Logística Reversa: uma ferramenta competitiva para as empresas
Rozilene Lima
RESUMO
Este trabalho discute a importância da logística reversa e suas influências na tomada de
decisões estratégicas das empresas. A logística passou por muitas mudanças nas últimas
décadas, ganhando agora uma visão mais aprofundada e tornando-se uma ferramenta de
competitividade entre as empresas ao incluir a preservação do meio ambiente. Essa visão tem
impactos em diversos planos: da cadeia de fornecedores aos processos internos.
Envolve a documentação de todas as atividades, o estudo dos diversos impactos e como
preveni-los desde o projeto, protótipo, produção, consumo e disposição final. Inclui também o
monitoramento de todo o ciclo anterior para a correção. O uso de informações de toda a cadeia
de negócios também está inserido nas demandas a serem atendidas, desde o planejamento,
coleta de resíduos, e informações para que os clientes contribuam nas medidas mitigadoras.
Os negócios também devem considerar as diversas exigências da legislação ambiental
considerando a Política nacional de resíduos sólidos (PNRS), (lei nº. 12.305, em anexo), que
foi sancionada em 2 de agosto de 2010, que demorou 21 anos para ser aprovada o que prova
as dificuldades das leis em nosso país.
Neste trabalho foi feito uma entrevista com o assessor técnico da Secretaria do Meio Ambiente
do Estado de São Paulo, para verificar como a secretaria apóia as empresas para que
implantem efetivamente a logística reversa em seus processos produtivos.
Palavras-Chave: Logística Empresarial. Logística Reversa. Competitividade. Canais de
Distribuição Reversos.
ABSTRACT
This paper discusses the importance of reverse logistics and its influence on strategic decisions
of companies. Logistics has undergone many changes in recent decades, now gaining further
insight and become a tool of competitiveness among companies to include the preservation of
the environment. This view has impacts on many levels: the supply chain processes.
The article involves the documentation of all activities, the study of the various impacts and how
to prevent them from design, prototype, production, consumption and disposal. It also includes
the monitoring of all the previous cycle for the correction. The use of information from across the
business chain is also inserted in the demands to be met, from planning, waste collection, and
information for customers to contribute in the mitigation measures. Businesses should also
consider the different requirements of environmental legislation considering the National Policy
on Solid Waste (PNRS), (Law n º. 12,305,
attached), which was signed into law on August 2,
2010, it took 21 years to be adopted as proof that the difficulties of the laws in our country.
136
This work was done an interview with the technical advisor to the Department of the
Environment of the State of São Paulo, to see how the department supports companies to
deploy effectively reverse logistics in their production processes.
Keywords: Business Logistics. Reverse Logistics. Competitiveness. Distribution Channels
reverse.
INTRODUÇÃO
No cenário atual meio ambiente e sustentabilidade ganham destaque. A
sociedade e as empresas parecem estar se conscientizando da demanda
intelectual sobre a gestão empresarial que esse momento gera. A logística
reversa exige um acervo de conhecimento amplo desde o domínio em detalhe
dos processos de produção das formas de disposição de resíduos, do
consumo de energia e da distribuição para em conjunto reduzir os impactos do
consumo. Ao mesmo tempo, as organizações não podem perder de vista a
sua vocação comercial, o atendimento dos desejos e necessidades dos
clientes. Mais do que um desafio, o que o momento exige é a melhor
disposição do conhecimento para combinar retorno para as empresas com a
preservação ambiental.
Para preservar o meio ambiente as organizações devem se preocupar
com os produtos desde a sua elaboração, pois o que mais afeta o meio
ambiente nos dias atuais é produto de decisões tomadas no passado, como
por exemplo: são as embalagens dos produtos que consumimos, e as
empresas devem cada vez mais se empenhar na criação de novas
embalagens por meio de novas tecnologias, reduzindo o volume, o tamanho, e
os componentes mais agressivos dos bens consumidos. Inclui-se também a
ajuda da logística reversa, que considera os efeitos antes de lançar qualquer
produto, antecipa os seus efeitos no ambiente. Portanto, essas demandas
geram uma gestão mais competente que contribui para a competitividade das
empresas. Como conseqüência, a logística reversa ainda permite o
reaproveitamento das embalagens dos resíduos, contribuindo para a indústria
da reciclagem.
137
Esse trabalho inclui a logística reversa como o instrumento estratégico
das empresas para se reorganizarem para incluir afetivamente a gestão
ambiental como instrumento de competitividade.
1–METODOLOGIA DE PESQUISA
A preocupação com a metodologia de pesquisa é fundamental para
orientar a elaboração do pesquisador e apresentar os limites de aplicação. O
pesquisador deve de início entender a natureza do tipo de pesquisa para
melhor organizar o seu esforço, recursos e tempo. Permite também o
entendimento dos limites das suas conclusões. Neste trabalho, foram utilizadas
as pesquisas: bibliográficas, explicativas, descritivas, exploratórias, e o estudo
de caso da empresa (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo).
1.1. Métodos de Pesquisa
Os métodos de pesquisa têm como objetivo proporcionar ou não
respostas aos problemas propostos. A pesquisa pode ser realizada quando o
pesquisador procura informações que não estão a sua disposição, ou quando
as informações estão em desordem que não possam ser adequadamente
relacionadas ao problema.
1.1.1. Pesquisa Bibliográfica
A pesquisa bibliográfica tem como ferramenta principal o enriquecimento
de nosso conhecimento com obras, pesquisas e trabalhos elaborados
anteriormente sobre o tema. É feita a partir de materiais elaborados
anteriormente: livros, revistas, folhetos, teses e outros. Sendo assim, o
pesquisador terá sua base de informações, com idéias de vários autores que já
estudaram o caso, organizando, resumindo e adquirindo assim, conhecimento.
138
1.1.2. Pesquisa Descritiva
A pesquisa descritiva tem como objetivo coletar dados e fatos ocorridos
no ambiente estudado, utilizando-se de entrevistas, questionários, formulários e
observação. Seu objetivo é classificar, explicar e interpretar o que ocorre no
ambiente ou tema estudado. Coletar dados é uma das funções desse tipo de
pesquisa, que usa a observação, a entrevista, o questionário e o formulário.
1.1.3. Pesquisa Exploratória
A pesquisa exploratória tem como objetivo explorar determinados
assuntos em volta do tema escolhido, buscando todas as informações
pertinentes ao caso estudado. É o passo inicial de uma pesquisa e serve para
estudar casos especiais ou pouco explorados, tornando-se difícil formular
dados precisos e operacionalizáveis, devido ao fato de que não foi comentado
tanto anteriormente. Este trabalho, por se tratar de um tema pouco explorado
por outros autores, é um caso especial em que a coleta de informações é
escassa, restringindo um pouco os dados a serem coletados.
1.1.4. Pesquisa Explicativa
A pesquisa explicativa além de buscar explicar as razões das coisas,
registra e analisa o tema estudado, buscando as causas dos fatos ocorridos em
volta do assunto em estudo. É aquela que analisa os fatos com muita precisão,
em busca de explicar na prática, o dia-a-dia, trazendo informações precisas
sobre o assunto.
1.2. Estudo de Caso
O estudo de caso é um método que permite ao pesquisador explorar o
tema com mais precisão e detalhamento, tem como objetivo avaliar
profundamente os tópicos envolvendo análises e idéias sobre o tema
139
escolhido, de maneira a adquirir conhecimento pormenorizado sobre o tema
que esta sendo estudado.
Neste trabalho foi utilizada a pesquisa exploratória, que tem por objetivo
explorar determinados assuntos em volta do tema, e foi escolhida porque o
tema se trata de um assunto novo, e não tem tantos materiais falando sobre
ele.
2. CONCEITOS DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL E REVERSA
O primeiro passo é conceituar a logística empresarial e a reversa para a
melhor compreensão da última.
2.1. Definição de Logística Empresarial
A logística empresarial envolve todas as áreas da empresa, ajuda a
organizar as operações rotineiras e faz com que se desenvolva e atinja
objetivos para que se possa atender o mercado consumidor, no tempo e local
certo com boa qualidade na prestação de serviço. Dessa forma, agrega valor
com eficiência e infra-estrutura, para atender o cliente e satisfazer plenamente
suas necessidades. Com isto a empresa pode praticar a gestão moderna e
atual, utilizando para isto novas tecnologias.
Para Leite (2009, p.2) “A logística pode ser entendida como uma das
mais antigas e inerentes atividades humanas na medida em que sua principal
missão é disponibilizar bens e serviços que são gerados pela sociedade”, em
locais, tempos, e nas quantidades e qualidade necessária para quem for utilizálas.
De acordo com Ballou (2006, p.26) “A logística empresarial é um campo
relativamente do estudo da gestão integrada, das áreas tradicionais das
finanças, marketing e produção”. É do conceito que a logística procura agregar
valor a produtos e serviços essenciais para satisfazer o cliente e aumentar as
vendas. A figura a seguir identifica as quatro áreas onde a logística empresarial
atua.
140
Mercado Fornecedor
Organização
Logística de
Logística de
Suprimentos
apoio á
Mercado
Consumidor
Logística de
Distribuição
Manufatura
Reintegração ao
Ciclo de Negócios
ou Produtivo
Logística Reversa
Pós-Venda
Pós-Consumo
FIGURA1 - Áreas de atuação da logística empresarial
Fonte, Leite (2009, p.4)
Podemos entender que a logística é uma das atividades mais antigas.
Ela se desenvolveu ao passar dos tempos e se tornou fundamental para as
empresas. Nos dias de hoje, ela trabalha de diversas formas: prestando apoio
à área de marketing em suas decisões logísticas. Dessa maneira, as empresas
podem utilizá-la como ferramenta para dar continuidade ao negócio, utilizando
equipamentos modernos e atendendo as expectativas de seus clientes com
qualidade e no tempo certo.
2.2. Definição Logística Reversa
A logística reversa diz respeito ao retorno dos materiais ao ciclo
produtivo quando estes já não têm mais uso, ou por algum motivo teve de
retornar, seja por defeito ou por fim de vida útil. Pode ser definida por logística
reversa de pós-consumo, que é quando os produtos encerram seu fim de vida
útil e precisam ser descartados, e de pós-venda quando os produtos com
pouco ou nenhum uso precisam voltar a área de suprimentos, maiores detalhes
no próximo capítulo. Dentro das empresas os canais reversos são necessários
devido ao aumento da descartabilidade dos produtos em geral, e com a
crescente preocupação ecológica e as criações de legislações ambientais,
colaboram para as empresas se tornarem mais competitivas, e ambientalmente
141
corretas. Como resultado, ela atende esse novo cliente, seja para cumprir com
as leis ambientais ou visão de negócios.
Para Mansor, a logística reversa é definida como:
Um instrumento de desenvolvimento socioeconômico e de
gerenciamento ambiental, caracterizado por um conjunto de ações,
procedimentos e meios, destinados a facilitar a coleta e restituição
dos resíduos sólidos aos seus produtores, para que sejam tratados
ou reaproveitados em novos produtos, na forma de novos insumos,
em seu ciclo ou em outros produtivos, visando a não geração de
rejeitos. (MANSOR et. al. 2010, p. 25).
A figura abaixo ilustra como funciona a logística reversa.
Comércio
Bens de Pós-venda
Garantia/
Qualidade
Indústria
Resíduos Industriais
Comerciais
Substituição
de Componentes
Bens de Pós-Consumo
Fim de
Vida
Útil
Em Condições
de Uso
Reuso
Conserto
Reforma
Estoques
Validade
de
produtos
Desmanche
Componentes
Retorno ao
ciclo de
Negócios
Mercado
Secundário
De Bens
Disposição
Final
Reciclagem
Mercado
Secundário de
Matérias- primas
Mercado de
Segunda
mão
Remanufatura
Mercado
Secundário de
Componentes
Retorno ao Ciclo Produtivo
FIGURA 2- Foco da Atuação da Logística Reversa
Fonte: Leite (2002b)
142
De forma mais simples, é possível explicar que a logística reversa na
medida se preocupa com o desenvolvimento integral das empresas, ao
incorporar ao seu gerenciamento o descarte dos seus resíduos sólidos de
forma consciente, através da reciclagem, reutilização, preocupação no
desenvolvimento de novas embalagens retornáveis. Inclui também os canais
reversos de pós-venda e pós-consumo, se antecipa as leis ambientais e reduz
custos. Outro benefício desta prática é a melhoria de sua imagem. Sendo
assim, a conscientização e envolvimento de todos na cadeia produtiva, traz
resultados compensadores.
2.3. Da Logística Empresarial à Reversa
A logística empresarial é muito importante para as empresas e se
desenvolveu com o passar dos tempos. Atualmente a logística faz parte do
processo estratégico das organizações, e a logística reversa vem integrar a
mais nova área da logística, cuidando dos produtos para que retorne a seu
ciclo produtivo quando cessar seu ciclo de vida útil.
Para Leite (2009, p.3) “A logística empresarial assume relevante no
planejamento e controle do fluxo de materiais e produtos desde a entrada na
empresa até sua saída como produto finalizado.” O processamento de pedidos
e serviços oferecidos aos clientes são diferenciais estratégicos que as
empresas utilizam e dessa forma podem decidir as quantidades que serão
produzidas, os modelos a serem fabricados, a seqüência da fabricação, os
estoques de insumos e de produtos intermediários e acabados, quantidades e
datas de entrega das matérias primas, e os componentes diretos da fabricação,
dentre outros, esses elementos tornam-se fundamentais para o cumprimento
das estratégias empresariais.
Ainda de acordo com Leite (2009) é possível identificar as quatro áreas
operacionais na logística empresarial atual são elas:
Logística de suprimentos: a área responsável por suprir as
necessidades dos insumos das empresas.
Logística de apoio à manufatura: a área responsável por planejar,
armazenar e controlar os fluxos internos.
143
Logística de distribuição: área que se ocupa da distribuição dos
pedidos recebidos.
Logística Reversa: é a mais nova área da logística, responsável pelo
retorno dos produtos de pós-venda e pós-consumo e de seu
endereçamento a diversos destinos.
A logística reversa é a mais nova área da logística empresarial. Sendo
assim, a empresa que quiser se manter competitiva e dar continuidade ao seu
negócio, precisa se atualizar e começar a utilizar essa ferramenta tão
importante nos dias de hoje, onde a questão ambiental ganha cada vez mais
importância e preocupação, e com as exigências das leis ambientais, cito aqui
a lei 12.305 de 2 de agosto de 2010 que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos.
3. OS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO NA LOGISTICA REVERSA
Os canais de distribuição da logística reversa são também ações de
responsabilidade compartilhada, que envolve tanto quem produz quem compra
quem vende e quem consome, e ainda os governantes.
3.1. Canais de Distribuição Diretos e Reversos
Os canais de distribuição diretos e reversos são caracterizados pela
trajetória que o produto faz até chegar ao consumidor final. Depois desse
processo, se houver a necessidade de que este produto volte ao seu ciclo
produtivo, seja por defeito ou por estar danificado, a empresa faz a coleta e a
destinação final correta, seja para fazer o conserto, seja para revenda, ou
desmontagem para confeccionar um novo produto. É exatamente onde atua a
logística reversa de pós-consumo e de pós-venda, para fazer a destinação
correta destes bens.
Para Leite (2009, p.6) os canais de distribuição diretos, ou simplesmente
canais de distribuição como são conhecidos, são constituídos de diversas
etapas pelas quais bens e serviços são produzidos e comercializados, até
chegar nos consumidores finais, seja uma empresa ou pessoa física. Para
144
Kotler (apud LEITE 2009, p.6) há explicação que “a distribuição física dos bens
é a atividade que realiza a movimentação e disponibiliza esses produtos ao
consumidor final”.
Para Guarnieri (2011, p.72) o canal de fluxo direto dos produtos é
diferente dos canais reversos, pois o fluxo direto apenas disponibiliza o produto
para que chegue ao consumidor final, o fluxo reverso trata de cuidar destes
produtos na pós-venda, e no pós-consumo. “As alternativas de retorno ao ciclo
produtivo são o foco de estudo da logística reversa e dos canais reversos que
buscam a revalorização dos resíduos de pós-venda e de pós-consumo”. Sendo
assim as empresas precisam encontrar formas por meio da logística reversa
para fazer a coleta, triagem, distribuindo estes itens de maneira que não
venham a prejudicar a empresa maneira econômica viável. Os canais de
distribuição reversos são explicados na figura 3.
Fluxos
Mercado
Secundário
R
e
v
e
r
s
o
s
D
i
r
e
t
o
s
R
e
v
e
r
s
o
s
o
Mercado
Secundário
Reciclagem
Mercado
Primário
Desmanche
Reuso
Pós-Venda
Pós-Consumo
Disposição
Final
FIGURA 3- Canais de Distribuição diretos e reversos
Fonte: Leite (2009, p.7)
145
Como síntese para o leitor: os canais de distribuição reversos são
formados por produtos de pós-consumo e de pós-venda. A logística reversa
vem para atuar nesta área e dar o destino certo para os produtos cujo ciclo de
vida acabou. Desta forma, a logística reversa mostra como fazer para que
esses produtos retornem para o ciclo produtivo, seja pelo mercado secundário,
pela reciclagem, desmanche , reuso ou mesmo uma disposição final adequada,
como mostra a figura 3.
3.2. Canais de Distribuição Reversos de Bens Pós-Consumo
Nos canais reversos de bens de pós-consumo, os bens são adquiridos
pelos consumidores nas lojas e são utilizados. O consumidor quando não quer
mais o bem ou encontra um defeito, ou simplesmente quer se desfazer do
mesmo, a empresa precisa coletar esse bem e resolver o que fazer com ele,
podendo encaminhá-lo para o mercado secundário para ser revendido sem
alteração de sua forma, ou então o aproveitamento de algumas peças para
utilização em novos produtos, ou ainda, se não existirem possibilidades de
reutilização, os resíduos serão encaminhados para reciclagem e dessa forma,
não prejudicando o meio ambiente.
Leite (2009, p.8) ainda explica que os bens de pós-consumo são
constituídos nas mais diversas etapas de sua comercialização, dessa forma,
observa que:
Os canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo
constituem-se nas diversas etapas de comercialização e
industrialização pelas quais fluem os resíduos industriais e os
diferentes tipos de bens de utilidade os seus materiais constituintes,
até sua reintegração ao processo produtivo, por dos subsistemas de
reuso, remanufatura ou reciclagem. (LEITE 2009, p.49)
•
Canais reversos de reuso: “(...) são definidos como aqueles bens em
que se tem a extensão do uso de um produto de pós-consumo ou de
seu componente”. Possui a mesma função de quando foi adquirido pelo
antigo dono e não tem remanufatura.
•
Canais reversos de remanufatura: “é o canal reverso no qual os
produtos podem ser reaproveitados em suas partes essenciais,
mediante a substituição de alguns componentes”, reconstituindo-se em
146
um produto com a mesma finalidade do original. A remanufatura é o
desmanche do produto, os componentes em condições de uso são
retirados para serem usados novamente, os que não têm revalorização
são enviados para a reciclagem industrial.
•
Canais reversos de reciclagem: “é o canal reverso de revalorização
em que os materiais constituintes dos produtos descartados são
extraídos
industrialmente,
transformando-se
em
matérias-primas
secundarias ou recicladas”, estas matérias-primas voltam ao ciclo
produtivo, para se transformarem em novos produtos.
A figura 4 apresenta como funcionam os canais reversos de pósconsumo.
Fabricante de matérias-primas novas
Resíduos
Industriais
Fabricante de produtos
(duráveis /descartáveis)
Materiais
reciclados
Consumidor Final
(empresa/pessoa física)
Mercados
secundários
Bens de pós-consumo
Descartáveis/semiduráveis
Coleta
informal
Coleta
seletiva
Intermediários (sucateiros)
Indústria de Reciclagem
Duráveis/semiduráveis
Coleta
do lixo
Desmanche
Sobras
Incineração
Reuso
Componentes
Remanufatura
FIGURA 4- Canais de Distribuição de Pós-Consumo Diretos e Reversos
Fonte: Leite (2009, p. 50).
147
Por fim o canal reverso de pós-consumo se caracteriza por tratar dos bens
quando o consumidor não se interessa mais por ele, e quando estes não
podem ser revalorizados devem seguir uma destinação final adequada.
3.3. Canais de Distribuição Reversos de Pós-Venda
Os canais reversos de pós-venda são formados pelos produtos, que
praticamente depois da venda, voltam ao ciclo produtivo por vários motivos. A
seguir vamos conhecer melhor como funciona este canal. Desta forma, as
empresas precisam esta bem preparada fisicamente para dar a destinação final
adequada para seus produtos de pós-venda que por algum motivo foram
devolvidos pelo consumidor.
Para Guarnieri (2011, p.56) “O resíduo de pós-venda pode ser entendido
como aquele que teve pouco ou nenhum uso e retorna á cadeia de
suprimentos por diversos motivos”, tais como erros de fabricação, expiração de
prazo de validade, devolução por falta de qualidade do produto, garantias,
excesso de estoques, produtos com avarias no transporte, etc. “A
caracterização da logística reversa de pós venda se dá quando ocorre à
reutilização, a revenda como subproduto ou produto de segunda linha e, a
reciclagem de bens que são devolvidos pelo cliente” em qualquer cadeia de
distribuição sendo no varejista, atacadista ou diretamente no fabricante. Uma
síntese dessa proposta é apresentada na figura a seguir.
148
Logística Reversa
de Pós-consumo
•
Reciclagem
Industrial
Cadeia de
Distribuição
direta
Consumidor
•
Desmanche
Industrial
•
Reuso
•
Consolidação
•
Coleta
Logística Reversa de
Pós-Venda
•
•
Seleção/
destino
Consolidação
•
Coleta
Bens de
Pós- Venda
Bens de
PósConsumo
FIGURA 5- Logística reversa – área de atuação e etapas reversas
Fonte: Leite (2009, p. 19)
No canal de distribuição de pós-venda, os bens que por algum motivo,
seja por problemas de fabricação, fim de vida útil, recall, excesso de estoque,
entre outros, voltam ao ciclo produtivo, poderão ser reaproveitados de alguma
forma.
4. OBJETIVO AMBIENTAL NA LOGISTICA REVERSA
O objetivo com base na logística reversa é fazer as empresas se
preocupem com o impacto ambiental do ciclo produtivo, sem prejudicar o meio
ambiente e atender seu cliente que exige cada vez mais produtos sustentáveis.
Sendo assim, este capítulo explicará de forma detalhada, qual a influência da
variável ambiental nos processos logísticos das empresas.
4.1. Sensibilidade ecológica
A sensibilidade ecológica nada mais é do que a consciência de todos os
envolvidos na cadeia produtiva e de consumo. É ter a responsabilidade
149
compartilhada em todas as fases do processo de um produto, para que não
venha a prejudicar o meio ambiente.
Para Leite (2009, p.116) “A percepção e crescente sensibilidade com
relação ao meio ambiente tornaram-se obrigatória em declarações de missões
empresariais. As estratégias de gestão de meio ambiente” passaram a
constituir parte integrante da reflexão empresarial, pelo menos pro parte de
empresas lideres de mercado e consideradas excelentes em seus setores. O
consumidor esta mais consciente e precisa de informações sobre o impacto
dos produtos industriais, e seus processos no meio ambiente.
Para Filho e Berté (2009, p. 30) “[...] ainda nesse período de
consolidação da globalização, surgiram às preocupações com as questões
ecológicas, exatamente pela percepção da integração existente entre todas as
partes do mundo”. Pois o problema que ocorre em um lugar do mundo pode
afetar outros lugares, sendo assim hoje esta maior a consciência ambiental das
pessoas em toda parte do mundo. O surgimento de legislações começou a
exigir uma postura diferente e proativa das empresas em toda parte do mundo,
em relação às questões ambientais.
A sensibilidade ecológica deve estar presente em toda cadeia produtiva,
o que envolve o comprometimento dos fabricantes, empresas, consumidores, e
governantes. Destaque-se a importância da responsabilidade pós-consumo,
que não envolve somente a logística reversa, vai além deste fato e envolve a
preservação ambiental como um todo. A logística reversa nestes termos
assume papel de ferramenta que ajudará as empresas em seus processos
logísticos, com a preocupação de que esses produtos irão voltar a seu ciclo
produtivo no final de sua vida, sem prejudicar o meio ambiente. Os
consumidores por sua vez, devem exigir produtos ecológicos e ambientalmente
corretos, para incentivar às empresas a repensarem na fabricação de seus
produtos. Não só isso, ter a preocupação de não descartar seu lixo de qualquer
maneira, sem pensar, no meio ambiente. Devem devolver o produto para os
fabricantes, que por sua vez irão dar a destinação adequada, e os governantes
devem apoiar às empresas e mostrar medidas de apoio para que elas possam
implantar a logística reversa em seus processos produtivos.
150
4.2. Críticas Ambientais a Cultura do Consumo
Até recentemente prevalecia a cultura de jogar fora sem nenhuma
preocupação. Atualmente, o cenário está mudando para o conceito de pósconsumo: a sustentabilidade do projeto até a disposição final. Nota-se o
esforço para reverter a cultura do consumo imediato no qual o descarte de
produtos é mais rápido devido à oferta de novos produtos “mais modernos”.
Esta “descartabilidade” gera mais resíduos e o desafio de dar uma destinação
adequada demanda mais planejamento. Logo, a logística reversa se aplica
para o retorno correto do consumo ao ambiente.
Conforme a figura a seguir, esse novo cliente consumidor é mais
exigente e cobra: responsabilidades empresariais. As legislações ambientais
estão mais detalhadas e rigorosas cobrando das empresas a previsão do
descarte de resíduos dos produtos e serviçios..
Cultura do
Consumo
Comprar
Cultura
Ambientalista
Usar
Dispor
Reduzir
Reusar
Reciclar
Cultura de
Serviços
Atendimento
Relacionamento
Novo Cliente e Consumidor
Legislações
Ambientais
Governo/
Sociedade
Empresas
Responsabilidade
Empresarial
Flexibilidade
Operacional
Logística Reversa
na Estratégica Empresarial
Competitividade
Imagem
Corporativa
FIGURA 6- Mudanças na cultura de consumo e suas conseqüências
Fonte: Leite (2009, p. 118)
151
Diante do exposto, pode-se concluir que anteriormente as pessoas
compravam, usavam e disponham fato que foi degradando o meio ambiente.
Na cultura ambientalista o enfoque é que as pessoas reduzam, reusem, e
reciclem ao máximo, para não gerar tanto resíduo, deixando assim de
prejudicar o meio ambiente. E a cultura de serviços por sua vez, deverá se
preocupar em atendimento e relacionamento diferenciado para esse cliente,
cada vez mais consciente das questões ambientais. As empresas juntamente
com os governantes e a sociedade devem compartilhar a responsabilidade
pós-consumo, sendo que as empresas devem ter flexibilidade em seus
processos, incluindo a logística reversa como ferramenta estratégica, para ser
mais competitiva e ao mesmo tempo ter uma boa imagem corporativa perante
seus clientes, cumprindo com as legislações ambientais.
4.3. Responsabilidade das Empresas com o Meio Ambiente
Nos dias de hoje as empresas devem estar atentas as leis ambientais
para que seus produtos não prejudiquem o meio ambiente e mantendo assim
uma imagem corporativa sustentável perante seus clientes que cada vez mais
estão conscientes e exigem produtos sustentáveis. Elas devem repensar a
forma de fabricarem seus produtos, diminuindo o impacto dos danos causados
ao meio ambiente.
Para Leite (2009, p.123) “[...] as empresas estão se defrontando com um
ambiente externo em grande transformação, que ocorre a cada dia com maior
velocidade”. Esse fato se dar por conta da consciência dos consumidores com
relação aos impactos dos produtos no meio ambiente, seja pelo fato de que as
pessoas estão mais informadas ou porque estão realmente vendo as
agressões ao meio ambiente. Acionistas de empresas estão investindo em
empresas éticas e que tenham relações com a sociedade e o meio ambiente.
Ainda de acordo com Leite:
A variável ambiental, tanto a social, é introduzida na reflexão
estratégica de empresa líderes como um diferencial competitivo, por
meio da percepção para reforçar a imagem corporativa da empresa,
reforçando seus negócios, este é um ambiente em que se diferenciar
é extremamente difícil de ser obtido por meio de outras variáveis
mercadológicas (LEITE 2009, p.123)
152
A seguir, é possível verificar os benefícios que as empresas podem
obter se operarem os canais reversos em seus processos produtivos.
TABELA 1 – Motivos estratégicos de as empresas operarem os canais reversos
Motivo Estratégico
Aumento da competitividade
Limpeza do canal - estoques
Respeito às legislações
Revalorização econômica
Recuperação de ativos
Porcentagem de empresas
respondentes
65, 2%
33, 4%
28, 9%
27, 5%
26, 5%
Fonte: Rogers e Tibben-Lembke(1999), (apud Leite, 2009 p. 25)
Diante do exposto, observa-se que a logística reversa é responsável
pela maior porcentagem no aumento de competitividade das empresas, e que
pode ser considerada ferramenta estratégica empresarial perante as outras
empresas que ainda não a utilizam.
4.4. Logística Reversa e Analise do Ciclo de Vida
A análise do ciclo de vida é uma ferramenta muito importante para que
os fabricantes saibam qual o impacto que seu produto irá causar no meio
ambiente, desde o momento da seleção da matéria prima, até a destinação
final.
De acordo com Leite (2009, p.122) “A análise do ciclo de vida útil dos
produtos estuda o impacto ambiental gerado pelos produtos desde o momento
da extração das matérias-primas e outros insumos utilizados em sua
fabricação” de maneira contabilizada com recursos naturais utilizados. Os
impactos causados pelo transporte para internalizar os insumos e para
distribuição direta e reversa dos produtos de pós-consumo, até a disposição
final. Também conhecido como “analise do berço ao tumulo”.
Conforme Guarnieri (2011, p.65) “[...] a avaliação do ciclo de vida é
conhecida pela expressão do berço á cova (cradleto grave), berço indicando o
nascedouro dos insumos primários mediante a extração de recursos naturais e
cova”, que é o destino final dos resíduos que não tem mais proveito não será
reciclado nem reusado, será descartado de forma ambientalmente correta
153
podendo ser em aterros ou por meio de incineração. Este tipo de ciclo não é
igual ao ciclo mercadológico onde o produto nasce vai para o mercado até sua
morte, porém passa pelo crescimento, maturidade e declínio. Podemos
observar como funciona esse ciclo na figura a seguir.
Pesquisa e
Desenvolvimento
(P& D)
Extração de
Matérias- Primas
Fabricação
Reciclagem
ou
Recuperação
Definição de
Novos
Produtos pelo
Marketing
(berço)
Embalagem
Consumo
ou
Utilização
Destinação final
(túmulo)
Transporte
FIGURA 7 - O ciclo de vida dos produtos “do berço ao túmulo”
Fonte: Filho e Berté (2009. p.79).
Em síntese conclui-se que a análise do ciclo de vida envolve todo o
processo da fabricação de um produto, desde o momento de sua criação até o
término de sua vida útil, quando precisará voltar ao ciclo produtivo por meio da
logística reversa. Para isso, a empresa precisa estar bem estruturada para
implantar a logística reversa nos processos de fabricação e ter pessoas bem
capacitadas
nesta
área.
Como
conseqüência,
a
organização
será
estrategicamente competitiva, atenderá as legislações ambientais, e o mais
importante: seu cliente.
4.5. Condições para uma Empresa Implantar a Logística reversa
Para que uma empresa implante a logística reversa em seus processos
produtivos deverá ter às condições necessárias e se preocupar com alguns
154
fatores de influência que giram em torno da organização, a seguir iremos
conhecê-los.
Segundo Leite (2009, p.88-91) “O modelo destaca em primeiro plano as
condições essenciais para que o fluxo reverso se estabeleça conforme é
descrito a seguir”:
Novo Produto
Condições Essenciais
•
•
•
•
Remuneração em
todas as etapas
reversas
Qualidade dos
produtos
remanufaturados
Escala econômica
de atividade
Mercado para os
produtos com
conteúdo de
reciclados
Reintegração
ao ciclo
produtivo
Fatores
necessários
-Fatores
Econômicos
-Fatores
tecnológicos
-Fatores
logísticos
Fatores
modificadores
Pós-consumo
-Fatores logísticos
-Fatores legislativos
FIGURA 9- Modelo Relacional
Fonte: Leite (2009, p.89)
Na figura 10 podemos visualizar os fatores de influencia nos canais
reversos de pós-consumo.
155
Retorno ao ciclo
produtivo
econômicos
Canais
Diretos
Ecológicos
FD
Canais
Reversos
Fluxo direto
legislativos
FR
Fluxo Reverso
Logísticos
Tecnológicos
Produtos de Pós-consumo
FD – FR
EQUILIBRIO
FIGURA 10 – Fatores de influencia na organização dos canais reversos de pósconsumo
Fonte: Leite (2009, p.88)
No contexto descrito é possível observar que, para que a logística
reversa seja implantada na empresa há vários fatores que irão influenciar. A
empresa precisará ter as condições essenciais, os fatores necessários e os
fatores modificadores para que a logística consiga funcionar em seus
processos produtivos. No próximo capitulo iremos entender porque a logística
reversa tornou-se, nos dias de hoje, uma ferramenta competitiva.
5. A LOGISTICA REVERSA COMO FERRAMENTA DE
COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL
A logística reversa é uma ferramenta de competitividade para as
empresas na medida em que está presente de forma adequada nos detalhes
dos diversos processos produtivos.
156
5.1. Logística Reversa como um diferencial competitivo
A logística reversa pode ser considerada uma ferramenta de
competividade na medida em que aprimora processos, calendários de
operação, documentação e qualificação de mão de obra. As experiências
recentes demonstram que não é tão simples de se implantá-la. Porém, não é
difícil que a empresa estruture sua gestão e os seus processos produtivos.
Como resultado adicional, a diferenciação dos produtos perante os seus
concorrentes será mais marcante.
De acordo com Guarnieri (2011, p.58) “Um dos aspectos mais relevantes
para as empresas que adotam a logística reversa é a diferenciação por serviço,
uma vez que atualmente, os varejistas acreditam que os clientes valorizam as
empresas” que possuem políticas de retorno de produtos. Esta é uma
vantagem competitiva onde os varejistas e fornecedores assumem os riscos no
caso de o produto está quebrado ou danificado. “A PNRS (Política Nacional de
Resíduos Sólidos), aborda estes aspectos quando trata da responsabilidade
compartilhada
entre
fabricantes/produtores,
distribuidores,
varejistas
e
importadores e exportadores”. Um processo de logística reversa de pós-venda
bem gerenciado nas empresas possui uma grande fonte de vantagem
competitiva através da diferenciação no atendimento, agregando valor ao
cliente, e em longo prazo fidelizando-o.
Para Filho e Berté (2009, p. 72) “As organizações, até mesmo sob ponto
de vista estritamente econômico (visão de lucratividade), devem pensar em
como tirar proveito dessa situação e agir de forma a garantir vantagens
competitivas”.
Conforme apresentado, é possível entender porque a logística reversa
torna-se um diferencial competitivo para empresas de hoje em dia, pois com às
exigências das leis ambientais, e a consciência dos consumidores, as
empresas que conseguirem montar um processo reverso de seus produtos,
além de estarem de acordo com as leis, terão diferenciação competitiva em
seus serviços.
Para destacar a importância desses custos, o quadro 1 a seguir
explicará os riscos mercadológicos que podem impactar na imagem de uma
empresa, se não tiverem prevenidos pela logística reversa.
157
QUADRO 1 – Logística reversa na prática
Custos dos riscos Mercadológicos
A recuperação de uma falha ou uma experiência negativa em relação a um produto ou
serviço adquirido revela que em 85% dos casos o cliente abandona a marca ou a
empresa.
Conquistar clientes custa cinco vezes mais do que mantê-los.
A lucratividade de um cliente cresce com a sua permanência.
Recuperar uma imagem é muito mais caro que mantê-la.
Fonte: Leite (2009, p.28)
Diante do exposto podemos concluir que a logística reversa está
conquistando as empresas, não somente pelo retorno de seus produtos ao
ciclo produtivo, mais também porque é economicamente viável em aspectos de
diminuição de custos nos processos logísticos, melhorando a imagem daquelas
empresas que implantaram sistemas reversos de qualidade.
5.3. Competitividade nos tempos atuais
A competitividade pode ser uma ferramenta que estimula as empresas a
produzirem com criatividade. Quando se fala em preservação de meio
ambiente, essa competitividade deve ser saudável para todos ganharem. Uma
das principais tendências nas empresas é a consciência de que a gestão
ambiental deve estar diluída em cada processo, e que cada um deve fazer sua
parte. A responsabilidade pós-consumo está ganhando forças de forma
compartilhada.
De acordo com Filho e Berté (2009, p.41) em um passado não tão
distante a competitividade das empresas era baseada essencialmente em
produtividade, ou seja, produzir mais com menor custo sem a preocupação
com o descarte correto. O fenômeno da globalização de mercados e dos
recursos produtivos gerou um volume crescente de inovações tecnológicas
influenciaram mudanças nos ciclos de vida dos produtos e nos padrões
comportamentais dos consumidores. Estas mudanças aceleraram ás pressões
ambientais sobre as áreas de disposição final.
Porém existem soluções
disponíveis que mediante pressões de consumidores (via redes sociais) e
158
legislação geram mudanças no modelo de lucratividade das organizações, Os
cuidados ambientais traduzem padrões de prestação de serviços mais
elevados. Todos esses aspectos combinados conduzem as empresas à
atuação empresarial extremamente competitiva, exigindo suporte profissional e
planejamento dos seus sistemas de informações logísticas.
Podemos concluir que com a velocidade das tecnologias, os produtos
cada vez mais têm seu ciclo de vida reduzido. Sendo assim, é preciso que as
empresas pensem antes de fabricarem seus produtos. Atualmente, o consumo
é muito rápido e isso gera resíduos que tem a destinação não adequada. É
preciso que os fabricantes recolham seus produtos com fim de vida útil e dêem
à destinação final correta, e agora podem contar com a logística reversa.
6. Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo
A logística reversa demanda ações de colaboração e integração do setor
público como a secretaria do meio ambiente que organiza ações de
adensamento de soluções nas cadeias de negócio das empresas. Essas ações
tem início na coleta de sugestões para melhorias, ações de conscientização
para as vantagens da logística reversa e a visão estratégica de obter adesão
não por meios legais, como por exemplo: multas e restrições.
Para tal finalidade a secretaria organiza o acompanhamento dessas
cadeias junto com outros órgãos públicos e a construção de indicadores
setoriais para orientar as ações de políticas públicas.
A Secretaria desenvolveu uma estratégia inovadora, solicitando às
empresas que enviassem propostas para implantação dos sistemas – mudando
radicalmente a lógica da regulação. Isto em si já configura uma grande
vantagem às empresas, que puderam à época propor soluções dentro do
escopo de sua viabilidade.
Além disso, para aqueles que firmarem Termos de Compromisso, a
Secretaria tem oferecido contrapartidas, tais como apoio na divulgação, revisão
de procedimentos administrativos necessários à consecução dos sistemas,
interlocução com a Secretaria da Fazenda para revisão de questões tributárias,
159
intensificação da fiscalização de contrabandos, entre outras medidas que estão
sendo discutidas caso a caso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância da logística reversa para as empresas, pelo fato que ela é
a ferramenta que ajudará a resolver os problemas dos resíduos descartados de
forma incorreta no meio ambiente. Desta forma a logística reversa é a nova
área da logística empresarial que veio para cuidar do retorno dos produtos de
pós-venda e de pós-consumo, cuidando do ciclo reverso dos resíduos quando
estes produtos são entregues ao consumidor final. Além do mais a logística
reversa é responsável por uma considerável parcela de redução dos custos
produtivos nas empresas que a utilizam, sendo bom também para imagem dela
perante seus consumidores, o que a torna ambientalmente sustentável e
responsável.
As empresas que já iniciaram as atividades relacionadas à logística
reversa de pós-consumo e de pós-venda notaram que as iniciativas trazem
retornos e compensação de custos, minimizam as penalidades das leis
ambientais, e aumentam sua lucratividade, e as tornam mais competitivas
estrategicamente perante seus concorrentes, na medida em que conseguem
reintegrar os resíduos de seus produtos ao ciclo produtivo. Sendo que a
logística de pós-consumo é mais desenvolvida porque trata da destinação por
meio de reciclagem, além do que geram empregos diretos e indiretos, a
logística de pós-venda ainda é tratada pelas empresas como um problema a
ser solucionado, o que não é impossível de ser resolvido, mais justifica a
carência de dados. Apesar de se tratar de um interesse crescente algumas
empresas ainda não estão preparadas, ou não tem gestores qualificados para
atuarem nesta área, ou ainda não possuem sistemas operacionais bem
estruturados para implantá-la.
A logística reversa precisa de uma contribuição reguladora como a da
Secretaria do meio ambiente para articular esforços em uma dimensão mais
ampla com vantagens para as empresas que a adotarem.
160
Bibliografia:
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos / logística
empresarial. Tradução Raul Rubenick, 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 4ª ed.
São Paulo: Makron Books, 1996.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN Pedro Alcino e SILVA, Roberto da.
Metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 5ª ed. [rev.]. São Paulo:
Saraiva, 2006.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social: 6ª ed. São Paulo:
Atlas, 2008.
. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa: Meio ambiente e competitividade. 2ª
ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
FILHO, Edelvino. Razzolini; BERTÉ, Rodrigo. O reverso da logística e as
questõesambientais no Brasil. Cutiriba: Ibpex, 2009.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23ª ed. [rev e
at.]. São Paulo: Cortez, 2007.
Periódicos:
RIBEIRO, Flávio de Miranda: Responsabilidade pós-consumo na política de
resíduos sólidos: uma visão, estratégia e resultados até o momento no
Estado de São Paulo. ano I, vol. 2, São Paulo. In: Revista científica sobre
resíduos sólidos. Conexão academia jul. 2012.
MANSOR, Maria Teresa C. et. al. Resíduos Sólidos. In: Educação Ambiental.
Coordenadoria de Planejamento Ambiental. v.6. Secretaria de Estado do Meio
Ambiente. São Paulo, 2010.
Eletrônicas:
161
LEI
Nº
12.305,
DE
2
DE
AGOSTO
DE
2010.
Disponível
em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2010/lei/l12305.htm>.
Acesso em 18 de ago. 2012 às 16h10.
Nota de Esclarecimento nº. 2 – Resolução SMA 38/2011, São Paulo.
Disponível em: <http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/residuossolidos/>. Acesso
em: 23 de abr. 2012 às 14h39.
Reflexões sobre a política nacional dos resíduos sólidos, São Paulo. Disponível
em: <http://habitanteverde.com.br>. Acesso em: 21 jun. 2012, às 16h50.
Política Nacional dos Resíduos Sólidos, São Paulo, 2012. Disponível em:
<http://www.cempre.org.br/download/pnrs_002.pdf>. Acesso em: 9 de ago
2012 ás 18h06m.
GUARNIERI, Patrícia. Logística Reversa: em busca do equilíbrio econômico e
ambiental.1ª
ed.
Recife:
Clube
de
autores,
2011.
Disponível
em:
<http://books.google.com.br/books/about/Log%C3%ADstica_Reversa_em_bus
ca_do_equil%C3%ADbr.html?id=I-worBqsMTcC&redir_esc=y>. Acesso em: 9
set. 2012 às 15h34.
ANEXO 1
Entrevista sobre Logística Reversa:
RIBEIRO, Flavio de Miranda, Assessor Técnico da Secretaria do Meio
Ambiente do Estado de São Paulo; Doutorando do Programa de Ciências
Ambientais da Universidade de São Paulo (PROCAM-USP). Logística Reversa.
(Entrevista pessoal), para Rozilene Lima, Faculdade das Américas, em 15 de
Outubro de 2012, ás 14h30m.
Antes de qualquer coisa, é essencial entender que a responsabilidade das
empresas em assegurar o gerenciamento do resíduo pós-consumo de seus
produtos é uma exigência legal - seja em nível Estadual ou Federal.
Em segundo lugar, mais do que isso, esta determinação vem dar cumprimento
a princípios fundamentais do direito ambiental, como o do poluidor-pagador,
internalizando externalidades que até então significavam prejuízo à população seja pelos danos ambientais da disposição inadequada, seja pela sobrecarga
162
dos sistemas de coleta e destinação públicos dos RSU, além é claro dos
baixíssimos índices de eficiência no uso dos recursos que eram (e ainda são)
praticados em nossa sociedade.
Por último, cabe também lembrar que na Política Estadual de Resíduos Sólidos
de São Paulo não tratamos especificamente de “logística reversa”, mas de
“responsabilidade pós-consumo” – dentro do que se encontra a logística
reversa.
É neste contexto que respondo a seguir suas perguntas. Para maiores detalhes
da estratégia geral, sugiro a leitura daquele artigo que te passei.
1) Como as empresas podem ter na logística reversa uma ferramenta de
competitividade?
As oportunidades de ganho de competitividade para as empresas
dependem da capacidade destas em inovar – não apenas em relação aos
produtos, que podem e devem ser reformulados dentro dos preceitos do
ecodesign (que é um dos objetivos da responsabilidade pós-consumo para
além da logística reversa), mas principalmente dentro de novos modelos de
negócio – é a posta em prática do conceito de economia verde.
Apenas alguns exemplos de possíveis vantagens são a garantia de
fornecimento de matérias-primas; a possibilidade de fidelização de clientes; e a
eventual reestruturação dos mercados – pois as empresas menos aptas
acabarão sendo eliminadas por conta destas exigências.
2) Como a Secretaria do meio ambiente de São Paulo apóia as empresas para
que possam implantar a logística reversa em seus processos logísticos e
cumprir com a lei nº 12.305/2010 política nacional de resíduos sólidos?
A Secretaria desenvolveu uma estratégia inovadora, solicitando às
empresas que enviassem propostas para implementação dos sistemas –
mudando radicalmente a lógica da regulação. Isto em si já configura uma
grande vantagem às empresas, que puderam à época propor soluções dentro
do escopo de sua viabilidade.
163
Além disso, para aqueles que firmarem Termos de Compromisso, a
Secretaria tem oferecido contrapartidas, tais como apoio na divulgação, revisão
de procedimentos administrativos necessários à consecução dos sistemas,
interlocução com a Secretaria da Fazenda para revisão de questões tributárias,
intensificação da fiscalização de contrabandos, entre outras medidas que estão
sendo discutidas caso a caso.
Vale destacar mais uma vez que o cumprimento da lei é não só
obrigatório como corrige uma histórica transferência de responsabilidade pela
gestão de resíduos (na Europa a responsabilidade pós-consumo é parte da lei
desde 1975, e estes sistemas já estão implantados desde a década de 1980).
3) A logística reversa pode ser uma ferramenta que ajudará as empresas a
pensarem melhor ao fabricarem seus produtos?
A logística reversa apenas cria pressão, econômica e administrativa,
para que ocorram mudanças nos produtos. Estas mudanças fazem parte, isto
sim, da responsabilidade pós-consumo – conceito que inclui, por exemplo, o
ecodesign – onde se insere a preocupação ambiental nos projetos de produtos.
No entanto, até o momento, pouquíssimas empresas se deram conta
destas enormes oportunidades. Nossa expectativa é que, com o gradual
aumento dos requisitos regulatórios neste sentido, haja maior incentivo à estas
práticas de ecodesign.
Existem já linhas de financiamento para isso, como por exemplo na
FAPESP. O que falta é cultura das indústrias se associarem às universidades
na busca conjunta de soluções. Mas para isso, as próprias universidades
precisam estar preparadas para atender as empresas no oferecimento de
conhecimento de forma adequada, seja em relação à velocidade, viabilidade e
praticidade das soluções.
Vale destacar que muitas empresas e setores já têm inovado na área, e
a cada dia surgem novidades fruto deste tipo de articulação das empresas.
4). É possível pensar além da multa para levar as empresas a investir em
logística reversa?
164
Até o momento não se pensou em multa alguma, mesmo porque a
Secretaria não acredita que esta seja uma forma eficaz de convencimento das
empresas. Até o momento estamos tratando o tema apenas com o diálogo,
motivado pela perspectiva de que este é um tema que será desenvolvido, e
que as empresas que demorarem em investir terá que se adequar aos
sistemas que já estão sendo adotados.
No
entanto,
caso seja
necessário
uma
maior pressão
outros
mecanismos parecem ser mais interessantes que a multa em si, usando as
próprias forças de mercado, tais como: a divulgação de relações de empresas
inadimplentes em jornais e sites, a proibição dos inadimplentes em vender ao
governo do Estado e dos Municípios, o impedimento de renovar a licença de
operação, e em último caso a proibição de venda no Estado de São Paulo dos
produtos quem não possuírem sistemas de responsabilidade pós-consumo
associados.
5) Até pouco tempo dizia-se que as empresas investiam em meio ambiente
somente por temor de dispositivos legais. Como a sua experiência avalia essa
informação?
Pessoalmente acredito que a regulação direta ainda seja o principal
motivador da ação ambiental das empresas, mas hoje isso não se restringe ao
aspecto meramente coercitivo. Ações de antecipação regulatória e a
participação das empresas na discussão das políticas são exemplos disso.
Não obstante, cada vez mais outras formas de pressão irão apoiar a
regulação direta – principalmente da própria sociedade, tais como exigências
de clientes e dos próprios consumidores, cada vez mais cientes da influência
de seu poder de compra nas decisões corporativas. O próprio governo tem
tomado partido desta tendência, como por exemplo nas políticas de compras
públicas sustentáveis.
De forma geral, em minha opinião as empresas que hesitarem em
assumir uma postura socioambiental mais moderna estão fadadas ao fracasso,
ou ao menos a enfrentar dificuldades em um futuro muito próximo.
165
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