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Interbio v.5 n.1 2011 - ISSN 1981-3775
A ASSISTÊNCIA AOS PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 SOB A
ÓTICA DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
ASSISTANCE TO PATIENTS WITH TYPE 2 DIABETES MELLITUS FROM THE
PERSPECTIVE OF COMMUNITY HEALTH AGENTS
SOUZA, Mary Ferreira de 1 HARDT, Jackson.2
Resumo
O Diabetes Mellitus tipo 2 se constitui num problema de saúde pública, por isso este estudo tem por objetivo
conhecer as dificuldades e necessidades que os agentes comunitários de saúde encontram na visita domiciliar,
em relação à assistência aos pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2. Por isso foi realizada uma pesquisa
quantitativa descritiva, através da realização de um questionário contendo 20 perguntas de múltipla escolha, com
06 agentes comunitários de Saúde de ambos os sexos do ESF 43 do município de Dourados/MS. A análise de
dados foi realizada por meio da freqüência absoluta e relativa e a tabulação dos resultados está disposta em
tabelas confeccionadas no Programa Excel 2007 da Microsoft. Observou-se que a maioria dos agentes
comunitários de saúde 66,66% são bem recebidos durante a visita domiciliar, porém 66,66% consideram a
informação dos pacientes diabéticos quanto a sua patologia regular. Também se observou ser regular 50% a
inscrição de pacientes diabéticos no programa hiperdia. Apesar de 33,33% dos agentes terem participado de
cursos e palestras para aprimoramento profissional, foi constatado que estes têm dúvidas quanto ao
acompanhamento de pacientes diabéticos com problemas alcoólicos, fumo, uso de drogas e depressão. Portanto,
este estudo cumpriu seu objetivo o de demonstrar as dificuldades encontradas pelos agentes comunitários de
saúde do ESF 43, sendo que com os resultados encontrados poderá ser realizado poderá ser sanada as
dificuldades e haverá um desempenho maior e eficaz das funções destes agentes no tocante aos pacientes com
Diiabetes Mellitus.
Palavras chave: Tratamento. Programa Prevenção.
Abstract
The type 2 Diabetes Mellitus constitutes a public health problem, so this study aims to understand the difficulties
and needs that the community health workers are in the home visit, regarding assistance to patients with type 2
Diabetes Mellitus. So it was performed a quantitative description, by carrying out a questionnaire containing 20
multiple choice questions, with 06 community health workers of both sexes ESF 43 of Dourados / MS. Data
analysis was performed by means of absolute and relative frequency and tabulation of results is ready on tables
prepared in the program Microsoft Excel 2007. It was observed that the majority of community health workers
and 66.66% are received during a home visit, but 66.66% consider the information of diabetic patients about
their condition regularly. It was also observed to be 50% the regular inclusion of diabetic patients in the program
hiperdia. Although 33.33% of the staff has participated in courses and seminars for professional development, it
was found that they have doubts about the monitoring of diabetic patients with alcohol problems, smoking, drug
use and depression. Therefore, this study served its purpose to demonstrate the difficulties encountered by
community health workers in the ESF 43, and with the results could be achieved can be remedied the problems
and there will be greater and effective performance of the functions of these agents with respect to patients
Diabetes Mellitus.
Key Words: Treatment. Prevention Program.
1
2
Acadêmica do 4º ano de Enfermagem do Centro Universitário da Grande Dourados. Email para contato:
Docente do curso de Enfermagem do Centro Universitário da Grande Dourados. Email para contato:
SOUZA, Mary Ferreira de; HARDT, Jackson
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Introdução
O Diabetes Mellitus (DM), é uma
patologia decorrente de vários fatores,
podendo ser devido à falta de insulina e/ou
da incapacidade de a insulina exercer
adequadamente seus efeitos, exigindo toda
uma vida de comportamentos especiais de
auto-cuidado para que a glicemia seja
mantida o mais próximo possível da
normalidade (RODRIGUES et al., 2006).
Como o Diabetes Mellitus é um
problema de saúde pública são considerados
altos índices de mortalidade e morbidade
(FELICIANO et al., 2004). Guimarães e
Takayanagui (2002) complementam que o
Diabetes Mellitus representa atualmente
uma das principais doenças crônicas que
afetam
o
homem
contemporâneo,
acometendo indivíduos de países em todos
os estágios de desenvolvimento social e
econômico.
O Diabetes Mellitus está dividido em
dois tipos, porém como o foco deste estudo
é a Diabetes Mellitus tipo 2 somente este
será descrito neste estudo. O DM tipo 2, ou
não insulino-dependente é causada pela
redução de sensibilidade dos tecidos alvo ao
efeito metabólico da insulina, e esta
enfermidade é responsável por cerca de 80 a
90% dos casos registrados da doença
(OLIVEIRA; KABUKI, 2004).
O Diabetes Mellitus tipo 2 está
associado a diversos fatores de risco, como
doenças
cardiovasculares,
hipertensão
arterial sistêmica (HAS), obesidade dentre
outros. Estes fatores de risco associados tem
sido chamados de síndrome X (SCHAAN et
al., 2004).
Conforme Moreira et al. (2003)
pacientes portadores de Diabetes Mellitus
Tipo 2 também podem apresentar depressão,
devido a modificações de hábitos
alimentares, adesão a esquemas terapêuticos
restritivos, além de ter que conviver por toda
a vida com uma patologia que poderá causar
complicações
clínicas
que
poderão
prejudicar a saúde do mesmo, acarretando
no decorrer alterações de humor e profunda
tristeza. Portanto, a depressão teria efeitos
hipoglicemiantes
podendo
acarretar
problemas no metabolismo glicêmico.
O paciente portador de Diabetes
Mellitus tipo 2 também podem apresentar
uma série de complicações em longo prazo
atingindo órgãos vitais podendo causar
“Retinopatia
Diabética,
problemas
cardiovasculares e alterações circulatórias”.
Quanto à Retinopatia diabética, esta pode
ser “desde de uma turvação da visão até a
presença de catarata, descolamento da retina
e cegueira”, enquanto que “os problemas
cardiovasculares estão
associados à
obesidade, tabagismo, que pode precipitar o
Infarto Agudo do miocárdio, a Insuficiência
Cardíaca Congestiva e as arritmias”
(FAEDA et al., 2006, p. 819).
Gamba et al. (2004), acrescentam
que amputações nos membros inferiores de
pacientes diabéticos, podem ter como
fatores de risco a ingestão de bebidas
alcoólicas, fumo e obesidade.
Conforme Paiva et al. (2006) o
controle metabólico rigoroso associado a
medidas
preventivas
e
curativas
relativamente simples são capazes de
prevenir ou retardar o aparecimento das
complicações crônicas do Diabetes Mellitus,
resultando em melhor qualidade de vida ao
indivíduo diabético.
Logo, a Estratégia de Saúde da
Família (ESF), dando ênfase aos pacientes
portadores do Diabetes Mellitus tipo 2
(DM), se baseia no fato de que esta doença é
um dos mais importantes problemas da
saúde pública brasileira, devido ao seu
potencial de morbimortalidade e o grande
número de pessoas acometidas (MACEDO,
2005). Os agentes comunitários de Saúde
têm um papel importante nas orientações
aos pacientes com Diabetes Mellitus, pois
são estes que realizam as visitas
domiciliares a estes pacientes, porém muitas
vezes a equipe é insuficiente, ou mesmo não
há material ou meio de transporte suficiente
para que estes realizem um atendimento de
qualidade aos portadores do Diabetes
Mellitus (SOUZA; GARNELO, 2008).
A primeira experiência de agentes
comunitários de saúde como uma estratégia
de saúde pública estruturada ocorreu no
SOUZA, Mary Ferreira de; HARDT, Jackson
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Ceará em 1987 com objetivo de empregar as
mulheres na área seca e diminuir a
mortalidade infantil (TOMAZ, 2002).
Entretanto o programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS) teve o apoio
do Ministério de Saúde, somente em 1991,
visando contribuir para uma melhor
qualidade de vida dos pacientes atendidos
nas unidades básicas de saúde, já a
regulamentação da profissão ocorreu em
2002 tendo como base a lei 10.501 (LEVY
et al., 2004).
Portanto, os Agentes Comunitários
de Saúde (ACS) têm um papel fundamental
dentro de uma unidade de saúde de família,
visto que este realiza visitas domiciliares a
todos os portadores do Diabetes Mellitus e
no estudo de Feliciano et al. (2004) entre
idosos freqüentadores do Estratégia de
Saúde de Família (ESF) e Programa de
Agentes Comunitários de Saúde (PACS) foi
verificado que 71% dos idosos eram
atendidos em seu domicilio por um agente
comunitário de saúde, sendo seguido pelo
atendimento de enfermagem 11% e médico
10%.
O Ministério de Saúde implantou em
2001 um programa especifico de atenção
aos portadores de hipertensão arterial e
Diabetes Mellitus o Hiperdia, então em cada
ESF seria realizada o cadastramento dos
pacientes, para ficar mais fácil o acesso
destes portadores a todos os profissionais do
ESF (OLIVEIRA; PALHA, 2008).
Portanto, a realização de estudos que
visam encontrar as dificuldades que os
agentes comunitários de saúde enfrentam no
dia-a-dia do seu trabalho na prestação de
cuidados aos portadores do Diabetes
Mellitus poderá contribuir para fornecer
subsídios para implantação de políticas
públicas.
Por isso este estudo tem o objetivo
de conhecer as dificuldades e necessidades
que os agentes comunitários de saúde
encontram na visita domiciliar, em relação à
assistência aos pacientes com Diabetes
Mellitus tipo 2.
Material e Método
Realizou-se
uma
pesquisa
quantitativa descritiva, pois foi realizado um
questionário estruturado contendo vinte
questões de múltipla escolha com 6 agentes
comunitários de saúde do ESF, nº 43, Vila
Índio município de Dourados MS, de ambos
os sexos. No entanto esta pesquisa somente
foi iniciada após a aprovação do CEP, e
também após a autorização do responsável
pelo ESF por meio de uma carta de
autorização.
A pesquisa descritiva objetiva a
descrição, análise e interpretação dos fatos,
para assim descobrir com precisão a
freqüência com que estes fatos ocorrem
(BARUFFI, 2001).
O questionário foi realizado em um
horário definido, sem atrapalhar o serviço
dos agentes comunitários de saúde. Foram
incluídos os agentes comunitários que
quiseram participar da pesquisa e excluídos
os que não aceitaram participar, ou que não
estiverem no dia da realização do
questionário e a ACS indígena. Porém antes
da realização do questionário foi entregue o
termo de Consentimento Livre e esclarecido
aos participantes, também explicou-se os
objetivos da pesquisa e a importância da
participação destes, a pesquisadora entregou
o questionário para cada agente comunitário
de saúde para que cada um responda, sendo
que esta esteve presente na realização deste,
a fim de sanar possíveis duvidas quanto às
perguntas.
Para análise dos dados coletados no
questionário foi utilizados a freqüência
relativa e absoluta, sendo que todas as
questões ermas constituídas da alternativa
ótimas, boas, ruins, regulares e inexistentes,
os resultados encontrados foram dispostos
em tabelas realizadas no programa Excel
2007 da Microsoft. Os resultados
encontrados
na
pesquisa
foram
encaminhados ao ESF 43 para que estes
saibam quais as maiores dificuldades dos
agentes comunitários que ali trabalham,
contribuindo assim para que a população e
os responsáveis pelo ESF saibam quais são
as maiores dificuldade encontradas por
estes, em relação aos pacientes portadores
de Diabetes Mellitus Tipo 2, auxiliando-os a
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prestarem um atendimento de maior
qualidade aos pacientes com Diabetes
Mellitus
Resultados e Discussões
O questionário foi realizado com seis
agentes comunitários de saúde da ESF nº 43,
contendo 20 perguntas de múltipla escolha
oferecendo as seguintes opções: ótimo, bom
regular, ruim e inexistente, para melhor
exemplificação dos resultados estes estão
dispostos em tabelas.
Na tabela 1 pode ser visualizado que
66,66% dos agentes comunitários de saúde
consideram a recepção dos pacientes quando
estes vão visitá-los como bom, contudo para
16,66% a recepção é ótima e regular. Em
relação ao conhecimento dos pacientes
sobre sua patologia 66,66% dos agentes
comunitários consideram como regular e
33,33% bom conforme tabela 1. Resultado
diferente foi encontrado no estudo de
Guedes et al. (2006) onde foi avaliado a
intervenção do agente comunitário de saúde
com 44 indivíduos cadastrados em um ESF,
onde foi demonstrado que 68% dos
entrevistados possuíam conhecimento sobre
sua patologia.
Figura 1- Visita domiciliar realizada pelos ACS (Agentes Comunitários de Saúde).
Quanto à visita domiciliar neste
estudo a maioria dos agentes comunitários
de saúde 66,66% relatou ser boa conforme
pode ser visualizado na figura 1.
Resultado diferente foi encontrado
no estudo de Cambuy (2005) com agentes
comunitários de saúde de um centro de
saúde de Campinas, pois estes relataram que
no início a população estranhava a visita
domiciliar destes, porém com o passar do
tempo as pessoas foram de acostumando e
atualmente eles são acolhidos e valorizados
pelos pacientes.
Enquanto que no estudo de Jorge et
al. (2007) disseram que são bem recebidos
nas visitas domiciliares, são compreendidos
e acolhidos pela comunidade.
No estudo de Ferraz e Aerts (2005)
com 114 agentes comunitários de saúde de
Porto Alegre sendo observado que 67,4%
destes realizam a visita domiciliar, que é
uma de suas principais funções. Os mesmos
são bem recebidos, nos lares, porém
preferem realizar as visitas no período da
tarde, pois de manhã as donas de casas estão
ocupadas, muitos dormem até tarde e não os
dá a devida atenção.
A realização de visitas domiciliares
pelos agentes comunitários de saúde é de
suma importância nas ESF, de acordo com
Levy et al. (2004) e Jorge et al. (2007), pois
este é um elo entre os demais profissionais
de saúde e comunidade no qual realizam as
visitas domiciliares.
Segundo os ACS 66,66% dos
pacientes possuem um conhecimento regular
de sua patologia e 33,33% tem um bom
conhecimento.
Em relação ao número de pacientes
diabéticos inscritos no programa Hiperdia
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50% dos ACS consideraram como regular,
porém 16,66% relataram ser ótimo bom e
ruim. Resultado semelhante foi encontrado
do estudo de Guedes et al. (2006) onde 91%
dos diabéticos não eram cadastrados no
programa hiperdia, porém 77,3% relataram
ser orientados pelos ACS sobre diabetes.
Quanto à participação no programa
hiperdia 66,66% consideraram como boa,
16,66% ótimo e regular figura 2.
Figura 2- participação no Programa Hiperdia
Quanto à satisfação dos pacientes
sobre o programa hiperdia foi observada que
50% dos ASC assinalaram a alternativa
regular e 33,33% a alternativa bom.
A
figura
3
refere-se
aos
medicamentos fornecidos pela rede pública
aos pacientes cadastrados no programa
hiperdia, sendo que 50% disseram ser bom,
16,66% ótimo, ruim e regular.
Figura 3- Medicamentos distribuídos pela rede pública aos pacientes portadores de Diabetes Mellitus.
Ao tratamento dos pacientes do
programa hiperdia 66,66% consideram ser
boa, e 33,33% ótimo. No estudo de Paiva et
al. (2004) com 105 pacientes com diabetes
pertencentes ao programa de saúde da
família de Francisco Morato-SP, foi
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observado
que
54,7%
dos
dados
demonstrados nos prontuários sobre a
medicação não coincidiam com o relatado
pelo entrevistado e que 63,9% tiveram
gastos mensais com medicamentos por não
ter a disposição destes na rede pública.
Guidoni et al. (2009) observou em
seu estudo sobre a assistência ao diabetes no
sistema único de saúde que 53,1% dos
pacientes usuários das ESF nunca tinham
participado de uma palestra ou orientação
sobre sua doença, sendo que o programa
Hiperdia existe para isto.
Sobre o conhecimento de Diabetes
Mellitus
por
parte
dos
Agentes
Comunitários de Saúde foi constatado que
50% têm um bom conhecimento e 50%
declararam possuir um ótimo conhecimento
sobre esta patologia
Como podem ser observados nesta
pesquisa os agentes comunitários de saúde
consideram ter um bom conhecimento a
respeito de Diabetes Mellitus, No estudo de
Ferraz e Aerts (2005) os agentes
comunitários de saúde de Porto Alegre
também relataram possuir um bom
conhecimento a respeito das patologias, pois
32,6% atuam na educação em saúde.
Quanto a haver um acompanhamento
por um nutricionista para estes pacientes
66,66% dos agentes comunitários disseram
não haver acompanhamento nutricional e
33,33% consideram regular.
Zanetti et al. (2006) enfatizam que o
acompanhamento nutricional dos pacientes
diabéticos atendidos nas ESF são
fundamentais, visto que o nutricionista,
poderá auxiliar o médicos, o enfermeiro e os
ACS, no tocante a dieta alimentar destes
pacientes contribuindo assim para o controle
da glicemia.
A respeito da orientação dada pelos
ACS aos pacientes diabéticos sobre dietas e
exercícios físicos e a quantidade de
pacientes destinadas a cada ACS bem como
a qualidade do atendimento ofertado por
estes a seus pacientes, observa-se na figura 4
que 50% consideram ser ótimo, 16,66%
bom e 33,33% regular
Figura 4- Orientação sobre exercícios físicos e dieta aos pacientes portadores de Diabetes Mellitus.
No estudo de Guimarães e
Takayanagui (2002) sobre as orientações
dadas a 29 pacientes diabéticos pertencentes
a uma ESF de Ribeirão preto-SP, foram
observados que 82,3% dos pacientes
relataram receber orientação sobre a
alimentação e medicação e nunca a respeito
da importância também de exercícios
físicos.
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Quanto a qualidade do atendimentos
destinados por cada agentes comunitário de
saúde, 50% dos pacientes consideram que a
quantidade de cada pacientes diabético
destinado a eles são regular, 33,33% bom e
16,66% ruim
O acompanhamento dos pacientes
com problemas de fumo e bebidas alcoólicas
pelos ACS foi descrito pelos mesmos como
regular em 66,66% dos casos e boa em
33,33%.
Já sobre o controle de drogas 50%
dos ACS disseram ser regular, 33,33%
disserem ser boa, e 16,66% assinalaram a
alternativa ruim para controle de drogas
entre pacientes diabéticos.
Quanto às respostas dadas sobre o
acompanhamento de diabéticos com
amputações, cegueira, problemas cardíacos
e renais e com depressão os resultados
encontrados se encontram na figura 5.
Figura 5 - Acompanhamento de pacientes diabéticos com cegueira, problemas cardíacos, amputações e
problemas renais.
Quanto
a
qualidade
ao
acompanhamento de pacientes diabéticos
com problemas de depressão segundo a
visão dos agentes comunitários de saúde,
33% dos pacientes consideram a qualidade
ótima, 33,33% bom e 33,33% inexistente.
Cerca de 50% dos ACS consideram
as instruções dadas pela enfermeira como
boa, contudo para 16,66% as instruções são
ótimas e ruins.
Já os cursos e palestras para
aprimoramento profissional destes foi
constatado que houve um empate entre as
respostas, 33,33% consideram ótimo, bom e
regular.
Para Silva e Dalmaso (2002) os
programas de aprimoramento dos agentes
comunitários de saúde são fundamentais,
pois estes profissionais devem dominar os
conhecimentos e habilidades referentes à
sua função que é de ser um elo entre a
comunidade e os demais profissionais de
saúde,
portanto
devem
possuir
conhecimento técnico e deve ser capaz de
adotar uma postura critica e de acordo com a
realidade de sua comunidade.
Miranda et al. (2003) destaca que o
treinamento dos agentes comunitários de
saúde é fundamental, para que a população
possa estar sendo informada através destes
sobre a diabetes, e para que estes possam
atuar no controle, prevenção, recuperação e
promoção da saúde na comunidade ao qual
estão inseridos.
Cambuy (2005) observou em sua
pesquisa que os agentes comunitários de
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saúde de um centro de saúde de Campinas
relataram que o aprimoramento profissional
através de cursos e palestras é importante
para desempenhar sua função de forma mais
segura e adequada.
Na figura 6 poderá ser visualizada a
percepção que os ACS possuem em relação
à visita domiciliar, ao tratamento do
pacientes e sua satisfação quanto a equipe
de saúde de família no qual estão inserido.
Figura 6 - Visita domiciliar na opinião dos Agentes Comunitários de Saúde.
Neste estudo foi observado que
66,66% dos ACS consideram que seus
pacientes possuem um bom tratamento,
porém 33,33% consideram o tratamento
regular.
No estudo de Paiva et al. (2004)
sobre a percepção dos pacientes diabéticos
em relação ao tratamento e atendimento,
31,2% dos entrevistados se consideram
insatisfeitos devido a falta de medicamento
e mau atendimento.
Quanto à satisfação dos ACS sobre
sua profissão 50% possuem uma satisfação
ótima, 33,33% boa e 16,66% regular. No
estudo de Cambuy (2005) com agentes
comunitários de um centro de saúde de
Campinas foi constatado que apesar de
todos os agentes comunitários estarem
satisfeitos, as dificuldades como desgaste
físico e mental, assim como a baixa
remuneração muitas vezes os desmotivam.
Conclusão
Ao longo do trabalho procurou-se
demonstrar a importância dos agentes
comunitários de saúde como elo entre os
demais profissionais de saúde e a
comunidade, e este tema é pouco abordado
não foram encontrados muitas pesquisas
sobre ao assunto, contudo os estudos
encontrados para argumentar a discussão
deste estudo foram importantes no sentido
de entender as várias faces da profissão
desempenhada pelos agentes comunitários
de saúde. Percebe-se que os agentes são o
acesso direto da população carente ao direito
a saúde, isto foi evidenciado, pelo fato dos
mesmos relatarem em sua maioria que são
bem tratados durante a visita domiciliar, e
que os pacientes portadores de Diabetes
Mellitus tem um bom acesso aos
medicamentos fornecidos pela rede pública.
Entretanto também foi possível
observar que a maioria dos pacientes possui
um conhecimento regular da sua patologia, a
quantidade de pacientes diabéticos inscritos
no programa hiperdia assim como a
satisfação destes foi considerada regular em
50% dos casos. Constatou-se também que
nesta ESF não há o acompanhamento de um
nutricionista, um fator deficiente, visto que
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este profissional poderá atuar no controle de
diabetes e prevenção da mesma através da
orientação de prescrição de um plano
alimentar adequado.
Observou-se que apesar dos agentes
do ESF pesquisado possuírem treinamento,
participarem de palestras e cursos de
aprimoramento profissional, estes têm
dificuldades ao acompanhar o paciente
diabético com problemas alcoólicos, fumo,
uso de drogas e depressão. E apesar da
maioria 50% estar satisfeitos com a
profissão, 16,66% não estão, o ideal seria
que todos se encontrassem satisfeitos, para
que possam realizar seu trabalho de forma
adequada, motivada e eficaz.
Neste sentido, este estudo de
abordagem exploratória cumpriu seus
objetivos de demonstrar as dificuldades que
os agentes comunitários de saúde enfrentam
no dia-a-dia do seu trabalho na prestação de
cuidados aos portadores do Diabetes
Mellitus contribuindo assim para melhora
destes.
Portanto, considera-se importante o
desenvolvimento de mais estudos sobre a
prática dos agentes comunitários nos ESF, e
como os agentes comunitários dos demais
ESF existentes no município de Dourados
vêem sua profissão, bem como a visão dos
mesmos em relação não só a Diabetes
Mellitus, mais também as patologias mais
freqüentes em sua comunidade.
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