CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO M3 D2 – HIGIENE DO TRABALHO II GUIA DE ESTUDO PARTE V AULA 33 PROFESSOR AUTOR: ENG. JARBAS RIBEIRO PROFESSOR TELEPRESENCIAL: JARBAS RIBEIRO COORDENADOR DE CONTEÚDO: ENG. JOSEVAN URSINE FUDOLI DIRETORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA CAIAFA SALGADO 20 DE MARÇO DE 2012 1 CALENDÁRIO O calendário atualizado da disciplina encontra-se no quadro a seguir. Datas Aulas 2012 Guia de Estudo Textos Complementares de Leitura Obrigatória No Lista Data Data final Exercícios Postagem Resposta 14 fev BARAZZUTTI, LAMARTINE DINIZ. Análise de Parte I gases em locais de trabalho. Disponível Aula 29 em:http://www.progep.furg.br/arquivos/ppra/E_20 08_LAUDO_GASES.pdf 29 15fev 28fev 28fev Parte II Aula 30 30 05 mar 19 mar 06mar Parte III LOPES NETTO, ANDRÉ. Radiações Ionizantes Disponível em: http://sobes.org.br/site/wpaula 31 content/uploads/2009/08/radioion.pdf 31 07 mar 21 mar 32 17 mar 31 mar 33 20 mar 03 abril 13 mar 20 mar O próprio Guia de Estudo Artigo: A radiação ultravioleta e a saúde. Perla Parte IV Garcia Martins, Fisioterapeuta. Acessar o link Aula 32 abaixo: http://www.ck.com.br/materias/88-radiacao-.html Informativo RACCO sobre” Poeira da Exposição à Parte V Poeira”. Disponível no link abaixo: Aula 33 http://www.racconet.com.br/revistas/Infoseg_Edica o26_Perigos_Exposicao_Poeira.pdf Prova do Módulo 3: 15 de maio de 2012 Apresentamos a ementa da Aula 33 de 20/03/2012 Poeira e Particulados. Conceito de poeira. Conceito de particulados. Tamanho das partículas. Limite de tolerância. Média ponderada pelo tempo. Partícula respirável. Partícula inalável. Particulado torácico. Particulado total. Análise gravimétrica. Grupo homogêneo de exposição. Estratégia de amostragem. Coleta de amostras. Análise laboratorial. Efeitos sobre a saúde. Aplicação da NR-15, Anexo 12. Limites de exposição da ACGIH. Instrumentos de medição. Procedimentos de avaliação. Asbesto (NR-15, Anexo 12). Poeira de algodão. Poeira metálica e fumos metálicos. Negro de fumo (NR-15, Anexo 12). Poeiras de madeira. 2 OBJETIVOS DA PARTE V Após o estudo da Parte V – Poeira e particulados - desta Disciplina, esperamos que você seja capaz de: 1. explicar os conceitos básicos de poeiras, particulados e aerodispersóides; 2. descrever os limites de tolerância para poeiras e particulados; 3. descrever a análise estatística de dados; 4. explicar os tipos de poeira e particulados existentes; 5. explicar a formação do grupo homogêneo de exposição; 6. descrever a forma de coleta de dados de campo; 7. identificar os tipos de equipamentos para medição de poeira e particulados; 8. descrever os efeitos e as doenças provocadas pela poeira e particulados; 9. explicar como se realizar a análise laboratorial das amostras; 10. explicar a estratégia de amostragem de poeira particulados. 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. CONCEITOS BÁSICOS 3. TAMANHO DE PARTÍCULAS . Partícula Inalável / Particulado Total . Partícula Torácica . Partícula Respirável 4. EFEITOS SOBRE A SAÚDE 5. LIMITES DE TOLERÂNCIA 5.1 Norma Regulamentadora NR-15, Anexo 12 Poeiras; Asbestos; Fumos Metálicos e Poeiras Metálicas; Negro de Fumo. 5.2 Norma internacional (ACGIH) Efeito Combinado; Brief & Scala; Poeira de Algodão; Poeira de Madeira; PNOS. 6. AVALIAÇÃO DOS AERODISPERSÓIDES (PARTICULADOS) . Estratégia de Amostragem . Grupo Homogêneo de Exposição . Análise Laboratorial . Coleta de Amostras 7. ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS 8. REFERÊNCIAS 4 1. INTRODUÇÃO As poeiras e particulados fazem parte do grupo de agentes químicos presentes em vários segmentos de trabalho, que expõem os trabalhadores a riscos de saúde, sendo responsáveis por doenças que atacam o sistema respiratório. As poeiras e particulados são sólidos e produzidos por ruptura mecânica de um sólido, seja pelo simples manuseio ou proveniente de uma operação mecânica. É importante destacar que a avaliação quantitativa de poeira e particulados se refere à medição no ar, na zona respiratória do trabalhador em atividade ocupacional. 2. CONCEITOS BÁSICOS Particulados ou aerodispersoides Os agentes químicos na forma de partículas, também chamados aerodispersoides ou aerossóis, são “partículas sólidas ou líquidas de tamanho inferior a 100 µ, dispersas no ar do ambiente ocupacional e que podem se manter assim por longo tempo” (LOPES, 2007). Podem provocar danos ao organismo, dependendo do tamanho e do formato das partículas. Partículas com diâmetro inferior a 10 µ são respiráveis, enquanto partículas com tamanho maior do que 10 µ não conseguem penetrar no trato respiratório. Aerodispersoides – é o nome genérico das partículas em suspensão no ar, sendo que a fase contínua ou meio de dispersão é o ar, e a fase descontínua ou dispersa são as partículas (TORLONI, 2003). A concentração dos aerodispersoides é expressa geralmente em mg/m³. Os aerodispersoides são classificados em sólidos e líquidos. As partículas sólidas se subdividem em poeiras, fumaças e fumos metálicos. Os aerodispersoides líquidos se dividem em névoas e neblinas. QUADRO RESUMO DA CLASSIFICAÇÃO DOS AERODISPERSOIDES AERODISPERSOIDES SÓLIDOS Poeiras Fumaças LÍQUIDOS Fumos metálicos Névoas Neblinas Poeiras – são uma suspensão de partículas no ar, gerada mecanicamente e constituída por partículas sólidas, formadas por ruptura mecânica de um sólido. As poeiras são geradas, em diversas situações, tais como: no manuseio de sólidos a granel, como grãos; na forma de pó, como o óxido de zinco ou o negro de fumo; na moagem ou britagem de minérios; na detonação para desmonte de rochas; no corte de madeira por serra circular; no lixamento madeira ou concreto; no peneiramento de materiais orgânicos ou inorgânicos, entre outras formas (TORLONI, 2003). Normalmente o tamanho da partícula varia de 0,1 μm. a 25 μm (1 μm significa 1 micrômetro e é igual a 0,001 mm). 5 Sílica livre cristalizada – A sílica contém átomos de silício e oxigênio em estruturas moleculares diferentes, originando diversas substâncias químicas com características toxicológicas diferentes. A sílica ou o dióxido de silício (SO2) é um dos minerais mais abundantes na natureza, representando cerca de 60% da crosta terrestre. São considerados os mais insolúveis e as substâncias químicas naturais menos reativas. Existe sob a forma cristalina (quartzo, cristobalita e tridimita), criptocristalina (calcedônia, jaspe, sílex) e amorfa (terra diatomácea). A sílica livre cristalizada é encontrada na natureza em abundância e sua fórmula química é constituída por um átomo de silício e dois átomos de hidrogênio (SiO2). A exposição ocupacional à poeira contendo sílica ocorre em diversos ambientes de trabalho e ramos de atividades, tais como: mineração e extração e beneficiamento de calcário, construção civil, fundição, siderúrgicas, indústria de refratários, entres outras. A NR 15, Anexo 12, estabelece limites de tolerância para poeira contendo sílica livre cristalizada, de acordo com as seguintes fórmulas: Limites de tolerância para poeiras Poeira Total: é toda poeira em suspensão existente no ambiente de trabalho: são as poeiras respiráveis e não respiráveis. Poeira Respirável: é aquela cujo diâmetro equivalente é menor que dez micrometros e que obedece à curva de porcentagem de penetração na região alveolar de acordo com o quadro do item 4, Anexo 12 da NR-15. Fumaça – A fumaça é a mistura formada por partículas suspensas no ar, gases e vapores resultantes de combustão incompleta de materiais e contém partículas sólidas de carbono devido à combustão incompleta de materiais orgânicos. As fumaças são partículas sólidas, com tamanho menor que 0,1 µm. 6 Fumos – Fumos são aerodispersóides gerados termicamente e constituídos por partículas sólidas resultantes da condensação de vapores, condensação do estado gasoso advindo da sublimação ou volatilização de um metal, isto é, são geradas termicamente. Ex: solda elétrica, chumbo aquecido a 500ºC, para a soldagem de terminais de baterias; fumos de zinco, resultantes da galvanoplastia. As partículas existentes nos fumos são extremamente pequenas, geralmente abaixo de 1 μm. FOTO DE SOLDAGEM Fibras – São partículas sólidas, produzidas por ruptura mecânica de sólidos, que se diferenciam das poeiras pela forma alongada, com comprimento de três a cinco vezes superior ao seu diâmetro. Uma das fibras muito estudada devido ao seu poder carcinogênico, é o asbesto, definido como “a forma fibrosa dos silicatos minerais pertencentes aos grupos de rochas metamórficas das serpentinas, isto é, a crisotila (asbesto branco) e dos anfibólios, isto é, a actinolita, a amosita (asbesto marrom), a antofilita, a crocidolita (asbesto azul), a tremolita ou qualquer mistura que contenha um dos vários desses minerais” (NR 15, Anexo 12). Névoas – As névoas são gotas entre 0,01 µm e 10 µm, geradas por condensação de um estado gasoso ou pela desintegração de um estado líquido por atomização, ebulição e outros processos. Ex: pintura spray. No caso da aplicação por spray, utilizando-se uma tinta à base de chumbo e solvente orgânico, os agentes químicos presentes serão: a) névoa formada por gotículas de tinta contendo solvente e pigmento à base de chumbo; b) vapor do solvente. As fotos a seguir mostram a pintura a spray e aplicação de agrotóxico. 7 Neblina – Neblina é a suspensão de partículas líquidas no ar, geradas por condensação do vapor de um líquido volátil. Na indústria, “a ocorrência da neblina de um agente químico é muito rara, pois a condensação do vapor no ar só pode ocorrer quando este fica saturado pelo vapor de um líquido, seguindo-se da diminuição da temperatura do ar, provocando, então, a condensação do excesso de vapor presente” (TORLONI, 2003). As neblinas são partículas líquidas, entre 2 µm a 60 µm. 3. TAMANHO DE PARTÍCULAS De acordo com o tamanho das partículas e a região do trato respiratório onde se depositam, os contaminantes particulados podem ser classificados em inaláveis, torácicos e respiráveis. A Convenção Internacional ACGIH / ISSO / CEN (de 1999), estabelece que os limites de exposição ocupacional (LEO’s) para materiais particulados devem ser especificados por fração de tamanhos das partículas. Segundo a Convenção, estas frações são indicadas nas tabelas que se encontram no livreto de TLV’s da ACGIH. Particulado – É a fração de material particulado suspenso no ar, constituída por partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 100 μm, capaz de entrar pelas narinas e pela boca, penetrando no trato respiratório durante a inalação. É apropriada para avaliação do risco ocupacional associado com os materiais suspensos no ar que exercem efeito adverso quando depositados no trato respiratório como um todo. Particulado Torácico – É a fração de material particulado suspenso no ar, constituída por partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 25 μm, capaz de passar pela laringe, entrar pelas vias aéreas superiores e penetrar nas vias aéreas dos pulmões. É apropriada para avaliação do risco ocupacional associado com os materiais suspensos no ar que exercem efeito adverso nas regiões traqueobronquial e de troca de gases. Particulado respirável - É a fração de material particulado suspenso no ar, constituída por partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 10 μm, capaz de penetrar além dos bronquíolos terminais e se depositar na região de troca de gases dos pulmões, causando efeito adverso nesse local. Particulado total – É o material particulado suspenso no ar coletado em porta-filtro de poliestireno de 37 mm de diâmetro, de três peças, com face fechada e orifício para entrada do ar de 4 mm de diâmetro, conhecido como cassete. A coleta de particulado total deve ser utilizada somente quando não houver indicação específica para a coleta de particulado inalável, torácico ou respirável. 8 A figura a seguir, sintetiza a classificação dos particulados por tamanho de partícula. 4. EFEITOS SOBRE A SAÚDE Dependendo da natureza das partículas, da concentração, do tipo de exposição, da toxicidade do agente e da atuação dos mecanismos de defesa, os efeitos no organismo variam e incluem distúrbios, efeitos sistêmicos e alterações genéticas, podendo causar as seguintes patologias: - doenças pulmonares (fibrose, bronquite, asma e câncer). - Infecções no trato respiratório superior pela ação física e química direta sobre a mucosa ou então quando o indivíduo apresenta hipersensibilidade nessa zona do trato respiratório. De acordo com TORLONI, 2003, são frequentes: Perfuração do septo nasal de trabalhadores em galvanoplastia, expostos ao cromo e ao níquel. Rinite aguda provocada pela ação irritante do níquel e do cromo. Rinite alérgica em trabalhadores expostos a grãos, farinhas, aves, animais, plantas, madeiras e fumos metálicos. - efeitos sistêmicos – estes efeitos ocorrem quando o sangue absorve componentes das partículas depositadas nos alvéolos que produzem danos em órgãos e sistemas do corpo humano, como poeiras, névoas, fumos, contendo metais pesadas, tais como: chumbo, manganês, cádmio, pesticidas e radionuclídeos. 9 - asbestose – câncer pela inalação de fibras de asbesto - bissinose – câncer pela inalação de poeira de algodão. - febre – a inalação de fumos metálicos e poeiras de alumínio, cádmio, cobre, ferro, níquel, selênio, prata e estanho podem causar calafrios e febre. 5. LIMITES DE TOLERÂNCIA 5.1 Limites de Exposição para Particulados – Anexo 12 da NR-15 Poeira mineral contendo sílica livre cristalizada A Portaria 3214/78, Norma Regulamentadora 15, Anexo 12 define como limite de tolerância para poeiras minerais contendo sílica livre cristalizada: a) O limite de tolerância para poeira respirável, expresso em mg/m3, é dado pela seguinte fórmula: LT = 8 mg/m³ % quartzo + 2 b) O limite de tolerância para poeira total (frações respirável e não respirável), expresso em mg/m3, é dado pela seguinte fórmula: LT = 24 % quartzo + 3 mg/m³ Sempre deverá ser entendido que “quartzo” significa sílica livre cristalizada. Limite de Tolerância para o asbesto O Limite de Tolerância para todas e quaisquer atividades nas quais os trabalhadores estão expostos ao asbesto no exercício do trabalho está legalmente definido no Anexo n.12 da NR-15 da Portaria n.3.214/78. Entende-se por “exposição ao asbesto” a exposição no trabalho às fibras de asbesto respiráveis ou poeira de asbesto em suspensão no ar originada pelo asbesto ou por minerais, materiais ou produtos que contenham asbesto. Entende-se por "fibras respiráveis de asbesto" aquelas com diâmetro inferior a 3 (três) micrômetros, comprimento maior que 5 (cinco) micrômetros e relação entre comprimento e diâmetro superior a 3:1. A coleta de asbesto é feita com bomba gravimétrica, coletado em filtro de éster celulose, montado em cassete condutivo. A avaliação ambiental será realizada pelo método do filtro de membrana, utilizando-se aumentos de 400 a 500x, com iluminação de contraste de fase. 10 A Norma NHO – 04 da FUNDACENTRO estabelece a metodologia de amostragem de fibras respiráveis de asbesto. Manganês e seus compostos – Anexo 12 NR 15. O limite de tolerância para as operações com manganês e seus compostos, referente à extração, tratamento, moagem, transporte de minério, ou ainda a outras operações com exposição a poeiras do manganês ou de seus compostos é de 5mg/m³ no ar, para jornada de até 8 horas por dia. O limite de tolerância para operações com manganês e seus compostos referente à metalurgia de minerais de manganês, fabricação de compostos de manganês, fabricação de baterias de pilhas secas, fabricação de vidros especiais e cerâmicas, fabricação e uso de eletrodos de solda, fabricação de produtos químicos, tintas e fertilizantes, ou ainda outras operações com exposição a fumos de manganês ou de seus compostos é de até 1mg/m³ no ar, para jornadas de até 8 horas por dia. Negro de Fumo: entende-se por negro de fumo as formas finamente divididas de carbono produzidas pela combustão incompleta ou decomposição térmica de gás natural ou óleo de petróleo. A exposição ao negro de fumo é decorrente da presença deste agente em suspensão no ar, quando do manuseio do mesmo. O limite de tolerância ao negro de fumo é de até 3,5 mg/m³, para uma jornada de 8 horas/dia. Outros fumos e poeiras metálicas: a legislação brasileira só estabelece limites de exposição para alguns poucos elementos, no Anexo 12 da NR 15. No Anexo 11, consta o limite de tolerância do Chumbo que é de 0,1 mg/m³. Sendo assim, muitas vezes, na avaliação de fumos metálicos temos de recorrer aos limites da ACGIH, devidamente corrigidos para a jornada de trabalho nacional. 5.2 Limites de Exposição para Particulados – ACGIH A ACGIH estabelece 3 categorias de limites de exposição: Limite de exposição média ponderada (LEmp) → TLV – TWA (Threshold Limit Value-Time) – Limite para turno de 8 horas ou 40 horas / semanais. Limite de exposição curta exposição (LEce) → TLV-STEL (Threshold Limit Value – Short Term Exposure Limit) - Representa a concentração à qual trabalhadores podem ser expostos continuamente por breves períodos sem sofrer os efeitos. 11 Limite de exposição valor teto (LEvt) → TLV-C (Threshold Limit Value-Ceiling) – Representa a concentração que nunca pode ser excedida, mesmo instantaneamente durante o tempo de trabalho. Para determinar o LEmp faz-se necessário certo número de amostras que permitam o cálculo da média relativa a um ciclo de serviço ou a um turno. A partir de 2000, a ACGIH definiu que: “Para materiais particulados sólidos e líquidos, os TLV’s são expressos em termos de material particulado total, exceto onde os termos massa inalável, torácica ou respirável são usados.” Limite de exposição para efeitos combinados Devem ser utilizados quando os efeitos independentes não foram ultrapassados e na certeza de que existe sinergia entre os contaminantes presentes no ambiente. Consiste na realização de somatório das concentrações dos metais divididos pelos respectivos limites de tolerância. O resultado desta soma não deve exceder a unidade. Caso contrário, o limite será considerado como excedido. Exemplo: Feita a coleta de fumos metálicos provenientes de operação de soldagem, obtiveram-se os seguintes dados: Concentração de Ni = 0,3 mg/m3 (LT = 0,88 mg/m3) Concentração de Zn = 2,4 mg/m3 (LT = 4,4 mg/m3) Concentração de Cu = 0,05 mg/m3 (LT = 0,176 mg/m3) Aplicando o conceito de Efeitos Combinados, teremos: Como ∑ Cn / Tn > 1, conclui-se que os limites de tolerância para fumos metálicos foi ultrapassado de acordo com o conceito de efeitos combinados. 12 Poeira de Algodão A exposição à poeira de algodão produz uma enfermidade denominada bissinose, que também pode ser produzida por outros tipos de fibras, como o linho ou o cânhamo. A exposição ocupacional à poeira de algodão ocorre mais frequentemente na fabricação de tecidos. A NR-15 não estabelece Limite de Tolerância para exposição ocupacional à poeira de algodão. A ACGIH recomenda o limite de 0,02 mg/m³ para poeira de algodão cru, devendo a concentração ser obtida por meio de elutriador vertical. Esse limite de tolerância deverá ser corrigido para a jornada de trabalho brasileira através de Brief & Scala, conforme visto anteriormente. O meio de coleta é o filtro de PVC de 5,0 μm de poro e 37 mm de diâmetro montado em cassete de poliestireno, deve ser utilizado o filtro aberto, ou seja, sem a peça superior do cassete (usar cassete de 3 peças). O instrumento usado na coleta é o elutriador vertical. Exemplo: (Manual Prático de Higiene Ocupacional – Tuffi Messias Saliba) Exemplo prático: Foi realizada uma amostragem de poeira de algodão no setor de uma fábrica têxtil, tendo sido obtidos os seguintes dados: - Vazão (Q) = 7,4 l/min - tempo de amostragem = 150 minutos - Massa de amostragem = 0,25 mg Pergunta-se: Há risco de exposição à poeira de algodão? a) Volume amostrado em m³ V=Qxt → 1000 V = 7,4 x 150 → V = 1,11 m³ 1000 13 b) Concentração de poeira de algodão C = Ma → Va C = 0,25 → 1,11 C = 0,23 mg/m³ c) Limite de Tolerância Recomendado pela ACGIH é igual a 0,20 mg/m³. Aplicando-se Brief & Scala, teremos : 0,20 x 0,88 = 0,176 mg/m³. d) Conclusão A concentração de poeira de algodão obtida com o elutriador vertical foi superior ao limite de tolerância 0,18 mg/m³ recomendado pela ACGIH. Poeira de Madeira O meio de coleta é o mesmo da sílica livre cristalizada (filtro de PVC de 5,0 μm de porosidade montado em cassete de 37 mm de diâmetro), conectado a uma bomba gravimétrica (devidamente calibrada), com uma vazão de 1,50 – 2,00 l/min. A análise da amostra é feita por gravimetria com a pesagem do filtro antes e depois da coleta. Os limites de tolerância recomendados pela ACGIH são: 0,88 mg/m³ já corrigido para a jornada brasileira, para certas madeiras duras; 4,4 mg/m³ já corrigido para a jornada brasileira, para madeiras macias. PNOS – Partículas que são especificadas de outra maneira O critério não pode ser aplicado para qualquer Material Particulado suspenso no ar. PNOS são poeiras, as quais: 1 2 3 4 5 6 - ficam excluídos os riscos de sílica e asbesto, – são de substâncias que não possuem nenhum TLV aplicável, – são insolúveis ou fracamente solúveis em água (e fluidos pulmonares), – tenham baixa toxicidade, – não sejam ionizantes, – não causam imunosensibilização ou outros efeitos tóxicos que não sejam inflamação ou “sobrecarga pulmonar”. (íntegra do Livreto dos TLVs da ACGIH, Anexo B) A ACGIH acredita que as partículas insolúveis ou fracamente solúveis, mesmo que biologicamente inertes, podem causar efeitos adversos e recomenda 14 que as concentrações ambientais devam ser mantidas abaixo de 3,0 mg/m³, para partículas respiráveis e 10 mg/m³, para partículas inaláveis (aplicar Brief & Scala para a jornada brasileira), até que seja estabelecido o limite de tolerância para uma substância em particular. Os instrumentos utilizados e o meio de coleta são os mesmos da poeira de sílica livre cristalizada, utilizando uma vazão de 1,50 l/min. 6. AVALIAÇÃO DE AERODISPERSOIDES (PARTICULADOS) Para avaliar o grau de exposição do trabalhador às poeiras, bem como para qualquer material particulado, é necessário medir a CONCENTRAÇÃO das mesmas na zona respiratória (aproximadamente 20 cm do nariz) e comparar com os limites de exposição encontrados, por exemplo, na NR-15 da Portaria n° 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego, nos valores de referência ou, nas publicações da ACGIH, mais precisamente nas edições anuais dos Limites de Exposição (TLVs) para Substâncias Químicas. CONCENTRAÇÃO = Massa ou peso da amostra (mg) Volume de ar amostrado (m³) Portanto, para avaliar o risco de exposição a particulados em um ambiente de trabalho, deve-se determinar, da forma mais correta possível, a concentração do aerossol em suspensão, cuidando para que as medições sejam efetuadas com aparelhagem adequada e em perfeitas condições de operação e que sejam o mais representativas da exposição real a que estão submetidos os trabalhadores. O tempo de exposição deve ser estabelecido através de uma análise da tarefa do trabalhador. Esta análise deverá incluir todos os movimentos efetuados durante as operações normais, incluindo os tempos de descanso e movimentação fora do local de trabalho propriamente dito. Estratégia de Amostragem A avaliação da exposição exige um planejamento prévio da Estratégia de Amostragem antes da coleta da primeira amostra. A estratégia de amostragem permite embasar afirmações, minimiza o esforço necessário para decidir se uma situação está ou não satisfatória e discute questões práticas que surgem ao avaliar a exposição: quais trabalhadores deverão ter a sua exposição avaliada; onde colocar o dispositivo de amostragem; quantas amostras devem ser tomadas em cada dia de trabalho; quanto tempo deve durar cada amostragem; quantas jornadas devem ser avaliadas durante o ano e quando? Grupo Homogêneo de Exposição: Havendo a possibilidade de se agruparem trabalhadores que apresentem iguais características de exposição, a avaliação pode considerar um número menor 15 de amostragens, desde que estas sejam suficientes para a caracterização da situação de exposição do grupo considerado. Desta forma podem ser estabelecidos GHE – Grupos Homogêneos de Exposição, os quais seriam representados por um ou mais trabalhadores que representem a exposição “típica” do referido grupo. Usualmente isso poderá ser conseguido para uma mesma função operacional dentro do ambiente. Análise Laboratorial O laboratório responsável pelas análises das amostras coletadas no campo deve ainda dispor de metodologia validada para as análises, ou seja, utilizar métodos reconhecidos ou recomendados, utilizar padrões certificados, geradores de atmosfera padrão e seguir os protocolos de validação recomendados por entidades reconhecidas, verificando a estabilidade, condições de armazenamento, recuperação, sensibilidade, precisão, exatidão, saturação etc., além de seguir ainda programas de controle de qualidade intra e extralaboratorial, o que determina a confiabilidade dos resultados (CHASIN et al., 1994; AZEVEDO e COLACIOPPO,1986). Dentre os tipos de análise praticados pelos laboratórios atualmente, destacam- se os seguintes: * Volume – Partindo-se de uma solução com volume conhecido e fazendo-se a leitura do volume final, após a amostragem, determina-se o volume do contaminante, pela diferença entre o volume inicial e o final; * Titulação – Partindo-se de uma solução com pH conhecido e fazendo-se a leitura após a amostragem, determina-se a massa ou volume do contaminante pela alteração no valor do pH e comparação com a curva de calibração do medidor; * Gravimetria – Pesa-se o amostrador antes e depois da amostragem e comparam-se os valores de massa, sendo a diferença entre as pesagens a massa de contaminante; * Precipitação – Provoca-se a separação de fases em uma solução e determina-se o volume do contaminante contido na solução; * Extração – Extrai-se de um meio sólido ou líquido, através da adição de um solvente, e determina-se o volume ou a massa do contaminante extraído; * Espectrofotometria de Infravermelho, Ultravioleta e/ou Luz Visível – Prepara-se a amostra e faz-se a leitura da absorção ou dispersão de uma onda com comprimento nas faixas do infravermelho, ultravioleta ou luz visível, que é aplicada na amostra. O resultado da absorção ou dispersão é proporcional à quantidade de contaminante contido na amostra. O resultado da leitura é comparado com a curva de calibração; * Difração de Raio X - Prepara-se a amostra e faz-se a leitura da difração do Raio-X que incide no material da amostra. O resultado da difração é proporcional à 16 quantidade de contaminante contido na amostra. O resultado da leitura é comparado com a curva de calibração; * Espectrofotometria de Absorção Atômica - Prepara-se a amostra e faz-se a leitura da característica do espectro de radiação do material contido na amostra. O resultado é obtido pela característica do espectro, que identifica a substância em si, e pela variação do espectro, que determina a quantidade. A massa ou volume contido na amostra é determinado pela comparação do espectro obtido na análise com o da curva de calibração; * Cromatografia Gasosa – Prepara-se a amostra e faz-se a leitura do tempo de retenção da substância que é injetada em uma coluna interna do instrumento. O tempo de retenção na coluna, entre a injeção e a saída de cada elemento, determina o tipo de substância encontrada na amostra. O resultado da leitura é comparado com a curva de calibração, determinando a massa da substância. Coleta de Amostras Conforme NHO-08 da FUNDACENTRO - No planejamento da coleta das amostras há necessidade de se estabelecerem os locais de trabalho e as situações de exposição a serem avaliados, com os respectivos tipos de coleta, os tempos de coleta e o número e tipo de amostras, assim como o laboratório que realizará a análise das amostras. Recomenda-se uma avaliação quantitativa preliminar para um melhor planejamento da coleta. Neste tipo de avaliação deve-se coletar, pelo menos, uma amostra em cada situação de exposição ou local de trabalho a ser avaliado, para determinar o tempo de coleta de cada amostra, a quantidade de amostras e o período total da coleta. Instrumental Necessário Bomba de amostragem que forneça uma vazão de ar entre 0,5 a 5 litros por minuto, provida de um sistema de controle de vazão e fonte de alimentação elétrica independente. Este equipamento também é conhecido como AMOSTRADOR GRAVIMÉTRICO. 17 Porta-filtro ou Cassete: conjunto para retenção da amostra, composto por um suporte de poliestireno diâmetro de 25 ou 37 mm de 2 ou 3 peças, contendo um suporte de papelão para o filtro. Filtro-membrana: filtro de malha rígida, de material polímero, na forma de uma película, com poros de tamanho uniforme determinados com precisão, confeccionados em variados materiais, tais como: Éster-celulose para metais, fumos de solda, asbestos e outras fibras; PVC para sílica, cromatos e análises gravimétricas de poeiras totais e respiráveis Teflon para pesticidas, névoas de ácidos e solventes; Membrana de prata para brometos, cloretos e demethon; Fibra de vidro para análises gravimétricas de pesticidas e isocianatos. Ciclone: dispositivo usado no equipamento de amostragem para separação de partículas sólidas contidas no fluxo de ar, em tamanhos pré-definidos, padrão de 10 mm que separe as partículas com as seguintes características de granulometria: ** Cronômetro de boa qualidade com precisão mínima de 1 segundo. ** Barômetro portátil. ** Termômetro de precisão mínima de 1ºC. Calibração do Equipamento A bomba de amostragem deve ser calibrada antes e depois da avaliação, para ajuste e verificação da manutenção da vazão. Variações acima de um determinado percentual entre a vazão inicial e final podem prejudicar e até mesmo invalidar a amostragem. 18 Os métodos mais utilizados são: Método da Bolha de Sabão: que consiste no emprego de uma bureta de 1000 ml invertida e graduada, ligada à linha de sucção da bomba, com ciclone conectado em série com o porta-filtro, no caso de coleta de poeira respirável, ou com o kitazato conectado em série com o porta-filtro e a bureta, para conter a umidade proveniente da bolha de sabão, no caso de coleta de poeira total. As etapas básicas para calibração através do método da bolha de sabão são: a) ligar a bomba gravimétrica durante 15 a 20 minutos para estabilização da voltagem; b) medir a voltagem e verificar junto ao manual da bomba se a mesma está dentro das especificações do fabricante; c) fazer teste de vazamento da bomba, certificando, se for o caso, o rotâmetro; d) acoplar a bomba à bureta, através da mangueira; e) umedecer a bureta com bolhas de sabão de modo a lubrificar a parte interna da mesma; f) tomar uma bolha e cronometrar o tempo de percurso de 0 (zero) a 1000 ml. O tempo que a bolha deve levar para percorrer a bureta é função do volume e vazão requeridos: Q = V / t → t = (V / Q) x 60 onde: Q = vazão (l/min) V = volume (l) t = tempo (min) Para avaliação de poeira respirável, utilizando o ciclone, a vazão requerida, segundo a norma NHT-02 A/E da FUNDACENTRO é 1,7 l/min. Para avaliação de poeira total (sem ciclone), poeiras metálicas e fumos, a vazão requerida, segundo a mesma norma é 1,5 l/min. Quanto à avaliação de outros contaminantes não citados na norma da FUNDACENTRO, sugere-se consultar os métodos padronizados do NIOSH, em sua publicação Manual of Analitycal Methods. A figura abaixo mostra o sistema de calibração para poeira e particulados, normatizado pela FUNDACENTRO, através da norma NHO 07. 19 Sistema de calibração do amostrador para poeira respirável e total Procedimento para coleta de particulado contendo sílica livre: Exemplo 1: (Manual Prático de Higiene Ocupacional – Tuffi Messias Saliba) No setor de abastecimento de areia de fundição de uma empresa X, foi feita uma amostragem de poeira total, onde o equipamento foi instalado em um empregado com a função de Auxiliar de Abastecimento. Foram obtidos os seguintes dados: - Massa inicial (mi) = 14,0 mg - Massa final (MF) = 14,8 mg - Vazão inicial = 1,50 l/min - Vazão final = 1,40 l/min - Tempo inicial = 12:00 horas - Tempo final = 17:00 horas - % SiO2 (sílica livre) = 4% Com base nos dados, a análise e a interpretação são feitas da seguinte maneira: 1) Massa da amostra (ma) Ma = mf – mi → Ma = 14,8 – 14,0 = 0,8 mg Esse dado normalmente é fornecido pelo laboratório. 2) Vazão media (Qm) Qm = (Qi + Qf) / 2 → Qm = (1,50 + 1,40) / 2 = 1,45 l/min 3) Tempo de amostragem (Ta) 20 Ta = Tf – Ti → Ta = 17 – 12 = 5 horas = 5 x 60 min = 300 minutos 4) Volume amostrado (m³) Va = Qm x Ta → Va = 1,45 x 300 = 0,435 m³ 1000 1000 5) Concentração C = Ma → C = 0,8 = 1,84 mg/m³ Va 0,435 6) Limite de Tolerância O limite de tolerância para a poeira total estabelecido pela NR-15 é: LT = 24 % quartzo + 3 = 24 = 4+3 3,42 mg/m³ Conclusão: A concentração de poeira total (1,84 mg/m³) é inferior ao Limite de Tolerância fixado pelo Anexo 12, NR-15, Portaria 3.214/78 (3,42 mg/m³). Exemplo 2: (Manual Prático de Higiene Ocupacional – Tuffi Messias Saliba) Em uma empresa X foram realizadas coletas de amostra de poeira respirável, visando caracterizar a exposição à poeira do Ajudante de Britador de calcário, obtendo-se os seguintes dados: - Massa inicial = 14,0 mg - Massa final = 15,4 mg - Vazão média = 1,70 l/min - Tempo de amostragem = 5 horas e 30 minutos - % quartzo (sílica livre) = 2% A análise e interpretação dos dados são feitas da seguinte maneira: 1) Massa da amostra (Ma) Ma = 15,4 – 14,0 = 1,4 mg 2) Tempo de amostragem (Ta) Ta = 5 x 60 + 30 = 330 minutos 3) Volume amostrado (Va) Va = Qm x Ta → Va = 1,70 x 330 = 0,561 m³ 1000 1000 4) Concentração 21 C = Ma Va → C = 1,40 = 2,49 mg/m³ 0,561 5) Limite de Tolerância O limite de tolerância para poeira respirável estabelecido pela NR-15 é: LT = 8 % quartzo + 2 = 8 = 2+2 2,0 mg/m³ Conclusão: A concentração de poeira respirável (2,49 mg/m³) superou o limite de tolerância estabelecido na NR-15, Anexo 12, Portaria 3.214/78 (2,0 mg/m³). Critério ACGIH 1 – Massa de quartzo = % de quartzo x Ma 100 2 x 1,40 = 0,028 mg de quartzo 100 2 – Concentração de quartzo C = massa de quartzo → 0,028 = 0,05 mg/m³ Va 0,561 3 – Limite de Tolerância O limite de tolerância recomendado pela ACGIH(2006) é 0,025 mg/m³, corrigido para a jornada de trabalho brasileira teremos: LT = 0,025 x 0,88 = 0,022 mg/m³ Conclusão: A concentração de quartzo (0,05 mg/m³), encontra-se acima do Limite de Tolerância da ACGIH (0,022 mg/m³). Procedimento para coleta de particulado contendo Negro de Fumo: A Portaria nº. 9 de 9/10/1992 do M.T.E. estabelece a seguinte metodologia para quantificar o Negro de Fumo: “ A avaliação ambiental para determinar a exposição ao negro de fumo, deve ser feita através de medições (Média Ponderada de Tempo), com uma duração mínima de 360 minutos, na zona respiratória do trabalhador, usando-se para tal, bomba de coleta de alto fluxo, calibrada a 2,0 l/min, filtro membrana de PVC de diâmetro de 37 mm e 5,0 μm de porosidade e suporte de metal ou papelão de 37 mm analisado por gravimetria.” 22 Exemplo: Foi realizada uma amostragem de negro de fumo no preparador do setor de mistura de matérias-primas de fabricação da borracha, tendo sido obtido os seguintes dados: - Vazão média = 2,0 l/min - Tempo de amostragem = 200 min. - Massa da amostram= 1,0 mg Análise e interpretação dos dados: Va = Qm x Ta → 2,0 x 200 → Va = 0,40 m³ 1000 1000 C = Ma → C = 1,0 → C = 2,5 mg/m³ Va 0,4 Conclusão: A concentração de Negro de Fumo obtida (2,5 mg/m³) foi inferior ao Limite de Tolerância estabelecido pelo Anexo 11 da NR-15, Portaria 3.214/78 do M.T.E. (3,5 mg/m³). Procedimento para coleta de Partículas Incômodas PNOS: a) O equipamento de amostragem deve ser preparado de acordo com as instruções do fabricante. b) Preparar o porta-filtro padrão com um suporte de papelão e um filtro-membrana de PVC, pré-pesado, com 37 mm de diâmetro, para determinações gravimétricas. O poro do filtro é definido conforme o material particulado a ser coletado, atendendo ao disposto nas normas do NIOSH – National Institute of Occupational Safety and Health quando houver. c) Ligar o porta-filtro padrão, através da mangueira, diretamente à bomba de amostragem, para a coleta de particulado total. d) Ajustar a vazão da bomba de amostragem para 1,5 l/min., conforme instruções do fabricante e/ou procedimentos normativos, a menos que haja recomendação específica de outra vazão inicial em função do tipo de partícula a ser coletada. Exemplo: Foi realizada uma amostragem de poeira respirável no Ensacador de uma Fábrica de cimento, obtendo-se os seguintes dados: - Vazão média = 1,70 l/min - Massa da amostra = 1,0 mg - Tempo de amostragem = 200 minutos - % de sílica livre = 0,05% 23 Com base nos dados, verificar se o limite de tolerância foi superado e apresentar conclusões. a) Volume amostrado (Va) Va = Qm x Ta → 1,70 x200 = 0,340 m³ 1000 1000 b) Concentração C = Ma → 1,0 = 2,94 mg/m³ Va 0,340 c) Limite de Tolerância O limite de tolerância recomendado pela ACGIH para PNOS respirável é de 2,64 mg/m³, devidamente corrigido para a jornada de trabalho brasileira. Preenchimento da Planilha de Campo Devem ser registradas as seguintes informações em uma planilha de campo: · o número da bomba de amostragem; · o código do filtro; · o horário em que a bomba de amostragem foi ligada e desligada; · o nome do trabalhador avaliado, seu cargo e atividades realizadas na amostragem; · a identificação do posto de trabalho e suas características físicas; · a pressão atmosférica e a temperatura do ar do local de avaliação; · as fontes geradoras do particulado amostrado; · os dispositivos de proteção existentes e os EPI utilizados pelo trabalhador avaliado; · outras informações que o responsável pela avaliação julgar necessárias. 7. ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS O trabalho de higiene ocupacional, para ser mais completo e confiável, refletindo a realidade da exposição efetiva do trabalhador, não deverá se ater a apenas uma avaliação quantitativa. 24 Deverão ser coletadas amostras de particulados, em dias e turnos aleatórios, de modo que sejam levados em consideração todos os parâmetros que interferem na concentração do agente pesquisado. Existem estudos que ajudam a determinar o número mínimo de amostras para se obter o máximo de representatividade, geralmente com índice de confiabilidade variando entre 90 e 95%. Estes estudos devem ser levados em conta na etapa de planejamento das avaliações, onde será definida a melhor estratégia de amostragem para cada situação. 8. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Giovanni Moraes de e BENITO, Juarez Normas Regulamentadoras Comentadas. Rio de Janeiro: Edição dos autores, 2011. SALIBA, Tuffi Messias. Manual Prático de Higiene Ocupacional e PPRA. Belo Horizonte: Ed. Astec, 2009. TORLONI, Maurício. Manual de Proteção Respiratória. São Paulo: Ed. Fundacentro, 2003. SILVA, Armando Lopes da Silva Filho. Segurança Química. São Paulo: Ed. LTR, 2008. LOPES, Armando Lopes. Segurança Química. São Paulo: Ed LTR, 2007. MORAES, Giovanni Araújo. Segurança na Armazenagem, Manuseio e transporte de Produtos Perigosos. Rio de Janeiro: Editora GVC, 2005. 25