29 de Março de 2014 | edição 716 Cultura lança 1º Festival de Música e Dança em Paraíso Poderão participar somente canções e coreografias inéditas. Final acontecerá no dia da Festa do Trabalhador Por Ralph Diniz O Departamento Municipal de Cultura da Prefeitura de São Sebastião do Paraíso abriu nesta semana as inscrições para o 1° Festival de Outono de Música e Dança. O evento tem como objetivo apresentar canções e coreografias inéditas de compositores e grupos de dan- ça da cidade. As músicas podem ser cantadas em Português ou em outras línguas. De acordo com a responsável pelo departamento, Cinira Mumic, o evento será realizado em três etapas para as duas. As seletivas de música acontecem nos dias 5 e 12 de abril, a partir das 10h, na Casa da Cultura, durante a Feira da Esta- ção. Já as eliminatórias de dança serão realizadas em 6 e 13 do mesmo mês, na praça Comendador João Alves (Fonte), a partir das 16h. A grande final será realizada na Arena Olímpica, durante a Festa do Trabalhador, no dia 1º de maio. .Túlio Costa, compositor e um dos entusiastas do projeto, declara que o evento vai contri- buir para que o Departamento faça um mapa dos novos artistas paraisenses. Além disso, ressalta que o festival vai contribuir para o desenvolvimento da cultura local e, também, para o resgate de elementos importantes para perpetuação dos estilos musicais e artísticos. Cinira Mumic lembra que festivais culturais importantes no Brasil, como os de Ribeirão Preto e Joinville, por exemplo, começaram pequenos, como o de música e dança de Paraíso. “Podemos, sim, no futuro contar com o apoio de empresas e outros apoiadores e fazer o nosso festival ser tão grandioso como esses, tão renomados no nosso País”. Conforme explica o Depar- tamento de Cultura, os artistas que desejarem participar deverão se inscrever na Casa da Cultura, situada na Avenida Oliveira Rezende, n.° 509, das 8h às 11h. Cinira Mumic orienta os candidatos a buscar o edital do festival no site da prefeitura antes da inscrição. “Existem uma série de pré-requisitos que eles têm que cumprir”, afirma. SOS CRIANÇA recebe doação, Escola Noraldino do COLÉGIO OBJETIVO Lima comemora o Dia Mundial da Água em parceria com a COPASA O Serviço de Obras Sociais (SOS) – Projeto SOS Criança – solicitou a diretora do Colégio Objetivo, senhora Maria José Colombarolli ajuda de material escolar para as 70 crianças que freqüentam a instituição. Dona Maria José fez uma campanha entre os alunos e o resultado foi muito bom. O SOS Criança agradece e parabeniza o Colégio Objetivo por repassar aos alunos noções de fraternidade. Obrigado. A Equipe da Copasa montou no espaço da Escola Municipal Interventor Noraldino Lima a Mini-Eta, mini estação de tratamento da água, em comemoração ao Dia Mundial da Água, dia 22 de Março. Alunos de todas as turmas e convidados da comunidade escolar participaram do momento da exposição onde pequenas palestras foram ministradas. Durante a palestra, proferida pelos técnicos e estagiários da Copasa, houve demonstração do processo de tratamento da água e o trabalho de conscientização sobre a importância da preservação dos recursos naturais . A direção escolar agradece a parceria da Copasa, pois a água faz parte do patrimônio do Planeta e de acordo com a Declaração Universal dos Direitos da Água, “ A utilização da água deve respeitar o equilíbrio entre a importância de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social e o planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual so- bre a Terra” . Cabe a escola orientar seus alunos, pois cuidar do Meio Ambiente faz parte da natureza da Copasa e deve fazer parte da Vida de cada um de nossos alunos e de todos os cidadãos de nosso município. Jornal do Sudoeste página 2 São Sebastião do Paraíso-MG e Região 29 de Março de 2014 Francisca Helena Eustáquio por Gérson Peres Batista Curso de Arbitragem da Federação Internacional de Xadrez O professor e árbitro de xadrez Jeovane Cascais Santos (foto), 24 anos, teve seu nome relacionado pela Confederação Brasileira de Xadrez (www.cbx.org.br) entre os aprovados no 32º Seminário para Árbitros da Federação Internacional de Xadrez (FIDE), primeiro degrau na arbitragem da modalidade no campo internacional. O Seminário foi ministrado pela internet pelo AI Antonio Bento de Araújo Lima Filho, de Brasília/DF, no período de 30 de janeiro a 10 fevereiro de 2014. Dos 13 participantes do evento, oito foram aprovados na avaliação – dentre eles o professor Jeovane Santos. Com o desempenho, o Prof. Jeovane obteve uma norma de AF (Árbitro FIDE), cuja norma será homologada na próxima reunião do Conselho Presidencial da FIDE. O jovem enxadrista é professor da área há muitos anos e atualmente está trabalhando em escolas de São Sebastião do Paraíso, São Tomás de Aquino e Ribeirão Preto. RIBEIRÃO PRETO De 4 a 6 de abril acontece no SESC de Ribeirão Preto/SP o IRT Troféu Gabriel Salim Name. O evento é limitado a 80 jogadores e contará pontos para os rankings nacional/internacional. Matheus Peres Batista é o paraisense confirmado como jogador. Na arbitragem já estão escalados o AA Jeovane Cascais Santos e o AN Gérson Peres Batista. A organização está a cargo do Prof. Ricardo Oliveira. PARTIDA O mestre internacional paraisense Evandro Amorim Barbosa, um dos mais destacados enxadristas do Brasil na atualidade, terminou sua participação em três torneios na Europa. O MI Evandro Barbosa jogou em Graz (Áustria) e nas cidades francesas de Rochefort e Capelle-la-Grande. O saldo foi muito positivo, com ganho de 13 pontos no ranking internacional, além de CXOL Entrevista concedida a Adriano Rosa Jeovane Cascais Santos é professor e árbitro de xadrez medir forças com alguns dos melhores jogadores do mundo como o grande mestre chinês Chao Li – top 50 do mundo, com Elo de 2700 pontos. Barbosa pretende fazer novo tour enxadrístico na Europa no mês de junho, mais precisamente na Bulgária onde jogará três torneios seguidos valendo norma de GM. Da visita recente à Europa destacamos a brilhante partida técnica que Barbosa venceu contra o mestre internacional búlgaro Spas Kozhuharov. Evandro Barbosa (2459) Spas Kozhuharov (2463) 13º Torneio de Rochefort – Grupo Masters 6ª rodada – 25/2/2014 1.e4 c6 2.d4 d5 3.e5 c5 4.dxc5 e6 5.Cf3 Bxc5 6.a3 Cc6 7.b4 Bb6 8.Bb2 Ch6 9.Bd3 a5 10.b5 Cb8 11.a4 Cd7 12.0-0 Cc5 13.Be2 Cf5 14.Cbd2 0-0 15.c4 h6 16.Ba3 Te8 17.Tc1 d4 18.Te1 Dc7 19.Bf1 Td8 20.Ce4 Ce7 21.h4 d3 22.Tc3 d2 23.Cexd2 Cf5 24.Dc2 Bd7 25.Ce4 Tac8 26.Td1 Be8 27.Cxc5 Txd1 28.Dxd1 Bxc5 29.Bxc5 Dxc5 30.g4 Cg3 31.Bd3 h5 32.g5 Td8 33.Dc2 Rf8 34.Rg2 Cf5 35.Bxf5 exf5 36.Td3 Tc8 37.Td4 g6 38.Dd2 b6 39.De3 Tc7 40.Cd2 Bd7 41.Rf3 Be6 42.Td8+ Re7 43.Dd4 Tc8 44.Dd6+ Dxd6 45.Txd6 Bxc4 46.Txb6 Bd3 47.Re3 Bc2 48.Rd4 Td8+ 49.Td6 Bxa4 50.Txd8 Rxd8 51.Rc5 Bd1 52.Cc4 a4 53.Rb4 Rd7 54.f4 Re6 55.Cb6 Bc2 56.Ra3 1-0 e-mail: [email protected] SERGIO MAGALHÃES Sol, calor e chuva Na Malásia é assim, sol, calor e chuva. Nem é preciso consultar a moça do tempo porque a qualquer momento o sol dará lugar à pancada de chuva e vice-versa. Só não muda o forte calor. A pista de Sepang, em Kuala Lumpur, está pouco acima da linha do equador próximo a uma região de floresta tropical que torna o clima quente e unido, favorável às tempestades típicas de verão. O calor e a umidade do ar faz do GP da Malásia uma prova de resistência/sobrevivência. Neste ano mais ainda para as novas “unidades de potências”, termo que tem sido usado na Fórmula 1 quando se refere ao motor. Os novos sistemas de recuperação de energia necessitam de muita refrigeração, o que pode agravar ainda mais o que já tem sido um grande problema para os motores Renault, principalmente à Red Bull, a que mais sofreu na pré-temporada com o superaquecimento. Tudo bem que na Austrália Daniel Ricciardo surpreendeu com a segunda colocação que virou abobora com a desclassificação por falha no fluxo de combustível que saia do tanque de seu carro. Só que em Melbourne as temperaturas eram bem mais amenas das que os pilotos enfrentarão em Sepang. Sobre a desclassificação do australiano vale ressaltar que o regulamento determina 100kg de gasolina por corrida para cada carro e em momento algum o consumo pode exceder a média de 100 quilos por hora. A Red Bull recorreu da decisão da FIA e o caso será julgado dia 14 de abril. Se a temperatura será a prova de fogo para os motores, a chuva pode embaralhar a disputa. Perde a Mercedes que tem o melhor carro, e a Williams apontada como segunda força do campeonato, mas que mostrou na Austrália enorme deficiência no molhado. Ganha a Ferrari que tem um carro confiável, mas falta potência no seu motor, e a McLaren que também não é boa de reta. A pista de Sepang é composta por curvas de baixa e alta velocidade intercaladas por duas longas retas. Mas com pista seca, salvo algum problema mecânico, será surpresa se o vencedor não for um dos pilotos da Mercedes, Nico Rosberg ou Lewis Hamilton. Foi na Malásia, ano passado, que Sebastian Vettel deu de ombros para a ordem dos boxes que pedia para não atacar o líder, Mark Webber. Vettel ultrapassou o excompanheiro de equipe e venceu a corrida. A partir dali o alemão se fez mais forte e rumou para o tetracampeonato e Webber entrou numa espiral descente que resultou na sua aposentadoria no final do ano. Rodrigo Berton Felipe Fraga (88) conseguiu um feito histórico em Interlagos: vitória na corrida de estreia na Stock Car A situação da Red Bull neste início de campeonato é bem distinta das últimas temporadas. O abandono de Vettel e a desclassificação de Ricciardo na Austrália fez a equipe provar o sabor da derrota que ela não conhecia. Pegou mal o chororô de Dietrich Mateschitz, que ameaçou deixar a Fórmula 1 por causa da politicagem, da falta de barulho dos motores e da desclassificação de seu piloto. Choro de mau perdedor. BLOCO DE NOTAS > Felipe Fraga, 18 anos, nem carteira de habilitação tem, mas fez história domingo, em Interlagos, ao vencer a prova de abertura da Stock Car logo em sua estreia. >> A Stock Car acertou em cheio na corrida de duplas. Ganhou exposição na mídia, mas 50 minutos de corrida foi pouco, merecia mais. >>> O duelo entre Marc Márquez e Valentino Rossi na abertura da MotoGP, no Catar, foi daqueles de prender a respiração, de fazer levantar do sofá. Se for assim o ano todo... >>>> Começa neste domingo a temporada da F-Indy em São Petersburgo, na Florida. Tony Kanaan trocou a pequena KV pela poderosa Ganassi. Juan Pablo Montoya retorna à categoria e corre pela Penske ao lado de Helio Castroneves. >>>>> Gary Hartstein, ex-médico chefe da Fórmula 1 escreveu em seu blog que a falta de notícias sobre o estado de saúde de Michael Schumacher o faz temer pelo pior. Schumacher completa hoje 3 meses em coma no Hospital de Grenoble, na França, desde que bateu com a cabeça numa pedra em 29 de dezembro numa estação de esqui. Francisca, inicialmente onde você nasceu e como foi a sua infância? Sou natural aqui mesmo, de São Sebastião do Paraíso, nasci em 1º de agosto de 1965. Quando eu nasci, a gente morava numa casa à rua (hoje avenida) Delfim Moreira. Depois, ainda pequena, nossa família se mudou para o Bela Vista e a maior parte de minha infância e adolescência, eu passei naquele bairro. Foi um período difícil, porém, muito alegre. Meus pais eram de família humilde e tínhamos muita dificuldade financeira, mas havia bastante carinho, amor e respeito entre nós. Minha mãe era empregada doméstica, meu pai pedreiro e, depois, virou construtor. Durante o dia eles trabalhavam, ficavam longe e eu estava mais com a minha avó, junto com mais quatro ou cinco primos. Não tenho irmãos. Todas as tardes meu pai cantarolava com a viola eu ficava pulando, de um lado para o outro, cantando junto com ele. Não dava para perceber e nem ter momentos de tristeza. Sempre gostei muito de livro, de caderno, de revista – não tínhamos acesso, mas minha mãe sempre levava alguma revista velha do trabalho para casa ou o jornal que, naquela época, depois de lido, era usado para embrulhar verduras. Eu gostava de folhear. Aprendi a ler sozinha, muito pequena. Minha mãe conta que um dia eu cheguei perto dela com uma caixinha de Kolynos na mão e li o nome para ela. Todos ficaram espantados. Comecei a escrever meus rabiscos também muito cedo, com aqueles lápis grandes de pedreiro que meu pai usava para anotações. Tive uma infância bem alegre, apesar das dificuldades! E quando você começou a estudar? Que lembranças guarda deste período? Ao lado do colégio (das freiras) Paula Frassinetti havia uma escola que o pessoal chamava de “coleginho” – depois ela se transformou na escola (estadual) Paula Frassinetti. Foi lá que eu iniciei meus estudos. Não tenho boas lembranças daquele lugar e nem do que eu aprendi lá. Havia muita discriminação! Tanto é que, depois que eu me formei e comecei a lecionar, olhando os documentos antigos na já então escola Paula Frassinetti (no São Judas), nem o meu diploma da pré-escola havia sido assinado. E o da minha prima, que era bem branca e havia estudado junto comigo, foi. Depois do “coleginho” eu fui estudar no Campos do Amaral. Minha primeira professora foi a (saudosa) “tia” Maria Alice (Barbosa de Oliveira). Ela era amiga de meu pai e um encanto de pessoa! Eu era aquela aluna bem custosa, porque eu já sabia ler e escrever, ao passo que os meus coleguinhas de sala, não. Aí, quando a professora colocava um desenho no quadro e o nome embaixo para os alunos adivinharem e dizerem o que era, de cara eu já dizia. A professora ia juntando as letras para os alunos formarem a palavra e eu já sabia o que era. Logo no meio do ano, me passaram para a série seguinte. Eu terminei o ensino médio e o Magistério com 17 anos. Fiz o pré e as quatro primeiras séries no Campos. Depois, quando eu passei para a 5ª série, eu fui para o colégio Paula Frassinetti. Era um grande sonho de minha mãe que eu estudasse lá. Nessa época, minha mãe era lavadeira e eu me recordo nitidamente das grandes trouxas de roupa que ela carregava pela (rua) Placidino Brigagão para pagar o meu colégio o que, na época, tinha uma mensalidade em torno de um salário mínimo. Era muito difícil de se conseguir esta quantia naquele tempo. Aos domingos minha mãe fazia uma faxina no consultório do Dr. João Paulo Cunha para completar o valor. Mas meus pais se esforçaram e conseguiram. Sou agradecida a eles por isso, pois aprendi muito no colégio. A minha base das principais matérias eu tive lá. Era uma excelente escola. Fiz grandes amigos também. Não muitos, porque eu era a única pretinha, a única pobrinha, mas as amizades que tive foram muito boas. Nos últimos anos eu consegui uma bolsa de estudos com o Dr. Djalba Gil que pagava 50% da minha escola. Em contrapartida, minhas notas tinham que ser superiores a 90. Fiquei no colégio até o 2º ano do ensino médio e fui fazer Magistério no Paraisense, era uma turma de curso normal à noite. Fiz dois anos. E depois que você terminou o Magistério você quis dar continuidade aos seus estudos? Eu passei muitos anos sem estudar. Logo que eu terminei o Magistério eu já fui lecionar. Era 1982. Eu comecei trabalhar na Prefeitura. Naquela época, a gente podia entrar como professor leigo. Minha primeira escola foi o Roque Scarano (zona rural dos Marques). Guardo boas lembranças dos lugares aonde trabalhei. Eu só voltei a ser aluna quando abriu a Uniessp – União de Escolas Superiores de Paraíso (hoje Faculdade Calafiori), através do Prouni (Programa Universidade para Todos) e de uma indicação, inclusive, da dona Maria Luíza Coelho de Pádua (ex-secretária municipal de Educação), a quem sou muito grata por ter se lembrado do meu nome naquele momento. Mesmo dando aulas, eu fiz todos os cursos de capacitação que a Prefeitura proporcionava e fiz na Uniessp o Normal Superior durante quatro anos, aula presencial, todos os dias. Uma turma maravilhosa, só de mulheres! Gente alegre, feliz, mais novas e mais velhas que eu. Assim que terminei este curso, a mesma Uniessp abriu uma turma de pós-graduação em Gestão Escolar, com habilitação em orientação, inspeção, gestão e matérias pedagógicas. E lá fui eu fazer este curso também! Foram mais um ano e meio. Mas estes cursos eu fiz mais porque eu precisava e a lei exigia. Passados seis, sete meses, eu já havia sido convidada para ser coordenadora de escola, aí eu decidi fazer um curso que eu gostava, e optei por Psicopedagogia Clínica. Fiz em Batatais, semipresencial, por dois anos, aulas quinzenalmente. Um curso muito bom, maravilhoso, com professores doutores Os pães de queijo com patê, o bolo de chocolate, o saboroso café e o suco de laranja – tudo caseiro e feito por ela, serviram para concluir, “em off”, a entrevista de hoje. Nascida em berço humilde, mãe de dois filhos e na fila à espera de netos, esta professora e hoje diretora de um Centro de Educação Infantil no distrito de Guardinha, ainda espera encontrar na esquina o grande amor de sua vida para lhe fazer companhia na velhice. Sem medo dos desafios, confessa sentir na pele o preconceito, tendo que provar para si mesma que é capaz. A seguir um pouco de Francisca Helena Eustáquio, uma mulher brava e extremamente carinhosa. e que me deu uma base excelente. Tinha amigos só de outras cidades na sala de aula. Depois disso eu parei um pouco, mas minha mãe sempre dizia que eu ainda voltaria a estudar, pois ela sabia que eu não iria ficar parada. Dito e feito! A Prefeitura firmou um convênio com o Governo Federal para um curso de capacitação em gestão e foi dada oportunidade a todos os diretores escolares do Estado fazerem este curso na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Todos os municípios indicaram seus diretores. Nós passamos por um processo seletivo e, de Paraíso, três foram escolhidas: eu, a Maria Ermínia Preto e a Sandra Diogo. Foi uma alegria para o município. Na época, o Jornal do Sudoeste deu esta notícia. Era uma pós que eu já tinha, mas, como era na UFMG, para o meu currículo foi muito importante. Não perdi a oportunidade de enriquecimento. Foi um curso puxadíssimo, à distância, todo dia você tinha que postar atividade. Meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), antes do julgamento final, ia e voltava direto para correções. Eu chorava muito, pois estava tão acostumada a fazer as coisas e logo ser aprovada, mas no final deu tudo certo. No dia da minha banca examinadora, eu passei de primeira, com nota máxima e foi um momento de alegria muito grande em minha vida. E como foi sua trajetória profissional, desde a escola Roque Scarano até chegar hoje ao Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Frei Bruno Rodrigues, em Guardinha? Eu fiquei na Roque Scarano por um ano. Depois eu tive uma experiência em lecionar para uma classe multisseriada, no Taquaral, onde a professora, na mesma sala de aula, tem alunos de diversas séries. Eu sempre gostei muito de desafios e quis vivenciar isto. Naquela época, na zona rural, além de dar aula, você também era merendeira e limpava a sala. A gente acumulava todas as tarefas. Depois eu vim para a Gávea, uma escola pequena, na fazenda do prefeito Waldir Marcolini. Passei pela Faxina, um período na merenda escolar, fui para os Pimentas, onde eu tinha uma dupla docência. De manhã lá e à tarde na escola Ana Cândida. Eu já tinha uma experiência de alguns dias em outras escolas estaduais, Paula Frassinetti e Coronel José Cândido, mas foi no Ana Cândida que eu fiquei por mais tempo. Aí eu prestei um concurso para trabalhar na merenda escolar, tive um desvio de função e me mandaram para o Pronto Socorro. Não tínhamos Plano de Cargos, Carreiras e Salários naquela época (risos). Dei aulas também na escola particular Baby Sister, da Emiliana Fagundes, na escola Wulfida Marcolini, Maria de Lourdes Dizaró (Caic), Boa Vista (Veneza), atuei na secretaria das escolas Benedito Ferreira Calafiori, Clóvis Salgado e lecionei no projeto “Acertando o Passo”, na escola Paula Frassinetti (que hoje é o EJA – Educação de Jovens e Adultos). Gosto demais do São Judas. Lembranças maravilhosas. A escola do Caic, para mim, é a “escolamãe”. Aprendi demais em termos de conteúdo e foi neste período que a Prefeitura inaugurou a creche no bairro Rosentina. Pedi mudança de lotação para atuar no Centro de Educação Infantil. Fui para lá, mas continuei também no Caic. No dia da inauguração da creche, o vice-prefeito me perguntou se eu estava feliz em ir trabalhar lá. Disse que estava, mas eu queria juntar os dois cargos num lugar só. Ele me pe- São Sebastião do Paraíso-MG e Região 29 de Março de 2014 Jornal do Sudoeste página 3 “Uma mulher sem medo de encarar os desafios” diu calma, que logo eles iriam fazer a junção. Até então, eu não tinha pretensão em ser diretora de escola. Eu achava que iria ser supervisora e todos os cursos que fiz foram neste sentido; mais para um fim de carreira. Um belo dia eu estava na creche, numa jornada corrida entre as duas escolas, idades diferentes de alunos, e fui chamada para ir à Secretaria Municipal de Educação falar com a dona Maria Luíza. Ela tinha uma proposta para me fazer e minha resposta teria que ser dada em dois dias. Recebi o convite para ser coordenadora do Centro Municipal de Educação Infantil Frei Bruno Rodrigues, na Guardinha. Na época não existia o cargo de diretora. Eu levei um susto, mas aceitei na hora, sem pensar. Minha avó sempre dizia: “Se o cavalo passar arriado, pula nele, não o deixe passar”. Eu pulei, fui, estou lá há sete anos e considero a creche minha família. Neste período, o Plano de Cargos foi aprovado, exigiu-se eleição para diretor e, como eu fui a última a ser convidada para o cargo, eu me vi na obrigação de passar na prova e continuar na direção. A minha responsabilidade de passar e mostrar que eu era capaz, tornou-se maior que a das outras colegas. Elas já estavam no cargo de coordenação há mais tempo e eu havia acabado de chegar. Eu passei na prova, teve chapa única, sem ninguém para concorrer comigo na eleição do colegiado e foi muito gostoso. Tive votos de todos. Chorei muito quando acabou a apuração. Uma coisa é você ser reconhecida; outra é ser por todos! Eu adotei profundamente a Guardinha, me sinto mais de lá do que de Paraíso. Fico lá o dia todo. Vou a festas, meus amigos são de lá. Adoro! Como você analisa hoje o processo educacional se comparado à época que você estudou? Alunos e professores têm um relacionamento perfeito? O sistema ficou mais rígido? Eu acho que existem pontos positivos e negativos nesta relação. Vejo que houve um grande avanço na Educação de quando eu era aluna para hoje. Este processo de construção da aprendizagem é algo encantador! Estamos vivendo um novo momento, que é o da inclusão e que são coisas muito boas! Desde a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) para cá, há outras leis que nos amparam e a Educação passou a ter um respaldo maior que, antes, não tinha. Até mesmo na questão do financiamento. Antes era destinado de forma muito incorreta o dinheiro da Educação. É claro que hoje nós vemos muita necessidade, ainda, do tal Portal da Transparência, que não está legal e funcionando bem, mas, de qualquer forma, as leis estão aí para respaldar. Se acharmos que não está legal, podemos denunciar. De repente as coisas mudam! Tenho visto de maneira positiva e os governantes investem muito mais na Educação hoje do que antigamente, principalmente na questão de livros, material, merenda, formação continuada dos professores, a própria grade curricular... Agora, esta dificuldade de relacionamento aluno e professor, é própria do momento em que vivemos. Em alguns aspectos, há professores que não estão completamente preparados para receber e lidar com os alunos do nosso tempo atual. Estamos recebendo um aluno muito ativo, por dentro de tudo, ainda mais com esta tecnologia avançada. É um mundo com informações bem rápidas, apenas a um clique e, muitas vezes, nós professores não damos conta de acompanhar. Por mais que sejamos informatizados, vejo que ainda somos lentos em relação a estas crianças e adolescentes de hoje. Em contrapartida, esta mesma juventude chega até nós com uma vivência de mundo muito pobre. Tem muita criança que, se você mostrar um chuchu para ela, ela não sabe o que é. Talvez esteja acostumada a ver o chuchu no prato, preparado, mas ela não conhece o pé. Talvez se você perguntar para uma criança de onde vem o arroz, obterá como resposta que ele vem do supermercado... Então, está havendo um conflito muito grande. Sem contar as drogas e a violência, que virou um disparate, não só na educação, mas que também reflete neste processo educacional. Fico muito triste com isso e com esta mania de tudo parar na Educação. De repente a Educação virou uma “curva de rio”. Se há qualquer projeto de outras áreas como Segurança, Saúde, por exemplo, jogam tudo na Educação. E por quê? Porque eles sabem que na Educação as coisas acontecem! Jogou na mão do professor, ele profissão que eles têm, mas não fui eu que escolhi isso para eles. Minha filha, eu acho que se casa este ano. Meu genro Antônio, e minha nora Amanda, já são pessoas de casa, vivem aqui dentro. São mais dois filhos que tenho e temos um relacionamento muito bom. E eu ainda sonho em encontrar um grande amor, tipo, virar uma esquina e o amor estar ali à minha espera. Eu quero envelhecer com alguém que vá comigo olhar a pressão, dar voltinha na praça, tomar comigo os remédios... Ainda procuro esta pessoa... Quero terminar a minha carreira com uma aposentadoria tranquila e forma honesta e digna. Acho que já deixei um legado para a Educação municipal, e fico feliz quando ouço ex-alunos se lembrarem de mim como professora e reconhecerem que fui importante para eles. faz! Como eles sabem que os professores são fortes e firmes, isto nos sobrecarregou demais! São momentos difíceis, mas vejo que são melhores que antigamente. Há uma desvalorização do profissional muito grande. É um descaso a forma como o professor é visto pelos políticos, não só em termos de remuneração, mas também de respeito e dignidade. Financeiramente, nem é bom a gente comentar, pois a gente vê os colegas todos trabalhando em dois, três turnos... Não trabalha quatro, porque não tem na madrugada, mas, se de repente, estas firmas que têm turnos de trabalho à noite, se quiserem promover um curso para seus funcionários, haverá professor que encara a jornada. E isto será feito mais por necessidade... Temos cursos superiores e, sem desmerecer nenhuma profissão, mas se pegarmos um médico, um dentista, um advogado, a diferença salarial se comparada à do professor, é muito grande. E não teria nenhuma outra profissão se não houvesse um professor para ensinar... E você sabe o que me deixa mais aborrecida? Daqui a alguns meses viveremos um momento político, teremos eleições e o que vai acontecer? Todos os candidatos vão se lembrar do professor. Nesse momento, somos “a cereja do bolo”. O duro é que as palavras vêm de políticos que já estão lá há dois, três mandatos e não fizeram nada para valorizar o professor. Como? Por que só se lembram da gente na hora do discurso? Eu fico abismada com este atitude, pois a verba que vem para a Educação é grande. A “galinha dos ovos de ouro” de todo político é a Educação. Então, se eles quisessem valorizar o professor, não precisariam esperar um momento político para tal atitude. Os pais hoje participam mais da vida escolar de seus filhos? Eu sempre costumo dizer que deveria existir uma “escola de pais”. Eu acho que, quando alguém decide ter um filho, primeiro deveria entrar numa escola e fazer um curso intensivo. Para ser mãe/pai é muito complicado e ser mãe/pai de aluno, é mais complicado ainda. Vejo pais muito participativos e outros bastante omissos. Na sua maioria, eles são mais omissos. Os pais hoje trabalham muito e nem sempre têm tempo para seus filhos. Temos um grande número de pais separados e os pais se esquecem de que, quem se separa é o casal... Os filhos não deixam de existir quando há uma separação e aí a criança fica meio que “esquecida”, se afasta dos pais e nós notamos isso. Porém, hoje os pais são até mais presentes se comparado antigamente. Naquele tempo, nossos pais não participavam muito devido ao nível de escolaridade deles. Eles não entendiam muito, mas davam mais valor ao professor e autonomia para ele em sala de aula para repreender um aluno desobediente. Hoje o professor não pode nem falar alto; ao passo que, se um aluno jogar uma carteira no professor, não vai acontecer nada com ele. Temos que tomar muito cuidado, pois, as leis para penalizar os professores são muitas. Francisca, como analisa a participação da mulher na sociedade e, sendo negra, de que forma lida com o preconceito? Ser mulher é ser extramente forte! Temos diversos exemplos das “Marias da vida”, que são ícones de tudo. A mulher tem o trabalho dela e, quase sempre, são ótimas profissionais, sem contar que ela tem toda a responsabilidade de casa e dos filhos. A participação da mulher na sociedade é enorme, ocupam cargos do menor aos mais altos escalões. Ser mulher é difícil. Ser mulher pobre é mais difícil ainda. Ser mulher, pobre e negra é uma tragédia! Por mais que muitos digam que não há preconceito, ou que ele acabou ou diminuiu, eu ainda sinto muito este preconceito. Muitas vezes o negro se acomodou por conta da própria história, porque as coisas são colocadas de forma tão difícil para você conseguir que, chega uma hora, você para e não aguenta mais lutar e enfrentar tantas barreiras. Só que não podemos desistir. É difícil, mas vale a pena! Quantas vezes me vejo numa assembleia ou reunião, e só tem eu de negra... Aí eu me pergunto: “Onde estão os outros?”. Em certas situações, o peso para a gente em provar que é bom, que é capaz, torna-se maior, entende? E o lado cultural em sua vida, Francisca, como é, tendo José Salvador Eustáquio, popular Gorvalho, como pai e famoso congadeiro da cidade? Quando eu nasci meu pai já estava no Congado. Lembro-me, pequena, dentro um barracão de terno de congo. Culturalmente, eu tive todas as possibilidades, mesmo meus pais tendo poucas condições financeiras. Eles me possibilitaram tudo em relação à cultura e não me deixaram presa só naquilo. Eu conheci muito de dança, de música, não só a folclórica, mas diversos estilos, entre eles a música erudita. Na minha casa se ouvia de tudo, desde sertanejo a ópera. Tive oportunidade de apreciar quadros, curiosidade com o mundo letrado, contato com livros, escrevi poesias... Sempre gostei muito de viajar e em lugares do Brasil. Vontade de ir para fora, não tenho pretensão. Posso até ir um dia, mas meu foco é o meu País. Por isso, também conheci muitas culturas regionais. E como analisa politicamente este País que você gosta de conhecer, às vésperas de uma eleição presidencial, e sendo administrado por uma mulher? Eu não acho que a Dilma fez um mandato ruim. Não teve grandes avanços, mas soube controlar o País de uma maneira muito firme. Eu gostei! Mas, como a maioria das pessoas, eu também estou com medo da Copa do Mundo e do que pode acontecer. O Brasil será um caldeirão, assim imagino. Mas, eu espero que dê certo. Sou brasileira e acredito até o fim! Não vejo, no momento, nenhuma figura que se destaque ao cargo de presidente do Brasil. Não sou filiada a nenhum partido, mas já gostei muito das propostas do PT, do PSDB e hoje me simpatizo mais com o PV. Gostaria muito que a Marina (Silva) fosse presidente do Brasil. Gosto do (Fernando) Haddad – prefeito de São Paulo, mas nem o vejo como grande político. Apenas tenho uma admiração pela forma de pensar dele. Gosto também de algumas ideias do Aécio Neves. Não sou radical em nada. Eu analiso as pessoas e acho que o Brasil joga fora muito de suas riquezas naturais e minerais. Podíamos preservar mais, porém, há um grande descaso com a nossa natureza. Poderíamos ter progresso sem destruirmos tanto... Isto me preocupa muito, principalmente em relação ao futuro dos meus netos. O que espera dos candidatos e dos eleitores nestas eleições? Gostaria que aparecesse uma pessoa, homem ou mulher, forte, com firmeza para dirigir o nosso País e que os eleitores, como eu, na hora do voto, tenham bastante discernimento. Analisem o passado de cada político para ver quem estas pessoas são. Todos nós somos frutos de uma história, não é? Então vamos estudar a trajetória toda daquela pessoa para ver se ela é mesmo tudo aquilo que propaga. O que você gosta de fazer nas suas horas de lazer, Francisca? Eu gosto de ler muito, em média quatro livros por mês, e todo tipo de literatura, inclusive temas religiosos, de todas as seitas. Gosto muito de música. Gosto de dançar, ir para o rancho, montar e dormir dentro de barraca, fazer churrasco com a família e beber uma cerveja de vez em quando. E o que gosta de comer, beber, ver na TV e tipo de filme? Não bebo refrigerante, porque não gosto, e nem vinho, porque me faz mal. De comer, eu aprecio de tudo. Queria descobrir o que eu não gosto, para eu poder comprar e não engordar. Na televisão, gosto de assistir a programas de entrevistas, musicais e novelas quando tem enredo bem interessante, voltado para o lado social, e que dá para você acompanhar toda a trama de um modo legal. Não vejo programas de tragédia. Já basta na vida real... Filmes: romance, mas de preferência bem apimentado (risos). Esses muito bobos, eu não assisto. Gosto também de musicais, biográficos e prefiro os filmes nacionais aos americanos. Dinheiro, sabedoria, saúde e amigos. Qual a ordem dessas palavras em sua vida e por quê? Primeiro a saúde, pois é tudo de precioso que temos. O espíri- to é muito importante, mas o meu corpo é a morada do meu espírito nessa vida. Então ele precisa estar legal fisicamente para o espírito estar legal em mim. Logo depois, eu coloco a sabedoria. Nada me adianta ter tudo se eu não tiver a sabedoria para aplicar. Depois, os amigos. Embora eu já tenha tido algumas decepções com amigos por conta de uma traição que me doeu muito. Eu acho que traição de amigo é pior que de parceiro. Porém, tenho vivenciado tantas coisas boas com amigos, que eles ficam em terceiro nesta sequência. Por fim, o dinheiro. Se você tiver o dinheiro e não tiver o restante, de nada vai adiantar. Até certo ponto você compra... Depois fica impossível comprar... Quais são as suas principais qualidades e defeitos? Eu sou muito brava. Reconheço! Sou brava comigo mesma, sou muito exigente e também com o outro diante de uma situação que eu vejo erros. Eu sou rancorosa e me magoo muito facilmente. Não tenho desejo de vingança, mas guardo o rancor por muito tempo. Até procuro trabalhar isso em mim. Sei perdoar, mas não consigo esquecer. Fica aquela mágoa. Outro defeito grande é que eu penso muito em mim. Sou um pouco egoísta. Agora, as qualidades, eu sou extremamente carinhosa. Parece uma contradição, ser brava e carinhosa, mas eu só sou brava quando precisa ser. Quando não há necessidade, sou muito carinhosa. Tenho uma facilidade para amar o próximo de forma incondicional, me entrego mesmo, inclusive a quem eu não conheço, ao meu trabalho, aos meus pais, meus filhos. Sou guerreira, luto, supero as minhas dificuldades e não tenho medo de recomeçar e partir para outra. Não tenho medo de desafios! Minha maior qualidade é ter um coração muito bom e tranquilo. Quais são os seus sonhos, Francisca? Ah... São tantos... Hoje o meu maior sonho é que os meus filhos se realizem. Tenho dois: a Adrielle, com 27 anos, é enfermeira na Santa Casa e no Pronto Socorro, e o Athos, com 22 anos, recém-formado em Educação Física e que trabalha na Santa Casa também. Fui casada durante 12 anos, casei muito apaixonada, tive filhos, me separei..., mas foi um momento muito bom de minha vida. Tive grandes amores, vivi belos momentos e continuo vivendo. Não tenho medo de viver coisas boas e nem ruins. Toda vez que a gente investe numa relação, desejamos que dê certo, não é? Às vezes entramos com tudo. Se não der, a gente parte para outra. Não tenho netos, mas estou na fila, pois minhas amigas todas já são avós (risos). Só que eu não sonho pelos meus filhos. Quero que eles sejam felizes! Não me importa como, desde que eles vivam honestamente. É claro que eu me orgulho da Como é sua relação com Deus? Olha, eu acho que Deus é tão meu querido que, tem horas, fico brava até com Ele (risos). Indago: “Oh, meu Deus, o Senhor não está me vendo aqui?”. Ele é tão do meu lado, tão presente, que até com Ele eu posso falar de maneira sincera e clara. Sou extremamente agradecida a Deus por tudo que Ele me deu. Tive muito mais do que eu pensava em ter. Eu falo sempre com Ele que eu quero, mas se Ele achar que eu não mereço, então não me dê. Deus sabe o que eu preciso. Eu não sei... Tive pais maravilhosos, nasci num País maravilhoso, tive dois filhos lindos em tudo, apesar das discussões que são normais. Eu posso trabalhar naquilo que eu gosto e me divirto o dia inteiro, não vejo a hora a passar quando estou no Centro de Educação. Deve ser muito triste a pessoa trabalhar no que não gosta... Sou muito feliz e peço sempre a Deus que Ele não tire a capacidade de sonhar... Enquanto estivermos sonhando, estaremos vivos... E quando você para de sonhar, você não está vivendo mais... E se Deus te chamasse hoje para a outra vida, você estaria pronta para partir, não iria ou pediria mais um tempo? Eu estou pronta! Na hora que Ele me chamar, é porque é a hora, né! Não tenho medo da morte, não da minha – encaro com muita tranquilidade, mas morro de medo da morte das pessoas que eu amo... Não há nada que eu ainda não tenha feito para pedir mais tempo. Tudo que eu tive oportunidade de fazer, eu fiz. Tudo o que quis muito, eu corri atrás e continuo correndo, ainda mais se eu quiser muito. Mas eu iria feliz se hoje fosse a minha hora de partir! O que você espera encontrar do outro lado da vida? Primeiro a minha avó materna, Raimunda. Ela era um doce, um encanto de pessoa. Depois meu avô Sebastião, paterno, junto com minha outra avó, Maria Rita. Diz minha família que eu pareço muito com ela, não fisicamente, porque ela era quase loira, bem branca, mas no jeito de ser, de se vestir, se arrumar, dançar... Meu avô materno eu não conheci. Ele morreu de infarto fulminante aos 32 anos. Gostaria muito que todos eles estivessem me esperando quando eu chegar lá. Outra coisa que eu queria muito é ter um encontro com Deus para poder perguntar umas coisas para Ele, tanto relacionadas à minha vida como ao mundo do por que delas terem acontecido ou não. Veja que pretensão a minha (risos)! E, por fim, espero encontrar um julgamento não muito severo (risos). Tenho alguns pecados e medo desse julgamento ser bastante severo. Espero encontrar um lugar bonito, acolhedor, um “paraíso” mesmo. Mas não sabemos o que nos espera do outro lado... Às vezes, não acredito que ficaremos neste lugar para sempre. Quero finalizar esta entrevista dizendo que sou muito feliz. Dentro do que me foi possibilitado na vida, eu pude aproveitar o máximo, cada momento, cada amor que eu vivi, cada lugar que eu fui, cada pessoa que esteve comigo... Eu aproveito muito a pessoa, pois não sabemos quando vamos perder. Gosto de velar o sono da pessoa enquanto ela dorme, de observar os olhos, os pés, as mãos, porque, quando a pessoa se vai, fica aquela lembrança boa dentro da gente. Faço isso com todas as pessoas que passam pela minha vida e penso com muito carinho em todas elas. Todos vocês têm um lugar muito especial guardadinho dentro de mim! Independente de qualquer coisa, todos nós erramos e acertamos. Não somos tudo de bom e nem tudo de ruim e, todos que passaram por mim, me fizeram feliz ao seu modo e ao seu momento... Sou muito grata a todos vocês! página 4 São Sebastião do Paraíso-MG e Região - 29 de Março de 2014 Jornal do Sudoeste Jornal do Sudoeste página 5 São Sebastião do Paraíso-MG e Região - 29 de Março de 2014 Jornal do Sudoeste página 6 Lions LIVROS & VIDA (*) Ely Vieitez Lisboa Rua José Osias de Sillos, 590 Fone: (35) 9119-5751 “Nós servimos há 40 anos em São Sebastião do Paraíso” LIONS CLUBE HOMENAGEIA A MULHER Em noite solene, foram homenageadas na sede social CL Olavo Borges , (Lions Clube) mulheres de vários segmentos da sociedade paraisense. Foram entregues títulos de Mérito Leonístico a Dona Luzia Andreolli de Menezes (Obras Sociais Bezerra de Menezes), 3º Sargento PM , Eliza Sayonara (Policia Militar de Minas Gerais)Dona Maria das Mercês Coelho Souza (Sorveteria Sposito) Professoras Lucélia e Letícia Ozelim Lima (Pastoral dos Surdos Mudos),Dona Terezinha Martins (Lar Pedacinho do Céu) CaL Draª Rosaine Cecílio Lunardello (delegada de Policia Civil ). Uma noite emocionante por serem as homenageadas pessoas que se sensibilizam e agem com amor e respeito a problemas de nossa sociedade. Momento muito emocionante foi quando Donizete Belém, aluno da pastoral, entregou o certificado a professora Letícia, e se comunicaram em libras. Parabéns a todas as mulheres de nosso clube, de nossa cidade, e às homenageadas , nossos respeitos e nossa honra de podermos ter a sorte em recebê-las no Lions Clube de São Sebastião do Paraíso, um clube que serve há 48 anos com ações que possam fazer um mundo melhor! CL Roberto , Presidente . Pessoas imperfeitas não conseguindo ver sua imperfeição “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.” (Mateus 7.5) por Cilas Campos Argueiro (um cisco que entra pelos olhos, coisa insignificante). Neste texto, Jesus estava tratando com pessoas que não conseguem enxergar seus defeitos. Ele procurou com toda dimensão ensinar as pessoas a cuidarem de si próprias. O mesmo provérbio judaico diz: Aquele que entra em questão alheia, é como aquele que toma um cão pelas orelhas. Vai levar uma mordida! O mundo que vivemos está se deteriorando. Sabe qual é o problema? Pessoas ilustres e certas demais. O mundo não está perecendo por causa das pessoas “erradas”, mas sim, por causa das pessoas “certas”. É muito comum vermos a fila das pessoas perfeitas. Elas criticam tudo que está errado, desde a política até os vizinhos de sua casa. Você já se mudou de um lugar porque as pessoas eram “más”? Já trocou de emprego porque na empresa todo mundo era perverso? Já se divorciou porque seu cônjuge era muito imperfeito? Lembre de uma coisa: o mundo é uma vitrine e ele só compra aquilo que lhe convém. Quanto melhor for a propaganda, aquela mercadoria não pára nas prateleiras, mesmo que seja ruim... Como é que você gosta de fazer comparação? Você se julga uma pessoa boa, porque se compara com pessoas piores que você? Bom, quando olhamos o defeito de alguém, é importante olharmos o nosso primeiro. Você pensaria em tirar o cisco no olho de uma pessoa, quando no seu tem uma trave? Por que o mundo está se deteriorando por pessoas boas? Deixe-me explicar. As pessoas dizem assim: Vou mudar dessa cidade. As pessoas aqui não prestam. Se ela consegue ver os defeitos dos outros, então ela é uma pessoa inteligente, sabe o que é imperfeição. Outras dizem: Vou me divorciar. Eu não agüento mais viver com meu cônjuge. Não mereço isso! Muitas trocam de empresa porque dizem: Eu não agüento mais as pessoas dessa empresa. Esses empregados são maus. Meu chefe então, é um terror! Meu patrão, uma miséria. Em outras palavras: eu sou muito bom para tolerar essas pessoas. Então, o mundo está se deteriorando porque as pessoas “boas” não querem ficar no meio das “más” para influenciálas com a sua bondade. Tem um negócio errado nisso! Se não consigo influenciar com a bondade é porque vou me corromper com a maldade. Então, não tenho nada de bom dentro de mim. Jesus disse: Vós sois o sal da terra. Ora, o sal não pode ficar no saleiro, senão a comida estará destemperada. Se você vai pra longe das pessoas “más”, elas continuarão sendo “más”. Se você é uma pessoa “boa” não deve se divorciar, não deve deixar a empresa. Você deve formar ali dentro uma opinião de bondade e influenciar aquelas pessoas. Sal é para temperar. Jesus disse: Vós sois a luz do mundo. Pra que existe a luz? Para acender nas trevas. Se numa cidade todo mundo é treva, acenda sua luz, pois a luz denuncia toda a verdade. Ora, então não existe trevas, o que existe é ausência de luz. Seja essa pessoa maravilhosa que você é. Se consegue ver os defeitos das pessoas, então conseguirá ver os seus próprios. Um grande abraço, pessoa maravilhosa. Ajude-me corrigir meus defeitos. Até a próxima semana. São Sebastião do Paraíso-MG e Região 29 de Março de 2014 DIA DO TEATRO Estamos felizes por consignar na ata de nossas emoções maiores, um registro dessa data marcante e tão importante em nossas vidas. Pelas ribaltas de um teatro, desfilam emoções com personagens sofridas, emotivas, hilárias, refletindo o painel da vida. Parabéns a todos e de modo especial às professoras Kátia Mumic e Edyna M. Borges, pelo estímulo que dão para esta cultura mundial. JOÃO PAULO FÉLIX O paladino da cultura, grande incentivador dos momentos eruditos de nossa urbe, foi para outras plagas. Deixa uma lacuna imensa na imprensa falada, escrita e televisiva, motivando em todos nós lembranças inesquecíveis, mas também de saudade... Sucesso João Paulo! NOVOS CURSOS Agendado para os próximos meses, vários cursos edificantes ministrados nos salões do Lions e, pela expectativa, terá ressonância na comunidade, pois ministrado por pessoas altamente qualificadas, com amorável ternura e projetando grandes emoções. APLAUSOS Parabéns presidente Claudio Roberto, pelo empenho, dedicação, carinho, atuante leonismo em prol do bem comum. Parabéns Coluna Saúde Animal Recorte e colecione! CÃES: BOM COMPORTAMENTO Cães agem pelos próprios instintos ou simplesmente pelo desejo de atuarem como “entendem”. Estes comportamentos podem muitas vezes levar à excitação exagerada ou a desobediência. A desobediência é mais provável de ser encontrada em cães “atrevidos” e independentes do que nos submissos e “envergonhados”. O treino adequado evita os maus hábitos, mas se eles persistirem podem ser corrigidos, com muita paciência. * Os cães saltam para cumprimentar os donos e no que se refere à cães isto é normal. Para corrigir esse comportamento diga “NÃO!!” rispidamente e ao mesmo tempo volte-se e evite contato visual e não toque ou acaricie o cão. Em seguida “ordene” para que se sente. Se o cão obedecer, afague-o bastante e “elogie-o” pelo ato correto. O cão compreenderá com o tempo, que não precisa saltar para cumprimentálo e que, quando fica “calmo e senta”, ganha afagos!! * Caso o seu cão recusa-se a voltar quando é chamado, especialmente quando você quer colocar-lhe a coleira ou a guia, você precisa preocuparse em que ele não associe o regresso com um acontecimento desagradável. No entanto, se você o perseguir ele poderá achar que é brincadeira, como um jogo. Nesses casos o melhor é usar um brinquedo que ele goste para atrair sua atenção. Depois brinque com ele antes de fazer o que precisa ser feito (banho, medicamentos, passeio, etc). Quando regressar, ordene-lhe que se sente e elogie-o e afague-o após tê-lo feito corretamente (depois disso, faça o que precisa ser feito). * Cães deixados sozinhos, especialmente os filhotes, não tem “noção de tempo” (como os humanos) e quase sempre roem objetos devido à “frustração” de estarem sozinhos e para aliviarem o tédio. Para corrigir esse costume, confine o cão em uma área pequena, que seja só dele, cuidando que nesse local não possa acontecer nada de mal, como por exemplo um canil ou um quartinho. Isto ajudará o cão a sentir-se mais seguro, especialmente se tiver uma “coleção” de brinquedos para roer e brincar. Um rádio ou uma televisão como “barulho de fundo”, podem ajudar. Mas, cuidado: o cão só deve ser confinado por período curto e deve ter, também, tempo para fazer bastante exercício, além de muita atenção e carinho por parte dos donos. * Um cão deixado em casa sozinho pode latir ou uivar. Este ato é especialmente comum em cães que não foram socializados apropriadamente quando eram filhotes. Antes de deixar o animal, dê a ele um mimo especial, como um brinquedo favorito ou um osso especial para cães. Não faça muita festa quando for sair (evita “ansiedade”). * Se o cão for do tipo “dominador” (ou “Alfa”), pode desafiar os donos pela posse dos objetos favoritos. A comida, os brinquedos, os locais de descanso ele defenderá agressivamente. Nesses casos, “ordene” ao cão para se deitar. Quando ele obedecer faça-o ficar de barriga para cima e, então, fique posicionado imediatamente sobre ele e segure-o, mantendo-o nessa posição (sendo firme, mas sem machucar ou agredir). Um dos exercícios alternativos para reafirmar a autoridade sobre o cão “agressivo” é ordenar-lhe que fique quieto e por trás dele levantar-lhe a parte da frente (segurando por debaixo dos braços, nas axilas). O cão achará que este ato é de “intimidação”, podendo lutar no início, mas, com o passar do tempo ele aceitará que é você quem manda. Essas dicas são maneiras não agressivas de sociabilizar e tentar corrigir certos comportamentos indesejáveis que alguns cães apresentam. O objetivo final é ensinar e demonstrar ao cão que ele é membro da família (“matilha”, na cabeça dele!!), mas que está em nível mais baixo na hierarquia dessa “família/matilha humana”, a qual ele agora pertence e que precisa respeitar para ser respeitado. Com carinho, paciência e persistência, ele “entenderá” e o convívio será harmonioso e alegre entre humanos e cão (ou cães). *ROGÉRIO CALÇADO MARTINS – médico-veterinário – CRMV/MG 5492 *Especialista em Clínica e Cirurgia Geral de Pequenos Animais (Pós-graduação “lato sensu”) *Membro da ANCLIVEPA (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais) *Consultor Técnico do Site www.saude animal.com.br *Proprietário da Clínica Veterinária VETERICÃO (São Sebastião do Paraíso/MG) Os livros têm vida própria e biografia. Muitos escritores já tiveram a experiência: surge um projeto de conto ou romance, ele cresce, vai tomando forma e muitas vezes ele pega as rédeas como se tivesse vida e acaba por ser independente, tendo pouco do plano inicial. A sensação é esta: o escritor é levado pelo texto, torna-se instrumento de suas leis e verossimilhança ficcional. Já se comentou que a ficção não é fantasia, mas recriação da realidade. O chamado real é matéria da ficção, alicerce, alimento. Dá-se então um círculo vicioso fatídico: a ficção copia a vida e após, esta realidade influencia a sociedade. Nos “reality shows” tão em moda e de qualidade discutível, o processo se complica. Cria-se uma falsa realidade imitando a vida e os telespectadores identificam-se com a ficção, como se ela fora real. Na literatura também há mistérios indevassáveis. Livros rejeitados em concursos literários escusos tornam-se obras famosas. O episódio mais pitoresco deu-se com Sagarana, de Guimarães Rosa. O Mago de Cordisburgo, ao terminar seu livro Sagarana, hoje famosíssimo, entrou para um concurso em cuja Banca estava o nosso Graciliano Ramos. Inacreditavelmente, o premiado foi Luís Jardim, escritor medíocre que o tempo engoliu. Há outros acontecimentos sem explicação lúcida ou lógica. Humberto de Campos gozava grande popularidade e pertenceu à Academia Brasileira de Letras. Lembro-me de que um de seus livros mais lidos, “Sombras que Sofrem” (1934, ano de sua morte), encantou gerações. De repente não se leu mais Humberto de Campos, que foi posto em um injusto e bizarro ostracismo literário. Como? Por quê? Outro caso insólito, na literatura brasileira, deu-se com o escritor José Mauro de Vasconcelos (1920 / 1984). Nasceu em Bangu, bairro do Rio, foi um dos escritores mais lidos no exterior. Com uma biografia insólita, cheia de peripécias inacreditáveis, ganhou fama como escritor, principalmente com Rosinha, Minha Canoa, livro utilizado em curso de Português, na Sorbonne, em Paris. Meu Pé de Laranja Lima (1968) foi adaptado pela antiga Tupi e pela Globo, como novela televisiva e também levado ao cinema. De um estilo simples e sensível, foi lido em muitas línguas, com enorme sucesso. Por que não se lê mais José Mauro de Vasconcelos? Outros casos estranhos continuam. O romance João Ternura, de Aníbal Machado foi considerado excelente pela crítica literária da época. Como diz Luiza Vilma Pires Vale, é a história de um homem e o Rio de Janeiro: o homem perdido da / na Cidade. Com uma trama sempre atual, ela mostra a falta de adaptação da personagem central e o modo de vida da grande metrópole. O protagonista não consegue integrar-se no cotidiano da cidade, sente-se um estrangeiro. Há uma forte influência sartreana na obra. O autor levou duas décadas escrevendo o livro, que ficou no limbo muitos anos. Após, obteve sucesso. Mas a pergunta se repete: Quem lê João Ternura hoje? Assim, no mundo literário esses mistérios continuarão para sempre como enigmas inextricáveis. Há outros que se pode até tentar uma explicação plausível. Como os seres humanos, os livros têm suas lutas, com ascensões e quedas. Entende-se, por exemplo, que o romance Ulysses, de James Joyce, ou Nove, Novena, de Osman Lins, tenham hoje poucos leitores. É devido, em parte, por sua extrema complexidade. Ora, reina no século XXI a banalização, homens e mulheres são reféns de uma preguiça mental arraigada, é a era do superficial, do fácil, do atraente, do óbvio, do rápido, do fast-food literário. (*) Ely Vieitez Lisboa é escritora. E-mail: [email protected] JUSTIÇA SEGREDOS DAS ARTES Escrevendo meu primeiro romance, o “Verdugo”, e depois o divulgando, aprendi um ou outro segredinho do mundo das artes, coisas que nem imaginava que existissem e que agora compartilho com os meus fiéis leitores. Em primeiro lugar, demorei dois anos para escrever um livro de pouco mais de trezentas páginas, talvez porque tenho outra profissão e inúmeros afazeres dentro e fora do meu trabalho de origem. Ainda assim, não consigo acreditar em autores que escrevem grossos calhamaços de Renato Zouain seiscentas a oitocentas páginas todo ano, mesmo que admita que vivam só disso e que, por isso, tenham mais tempo sobrando. Pra mim, por trás dos nomes desses escritores consagrados assinando individualmente aos seus livros, há na verdade uma equipe de colaboradores que permanece oculta. Igual com os roteiristas de novelas da Globo. Outra coisa interessante que aprendi é que livro é como um filho que você faz e lança no mundo. Se vai vingar, só o tempo irá dizer. Não existem sucessos instantâneos no mundo da literatura comercial. Por fim, superestimei o papel da crítica literária especializada. Isto porque quase ninguém lê crítica de arte no Brasil. Então não adianta procurar formadores de opinião, gente do caderno de cultura, críticos literários, etc... Aliás, é o óbvio ululante. Você, leitor, conhece alguém que lê livros com base em críticas literárias? Eu não. Agora, menos ainda. MERCADO ESTRANHO O mercado editorial brasileiro é muito estranho. Mesmo em se considerando que o brasileiro lê muito pouco - média de cinco livros por ano, por habitante - em comparação com países desenvolvidos (alemães: mais de quinze), e mesmo nossos vizinhos latino americanos (argentinos: cerca de dez), ainda assim as editoras nunca venderam tantos livros no Brasil. Não sei se nossos conterrâneos estão comprando livros para enfeitar estantes, ou porque é um presente bom, bonito e barato para aniversários e comemorações, mas o fato é que o mercado livreiro está crescendo anualmente cerca de 10% (dez por cento) e é um crescimento contínuo, algo raro de se ver em uma economia mundial em plena crise. Qual o segredo e qual a causa desse estrondoso sucesso em um mar de desinformação? Na verdade, parece-me, somos menos burros e mais cultos do que aparentamos, o que não temos é autoestima. Também acho que é a literatura infanto-juvenil que está alavancando o setor. Com essa onda de bruxinhos, vampiros sedutores e pornô para mulheres, os escritores gringos estão mostrando que jovem gosta de ler. O que não tinha, até então, eram opções atrativas. Literatura, para os adolescentes, tem que entreter, mas com qualidade. Adolescente não vai ler Dostoievski e nem Maiakovski, mas nem por isso vai ficar desperdiçando seu intelecto com o “Diário de um Banana” até atingir a maioridade. É esta lacuna que está sendo preenchida no mercado livreiro e que tem feito a diferença em termo de vendagens, acredito eu. E O E-BOOK? Por falar em livros, o livro eletrônico já era, não pegou e nem vai pegar. Não nessa geração. Não é à toa que meus amigos da Rede Leitura de livrarias (a que mais cresce no setor) desistiram de investir e vender ebooks ou e-readers, que são aqueles aparelhinhos próprios para armazenar livros eletrônicos. Nem em aeroportos você vai ver muita gente usando essas engenhocas para ler livros. Aliás, estão decretando o fim do livro de papel faz bem uns vinte anos, e sempre se enganam. Acho que é porque o meio eletrônico é insensível ao tato e tão cheio de parafernálias que o leitor perde a concentração e logo abre ou fecha uma aba para responder a uma mensagem ou entrar em um site de relacionamento. Também não acho agradável ler em tela de computador, isso quando a leitura é para o lazer. Isso me faz lembrar entrevista que o escritor de ficção científica Isaac Asimov deu a um jornalista, décadas atrás. O entrevistador lhe perguntou qual seria o computador perfeito. Asimov lhe respondeu que seria um em que o usuário pudesse adiantar e atrasar o tempo, distrair-se com ele e aprender ao mesmo tempo, levando-o consigo para qualquer canto, um que o ajudasse a sonhar e ao mesmo tempo a trabalhar. Em suma, o livro. Renato Zupo, Juiz de Direito na comarca de Araxá, e Escritor. São Sebastião do Paraíso-MG e Região 29 de Março de 2014 Jornal do Sudoeste página 7 Aniversário Francisco Rodrigues Lima Para o Senhor Chiquinho Lima, os anos não pesam. Alegre, comunicativo, feliz com a vida, cercado do carinho da família e dos amigos, foi assim que ele festejou o seu 99º aniversário, no dia 21 do corrente mês. Que sua alegria contagiante, o acompanhe por muitos e muitos anos. Parabéns, Senhor Chiquinho, que Deus o ilumine sempre. Mariana e Rafael Uniram-se em matrimônio dia 22 de março de 2014, na Igreja Matriz São Sebastião, em belíssima cerimônia presidida pelo Pe. Rodrigo Papi, sob músicas executadas por Rosi Cia. da Voz (Ribeirão Preto). O dia da noiva foi no Studio de Beleza Anésia, de onde saiu linda, deslumbrante. Os pais da noiva, José Carlos Alves Pinto e Flávia Junqueira Alves Pinto e os pais do noivo Antonio Angelo Polisel e Aparecida de Fátima Arrizatto Polisel (São Pedro-SP) com muita simpatia receberam os convidados no Espaço 88. A requintada decoração de Roque Rezende Decor (Fabrício de Franca), cardápio do Buffet Santa Santa (Passos), doces de Elaine Mello (Passos), bem casadinhos de Conceição (São Paulo), Wega Bartenders (Franca) e Banda Lemon (Franca), foram as escolhas perfeitas para o evento sofisticado e ao mesmo tempo muito animado. A apresentação da Escola de Samba Samuca (Rio Claro–SP) foi um diferencial que literalmente levantou todos os convidados. Os registros fotográficos foram de Dona Foto - Daniel Franco e Lissandra Ribeiro (Franca) e filmagem de Lino Moraes (Franca) que disponibilizou a moderna tecnologia de captação de imagens com drone. A tranquilidade, elegância e alegria de noivos e pais, contagiaram o ambiente resultando em um evento inesquecível. Parabenizamos noivos e pais, agradecendo a confiança em nosso trabalho e a harmoniosa e cordial convivência durante o ano de organização. Momentos inesquecíveis requerem cuidados especiais... Conte com nossos serviços para o sucesso de seu evento. RG Eventos Assessoria e Cerimonial Horóscopo Semanal ARIES - 28 de março - Lua, Mercúrio e Netuno, unidos em Peixes, deixam você ainda mais sereno e bastante romântico. Cuidado apenas com confusões e mal entendidos no trabalho. Se puder, tire o dia para estar junto de seu amor. Mantenha a paciência diante de imprevistos. TOURO - 28 de março - Lua, Mercúrio e Netuno, unidos em Peixes, deixam você ainda mais sereno e bastante romântico. Cuidado apenas com confusões e mal entendidos no trabalho. Se puder, tire o dia para estar junto de seu amor. Mantenha a paciência diante de imprevistos. GÊMEOS - 28 de março - A Lua em Peixes se une ao seu regente e a netuno, indicando mal entendidos em questões que envolvem seu trabalho e projetos profissionais, especialmente se esses projetos estiverem envolvidos com pessoas e empresas estrangeiras. CÂNCER - 28 de março - Nesta fase, problemas que envolveram questões familiares começam a recuperar seu equilíbrio. No entanto, o coração pode estar magoado com seu amor. Um romance que vem sendo concretizado pode apresentar problemas. LEÃO - 28 de março - O Sol mais próximo de Urano pode trazer algumas dificuldades em seus projetos futuros, especialmente os que envolvem pessoas e empresas estrangeiras. As finanças podem passar por um momento de desequilíbrio. VIRGEM - 28 de março - A Lua entra em Peixes e se une a Mercúrio e Netuno, indicando um dia mais acolhedor e voltado para os relacionamentos. Caso seja comprometido, procure estar com seu amor, mas tome cuidado com mal entendidos. LIVRA - 28 de março - O Sol, cada vez mais próximo de Urano e em tenso aspecto com Plutão, pode trazer tensão ao seu dia, especialmente por situações inusitadas e fora de seu controle. Saturno em tensão com seu regente traz dificuldades no amor. ESCORPIÃO - 28 de março - Saturno em seu signo, em tenso aspecto com Vênus, indica problemas e dificuldades familiares. Um de seus pais pode estar passando por um momento difícil e precisa mais de sua presença. Não se deixe levar pelo pessimismo. SAGITÁRIO - 28 de março - Um contrato que está para ser firmado pode passar por uma revisão e ser adiado. Tenha paciência, pois essa energia é passageira. O momento pode trazer dificuldades com um amigo mais próximo e também com um romance. CAPRICÓRNIO - 28 de março - Nesta fase sua carreira e vida profissional passam por um momento de grandes atividades e você precisa manter a calma diante de imprevistos que possam surgir. O momento é ótimo para criação de projetos inovadores. AQUÁRIO - 28 de março - Neste momento você pode estar enfrentando algumas dificuldades no amor ou em um relacionamento importante. Não se deixe levar pelo pessimismo, pois a energia é passageira. Mantenha a calma e a sabedoria. PEIXE - 28 de março - A Lua entra em seu signo e se une a Netuno e Mercúrio, deixando você mais aberto a questões que envolvam sentimentos e emoções, especialmente de um amigo mais próximo. Mesmo mais fechado, você estará em condições de ajudá-lo. Aniversariam: Sábado, dia 29, a musicista, professora Renata Gomes, e a paraisense Aparecida Borborema que reside na Itália. Domingo, 30, Allan Duarte Manhas, pianista ribeirãopretano que tem raízes familiares em Paraíso. Atualmente em Berlim, na Alemanha onde se prepara para seu mestrado em Música. Segunda, 31, Gabriela Pedroso Francisconi, Caroline Barbosa Panaci, Dr. Renato Rossi. Dia 4 Ricardo Santos Horta, Claudio Luiz de Paula, Totonho Baby Brilho. Carolina Rezende Martins filha de Carlos Martins e Ana Izabel Oliveira Rezende, comemorou 13 anos no dia 29 de março. Parabéns. Desejamos felicidades ao prezado amigo e companheiro de labutas, Nelson Aguieras que integra a equipe Jornal do Sudoeste, pelo natalício nesta segunda, 31. Diogo Barbosa Ferreira da Silva, completa 9 anos no dia 3 de abril. Filho muito querido do estimado casal, Tiel e Patrícia, irmão de Isabella. Parabéns. Nice Furim aniversariou no dia 28. No próximo domingo, dia 7 quem receberá cumprimentos é sua irmã, Dirce Furim. A coluna as parabeniza. O professor e ex-prefeito Mauro Zanin que tem desenvolvido um trabalho de assessoria a prefeituras e empresas, mudou de idade no dia 26. Jornal do Sudoeste página 8 Psicoletrando “Kit Vida” Josimara Neves, psicóloga e escritora (CRP-04/37147) Marília Neves, professora e escritora Contato: [email protected] Dê ao seu filho de presente, desde pequeno, o “kit vida.” Você deve estar se perguntando: “— Mas o que é o “kit vida? Onde posso comprá-lo?” Esse é um kit caro e raro. Caro porque, quem o tem, acaba se destacando em meio à multidão devido ao valor que possui; raro, porque, infelizmente, não são tantos que o possuem. A quem possa interessar, o kit consiste em cinco das diversas habilidades emocionais que são necessárias ao desenvolvimento da criança: 1. Ensine-a a ter autoconfiança: um adulto inseguro revela uma criança interior fragilizada. Criança que não foi estimulada a se desenvolver e a explorar devidamente o meio que a cercava cresce com dificuldade de tomar iniciativa, de resolver problemas, tem medo de críticas e pode tornar-se dependente do comando dos outros. Ensine-a realizar atividades e a deixe tentar, mesmo que erre. Mostre que acredita no potencial dela e lhe transmita confiança e apoio. 2. Estimule-a a enfrentar os seus medos: ensine o seu filho, desde criança, que ter medo é algo natural, mas que ter medo de tudo não é comum. Mostre a ele coragem para enfrentar situações difíceis, dê e seja o exemplo. Diga-lhe que ter coragem não significa não ter medo, mas enfrentar as circunstâncias, apesar do medo. Ser corajoso não implica ausência de fragilidade ou mesmo, do medo, mas a atitude de se recusar a ouvir as vozes da insegurança, do medo e da desistência que martelam na mente quando se teme enfrentar aquilo que assusta. 3. Estimule o autoconhecimento: é importante fazer com que a criança aprenda a se conhecer melhor, saber dos seus gostos, de suas qualidades e defeitos. Faça-lhe perguntas indagando sobre suas predileções, sonhos, emoções e sentimentos para que ela adquira a facilidade em falar de si na medida em que se conhece melhor. As pessoas que possuem um alto nível de autoconhecimento conseguem se expressar mais, entendem suas limitações, valorizam os pontos fortes e traduzem melhor a forma como sentem e pensam. 4. Controle dos impulsos: algo assaz importante é ensinar a criança a esperar, a ter paciência e aguardar até que chegue a vez dela, seja numa fila, num jogo, numa festa. Adiar gratificações, não fazer tudo o que ela quer na hora em que quer. Criança que não controla os próprios impulsos, além de demonstrar ansiedade, pode tentar burlar regras a fim de conseguir realizar os seus desejos sem que tenha que esperar por isso. O autocontrole é uma ferramenta valiosíssima no mundo adulto: no ambiente de trabalho, em casa, nos relacionamentos etc. 5. Faça com que ela se coloque no lugar dos outros: a empatia é uma habilidade fundamental para aprender a conviver em coletividade e para o exercício do respeito ao próximo. Aquele que se solidariza com a dor do outro, com a diferença do colega, com as limitações dos outros, torna-se mais humanizado e mais sensível. Ensinar a olhar para o outro é uma forma indireta de não cultuar o egoísmo. A maior riqueza que os pais podem dar aos filhos é prepará-los para viverem no mundo. Josimara Neves A vida só tem sentido para aqueles que descobrem, em si, uma forma de contribuir com o progresso da humanidade. Marília Neves São Sebastião do Paraíso-MG e Região 29 de Março de 2014