Logística Reversa: uma ferramenta competitiva para as empresas Rozilene Lima RESUMO Este trabalho discute a importância da logística reversa e suas influências na tomada de decisões estratégicas das empresas. A logística passou por muitas mudanças nas últimas décadas, ganhando agora uma visão mais aprofundada e tornando-se uma ferramenta de competitividade entre as empresas ao incluir a preservação do meio ambiente. Essa visão tem impactos em diversos planos: da cadeia de fornecedores aos processos internos. Envolve a documentação de todas as atividades, o estudo dos diversos impactos e como preveni-los desde o projeto, protótipo, produção, consumo e disposição final. Inclui também o monitoramento de todo o ciclo anterior para a correção. O uso de informações de toda a cadeia de negócios também está inserido nas demandas a serem atendidas, desde o planejamento, coleta de resíduos, e informações para que os clientes contribuam nas medidas mitigadoras. Os negócios também devem considerar as diversas exigências da legislação ambiental considerando a Política nacional de resíduos sólidos (PNRS), (lei nº. 12.305, em anexo), que foi sancionada em 2 de agosto de 2010, que demorou 21 anos para ser aprovada o que prova as dificuldades das leis em nosso país. Neste trabalho foi feito uma entrevista com o assessor técnico da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, para verificar como a secretaria apóia as empresas para que implantem efetivamente a logística reversa em seus processos produtivos. Palavras-Chave: Logística Empresarial. Logística Reversa. Competitividade. Canais de Distribuição Reversos. ABSTRACT This paper discusses the importance of reverse logistics and its influence on strategic decisions of companies. Logistics has undergone many changes in recent decades, now gaining further insight and become a tool of competitiveness among companies to include the preservation of the environment. This view has impacts on many levels: the supply chain processes. The article involves the documentation of all activities, the study of the various impacts and how to prevent them from design, prototype, production, consumption and disposal. It also includes the monitoring of all the previous cycle for the correction. The use of information from across the business chain is also inserted in the demands to be met, from planning, waste collection, and information for customers to contribute in the mitigation measures. Businesses should also consider the different requirements of environmental legislation considering the National Policy on Solid Waste (PNRS), (Law n º. 12,305, attached), which was signed into law on August 2, 2010, it took 21 years to be adopted as proof that the difficulties of the laws in our country. 136 This work was done an interview with the technical advisor to the Department of the Environment of the State of São Paulo, to see how the department supports companies to deploy effectively reverse logistics in their production processes. Keywords: Business Logistics. Reverse Logistics. Competitiveness. Distribution Channels reverse. INTRODUÇÃO No cenário atual meio ambiente e sustentabilidade ganham destaque. A sociedade e as empresas parecem estar se conscientizando da demanda intelectual sobre a gestão empresarial que esse momento gera. A logística reversa exige um acervo de conhecimento amplo desde o domínio em detalhe dos processos de produção das formas de disposição de resíduos, do consumo de energia e da distribuição para em conjunto reduzir os impactos do consumo. Ao mesmo tempo, as organizações não podem perder de vista a sua vocação comercial, o atendimento dos desejos e necessidades dos clientes. Mais do que um desafio, o que o momento exige é a melhor disposição do conhecimento para combinar retorno para as empresas com a preservação ambiental. Para preservar o meio ambiente as organizações devem se preocupar com os produtos desde a sua elaboração, pois o que mais afeta o meio ambiente nos dias atuais é produto de decisões tomadas no passado, como por exemplo: são as embalagens dos produtos que consumimos, e as empresas devem cada vez mais se empenhar na criação de novas embalagens por meio de novas tecnologias, reduzindo o volume, o tamanho, e os componentes mais agressivos dos bens consumidos. Inclui-se também a ajuda da logística reversa, que considera os efeitos antes de lançar qualquer produto, antecipa os seus efeitos no ambiente. Portanto, essas demandas geram uma gestão mais competente que contribui para a competitividade das empresas. Como conseqüência, a logística reversa ainda permite o reaproveitamento das embalagens dos resíduos, contribuindo para a indústria da reciclagem. 137 Esse trabalho inclui a logística reversa como o instrumento estratégico das empresas para se reorganizarem para incluir afetivamente a gestão ambiental como instrumento de competitividade. 1–METODOLOGIA DE PESQUISA A preocupação com a metodologia de pesquisa é fundamental para orientar a elaboração do pesquisador e apresentar os limites de aplicação. O pesquisador deve de início entender a natureza do tipo de pesquisa para melhor organizar o seu esforço, recursos e tempo. Permite também o entendimento dos limites das suas conclusões. Neste trabalho, foram utilizadas as pesquisas: bibliográficas, explicativas, descritivas, exploratórias, e o estudo de caso da empresa (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo). 1.1. Métodos de Pesquisa Os métodos de pesquisa têm como objetivo proporcionar ou não respostas aos problemas propostos. A pesquisa pode ser realizada quando o pesquisador procura informações que não estão a sua disposição, ou quando as informações estão em desordem que não possam ser adequadamente relacionadas ao problema. 1.1.1. Pesquisa Bibliográfica A pesquisa bibliográfica tem como ferramenta principal o enriquecimento de nosso conhecimento com obras, pesquisas e trabalhos elaborados anteriormente sobre o tema. É feita a partir de materiais elaborados anteriormente: livros, revistas, folhetos, teses e outros. Sendo assim, o pesquisador terá sua base de informações, com idéias de vários autores que já estudaram o caso, organizando, resumindo e adquirindo assim, conhecimento. 138 1.1.2. Pesquisa Descritiva A pesquisa descritiva tem como objetivo coletar dados e fatos ocorridos no ambiente estudado, utilizando-se de entrevistas, questionários, formulários e observação. Seu objetivo é classificar, explicar e interpretar o que ocorre no ambiente ou tema estudado. Coletar dados é uma das funções desse tipo de pesquisa, que usa a observação, a entrevista, o questionário e o formulário. 1.1.3. Pesquisa Exploratória A pesquisa exploratória tem como objetivo explorar determinados assuntos em volta do tema escolhido, buscando todas as informações pertinentes ao caso estudado. É o passo inicial de uma pesquisa e serve para estudar casos especiais ou pouco explorados, tornando-se difícil formular dados precisos e operacionalizáveis, devido ao fato de que não foi comentado tanto anteriormente. Este trabalho, por se tratar de um tema pouco explorado por outros autores, é um caso especial em que a coleta de informações é escassa, restringindo um pouco os dados a serem coletados. 1.1.4. Pesquisa Explicativa A pesquisa explicativa além de buscar explicar as razões das coisas, registra e analisa o tema estudado, buscando as causas dos fatos ocorridos em volta do assunto em estudo. É aquela que analisa os fatos com muita precisão, em busca de explicar na prática, o dia-a-dia, trazendo informações precisas sobre o assunto. 1.2. Estudo de Caso O estudo de caso é um método que permite ao pesquisador explorar o tema com mais precisão e detalhamento, tem como objetivo avaliar profundamente os tópicos envolvendo análises e idéias sobre o tema 139 escolhido, de maneira a adquirir conhecimento pormenorizado sobre o tema que esta sendo estudado. Neste trabalho foi utilizada a pesquisa exploratória, que tem por objetivo explorar determinados assuntos em volta do tema, e foi escolhida porque o tema se trata de um assunto novo, e não tem tantos materiais falando sobre ele. 2. CONCEITOS DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL E REVERSA O primeiro passo é conceituar a logística empresarial e a reversa para a melhor compreensão da última. 2.1. Definição de Logística Empresarial A logística empresarial envolve todas as áreas da empresa, ajuda a organizar as operações rotineiras e faz com que se desenvolva e atinja objetivos para que se possa atender o mercado consumidor, no tempo e local certo com boa qualidade na prestação de serviço. Dessa forma, agrega valor com eficiência e infra-estrutura, para atender o cliente e satisfazer plenamente suas necessidades. Com isto a empresa pode praticar a gestão moderna e atual, utilizando para isto novas tecnologias. Para Leite (2009, p.2) “A logística pode ser entendida como uma das mais antigas e inerentes atividades humanas na medida em que sua principal missão é disponibilizar bens e serviços que são gerados pela sociedade”, em locais, tempos, e nas quantidades e qualidade necessária para quem for utilizálas. De acordo com Ballou (2006, p.26) “A logística empresarial é um campo relativamente do estudo da gestão integrada, das áreas tradicionais das finanças, marketing e produção”. É do conceito que a logística procura agregar valor a produtos e serviços essenciais para satisfazer o cliente e aumentar as vendas. A figura a seguir identifica as quatro áreas onde a logística empresarial atua. 140 Mercado Fornecedor Organização Logística de Logística de Suprimentos apoio á Mercado Consumidor Logística de Distribuição Manufatura Reintegração ao Ciclo de Negócios ou Produtivo Logística Reversa Pós-Venda Pós-Consumo FIGURA1 - Áreas de atuação da logística empresarial Fonte, Leite (2009, p.4) Podemos entender que a logística é uma das atividades mais antigas. Ela se desenvolveu ao passar dos tempos e se tornou fundamental para as empresas. Nos dias de hoje, ela trabalha de diversas formas: prestando apoio à área de marketing em suas decisões logísticas. Dessa maneira, as empresas podem utilizá-la como ferramenta para dar continuidade ao negócio, utilizando equipamentos modernos e atendendo as expectativas de seus clientes com qualidade e no tempo certo. 2.2. Definição Logística Reversa A logística reversa diz respeito ao retorno dos materiais ao ciclo produtivo quando estes já não têm mais uso, ou por algum motivo teve de retornar, seja por defeito ou por fim de vida útil. Pode ser definida por logística reversa de pós-consumo, que é quando os produtos encerram seu fim de vida útil e precisam ser descartados, e de pós-venda quando os produtos com pouco ou nenhum uso precisam voltar a área de suprimentos, maiores detalhes no próximo capítulo. Dentro das empresas os canais reversos são necessários devido ao aumento da descartabilidade dos produtos em geral, e com a crescente preocupação ecológica e as criações de legislações ambientais, colaboram para as empresas se tornarem mais competitivas, e ambientalmente 141 corretas. Como resultado, ela atende esse novo cliente, seja para cumprir com as leis ambientais ou visão de negócios. Para Mansor, a logística reversa é definida como: Um instrumento de desenvolvimento socioeconômico e de gerenciamento ambiental, caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios, destinados a facilitar a coleta e restituição dos resíduos sólidos aos seus produtores, para que sejam tratados ou reaproveitados em novos produtos, na forma de novos insumos, em seu ciclo ou em outros produtivos, visando a não geração de rejeitos. (MANSOR et. al. 2010, p. 25). A figura abaixo ilustra como funciona a logística reversa. Comércio Bens de Pós-venda Garantia/ Qualidade Indústria Resíduos Industriais Comerciais Substituição de Componentes Bens de Pós-Consumo Fim de Vida Útil Em Condições de Uso Reuso Conserto Reforma Estoques Validade de produtos Desmanche Componentes Retorno ao ciclo de Negócios Mercado Secundário De Bens Disposição Final Reciclagem Mercado Secundário de Matérias- primas Mercado de Segunda mão Remanufatura Mercado Secundário de Componentes Retorno ao Ciclo Produtivo FIGURA 2- Foco da Atuação da Logística Reversa Fonte: Leite (2002b) 142 De forma mais simples, é possível explicar que a logística reversa na medida se preocupa com o desenvolvimento integral das empresas, ao incorporar ao seu gerenciamento o descarte dos seus resíduos sólidos de forma consciente, através da reciclagem, reutilização, preocupação no desenvolvimento de novas embalagens retornáveis. Inclui também os canais reversos de pós-venda e pós-consumo, se antecipa as leis ambientais e reduz custos. Outro benefício desta prática é a melhoria de sua imagem. Sendo assim, a conscientização e envolvimento de todos na cadeia produtiva, traz resultados compensadores. 2.3. Da Logística Empresarial à Reversa A logística empresarial é muito importante para as empresas e se desenvolveu com o passar dos tempos. Atualmente a logística faz parte do processo estratégico das organizações, e a logística reversa vem integrar a mais nova área da logística, cuidando dos produtos para que retorne a seu ciclo produtivo quando cessar seu ciclo de vida útil. Para Leite (2009, p.3) “A logística empresarial assume relevante no planejamento e controle do fluxo de materiais e produtos desde a entrada na empresa até sua saída como produto finalizado.” O processamento de pedidos e serviços oferecidos aos clientes são diferenciais estratégicos que as empresas utilizam e dessa forma podem decidir as quantidades que serão produzidas, os modelos a serem fabricados, a seqüência da fabricação, os estoques de insumos e de produtos intermediários e acabados, quantidades e datas de entrega das matérias primas, e os componentes diretos da fabricação, dentre outros, esses elementos tornam-se fundamentais para o cumprimento das estratégias empresariais. Ainda de acordo com Leite (2009) é possível identificar as quatro áreas operacionais na logística empresarial atual são elas: Logística de suprimentos: a área responsável por suprir as necessidades dos insumos das empresas. Logística de apoio à manufatura: a área responsável por planejar, armazenar e controlar os fluxos internos. 143 Logística de distribuição: área que se ocupa da distribuição dos pedidos recebidos. Logística Reversa: é a mais nova área da logística, responsável pelo retorno dos produtos de pós-venda e pós-consumo e de seu endereçamento a diversos destinos. A logística reversa é a mais nova área da logística empresarial. Sendo assim, a empresa que quiser se manter competitiva e dar continuidade ao seu negócio, precisa se atualizar e começar a utilizar essa ferramenta tão importante nos dias de hoje, onde a questão ambiental ganha cada vez mais importância e preocupação, e com as exigências das leis ambientais, cito aqui a lei 12.305 de 2 de agosto de 2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. 3. OS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO NA LOGISTICA REVERSA Os canais de distribuição da logística reversa são também ações de responsabilidade compartilhada, que envolve tanto quem produz quem compra quem vende e quem consome, e ainda os governantes. 3.1. Canais de Distribuição Diretos e Reversos Os canais de distribuição diretos e reversos são caracterizados pela trajetória que o produto faz até chegar ao consumidor final. Depois desse processo, se houver a necessidade de que este produto volte ao seu ciclo produtivo, seja por defeito ou por estar danificado, a empresa faz a coleta e a destinação final correta, seja para fazer o conserto, seja para revenda, ou desmontagem para confeccionar um novo produto. É exatamente onde atua a logística reversa de pós-consumo e de pós-venda, para fazer a destinação correta destes bens. Para Leite (2009, p.6) os canais de distribuição diretos, ou simplesmente canais de distribuição como são conhecidos, são constituídos de diversas etapas pelas quais bens e serviços são produzidos e comercializados, até chegar nos consumidores finais, seja uma empresa ou pessoa física. Para 144 Kotler (apud LEITE 2009, p.6) há explicação que “a distribuição física dos bens é a atividade que realiza a movimentação e disponibiliza esses produtos ao consumidor final”. Para Guarnieri (2011, p.72) o canal de fluxo direto dos produtos é diferente dos canais reversos, pois o fluxo direto apenas disponibiliza o produto para que chegue ao consumidor final, o fluxo reverso trata de cuidar destes produtos na pós-venda, e no pós-consumo. “As alternativas de retorno ao ciclo produtivo são o foco de estudo da logística reversa e dos canais reversos que buscam a revalorização dos resíduos de pós-venda e de pós-consumo”. Sendo assim as empresas precisam encontrar formas por meio da logística reversa para fazer a coleta, triagem, distribuindo estes itens de maneira que não venham a prejudicar a empresa maneira econômica viável. Os canais de distribuição reversos são explicados na figura 3. Fluxos Mercado Secundário R e v e r s o s D i r e t o s R e v e r s o s o Mercado Secundário Reciclagem Mercado Primário Desmanche Reuso Pós-Venda Pós-Consumo Disposição Final FIGURA 3- Canais de Distribuição diretos e reversos Fonte: Leite (2009, p.7) 145 Como síntese para o leitor: os canais de distribuição reversos são formados por produtos de pós-consumo e de pós-venda. A logística reversa vem para atuar nesta área e dar o destino certo para os produtos cujo ciclo de vida acabou. Desta forma, a logística reversa mostra como fazer para que esses produtos retornem para o ciclo produtivo, seja pelo mercado secundário, pela reciclagem, desmanche , reuso ou mesmo uma disposição final adequada, como mostra a figura 3. 3.2. Canais de Distribuição Reversos de Bens Pós-Consumo Nos canais reversos de bens de pós-consumo, os bens são adquiridos pelos consumidores nas lojas e são utilizados. O consumidor quando não quer mais o bem ou encontra um defeito, ou simplesmente quer se desfazer do mesmo, a empresa precisa coletar esse bem e resolver o que fazer com ele, podendo encaminhá-lo para o mercado secundário para ser revendido sem alteração de sua forma, ou então o aproveitamento de algumas peças para utilização em novos produtos, ou ainda, se não existirem possibilidades de reutilização, os resíduos serão encaminhados para reciclagem e dessa forma, não prejudicando o meio ambiente. Leite (2009, p.8) ainda explica que os bens de pós-consumo são constituídos nas mais diversas etapas de sua comercialização, dessa forma, observa que: Os canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo constituem-se nas diversas etapas de comercialização e industrialização pelas quais fluem os resíduos industriais e os diferentes tipos de bens de utilidade os seus materiais constituintes, até sua reintegração ao processo produtivo, por dos subsistemas de reuso, remanufatura ou reciclagem. (LEITE 2009, p.49) • Canais reversos de reuso: “(...) são definidos como aqueles bens em que se tem a extensão do uso de um produto de pós-consumo ou de seu componente”. Possui a mesma função de quando foi adquirido pelo antigo dono e não tem remanufatura. • Canais reversos de remanufatura: “é o canal reverso no qual os produtos podem ser reaproveitados em suas partes essenciais, mediante a substituição de alguns componentes”, reconstituindo-se em 146 um produto com a mesma finalidade do original. A remanufatura é o desmanche do produto, os componentes em condições de uso são retirados para serem usados novamente, os que não têm revalorização são enviados para a reciclagem industrial. • Canais reversos de reciclagem: “é o canal reverso de revalorização em que os materiais constituintes dos produtos descartados são extraídos industrialmente, transformando-se em matérias-primas secundarias ou recicladas”, estas matérias-primas voltam ao ciclo produtivo, para se transformarem em novos produtos. A figura 4 apresenta como funcionam os canais reversos de pósconsumo. Fabricante de matérias-primas novas Resíduos Industriais Fabricante de produtos (duráveis /descartáveis) Materiais reciclados Consumidor Final (empresa/pessoa física) Mercados secundários Bens de pós-consumo Descartáveis/semiduráveis Coleta informal Coleta seletiva Intermediários (sucateiros) Indústria de Reciclagem Duráveis/semiduráveis Coleta do lixo Desmanche Sobras Incineração Reuso Componentes Remanufatura FIGURA 4- Canais de Distribuição de Pós-Consumo Diretos e Reversos Fonte: Leite (2009, p. 50). 147 Por fim o canal reverso de pós-consumo se caracteriza por tratar dos bens quando o consumidor não se interessa mais por ele, e quando estes não podem ser revalorizados devem seguir uma destinação final adequada. 3.3. Canais de Distribuição Reversos de Pós-Venda Os canais reversos de pós-venda são formados pelos produtos, que praticamente depois da venda, voltam ao ciclo produtivo por vários motivos. A seguir vamos conhecer melhor como funciona este canal. Desta forma, as empresas precisam esta bem preparada fisicamente para dar a destinação final adequada para seus produtos de pós-venda que por algum motivo foram devolvidos pelo consumidor. Para Guarnieri (2011, p.56) “O resíduo de pós-venda pode ser entendido como aquele que teve pouco ou nenhum uso e retorna á cadeia de suprimentos por diversos motivos”, tais como erros de fabricação, expiração de prazo de validade, devolução por falta de qualidade do produto, garantias, excesso de estoques, produtos com avarias no transporte, etc. “A caracterização da logística reversa de pós venda se dá quando ocorre à reutilização, a revenda como subproduto ou produto de segunda linha e, a reciclagem de bens que são devolvidos pelo cliente” em qualquer cadeia de distribuição sendo no varejista, atacadista ou diretamente no fabricante. Uma síntese dessa proposta é apresentada na figura a seguir. 148 Logística Reversa de Pós-consumo • Reciclagem Industrial Cadeia de Distribuição direta Consumidor • Desmanche Industrial • Reuso • Consolidação • Coleta Logística Reversa de Pós-Venda • • Seleção/ destino Consolidação • Coleta Bens de Pós- Venda Bens de PósConsumo FIGURA 5- Logística reversa – área de atuação e etapas reversas Fonte: Leite (2009, p. 19) No canal de distribuição de pós-venda, os bens que por algum motivo, seja por problemas de fabricação, fim de vida útil, recall, excesso de estoque, entre outros, voltam ao ciclo produtivo, poderão ser reaproveitados de alguma forma. 4. OBJETIVO AMBIENTAL NA LOGISTICA REVERSA O objetivo com base na logística reversa é fazer as empresas se preocupem com o impacto ambiental do ciclo produtivo, sem prejudicar o meio ambiente e atender seu cliente que exige cada vez mais produtos sustentáveis. Sendo assim, este capítulo explicará de forma detalhada, qual a influência da variável ambiental nos processos logísticos das empresas. 4.1. Sensibilidade ecológica A sensibilidade ecológica nada mais é do que a consciência de todos os envolvidos na cadeia produtiva e de consumo. É ter a responsabilidade 149 compartilhada em todas as fases do processo de um produto, para que não venha a prejudicar o meio ambiente. Para Leite (2009, p.116) “A percepção e crescente sensibilidade com relação ao meio ambiente tornaram-se obrigatória em declarações de missões empresariais. As estratégias de gestão de meio ambiente” passaram a constituir parte integrante da reflexão empresarial, pelo menos pro parte de empresas lideres de mercado e consideradas excelentes em seus setores. O consumidor esta mais consciente e precisa de informações sobre o impacto dos produtos industriais, e seus processos no meio ambiente. Para Filho e Berté (2009, p. 30) “[...] ainda nesse período de consolidação da globalização, surgiram às preocupações com as questões ecológicas, exatamente pela percepção da integração existente entre todas as partes do mundo”. Pois o problema que ocorre em um lugar do mundo pode afetar outros lugares, sendo assim hoje esta maior a consciência ambiental das pessoas em toda parte do mundo. O surgimento de legislações começou a exigir uma postura diferente e proativa das empresas em toda parte do mundo, em relação às questões ambientais. A sensibilidade ecológica deve estar presente em toda cadeia produtiva, o que envolve o comprometimento dos fabricantes, empresas, consumidores, e governantes. Destaque-se a importância da responsabilidade pós-consumo, que não envolve somente a logística reversa, vai além deste fato e envolve a preservação ambiental como um todo. A logística reversa nestes termos assume papel de ferramenta que ajudará as empresas em seus processos logísticos, com a preocupação de que esses produtos irão voltar a seu ciclo produtivo no final de sua vida, sem prejudicar o meio ambiente. Os consumidores por sua vez, devem exigir produtos ecológicos e ambientalmente corretos, para incentivar às empresas a repensarem na fabricação de seus produtos. Não só isso, ter a preocupação de não descartar seu lixo de qualquer maneira, sem pensar, no meio ambiente. Devem devolver o produto para os fabricantes, que por sua vez irão dar a destinação adequada, e os governantes devem apoiar às empresas e mostrar medidas de apoio para que elas possam implantar a logística reversa em seus processos produtivos. 150 4.2. Críticas Ambientais a Cultura do Consumo Até recentemente prevalecia a cultura de jogar fora sem nenhuma preocupação. Atualmente, o cenário está mudando para o conceito de pósconsumo: a sustentabilidade do projeto até a disposição final. Nota-se o esforço para reverter a cultura do consumo imediato no qual o descarte de produtos é mais rápido devido à oferta de novos produtos “mais modernos”. Esta “descartabilidade” gera mais resíduos e o desafio de dar uma destinação adequada demanda mais planejamento. Logo, a logística reversa se aplica para o retorno correto do consumo ao ambiente. Conforme a figura a seguir, esse novo cliente consumidor é mais exigente e cobra: responsabilidades empresariais. As legislações ambientais estão mais detalhadas e rigorosas cobrando das empresas a previsão do descarte de resíduos dos produtos e serviçios.. Cultura do Consumo Comprar Cultura Ambientalista Usar Dispor Reduzir Reusar Reciclar Cultura de Serviços Atendimento Relacionamento Novo Cliente e Consumidor Legislações Ambientais Governo/ Sociedade Empresas Responsabilidade Empresarial Flexibilidade Operacional Logística Reversa na Estratégica Empresarial Competitividade Imagem Corporativa FIGURA 6- Mudanças na cultura de consumo e suas conseqüências Fonte: Leite (2009, p. 118) 151 Diante do exposto, pode-se concluir que anteriormente as pessoas compravam, usavam e disponham fato que foi degradando o meio ambiente. Na cultura ambientalista o enfoque é que as pessoas reduzam, reusem, e reciclem ao máximo, para não gerar tanto resíduo, deixando assim de prejudicar o meio ambiente. E a cultura de serviços por sua vez, deverá se preocupar em atendimento e relacionamento diferenciado para esse cliente, cada vez mais consciente das questões ambientais. As empresas juntamente com os governantes e a sociedade devem compartilhar a responsabilidade pós-consumo, sendo que as empresas devem ter flexibilidade em seus processos, incluindo a logística reversa como ferramenta estratégica, para ser mais competitiva e ao mesmo tempo ter uma boa imagem corporativa perante seus clientes, cumprindo com as legislações ambientais. 4.3. Responsabilidade das Empresas com o Meio Ambiente Nos dias de hoje as empresas devem estar atentas as leis ambientais para que seus produtos não prejudiquem o meio ambiente e mantendo assim uma imagem corporativa sustentável perante seus clientes que cada vez mais estão conscientes e exigem produtos sustentáveis. Elas devem repensar a forma de fabricarem seus produtos, diminuindo o impacto dos danos causados ao meio ambiente. Para Leite (2009, p.123) “[...] as empresas estão se defrontando com um ambiente externo em grande transformação, que ocorre a cada dia com maior velocidade”. Esse fato se dar por conta da consciência dos consumidores com relação aos impactos dos produtos no meio ambiente, seja pelo fato de que as pessoas estão mais informadas ou porque estão realmente vendo as agressões ao meio ambiente. Acionistas de empresas estão investindo em empresas éticas e que tenham relações com a sociedade e o meio ambiente. Ainda de acordo com Leite: A variável ambiental, tanto a social, é introduzida na reflexão estratégica de empresa líderes como um diferencial competitivo, por meio da percepção para reforçar a imagem corporativa da empresa, reforçando seus negócios, este é um ambiente em que se diferenciar é extremamente difícil de ser obtido por meio de outras variáveis mercadológicas (LEITE 2009, p.123) 152 A seguir, é possível verificar os benefícios que as empresas podem obter se operarem os canais reversos em seus processos produtivos. TABELA 1 – Motivos estratégicos de as empresas operarem os canais reversos Motivo Estratégico Aumento da competitividade Limpeza do canal - estoques Respeito às legislações Revalorização econômica Recuperação de ativos Porcentagem de empresas respondentes 65, 2% 33, 4% 28, 9% 27, 5% 26, 5% Fonte: Rogers e Tibben-Lembke(1999), (apud Leite, 2009 p. 25) Diante do exposto, observa-se que a logística reversa é responsável pela maior porcentagem no aumento de competitividade das empresas, e que pode ser considerada ferramenta estratégica empresarial perante as outras empresas que ainda não a utilizam. 4.4. Logística Reversa e Analise do Ciclo de Vida A análise do ciclo de vida é uma ferramenta muito importante para que os fabricantes saibam qual o impacto que seu produto irá causar no meio ambiente, desde o momento da seleção da matéria prima, até a destinação final. De acordo com Leite (2009, p.122) “A análise do ciclo de vida útil dos produtos estuda o impacto ambiental gerado pelos produtos desde o momento da extração das matérias-primas e outros insumos utilizados em sua fabricação” de maneira contabilizada com recursos naturais utilizados. Os impactos causados pelo transporte para internalizar os insumos e para distribuição direta e reversa dos produtos de pós-consumo, até a disposição final. Também conhecido como “analise do berço ao tumulo”. Conforme Guarnieri (2011, p.65) “[...] a avaliação do ciclo de vida é conhecida pela expressão do berço á cova (cradleto grave), berço indicando o nascedouro dos insumos primários mediante a extração de recursos naturais e cova”, que é o destino final dos resíduos que não tem mais proveito não será reciclado nem reusado, será descartado de forma ambientalmente correta 153 podendo ser em aterros ou por meio de incineração. Este tipo de ciclo não é igual ao ciclo mercadológico onde o produto nasce vai para o mercado até sua morte, porém passa pelo crescimento, maturidade e declínio. Podemos observar como funciona esse ciclo na figura a seguir. Pesquisa e Desenvolvimento (P& D) Extração de Matérias- Primas Fabricação Reciclagem ou Recuperação Definição de Novos Produtos pelo Marketing (berço) Embalagem Consumo ou Utilização Destinação final (túmulo) Transporte FIGURA 7 - O ciclo de vida dos produtos “do berço ao túmulo” Fonte: Filho e Berté (2009. p.79). Em síntese conclui-se que a análise do ciclo de vida envolve todo o processo da fabricação de um produto, desde o momento de sua criação até o término de sua vida útil, quando precisará voltar ao ciclo produtivo por meio da logística reversa. Para isso, a empresa precisa estar bem estruturada para implantar a logística reversa nos processos de fabricação e ter pessoas bem capacitadas nesta área. Como conseqüência, a organização será estrategicamente competitiva, atenderá as legislações ambientais, e o mais importante: seu cliente. 4.5. Condições para uma Empresa Implantar a Logística reversa Para que uma empresa implante a logística reversa em seus processos produtivos deverá ter às condições necessárias e se preocupar com alguns 154 fatores de influência que giram em torno da organização, a seguir iremos conhecê-los. Segundo Leite (2009, p.88-91) “O modelo destaca em primeiro plano as condições essenciais para que o fluxo reverso se estabeleça conforme é descrito a seguir”: Novo Produto Condições Essenciais • • • • Remuneração em todas as etapas reversas Qualidade dos produtos remanufaturados Escala econômica de atividade Mercado para os produtos com conteúdo de reciclados Reintegração ao ciclo produtivo Fatores necessários -Fatores Econômicos -Fatores tecnológicos -Fatores logísticos Fatores modificadores Pós-consumo -Fatores logísticos -Fatores legislativos FIGURA 9- Modelo Relacional Fonte: Leite (2009, p.89) Na figura 10 podemos visualizar os fatores de influencia nos canais reversos de pós-consumo. 155 Retorno ao ciclo produtivo econômicos Canais Diretos Ecológicos FD Canais Reversos Fluxo direto legislativos FR Fluxo Reverso Logísticos Tecnológicos Produtos de Pós-consumo FD – FR EQUILIBRIO FIGURA 10 – Fatores de influencia na organização dos canais reversos de pósconsumo Fonte: Leite (2009, p.88) No contexto descrito é possível observar que, para que a logística reversa seja implantada na empresa há vários fatores que irão influenciar. A empresa precisará ter as condições essenciais, os fatores necessários e os fatores modificadores para que a logística consiga funcionar em seus processos produtivos. No próximo capitulo iremos entender porque a logística reversa tornou-se, nos dias de hoje, uma ferramenta competitiva. 5. A LOGISTICA REVERSA COMO FERRAMENTA DE COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL A logística reversa é uma ferramenta de competitividade para as empresas na medida em que está presente de forma adequada nos detalhes dos diversos processos produtivos. 156 5.1. Logística Reversa como um diferencial competitivo A logística reversa pode ser considerada uma ferramenta de competividade na medida em que aprimora processos, calendários de operação, documentação e qualificação de mão de obra. As experiências recentes demonstram que não é tão simples de se implantá-la. Porém, não é difícil que a empresa estruture sua gestão e os seus processos produtivos. Como resultado adicional, a diferenciação dos produtos perante os seus concorrentes será mais marcante. De acordo com Guarnieri (2011, p.58) “Um dos aspectos mais relevantes para as empresas que adotam a logística reversa é a diferenciação por serviço, uma vez que atualmente, os varejistas acreditam que os clientes valorizam as empresas” que possuem políticas de retorno de produtos. Esta é uma vantagem competitiva onde os varejistas e fornecedores assumem os riscos no caso de o produto está quebrado ou danificado. “A PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), aborda estes aspectos quando trata da responsabilidade compartilhada entre fabricantes/produtores, distribuidores, varejistas e importadores e exportadores”. Um processo de logística reversa de pós-venda bem gerenciado nas empresas possui uma grande fonte de vantagem competitiva através da diferenciação no atendimento, agregando valor ao cliente, e em longo prazo fidelizando-o. Para Filho e Berté (2009, p. 72) “As organizações, até mesmo sob ponto de vista estritamente econômico (visão de lucratividade), devem pensar em como tirar proveito dessa situação e agir de forma a garantir vantagens competitivas”. Conforme apresentado, é possível entender porque a logística reversa torna-se um diferencial competitivo para empresas de hoje em dia, pois com às exigências das leis ambientais, e a consciência dos consumidores, as empresas que conseguirem montar um processo reverso de seus produtos, além de estarem de acordo com as leis, terão diferenciação competitiva em seus serviços. Para destacar a importância desses custos, o quadro 1 a seguir explicará os riscos mercadológicos que podem impactar na imagem de uma empresa, se não tiverem prevenidos pela logística reversa. 157 QUADRO 1 – Logística reversa na prática Custos dos riscos Mercadológicos A recuperação de uma falha ou uma experiência negativa em relação a um produto ou serviço adquirido revela que em 85% dos casos o cliente abandona a marca ou a empresa. Conquistar clientes custa cinco vezes mais do que mantê-los. A lucratividade de um cliente cresce com a sua permanência. Recuperar uma imagem é muito mais caro que mantê-la. Fonte: Leite (2009, p.28) Diante do exposto podemos concluir que a logística reversa está conquistando as empresas, não somente pelo retorno de seus produtos ao ciclo produtivo, mais também porque é economicamente viável em aspectos de diminuição de custos nos processos logísticos, melhorando a imagem daquelas empresas que implantaram sistemas reversos de qualidade. 5.3. Competitividade nos tempos atuais A competitividade pode ser uma ferramenta que estimula as empresas a produzirem com criatividade. Quando se fala em preservação de meio ambiente, essa competitividade deve ser saudável para todos ganharem. Uma das principais tendências nas empresas é a consciência de que a gestão ambiental deve estar diluída em cada processo, e que cada um deve fazer sua parte. A responsabilidade pós-consumo está ganhando forças de forma compartilhada. De acordo com Filho e Berté (2009, p.41) em um passado não tão distante a competitividade das empresas era baseada essencialmente em produtividade, ou seja, produzir mais com menor custo sem a preocupação com o descarte correto. O fenômeno da globalização de mercados e dos recursos produtivos gerou um volume crescente de inovações tecnológicas influenciaram mudanças nos ciclos de vida dos produtos e nos padrões comportamentais dos consumidores. Estas mudanças aceleraram ás pressões ambientais sobre as áreas de disposição final. Porém existem soluções disponíveis que mediante pressões de consumidores (via redes sociais) e 158 legislação geram mudanças no modelo de lucratividade das organizações, Os cuidados ambientais traduzem padrões de prestação de serviços mais elevados. Todos esses aspectos combinados conduzem as empresas à atuação empresarial extremamente competitiva, exigindo suporte profissional e planejamento dos seus sistemas de informações logísticas. Podemos concluir que com a velocidade das tecnologias, os produtos cada vez mais têm seu ciclo de vida reduzido. Sendo assim, é preciso que as empresas pensem antes de fabricarem seus produtos. Atualmente, o consumo é muito rápido e isso gera resíduos que tem a destinação não adequada. É preciso que os fabricantes recolham seus produtos com fim de vida útil e dêem à destinação final correta, e agora podem contar com a logística reversa. 6. Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo A logística reversa demanda ações de colaboração e integração do setor público como a secretaria do meio ambiente que organiza ações de adensamento de soluções nas cadeias de negócio das empresas. Essas ações tem início na coleta de sugestões para melhorias, ações de conscientização para as vantagens da logística reversa e a visão estratégica de obter adesão não por meios legais, como por exemplo: multas e restrições. Para tal finalidade a secretaria organiza o acompanhamento dessas cadeias junto com outros órgãos públicos e a construção de indicadores setoriais para orientar as ações de políticas públicas. A Secretaria desenvolveu uma estratégia inovadora, solicitando às empresas que enviassem propostas para implantação dos sistemas – mudando radicalmente a lógica da regulação. Isto em si já configura uma grande vantagem às empresas, que puderam à época propor soluções dentro do escopo de sua viabilidade. Além disso, para aqueles que firmarem Termos de Compromisso, a Secretaria tem oferecido contrapartidas, tais como apoio na divulgação, revisão de procedimentos administrativos necessários à consecução dos sistemas, interlocução com a Secretaria da Fazenda para revisão de questões tributárias, 159 intensificação da fiscalização de contrabandos, entre outras medidas que estão sendo discutidas caso a caso. CONSIDERAÇÕES FINAIS A importância da logística reversa para as empresas, pelo fato que ela é a ferramenta que ajudará a resolver os problemas dos resíduos descartados de forma incorreta no meio ambiente. Desta forma a logística reversa é a nova área da logística empresarial que veio para cuidar do retorno dos produtos de pós-venda e de pós-consumo, cuidando do ciclo reverso dos resíduos quando estes produtos são entregues ao consumidor final. Além do mais a logística reversa é responsável por uma considerável parcela de redução dos custos produtivos nas empresas que a utilizam, sendo bom também para imagem dela perante seus consumidores, o que a torna ambientalmente sustentável e responsável. As empresas que já iniciaram as atividades relacionadas à logística reversa de pós-consumo e de pós-venda notaram que as iniciativas trazem retornos e compensação de custos, minimizam as penalidades das leis ambientais, e aumentam sua lucratividade, e as tornam mais competitivas estrategicamente perante seus concorrentes, na medida em que conseguem reintegrar os resíduos de seus produtos ao ciclo produtivo. Sendo que a logística de pós-consumo é mais desenvolvida porque trata da destinação por meio de reciclagem, além do que geram empregos diretos e indiretos, a logística de pós-venda ainda é tratada pelas empresas como um problema a ser solucionado, o que não é impossível de ser resolvido, mais justifica a carência de dados. Apesar de se tratar de um interesse crescente algumas empresas ainda não estão preparadas, ou não tem gestores qualificados para atuarem nesta área, ou ainda não possuem sistemas operacionais bem estruturados para implantá-la. A logística reversa precisa de uma contribuição reguladora como a da Secretaria do meio ambiente para articular esforços em uma dimensão mais ampla com vantagens para as empresas que a adotarem. 160 Bibliografia: BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos / logística empresarial. Tradução Raul Rubenick, 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 4ª ed. São Paulo: Makron Books, 1996. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN Pedro Alcino e SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 5ª ed. [rev.]. São Paulo: Saraiva, 2006. GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social: 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2008. . Como elaborar projetos de pesquisa. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa: Meio ambiente e competitividade. 2ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. FILHO, Edelvino. Razzolini; BERTÉ, Rodrigo. O reverso da logística e as questõesambientais no Brasil. Cutiriba: Ibpex, 2009. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23ª ed. [rev e at.]. São Paulo: Cortez, 2007. Periódicos: RIBEIRO, Flávio de Miranda: Responsabilidade pós-consumo na política de resíduos sólidos: uma visão, estratégia e resultados até o momento no Estado de São Paulo. ano I, vol. 2, São Paulo. In: Revista científica sobre resíduos sólidos. Conexão academia jul. 2012. MANSOR, Maria Teresa C. et. al. Resíduos Sólidos. In: Educação Ambiental. Coordenadoria de Planejamento Ambiental. v.6. Secretaria de Estado do Meio Ambiente. São Paulo, 2010. Eletrônicas: 161 LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em 18 de ago. 2012 às 16h10. Nota de Esclarecimento nº. 2 – Resolução SMA 38/2011, São Paulo. Disponível em: <http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/residuossolidos/>. Acesso em: 23 de abr. 2012 às 14h39. Reflexões sobre a política nacional dos resíduos sólidos, São Paulo. Disponível em: <http://habitanteverde.com.br>. Acesso em: 21 jun. 2012, às 16h50. Política Nacional dos Resíduos Sólidos, São Paulo, 2012. Disponível em: <http://www.cempre.org.br/download/pnrs_002.pdf>. Acesso em: 9 de ago 2012 ás 18h06m. GUARNIERI, Patrícia. Logística Reversa: em busca do equilíbrio econômico e ambiental.1ª ed. Recife: Clube de autores, 2011. Disponível em: <http://books.google.com.br/books/about/Log%C3%ADstica_Reversa_em_bus ca_do_equil%C3%ADbr.html?id=I-worBqsMTcC&redir_esc=y>. Acesso em: 9 set. 2012 às 15h34. ANEXO 1 Entrevista sobre Logística Reversa: RIBEIRO, Flavio de Miranda, Assessor Técnico da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo; Doutorando do Programa de Ciências Ambientais da Universidade de São Paulo (PROCAM-USP). Logística Reversa. (Entrevista pessoal), para Rozilene Lima, Faculdade das Américas, em 15 de Outubro de 2012, ás 14h30m. Antes de qualquer coisa, é essencial entender que a responsabilidade das empresas em assegurar o gerenciamento do resíduo pós-consumo de seus produtos é uma exigência legal - seja em nível Estadual ou Federal. Em segundo lugar, mais do que isso, esta determinação vem dar cumprimento a princípios fundamentais do direito ambiental, como o do poluidor-pagador, internalizando externalidades que até então significavam prejuízo à população seja pelos danos ambientais da disposição inadequada, seja pela sobrecarga 162 dos sistemas de coleta e destinação públicos dos RSU, além é claro dos baixíssimos índices de eficiência no uso dos recursos que eram (e ainda são) praticados em nossa sociedade. Por último, cabe também lembrar que na Política Estadual de Resíduos Sólidos de São Paulo não tratamos especificamente de “logística reversa”, mas de “responsabilidade pós-consumo” – dentro do que se encontra a logística reversa. É neste contexto que respondo a seguir suas perguntas. Para maiores detalhes da estratégia geral, sugiro a leitura daquele artigo que te passei. 1) Como as empresas podem ter na logística reversa uma ferramenta de competitividade? As oportunidades de ganho de competitividade para as empresas dependem da capacidade destas em inovar – não apenas em relação aos produtos, que podem e devem ser reformulados dentro dos preceitos do ecodesign (que é um dos objetivos da responsabilidade pós-consumo para além da logística reversa), mas principalmente dentro de novos modelos de negócio – é a posta em prática do conceito de economia verde. Apenas alguns exemplos de possíveis vantagens são a garantia de fornecimento de matérias-primas; a possibilidade de fidelização de clientes; e a eventual reestruturação dos mercados – pois as empresas menos aptas acabarão sendo eliminadas por conta destas exigências. 2) Como a Secretaria do meio ambiente de São Paulo apóia as empresas para que possam implantar a logística reversa em seus processos logísticos e cumprir com a lei nº 12.305/2010 política nacional de resíduos sólidos? A Secretaria desenvolveu uma estratégia inovadora, solicitando às empresas que enviassem propostas para implementação dos sistemas – mudando radicalmente a lógica da regulação. Isto em si já configura uma grande vantagem às empresas, que puderam à época propor soluções dentro do escopo de sua viabilidade. 163 Além disso, para aqueles que firmarem Termos de Compromisso, a Secretaria tem oferecido contrapartidas, tais como apoio na divulgação, revisão de procedimentos administrativos necessários à consecução dos sistemas, interlocução com a Secretaria da Fazenda para revisão de questões tributárias, intensificação da fiscalização de contrabandos, entre outras medidas que estão sendo discutidas caso a caso. Vale destacar mais uma vez que o cumprimento da lei é não só obrigatório como corrige uma histórica transferência de responsabilidade pela gestão de resíduos (na Europa a responsabilidade pós-consumo é parte da lei desde 1975, e estes sistemas já estão implantados desde a década de 1980). 3) A logística reversa pode ser uma ferramenta que ajudará as empresas a pensarem melhor ao fabricarem seus produtos? A logística reversa apenas cria pressão, econômica e administrativa, para que ocorram mudanças nos produtos. Estas mudanças fazem parte, isto sim, da responsabilidade pós-consumo – conceito que inclui, por exemplo, o ecodesign – onde se insere a preocupação ambiental nos projetos de produtos. No entanto, até o momento, pouquíssimas empresas se deram conta destas enormes oportunidades. Nossa expectativa é que, com o gradual aumento dos requisitos regulatórios neste sentido, haja maior incentivo à estas práticas de ecodesign. Existem já linhas de financiamento para isso, como por exemplo na FAPESP. O que falta é cultura das indústrias se associarem às universidades na busca conjunta de soluções. Mas para isso, as próprias universidades precisam estar preparadas para atender as empresas no oferecimento de conhecimento de forma adequada, seja em relação à velocidade, viabilidade e praticidade das soluções. Vale destacar que muitas empresas e setores já têm inovado na área, e a cada dia surgem novidades fruto deste tipo de articulação das empresas. 4). É possível pensar além da multa para levar as empresas a investir em logística reversa? 164 Até o momento não se pensou em multa alguma, mesmo porque a Secretaria não acredita que esta seja uma forma eficaz de convencimento das empresas. Até o momento estamos tratando o tema apenas com o diálogo, motivado pela perspectiva de que este é um tema que será desenvolvido, e que as empresas que demorarem em investir terá que se adequar aos sistemas que já estão sendo adotados. No entanto, caso seja necessário uma maior pressão outros mecanismos parecem ser mais interessantes que a multa em si, usando as próprias forças de mercado, tais como: a divulgação de relações de empresas inadimplentes em jornais e sites, a proibição dos inadimplentes em vender ao governo do Estado e dos Municípios, o impedimento de renovar a licença de operação, e em último caso a proibição de venda no Estado de São Paulo dos produtos quem não possuírem sistemas de responsabilidade pós-consumo associados. 5) Até pouco tempo dizia-se que as empresas investiam em meio ambiente somente por temor de dispositivos legais. Como a sua experiência avalia essa informação? Pessoalmente acredito que a regulação direta ainda seja o principal motivador da ação ambiental das empresas, mas hoje isso não se restringe ao aspecto meramente coercitivo. Ações de antecipação regulatória e a participação das empresas na discussão das políticas são exemplos disso. Não obstante, cada vez mais outras formas de pressão irão apoiar a regulação direta – principalmente da própria sociedade, tais como exigências de clientes e dos próprios consumidores, cada vez mais cientes da influência de seu poder de compra nas decisões corporativas. O próprio governo tem tomado partido desta tendência, como por exemplo nas políticas de compras públicas sustentáveis. De forma geral, em minha opinião as empresas que hesitarem em assumir uma postura socioambiental mais moderna estão fadadas ao fracasso, ou ao menos a enfrentar dificuldades em um futuro muito próximo. 165