionada ao seu poder
de convencer o público a escolher seu produto (VAKRATSAS E AMBLER, 1999).
Segundo Martins (1997) a marca de um produto apresenta duas
dimensões de marca: a funcional e a emocional, e para seduzir o consumidor é
imprescindível a elaboração de propagandas específicas visando atender as
45
respectivas necessidades de seus consumidores, levando em conta o papel das
dimensões das marcas nesse processo.
O objetivo fundamental da propaganda é criar a ideia de algo e estimular o
desejo para sua aquisição, o que pode ser feito através de dois caminhos:
“oferecer” o serviço com objetividade e fidelidade, ou sugestionar e atrair a
atenção para ele. Sendo assim, a propaganda é composta por dados
objetivos e subjetivos, “vendendo” o serviço, seja pela razão ou pela
emoção (MARTINS, 1997, p.108).
Martins (1997) identifica, então, três bases de argumentação que
compõem a comunicação publicitária das empresas se configuram em:
Argumentos lógico-racionais ou referenciais: cujo objetivo é demonstrar
a utilidade prática do produto;
Argumentos lógico-emocionais: explora o componente emocional das
pessoas, os sentimentos naturais e até os aspectos inconscientes;
Argumentos mistos: é uma mistura dos dois argumentos acima
mencionados (MARTINS, 1997, p.18).
Conforme esclarece Martins (1997), mesmo diante de bons argumentos,
não se pode deixar de considerar que no momento de decisão de um processo de
compra, é a percepção positiva do consumidor que de modo favorável avalia o
produto, é que efetiva a compra. Segundo o autor, uma percepção negativa por
parte do consumidor o levará a fazer uma avaliação desfavorável do produto que
almejava. Para Martins (1997), as pessoas normalmente acabam fazendo suas
avaliações com base nos seus sentimentos momentâneos em relação ao que
querem adquirir.
O autor defende então a utilização de argumentos mistos capazes de
influenciar o consumidor na hora da compra, um papel destinado aos profissionais
de marketing e vendedores (MARTINS, 1997).
De acordo com Vakratsas e Ambler (1999), o tipo de apelo, ou
argumento, utilizado para atrair o consumidor tem um papel fundamental na
efetividade da compra. Estudiosos afirmam que a efetividade de uma boa
46
propaganda está relacionada ao seu poder de convencer o público a escolher seu
produto.
Para Martins (1997) o uso da propaganda como instrumento de
argumentação com o consumidor encontra defesa, na sua característica de
estimular o desejo de aquisição de um determinado bem. Orienta o autor que essa
estratégia pode ser efetivada através de dois caminhos: “oferecer” o serviço com
objetividade e fidelidade, ou sugestionar e atrair a atenção para ele. Sendo assim, a
propaganda é composta por dados objetivos e subjetivos, vendendo o serviço, seja
pela razão ou pela emoção.
2.3 Análise de gênero: Mulher
Barletta (2006) comenta que no início da década de 1960 e durante a
década de 1970, o ingresso das mulheres na força de trabalho foi considerado uma
das mudanças mais drásticas do século XX. Como consequência dessas mudanças,
a renda, a atitude e o estilo de decisão das mulheres mais jovens variaram
significativamente em relação às suas predecessoras.
Atualmente as mulheres representam uma parcela significativa no
mercado de trabalho e também contribuindo no orçamento familiar, percebe-se que
mulheres tornaram-se independentes no aspecto financeiro (BARLETTA, 2006).
Segundo Engel; Blackwell e Miniard (2000), o consumidor feminino antes
lembrado pelos profissionais de marketing por causa do volume de produtos que
consomem; hoje é visto como alvo potencial de investimento, dada a mudança
47
comportamental das mulheres que se tornaram independentes, mais participativas
nas decisões e pela movimentação que trouxeram ao mercado de consumo.
Na opinião de Popcorn e Marigold (2000):
A evolução através da mulher é uma série de axiomas de marketing
construída em torno da realidade de que as mulheres e homens são tão
diferentes “compra lógica” quanto biologicamente. [...] A evolução através
da mulher mudará para sempre o modo como produtos e serviços são
desenvolvidos, comercializados e distribuídos. (POPCORN e MARIGOLD,
2000, p.26).
A mulher do século XXI é mais descolada, detalhista, interativas,
observadoras e acima de tudo atenta no que fazem e o que passa ao seu redor. E
diante desse novo perfil, muitas vezes o seu poder de compra é superior ao do
homem principalmente nos dias de hoje, onde as facilidades para adquirir produtos
estão cada vez maiores (POPCORN e MARIGOLD, 2000).
.Ainda em Popcorn e Marigold (2003, p.58) “as mulheres compram ou
influenciam na aquisição de 80% de todas as mercadorias de consumo”. Além disso,
outros dois bens, anteriormente de poder aquisitivo masculino, estão caindo
consideravelmente nas mãos das mulheres: o automóvel e a posse de ações. Na
visão das autoras, cerca de “48% dos investidores do mercado são do gênero
feminino”.
Pode-se visualizar que com o passar dos anos a mulher mudou sua
imagem por meio da conquista de independência financeira e deixou de ser vista
somente como dona-de-casa. Ao assumir espaços nas diversas áreas de atuação a
mulher passou adquirir bens de consumo graças à sua ascensão profissional.
Segundo Barletta (2003, p.40): “[...] as mulheres ganham e possuem mais hoje em
dia do que em qualquer outro período anterior da história – e o seu poder financeiro
está crescendo aceleradamente”.
48
Barletta (2003) aponta que cerca de 50% da população mundial é
constituída por mulheres, sendo assim, fica explícito que no contexto econômico, o
segmento feminino não deve ser desconsiderado quanto se lança um produto no
mercado. Uma vez que cresce o número de mulheres que compram produtos que
antes só interessava aos homens.
A mulher contemporânea saiu de casa e conquistou o mercado de
trabalho, até então, exclusivamente masculino, provando ser capaz de gerenciar e
administrar com competência e responsabilidade; ativa, participante e exigente
transformou-se no maior segmento de consumidores do mercado atual (BARLETTA,
2003, p.40).
A essência da mulher contemporânea é a do ser que se adaptou a
multifunções: mulher-família (mãe e esposa), mulher-pessoa, mulherprofissional e, em muitos casos, a de principal provedora do lar, portanto,
preocupada com seu bem-estar e o dos outros. Essa nova postura
transformou-a em uma cidadã bem informada, com um estilo de vida
independente e com capacidade de decisão nos assuntos familiares
(BARLETTA, 2003, p.40).
Popcorn e Marigold (2000), afirmam que o comportamento da mulher é
uma questão de genética. Mulheres observam o mundo por meio do feminino, são
acostumadas, desde sempre, com a cumplicidade com outras mulheres e sua
capacidade de trocar experiências e informações. Já Gobé (2002) vê as mulheres
como seres altamente sensíveis a emoções. E, como pessoas e como
consumidoras, apreciam o relacionamento.
Mulheres gostam de sentir que o vendedor está interessado em saber do
que ela precisa, do que ela gosta e, principalmente, o que combina com ela.
Um vendedor que não se envolve que não dá palpite e que deixa a mulher
se sentindo “sozinha” na compra dificilmente conseguirá atraí-la novamente.
O segredo está no equilíbrio. Também não adianta tentar empurrar o
produto quando ela já esboçou que não gostou ou que não é aquilo que ela
estava procurando (BARLETTA, 2006, p.152).
Defende Barletta (2003) que as mulheres têm hoje em dia muito mais
autoridade e responsabilidade na casa do que alguma vez tiveram. O que
49
funcionava no passado com o público feminino já não produz os mesmos efeitos. As
mulheres se tornaram mais resistentes e impermeáveis à publicidade e ao típico
pensamento das empresas, em que pensam que apenas mudando a cor de um
produto e colocando-o a um preço superior, fará com que elas tentem
desesperadamente obtê-lo. “Pura ilusão. Isto pertence ao passado, [...]. O que elas
procuram é inovação, tecnologia, arrogância, design, humor, sofisticação, elegância,
irreverência, audácia, o que elas pretendem é ser surpreendidas” (BARLETTA,
2003, p. 32).
Barletta (2006) explica que a chave para criar programas de marketing
para mulheres é entender o que elas valorizam. Torna-se essencial buscar formas
de ouvir as mulheres e conhecer sobre seu comportamento, de modo a auxiliar o
processo de desenvolvimento de produtos, serviços e estratégias de mercado, para
melhor atendê-las. Para a autora, isso ajuda as empresas a resolverem de forma
efetiva os desafios impostos pelo do mercado e adaptarem-se a esse novo perfil de
consumidor e de consumo.
De acordo com o estudo da TNS InterScience, empresa do segmento de
pesquisas customizadas, no site InfoMoney apud ADMINISTRADORES.COM,
2006), em estudo realizado em torno da mulher consumidora, “ O consumidor do
futuro é mulher, tem em média 32 anos e é solteira. [...]. Esse público é o tipo de
consumidor normalmente receptivo a novas marcas, as quais costuma divulgar em
seus círculos sociais”.
Elas são quatro vezes mais propensos a adotar inovações, são atentas a
lançamentos e demonstrações nos pontos-de-venda, [...] valorizam a
criatividade, não dispõem de tempo, preferem lojas especializadas e
pequenas, são adeptos da customização (adaptam os produtos às suas
necessidades) e têm preocupação com a ética e com o meio ambiente
(ADMINISTRADORES.COM, 2006, p. 1).
50
Os autores Popcorn e Marigold (2003) em seu estudo em torno do
comportamento do público feminino levantaram “oito verdades” sobre o marketing
direcionado às mulheres, a saber:
a) 1ª Verdade: é que mulheres se comunicam, trocam informações sobre
produtos e serviços para então efetuar sua escolha.
b) 2ª Verdade: As mulheres por apresentarem habilidade em executar
várias tarefas, optam por produtos e serviços que as ajudem a facilitar sua vida com
ganho de tempo.
c) 3ª Verdade: A mulher gosta de perceber que o mercado se direciona
aos seus desejos e necessidades de forma a antecipar seus pedidos.
d) 4ª Verdade: Como a mulher detém da capacidade de captar pequenos
detalhes que considera relevantes em uma escolha. É importante que o profissional
de Marketing invista nos detalhes para seduzi-la na hora de compra.
e) 5ª Verdade: A mulher valoriza e enaltece produtos e serviços que
correspondem às suas expectativas.
f) 6ª Verdade: A influência da mulher no momento da compra ganhou
força, influenciando nos hábitos de compra de seus filhos, uma vez que mães por
buscarem o melhor para os filhos são vistas como fontes segura de opinião.
g) 7ª Verdade: Mulheres em geral quando as consumidoras aceitam uma
marca, produto ou serviço, permanecem fiéis a ela.
h) 8ª Verdade: Observadoras, mulheres dão importância a detalhes que
vão de logomarcas às campanhas publicitárias informativas de um determinado
produto. Em geral, esperam informações detalhadas para então se posicionarem a
favor ou contra um determinado produto.
51
Apesar dos autores acima assumirem estas condições como “verdades”,
é natural que a mulher enquanto ser humano seja muito mais complexa, inteligente e
sofisticada do que supõe estas “verdades” (POPCORN e MARIGOLD, 2003).
A literatura acadêmica tem sido pródiga em identificar e avaliar os
diversos níveis de satisfação, inteligência, sensibilidade e complexidade do gênero
mulher. Conforme destacam Artoni et. al.(2010, 01), é fato incontestável que o
comportamento das mulheres durante o processo de compra tem sofrido mudanças,
graças ao seu crescente poder aquisitivo decorrente das alterações nos papéis
sociais, e o mercado automobilístico não está alheio a essas condições, tanto que os
automóveis estão sendo criados e fabricados para atender a esse nicho que cresce
e torna os produtos cada vez mais qualificados e adaptados à sua realidade.
Mulheres querem ter um plano cuidadosamente elaborado, querem ser
ouvidas, querem ser levadas a sério. O público feminino tem afinidade com
o ato da compra, procuram prazer, detalhes e informações. O preço das
mercadorias para elas já não é o fator de maior peso na decisão de compra.
Mulheres são pacientes e não economizam tempo para encontrar
exatamente aquilo que desejam. (BARLETTA, 2003, p.32).
Domingues, sócio-diretor da Sense Envirosell – empresa de pesquisa
especializada em comportamento do consumidor
apud Brum (2004( diz que a
mulher passou a fazer parte de todo o processo econômico do país, conquistando
poder de compra, e com isso, acumulando também as funções de provedora e
gestora da economia doméstica.
Existiam dois estereótipos de mulher: a que geria a economia do lar,
guardando o que sobrava da feira no bule, para alguma necessidade; e a
gastadora, que não tinha a menor noção do dinheiro. À medida que a
mulher entrou no mercado de trabalho, ambas entraram em extinção. Hoje,
ela também ganha o dinheiro, administra, e decide em que vai gastá-lo. A
mulher se tornou uma consumidora de peso, em todos os sentidos
(DOMINGUES, apud BRUM, 2004, p. 73).
Miranda (2007) apresenta dados estatísticos contundentes que colocam
em xeque essa imagem ultrapassada da mulher sexo frágil, provando que o
52
mercado mais do que nunca deve se posicionar de acordo com as suas opiniões
também.
No Brasil, as mulheres respondem ainda por 94% das compras de
mobiliário doméstico, 92% dos pacotes de viagens, 88% dos planos de
saúde, 82,3% das decisões de compra de itens de alimentação familiar,
67% das escolhas das opções de lazer, entretenimento e 53% dos serviços
bancários e compra de eletrônicos. Se não bastassem todos estes dados,
em 51,22% das vezes quem decide o que o homem veste é a mulher (IBGE
apud MIARANDA, 2007. 34).
No contexto brasileiro, a mulher contemporânea, de acordo com Carvalho
(2003, p. 1) vem colocando abaixo o mito da “Cinderela”.
A mulher moderna,
segundo o autor “não espera mais o Príncipe com o sapatinho na mão. Ela, agora,
escolhe e compra o próprio sapato”.
O que coloca de forma contundente que a
mulher não espera por opiniões masculinas na hora de comprar um bem de
consumo. “Visualiza-se que a mulher consumidora deixou de ser passiva e se tornou
muito exigente e reivindicativa. [...] “ (ASSAD, 2007, p.2)
Outro ponto a ser enaltecido no comportamento da mulher na hora da
compra é a propaganda que ela faz sobre o bem adquirido, ressalta Barletta (2003,
p. 47). “Como o boca a boca predomina entre as mulheres, elas têm mais
tendências a recomendar a outras pessoas as marcas ou vendedores que as
impressionam favoravelmente”.
2.3.1 O comportamento das mulheres durante o processo de compra
Descreve
Bacellar
(2002)
que
homens
e
mulheres
sempre
desempenharam papéis distintos dentro da sociedade, a partir das transformações
53
sociais, culturais e econômicas, com destaque para o crescimento exponencial da
taxa de trabalho feminino. Muitos estudos foram realizados para identificar as
diferenças no comportamento de consumo entre homens e mulheres (BACELLAR,
2002).
Ao estudar o comportamento dos consumidores durante quase duas
décadas em diversos tipos de organizações de varejo, Underhill (1999), fez
apontamentos bastante relevantes quanto ao comportamento de homens e mulheres
durante o processo de compras.
Relata o pesquisador que já no ponto de venda se manifestam as muitas
diferenças entre os sexos. Na análise de Underhill (1999), as mulheres durante as
compras são envolvidas por sentimentos de prazer e satisfação, ao passo que os
homens são envolvidos pelo desafio de serem convencidos a compram.
Para as mulheres, as compras envolvem aspectos psicológicos e
emocionais ausentes na maioria deles. Os homens andam sempre mais
rápido que as mulheres pelos corredores das lojas e gastam menos tempo
olhando e dificilmente se fixamem algo que não têm intenção de comprar.
Eles normalmente não gostam de perguntar onde estão as coisas ou de
fazer qualquer outra pergunta. (UNDERHILL, 1999, p. 91).
Segundo o autor, 86% as mulheres são mais atenciosas, consultam os
preços ao fazerem as compras, buscam melhor preço. Ao passo que os homens
72% apresentam essa capacidade. Como resultado dessa pesquisa Underhill (1999)
aponta que a compra média dos homens tem um valor mais elevado que a das
mulheres. “Eles também são muito mais sugestionáveis do que as mulheres – os
homens parecem tão ansiosos por sair da loja que dizem sim para quase tudo”,
aponta Underhill (1999, p. 91).
54
As mulheres exigem mais do que os homens dos ambientes de compra. Os
homens simplesmente querem lugares onde consigam encontrar o que
precisam com o mínimo de procura e, depois, sair rapidamente, já que
sentem menos prazer no passeio. As mulheres são geralmente mais
pacientes e indagadoras, sentindo-se completamente à vontade em um
ambiente de vendas. Elas gostam de estudar os produtos antes de comprar,
sobretudo se for um produto novo no mercado (UNDERHILL, 1999, p.9192).
Na visão de Boles (2003 apud GUTTERRES et al, 2003) as principais
diferenças de comportamento entre homem e mulher centram-se no fato dos
homens utilizarem a linguagem não verbal sem conseguir focar em único tema,
enquanto que as mulheres necessitam verbalizar para transmitir as mensagens e
conseguem captar uma quantidade maior sobre produtos em um ambiente de
vendas.
No momento da compra, se houver duas opções de produtos
equivalentes, a consumidora escolherá a alternativa que expressa e representa
valores mais positivos (IMADI, 2009).
Para compreender as diferenças do comportamento entre homens e
mulheres ao fazerem suas escolhas por produtos/serviços, ao longo das décadas,
muitas pesquisas foram realizadas, com o intuito de levantar quais são os atributos
desejados e as marcas de referência de cada um, de modo a orientar o mercado
(BACELLAR, 2002).
Os estudos concluem que menos seletivo do que as mulheres, o
consumidor masculino leva mais em conta o custo-benefício do que o preço em si,
como descrito por Boles (2003).
MULHERES
Gentis enquanto compram
Têm
um
campo
de
visão
mais
amplo,conseguem perceber vários itens mais
facilmente
Preferem uma parada única e demorada para
várias compras.
HOMENS
Irritam-se fazendo compras, encaram
compras como uma atividade militar
Têm visão tipo “túnel” conseguem fixar um
objeto longe, mas tem dificuldade em
localizar rapidamente um objeto quando
este está no meio de outros.
Têm comportamento de “caça e coleta”, ou
seja, à medida que vão identificando o que
55
Gostam mais de gastar com serviços médicos,
presentes, necessidades de casa, atividades de
caridade, brinquedos e roupas para crianças.
querem eles vão fazendo a seleção e
compra, tendem a comprar em mais
ambientes do que as mulheres.
Priorizam gastar com entretenimento,
comidas e bebidas, artigos esportivos,
videogames, computadores e artigos
eletrônicos.
Quadro 3 . Características do processo de compra de homens e mulheres.
Fonte: Boles (2003)
Segundo pesquisas já realizadas acerca do processo de compra e
comportamento entre homens e mulheres, tornou possível atestar que as mulheres
são guiadas mais pelo sistema emocional e os homens, pelo racional. Inclusive ao
fazerem compras.
Isto acontece desde o início dos tempos, pois as mulheres, desde
pequenas, aprendem a conversar para buscar a solução dos seus
problemas, ou mesmo, para desabafar. Já os homens procuram ficar só
para poder refletir sobre a resolução das suas dificuldades (GRAY apud
POPCORN; MARIGOLD, 2000, p. 40).
Para Persona (2007), a mulher é hoje o alvo mais importante da indústria
dirigida ao consumidor final. Além de aproximadamente metade dos lares brasileiros
serem hoje dirigidos por mulheres, em todas as situações elas têm um enorme
poder de decisão na compra.
Por sua própria natureza, as mulheres são também grandes compradoras
por causa de sua capacidade de atenção pulverizada. Enquanto o homem é
focado e provavelmente sai para comprar como quem sai para caçar -tendo um alvo só em mente --, a mulher tem um comportamento mais
extrativista, mais de coleta, o que a leva a sair em busca de muitas coisas
por ter também um espectro maior de interesses, como beleza, saúde,
casa, filhos e até as necessidades do marido. São poucos os homens que
compram para suprir necessidades da mulher, mas são muitas as mulheres
que compram para suprir necessidades do homem. Daí seu extraordinário
poder de compra e consumo. (PERSONA, 2007, p. 4).
Corroborando com Boles (2003), Persona (2007) aponta que As mulheres
não analisam apenas o uso imediato daquilo que compra, mas tem uma visão muito
mais holística dos desdobramentos daquela compra.
56
A mulher também pensa em mais pessoas que poderão ser beneficiadas
pela sua compra [...]. Por isso, de um modo geral, a mulher é sempre mais
preocupada com as conseqüências de uma compra, e isso inclui a melhor
relação custo-benefício. (PERSONA, 2007. P. 5).
Para Assad (2007), a mulher tem mais sensibilidade, consegue identificar
valores que passariam despercebidos à maioria dos homens. Apesar das emoções,
o produto em si é muito importante. “Elas são muito racionais na hora de avaliar
resultados. A mulher confere, compara. O homem, por ser mais conservador no
consumo, não é tão propenso a experimentar novidades” (ASSAD, 2007, p. 2).
Barletta (2006, p.151) diz que “mulheres são clientes com alto poder de
observação. São mais analíticas, não querem saber apenas o preço, mas também
quais são as garantias agregadas”. Já que pesquisam mais e se tornam clientes
uma vez fidelizadas, se tornam abertas à absorção de novos produtos, uma vez que
seu universo de consumo é amplo. (BARLETTA, 2006, p.151).
Barletta (2003) orienta para a mudança do jeito de olhar a mulher que
compra. “Apesar de antigas crenças absolutas e imutáveis, possuímos agora dados
científicos e comprovados que confirmam a existência de diferenças significativas
entre homens e mulheres” (BARLETTA, 2003, p.51).
Para a autora, além dos fatores biológicos, as pressões sociais, também
auxiliam nessas diferenças, com isso, as empresas devem conhecê-las mais a
fundo, para então trabalhar basicamente em cima destes pontos em boas
estratégias de marketing. Uma vez que o marketing não é tão eficaz para homens
como para mulheres. “Homens e mulheres requerem abordagens diferentes, elas
estão mais voltadas para o grupo e para o longo prazo” (BARLETTA, 2006, p.151).
Corroborando com Barletta (2003), Simões (2006) defende que as
mulheres estão à procura de tudo que os homens estão e mais um pouco.
57
Logo, são mais exigentes, tornam-se mais minuciosas e criteriosas que os
homens no ato da compra; querem produtos que ofereçam mais do que a
sua exigente lista foi capaz de elencar e insistem em saber os detalhes. O
objetivo é saber como os produtos e serviços facilitarão as suas vidas
(SIMÕES, 2006, p. 49).
Frisam Underhill (1999); Del-Vecchio; Bronnemann(2007) que o conjunto
de prioridades, comportamentos e atitudes, e preferências do público feminino são
diferentes de qualquer outro público. Para os pesquisadores “Mulheres comparam
benefícios do produto, reúnem informações e só então decidem consumir”
(UNDERHILL, 1999; DEL-VECHIO e BRONNEMANN, 2007).
Diante do levantado, percebe-se que quando se trata numa nova
aquisição ou compra, os homens procuram uma boa solução, enquanto que as
mulheres procuram resposta perfeita. “Esta procura das mulheres pela perfeição
torna-as relutantes em comprar até que todos os cenários e opções possíveis
tenham sido explorados” (BARLETTA, 2003, p.150).
Considerando diferenças de gênero, os profissionais devem canalizar
estas diferenças de forma a criar vantagens para o marketing, e não pode de forma
alguma ignorar este perfil.
Para Barletta (2003, p.47): “É preciso focar a campanha de marketing em
públicos geradores de comentários”. O que público feminino compra e vende, ou
seja, quando estão satisfeitas com os produtos e serviços falam para outras
pessoas, sejam estas homens ou mulheres. Por isso, as empresas devem voltar- se
a este segmento em especial, no qual cada “nova consumidora conquistada provoca
um efeito multiplicador de vendas direcionadas e negócios extras” (BARLETTA,
2003, p.47).
Em relação à Indústria Automobilística e a atenção à nova categoria de
consumidor: a Mulher pode-se encontrar opiniões relevantes.
58
De acordo com Perez (2008) a influência do público feminino na decisão
de compra de carros chega em torno de 80% e 90%, dos casos de venda, e a
maneira diferenciada como a mulher vê e se relaciona com o automóvel, pesa na
hora da compra.
Enquanto o homem enxerga o lado "carrão", destacando potência, ronco do
motor, rodas de liga leve e outros detalhes que remetem mais ao exterior do
veículo, a mulher se preocupa mais com itens mais funcionais e objetivos,
como consumo de combustível e facilidades internas, como boa quantidade
de porta-objetos ou a presença de luz no espelho do pára-sol (PEREZ,
2008, p.1).
Miranda (2007, p. 2), ao analisar o mercado automobilístico com maior
participação das mulheres na aquisição de automóveis, aponta que a indústria
brasileira está atenta a essa movimentação: “Hoje, as mulheres influenciam 70% das
decisões de compra e 43% das compras efetivas de carro são feitas por mulheres, e
a indústria automobilística está atenta a isso” (MIRANDA, 2007).
Concordando com Miranda (2007), Persona (2007), complementa
apontando que as escolhas das mulheres sempre têm relação lógica uma com as
outras.
[...] até mesmo a indústria automobilística e de produtos eletro-eletrônicos
acompanha os grandes desfiles de moda para saber quais serão as
tendências de cores para o ano seguinte. Essas tendências no vestir têm
um grande impacto na escolha das cores dos carros e eletro-eletrônicos
porque elas traduzem o gosto estético da população feminina, (PERSONA,
2007, p. 4).
Conforme descreve Brum (2011), tal qual, outros setores, o setor
automobilístico já percebeu a força da mulher consumidora. A autora aponta que as
grandes montadoras já criam produtos direcionados ao público-feminino, atendendo
às principais solicitações presentes nas pesquisas de mercado.
59
A Volvo apresentou no último salão de automóveis da Genebra, na Suíça, o
modelo YCC, feito e gerenciado por elas e pensado para elas – afinal, nada
melhor de que colocar quem entende do assunto para atender
consumidores tão exigentes. Nisso, a Volvo tem tradição. Desde a década
de 80 um grupo feminino já tinha sido formado na empresa para testar e
avaliar os novos modelos. Paparicos assim se justificam: hoje, as mulheres
representam 54% dos compradores da Volvo Car nos Estados Unidos. Aqui
no Brasil, empresas como Ford, Chevrolet, Renault e Citröen também vêm
buscando agradar as consumidoras e sua tripulação com diferenciais e
linhas, digamos, mais femininas. A advogada Fátima Villarinho proprietária
de um Citröen Xsara conta que certos detalhes pesaram na sua escolha. "O
carro tem bandejinhas atrás para o lanche das crianças, ar-condicionado
para o banco traseiro, além de ser espaçoso. (BRUM, 2011, p. 1)
Aponta Miranda (2007) analisando a mulher consumidora, que no Brasil
temos um cenário de domínio da mulher mais consolidado em relação ao consumo.
A mulher brasileira forma o 10º maior mercado feminino do mundo,
responsável por 62,9% do PIB de 2009. A mulher da classe C,
principalmente, é ainda mais forte como consumidora e ganhou espaço em
mercados tradicionalmente masculinos, como na compra e manutenção de
automóveis. 36% dos gastos no segmento de serviços automobilísticos
estão nas mãos das mulheres, 42% dos carros novos vendidos no Brasil
pertencem ao público feminino e cerca de 30% das aquisições feitas pelos
homens têm influência direta das mulheres, segundo pesquisa da fabricante
Renault, realizada com sete mil pessoas em vários estados. (MIRANDA,
2011, p. 1).
Para Domingues (apud BRUM, 2011) “não é só o poder de compra e
decisão que faz da mulher uma consumidora especial, também existe um perfil”
Ao tentar analisar as mulheres na hora da compra Barletta (2003) expõe
que não se trata de as mulheres exigirem melhores produtos e serviços que os
homens. É que as mulheres enfrentam mais problemas para conseguir o que
querem, por isso colocam na balança os prós e contra da aquisição de um
determinado bem. . As mulheres, explica Barletta (2003, p.49), querem a “solução
perfeita”.
60
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Segundo Bianchi et al.(1998,p. 37) metodologia é um “conjunto de
instrumentos que deverá ser utilizado na investigação e tem por finalidade encontrar
o caminho mais racional para atingir os objetivos propostos, de maneira rápida e
melhor”.
Assim, este capítulo descreve os procedimentos utilizados para a
realização da pesquisa, tendo como base a fundamentação de autores
referenciados em estudos científicos, compreendendo os seguintes subitens:
caracterização da pesquisa; amostra e coleta de dados e a estratégia de análise de
dados.
3.1 Caracterização da Pesquisa
A pesquisa proposta pode ser classificada, quanto aos fins, como uma
pesquisa descritiva, uma vez que buscou perceber um fenômeno em um terminado
contexto social.
Para Gil (2002, p.103) a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial
a descrição das características de determinadas populações ou fenômenos.
Segundo Vergara (2007, p.47), a pesquisa descritiva expõe as características de
determinada população ou fenômeno, estabelece correlações entre variáveis e
define sua natureza.
61
Quanto aos meios, esta dissertação caracterizou-se como uma pesquisa
bibliográfica e um estudo de caso.
A pesquisa bibliográfica foi realizada a partir do exame de livros e artigos
científicos para levantamento e análise especialmente sobre o comportamento do
consumidor, que se assumiu como tema de pesquisa científica.
A pesquisa empírica foi configurada como um estudo de caso realizado
em uma concessionária da marca FIAT na cidade de Sete Lagoas/MG.
Yin (2005, p.32) assim define o estudo de caso:
Uma investigação empírica que:
- investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida
real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não
estão claramente definidos.
A investigação de estudo de caso:
- enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais
variáveis de interesse do que pontos de dados e, como resultado,
- baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados precisando
convergir em um formato de triângulo e, como outro resultado,
- beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para
conduzir a coleta e a análise de dados (YIN, 2005, p. 32-33).
É importante salientar inicialmente que a escolha das técnicas de
pesquisa selecionadas para o alcance do objetivo geral deste estudo, ocorreu após
aprofundamento das opções disponíveis para coleta de dados, para então escolher
a melhor técnica que de forma eficiente levantasse os dados necessários.
3.2 Amostra e coleta de dados
A amostra selecionada para a pesquisa proporcionou condições
adequadas
para
a
produção
de
um
conhecimento
consistente
sobre
comportamento delas em relação ao processo de compra do automóvel pessoal.
o
62
Foram selecionadas 89 mulheres, que compraram seus automóveis que
no período de julho/agosto/setembro do ano de 2011, consumidoras com idade entre
21 a 55, compradoras dos modelos novos anos 2009/ 2010/2011 lançados pela
FIAT.
Conforme Vergara (2007) orienta, a coleta de dados, para levar ao
alcance dos objetivos de pesquisa, deve informar o que o pesquisador pretende
obter dos dados para responder o problema detectado e que motivou a pesquisa.
Diante disso, foi elaborado um instrumento estruturado sobre a forma de
um questionário com perguntas fechadas, de natureza não disfarçada, buscando
atender aos propósitos da pesquisa, notadamente aos seus objetivos específicos.
Cada bloco de perguntas objetiva obter respostas para os elementos essenciais do
processo decisório das compradoras de automóveis (APÊNDICE A).
Cada entrevista durou em média de 25 minutos, conforme planejado. O processo
consistiu dos seguintes momentos:
a) As entrevistas realizadas no momento após as compras pelas clientes,
ainda na concessionária;
b) Com a cessão dos endereços das clientes pela concessionária, esta
pesquisadora procurou cada entrevistada em suas casas ou locais de trabalho.
As entrevistadas, conforme percepções desta pesquisadora não se
sentiram constrangidas a responder ao questionário e demonstram gentileza e
cortesia em proporcionar as respostas necessárias ao estudo.
Para levantar o comportamento de compra das entrevistadas, foram
utilizadas as seguintes variáveis, além do perfil demográfico: perguntas relativas aos
fatores determinantes do processo de compra, às características valorizadas neste
63
processo e os fatores de influência pessoal, segundo o modelo teórico utilizado
nesta pesquisa, conforme são apresentados a seguir (QUAD 3. 4. 5 e 6):
Construto
Indicador
RN1
Reconhecimento RN2
da Necessidade
RN3
LA1
Levantamento de LA2
Alternativas
LA3
Fator
1. Eu mesma constatei a necessidade de comprar um carro novo
2. Não considero importante que outra pessoa me diga se
necessito comprar um carro
3. Normalmente analiso as minhas próprias condições econômicas
para comprar um carro
4. Normalmente sou bem consciente dos aspectos do carro que
quero comprar
5. Para levantar as características do carro que quero comprar,
pergunto ao meu marido/companheiro ou familiar
6. Para levantar as características do carro que quero comprar,
busco informações na internet ou concessionária
7. Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar,
eu consulto meu marido/companheiro ou familiar
8. Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar,
Avaliação de
AA2
busco informações na internet ou concessionária
Alternativas
9. Eu posso avaliar sozinha, as características do automóvel que
AA3
quero comprar
DC1
10. Na hora da compra eu prefiro ir sozinha à concessionária
11. Normalmente fico muito bem informada dos aspectos técnicos
DC2
e de design do carro antes de comprá-lo
Decisão de
12. Considero importante, mas não essencial outras pessoas irem
Compra
DC3
comigo à concessionária
13. Sou negociadora independente e posso comprar sozinha um
DC4
automóvel
14. Não tenho receio de me arrepender da compra do automóvel
APC1
que faço
Avaliação Pós15. Normalmente avalio os aspectos técnicos e de design do
APC2
compra
automóvel que eu compro
16. Normalmente eu falo bem ou mal do automóvel ou
APC3
concessionária que me decepciona
RV1
17. Na hora de revender o carro eu busco um comprador particular
18. Para a revenda de carro eu conto com o apoio de meu
Descarte ou
RV2
marido/companheiro ou de um familiar
Revenda
19. Eu procuro cuidar muito bem de meu automóvel e ficar com ele
RV3
por muitos anos
Quadro 3 ´Construtos, indicadores e fatores do modelo utilizado
Fonte: Elaborado pela autora
AA1
64
Características Valorizadas
Preço
Confiança na marca (qualidade)
Marca mais conhecida/mais vendida
Design externo (aparência)
Características técnicas do carro
Potências do motor
Itens de segurança
Acessórios internos
Espaço interno
Atendimento no momento da compra
Tamanho do porta-malas
Garantia do fabricante ou vendedor
Cor disponível /modelo
Status
Condições de financiamento
Desempenho
Preço das peças de reposição
Valorização na revenda
Quadro 4 - Características valorizadas na hora de comprar um carro
Fonte: Elaborado pela autora
Considerações
A propaganda do produto
Referência de terceiros
Test-drive realizado no produto
A argumentação do vendedor
Quadro 5 - Considerações que as mulheres optaram ao comprarem o automóvel
Fonte: Elaborado pela autora
Influências
A marca
O modelo
Opinião de terceiros
O desejo pelo produto
A argumentação do vendedor
Sua opinião própria
As vantagens que o produto
Quadro 6 - As Influências na Decisão Final
Fonte: Elaborado pela autora
65
Todas essas variáveis foram avaliadas de acordo com uma escala Likert ,
onde os respondentes são solicitados não só a concordarem ou discordarem das
afirmações,
mas
também
a
informarem
qual
o
seu
grau
de
concordância/discordância (MARCONI e LAKATOS, 2002). Nessa escala, a cada
célula de resposta é atribuído um número que reflete a direção da atitude do
respondente em relação a cada afirmação. Neste estudo utilizou-se cinco pontos,
sendo que a nota 1 equivale à resposta discordo totalmente e 5 concordo
totalmente, conforme o QUAD 7.
Concordância:
C - Concordo
D - Discordo
C - Concordo parcialmente
DP - Discordo parcialmente
NS - Não sei
Quadro 7 – Pontos da Escala Likert
Fonte: Elaborado pela autora.
Importância:
1 - (nenhuma influência)
2 - (Pouca influência)
3 - (Influência razoável)
4 - (Influência bastante considerável)
5 - (Grande influência)
3.4 Estratégia de Análise de Dados
Defende Rauen (1999, p. 141), que a análise de dados é a parte que
apresenta os resultados obtidos na pesquisa e analisa-os sob o crivo dos objetivos
propostos. Assim, a apresentação dos dados é a evidência das conclusões e a
interpretação consiste no contrabalanço dos dados com a teoria.
Para a análise das variáveis e construtos foi utilizado o método estatístico
descritivo que é realizado por meio do cálculo de média, e desvio padrão,, que
“compreende a organização, o resumo e a descrição dos dados [...] para que,
66
posteriormente, possam ser utilizados nas discussões de caráter descritivo ou
analítico” (MALHOTRA, 2001, p. 73).
Em pesquisas, frequentemente, procura-se verificar se existe relação
entre duas ou mais variáveis, isto é, saber se as alterações sofridas por uma das
variáveis são acompanhadas por alterações nas outras. O termo correlação significa
relação em dois sentidos (co + relação), e é usado em estatística para designar a
força que mantém unido dois conjuntos de valores. A verificação da existência e do
grau de relação entre as variáveis é o objeto de estudo da correlação.
A diferença entre as médias de variáveis ou construtos foi verificada
através do teste t de Student. A razão do nome vem da utilização da distribuição
com o mesmo nome, que substitui a distribuição normal no caso de não se conhecer
o desvio padrão da população e em vez deste utilizar-se o desvio padrão da amostra
(HAIR et al, 2005).
O tratamento dos dados levantados na pesquisa foi feito utilizando-se os
softwares Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 17® e Microsoft Excel®.
67
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS NA PESQUISA
Neste capítulo, são apresentados e analisados os resultados recolhidos
na parte empírica do trabalho.
Em
primeiro
lugar,
apresenta-se
o
perfil
socioeconômico
das
respondentes. Em segundo é apresentada a análise descritiva do processo de
compra. Em terceiro a
percepção das características valorizadas na hora de
comprar um carro. Em quarto a percepção das influências na aquisição do produto
e, quinto a correlação entre características valorizadas na hora da compra,
finalmente são apresentados os resultados das influências na aquisição do produto e
construtos do processo de compra, e, consequentemente, os comentários.
4.1 Perfil socioeconômico das respondentes
O perfil geral predominante das respondentes é de mulheres casadas,
com filhos, que trabalham fora, ganham de 3 a 5 salários mínimos, tem ensino
superior, não moram sozinhas, vivem num grupo familiar de 4a 6 pessoas, possuem
apenas um carro, e nunca tiveram algum outro carro anteriormente.
Em relação ao estado civil, dentre as respondentes, a maioria é casada,
com 61%. O grupo das solteiras está em segundo lugar com 33%, e o grupo das que
possui outro estado civil que não seja casada ou solteira, aparece com apenas 7%
(TAB 1).
68
Tabela 1 – Estado civil
Fonte: Dados de pesquisa.
A faixa etária predominante é a de 31 a 50 anos de idade, aparecendo
com 55%, seguida pela de 22 a 30 anos, com 30%, depois pela de 18 a 21 anos
com 10% e finalmente a de mais de 50 anos com 4% (GRAF 1).
Gráfico 1- Idade
Fonte: Dados de pesquisa.
69
As respondentes com filhos totalizam 62% do total restando 38% para as
que não têm filhos (TAB 2).
Tabela 2 - Filhos
Fonte: Dados de pesquisa.
A grande maioria das pesquisadas trabalha fora (70%), as demais são
estudantes (20%) ou donas de casa (10%). Não houve representantes da categoria
aposentadas/pensionistas (GRAF 2).
Gráfico 2 – Ocupação principal
Fonte: Dados de pesquisa.
A renda mensal se concentra entre 3 a 5 salários mínimos (72%), seguido
pelo grupo de 5 a 10 salários mínimos (21%), inferior a 3 salários mínimos (4%) e
acima de 10 salários mínimos (2%) (TAB 3).
70
Tabela 3 – Renda mensal l
Fonte: Dados de pesquisa.
O nível de escolaridade se divide quase que igualmente entre as que
possuem ensino superior com 45% e até o ensino médio com 44%, com apenas
11% para as que possuem pós-graduação (GRAF 3).
Gráfico 3 - Escolaridade
Fonte: Dados de pesquisa.
As entrevistadas que moram sozinhas são minoria, apenas 8% contra
92% das que moram com outras pessoas (TAB 4). A quantidade de pessoas no
grupo familiar que mais se destaca é de 4 a 6 pessoas com 62%, e de 1 a 3 pessoas
71
com 38%, não havendo respostas para pertencentes a grupos familiares com mais
de 6 pessoas (GRAF 4)
Tabela 4 – Respondentes que moram sozinhas
Fonte: Dados de pesquisa.
Gráfico 4 – Quantidade de pessoas que fazem parte da família
Fonte: Dados de pesquisa.
A grande maioria das mulheres entrevistada é proprietária de apenas 1
carro com 82% das respostas,
apenas 1% com 3 carros (TAB 5).
a seguir as que possuem 2 carros com 17% e
72
Tabela 5 – Quantidade de carros
Fonte: Dados de pesquisa.
O grupo das que nunca tiveram outro carro é o maior com 36%, seguido
pelas que tiveram 2 carros com 26%, depois as que tiveram apenas 1 carros com
24%, 3 carros com 8%, 4 carros com 3% e mais de 4 carros também com 3%
No que tange à freqüência com que trocam de carro aparece com 46%
para as que trocam a cada 3 anos, 36% para as que nunca trocaram, 15% para as
que trocam a cada 2 anos e apenas 2% delas trocam de carro anualmente (TAB 6).
Tabela 6 – Frequência da troca de carro
Fonte: Dados de pesquisa.
A questão apresentada sobre qual o significado do carro para as
respondentes
destacou-se
com
mais
respostas
positivas
como
sendo
a
Necessidade, com 75% contra 25% negativas. As demais opções apresentaram
respostas afirmativas inferiores às positivas: Praticidade apresentou 25% afirmativas
contra 75% negativas, Realização 11% afirmativas contra 89% negativas e
73
Economia com 10% afirmativas contra 90% negativas. O significado Status não
obteve nenhuma resposta positiva (TAB 7).
Tabela 7 – Significado de “Ter um carro”
Fonte: Dados de pesquisa.
Quanto ao uso do carro, a finalidade que mais se destacou com respostas
positivas foi o Uso domiciliar, com 65% de afirmativas contra 35% negativas,
seguida pelo uso a Trabalho com 57% positivas contra 43% negativas. O uso do
carro para Lazer obteve mais respostas negativas (69%) que positivas (31%) (TAB
8).
Vale notar que talvez exista aqui alguma disparidade, pois de acordo com
o Gráfico 2, 70% das respondentes trabalham fora, e mesmo assim o item que
obteve mais respostas positivas foi o de Uso domiciliar.
Mesmo que o carro seja usado para se locomover da residência ao
trabalho e vice-versa, provavelmente o seu uso ainda assim deve ter sido
considerado como domiciliar, em alguns casos.
Ao final, após a realização e análise da pesquisa, percebe-se que teria
sido mais objetiva se ao invés de da opção “Trabalho”, tivessem sido utilizadas as
opções “Utiliza o carro para ir ao local de trabalho” e “Utiliza o carro durante o
período de trabalho” que evitariam alguma interpretação dúbia como pode ter
acontecido (TAB 8).
74
Tabela 8 – Uso do carro adquirido
Fonte: Dados de pesquisa.
4.2 Análise descritiva do processo de compra
O segundo passo da pesquisa foi a análise descritiva dos fatores e
construtos seguindo o modelo do processo de compra. O cálculo da estatística
descritiva de cada construto se deu por meio da média dos fatores componentes de
cada construto.
O fator com maior média dentro do construto Reconhecimento das
necessidades foi o RN3 (Normalmente analiso as minhas próprias condições
econômicas para comprar um carro) e o fator com menor média foi RN2 (Não
considero importante que outra pessoa me diga se necessito comprar um carro). A
média geral do construto foi 3,629 (TAB 9).
Tabela 9 – Construto Reconhecimento da Necessidade (RN)
Indicador
Eu mesma constatei a necessidade de comprar um carro
novo
Não considero importante que outra pessoa me diga se
necessito comprar um carro
Normalmente analiso as minhas próprias condições
econômicas para comprar um carro
RN
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
N
Média
Desvio
Padrão
89
4,0000
1,32288
89
3,6292
1,26475
89
4,4719
1,04544
89
4,0337
,83492
75
A análise da TAB 10 mostra que o fator com menor média foi o LA2 (Para
levantar as características do carro que quero comprar, pergunto ao meu
marido/companheiro ou familiar) e o fator com menor média foi LA3(Para levantar as
características do carro que quero comprar, busco informações na internet ou
concessionária). A média do construto levantamento de alternativas foi 4,277.
Tabela 10 – Construto Levantamento de Alternativas (LA)
Indicador
Normalmente sou bem consciente dos aspectos do carro
que quero comprar.
Para levantar as características do carro que quero
comprar, pergunto ao meu marido/companheiro ou
familiar.
Para levantar as características do carro que quero
comprar,
busco
informações
na
internet
ou
concessionária.
LA
N
Média
Desvio Padrão
89
4,4270
,81027
89
4,4607
,96597
89
3,9438
1,17124
89
4,2772
,60142
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
A TAB 11 mostra que dentro do construto avaliação de alternativas o fator
com maior média foi AA1 (Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero
comprar, eu consulto meu marido/companheiro ou familiar ) e o com menor média foi
AA3 (Eu posso avaliar sozinha, as características do automóvel que quero comprar).
A média do construto dói de 3,561.
Tabela 11 – Construto Avaliação de Alternativas (AA)
Indicador
Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero
comprar, eu consulto meu marido/companheiro ou
familiar.
Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero
comprar,
busco
informações
na
internet
ou
concessionária.
Eu posso avaliar sozinha, as características do
automóvel que quero comprar.
AA
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
N
Média
Desvio Padrão
89
4,4719
,88021
89
3,7528
1,29053
89
2,4607
1,25278
89
3,5618
,67718
76
Dentro do construto decisão de compra a maior média foi do fator DC3
(Considero importante, mas não essencial, que outras pessoas irem comigo à
concessionária ) e a menor do fator DC1 (Na hora da compra eu prefiro ir sozinha à
concessionária). A média do construto foi 2,969 (TAB 12).
Tabela 12 – Construto Decisão de compra (DC)
Indicador
N
Média
Desvio Padrão
Na hora da compra eu prefiro ir sozinha à concessionária.
Normalmente fico muito bem informada dos aspectos
técnicos e de design do carro antes de comprá-lo.
Considero importante, mas não essencial outras pessoas
irem comigo à concessionária.
Sou negociadora independente e posso comprar sozinha um
automóvel.
DC
89
2,0899
1,26707
89
3,6966
1,37679
89
3,1798
1,29300
89
2,9101
1,41132
89
2,9691
,88855
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
A TAB 13 mostra que o fator com menor média dentro do construto
avaliação pós-compra foi o APC1 (Não tenho receio de me arrepender da compra do
automóvel que faço) e o com maior média o fator APC2 (Normalmente avalio os
aspectos técnicos e de design do automóvel que eu compro. A média do construto
foi 3,730.
Tabela 13 – Construto Avaliação Pós-Compra (APC)
Indicador
Não tenho receio de me arrepender da compra do
automóvel que faço.
Normalmente avalio os aspectos técnicos e de design do
automóvel que eu compro.
Normalmente eu falo bem ou mal do automóvel ou
concessionária que me decepciona.
APC
N
Média
Desvio Padrão
89
3,4270
1,35586
89
4,0337
1,04934
89
3,7303
1,17516
89
3,7303
,78637
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
O fator que obteve a menor média dentro do construto revenda e descarte
foi o RV1 (Na hora de revender o carro eu busco um comprador particular) e o fator
com a maior média foi o RV2 (Para a revenda de carro eu conto com o apoio de meu
marido/companheiro ou de um familiar). A média do construto foi 4,097 (TAB 14).
77
Tabela 14 – Construto Revenda e Descarte (RV)
Indicador
Na hora de revender o carro eu busco um comprador
particular.
Para a revenda de carro eu conto com o apoio de meu
marido/companheiro ou de um familiar.
Eu procuro cuidar muito bem de meu automóvel e ficar
com ele por muitos anos.
RV
N
Média
Desvio Padrão
89
3,4944
1,19776
89
4,4045
,99680
89
4,3933
,89972
89
4,0974
,66515
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
Dos construtos avaliados na pesquisa a maior média foi obtida por
levantamento de alternativas (média = 4,277) e a menor média foi alcançada por
decisão de compra ( média = 2,969), conforme apresenta a TAB 15.
Tabela 15 – Estatística descritiva dos fatores e construto - Decisão de Compra
Construto
Reconhecimento da Necessidade
Levantamento de Alternativas
Avaliação de Alternativas
Decisão de Compra
Avaliação Pós-compra
Descarte ou Revenda
Indicador
N
Média
Desvio Padrão
RN
89
4,0337
,83492
LA
89
4,2772
,60142
AA
89
3,5618
,67718
DC
89
2,9691
,88855
APC
89
3,7303
,78637
RV
89
4,0974
,66515
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
A análise da TAB 16 vai demonstrar que, ao nível de significância
estatística de 0,05, as diferenças entre as médias dos construtos descarte ou
revenda (RV) e reconhecimento da necessidade (RN) não são estatisticamente
diferentes. O mesmo acontece entre as médias dos construtos avaliação póscompra (AVP) e avaliação de alternativas (AA).
78
Tabela 16 – Teste de diferença entre médias
Diferença entre
as médias
Desvio
Padrão
t
df
Sig. Bicaudal
Levantamento de Alternativas/
Descarte ou Revenda.
,17978
,73350
2,312
88
,023
Descarte ourevenda/Reconhecimento
da Necessidade
,06367
1,09507
,549
88
,585
,30337
1,04403
2,741
88
,007
,16854
,84555
1,880
88
,063
,59270
1,04306
5,361
88
,000
Pares
Reconhecimento da Necessidade/
Avaliação Pós-compra
Avaliação Pós-compra/ Avaliação das
alternativas
Avaliação das Alternativas/ Decisão de
Compra
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
A análise da TAB 17 mostra que os construtos são pouco relacionados. A
correlação mais alta encontrada (0,605) é entre os construtos levantamento de
alternativas (LA) e avaliação das alternativas (AA). As demais correlações são
fracas, como por exemplo, a correlação entre os construtos decisão de compra (DC)
e avaliação pós-compra (APC) (correlação = 0,439), entre levantamento de
alternativas (LA) e avaliação pós-compra (APC) (correlação = 0,405), entre decisão
de compra (DC) e reconhecimento da necessidade (RN) (correlação = 0,354), entre
levantamento de alternativas (LA) e revenda (RV) (correlação = 0,333), e entre
avaliação de alternativas (AA) e avaliação pós-compra (APC) (correlação = 0,340).
Tabela 17 – Correlação entre os construtos
RN
Reconhecimento da Necessidade
LA
DC
APC
RV
1
Levantamento de Alternativas
,004
1
Avaliação de Alternativas
,071
,605
Decisão de Compra
AA
,354
**
**
,108
Avaliação Pós-compra
,172
,405
**
Descarte ou Revenda
-,054
,333
**
Obs:** correlação significante no nível 0,01 bicaudal
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
1
,133
,340
**
,163
1
,439
**
-,113
1
,188
1
79
A análise dos dados do processo de compra levantados na pesquisa
mostra que as mulheres tendem a depender do apoio dos maridos e familiares na
aquisição de um automóvel. O fato de preferirem estar acompanhadas durante o
processo de visita à concessionária, na avaliação, na compra e na revenda, não
significa que sejam menos independentes. A análise das correlações, por outro lado,
demonstra que o processo de compra destas mulheres não segue a lógica das
etapas sugeridas no modelo do processo de compra e poderia demonstrar que elas
possuem uma forma diferenciada de lidar com estas situações, preferindo um
método mais colaborativo e dialógico. Por outro lado, poderia demonstrar que são
menos seguras em seu método decisório, ou ainda, que são mais precavidas
4.2.1 Comparação entre segmentos
O terceiro momento da pesquisa foi a comparação dos resultados dos
fatores e construtos entre os diversos segmentos de entrevistadas. A tabela 18
mostra os resultados entre os segmentos de solteiras e casadas. O segmento outros
foi desconsiderado, uma vez que o número de respondentes deste segmento era
insuficiente para gerar uma base de análise significativa. O teste t de student foi
utilizado para testar se as diferenças entre os dois segmentos são, de fato,
estatisticamente significativas (TAB 18).
80
Tabela 18 – Correlação entre médias – Estado Civil
Estado Civil
Solteira
Casada
Sig bicaudal
Fator Construto
N
Média
Desvio
Padrão
N
Média
Desvio
Padrão
Eu mesma constatei a necessidade de
comprar um carro novo
29
4,3448
1,07822
54
3,7407
1,44307
,026
Não considero importante que outra
pessoa me diga se necessito comprar
um carro
29
3,5172
1,35279
54
3,6852
1,25629
,473
Normalmente analiso as minhas próprias
condições econômicas para comprar um
carro
29
4,2759
1,30648
54
4,5370
,92579
,053
Normalmente sou bem consciente dos
aspectos do carro que quero comprar
29
4,3103
,92980
54
4,5370
,69263
,071
Para levantar as características do carro
que quero comprar, pergunto ao meu
marido/companheiro ou familiar
29
4,0690
1,16285
54
4,7407
,61996
,000
Para levantar as características do carro
que quero comprar, busco informações
na internet ou concessionária
29
4,2759
,84077
54
3,7963
1,32294
,003
. Para avaliar os aspectos técnicos do
carro que quero comprar, eu consulto
meu marido/companheiro ou familiar
29
4,2069
1,11417
54
4,6296
,68118
,026
Para avaliar os aspectos técnicos do
carro que quero comprar, busco
informações na internet ou
concessionária
29
3,8276
1,25553
54
3,7593
1,35890
,124
Eu posso avaliar sozinha, as
características do automóvel que quero
comprar
29
2,9655
1,20957
54
2,1296
1,18236
,623
Na hora da compra eu prefiro ir sozinha
à concessionária
29
2,4483
1,29797
54
1,8519
1,17212
,675
Normalmente fico muito bem informada
dos aspectos técnicos e de design do
carro antes de comprá-lo
29
3,5517
1,40372
54
3,7407
1,36237
,902
81
Considero importante, mas não
essencial outras pessoas irem comigo à
concessionária
29
3,2759
,95978
54
3,0926
1,44416
,002
. Sou negociadora independente e posso
comprar sozinha um automóvel
29
3,1379
1,45710
54
2,8148
1,40181
,401
Não tenho receio de me arrepender da
compra do automóvel que faço
29
3,4138
1,11858
54
3,4074
1,48602
,014
Normalmente avalio os aspectos
técnicos e de design do automóvel que
eu compro
29
3,8276
1,13606
54
4,1667
,92655
,071
Normalmente eu falo bem ou mal do
automóvel ou concessionária que me
decepciona
29
4,0690
,96106
54
3,6111
1,25016
,018
Na hora de revender o carro eu busco
um comprador particular
29
3,2759
1,27885
54
3,5741
1,19119
,900
Para a revenda de carro eu conto com o
apoio de meu marido/companheiro ou de
um familiar
29
4,0345
1,23874
54
4,6296
,75975
,008
Eu procuro cuidar muito bem de meu
automóvel e ficar com ele por muitos
anos
29
4,2069
1,04810
54
4,5000
,81842
,072
Reconhecimento da Necessidade
29
4,0460
,92034
54
3,9877
,82407
,525
Levantamento de Alternativas
29
4,2184
,69165
54
4,3580
,53730
,188
Avaliação de Alternativas
29
3,6667
,70711
54
3,5062
,66899
,595
Decisão de Compra
29
3,1034
,76915
54
2,8750
,93257
,256
Avaliação Pós-compra C
29
3,7701
,69638
54
3,7284
,85187
,203
82
Descarte ou Revenda
29
3,8391
,75394
54
4,2346
,59216
,095
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
A
média
dos
construtos
analisados
não
demonstrou
diferenças
significativas estatisticamente entre os dois segmentos, assim como a maior parte
dos fatores usados na pesquisa.
A média do fator RN1(Eu mesma constatei a
necessidade de comprar um carro novo) foi maior no segmento de solteiras, assim
como as médias dos fatores LA3 (Para levantar as características do carro que
quero comprar, busco informações na internet ou concessionária), DC3 (Considero
importante, mas não essencial outras pessoas irem comigo à concessionária) e
APC3 (Normalmente eu falo bem ou mal do automóvel ou concessionária que me
decepciona). No segmento de casadas as médias maiores ao se solteiras foram
relativas aos fatores LA2 (Para levantar as características do carro que quero
comprar, pergunto ao meu marido/companheiro ou familiar), AA1 (Para avaliar os
aspectos
técnicos
do
carro
que
quero
comprar,
eu
consulto
meu
marido/companheiro ou familiar) e RV2 (Para a revenda de carro eu conto com o
apoio de meu marido/companheiro ou de um familiar). Estas diferenças apontam
para maior independência das mulheres solteiras em relação aos companheiros e
familiares.
Em relação aos demais segmentos investigados não foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas, demonstrando que, independentemente da
faixa de renda, grau de escolaridade, ter filhos ou não e demais critérios utilizados
na pesquisa, o comportamento das mulheres é o mesmo identificado os dados
gerais.
83
O fator de maior predominância, com média de 4,5, numa escala de 1 a 5,
“Normalmente analiso as minhas próprias condições econômicas para comprar um
carro” demonstra uma preocupação com o fator financeiro, o que leva a supor a
compra do carro pelas mulheres como um processo mais racional que emocional.
Os fatores que aparecem na segunda, terceira e quinta posições
demonstram que mesmo sendo independentes e modernas, as mulheres não
deixam de contar com a ajuda de seus maridos/companheiros, ou ainda familiares,
tanto para a avaliação dos aspectos técnicos do carro a comprar, quanto para
levantar as características do mesmo ou ainda na hora da revenda.
4.3 Percepção das características valorizadas na hora de comprar um carro
Foram disponibilizadas dezoito características valorizadas na hora de
comprar um carro, e a que obteve melhor posição foi o item Preço, com uma média
de pontuação de 4,8 numa escala de 1 a 5, coincidente com a primeira posição
obtida na TAB 19.
84
Tabela 19 – Características valorizadas na hora da compra
N
Média
Desvio Padrão
Preço
89
4,7640
,56453
Confiança na marca (qualidade)
89
4,6292
,62853
Itens de segurança
89
4,5506
,86617
Cor disponível /modelo
89
4,4045
,88830
Características técnicas do carro
89
4,3820
,84619
Espaço interno
89
4,2809
,79756
Atendimento no momento da compra
89
4,2697
,97426
Desempenho
89
4,2697
,84965
Garantia do fabricante ou vendedor
89
4,2472
1,06899
Design externo (aparência)
89
4,1685
,93220
Valorização na revenda
89
4,1573
1,18608
Marca mais conhecida/mais vendida
89
4,1124
1,06000
Condições de financiamento
89
4,1011
1,10828
Preço das peças de reposição
89
4,0674
1,11598
Acessórios internos
89
4,0337
,95880
Potências do motor
89
3,9888
1,08182
Tamanho do porta-malas
89
3,9551
1,02148
Status
89
3,2809
1,21533
Características
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
Os itens com melhor pontuação foram preço, confiança na marca
(qualidade) e segurança. O item cor e modelo disponível também obtiveram boa
pontuação. Em contrapartida, os que obtiveram pior pontuação foram: tamanho do
porta-malas, potência do motor e status.
Coincidentemente, os dois itens com melhor pontuação também
obtiveram o menor desvio padrão, de apenas 0,6, metade do maior desvio padrão
ocorrido na mesma lista.
Os resultados demonstram uma maior preocupação do público feminino
com qualidade e segurança, e menos com potência e tamanho, provavelmente
diferente do público masculino.
85
A comparação destes resultados entre os diversos segmentos de
entrevistadas não mostrou diferenças estatisticamente significativas, apontando para
um comportamento similar entre os vários segmentos.
4.4 Percepção das influências na aquisição do produto
Foram utilizados dez fatores de influência na aquisição do produto, cuja
estatística descritiva está sintetizada na TAB 20.
Tabela 20 – Fatores de influênciam na aquisição do automóvel
Fatores
N
Média
Desvio Padrão
Sua opinião própria
89
4,7978
,40395
As vantagens que o produto oferece
89
4,6067
,73265
O desejo pelo produto
89
4,5393
,72388
O modelo do automóvel
89
4,5169
,75547
A marca conhecida
89
4,3820
,80489
Test-drive realizado no produto
89
4,0000
1,06600
A propaganda do produto
89
3,8652
1,16961
Referência de terceiros
89
3,8539
,89887
Opinião de terceiros
89
3,5281
1,11895
A argumentação do vendedor
89
3,4157
1,09554
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
A influência mais pontuada foi “Sua opinião própria”, com 4,8 numa escala
de 1 a 5, seguido por “As vantagens que o produto oferece” com 4,6, “O desejo pelo
produto” e “O modelo do automóvel” com 4,5. A influência menos pontuada foi “A
argumentação do vendedor”, com 3,4 (TAB 21).
86
Tabela 21 – Teste diferença entre média dos Fatores de influência
Pares de Fatores
Diferença entre
médias
Sig bi-caudal
0,19101
0,019
0,22472
0,014
0,60674
0,000
0,14607
0,289
0,47181
0,003
0,11236
0,383
Sua opinião própria
As vantagens que o produto oferece
As vantagens que o produto oferece
A marca conhecida
As vantagens que o produto oferece
Test-drive realizado no produto
Test-drive realizado no produto
Referência de terceiros
Test-drive realizado no produto
Opinião de terceiros
Opinião de terceiros
A argumentação do vendedor
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
O teste de diferença entre as médias dos fatores reforça a prevalência do
fator “sua própria opinião” como o mais influente na decisão de compra, assim como
o fator “argumentação do vendedor” como o menos influente ao lado de opinião de
terceiros, como demonstra o teste de diferença entre médias. Observa-se na tabela
que não existem diferenças estatisticamente significativas no bloco que envolve os
fatores “as vantagens que o produto oferece”, “O desejo pelo produto”, “O modelo do
automóvel” e “A marca conhecida”. Estatisticamente não existe diferença entre as
médias destes fatores.
O mesmo acontece com o bloco de fatores “Test-drive realizado no
produto”, “A propaganda do produto” e “Referência de terceiros”.
A primeira posição ocupada pelo fator “sua própria opinião” está de
acordo com o perfil das mulheres estereotipadamente “modernas”, que trabalham
fora, com escolaridade de nível superior, que valorizam sua própria opinião. Não
entra em contradição com a necessidade de companhia durante todo o processo,
87
como visto anteriormente, pois mesmo com a ajuda de terceiros, a sua própria
opinião é a que mais as influenciam na aquisição final.
Por outro lado, a menor pontuação obtida pode revelar certo grau de
desconfiança na figura do vendedor, bastante compreensível, porque por mais que
este possa demonstrar sinceridade e honestidade pode se situar numa posição
pouco confiável, pois possui interesse na venda e na sua comissão e, portanto,
possivelmente esteja predisposto a omitir ou alterar informações.
Também neste conjunto de fatores não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas entre as médias dos diversos segmentos trabalhados
na pesquisa.
4.5 Correlação entre características valorizadas na hora da compra, influências
na aquisição do produto e construtos do processo de compra
Considerando-se o conjunto de fatores definidos como características
valorizadas na hora da compra como constituinte do construto fatores de marketing
e o conjunto de fatores definidos como de influências na aquisição do produto como
constituinte do construto fatores de influência pessoal, como demonstrado no quadro
a seguir, procurou-se verificar a influência destes construtos no processo de compra
(FIG 6).
88
Construto
Fatores
Preço
Confiança na marca (qualidade)
Marca mais conhecida/mais vendida
Design externo (aparência)
Características técnicas do carro
Potências do motor
Itens de segurança
Acessórios internos
Espaço interno
Características valorizadas na hora de comprar um
carro (CVCC)
Atendimento no momento da compra
Tamanho do porta-malas
Garantia do fabricante ou vendedor
Cor disponível /modelo
Status
Condições de financiamento
Desempenho
Preço das peças de reposição
Valorização na revenda
A propaganda do produto
Referência de terceiros
Test-drive realizado no produto
A argumentação do vendedor
A marca conhecida
Fatores de influência pessoal (FIP)
O modelo do automóvel
Opinião de terceiros
O desejo pelo produto
Sua opinião própria
As vantagens que o produto oferece
Figura 5 - Correlação dos construtos, indicadores e fatores
Fonte: Questionário da pesquisa
Os valores relativos aos construtos características valorizadas na hora da
compra e fatores de influência pessoal foram determinados a partir das médias dos
fatores componentes de cada um dos construtos como discriminado no quadro
anterior. A partir dos valores calculados para cada um dos construtos foi feita a
análise das correlações entre os construtos determinados como de influência de
marketing ou de características valorizadas na hora da compra e de influência
pessoal e os construtos componentes do processo de compra, como pode ser visto
na TAB 22.
89
Tabela 22 – Correlação dos Construtos
Correlações
RN
Reconhecimento da Necessidade
Levantamento de Alternativas
Avaliação de Alternativas
Decisão de Compra
Avaliação Pós-compra
Descarte ou Revenda
Características valorizadas na
hora da compra
1
,004
,071
**
,354
,172
-,054
LA
AA
DC
APC
1
**
,605
1
,108 ,133
1
**
**
**
,405 ,340 ,439
1
**
,333 ,163 -,113 ,188
**
,054 ,464
**
Fatores de influência pessoal
-,048 ,365
Obs:** correlação significante no nível 0,01 bicaudal
Fonte: Base de dados trabalhados no SPSS
**
*
RV CVCC FIP
1
**
,150
*
,141 ,617
,384
,216
,302
,101
-,025 ,271
1
**
1
A análise das correlações entre o conjunto de fatores de influência
pessoal
e
os
fatores
de
marketing,
como
constituintes
de
construtos
nomologicamente independentes, não se identificou correlações estatisticamente
significativas e relevantes entre estes construtos influentes e os construtos
componentes do processo de compra. O construto CVCC – características
valorizadas na hora da compra se correlacionam estatisticamente de forma mais
significativa e mediamente relevante com o construto LA – levantamento de
alternativas (correlação = 0,464), o que demonstra uma coerência relativamente
explicável uma vez que os fatores componentes de ambos os construtos se referem
a características do produto e de seu mix de marketing. Por outro lado, os construtos
de influência sobre o processo de compra, CVCC e FIP demonstram correlações
estatisticamente significativas e relevantes (correlação = 0,617) e que podem
apontar para a influência dos fatores de marketing na percepção de valor do produto
e da marca considerados no processo de compra.
Considerando-se também as variações de perfis constituintes dos
segmentos de entrevistadas da pesquisa não foram identificadas mudanças
90
estatisticamente significativas, o que, novamente, aponta para um comportamento,
teoricamente, homogeneizado entre as mulheres.
Pôde-se notar a partir dos resultados acima apresentados que a maioria
das mulheres entrevistas são casadas, têm filhos, com a família composta de 4 a
seis membros, trabalham fora, têm uma renda mensal entre 3 a 5 salários mínimos e
possuem o ensino superior.
Notou-se que a maioria tem apenas um carro, mas fazem a troca desse
produto a cada três anos. O significado de “ter um carro” é a necessidade para o usp
domiciliar.
Assim, os resultados mostraram-se de acordo com as orientações de
diferentes autores. Em primeiro lugar, pode-se apontar o que foi visto em Barletta
(2003) quando diz que a mulher contemporânea saiu de casa e conquistou o
mercado de trabalho, adaptando-se às multifunções tais como mulher-pessoa,
mulher-profissional e, em muitos casos, a de principal provedora do lar, portanto,
preocupada com seu bem-estar e o dos outros, o que comprova o significado de “ter
um carro” para a maioria da amostra de mulheres setelagoanas.
Em segundo lugar, outros autores também podem ser lembrados a partir
desses resultados, pois ele ressalta que a mulher do tipo familiar valoriza a família,
seu bem-estar, optando por escolhas que resultem em melhores oportunidades de
compra, novidades e promoções, o que a classifica como pouco fiel às marcas,
adepta às liquidações, mas também a mulher do tipo “ativa” é sistemática e racional,
que realiza as compras de maneira rápida e profissional, vai direto ao produto que
deseja, e normalmente é fiel à marca, mas muda caso não as encontre, o que
também dá respaldo à configuração do sentido de ter um carro para as entrevistadas
nessa amostra..
91
Em análise ao processo apresentado, os autores apontam que
inicialmente, os clientes identificam o problema (necessidade) para em seguida
obterem informações sobre as marcas renomadas ou conhecidas antes de decidir.
Segundo os autores, as informações podem partir de propagandas, vendedores,
displays em lojas, web sites das organizações, de amigos, conhecidos, ou mesmo
de uma experiência anterior, e ainda, de fontes independentes (como profissionais
especializados, jornais e revistas).
Mas, conforme destacam Schiffman e Kanuk (1997), mesmo sendo
importantes, as fontes de informação acima citadas, destacam-se os grupos de
referência que incluem “a família, amigos diretos e indiretos (como ídolos
esportivos), classe social, subculturas específicas (como adolescentes), cultura
pessoal (conhecimentos específicos e técnicos) e outras culturas” (SCHIFFMAN;
KANUK, 1997, p.230).
Na visão de Schiffman e Kanuk (1997), a compra é decidida depois de
avaliada a opção mais vantajosa pelo consumidor, o que se relaciona tamém à alta
média (4,5) das mulheres que normalmente analisam suas condições financeiras
antes de comprarem um automóvel.
Sobre a etapa do descarte, a mostra setelagoana não se manifestou tanto
assim, visto que a média desse aspecto foi insignificante, apesar dos autores
Blackwell, Minard e Engel (2005) evidenciarem a revenda, última das opções de
descarte, como a mais importante, uma vez que ela é realizada quando o produto
ainda tem algum valor de uso e de troca, fazendo com que ele possa ser convertido
em unidades monetárias e oferecido a outros consumidores.
Já nas percepções das influências na aquisição do produto puderam-se
ver as considerações de Assad (2007) quando diz que a mulher tem mais
92
sensibilidade, consegue identificar valores que passariam despercebidos à maioria
dos homens. Apesar das emoções, o produto em si é muito importante.
Notam-se
Vecchio;
ainda as considerações de Frisam Underhill (1999) e Del-
Bronnemann
(2007)
sobre
existir
um
conjunto
de
prioridades,
comportamentos e atitudes, e preferências do público feminino diferentes de
qualquer outro público. Para os pesquisadores “Mulheres comparam benefícios do
produto, reúnem informações e só então decidem consumir” , o que está relacionado
com os fatores que influenciam a compra de um carro relacionados neste estudo
)preço, confiança na marca, design externo, espaço interno, garantia do vendedor,
cor disponível ou assessório internos, como exemplos.
93
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao responder a pergunta que orientou este estudo, quer seja: “Quais
fatores são considerados como determinantes no processo de aquisição de
automóveis novos pela mulher?” pôde-se traçar as seguintes considerações finais.
Há muito, a intenção de se compreender o que se passa na cabeça das
mulheres, se tornou um desafio. Principalmente, nos dias atuais onde a mulher com
atuações de destaque se tornou independentes, mais participativas na economia
com maior participação no mercado de trabalho e aumento do poder de compra e
passaram a almejar produtos e bens de consumo para uso pessoal mais vantajosos
e de maior valor que, apenas bolsas, produtos de beleza, roupas e sapatos, como
de forma errônea e preconceituosa a sociedade em rotulou há até pouco tempo.
O pensamento da mulher contemporânea tornou-se mais refinado, mais
crítico e exigente, já que ela paga pelo que consume. Mesmo que na sociedade
atual, ela ainda desenvolva habilidades de mãe, dona de casa, a mulher se tornou
arrimo familiar, independente ao trabalhar fora, cresceu e se posicionou, aprendendo
a delimitar o seu espaço no mercado de consumo. E nesse mesmo tempo, não
houve como o mercado não reconhecê-la como consumidora séria, o que levou a
partir de então, a busca de encontrar meios de satisfação dos seus desejos, em
todos os aspectos através da análise do seu comportamento no processo de
compra.
A pesquisa realizada levou à percepção de que as mulheres setelagoanas
ao investirem também na compra de automóveis apresentam um poder de decisão e
a consciência de que o mercado está repleto de opções para elas.
94
Na amostra investigada foi possível levantar que as aquisições de carros
novos se efetivam como resultado de uma necessidade real de ter um meio de
locomoção, que atenda às necessidades das consumidoras, sejam para locomoção
para o trabalho, para levar os filhos à escola ou mesmo lazer em ocasiões onde
apenas a mãe está presente com filhos ou sozinha. A probabilidade de aquisição por
status não foi apontada pelas entrevistadas, identificando a primeira etapa do
processo decisório do consumidor, o reconhecimento da necessidade.
Outro ponto destacado na pesquisa é a percepção das mulheres quanto à
caracterização de “carro para uso pessoal”, nota-se pelas respostas apresentadas
que para as entrevistadas não há distinção entre um automóvel exclusivo para ela e
aquele que é utilizado aquele atender às necessidades da família. Somente nos
casos onde foi levantada a presença de mais de um automóvel é que há a distinção
sendo o automóvel da família aquele que fica com o marido. Este momento
reconhece-se a segunda etapa do processo decisório: o levantamento das
alternativas.
As mulheres entrevistadas apontaram que se sentem confortáveis com a
presença de terceiros durante o processo de compra de automóveis, o que aponta
que mesmo independentes a presença de uma companhia é reconhecida.
No que tange aos fatores decisórios na hora da compra, levantou-se entre
as opiniões apresentadas, que a opinião de terceiros é um determinante de pouco
peso no processo de compra, não que não seja considerada, mas que as mulheres
em geral, após ouvir opiniões de terceiros, formulam a sua própria ideia do que
aquele determinado automóvel trará como benefícios a ela e assim, se posicionam
dão a última palavra, decidindo pela compra ou não. Aqui, evidencia-se a terceira
etapa do processo decisório: a avaliação das alternativas.
95
De acordo com o que foi levantado na pesquisa, percebe-se que as
mulheres não se deixaram de ser influenciadas por homens ou quem as
acompanhou na hora de comprar o automóvel. Segundo o que foi exposto pelas
entrevistadas, a escolha decisiva ocorre após a consideração de todos os fatores
que a compra de um automóvel no acarreta, essa posição das mulheres acaba
provando que a razão se sobrepõe à emoção, fato contrário ao que acontecia no
passado ou acontece em outras compras. Cabe salientar que não há como afirmar
que por ser uma compra de grande valor, do porque as mulheres se comportam
assim, para tanto seria necessária uma investigação que girasse em torno dessa
possibilidade.
Aqui se visualiza a quarta etapa do processo decisório e a mais
importante: a decisão de compra.
Aos olhos desta pesquisadora no momento da entrevista conclui que em
se tratando de automóveis, variáveis como valor e condições estabelecidas de
pagamento, fazem com que a razão novamente se faça mais forte que a emoção e
ao entusiasmo do primeiro momento em que a mulher chega à concessionária,
conforme apontam autores que abordam o poder da imagem sobre o consumidor.
A pesquisa faz perceber que as mulheres entrevistadas ao adquirirem um
automóvel novo, pensam em praticidade, benefícios e vantagens que o bem lhe dá
de retorno, principalmente na mínima preocupação com serviços de manutenção
que os automóveis novos garantem. Tanto que segundo as entrevistadas o tempo
de permanência com o automóvel e a troca (descarte) por outro gira em torno de 36
meses (03 anos). Neste ponto percebe-se a quinta e sexta etapas do processo
decisório: a avaliação pós-compra e o descarte /revenda.
No apanhado de dados que determinaram as 5 (cinco) características de
maior destaque no processo de compra de automóveis novos para uso pessoal por
96
mulheres, evidenciou-se que para as entrevistadas as condições econômicas têm
grandes peso no processo decisório, o que as tornam bastante cautelosas acerca da
capacidade de adquirirem um automóvel desejado, sem que este prejudique o seu
orçamento pessoal ou familiar, é a questão do preço pesando no momento da
escolha.
A segunda característica que se destaca na hora da compra está ligada à
questão da qualidade, algo que para as mulheres exigentes é essencial para que se
reconheça um bom produto. E em questão de avaliar a qualidade de um produto,
ninguém é mais exigente que as mulheres, prova disso que a variável se apresenta
em segundo lugar. Essa constatação nos remete ao que apontam os teóricos que
apontam a diferenciação do processo de escolha entre homens (funcionalidade) e
mulheres (qualidade/praticidade/segurança).
No quesito segurança, terceira característica destacada na pesquisa,
aponta que no momento da compra as mulheres querem em seus automóveis o
maior número de itens de segurança possível, considerando principalmente, o perfil
das entrevistadas que na maioria tem filhos.
Um momento em que fica evidente que com a globalização, as mulheres
se tornaram antenadas e começaram a se ater a detalhes dos automóveis que
adquirem, marca a escolha pelo modelo/cor disponível do automóvel escolhido.
Neste momento, pode-se afirmar que o lado mais feminino e emocional da mulher
prevalece, o que faz com que ela só saia da concessionária com o automóvel
considerado por ela “perfeito”, afinal, não é um vestido ou sapato com tempo curto
de uso e que pode ser descartado facilmente. Por isso, cada vez mais, as indústrias
estão disponibilizando modelos que sob medida para mulheres lhe oferte ao mesmo
tempo o design moderno e uma cartela de cores que represente a modernidade da
97
mulher, como no caso da Fiat, que vem seduzindo um número cada vez maior de
mulheres.
Finalizando, ao levantar a quinta característica mais apontada na hora da
compra, a variável destacou-se características técnicas do carro. Talvez por não
possuírem conhecimentos técnicos sobre os automóveis muitos mulheres tenham
sido influenciadas em compras de automóveis, por maridos, companheiros, amigos
e mesmo os próprios vendedores. Hoje, no entanto, as mulheres estão buscando
mias informações acerca do automóvel, da marca e garantias que oferecem, para
decidir uma compra. E sua compreensão em torno das características técnicas do
automóvel terá que satisfazê-la, para que enfim a compra se concretize.
Ao encerrar esta dissertação que atingindo aos objetivos propostos e
ainda apresentou-se através da pesquisa teórica e prática ao problema de pesquisa,
vale registrar as impressões da pesquisadora quanto à validade do estudo realizado.
Numa avaliação da experiência efetivada, é importante evidenciar que a
possibilidade de compreender o pensamento das mulheres no processo decisório de
compra de automóveis novos para uso pessoal, se mostrou uma rica fonte de
aprendizado, uma vez que possibilitou desmitificar a ideia de que mulher escolhe
automóveis primeiramente pela “paixão à primeira vista”, provou-se que as mulheres
são mais sensatas em suas escolhas, diferindo dos homens. Então estes optam por
potência, desempenho, velocidade e preço; a mulher quer qualidade, segurança,
conforto, design associados ao preço. Colocando um final na falsa imagem de que
mulher não sabe comprar automóveis. Por serem mais exigentes, acabam
realizando as melhores compras.
Numa avaliação crítica do estudo realizado é importante evidenciar o
ineditismo da pesquisa de caráter exploratório em torno do processo de compra de
98
automóveis por mulheres, uma vez que é a primeira vez que é dedicado tempo para
coletar informações de consumidoras, mesmo que seja fato comprovado a
participação das mulheres em processos de aquisição de bens, ou mesmo da sua
participação em processos decisórios de escolha de automóveis.
Conclui-se, portanto, que como constantemente as indústrias de bens de
consumo, ao lançarem seus produtos no mercado, utilizam-se de várias maneiras
para verificar o comportamento de seus clientes durante o processo de aquisição e
consumo de um bem, entender o comportamento do consumidor final, conhecer
quem é este consumidor, e quais fatores são efetivamente importantes no processo
decisório de compra.
É fundamental para a indústria que quer vender, obter lucratividade e ser
referência em produtos ter uma boa imagem no mercado. Isso é fundamental por
causa das representações mentais e sociais que as imagens têm com um forte
poder de moldar o comportamento do consumidor no processo de compra.
Não se pode deixar de registrar que dentro das limitações da pesquisa, o
tamanho da amostra final pesquisada. É importante frisar que os dados levantados
retratam a opinião de mulheres consumidoras de apenas uma das concessionárias
das 12 existentes na cidade de Sete Lagoas (MG) e assim, não pode ser percebida
como uma verdade absoluta que represente todas as mulheres que compram
automóveis na cidade.
99
5.1 Recomendações para pesquisas futuras
Dado aos diversos universos a que estes resultados podem ser aplicados,
registra-se como recomendações para pesquisas futuras, ações como:
a) efetuar novas pesquisas com amostras mais amplas, incluindo outros
mercados e marcas;
b) desenvolver análise comparativa de compras pelos gêneros: masculino
e feminino;
c) desenvolver este estudo, utilizando outros modelos teóricos, como por
exemplo, a propensão à compra de automóveis, com a utilização de recursos de alta
tecnologia e;
d) estudar o processo decisório de compra por gênero e seu
comportamento quanto às formas de pagamentos e atitudes em relação ao crédito.
100
REFERENCIAS
ADMINISTRADORES.COM. Mulher solteira é consumidor do futuro. Disponível
em:http://www.administradores.com.br/informe-se/informativo/mulher-solteira-econsumidor-do-futuro/8539/. Acesso em: 12.03.2011.
ALLEN, Chris T.; MACHLEIT, Karen A.; KLEINE, Susan S. A comparison of attitudes
and emotions as predictors of behavior at diverse levels of behavioral experience.
Journal of Consumer Research, v.18, p. 493-504, mar. 1992.
ARTONI. Patrícia Regina Caldeira Daré; SOFIATO, Danilo. BRAGA, Rafael Porto
Ferreira; GARCIA, Eduardo Cruz. Análise dos atributos que influenciam a compra de
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106
APÊNDICE A – FORMULÁRIO DA PESQUISA - O PROCESSO DE COMPRA DE
CARROS DA MULHER SETELAGOANA
A pesquisa a seguir é parte integrante da Dissertação do MBA de Administração, da
Faculdade de Pedro Leopoldo, sob a responsabilidade da Graduanda Fabiana Vieira
Reis Neves sob a orientação do Prof.Dr. José Edson Lara.
Para sua segurança as informações repassadas serão mantidas em sigilo e apenas os
dados analisados resultantes da pesquisa serão ilustrados em forma de gráficos e
tabelas. Não há necessidade de identificação, assim sua identidade estará
preservada
Muito obrigado por sua colaboração!
PARTE 1 - PERFIL/ENTREVISTADA
1. Estado Civil: ( )solteira ( ) casada ( ) viúva
(
)separada/divorciada
( )
outro
2. Idade: (
) 18 -21anos (
) 21- 30 anos
(
) 31-40 anos
(
) 41-50anos (
) + 50 anos
3.Filhos
(
) sim
(
) não
4. Ocupação Principal (profissão):
(
) dona de casa (
) servidora pública (
) empregada setor privado (
)
aposentado/pensionista
(
)
estudante
(
)
empresária
(
)
outra
profissão._____________________________
5.Renda Mensal: ( ) 1-3 salários míninos ( )3-5 salários mínimos ( ) +5 salários
mínimos
6. Escolaridade máxima concluída:
(
) Ensino fundamental
graduação
(
(
) Ensino médio
(
) Ensino Superior
(
) Pós-
) Mestrado/Doutorado
7. Mora sozinha? (
) sim
(
) não Quantas pessoas fazem parte da
família: ( ) 1 a 3 ( ) 4 a 6 ( ) + de 5
8. Quantos carros tem? ........................... Quantos já teve? ..........................
9. Com que freqüência troca seu carro? ( )a cada 12 meses
meses(
) a cada 36 meses (
(
) a cada 24
) nunca trocou
10. Ter um carro pra você significa
(
) status (
) praticidade (
11.Uso do carro adquirido: (
) economia (
) uso domiciliar (
) realização ( ) necessidade
) trabalho
(
)lazer
107
PARTE 2 – COMPORTAMENTO EM CADA ETAPA AQUISIÇÃO DE UM
AUTOMÓVEL
Instruções: Escolha a resposta que mais lhe convier, observando os Contrutos
abaixo relacionados à seguintes variáveis de Avaliação:
Concordância:
C - Concordo
D - Discordo
C - Concordo parcialmente
DP - Discordo parcialmente
NS - Não sei
Construtos
Importância:
1 - (nenhuma influência)
2 - (Pouca influência)
3 - (Influência razoável)
4 - (Influência bastante considerável)
5 - (Grande influência)
Fator
1. Eu mesma constatei a necessidade de comprar um carro novo
2. Não considero importante que outra pessoa me diga se
Reconhecimento
necessito comprar um carro
da Necessidade
3. Normalmente analiso as minhas próprias condições
econômicas para comprar um carro
4. Normalmente sou bem consciente dos aspectos do carro que
quero comprar
5. Para levantar as características do carro que quero comprar,
Levantamento de
pergunto ao meu marido/companheiro ou familiar
Alternativas
6. Para levantar as características do carro que quero comprar,
busco informações na internet ou concessionária
Avaliação de
Alternativas
Decisão de
Compra
Avaliação Póscompra
Descarte ou
Revenda
7. Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar,
eu consulto meu marido/companheiro ou familiar
8. Para avaliar os aspectos técnicos do carro que quero comprar,
busco informações na internet ou concessionária
9. Eu posso avaliar sozinha, as características do automóvel que
quero comprar
10. Na hora da compra eu prefiro ir sozinha à concessionária
11. Normalmente fico muito bem informada dos aspectos
técnicos e de design do carro antes de comprá-lo
12. Considero importante, mas não essencial outras pessoas
irem comigo à concessionária
13. Sou negociadora independente e posso comprar sozinha um
automóvel
14. Não tenho receio de me arrepender da compra do automóvel
que faço
15. Normalmente avalio os aspectos técnicos e de design do
automóvel que eu compro
16. Normalmente eu falo bem ou mal do automóvel ou
concessionária que me decepciona
17. Na hora de revender o carro eu busco um comprador
particular
18. Para a revenda de carro eu conto com o apoio de meu
marido/companheiro ou de um familiar
19. Eu procuro cuidar muito bem de meu automóvel e ficar com
ele por muitos anos
Opção de
Importância
108
PARTE 3 - PERCEPÇÃO DOS FATORES DECISÓRIOS NA HORA DA COMPRA
A seguir, apresentamos questões diretamente relacionadas aos fatores que
interferem no processo de compra de carros. Avalie marcando a opção que
representa a sua opinião segundo as variáveis apresentadas.
Variáveis de Avaliação:
Concordância:
C - Concordo
D - Discordo
C - Concordo parcialmente
DP - Discordo parcialmente
NS - Não sei
Importância:
1 - (nenhuma influência)
2 - (Pouca influência)
3 - (Influência razoável)
4 - (Influência bastante considerável)
5 - (Grande influência)
Características valorizadas na hora de comprar um carro
C
C
Concordância
D CP DP NS
D CP DP NS
C
D
CP
DP
NS
C
C
D
D
CP
CP
DP
DP
NS
NS
C
C
C
C
C
D
D
D
D
D
CP
CP
CP
CP
CP
DP
DP
DP
DP
DP
NS
NS
NS
NS
NS
C
C
D
D
CP
CP
DP
DP
NS
NS
C
C
C
C
C
D
D
D
D
D
CP
CP
CP
CP
CP
DP
DP
DP
DP
DP
NS
NS
NS
NS
NS
C
D
CP
DP
NS
Características Valorizadas
Preço
Confiança na marca
(qualidade)
Marca mais conhecida/mais
vendida
Design externo (aparência)
Características técnicas do
carro
Potências do motor
Itens de segurança
Acessórios internos
Espaço interno
Atendimento no momento da
compra
Tamanho do porta-malas
Garantia do fabricante ou
vendedor
Cor disponível /modelo
Status
Condições de financiamento
Desempenho
Preço das peças de
reposição
Valorização na revenda
Importância
3
4
1
2
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
1
1
1
2
2
2
2
3
3
3
3
4
4
4
4
5
5
5
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
1
1
1
2
2
2
2
3
3
3
3
4
4
4
4
5
5
5
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
A Opção pelo Produto
Ao optar pelo produto que adquiriu você considerou :
Concordância
Considerações
Importância
C
D
CP
DP
NS
A propaganda do produto
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
Referência de terceiros
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
Test-drive realizado no produto
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
A argumentação do vendedor
1
2
3
4
5
5
109
As Influências na Decisão Final
Na hora de escolher pelo produto desejado quais influências tiveram maior
peso em sua decisão:
Concordância
Influências
Importância
C
D
CP
DP
NS
A marca
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
O modelo
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
Opinião de terceiros
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
O desejo pelo produto
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
A argumentação do vendedor
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
Sua opinião própria
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
As vantagens que o produto
1
2
3
4
5
Avaliação do grau de satisfação pela aquisição do produto
Avalie a sua satisfação pela sua escolha
Concordância
Influências
Importância
C
D
CP
DP
NS
A marca
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
O modelo
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
Opinião de terceiros
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
O desejo pelo produto
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
A argumentação do vendedor
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
Sua opinião própria
1
2
3
4
5
C
D
CP
DP
NS
As vantagens que o produto
1
2
3
4
5
Download

A influência da mulher no processo decisório de compra de