29 de Março de 2014 | edição 716
Cultura lança 1º Festival de
Música e Dança em Paraíso
Poderão participar somente canções e coreografias inéditas. Final acontecerá no dia da Festa do Trabalhador
Por Ralph Diniz
O Departamento Municipal
de Cultura da Prefeitura de São
Sebastião do Paraíso abriu nesta semana as inscrições para o
1° Festival de Outono de Música e Dança. O evento tem como objetivo apresentar canções e coreografias inéditas de
compositores e grupos de dan-
ça da cidade. As músicas podem ser cantadas em Português ou em outras línguas.
De acordo com a responsável pelo departamento, Cinira
Mumic, o evento será realizado em três etapas para as duas.
As seletivas de música acontecem nos dias 5 e 12 de abril, a
partir das 10h, na Casa da Cultura, durante a Feira da Esta-
ção. Já as eliminatórias de dança serão realizadas em 6 e 13
do mesmo mês, na praça
Comendador João Alves (Fonte), a partir das 16h. A grande
final será realizada na Arena
Olímpica, durante a Festa do
Trabalhador, no dia 1º de maio.
.Túlio Costa, compositor e
um dos entusiastas do projeto,
declara que o evento vai contri-
buir para que o Departamento
faça um mapa dos novos artistas paraisenses. Além disso, ressalta que o festival vai contribuir para o desenvolvimento da
cultura local e, também, para o
resgate de elementos importantes para perpetuação dos estilos musicais e artísticos.
Cinira Mumic lembra que
festivais culturais importantes
no Brasil, como os de Ribeirão
Preto e Joinville, por exemplo,
começaram pequenos, como o
de música e dança de Paraíso.
“Podemos, sim, no futuro contar com o apoio de empresas e
outros apoiadores e fazer o
nosso festival ser tão grandioso como esses, tão renomados
no nosso País”.
Conforme explica o Depar-
tamento de Cultura, os artistas
que desejarem participar deverão se inscrever na Casa da
Cultura, situada na Avenida Oliveira Rezende, n.° 509, das 8h
às 11h. Cinira Mumic orienta
os candidatos a buscar o edital
do festival no site da prefeitura
antes da inscrição. “Existem
uma série de pré-requisitos que
eles têm que cumprir”, afirma.
SOS CRIANÇA recebe doação,
Escola Noraldino
do COLÉGIO OBJETIVO
Lima comemora o Dia
Mundial da Água em
parceria com a COPASA
O Serviço de Obras Sociais (SOS) – Projeto SOS Criança – solicitou a diretora do Colégio Objetivo,
senhora Maria José Colombarolli ajuda de material escolar para as 70 crianças que freqüentam a instituição.
Dona Maria José fez uma campanha entre os alunos e o resultado foi muito bom.
O SOS Criança agradece e parabeniza o Colégio Objetivo por repassar aos alunos noções de
fraternidade. Obrigado.
A Equipe da Copasa
montou no espaço da Escola Municipal Interventor
Noraldino Lima a Mini-Eta,
mini estação de tratamento
da água, em comemoração
ao Dia Mundial da Água,
dia 22 de Março.
Alunos de todas as turmas e convidados da comunidade escolar participaram do momento da exposição onde pequenas
palestras foram ministradas.
Durante a palestra, proferida pelos técnicos e estagiários da Copasa, houve demonstração do processo de tratamento da
água e o trabalho de
conscientização sobre a
importância da preservação
dos recursos naturais .
A direção escolar agradece a parceria da Copasa,
pois a água faz parte do
patrimônio do Planeta e de
acordo com a Declaração
Universal dos Direitos da
Água, “ A utilização da água
deve respeitar o equilíbrio
entre a importância de sua
proteção e as necessidades
de ordem econômica, sanitária e social e o planejamento da gestão da água deve
levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de
sua distribuição desigual so-
bre a Terra” .
Cabe a escola orientar
seus alunos, pois cuidar
do Meio Ambiente faz
parte da natureza da
Copasa e deve fazer parte
da Vida de cada um de
nossos alunos e de todos os
cidadãos de nosso município.
Jornal do Sudoeste
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São Sebastião do Paraíso-MG e Região
29 de Março de 2014
Francisca Helena Eustáquio
por Gérson Peres Batista
Curso de Arbitragem da Federação
Internacional de Xadrez
O professor e árbitro de xadrez Jeovane
Cascais Santos (foto), 24 anos, teve seu
nome relacionado pela Confederação Brasileira de Xadrez (www.cbx.org.br) entre os
aprovados no 32º Seminário para Árbitros da
Federação Internacional de Xadrez (FIDE),
primeiro degrau na arbitragem da modalidade no campo internacional.
O Seminário foi ministrado pela internet
pelo AI Antonio Bento de Araújo Lima Filho,
de Brasília/DF, no período de 30 de janeiro a
10 fevereiro de 2014.
Dos 13 participantes do evento, oito foram aprovados na avaliação – dentre eles o
professor Jeovane Santos.
Com o desempenho, o Prof. Jeovane obteve uma norma de AF (Árbitro FIDE), cuja
norma será homologada na próxima reunião
do Conselho Presidencial da FIDE.
O jovem enxadrista é professor da área
há muitos anos e atualmente está trabalhando em escolas de São Sebastião do Paraíso, São Tomás de Aquino e Ribeirão Preto.
RIBEIRÃO PRETO
De 4 a 6 de abril acontece no SESC de
Ribeirão Preto/SP o IRT Troféu Gabriel Salim
Name.
O evento é limitado a 80 jogadores e contará pontos para os rankings nacional/internacional. Matheus Peres Batista é o
paraisense confirmado como jogador.
Na arbitragem já estão escalados o AA
Jeovane Cascais Santos e o AN Gérson
Peres Batista.
A organização está a cargo do Prof.
Ricardo Oliveira.
PARTIDA
O mestre internacional paraisense
Evandro Amorim Barbosa, um dos mais destacados enxadristas do Brasil na atualidade, terminou sua participação em três torneios na Europa.
O MI Evandro Barbosa jogou em Graz
(Áustria) e nas cidades francesas de
Rochefort e Capelle-la-Grande.
O saldo foi muito positivo, com ganho de
13 pontos no ranking internacional, além de
CXOL
Entrevista concedida a Adriano Rosa
Jeovane Cascais Santos é
professor e árbitro de xadrez
medir forças com alguns dos melhores jogadores do mundo como o grande mestre
chinês Chao Li – top 50 do mundo, com Elo
de 2700 pontos.
Barbosa pretende fazer novo tour
enxadrístico na Europa no mês de junho,
mais precisamente na Bulgária onde jogará
três torneios seguidos valendo norma de GM.
Da visita recente à Europa destacamos
a brilhante partida técnica que Barbosa venceu contra o mestre internacional búlgaro
Spas Kozhuharov.
Evandro Barbosa (2459)
Spas Kozhuharov (2463)
13º Torneio de Rochefort – Grupo Masters
6ª rodada – 25/2/2014
1.e4 c6 2.d4 d5 3.e5 c5 4.dxc5 e6 5.Cf3
Bxc5 6.a3 Cc6 7.b4 Bb6 8.Bb2 Ch6 9.Bd3
a5 10.b5 Cb8 11.a4 Cd7 12.0-0 Cc5 13.Be2
Cf5 14.Cbd2 0-0 15.c4 h6 16.Ba3 Te8 17.Tc1
d4 18.Te1 Dc7 19.Bf1 Td8 20.Ce4 Ce7 21.h4
d3 22.Tc3 d2 23.Cexd2 Cf5 24.Dc2 Bd7
25.Ce4 Tac8 26.Td1 Be8 27.Cxc5 Txd1
28.Dxd1 Bxc5 29.Bxc5 Dxc5 30.g4 Cg3
31.Bd3 h5 32.g5 Td8 33.Dc2 Rf8 34.Rg2 Cf5
35.Bxf5 exf5 36.Td3 Tc8 37.Td4 g6 38.Dd2
b6 39.De3 Tc7 40.Cd2 Bd7 41.Rf3 Be6
42.Td8+ Re7 43.Dd4 Tc8 44.Dd6+ Dxd6
45.Txd6 Bxc4 46.Txb6 Bd3 47.Re3 Bc2
48.Rd4 Td8+ 49.Td6 Bxa4 50.Txd8 Rxd8
51.Rc5 Bd1 52.Cc4 a4 53.Rb4 Rd7 54.f4
Re6 55.Cb6 Bc2 56.Ra3 1-0
e-mail: [email protected]
SERGIO MAGALHÃES
Sol, calor e chuva
Na Malásia é assim, sol, calor e chuva.
Nem é preciso consultar a moça do tempo
porque a qualquer momento o sol dará lugar à
pancada de chuva e vice-versa. Só não muda
o forte calor. A pista de Sepang, em Kuala
Lumpur, está pouco acima da linha do equador próximo a uma região de floresta tropical
que torna o clima quente e unido, favorável às
tempestades típicas de verão.
O calor e a umidade do ar faz do GP da
Malásia uma prova de resistência/sobrevivência. Neste ano mais ainda para as novas “unidades de potências”, termo que tem sido usado na Fórmula 1 quando se refere ao motor.
Os novos sistemas de recuperação de energia necessitam de muita refrigeração, o que
pode agravar ainda mais o que já tem sido um
grande problema para os motores Renault,
principalmente à Red Bull, a que mais sofreu
na pré-temporada com o superaquecimento.
Tudo bem que na Austrália Daniel Ricciardo
surpreendeu com a segunda colocação que
virou abobora com a desclassificação por falha no fluxo de combustível que saia do tanque de seu carro. Só que em Melbourne as
temperaturas eram bem mais amenas das
que os pilotos enfrentarão em Sepang.
Sobre a desclassificação do australiano
vale ressaltar que o regulamento determina
100kg de gasolina por corrida para cada carro
e em momento algum o consumo pode exceder a média de 100 quilos por hora. A Red
Bull recorreu da decisão da FIA e o caso será
julgado dia 14 de abril.
Se a temperatura será a prova de fogo para
os motores, a chuva pode embaralhar a disputa. Perde a Mercedes que tem o melhor
carro, e a Williams apontada como segunda
força do campeonato, mas que mostrou na
Austrália enorme deficiência no molhado.
Ganha a Ferrari que tem um carro confiável,
mas falta potência no seu motor, e a McLaren
que também não é boa de reta. A pista de
Sepang é composta por curvas de baixa e alta
velocidade intercaladas por duas longas retas.
Mas com pista seca, salvo algum problema mecânico, será surpresa se o vencedor
não for um dos pilotos da Mercedes, Nico
Rosberg ou Lewis Hamilton.
Foi na Malásia, ano passado, que
Sebastian Vettel deu de ombros para a ordem dos boxes que pedia para não atacar o
líder, Mark Webber. Vettel ultrapassou o excompanheiro de equipe e venceu a corrida. A
partir dali o alemão se fez mais forte e rumou
para o tetracampeonato e Webber entrou
numa espiral descente que resultou na sua
aposentadoria no final do ano.
Rodrigo Berton
Felipe Fraga (88) conseguiu um feito
histórico em Interlagos: vitória na
corrida de estreia na Stock Car
A situação da Red Bull neste início de
campeonato é bem distinta das últimas temporadas. O abandono de Vettel e a desclassificação de Ricciardo na Austrália fez a
equipe provar o sabor da derrota que ela
não conhecia. Pegou mal o chororô de
Dietrich Mateschitz, que ameaçou deixar a
Fórmula 1 por causa da politicagem, da falta de barulho dos motores e da desclassificação de seu piloto. Choro de mau perdedor.
BLOCO DE NOTAS
> Felipe Fraga, 18 anos, nem carteira
de habilitação tem, mas fez história domingo, em Interlagos, ao vencer a prova de
abertura da Stock Car logo em sua estreia.
>> A Stock Car acertou em cheio na
corrida de duplas. Ganhou exposição na
mídia, mas 50 minutos de corrida foi pouco, merecia mais.
>>> O duelo entre Marc Márquez e
Valentino Rossi na abertura da MotoGP, no
Catar, foi daqueles de prender a respiração,
de fazer levantar do sofá. Se for assim o
ano todo...
>>>> Começa neste domingo a temporada da F-Indy em São Petersburgo, na Florida. Tony Kanaan trocou a pequena KV
pela poderosa Ganassi. Juan Pablo
Montoya retorna à categoria e corre pela
Penske ao lado de Helio Castroneves.
>>>>> Gary Hartstein, ex-médico chefe da Fórmula 1 escreveu em seu blog que
a falta de notícias sobre o estado de saúde
de Michael Schumacher o faz temer pelo
pior. Schumacher completa hoje 3 meses
em coma no Hospital de Grenoble, na França, desde que bateu com a cabeça numa
pedra em 29 de dezembro numa estação
de esqui.
Francisca, inicialmente onde
você nasceu e como foi a sua infância?
Sou natural aqui mesmo, de
São Sebastião do Paraíso, nasci
em 1º de agosto de 1965. Quando eu nasci, a gente morava numa
casa à rua (hoje avenida) Delfim
Moreira. Depois, ainda pequena,
nossa família se mudou para o
Bela Vista e a maior parte de minha infância e adolescência, eu
passei naquele bairro. Foi um período difícil, porém, muito alegre.
Meus pais eram de família humilde e tínhamos muita dificuldade
financeira, mas havia bastante carinho, amor e respeito entre nós.
Minha mãe era empregada doméstica, meu pai pedreiro e, depois, virou construtor. Durante
o dia eles trabalhavam, ficavam
longe e eu estava mais com a minha avó, junto com mais quatro
ou cinco primos. Não tenho irmãos. Todas as tardes meu pai
cantarolava com a viola eu ficava pulando, de um lado para o
outro, cantando junto com ele.
Não dava para perceber e nem
ter momentos de tristeza. Sempre
gostei muito de livro, de caderno, de revista – não tínhamos
acesso, mas minha mãe sempre
levava alguma revista velha do
trabalho para casa ou o jornal
que, naquela época, depois de
lido, era usado para embrulhar
verduras. Eu gostava de folhear.
Aprendi a ler sozinha, muito pequena. Minha mãe conta que um
dia eu cheguei perto dela com
uma caixinha de Kolynos na mão
e li o nome para ela. Todos ficaram espantados. Comecei a escrever meus rabiscos também
muito cedo, com aqueles lápis
grandes de pedreiro que meu pai
usava para anotações. Tive uma
infância bem alegre, apesar das
dificuldades!
E quando você começou a estudar? Que lembranças guarda
deste período?
Ao lado do colégio (das freiras) Paula Frassinetti havia uma
escola que o pessoal chamava de
“coleginho” – depois ela se
transformou na escola (estadual) Paula Frassinetti. Foi lá que
eu iniciei meus estudos. Não tenho boas lembranças daquele
lugar e nem do que eu aprendi lá.
Havia muita discriminação! Tanto é que, depois que eu me formei e comecei a lecionar, olhando os documentos antigos na já
então escola Paula Frassinetti (no
São Judas), nem o meu diploma
da pré-escola havia sido assinado. E o da minha prima, que era
bem branca e havia estudado
junto comigo, foi. Depois do
“coleginho” eu fui estudar no
Campos do Amaral. Minha primeira professora foi a (saudosa)
“tia” Maria Alice (Barbosa de Oliveira). Ela era amiga de meu pai e
um encanto de pessoa! Eu era
aquela aluna bem custosa, porque eu já sabia ler e escrever, ao
passo que os meus coleguinhas
de sala, não. Aí, quando a professora colocava um desenho no
quadro e o nome embaixo para
os alunos adivinharem e dizerem
o que era, de cara eu já dizia. A
professora ia juntando as letras
para os alunos formarem a palavra e eu já sabia o que era. Logo
no meio do ano, me passaram
para a série seguinte. Eu terminei
o ensino médio e o Magistério
com 17 anos. Fiz o pré e as quatro primeiras séries no Campos.
Depois, quando eu passei para a
5ª série, eu fui para o colégio
Paula Frassinetti. Era um grande
sonho de minha mãe que eu estudasse lá. Nessa época, minha
mãe era lavadeira e eu me recordo nitidamente das grandes trouxas de roupa que ela carregava
pela (rua) Placidino Brigagão para
pagar o meu colégio o que, na
época, tinha uma mensalidade em
torno de um salário mínimo. Era
muito difícil de se conseguir esta
quantia naquele tempo. Aos domingos minha mãe fazia uma faxina no consultório do Dr. João
Paulo Cunha para completar o
valor. Mas meus pais se esforçaram e conseguiram. Sou agradecida a eles por isso, pois aprendi
muito no colégio. A minha base
das principais matérias eu tive lá.
Era uma excelente escola. Fiz
grandes amigos também. Não
muitos, porque eu era a única
pretinha, a única pobrinha, mas
as amizades que tive foram muito boas. Nos últimos anos eu
consegui uma bolsa de estudos
com o Dr. Djalba Gil que pagava
50% da minha escola. Em
contrapartida, minhas notas tinham que ser superiores a 90. Fiquei no colégio até o 2º ano do
ensino médio e fui fazer Magistério no Paraisense, era uma turma de curso normal à noite. Fiz
dois anos.
E depois que você terminou o
Magistério você quis dar continuidade aos seus estudos?
Eu passei muitos anos sem
estudar. Logo que eu terminei o
Magistério eu já fui lecionar. Era
1982. Eu comecei trabalhar na
Prefeitura. Naquela época, a gente podia entrar como professor
leigo. Minha primeira escola foi
o Roque Scarano (zona rural dos
Marques). Guardo boas lembranças dos lugares aonde trabalhei.
Eu só voltei a ser aluna quando
abriu a Uniessp – União de Escolas Superiores de Paraíso (hoje
Faculdade Calafiori), através do
Prouni (Programa Universidade
para Todos) e de uma indicação,
inclusive, da dona Maria Luíza
Coelho de Pádua (ex-secretária
municipal de Educação), a quem
sou muito grata por ter se lembrado do meu nome naquele momento. Mesmo dando aulas, eu
fiz todos os cursos de capacitação que a Prefeitura proporcionava e fiz na Uniessp o Normal
Superior durante quatro anos,
aula presencial, todos os dias.
Uma turma maravilhosa, só de
mulheres! Gente alegre, feliz,
mais novas e mais velhas que eu.
Assim que terminei este curso, a
mesma Uniessp abriu uma turma
de pós-graduação em Gestão Escolar, com habilitação em orientação, inspeção, gestão e matérias pedagógicas. E lá fui eu fazer
este curso também! Foram mais
um ano e meio. Mas estes cursos eu fiz mais porque eu precisava e a lei exigia. Passados seis,
sete meses, eu já havia sido convidada para ser coordenadora de
escola, aí eu decidi fazer um curso que eu gostava, e optei por
Psicopedagogia Clínica. Fiz em
Batatais, semipresencial, por
dois anos, aulas quinzenalmente. Um curso muito bom, maravilhoso, com professores doutores
Os pães de queijo com
patê, o bolo de chocolate, o saboroso café e
o suco de laranja – tudo
caseiro e feito por ela,
serviram para concluir,
“em off”, a entrevista de
hoje. Nascida em berço humilde, mãe de
dois filhos e na fila à espera de netos, esta professora e hoje diretora
de um Centro de Educação Infantil no distrito de Guardinha, ainda
espera encontrar na esquina o grande amor de
sua vida para lhe fazer
companhia na velhice.
Sem medo dos desafios, confessa sentir na
pele o preconceito, tendo que provar para si
mesma que é capaz. A
seguir um pouco de
Francisca Helena
Eustáquio, uma mulher brava e extremamente carinhosa.
e que me deu uma base excelente. Tinha amigos só de outras
cidades na sala de aula. Depois
disso eu parei um pouco, mas
minha mãe sempre dizia que eu
ainda voltaria a estudar, pois ela
sabia que eu não iria ficar parada. Dito e feito! A Prefeitura firmou um convênio com o Governo Federal para um curso de
capacitação em gestão e foi dada
oportunidade a todos os diretores escolares do Estado fazerem
este curso na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Todos os municípios indicaram
seus diretores. Nós passamos
por um processo seletivo e, de
Paraíso, três foram escolhidas:
eu, a Maria Ermínia Preto e a
Sandra Diogo. Foi uma alegria
para o município. Na época, o
Jornal do Sudoeste deu esta notícia. Era uma pós que eu já tinha, mas, como era na UFMG,
para o meu currículo foi muito importante. Não perdi a oportunidade de enriquecimento. Foi um
curso puxadíssimo, à distância,
todo dia você tinha que postar
atividade. Meu TCC (Trabalho de
Conclusão de Curso), antes do
julgamento final, ia e voltava direto para correções. Eu chorava
muito, pois estava tão acostumada a fazer as coisas e logo ser
aprovada, mas no final deu tudo
certo. No dia da minha banca
examinadora, eu passei de primeira, com nota máxima e foi um momento de alegria muito grande
em minha vida.
E como foi sua trajetória profissional, desde a escola Roque
Scarano até chegar hoje ao Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Frei Bruno
Rodrigues, em Guardinha?
Eu fiquei na Roque Scarano
por um ano. Depois eu tive uma
experiência em lecionar para uma
classe multisseriada, no Taquaral,
onde a professora, na mesma sala
de aula, tem alunos de diversas
séries. Eu sempre gostei muito de
desafios e quis vivenciar isto.
Naquela época, na zona rural,
além de dar aula, você também
era merendeira e limpava a sala.
A gente acumulava todas as tarefas. Depois eu vim para a
Gávea, uma escola pequena, na
fazenda do prefeito Waldir
Marcolini. Passei pela Faxina, um
período na merenda escolar, fui
para os Pimentas, onde eu tinha
uma dupla docência. De manhã
lá e à tarde na escola Ana Cândida. Eu já tinha uma experiência
de alguns dias em outras escolas estaduais, Paula Frassinetti e
Coronel José Cândido, mas foi no
Ana Cândida que eu fiquei por
mais tempo. Aí eu prestei um concurso para trabalhar na merenda
escolar, tive um desvio de função e me mandaram para o Pronto Socorro. Não tínhamos Plano
de Cargos, Carreiras e Salários
naquela época (risos). Dei aulas
também na escola particular
Baby Sister, da Emiliana Fagundes, na escola Wulfida Marcolini,
Maria de Lourdes Dizaró (Caic),
Boa Vista (Veneza), atuei na secretaria das escolas Benedito
Ferreira Calafiori, Clóvis Salgado
e lecionei no projeto “Acertando o Passo”, na escola Paula
Frassinetti (que hoje é o EJA –
Educação de Jovens e Adultos).
Gosto demais do São Judas. Lembranças maravilhosas. A escola
do Caic, para mim, é a “escolamãe”. Aprendi demais em termos
de conteúdo e foi neste período
que a Prefeitura inaugurou a creche no bairro Rosentina. Pedi
mudança de lotação para atuar
no Centro de Educação Infantil.
Fui para lá, mas continuei também no Caic. No dia da inauguração da creche, o vice-prefeito
me perguntou se eu estava feliz
em ir trabalhar lá. Disse que estava, mas eu queria juntar os dois
cargos num lugar só. Ele me pe-
São Sebastião do Paraíso-MG e Região
29 de Março de 2014
Jornal do Sudoeste
página 3
“Uma mulher sem medo de encarar os desafios”
diu calma, que logo eles iriam
fazer a junção. Até então, eu
não tinha pretensão em ser
diretora de escola. Eu achava
que iria ser supervisora e todos os cursos que fiz foram
neste sentido; mais para um
fim de carreira. Um belo dia
eu estava na creche, numa
jornada corrida entre as duas
escolas, idades diferentes de
alunos, e fui chamada para ir
à Secretaria Municipal de
Educação falar com a dona
Maria Luíza. Ela tinha uma
proposta para me fazer e minha resposta teria que ser
dada em dois dias. Recebi o
convite para ser coordenadora do Centro Municipal de
Educação Infantil Frei Bruno
Rodrigues, na Guardinha. Na
época não existia o cargo de
diretora. Eu levei um susto,
mas aceitei na hora, sem pensar. Minha avó sempre dizia:
“Se o cavalo passar arriado,
pula nele, não o deixe passar”.
Eu pulei, fui, estou lá há sete
anos e considero a creche minha família. Neste período, o
Plano de Cargos foi aprovado, exigiu-se eleição para diretor e, como eu fui a última a
ser convidada para o cargo,
eu me vi na obrigação de passar
na prova e continuar na direção.
A minha responsabilidade de
passar e mostrar que eu era capaz, tornou-se maior que a das
outras colegas. Elas já estavam
no cargo de coordenação há mais
tempo e eu havia acabado de chegar. Eu passei na prova, teve chapa única, sem ninguém para concorrer comigo na eleição do
colegiado e foi muito gostoso.
Tive votos de todos. Chorei muito quando acabou a apuração.
Uma coisa é você ser reconhecida; outra é ser por todos! Eu
adotei profundamente a Guardinha, me sinto mais de lá do que
de Paraíso. Fico lá o dia todo. Vou
a festas, meus amigos são de lá.
Adoro!
Como você analisa hoje o processo educacional se comparado à época que você estudou? Alunos e professores têm um relacionamento perfeito? O sistema
ficou mais rígido?
Eu acho que existem pontos
positivos e negativos nesta relação. Vejo que houve um grande
avanço na Educação de quando
eu era aluna para hoje. Este processo de construção da aprendizagem é algo encantador! Estamos
vivendo um novo momento, que
é o da inclusão e que são coisas
muito boas! Desde a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) para cá, há
outras leis que nos amparam e a
Educação passou a ter um respaldo maior que, antes, não tinha. Até
mesmo na questão do financiamento. Antes era destinado de
forma muito incorreta o dinheiro
da Educação. É claro que hoje nós
vemos muita necessidade, ainda,
do tal Portal da Transparência,
que não está legal e funcionando
bem, mas, de qualquer forma, as
leis estão aí para respaldar. Se
acharmos que não está legal, podemos denunciar. De repente as
coisas mudam! Tenho visto de
maneira positiva e os
governantes investem muito mais
na Educação hoje do que antigamente, principalmente na questão
de livros, material, merenda, formação continuada dos professores, a própria grade curricular...
Agora, esta dificuldade de relacionamento aluno e professor, é
própria do momento em que vivemos. Em alguns aspectos, há professores que não estão completamente preparados para receber
e lidar com os alunos do nosso
tempo atual. Estamos recebendo
um aluno muito ativo, por dentro
de tudo, ainda mais com esta
tecnologia avançada. É um mundo com informações bem rápidas,
apenas a um clique e, muitas vezes, nós professores não damos
conta de acompanhar. Por mais
que sejamos informatizados, vejo
que ainda somos lentos em relação a estas crianças e adolescentes de hoje. Em contrapartida, esta
mesma juventude chega até nós
com uma vivência de mundo muito pobre. Tem muita criança que,
se você mostrar um chuchu para
ela, ela não sabe o que é. Talvez
esteja acostumada a ver o chuchu
no prato, preparado, mas ela não
conhece o pé. Talvez se você perguntar para uma criança de onde
vem o arroz, obterá como resposta que ele vem do supermercado...
Então, está havendo um conflito
muito grande. Sem contar as drogas e a violência, que virou um
disparate, não só na educação,
mas que também reflete neste processo educacional. Fico muito
triste com isso e com esta mania
de tudo parar na Educação. De
repente a Educação virou uma
“curva de rio”. Se há qualquer
projeto de outras áreas como Segurança, Saúde, por exemplo, jogam tudo na Educação. E por
quê? Porque eles sabem que na
Educação as coisas acontecem!
Jogou na mão do professor, ele
profissão que eles têm, mas não
fui eu que escolhi isso para eles.
Minha filha, eu acho que se casa
este ano. Meu genro Antônio, e
minha nora Amanda, já são pessoas de casa, vivem aqui dentro.
São mais dois filhos que tenho e
temos um relacionamento muito
bom. E eu ainda sonho em encontrar um grande amor, tipo, virar uma esquina e o amor estar ali
à minha espera. Eu quero envelhecer com alguém que vá comigo olhar a pressão, dar voltinha
na praça, tomar comigo os remédios... Ainda procuro esta pessoa... Quero terminar a minha carreira com uma aposentadoria
tranquila e forma honesta e digna. Acho que já deixei um legado
para a Educação municipal, e fico
feliz quando ouço ex-alunos se
lembrarem de mim como professora e reconhecerem que fui importante para eles.
faz! Como eles sabem que os professores são fortes e firmes, isto
nos sobrecarregou demais! São
momentos difíceis, mas vejo que
são melhores que antigamente.
Há uma desvalorização do profissional muito grande. É um descaso a forma como o professor é visto pelos políticos, não só em termos de remuneração, mas também
de respeito e dignidade. Financeiramente, nem é bom a gente comentar, pois a gente vê os colegas todos trabalhando em dois,
três turnos... Não trabalha quatro,
porque não tem na madrugada,
mas, se de repente, estas firmas
que têm turnos de trabalho à noite, se quiserem promover um curso para seus funcionários, haverá professor que encara a jornada. E isto será feito mais por necessidade... Temos cursos superiores e, sem desmerecer nenhuma profissão, mas se pegarmos
um médico, um dentista, um advogado, a diferença salarial se
comparada à do professor, é muito grande. E não teria nenhuma
outra profissão se não houvesse
um professor para ensinar... E você
sabe o que me deixa mais aborrecida? Daqui a alguns meses viveremos um momento político, teremos eleições e o que vai acontecer? Todos os candidatos vão se
lembrar do professor. Nesse momento, somos “a cereja do bolo”.
O duro é que as palavras vêm de
políticos que já estão lá há dois,
três mandatos e não fizeram nada
para valorizar o professor. Como?
Por que só se lembram da gente
na hora do discurso? Eu fico abismada com este atitude, pois a verba que vem para a Educação é
grande. A “galinha dos ovos de
ouro” de todo político é a Educação. Então, se eles quisessem valorizar o professor, não precisariam esperar um momento político
para tal atitude.
Os pais hoje participam mais
da vida escolar de seus filhos?
Eu sempre costumo dizer que
deveria existir uma “escola de
pais”. Eu acho que, quando alguém decide ter um filho, primeiro deveria entrar numa escola e
fazer um curso intensivo. Para ser
mãe/pai é muito complicado e ser
mãe/pai de aluno, é mais complicado ainda. Vejo pais muito
participativos e outros bastante
omissos. Na sua maioria, eles são
mais omissos. Os pais hoje trabalham muito e nem sempre têm
tempo para seus filhos. Temos
um grande número de pais separados e os pais se esquecem de
que, quem se separa é o casal...
Os filhos não deixam de existir
quando há uma separação e aí a
criança fica meio que “esquecida”, se afasta dos pais e nós notamos isso. Porém, hoje os pais
são até mais presentes se comparado antigamente. Naquele
tempo, nossos pais não participavam muito devido ao nível de
escolaridade deles. Eles não entendiam muito, mas davam mais
valor ao professor e autonomia
para ele em sala de aula para repreender um aluno desobediente. Hoje o professor não pode
nem falar alto; ao passo que, se
um aluno jogar uma carteira no
professor, não vai acontecer nada
com ele. Temos que tomar muito
cuidado, pois, as leis para penalizar os professores são muitas.
Francisca, como analisa a
participação da mulher na sociedade e, sendo negra, de que forma lida com o preconceito?
Ser mulher é ser extramente
forte! Temos diversos exemplos
das “Marias da vida”, que são
ícones de tudo. A mulher tem o
trabalho dela e, quase sempre,
são ótimas profissionais, sem
contar que ela tem toda a responsabilidade de casa e dos filhos.
A participação da mulher na sociedade é enorme, ocupam cargos do menor aos mais altos escalões. Ser mulher é difícil. Ser
mulher pobre é mais difícil ainda.
Ser mulher, pobre e negra é uma
tragédia! Por mais que muitos
digam que não há preconceito,
ou que ele acabou ou diminuiu,
eu ainda sinto muito este preconceito. Muitas vezes o negro se
acomodou por conta da própria
história, porque as coisas são colocadas de forma tão difícil para
você conseguir que, chega uma
hora, você para e não aguenta
mais lutar e enfrentar tantas barreiras. Só que não podemos desistir. É difícil, mas vale a pena!
Quantas vezes me vejo numa
assembleia ou reunião, e só tem
eu de negra... Aí eu me pergunto:
“Onde estão os outros?”. Em
certas situações, o peso para a
gente em provar que é bom, que
é capaz, torna-se maior, entende?
E o lado cultural em sua vida,
Francisca, como é, tendo José
Salvador Eustáquio, popular
Gorvalho, como pai e famoso
congadeiro da cidade?
Quando eu nasci meu pai já
estava no Congado. Lembro-me,
pequena, dentro um barracão de
terno de congo. Culturalmente,
eu tive todas as possibilidades,
mesmo meus pais tendo poucas
condições financeiras. Eles me
possibilitaram tudo em relação à
cultura e não me deixaram presa
só naquilo. Eu conheci muito de
dança, de música, não só a folclórica, mas diversos estilos, entre eles a música erudita. Na minha casa se ouvia de tudo, desde sertanejo a ópera. Tive oportunidade de apreciar quadros,
curiosidade com o mundo letrado, contato com livros, escrevi
poesias... Sempre gostei muito de
viajar e em lugares do Brasil. Vontade de ir para fora, não tenho
pretensão. Posso até ir um dia,
mas meu foco é o meu País. Por
isso, também conheci muitas culturas regionais.
E como analisa politicamente este País que você gosta de conhecer, às vésperas de uma eleição presidencial, e sendo administrado por uma mulher?
Eu não acho que a Dilma fez
um mandato ruim. Não teve grandes avanços, mas soube controlar o País de uma maneira muito
firme. Eu gostei! Mas, como a
maioria das pessoas, eu também
estou com medo da Copa do
Mundo e do que pode acontecer. O Brasil será um caldeirão,
assim imagino. Mas, eu espero
que dê certo. Sou brasileira e acredito até o fim! Não vejo, no momento, nenhuma figura que se
destaque ao cargo de presidente
do Brasil. Não sou filiada a nenhum partido, mas já gostei muito das propostas do PT, do PSDB
e hoje me simpatizo mais com o
PV. Gostaria muito que a Marina
(Silva) fosse presidente do Brasil. Gosto do (Fernando) Haddad
– prefeito de São Paulo, mas nem
o vejo como grande político.
Apenas tenho uma admiração
pela forma de pensar dele. Gosto
também de algumas ideias do
Aécio Neves. Não sou radical em
nada. Eu analiso as pessoas e
acho que o Brasil joga fora muito
de suas riquezas naturais e minerais. Podíamos preservar mais,
porém, há um grande descaso
com a nossa natureza. Poderíamos ter progresso sem destruirmos tanto... Isto me preocupa
muito, principalmente em relação
ao futuro dos meus netos.
O que espera dos candidatos
e dos eleitores nestas eleições?
Gostaria que aparecesse uma
pessoa, homem ou mulher, forte,
com firmeza para dirigir o nosso
País e que os eleitores, como eu,
na hora do voto, tenham bastante discernimento. Analisem o
passado de cada político para ver
quem estas pessoas são. Todos
nós somos frutos de uma história, não é? Então vamos estudar
a trajetória toda daquela pessoa
para ver se ela é mesmo tudo aquilo que propaga.
O que você gosta de fazer nas
suas horas de lazer, Francisca?
Eu gosto de ler muito, em
média quatro livros por mês, e
todo tipo de literatura, inclusive
temas religiosos, de todas as seitas. Gosto muito de música. Gosto de dançar, ir para o rancho,
montar e dormir dentro de barraca, fazer churrasco com a família
e beber uma cerveja de vez em
quando.
E o que gosta de comer, beber, ver na TV e tipo de filme?
Não bebo refrigerante, porque não gosto, e nem vinho, porque me faz mal. De comer, eu aprecio de tudo. Queria descobrir o
que eu não gosto, para eu poder
comprar e não engordar. Na televisão, gosto de assistir a programas de entrevistas, musicais e
novelas quando tem enredo bem
interessante, voltado para o lado
social, e que dá para você acompanhar toda a trama de um modo
legal. Não vejo programas de tragédia. Já basta na vida real... Filmes: romance, mas de preferência bem apimentado (risos). Esses muito bobos, eu não assisto.
Gosto também de musicais, biográficos e prefiro os filmes nacionais aos americanos.
Dinheiro, sabedoria, saúde e
amigos. Qual a ordem dessas palavras em sua vida e por quê?
Primeiro a saúde, pois é tudo
de precioso que temos. O espíri-
to é muito importante, mas o meu
corpo é a morada do meu espírito nessa vida. Então ele precisa
estar legal fisicamente para o espírito estar legal em mim. Logo
depois, eu coloco a sabedoria.
Nada me adianta ter tudo se eu
não tiver a sabedoria para aplicar. Depois, os amigos. Embora
eu já tenha tido algumas decepções com amigos por conta de
uma traição que me doeu muito.
Eu acho que traição de amigo é
pior que de parceiro. Porém, tenho vivenciado tantas coisas
boas com amigos, que eles ficam
em terceiro nesta sequência. Por
fim, o dinheiro. Se você tiver o
dinheiro e não tiver o restante,
de nada vai adiantar. Até certo
ponto você compra... Depois fica
impossível comprar...
Quais são as suas principais
qualidades e defeitos?
Eu sou muito brava. Reconheço! Sou brava comigo mesma, sou muito exigente e também
com o outro diante de uma situação que eu vejo erros. Eu sou
rancorosa e me magoo muito facilmente. Não tenho desejo de
vingança, mas guardo o rancor
por muito tempo. Até procuro
trabalhar isso em mim. Sei perdoar, mas não consigo esquecer.
Fica aquela mágoa. Outro defeito grande é que eu penso muito
em mim. Sou um pouco egoísta.
Agora, as qualidades, eu sou extremamente carinhosa. Parece
uma contradição, ser brava e carinhosa, mas eu só sou brava
quando precisa ser. Quando não
há necessidade, sou muito carinhosa. Tenho uma facilidade
para amar o próximo de forma incondicional, me entrego mesmo,
inclusive a quem eu não conheço, ao meu trabalho, aos meus
pais, meus filhos. Sou guerreira,
luto, supero as minhas dificuldades e não tenho medo de recomeçar e partir para outra. Não tenho medo de desafios! Minha
maior qualidade é ter um coração
muito bom e tranquilo.
Quais são os seus sonhos,
Francisca?
Ah... São tantos... Hoje o meu
maior sonho é que os meus filhos se realizem. Tenho dois: a
Adrielle, com 27 anos, é enfermeira na Santa Casa e no Pronto
Socorro, e o Athos, com 22 anos,
recém-formado em Educação Física e que trabalha na Santa Casa
também. Fui casada durante 12
anos, casei muito apaixonada,
tive filhos, me separei..., mas foi
um momento muito bom de minha vida. Tive grandes amores,
vivi belos momentos e continuo
vivendo. Não tenho medo de viver coisas boas e nem ruins. Toda
vez que a gente investe numa
relação, desejamos que dê certo,
não é? Às vezes entramos com
tudo. Se não der, a gente parte
para outra. Não tenho netos, mas
estou na fila, pois minhas amigas todas já são avós (risos). Só
que eu não sonho pelos meus filhos. Quero que eles sejam felizes! Não me importa como, desde que eles vivam honestamente. É claro que eu me orgulho da
Como é sua relação com
Deus?
Olha, eu acho que Deus é tão
meu querido que, tem horas, fico
brava até com Ele (risos). Indago:
“Oh, meu Deus, o Senhor não está
me vendo aqui?”. Ele é tão do meu
lado, tão presente, que até com
Ele eu posso falar de maneira sincera e clara. Sou extremamente
agradecida a Deus por tudo que
Ele me deu. Tive muito mais do
que eu pensava em ter. Eu falo
sempre com Ele que eu quero, mas
se Ele achar que eu não mereço,
então não me dê. Deus sabe o que
eu preciso. Eu não sei... Tive pais
maravilhosos, nasci num País maravilhoso, tive dois filhos lindos
em tudo, apesar das discussões
que são normais. Eu posso trabalhar naquilo que eu gosto e me
divirto o dia inteiro, não vejo a
hora a passar quando estou no
Centro de Educação. Deve ser
muito triste a pessoa trabalhar no
que não gosta... Sou muito feliz e
peço sempre a Deus que Ele não
tire a capacidade de sonhar... Enquanto estivermos sonhando, estaremos vivos... E quando você
para de sonhar, você não está vivendo mais...
E se Deus te chamasse hoje
para a outra vida, você estaria
pronta para partir, não iria ou
pediria mais um tempo?
Eu estou pronta! Na hora que
Ele me chamar, é porque é a hora,
né! Não tenho medo da morte,
não da minha – encaro com muita tranquilidade, mas morro de
medo da morte das pessoas que
eu amo... Não há nada que eu
ainda não tenha feito para pedir
mais tempo. Tudo que eu tive
oportunidade de fazer, eu fiz.
Tudo o que quis muito, eu corri
atrás e continuo correndo, ainda
mais se eu quiser muito. Mas eu
iria feliz se hoje fosse a minha hora
de partir!
O que você espera encontrar
do outro lado da vida?
Primeiro a minha avó materna, Raimunda. Ela era um doce,
um encanto de pessoa. Depois
meu avô Sebastião, paterno, junto com minha outra avó, Maria
Rita. Diz minha família que eu
pareço muito com ela, não fisicamente, porque ela era quase loira, bem branca, mas no jeito de
ser, de se vestir, se arrumar, dançar... Meu avô materno eu não
conheci. Ele morreu de infarto
fulminante aos 32 anos. Gostaria
muito que todos eles estivessem
me esperando quando eu chegar
lá. Outra coisa que eu queria
muito é ter um encontro com
Deus para poder perguntar umas
coisas para Ele, tanto relacionadas à minha vida como ao mundo do por que delas terem acontecido ou não. Veja que pretensão a minha (risos)! E, por fim,
espero encontrar um julgamento
não muito severo (risos). Tenho
alguns pecados e medo desse
julgamento ser bastante severo.
Espero encontrar um lugar bonito, acolhedor, um “paraíso” mesmo. Mas não sabemos o que nos
espera do outro lado... Às vezes,
não acredito que ficaremos neste lugar para sempre. Quero finalizar esta entrevista dizendo que
sou muito feliz. Dentro do que
me foi possibilitado na vida, eu
pude aproveitar o máximo, cada
momento, cada amor que eu vivi,
cada lugar que eu fui, cada pessoa que esteve comigo... Eu aproveito muito a pessoa, pois não
sabemos quando vamos perder.
Gosto de velar o sono da pessoa
enquanto ela dorme, de observar
os olhos, os pés, as mãos, porque, quando a pessoa se vai, fica
aquela lembrança boa dentro da
gente. Faço isso com todas as
pessoas que passam pela minha
vida e penso com muito carinho
em todas elas. Todos vocês têm
um lugar muito especial
guardadinho dentro de mim! Independente de qualquer coisa,
todos nós erramos e acertamos.
Não somos tudo de bom e nem
tudo de ruim e, todos que passaram por mim, me fizeram feliz ao
seu modo e ao seu momento...
Sou muito grata a todos vocês!
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São Sebastião do Paraíso-MG e Região - 29 de Março de 2014
Jornal do Sudoeste
Jornal do Sudoeste
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São Sebastião do Paraíso-MG e Região - 29 de Março de 2014
Jornal do Sudoeste
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Lions
LIVROS & VIDA
(*) Ely Vieitez Lisboa
Rua José Osias de Sillos, 590 Fone: (35) 9119-5751
“Nós servimos há 40 anos em São Sebastião do Paraíso”
LIONS CLUBE
HOMENAGEIA A MULHER
Em noite solene, foram homenageadas na sede social CL
Olavo Borges , (Lions Clube) mulheres de vários segmentos
da sociedade paraisense. Foram entregues títulos de Mérito
Leonístico a Dona Luzia Andreolli de Menezes (Obras Sociais
Bezerra de Menezes), 3º Sargento PM , Eliza Sayonara (Policia
Militar de Minas Gerais)Dona Maria das Mercês Coelho Souza
(Sorveteria Sposito) Professoras Lucélia e Letícia Ozelim Lima
(Pastoral dos Surdos Mudos),Dona Terezinha Martins (Lar
Pedacinho do Céu) CaL Draª Rosaine Cecílio Lunardello
(delegada de Policia Civil ).
Uma noite emocionante por serem as homenageadas
pessoas que se sensibilizam e agem com amor e respeito a
problemas de nossa sociedade. Momento muito emocionante
foi quando Donizete Belém, aluno da pastoral, entregou o
certificado a professora Letícia, e se comunicaram em libras.
Parabéns a todas as mulheres de nosso clube, de nossa
cidade, e às homenageadas , nossos respeitos e nossa honra
de podermos ter a sorte em recebê-las no Lions Clube de São
Sebastião do Paraíso, um clube que serve há 48 anos com
ações que possam fazer um mundo melhor!
CL Roberto , Presidente .
Pessoas imperfeitas
não conseguindo ver
sua imperfeição
“Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás
em tirar o argueiro do olho do teu irmão.” (Mateus 7.5)
por Cilas Campos
Argueiro (um cisco que
entra pelos olhos, coisa insignificante).
Neste texto, Jesus estava
tratando com pessoas que não
conseguem enxergar seus defeitos. Ele procurou com toda
dimensão ensinar as pessoas a
cuidarem de si próprias. O
mesmo provérbio judaico diz:
Aquele que entra em questão
alheia, é como aquele que
toma um cão pelas orelhas. Vai
levar uma mordida!
O mundo que vivemos está
se deteriorando. Sabe qual é o
problema? Pessoas ilustres e
certas demais. O mundo não
está perecendo por causa das
pessoas “erradas”, mas sim,
por causa das pessoas “certas”.
É muito comum vermos a
fila das pessoas perfeitas. Elas
criticam tudo que está errado,
desde a política até os vizinhos
de sua casa. Você já se mudou
de um lugar porque as pessoas eram “más”? Já trocou de
emprego porque na empresa
todo mundo era perverso? Já
se divorciou porque seu cônjuge era muito imperfeito?
Lembre de uma coisa: o mundo é uma vitrine e ele só compra aquilo que lhe convém.
Quanto melhor for a propaganda, aquela mercadoria não pára
nas prateleiras, mesmo que seja
ruim...
Como é que você gosta de
fazer comparação? Você se julga uma pessoa boa, porque se
compara com pessoas piores
que você? Bom, quando olhamos o defeito de alguém, é
importante olharmos o nosso
primeiro. Você pensaria em tirar o cisco no olho de uma
pessoa, quando no seu tem
uma trave? Por que o mundo
está se deteriorando por pessoas boas? Deixe-me explicar.
As pessoas dizem assim:
Vou mudar dessa cidade. As
pessoas aqui não prestam. Se
ela consegue ver os defeitos
dos outros, então ela é uma
pessoa inteligente, sabe o que
é imperfeição. Outras dizem:
Vou me divorciar. Eu não
agüento mais viver com meu
cônjuge. Não mereço isso!
Muitas trocam de empresa porque dizem: Eu não agüento
mais as pessoas dessa empresa. Esses empregados são maus.
Meu chefe então, é um terror!
Meu patrão, uma miséria. Em
outras palavras: eu sou muito
bom para tolerar essas pessoas. Então, o mundo está se deteriorando porque as pessoas
“boas” não querem ficar no
meio das “más” para influenciálas com a sua bondade. Tem
um negócio errado nisso!
Se não consigo influenciar
com a bondade é porque vou
me corromper com a maldade. Então, não tenho nada de
bom dentro de mim. Jesus disse: Vós sois o sal da terra. Ora,
o sal não pode ficar no saleiro,
senão a comida estará destemperada. Se você vai pra longe
das pessoas “más”, elas continuarão sendo “más”. Se você
é uma pessoa “boa” não deve
se divorciar, não deve deixar a
empresa. Você deve formar ali
dentro uma opinião de bondade e influenciar aquelas pessoas. Sal é para temperar. Jesus
disse: Vós sois a luz do mundo. Pra que existe a luz? Para
acender nas trevas. Se numa
cidade todo mundo é treva,
acenda sua luz, pois a luz denuncia toda a verdade. Ora,
então não existe trevas, o que
existe é ausência de luz.
Seja essa pessoa maravilhosa que você é. Se consegue ver
os defeitos das pessoas, então
conseguirá ver os seus próprios.
Um grande abraço, pessoa
maravilhosa. Ajude-me corrigir
meus defeitos.
Até a próxima semana.
São Sebastião do Paraíso-MG e Região
29 de Março de 2014
DIA DO TEATRO
Estamos felizes por consignar na ata de nossas emoções
maiores, um registro dessa data marcante e tão importante
em nossas vidas. Pelas ribaltas de um teatro, desfilam
emoções com personagens sofridas, emotivas, hilárias,
refletindo o painel da vida. Parabéns a todos e de modo
especial às professoras Kátia Mumic e Edyna M. Borges,
pelo estímulo que dão para esta cultura mundial.
JOÃO PAULO FÉLIX
O paladino da cultura, grande incentivador dos momentos
eruditos de nossa urbe, foi para outras plagas. Deixa uma
lacuna imensa na imprensa falada, escrita e televisiva,
motivando em todos nós lembranças inesquecíveis, mas
também de saudade... Sucesso João Paulo!
NOVOS CURSOS
Agendado para os próximos meses, vários cursos
edificantes ministrados nos salões do Lions e, pela expectativa,
terá ressonância na comunidade, pois ministrado por pessoas
altamente qualificadas, com amorável ternura e projetando
grandes emoções.
APLAUSOS
Parabéns presidente Claudio Roberto, pelo empenho, dedicação,
carinho, atuante leonismo em prol do bem comum. Parabéns
Coluna Saúde Animal
Recorte e colecione!
CÃES: BOM
COMPORTAMENTO
Cães agem pelos próprios instintos ou simplesmente pelo desejo de
atuarem como “entendem”. Estes comportamentos podem muitas vezes
levar à excitação exagerada ou a desobediência. A desobediência é mais
provável de ser encontrada em cães “atrevidos” e independentes do que
nos submissos e “envergonhados”. O treino adequado evita os maus
hábitos, mas se eles persistirem podem ser corrigidos, com muita paciência.
* Os cães saltam para cumprimentar os donos e no que se refere à
cães isto é normal. Para corrigir esse comportamento diga “NÃO!!”
rispidamente e ao mesmo tempo volte-se e evite contato visual e não
toque ou acaricie o cão. Em seguida “ordene” para que se sente. Se o
cão obedecer, afague-o bastante e “elogie-o” pelo ato correto. O cão
compreenderá com o tempo, que não precisa saltar para cumprimentálo e que, quando fica “calmo e senta”, ganha afagos!!
* Caso o seu cão recusa-se a voltar quando é chamado, especialmente
quando você quer colocar-lhe a coleira ou a guia, você precisa preocuparse em que ele não associe o regresso com um acontecimento desagradável.
No entanto, se você o perseguir ele poderá achar que é brincadeira,
como um jogo. Nesses casos o melhor é usar um brinquedo que ele
goste para atrair sua atenção. Depois brinque com ele antes de fazer o
que precisa ser feito (banho, medicamentos, passeio, etc). Quando
regressar, ordene-lhe que se sente e elogie-o e afague-o após tê-lo feito
corretamente (depois disso, faça o que precisa ser feito).
* Cães deixados sozinhos, especialmente os filhotes, não tem “noção
de tempo” (como os humanos) e quase sempre roem objetos devido à
“frustração” de estarem sozinhos e para aliviarem o tédio. Para corrigir
esse costume, confine o cão em uma área pequena, que seja só dele,
cuidando que nesse local não possa acontecer nada de mal, como por
exemplo um canil ou um quartinho. Isto ajudará o cão a sentir-se mais
seguro, especialmente se tiver uma “coleção” de brinquedos para roer e
brincar. Um rádio ou uma televisão como “barulho de fundo”, podem
ajudar. Mas, cuidado: o cão só deve ser confinado por período curto e
deve ter, também, tempo para fazer bastante exercício, além de muita
atenção e carinho por parte dos donos.
* Um cão deixado em casa sozinho pode latir ou uivar. Este ato é
especialmente comum em cães que não foram socializados
apropriadamente quando eram filhotes. Antes de deixar o animal, dê a
ele um mimo especial, como um brinquedo favorito ou um osso especial
para cães. Não faça muita festa quando for sair (evita “ansiedade”).
* Se o cão for do tipo “dominador” (ou “Alfa”), pode desafiar os
donos pela posse dos objetos favoritos. A comida, os brinquedos, os
locais de descanso ele defenderá agressivamente. Nesses casos, “ordene”
ao cão para se deitar. Quando ele obedecer faça-o ficar de barriga para
cima e, então, fique posicionado imediatamente sobre ele e segure-o,
mantendo-o nessa posição (sendo firme, mas sem machucar ou agredir).
Um dos exercícios alternativos para reafirmar a autoridade sobre o cão
“agressivo” é ordenar-lhe que fique quieto e por trás dele levantar-lhe
a parte da frente (segurando por debaixo dos braços, nas axilas). O
cão achará que este ato é de “intimidação”, podendo lutar no início,
mas, com o passar do tempo ele aceitará que é você quem manda.
Essas dicas são maneiras não agressivas de sociabilizar e tentar
corrigir certos comportamentos indesejáveis que alguns cães apresentam.
O objetivo final é ensinar e demonstrar ao cão que ele é membro da
família (“matilha”, na cabeça dele!!), mas que está em nível mais baixo
na hierarquia dessa “família/matilha humana”, a qual ele agora pertence
e que precisa respeitar para ser respeitado. Com carinho, paciência e
persistência, ele “entenderá” e o convívio será harmonioso e alegre
entre humanos e cão (ou cães).
*ROGÉRIO CALÇADO MARTINS
– médico-veterinário – CRMV/MG 5492
*Especialista em Clínica e Cirurgia Geral de Pequenos Animais
(Pós-graduação “lato sensu”)
*Membro da ANCLIVEPA (Associação Nacional de Clínicos
Veterinários de Pequenos Animais)
*Consultor Técnico do Site www.saude animal.com.br
*Proprietário da Clínica Veterinária VETERICÃO (São Sebastião
do Paraíso/MG)
Os livros têm vida própria e biografia. Muitos escritores já tiveram
a experiência: surge um projeto de conto ou romance, ele cresce,
vai tomando forma e muitas vezes ele pega as rédeas como se
tivesse vida e acaba por ser independente, tendo pouco do plano
inicial. A sensação é esta: o escritor é levado pelo texto, torna-se
instrumento de suas leis e verossimilhança ficcional.
Já se comentou que a ficção não é fantasia, mas recriação da
realidade. O chamado real é matéria da ficção, alicerce, alimento.
Dá-se então um círculo vicioso fatídico: a ficção copia a vida e
após, esta realidade influencia a sociedade. Nos “reality shows”
tão em moda e de qualidade discutível, o processo se complica.
Cria-se uma falsa realidade imitando a vida e os telespectadores
identificam-se com a ficção, como se ela fora real.
Na literatura também há mistérios indevassáveis. Livros
rejeitados em concursos literários escusos tornam-se obras
famosas. O episódio mais pitoresco deu-se com Sagarana, de
Guimarães Rosa. O Mago de Cordisburgo, ao terminar seu livro
Sagarana, hoje famosíssimo, entrou para um concurso em cuja
Banca estava o nosso Graciliano Ramos. Inacreditavelmente, o
premiado foi Luís Jardim, escritor medíocre que o tempo engoliu.
Há outros acontecimentos sem explicação lúcida ou lógica.
Humberto de Campos gozava grande popularidade e pertenceu à
Academia Brasileira de Letras. Lembro-me de que um de seus
livros mais lidos, “Sombras que Sofrem” (1934, ano de sua morte),
encantou gerações. De repente não se leu mais Humberto de
Campos, que foi posto em um injusto e bizarro ostracismo literário.
Como? Por quê?
Outro caso insólito, na literatura brasileira, deu-se com o escritor
José Mauro de Vasconcelos (1920 / 1984). Nasceu em Bangu,
bairro do Rio, foi um dos escritores mais lidos no exterior. Com
uma biografia insólita, cheia de peripécias inacreditáveis, ganhou
fama como escritor, principalmente com Rosinha, Minha Canoa,
livro utilizado em curso de Português, na Sorbonne, em Paris. Meu
Pé de Laranja Lima (1968) foi adaptado pela antiga Tupi e pela
Globo, como novela televisiva e também levado ao cinema. De um
estilo simples e sensível, foi lido em muitas línguas, com enorme
sucesso. Por que não se lê mais José Mauro de Vasconcelos?
Outros casos estranhos continuam. O romance João Ternura,
de Aníbal Machado foi considerado excelente pela crítica literária
da época. Como diz Luiza Vilma Pires Vale, é a história de um
homem e o Rio de Janeiro: o homem perdido da / na Cidade. Com
uma trama sempre atual, ela mostra a falta de adaptação da
personagem central e o modo de vida da grande metrópole. O
protagonista não consegue integrar-se no cotidiano da cidade,
sente-se um estrangeiro. Há uma forte influência sartreana na
obra. O autor levou duas décadas escrevendo o livro, que ficou no
limbo muitos anos. Após, obteve sucesso. Mas a pergunta se
repete: Quem lê João Ternura hoje?
Assim, no mundo literário esses mistérios continuarão para
sempre como enigmas inextricáveis. Há outros que se pode até
tentar uma explicação plausível. Como os seres humanos, os livros
têm suas lutas, com ascensões e quedas. Entende-se, por
exemplo, que o romance Ulysses, de James Joyce, ou Nove,
Novena, de Osman Lins, tenham hoje poucos leitores. É devido,
em parte, por sua extrema complexidade. Ora, reina no século XXI
a banalização, homens e mulheres são reféns de uma preguiça
mental arraigada, é a era do superficial, do fácil, do atraente, do
óbvio, do rápido, do fast-food literário.
(*) Ely Vieitez Lisboa é escritora.
E-mail: [email protected]
JUSTIÇA
SEGREDOS DAS ARTES
Escrevendo meu primeiro romance,
o “Verdugo”, e depois o divulgando,
aprendi um ou outro segredinho do
mundo das artes, coisas que nem
imaginava que existissem e que agora compartilho com os meus fiéis leitores. Em primeiro lugar, demorei
dois anos para escrever um livro de
pouco mais de trezentas páginas, talvez porque tenho outra profissão e
inúmeros afazeres dentro e fora do
meu trabalho de origem. Ainda assim,
não consigo acreditar em autores que
escrevem grossos calhamaços de
Renato Zouain
seiscentas a oitocentas páginas todo
ano, mesmo que admita que vivam só disso e que, por isso,
tenham mais tempo sobrando. Pra mim, por trás dos nomes
desses escritores consagrados assinando individualmente
aos seus livros, há na verdade uma equipe de colaboradores
que permanece oculta. Igual com os roteiristas de novelas da
Globo. Outra coisa interessante que aprendi é que livro é como
um filho que você faz e lança no mundo. Se vai vingar, só o
tempo irá dizer. Não existem sucessos instantâneos no mundo da literatura comercial. Por fim, superestimei o papel da
crítica literária especializada. Isto porque quase ninguém lê
crítica de arte no Brasil. Então não adianta procurar formadores de opinião, gente do caderno de cultura, críticos literários,
etc... Aliás, é o óbvio ululante. Você, leitor, conhece alguém que
lê livros com base em críticas literárias? Eu não. Agora, menos
ainda.
MERCADO ESTRANHO
O mercado editorial brasileiro é muito estranho. Mesmo em se
considerando que o brasileiro lê muito pouco - média de cinco
livros por ano, por habitante - em comparação com países desenvolvidos (alemães: mais de quinze), e mesmo nossos vizinhos latino americanos (argentinos: cerca de dez), ainda assim as editoras nunca venderam tantos livros no Brasil. Não
sei se nossos conterrâneos estão comprando livros para enfeitar estantes, ou porque é um presente bom, bonito e barato
para aniversários e comemorações, mas o fato é que o mercado livreiro está crescendo anualmente cerca de 10% (dez por
cento) e é um crescimento contínuo, algo raro de se ver em
uma economia mundial em plena crise. Qual o segredo e qual
a causa desse estrondoso sucesso em um mar de
desinformação? Na verdade, parece-me, somos menos burros e mais cultos do que aparentamos, o que não temos é
autoestima. Também acho que é a literatura infanto-juvenil que
está alavancando o setor. Com essa onda de bruxinhos, vampiros sedutores e pornô para mulheres, os escritores gringos
estão mostrando que jovem gosta de ler. O que não tinha, até
então, eram opções atrativas. Literatura, para os adolescentes, tem que entreter, mas com qualidade. Adolescente não vai
ler Dostoievski e nem Maiakovski, mas nem por isso vai ficar
desperdiçando seu intelecto com o “Diário de um Banana” até
atingir a maioridade. É esta lacuna que está sendo preenchida no mercado livreiro e que tem feito a diferença em termo de
vendagens, acredito eu.
E O E-BOOK?
Por falar em livros, o livro eletrônico já era, não pegou e nem vai
pegar. Não nessa geração. Não é à toa que meus amigos da
Rede Leitura de livrarias (a que mais cresce no setor) desistiram de investir e vender ebooks ou e-readers, que são aqueles aparelhinhos próprios para armazenar livros eletrônicos.
Nem em aeroportos você vai ver muita gente usando essas
engenhocas para ler livros. Aliás, estão decretando o fim do
livro de papel faz bem uns vinte anos, e sempre se enganam.
Acho que é porque o meio eletrônico é insensível ao tato e tão
cheio de parafernálias que o leitor perde a concentração e logo
abre ou fecha uma aba para responder a uma mensagem ou
entrar em um site de relacionamento. Também não acho agradável ler em tela de computador, isso quando a leitura é para o
lazer. Isso me faz lembrar entrevista que o escritor de ficção
científica Isaac Asimov deu a um jornalista, décadas atrás. O
entrevistador lhe perguntou qual seria o computador perfeito.
Asimov lhe respondeu que seria um em que o usuário pudesse adiantar e atrasar o tempo, distrair-se com ele e aprender
ao mesmo tempo, levando-o consigo para qualquer canto, um
que o ajudasse a sonhar e ao mesmo tempo a trabalhar. Em
suma, o livro.
Renato Zupo, Juiz de Direito na comarca de Araxá, e Escritor.
São Sebastião do Paraíso-MG e Região
29 de Março de 2014
Jornal do Sudoeste
página 7
Aniversário Francisco
Rodrigues Lima
Para o Senhor Chiquinho Lima, os anos não pesam. Alegre, comunicativo,
feliz com a vida, cercado do carinho da família e dos amigos, foi assim que ele
festejou o seu 99º aniversário, no dia 21 do corrente mês.
Que sua alegria contagiante, o acompanhe por muitos e muitos anos.
Parabéns, Senhor Chiquinho, que Deus o ilumine sempre.
Mariana e Rafael
Uniram-se em matrimônio dia 22 de março de 2014, na Igreja Matriz São
Sebastião, em belíssima cerimônia presidida pelo Pe. Rodrigo Papi, sob
músicas executadas por Rosi Cia. da Voz (Ribeirão Preto). O dia da
noiva foi no Studio de Beleza Anésia, de onde saiu linda, deslumbrante.
Os pais da noiva, José Carlos Alves Pinto e Flávia Junqueira Alves Pinto e
os pais do noivo Antonio Angelo Polisel e Aparecida de Fátima Arrizatto
Polisel (São Pedro-SP) com muita simpatia receberam os convidados no
Espaço 88. A requintada decoração de Roque Rezende Decor (Fabrício
de Franca), cardápio do Buffet Santa Santa (Passos), doces de Elaine
Mello (Passos), bem casadinhos de Conceição (São Paulo), Wega
Bartenders (Franca) e Banda Lemon (Franca), foram as escolhas perfeitas
para o evento sofisticado e ao mesmo tempo muito animado. A apresentação
da Escola de Samba Samuca (Rio Claro–SP) foi um diferencial que
literalmente levantou todos os convidados. Os registros fotográficos foram
de Dona Foto - Daniel Franco e Lissandra Ribeiro (Franca) e filmagem de
Lino Moraes (Franca) que disponibilizou a moderna tecnologia de captação
de imagens com drone. A tranquilidade, elegância e alegria de noivos e
pais, contagiaram o ambiente resultando em um evento inesquecível.
Parabenizamos noivos e pais, agradecendo a confiança em nosso trabalho
e a harmoniosa e cordial convivência durante o ano de organização.
Momentos inesquecíveis requerem cuidados especiais...
Conte com nossos serviços para o sucesso de seu evento.
RG Eventos Assessoria e Cerimonial
Horóscopo Semanal
ARIES - 28 de março - Lua, Mercúrio e Netuno, unidos em
Peixes, deixam você ainda mais sereno e bastante romântico.
Cuidado apenas com confusões e mal entendidos no
trabalho. Se puder, tire o dia para estar junto de seu amor.
Mantenha a paciência diante de imprevistos.
TOURO - 28 de março - Lua, Mercúrio e Netuno, unidos
em Peixes, deixam você ainda mais sereno e bastante
romântico. Cuidado apenas com confusões e mal
entendidos no trabalho. Se puder, tire o dia para estar junto
de seu amor. Mantenha a paciência diante de imprevistos.
GÊMEOS - 28 de março - A Lua em Peixes se une ao seu
regente e a netuno, indicando mal entendidos em questões
que envolvem seu trabalho e projetos profissionais,
especialmente se esses projetos estiverem envolvidos com
pessoas e empresas estrangeiras.
CÂNCER - 28 de março - Nesta fase, problemas que
envolveram questões familiares começam a recuperar seu
equilíbrio. No entanto, o coração pode estar magoado com
seu amor. Um romance que vem sendo concretizado pode
apresentar problemas.
LEÃO - 28 de março - O Sol mais próximo de Urano pode
trazer algumas dificuldades em seus projetos futuros,
especialmente os que envolvem pessoas e empresas
estrangeiras. As finanças podem passar por um momento
de desequilíbrio.
VIRGEM - 28 de março - A Lua entra em Peixes e se une a
Mercúrio e Netuno, indicando um dia mais acolhedor e
voltado para os relacionamentos. Caso seja comprometido,
procure estar com seu amor, mas tome cuidado com mal
entendidos.
LIVRA - 28 de março - O Sol, cada vez mais próximo de
Urano e em tenso aspecto com Plutão, pode trazer tensão
ao seu dia, especialmente por situações inusitadas e fora
de seu controle. Saturno em tensão com seu regente traz
dificuldades no amor.
ESCORPIÃO - 28 de março - Saturno em seu signo, em
tenso aspecto com Vênus, indica problemas e dificuldades
familiares. Um de seus pais pode estar passando por um
momento difícil e precisa mais de sua presença. Não se
deixe levar pelo pessimismo.
SAGITÁRIO - 28 de março - Um contrato que está para
ser firmado pode passar por uma revisão e ser adiado.
Tenha paciência, pois essa energia é passageira. O
momento pode trazer dificuldades com um amigo mais
próximo e também com um romance.
CAPRICÓRNIO - 28 de março - Nesta fase sua carreira e
vida profissional passam por um momento de grandes
atividades e você precisa manter a calma diante de
imprevistos que possam surgir. O momento é ótimo para
criação de projetos inovadores.
AQUÁRIO - 28 de março - Neste momento você pode
estar enfrentando algumas dificuldades no amor ou em um
relacionamento importante. Não se deixe levar pelo
pessimismo, pois a energia é passageira. Mantenha a calma
e a sabedoria.
PEIXE - 28 de março - A Lua entra em seu signo e se une a
Netuno e Mercúrio, deixando você mais aberto a questões
que envolvam sentimentos e emoções, especialmente de
um amigo mais próximo. Mesmo mais fechado, você estará
em condições de ajudá-lo.
Aniversariam:
Sábado, dia 29, a musicista, professora
Renata Gomes, e a paraisense Aparecida
Borborema que reside na Itália.
Domingo, 30, Allan Duarte Manhas, pianista
ribeirãopretano que tem raízes familiares em
Paraíso. Atualmente em Berlim, na Alemanha
onde se prepara para seu mestrado em Música.
Segunda, 31, Gabriela Pedroso Francisconi,
Caroline Barbosa Panaci, Dr. Renato Rossi.
Dia 4 Ricardo Santos Horta, Claudio Luiz de
Paula, Totonho Baby Brilho.
Carolina Rezende Martins
filha de Carlos Martins e Ana Izabel
Oliveira Rezende, comemorou 13 anos
no dia 29 de março. Parabéns.
Desejamos
felicidades ao
prezado amigo e
companheiro de
labutas, Nelson
Aguieras que
integra a equipe
Jornal do Sudoeste,
pelo natalício nesta
segunda, 31.
Diogo Barbosa Ferreira da Silva,
completa 9 anos no dia 3 de abril. Filho muito
querido do estimado casal, Tiel e Patrícia, irmão
de Isabella. Parabéns.
Nice Furim aniversariou no dia 28. No próximo
domingo, dia 7 quem receberá cumprimentos é
sua irmã, Dirce Furim. A coluna as parabeniza.
O professor e ex-prefeito Mauro Zanin que
tem desenvolvido um trabalho de assessoria
a prefeituras e empresas, mudou de idade no
dia 26.
Jornal do Sudoeste
página 8
Psicoletrando
“Kit Vida”
Josimara Neves,
psicóloga e escritora
(CRP-04/37147)
Marília Neves,
professora e escritora
Contato:
[email protected]
Dê ao seu filho de presente, desde pequeno, o “kit
vida.” Você deve estar se perguntando:
“— Mas o que é o “kit vida? Onde posso comprá-lo?”
Esse é um kit caro e raro. Caro porque, quem o
tem, acaba se destacando em meio à multidão devido
ao valor que possui; raro, porque, infelizmente, não
são tantos que o possuem. A quem possa interessar,
o kit consiste em cinco das diversas habilidades
emocionais que são necessárias ao desenvolvimento
da criança:
1. Ensine-a a ter autoconfiança: um adulto
inseguro revela uma criança interior fragilizada.
Criança que não foi estimulada a se desenvolver e a
explorar devidamente o meio que a cercava cresce
com dificuldade de tomar iniciativa, de resolver
problemas, tem medo de críticas e pode tornar-se
dependente do comando dos outros. Ensine-a realizar
atividades e a deixe tentar, mesmo que erre. Mostre
que acredita no potencial dela e lhe transmita
confiança e apoio.
2. Estimule-a a enfrentar os seus medos: ensine
o seu filho, desde criança, que ter medo é algo natural,
mas que ter medo de tudo não é comum. Mostre a
ele coragem para enfrentar situações difíceis, dê e
seja o exemplo. Diga-lhe que ter coragem não
significa não ter medo, mas enfrentar as circunstâncias, apesar do medo. Ser corajoso não implica
ausência de fragilidade ou mesmo, do medo, mas a
atitude de se recusar a ouvir as vozes da insegurança,
do medo e da desistência que martelam na mente
quando se teme enfrentar aquilo que assusta.
3. Estimule o autoconhecimento: é importante
fazer com que a criança aprenda a se conhecer melhor,
saber dos seus gostos, de suas qualidades e defeitos.
Faça-lhe perguntas indagando sobre suas predileções, sonhos, emoções e sentimentos para que ela
adquira a facilidade em falar de si na medida em que
se conhece melhor. As pessoas que possuem um alto
nível de autoconhecimento conseguem se expressar
mais, entendem suas limitações, valorizam os pontos
fortes e traduzem melhor a forma como sentem e
pensam.
4. Controle dos impulsos: algo assaz importante
é ensinar a criança a esperar, a ter paciência e
aguardar até que chegue a vez dela, seja numa fila,
num jogo, numa festa. Adiar gratificações, não fazer
tudo o que ela quer na hora em que quer. Criança que
não controla os próprios impulsos, além de
demonstrar ansiedade, pode tentar burlar regras a fim
de conseguir realizar os seus desejos sem que tenha
que esperar por isso. O autocontrole é uma ferramenta
valiosíssima no mundo adulto: no ambiente de
trabalho, em casa, nos relacionamentos etc.
5. Faça com que ela se coloque no lugar dos
outros: a empatia é uma habilidade fundamental para
aprender a conviver em coletividade e para o
exercício do respeito ao próximo. Aquele que se
solidariza com a dor do outro, com a diferença do
colega, com as limitações dos outros, torna-se mais
humanizado e mais sensível. Ensinar a olhar para o
outro é uma forma indireta de não cultuar o egoísmo.
A maior riqueza que os pais podem dar aos
filhos é prepará-los para viverem no mundo.
Josimara Neves
A vida só tem sentido para aqueles que
descobrem, em si, uma forma de contribuir
com o progresso da humanidade.
Marília Neves
São Sebastião do Paraíso-MG e Região
29 de Março de 2014
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