Alzheimer:
o paciente e o cuidador do ponto
de vista da Psicologia
Mário Amore Cecchini
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Alzheimer
• Doença progressiva
• Alterações cognitivas e comportamentais
• Três estágios: leve, moderado e grave
• Gradativa perda de autonomia e independência –
conseqüente aumento das necessidades de cuidado
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Fatores de risco
• Etiologia da doença não é conhecida –
genética, acúmulo de proteínas β amilóide,
proteína TAO
• Fatores de risco – idade, histórico familiar,
baixa escolaridade, alterações genéticas,
declínio cognitivo leve, HAS, DM, DLP,
Obesidade, sedentarismo e dieta gordurosa
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Diagnóstico e tratamento
• O tratamento objetiva a lenta evolução da doença,
uma vez que não se conhece a cura
• Importância do diagnóstico em fase inicial!
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Sintomas
• Queixa inicial é a memória, porém afeta outras áreas
cognitivas: pensamento, raciocínio, do senso crítico, funções
executivas
• Paciente com DA podem ter modificações no modo de ser:
apatia, desinteresse, agressividade, desinibição ou inibição.
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O Cuidador
• Papel essencial do cuidador na vida do portador de DA
• Cuidadores: maioria no Brasil, devido a fatores culturais, são
familiares mulheres (filhas e esposas)
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• Constituição: artigo 229: “os filhos maiores têm o dever de
ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”
• Lei nº 8.842 (Política Nacional do Idoso) – estabelece que os
idosos sejam atendidos, prioritariamente, pela própria família
em detrimento da atenção asilar, exceto aqueles que não
possam garantir sua sobrevivência
Mário Amore Cecchini
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Início da doença
• No início a família não sabe o que está
acontecendo diante das manifestações de
déficit do paciente, gerando sentimentos de
hostilidade e irritação. O paciente também
pode perceber as próprias deficiências,
correndo o risco de deprimir-se
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Recebendo o diagnóstico
• Nem sempre é aceito – negação (tentativa de
recuperar a “pessoa de antes”) – é comum os
familiares não aceitarem, mas o cuidador sim conflitos
• Após aceitação, pode haver sensação de
catástrofe
• Podem
ocorrer
três
posicionamentos
indesejáveis: superproteção, evasão da realidade
e expectativas exageradas com relação ao
desempenho do paciente
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• As relações familiares se transformam
• Família é “pega de surpresa”, precisa adaptarse à nova realidade
• Conflitos na relação cuidador e paciente
anteriores à doença (intimidade)
• Os problemas dos cuidadores constituem um
dos aspectos mais importantes da DA (Haley,
1997)
Mário Amore Cecchini
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Decisão de tornar-se cuidador
•
•
•
•
Filho (mais velho, mais novo)
Separado, solteiro, desempregado, morar com os pais
Sentimento de cuidar por obrigação
Muitas vezes isto não é conversado e decidido com a família
Mário Amore Cecchini
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Consequências do Cuidar
• Sobrecarga dos cuidadores é um dos
mais importantes problemas causados
pela demência (Grafstrom et al., 1992.
Taub et al. 2004)
• Cuidadores de pacientes com DA
possuem maiores chances de ter
sintomas psiquiátricos, mais problemas
de saúde, maior frequencia de conflitos
familiares e no trabalho (Cerqueira &
Oliveira, 2002)
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• Sintomas físicos mais comuns no cuidador:
hipertensão arterial, desordens digestivas, doenças
respiratórias e propensão a infecções. Sintomas
psicológicos mais frequentes são: depressão,
ansiedade e insônia (Engelhardt et al., 2005)
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O cuidar
• Assistir ao declínio e à morte do paciente constitui um dos
aspectos mais traumáticos de cuidar
• Aspectos
comportamentais
(alucinações,
delírios,
perambulação, agressividade, depressão, alterações noturnas)
da doença são considerados os que causam maior impacto
nos cuidadores
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Comunicação
• As alterações comportamentais do paciente podem ser uma
tentativa de comunicação, e cabe ao cuidador investigar as
circunstâncias que estão causando esta alteração de atitude,
sendo inútil discutir com o paciente
• O modo como se dá a comunicação deve ser sempre
modificado conforme necessidades do paciente: à medida
que a doença evolui a comunicação se torna cada vez mais
uma linguagem corporal
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Sobrecarga
• Função do cuidador constitui uma experiência
que produz enorme impacto no processo de
viver do cuidador, envolve alterações um sua
saúde física, emocional e social
• Sobrecarga – cuidado contínuo, surge como
algo inesperado, exige conhecimento e
habilidades específicas, intensa jornada de
trabalho
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Sentimentos...
• Mobilização de diversos sentimentos: amor e raiva, paciência
e intolerância, carinho, tristeza, irritação, desânimo, pena,
revolta, insegurança, negativismo, solidão, dúvida quanto aos
cuidados, medos, CULPA.
Mário Amore Cecchini
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Sentimentos...
• Cuidador pode ser levado ao isolamento afetivo e social
• Importância do cuidador se cuidar!
• Maiores níveis de estresse do cuidador relacionam-se à
presença de sintomas neuropsiquiátricos e comportamentais
do paciente, ao grau de comprometimento funcional.
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Saibam que:
• Cuidar é difícil! Cuidar de familiar é mais. De
alguém com DA é mais ainda.
• Muitas vezes a vida é tomada pelo cuidado,
pelo outro – muita disponibilidade – procurar
espaços internos – não esquecer de si!
• Comum: depressão após falecimento do
paciente
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Cuide-se!!!
• Faz toda diferença sofrer sozinho ou
acompanhado
• “Uma alegria compartilhada transforma-se
numa
dupla
alegria;
uma
tristeza
compartilhada em meia tristeza”
Mário Amore Cecchini
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• Importância do diagnóstico em fase inicial,
tanto do ponto de vista do paciente quanto
dos familiares
• Sofrimento para o paciente que possui
consciência de seus déficits e do prognóstico
da doença
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Peça ajuda
• Dividir as tarefas pode ser o maior estímulo para a Qualidade
de Vida do cuidador - Peça ajuda!
• Às vezes os parentes se afastam – às vezes por dificuldade
deles de lidar com a doença, outras pelo próprio cuidador não
permitir a aproximação
• Cuidado para deixar de viver sua própria vida
• Não espere o adoecimento chegar para começar a se cuidar!
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Pensar sobre o próprio
envelhecimento
• Cuidar do idoso coloca aos cuidadores questões que não são
passíveis de solução próprias da condição humana – finitude,
desconstrução...
• Medo de adoecer também
• Medo da dependência e perda da autonomia é maior que o
da morte
• Adoecimento: do ponto de vista psíquico significa interrupção
na continuidade do si-mesmo, ou seja a capacidade de ser
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“A alegria não está nas coisas: está em nós”
Goethe
“Quem olha para fora sonha, quem olha para
dentro acorda”
Carl Gustav Jung
Mário Amore Cecchini
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Obrigado!
Mário Amore Cecchini
Psicólogo – CRI – Norte
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Mário Amore Cecchini
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Bibliografia
• CASSIS, Stella Velasques Anderaos et al. Correlação entre o estresse do cuidador e as características
clínicas do paciente portador de demência. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 53, n. 6, 2007
• CHIOZZA, Luis A. Por que Adoecemos? A história que se oculta no corpo. Ed. Papirus, Campinas. 1987.
• CRUZ, Marília da Nova; HAMDAN, Amer Cavalheiro. O impacto da doença de Alzheimer no cuidador.
Psicol. estud., Maringá, v. 13, n. 2, June 2008
• FREITAS, Iara Cristina Carvalho et al. Convivendo com o portador de Alzheimer: perspectivas do familiar
cuidador. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 61, n. 4, Aug. 2008
• GARRIDO, REGIANE; ALMEIDA, OSVALDO P.. Distúrbios de comportamento em pacientes com
demência: impacto sobre a vida do cuidador. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo, v. 57, n. 2B, June 1999
• GURFINKEL, Decio Psicanálise e Psicossoma: notas a partir do pensamento de Winnicott. In: VOLICH, R.
M., FERRAZ, F. C., ARANTES, M. A. De A. C. (Org.) Psicossoma II: Psicossomática Psicanalítica. Ed. Casa
do Psicólogo, São Paulo. 1998
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Bibliografia
• MAC FADDEN, M.A.J.; RIBEIRO, A.V.. Aspectos psicológicos e hipertensão essencial. Rev. Assoc. Med.
Bras., São Paulo, v. 44, n. 1, Mar. 1998
• NOUYE, Keika; PEDRAZZANI, Elisete Silva; PAVARINI, Sofia Cristina Iost. Octogenários e
cuidadores: perfil sócio-demográfico e correlação da variável qualidade de vida. Texto contexto - enferm.,
Florianópolis, v. 17, n. 2, June 2008
• SAFRA, Gilberto. A Face Estética do Self: teoria e clínica. Ed. Unimarco, São Paulo. 2005.
• SANTANA, Rosimere Ferreira et al . A formação da mensagem na comunicação entre cuidadores e idosos
com demência. Texto contexto - enferm., Florianópolis, v. 17, n. 2, June 2008
• SCHOSSLER, Thaís; CROSSETTI, Maria da Graça. Cuidador domiciliar do idoso e o cuidado de si: uma
análise através da teoria do cuidado humano de Jean Watson. Texto contexto - enferm., Florianópolis, v. 17,
n. 2, June 2008
Mário Amore Cecchini
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Bibliografia
• SENA, Edite Lago da Silva; GONCALVES, Lucia Hisako Takase. Vivências de familiares cuidadores de
pessoas idosas com doença de Alzheimer - Perspectiva da filosofia de Merleau-Ponty. Texto contexto - enferm.,
Florianópolis, v. 17, n. 2, June 2008
• SILVEIRA, Teresinha Mello da; CALDAS, Célia Pereira; CARNEIRO, Terezinha Féres. Cuidando de
idosos altamente dependentes na comunidade: um estudo sobre cuidadores familiares principais. Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 8, Aug. 2006
•WINNICOTT, D. W. Natureza Humana. Ed. Imago, Rio de Janeiro. 1990
•WINNICOTT, D. W. Explorações Psicanalíticas. Ed. Artmed, Porto Alegre. 1994
•WINNICOTT, D. W. Da pediatria à Psicanálise: Obras Escolhidas. Ed. Imago, Rio de Janeiro. 2000
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Mario Amore - Psicólogo