Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Programa de Pós-graduação Stricto Sensu Dissertação de Mestrado Avaliação de uma Floresta Atlântica urbana em restauração: da ecologia às questões sociais Ana Elena Muler Rio de Janeiro 2014 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Programa de Pós-graduação Stricto Sensu Avaliação de uma Floresta Atlântica urbana em restauração: da ecologia às questões sociais Ana Elena Muler Dissertação apresentada para ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Botânica. Orientador: Dr. Alvarenga Braga João Marcelo Rio de Janeiro 2014 ii Avaliação de uma Floresta Atlântica urbana em restauração: da ecologia às questões sociais Ana Elena Muler Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre. Aprovada por: Prof. Dr. João Marcelo A. Braga (Orientador) Prof. Dr. Pedro Henrique S. Brancalion Prof. Dr. Jerônimo B. B. Sansevero em 21/02/ 2014 Rio de Janeiro 2014 iii Muler, Ana Elena M647a Avaliação de uma Floresta Atlântica urbana em restauração: da ecologia às questões sociais / Ana Elena Muler – Rio de Janeiro, 2014. (xii), 86f. : il. ; 30 cm. Dissertação (mestrado) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro / Escola Nacional de Botânica Tropical, 2014. Orientador: João Marcelo Alvarenga Braga. Bibliografia. 1. Restauração florestal. 2. Mata atlântica. Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical. CDD 577.35 iv A VIDA É ASSIM: ESQUENTA E ESFRIA, APERTA E DAÍ AFROUXA SOSSEGA E DEPOIS DESINQUIETA O QUE ELA QUER DA GENTE É CORAGEM. GUIMARÃES ROSA v Dedico essa dissertação às pessoas sonhadoras, como eu. vi AGRADECIMENTOS Ao meu orientador pela confiança, pela oportunidade e por acreditar em mim. As ideias só saem do plano da imaginação quando temos credibilidade e motivação, o que nunca faltou. Obrigada João! Aos professores e pesquisadores que leram e participaram de alguma forma desse trabalho e fizeram dele um trabalho melhor. Em especial “um muito obrigada” ao Jerônimo Sansevero, ao Rodolfo de Abreu e ao Pablo Rodrigues. Aos professores e pesquisadores do JB que auxiliaram na identificação do material vegetativo coletado. Ao grupo de pesquisa GRUPOTER pela parceria e troca de ideias. Esse trabalho não seria o mesmo sem vocês! E em especial aos meus colegas de mestrado Pollyanna e Rafael que enfrentaram esse mesmo desafio, que percorremos juntos! Ao Alexandre Christo, Pablo Viany e Andrea Sánchez que deram boas sugestões para esse trabalho, contribuindo muito para sua construção. Aos companheiros de campo Fernanda, Paolo e Pablo que me fizeram rir bastante! “Na Marambaiaa...”. Ao Alessandro Fontes por ter me hospedado em sua casa durante os dias de campo! Obrigada!! Ao Ivandro e Iliano pelo apoio em campo. Ao mestre Jorge Caruso que enfrentou “um aparelho de GPS doido operado por uma maluca”, em suas palavras. Os meus campos não seriam o mesmo sem você!! Obrigada “my brother”!!!! À Fazenda Marambaia da Polícia Militar do Rio de Janeiro, a prefeitura e ao “Mutirão de Reflorestamento” por ter aceitado que essa pesquisa acontecesse e pela parceria nesse estudo. À Capes e a Faperj pelo financiamento e viabilização do mesmo. A Débora Rother que ensinou muito do que sei sobre pesquisa, obrigada amiga!!! À República Marikota por sempre me incentivar, me ouvir reclamar, me dar ideias, preencher meu coração de felicidade!! “Só o amor me ensina onde vou chegar... Por onde for quero ser seu par...” vii A Salina, Nega Loca, por me fazer entender que a vida é imensaa!! E por me lembrar sempre que devemos aproveitá-la todo o tempo!!! Obrigadaa amiga!!!! Aos parceiros de mestrado e de Vila Isabel: Diogo e Lívia! Vamo que vamo!! Não deixa a peteca cair!! “Cai a tarde acendo a luz do lampião, a lua se ajeita enfeita a procissão. De noooite vai ter cantoooria, está chegando o povo do samba, é a Vila, chão da poesia, celeiro de bamba..” Aos amigos queridos de Sanja! Ao meu namorado, Jaloto, por toda força, motivação, paciência, parceria e companheirismo em tantos carnavais!! “Corre e olha o seu em verde e rosa, brilham as estrelas imortais, bate outra vez uma saudade lembro dos antigos carnavais...” A família carioca que me recebeu super bem e sempre me apoiou! Ao meu pai, pela compreensão de ter a filha ausente... Aos meus avós José e Climene que sempre me apoiaram muito mesmo de longe. Às minhas irmãs, Mari e Nalu, por sempre me incentivarem e me fazerem sentir que não estou sozinha nesse mundo!! É mesmo Mari, pode apostar, estaremos sempre juntas não importa as distâncias!!! À minha mãe, a pessoa que mais acreditou em mim e me ajudou por toda essa caminhada, que foi bem longa, 26 anos!! Grazie, mamma!! viii RESUMO Atualmente um dos desafios da área de restauração consiste em como avaliar o sucesso dos projetos já implementados, devido à discussão em torno do que seria “sucesso”. A avaliação torna-se um desafio ainda maior quando o ecossistema a ser restaurado é altamente biodiverso e está imerso em uma matriz urbana. O objetivo dessa dissertação foi avaliar um plantio realizado em uma área de floresta urbana tropical, comparando-a a uma área de referência. A flora dos estratos arbóreo, juvenil e regeneração foi amostrada para avaliar parâmetros de estrutura, diversidade e processos ecológicos e em cada parcela foram feitas coletas de solo. Além disso, esse estudo buscou compreender as interações da comunidade local com a floresta, sua percepção em relação aos serviços ecossistêmicos gerados e as espécies desejadas para um projeto de restauração. O plantio promoveu a estruturação da floresta, o que possibilitou o estabelecimento de espécies vindas de fragmentos próximos. Esses fragmentos funcionaram como fornecedores de propágulos. A comunidade local mostrou grande interação e uso da floresta, o que mostra a importância da inclusão dos aspectos sociais na restauração florestal. Dessa forma, os resultados evidenciaram a importância da matriz na escolha da estratégia e metodologia de restauração florestal, pois houve influência ecológica e social vinda dela. Diante disso, os agentes restauradores precisam considerar a matriz circundante e precisam aceitar a nova realidade de ecossistemas emergentes, oriundos do uso humano, para que as práticas de restauração e conservação tornem-se cada vez mais eficazes. Palavra-chave: Restauração florestal, sucesso, Floresta Atlântica urbana ix ABSTRACT Currently one of the challenges of the restaurant area is how to evaluate the success of already implemented projects, due to the discussion around what "success" would treat. The assessment becomes even more challenging when the ecosystem to be restored is highly biodiverse and is immersed in an urban matrix. The aim of this study was to evaluate a planting carried out in a tropical urban forest area, by comparing it to a reference site. The flora of trees, saplings and seedlings was sampled to assess parameters of structure, diversity and ecological processes. Moreover, soil samplings were made at each sampled plot. Additionally, this study sought to understand the interactions between local community and restored forest, their perceptions of the ecosystem services and the desired species to a restoration project. The planting made possible forest structuration, which enabled the establishment of species coming from nearby fragments. These fragments have acted as suppliers of seedlings. The local community showed strong use and interaction to the forest, which shows the importance of including social aspects in forest restoration. Thus, results showed the importance of matrix in the choice of strategy and methodology for forest restoration, since there was ecological and social influence of it. Given this, restoration agents need to consider the surrounding matrix and must accept the new reality, that is, the emerging from a human use ecosystems, so conservation and restoration practices become increasingly effective. Keywords: Forest restoration, success, urban Atlantic Forest x SUMÁRIO INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................................ 13 CAPÍTULO 1. ESTRUTURA, DIVERSIDADE E COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES DE UMA FLORESTA URBANA TROPICAL EM RESTAURAÇÃO...................................................................................... 18 RESUMO.................................................................................................................................... 19 ABSTRACT ................................................................................................................................ 20 1.0 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 21 2.0 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................................... 23 2.1 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................................................ 23 2.2 COLETA DE DADOS .......................................................................................................................................... 27 2.3 ANÁLISE DE DADOS ......................................................................................................................................... 29 3.0 RESULTADOS....................................................................................................................... 31 3.1 ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA ........................................................................................................... 31 3.2 SOLO .............................................................................................................................................................. 44 4.0 DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 45 4.1 ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO ............................................................................................................................ 45 4.2 RIQUEZA E DIVERSIDADE DE ESPÉCIES .............................................................................................................. 46 4.3 PROCESSOS ECOLÓGICOS ................................................................................................................................. 49 4.4 ÁREA DE REFERÊNCIA ...................................................................................................................................... 50 CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 51 CAPÍTULO 2. AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE UMA COMUNIDADE LOCAL COM UMA FLORESTA TROPICAL EM RESTAURAÇÃO ................................................................................................... 58 RESUMO.................................................................................................................................... 59 ABSTRACT ................................................................................................................................ 60 1.0 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 61 2.0 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................................... 63 2.1 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................................................ 63 xi 2.2 COLETA DE DADOS .......................................................................................................................................... 66 3.0 RESULTADO ........................................................................................................................ 67 4.0 DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 71 CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 75 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................... 76 APÊNDICE 1. ............................................................................................................................. 81 APÊNDICE 2. ............................................................................................................................. 83 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 84 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................ 86 ANEXO 1 ................................................................................................................................... 86 ANEXO 2 ................................................................................................................................... 92 xii INTRODUÇÃO GERAL De acordo com a Sociedade Internacional de Restauração Ecológica (SER, 2004), a restauração ecológica é o processo de auxílio ao restabelecimento de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído. É a ciência, prática e arte de assistir e manejar a recuperação da integridade ecológica dos ecossistemas, incluindo um nível mínimo de biodiversidade e de variabilidade na estrutura e funcionamento dos processos ecológicos, considerando seus valores ecológicos, econômicos e sociais (Falk et al. 2006). A restauração ecológica cresceu muito nos últimos anos em função da necessidade de recuperar a destruição em larga escala e a fragmentação da vegetação nativa causada pelo homem (Hobbs & Harris 2001; Sodhi & Ehrlich 2010). Dessa forma, com o intuito de aumentar a cobertura florestal e reduzir a fragmentação de florestas muitos projetos de restauração e recuperação de ecossistemas degradados foram desenvolvidos, utilizando-se diversas metodologias e partindo de diferentes objetivos e, atualmente, o desafio da área de restauração consiste em como avaliar o sucesso dos projetos (Hobbs & Norton 1996; Ruiz-jaen & Aide 2005; Wortley et al. 2013), pois uma das maiores dificuldades é o que definir por “sucesso” na restauração. Hobbs e Norton (1996) acreditam que a restauração obtém sucesso quando possui objetivos de restituir os valores da conservação a porções específicas da paisagem produtiva, preferencialmente através da integração da produção e conservação, garantindo que os usos da terra dentro dessa paisagem não tenham impactos negativos aos processos ecológicos ali existentes. Segundo Higgs (1997), para obter sucesso o projeto de restauração deve definir suas metas e incluir objetivos que contemplem aspectos históricos, sociais, culturais, políticos e estéticos. O sucesso também pode ser interpretado como um continuum desde a implantação do projeto de restauração até o estabelecimento daqueles atributos que irão assegurar a sustentabilidade e o funcionamento do ecossistema (Reay & Norton 1999). Assim, inúmeros debates aconteceram em todo mundo a respeito de quais seriam os objetivos da restauração ecológica (Thorpe & Stanley 2011), e, consequentemente, o que seria o seu sucesso (Ruiz-jaen & Aide 2005). Esse debate recebeu influência de temas atuais como mudança climática (Seabrook et al. 2011) e circunstâncias socioeconômicas (Le et al. 2012). 13 Para a SER (2004), o sucesso é alcançado quando o ecossistema contem recursos bióticos e abióticos suficientes para continuar o seu desenvolvimento, sem mais assistência ou subsídio externo, quando é capaz de se sustentar estrutural e funcionalmente e demonstrar resiliência a uma taxa normal de stress e perturbação ambiental, quando interage com os ecossistemas contíguos a ele, em termos de fluxos bióticos e abióticos, e no que se refere a interações culturais. Assim, o sucesso da restauração está relacionado à: 1) diversidade e estrutura da comunidade similar a locais de referência; 2) presença de espécies nativas no maior grau possível; 3) presença dos grupos funcionais considerados necessários à estabilidade do sistema; 4) ambiente físico capaz de suportar populações reprodutivas; 5) funcionamento normal; 6) integração com a paisagem; 7) eliminação de ameaças potenciais; 8) resiliência a distúrbios naturais; 9) auto sustentabilidade (SER 2004; Ruiz-jaen & Aide 2005). Tais parâmetros podem ser investigados a partir da escolha de um conjunto de indicadores. No entanto, essa se constitui em outra dificuldade do monitoramento, pois existe uma falta de consenso na literatura científica em relação aos indicadores mais adequados para a avaliação dos parâmetros estudados e, portanto, do sucesso da restauração florestal (Siqueira & Mesquita 2007). Neste contexto, Oliveira (2011) concluiu que a escolha dos indicadores para a avaliação da restauração deve levar em conta os objetivos propostos no projeto de restauração, levando-se a afirmar que “não existe um paradigma para o estabelecimento dos objetivos da restauração ecológica. A busca por um único paradigma, seja para a conservação ou para a restauração, significa ignorar a imensa diversidade de condições ecológicas e as inúmeras formas de interação entre o homem e a natureza”. Assim, considerando a enorme diversidade de situações, os objetivos devem ser desenvolvidos, apropriadamente, para cada projeto, de acordo com seu escopo, e levando em conta as razões que demandam a restauração (Ehrenfeld 2000; Holl et al. 2000). Ruiz-jaen e Aide (2005) fizeram um levantamento dos principais indicadores utilizados para avaliar o sucesso da restauração, por meio de estudos de artigos publicados na última década, e concluíram que esses indicadores estão distribuídos nas seguintes categorias de atributos: aqueles relativos à diversidade (Reay & Norton 1999; Mccoy & Mushinsky 2002), à estrutura da vegetação (Walters 2000; Wilkins et al. 2003) e aos processos ecossistêmicos (Rhoades et al. 1998). Com o estudo de Ruiz e Aide foi verificado que a maioria dos monitoramentos de restaurações investigou parâmetros relacionados à ecologia de uma forma 14 geral. No entanto, para Wortley et al (2013), existe uma lacuna de pesquisas e avaliações acerca de parâmetros socioeconômicos e que, atualmente, se faz necessária mais investigação sobre os resultados sociais e econômicos e seus impactos para uma efetiva avaliação do sucesso da restauração. Para Oliveira (2011), os indicadores para a avaliação da restauração devem ser divididos entre mais categorias: físicos e estruturais; de biodiversidade; de processos ecológicos; de serviços ambientais e/ou ecossistêmicos; econômicos e sociais. A fim de auxiliar na escolha dos parâmetros a serem estudados e dos indicadores, o monitoramento envolve uma série de etapas e circuitos de feedbacks, buscando responder: Por que, o quê, quando, onde e como se faz o monitoramento? Estes etapas incluem: (1) definição de metas de monitoramento; (2) identificação do(s) recurso(s) para o monitoramento; (3) estabelecimento de um limiar para o começo do monitoramento; (4) desenvolvimento de um plano de amostragem; (5) coleta de dados; (6) análise dos dados; e (7) avaliação dos resultados (Figura 1) (Block et al. 2001). Figura 1. Diagrama de fluxo das etapas envolvidas no monitoramento. As letras de A a F significam possíveis pontos de feedback (adaptado de Block et al., 2001). Nesse contexto, o Brasil tem desempenhado um papel pioneiro no desenvolvimento de políticas ambientais eficazes para o desenvolvimento da conservação florestal e de iniciativas de restauração ecológica (Joly et al. 2010). Embora a alta taxa de desmatamento no país seja bem 15 divulgada, esta outra realidade não é bem conhecida fora do Brasil (Nepstad et al. 2008). O Parque Nacional da Tijuca no Rio de Janeiro, por exemplo, surgiu a partir da restauração de uma floresta Atlântica em um projeto que data de 1861 e é, atualmente, bastante aproveitada (Calmon et al. 2011). Na verdade, a história brasileira está intimamente ligada à Mata Atlântica, mais de 110 milhões de brasileiros vivem em mais de 3000 centros construídos ao longo da Mata Atlântica, que vão desde pequenas aldeias com estruturas socioeconômicas simples para alguns dos principais aglomerados do mundo (Hobley 2005). A Mata Atlântica detém uma elevada biodiversidade, no entanto, é um dos biomas mais ameaçados, sendo considerado um hotspot para conservação, dado o seu alto grau de endemismos e ameaças de extinções (Myers et al. 2000). Diante disso, a inclusão de indicadores sociais se faz extremamente necessária em áreas de Mata Atlântica restauradas, pois essas áreas pertencem a uma matriz urbana (Bell et al. 1997; Seabrook et al. 2011), e suas questões sócio-políticas locais aumentam significativamente a complexidade de qualquer projeto de restauração, porque estão relacionadas com as causas da degradação, e com seu sucesso ao mesmo tempo (Silva & Tabarelli 2000; Wuethrich 2007). Com o intuito de ampliar os esforços de conservação da Mata Atlântica criou-se um pacto chamado “Pacto pela Restauração da Mata Atlântica”. Esse é um ambicioso programa que visa recuperar 15 milhões de hectares de Mata Atlântica brasileira até o ano de 2050. Com isso, se espera gerar a conservação da biodiversidade, a geração de trabalho e de renda, a manutenção e o pagamento de serviços ambientais e a adequação legal das atividades agropecuárias. Além disso, um dos seus objetivos mais importantes está em traduzir as prioridades da conservação para uma linguagem comum e em um esforço conjunto para a efetiva conservação (Rodrigues et al. 2009). Por exemplo, nesse programa existe um direcionamento para o monitoramento de áreas restauradas. Dessa forma, o monitoramento torna-se uma parte crucial de todos os projetos de restauração, pois o acompanhamento do projeto é uma oportunidade de reunir informações sobre como ecossistemas funcionam e como os ecossistemas e as pessoas interagem ao longo do tempo. É também uma importante atividade para avaliar o sucesso ou o fracasso de projetos para que, assim, seja possível aplicar este conhecimento e experiências acumulados em projetos futuros e contribuir de fato para a conservação das florestas tropicais. Com isso, a proposta deste estudo foi avaliar o sucesso de uma área de floresta atlântica urbana em restauração no município 16 do Rio de Janeiro. Para melhor organização, este estudo foi divido em dois capítulos: O primeiro capítulo que trata das características do solo e da estrutura e composição florística das áreas estudadas (plantio e área de referência); o segundo que trata da interação da comunidade do entorno com a área em restauração e de sua percepção em relação aos serviços ecossistêmicos gerados pela floresta urbana em restauração, um assunto ainda pouco estudado em monitoramentos. 17 CAPÍTULO 1. ESTRUTURA, DIVERSIDADE E COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES DE RESTAURAÇÃO 1 UMA FLORESTA URBANA TROPICAL EM 1 Restoration Ecology 18 RESUMO A Restauração Florestal é bastante importante na medida em que permite a formação de um dossel inicial, que por sua vez possibilita a formação de um ambiente favorável ao estabelecimento de outras espécies vegetais e/ou a chegada de espécies da fauna. A estruturação da floresta é essencial para a formação do processo de sucessão secundária. Assim, esse estudo buscou avaliar o sucesso da restauração florestal realizada em uma área degradada de floresta tropical no Rio de Janeiro/RJ a partir da comparação com uma área de referência. A flora dos estratos arbóreo, juvenil e regeneração foi amostrada para avaliar parâmetros de estrutura, diversidade e processos ecológicos. Além disso, foram feitas coletas de solo em cada parcela. As diferenças estatísticas entre as áreas foram testadas por meio das análises Teste T ou Teste de Mann-Whitney. De forma geral, o estrato arbóreo apresentou-se bastante diferente, o estrato juvenil apresentou-se semelhante em relação aos parâmetros de estrutura e diferiu nos demais, já o estrato de regeneração apresentou-se semelhante para muitos parâmetros analisados entre as áreas estudadas. Diante disso, fica claro que o plantio de restauração teve um efeito significativo no recrutamento de espécies, pois diminuiu a cobertura por gramíneas, recuperou medidas de estrutura da vegetação, mudou as condições do local, facilitou a colonização de plantas e contribuiu para regeneração. Isso foi possível pela proximidade da área à fragmentos conservados, que funcionaram como fornecedores de propágulos. Esse fato evidencia a importância da paisagem na escolha do método de restauração a ser empregado. Palavra-chave: Sucesso da restauração, composição de espécies, espécies exóticas invasoras, paisagem, sucessão florestal 19 ABSTRACT The Forest Restoration is quite important in that it allows the formation of an initial canopy, which enables the formation of a favorable environment that permit the establishment of other plant species and / or the fauna arrival. The structure of the forest is essential for the formation of the secondary succession process. Thus, this study evaluated the success of forest restoration performed in a degraded area of tropical forest in Rio de Janeiro / RJ from the comparison with a reference area. The flora of woody, sapling and regeneration strata was sampled to assess parameters of structure, diversity and ecological processes. In addition, soil samples were taken from each plot. Statistical differences between areas were tested by t test analysis or Mann Whitney test. In general, the woody stratum had become quite different, sapling stratum presented in relation to similar structural parameters and differ in others, since the layer of regeneration showed to be similar for many parameters analyzed between the areas studied. Thus, it is clear that restoration planting had a significant effect on the recruitment of species decreased as the coverage of grasses, recovered measures of vegetation structure, changed site conditions, facilitated the colonization of plants and contributed to regeneration. This was made possible by the proximity of the area to conserved fragments, it have acted as suppliers of seedlings. This fact highlights the importance of landscape in choosing the restore method to be employed. Keywords: Restoration success, species composition, landscape, forest succession 20 1.0 INTRODUÇÃO A Restauração florestal é uma ferramenta bastante poderosa à medida que possibilita o retorno dos processos ecológicos e da sucessão florestal, pois melhora a qualidade do solo, por meio da restauração das interações ecológicas, cria um ambiente favorável à chegada de espécies e, assim, pode auxiliar no recrutamento de espécies e incrementar a diversidade local (Brown & Lugo 1990; Parrotta et al. 1997; Ruiz-jaen & Aide 2005). Com isso, muita esperança é depositada na restauração de florestas em todo mundo. No entanto, alguns fatores relacionados à metodologia de restauração podem comprometer ou, até mesmo, levar ao insucesso o retorno efetivo dos processos ecológicos e da sucessão florestal. Um desses fatores é a utilização de espécies exóticas invasoras nos plantios (D’Antonio & Chambers 2006; Menninger & Palmer 2006; Clewell & Aronson 2007; Walker et al. 2007; Funk et al. 2008), pois essas espécies podem limitar o estabelecimento e sobrevivência de plantas de espécies nativas, tornando a comunidade menos rica e biodiversa ao longo do tempo (Hughes & Vitousek 1993). Outros fatores são a utilização de poucas espécies na composição de mudas e/ou uma composição de mudas com espécies concentradas nos primeiros estágios sucessionais (pioneiras e secundárias iniciais) (Barbosa et al. 2003; Souza & Batista 2004). Para Souza e Batista (2004), florestas pobres em espécies, sejam elas naturais ou restauradas, apresentam baixa diversidade e, dessa forma, são menos capazes de reter biodiversidade e prestar uma gama maior de serviços ambientais. Tais florestas apresentam baixa resiliência, podendo caminhar para o colapso (Barbosa et al. 2003; Souza & Batista 2004). Diante disso, as estratégias de restauração ecológica devem, assim, garantir que espécies pioneiras, secundárias e clímax estejam presentes numa abundância e distribuição espacial adequada, a fim de permitir que o dossel seja continuamente refeito através de um processo de substituição sucessional (Gandolfi 2013). Por outro lado, a proporção de espécies segundo os grupos sucessionais, que constituem os modelos de restauração, pode ter menor importância em comparação à qualidade da matriz circundante (Souza & Batista 2004). Por exemplo, a presença de fontes de sementes vindas do arredor que é muitas vezes limitada em paisagens degradadas (Wunderle, 1997) pode ser decisiva para restabelecer espécies e comunidades. Como relatado por diferentes pesquisadores (Tucker & Murphy 1997; Holl 2002; Carnevale & Montagnini 2002), a diversidade florística dos locais de reflorestamento pode ser bastante reforçada através de propágulos que chegam de 21 remanescentes florestais primários e secundários (Mcclanahan 1986; Wijdeven & Kuzee 2000). Os vários tipos de matrizes em que os fragmentos estão incorporados podem ter diferente influência na dinâmica dos fragmentos, incluindo efeitos positivos e negativos sobre os processos da história de vida da comunidade em questão (Jules & Shahani 2003). Assim, o sucesso da restauração florestal parece estar relacionado não só com a composição de espécies introduzidas, mas também com a matriz da paisagem circundante e com fragmentos próximos. A restauração florestal também responde diretamente a qualidade do solo (Harris 2003). A integração dos processos orgânicos do solo com os dos ecossistemas podem fornecer explicações para os padrões na distribuição, abundância e composição das espécies (Bever et al. 1997). Na verdade, o solo é considerado um dos principais determinantes da composição e funcionamento dos ecossistemas terrestres (Bardgett & Wardle 2010). Com isso, o estudo do solo é bastante importante nas avaliações de sucesso dos plantios de restauração florestal (Heneghan et al. 2008). Dessa forma, avaliar a restauração não é simples, existem amplos debates em torno do que caracteriza a restauração bem-sucedida e a melhor forma de medi-la. O planejamento e avaliação torna-se um desafio ainda maior quando o ecossistema a ser restaurado é altamente biodiverso e quanto está imerso em uma matriz urbana (Wuethrich 2007; Rodrigues et al. 2009). Esse é o caso de áreas degradadas da Mata Atlântica, pois esse é um bioma com enorme diversidade (relacionada à biologia reprodutiva das espécies, herbivoria, competição e atividade de patógenos) e que possui grande parte da área cercada por regiões urbanizadas (Myers et al. 2000; Rodrigues et al. 2009). Na cidade do Rio de Janeiro algumas áreas fragmentadas de Mata Atlântica vêm sendo restauradas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da cidade do Rio de Janeiro (SMAC), que coordena o programa de restauração “Mutirão de Reflorestamento”. Este programa tem como um dos principais objetivos a restauração de áreas da cidade que tiveram sua cobertura florestal suprimida e o enriquecimento das florestas urbanas degradadas. No entanto, a SMAC utiliza espécies exóticas e grande proporção de espécies dos primeiros estágios sucessionais (pioneira e secundária inicial) nestes plantios. Diante disso, esse estudo buscou investigar se a metodologia utilizada pela SMAC na restauração de áreas degradadas da cidade obteve sucesso. Mais especificamente buscou responder se: (1) a metodologia de restauração florestal utilizada gerou um ambiente favorável à 22 regeneração de espécies? (2) houve incremento na riqueza de espécies? (3) há presença de espécies de todos os grupos sucessionais e síndromes de dispersão? e (4) existe necessidade de manejo de espécies exóticas no local? A avaliação do sucesso do projeto de restauração da SMAC foi feita pela comparação de parâmetros ecológicos do plantio com os de uma área conservada próxima tida como referência. 2.0 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Área de estudo O estudo foi realizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), que está localizado entre os paralelos 22º 45’ 05’’ S e 23º 04’ 10’’ S e os meridianos 43º 06’ 30’’W e 43º 47’ 40’’W e é delimitada ao norte pelo Maciço Gericinó-Mendanha, ao sul pelo Oceano Atlântico, a leste pela Baía de Guanabara e a oeste pela baía de Sepetiba. Possui características físicas típicas como topografia acidentada, formação de maciços cujas encostas originalmente são cobertas por florestas de Mata Atlântica e alto grau de declividade. Especificamente este estudo foi desenvolvido na Serra de Inhoaíba, área próxima ao Maciço da Pedra Branca. A área está localizada na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, RJ (Figura 2). 23 Serra de Inhoaíba Plantio Área de referência Figura 2. Localização da área de referência e do plantio. Bairro de Campo Grande. Serra de Inhoaíba, Rio de Janeiro/RJ. 24 O clima é tropical quente e úmido, do tipo Af (Köppen 1948). A precipitação média anual é de 1187 mm e o regime pluviométrico é definido sazonalmente com pequena deficiência hídrica entre os meses de julho e outubro. (Togashi et al. 2012). A área está inserida na macrobacia Baia de Sepetiba e sub-bacia do Rio Piraquê-Cabuçu. A temperatura média anual é de 26ºC (Oliveira et al. 1980; SMAC 2000). A vegetação local é típica de Mata Atlântica, classificada como Floresta Ombrófila Densa, predominantemente Montana e Submontana (Veloso et al. 1991). A região possui vegetação no estágio inicial, estágio médio e estágio avançado, classificada segundo interpretação visual de imagens de satélite Ikonos, tendo como referência a resolução número 06 de 04/05/1994 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) (Cintra et al. 2007). Estas terras apresentam moderada suscetibilidade à erosão. Os solos apresentam espessura do sólum entre 1,00 e 2,00, sendo bem drenados, textura média/argilosa e média/muito argilosa, com argila de baixa atividade. O material de origem dos solos é proveniente da decomposição de gnaisses (domínio de gnaisses inferiores intermediários) do Pré-Cambriano, podendo ocorrer intrusões básicas e intermediárias. Em poucos locais os solos são desenvolvidos de sedimentos argilo-arenosos do Terciário (EMBRAPA 2004). Especificamente, no Maciço da Pedra Branca ocorrem rochas cristalinas e cristalofilianas, granitos e principalmente o gnaisse facoidal, entrecortadas por rochas básicas como o diabásio (Galvão 1957). De forma geral, o local em que as duas áreas estudadas se encontram, apresenta um histórico de intensa ocupação humana, principalmente a partir do século XVII com a presença de inúmeros engenhos de cana-de-açucar e de carvoarias (Oliveira & Guedes-Bruni 2009). Depois houve a produção de cítricos, banana, carvão vegetal e lenha para atender a demanda da cidade do Rio de Janeiro em constante expansão (Engemann 2005). A partir do século XX, com o arrendamento de terras e posterior venda de lotes, teve início à produção de fruticultura especialmente de banana e cítricos, somada a pequenas áreas de outras produções agrícolas (Galvão 1957). As primeiras iniciativas de proteção do Maciço da Pedra Branca estão ligadas a preservação dos recursos hídricos da região que abasteciam a cidade desde o século XIX. A primeira medida legal foi à transformação de algumas áreas em Florestas Protetoras da União, a partir de 1941, para que os mananciais fossem preservados. O processo de criação do Parque Estadual da Pedra Branca iniciou-se em 1963, pelo decreto 1634, e concluiu-se em 1974 com a 25 criação do parque (Lei nº 2377/74) (Abreu 2005). No entanto, a Serra de Inhoaíba, onde estão localizadas as áreas de estudo, não possui nenhuma medida de proteção ambiental. A área de referência estudada pertence à Fazenda Marambaia da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que existe desde 1970. Antes, a área era composta por fragmentos de vegetação remanescentes, pastos e áreas de agricultura onde se plantava principalmente café, milho e feijão. Quando a Fazenda se estabeleceu a área foi conservada, na medida em que as práticas de agricultura e criação de gado cessaram e, assim, uma floresta secundária se formou por meio da regeneração natural. Dessa forma, a área de referência estudada passou por processo de corte seletivo e sucessão secundária, possui 43 anos e é caracterizada por uma vegetação heterogênea com manchas mais conservadas nos locais mais íngremes e acidentados. A escolha da área de referência foi realizada de acordo com os critérios apresentados por Hobbs e Harris (2001) e pela SER (2004), assim trata-se de uma área que se encontra sem uso humano por, pelo menos, 40 anos, é uma área que ocorre na mesma zona, na mesma vertente, perto do projeto de restauração, e, portanto, está exposta a perturbações naturais semelhantes as da área em restauração. A área do plantio de restauração estudado passou por diversos tipos de uso, como produção de cana-de-açúcar, de café e de laranja (Souza 2013). Em 1986 duas empresas de extração de rochas se instalaram na área e funcionaram até 1992. Em 1992 a prefeitura iniciou o processo de restauração da área, que foi feito através do plantio total, somando 55 hectares de floresta restaurada. Foram plantadas 158.400 mudas pertencentes a 76 espécies. Na área específica da restauração ocorria predomínio de gramíneas Megathyrsus maximus e Andropogon bicornis, além de algumas espécies isoladas tais como: Tabebuia sp., Cecropia pachystachya, Anadenanthera colubrina e Inga sp. Para o plantio das mudas foi utilizado espaçamento de 2x2 metros, ou seja, dois metros entre as linhas de plantio e dois metros dentro das linhas de plantio. A proporção de espécies escolhidas foi de: 55% de leguminosas de rápido crescimento; 25% de pioneiras e secundárias iniciais; 15% de secundárias tardias e climáceas e 5% de frutíferas e exóticas. O objetivo do projeto de restauração foi o de controlar a expansão urbana, evitar desmoronamento dos morros e conservar os recursos hídricos da região. A lista de espécies introduzidas no plantio encontra-se em anexo (Anexo 1). O aspecto geral da área pré-plantio e pós-plantio foram apresentados abaixo (Figura 3). Bem como, os interiores da área de referência e do plantio, após 21 anos do início da restauração (Figura 4). 26 A B Figura 3. Aspecto da área pré-plantio(A) (1992) e pós-plantio (B) (2013), Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/ RJ. A B Figura 4. Aspecto do plantio com 21 anos (A) e aspecto da área de referência (B). Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/ RJ. 2.2 Coleta de dados 2.2.1 Estrutura e composição florística Para a avaliação do retorno dos processos ecológicos e das medidas de estrutura e diversidade da floresta em restauração foram utilizados alguns indicadores sugeridos por Rodrigues et al., (2011) e Oliveira (2011): altura dos indivíduos; área basal dos indivíduos; estratificação do dossel e abundância de indivíduos (Indicadores de estrutura). Abundância de espécies arbóreas invasoras ou indesejáveis; cobertura (do solo) por gramíneas exóticas 27 invasoras; riqueza e diversidade de espécies vegetais; abundância de espécies de diferentes grupos sucessionais e abundância de espécies com diferentes síndromes de dispersão (Indicadores de diversidade). Regeneração natural: a) riqueza e diversidade da composição de plântulas; b) número de espécies regenerantes diferentes das introduzidas na área e c) densidade de plântulas (Indicador de processos ecológicos). A amostragem da composição florística foi feita através de unidades amostrais (parcelas) alocadas de forma aleatória no plantio e na área de referência. Estas foram selecionadas com auxílio de imagens aéreas e ferramentas de geoprocessamento. Para a análise da estrutura e florística da vegetação arbórea foram alocadas 30 parcelas de 10x10 m. Em cada uma dessas parcelas todos os indivíduos com DAP ≥ 5 cm (DAP = diâmetro à altura do peito - 1,3 m do solo) foram marcados e tiveram a altura e DAP medidas (Figura 5). Para a análise da regeneração de indivíduos juvenis foi alocada uma subparcela de 5x5m na parte superior direita de cada parcela de 10x10 m, tendo como referência o início da trilha de acesso ao morro. Todos os indivíduos com DAS ≥ 1 cm e DAP < 5 cm (DAS = diâmetro à altura do solo) foram marcados e medidos quanto a altura e DAS. A análise da regeneração de plântulas foi realizada aleatoriamente com a alocação de três subparcelas de 2x1 m em cada parcela de 10x10 m. Todos os indivíduos com altura entre 10 e 30 cm foram amostrados e identificados (Figura 5). (A) (B) (C) Figura 5. Modelo de parcelas e subparcelas amostradas: (A) parcela de 10 X 10 m para o estrato arbóreo; (B ) 5 X 5 m para o estrato juvenil e (C) 2 X 1 m para plântulas. Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/RJ. Para a identificação das síndromes de dispersão foi utilizada a classificação de Van der Pijl (1982) e as espécies foram classificadas em zoocóricas e não zoocóricas. Para a classificação das espécies segundo o estágio sucessional foi adotado Swaine and Whitmore (1988) adaptado 28 por Oliveira-filho et al. (2004) e as espécies foram classificadas em pioneiras e não pioneiras. Para a classificação da estratificação do dossel foi feita uma estimativa visual do número de estratos do componente lenhoso da vegetação considerando sub-bosque, subdossel, dossel e emergente, segundo o guia de monitoramento do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica (Rodrigues et al. 2011). A cobertura do solo por gramíneas foi avaliada por meio de uma estimativa visual do percentual de cobertura de gramíneas nas parcelas estudadas, através da escala combinada de abundância-cobertura de Braun-Blanquet (1964). 2.2.2 Solos Para este estudo foram consideradas as seguintes variáveis do solo: (1) estrutura do solo; (2) fertilidade do solo; (3) e teor de matéria orgânica. Em cada uma das 30 parcelas de cada área (plantio e referência) foi medida e analisada a fertilidade do solo. Para avaliação da fertilidade do solo foram coletadas, em cada parcela, amostras compostas a uma profundidade de 5 cm. Para cada amostra composta foram coletadas dez amostras simples de forma aleatória na parcela (Figura 6). O material coletado foi armazenado em sacos plásticos e encaminhado para o Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Figura 6. Modelo da coleta do solo. Dez amostras simples compondo uma amostra composta para cada parcela de 10X10 m de cada uma das áreas estudadas (plantio e referência). Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/ RJ. 2.3 Análise de dados 2.3.1 Estrutura e composição florística A estrutura da vegetação foi descrita e analisada com base nas distribuições dos indivíduos pelas classes de diâmetro e altura. Os estratos arbóreo e juvenil foram analisados por 29 meio dos parâmetros: densidade de indivíduos, altura, DAP ou DAS e riqueza média de espécies, referentes a cada área estudada (plantio e referência). Os parâmetros foram analisados segundo Teste T independente quando os dados apresentavam distribuição normal ou quando transformados. Utilizou-se para isso a transformação Box Cox (Sakia 1992). Para os dados que não apresentavam distribuição normal, mesmo quando transformados, aplicou-se o teste não paramétrico Mann-Whitney. Todas as análises foram realizadas no Programa R (Team 2011). Para o estrato regeneração foi feita a média dos parâmetros analisados (altura, densidade de indivíduos e riqueza de espécies) de cada subparcela de 2x1 e depois foi feita a média das médias das subparcelas. Para a análise da densidade de indivíduos segundo os grupos sucessionais e as síndromes de dispersão foram utilizados apenas indivíduos identificados em espécie e foram excluídas as morfospécies. As porcentagens das espécies excluídas para essas análises encontram-se em anexo (Anexo 2). Para comparar o plantio e a área de referência foi calculada a diversidade de ShannonWeaver, a equabilidade de Pielou, o Índice de similaridade de Sorensen (Brower & Zar 1984) e foi feita a Curva de dominância-diversidade das espécies. Para a Curva de dominânciadiversidade, a diversidade foi representada por gráficos de abundância relativa das espécies encontradas na área de referência e no plantio. Nessa análise, a abundância relativa de cada espécie é ranqueada e plotada de forma decrescente (Magurran 1988) e o formato das curvas obtidas permite comparar as áreas quanto à riqueza, abundância e dominância relativa e à equidade entre as espécies. A riqueza de espécies de cada área e em cada estrato também foi analisada por rarefação. Essa análise associa o número de espécies registradas à abundância de indivíduos amostrados. As análises de rarefação foram baseadas na abundância observada acumulada. Utilizou-se o programa Estimate S 9.1.0 para essa análise (Colwell 2005). 2.2.3 Solo As análises de solo foram avaliadas de acordo com os seguintes parâmetros: soma de bases trocáveis; capacidade de troca canônica efetiva; capacidade de troca canônica a pH 7,0; índice de saturação de bases; índice de saturação de alumínio; matéria orgânica; fósforo remanescente; e quanto aos elementos potássio, fósforo, sódio, magnésio e alumínio. O solo também foi classificado quanto aos teores de argila, silte e areia. 30 Foi realizada a Análise dos Componentes Principais (PCA) para verificar a relação entre a as parcelas de cada área estudada (plantio e referência) e as características ambientais do solo. Os dados das variáveis do solo foram padronizados pela função “standardize”. Essa padronização é necessária quando se quer dar o mesmo peso para todas as variáveis, para que se obtenha um conjunto de descritores dimensionalmente homogêneos (Borcard et al. 2011). A análise de PCA seguiu o proposto pelo tutorial do pacote Vegan do Programa R (Oksanen 2013) e do livro Numerical Ecology With R (Borcard et al., 2011) e foi realizada no Programa R (Team 2011). 3.0 RESULTADOS 3.1 Estrutura e composição florística 3.1.1 Estrato arbóreo A estrutura e composição do estrato arbóreo mostraram-se diferentes para todos os aspectos avaliados entre as áreas estudadas. A área de referência apresentou maior altura média (9.705m, T=4.963, p=0.001), DAP médio (13.209cm, W=675, p=0.001), densidade de indivíduos (12.033ind/100m², T=2.837, p=0.006) e riqueza média de espécies (7.7esp/100m², T=3.153, p=0.002) quando comparada ao plantio (7.561; 12.129; 8.8; e 5.333, respectivamente) (Figura 7). 31 Figura 7. Diferença das médias de (A) altura, (B) DAP, (C) densidade de indivíduos e (D) riqueza média do estrato arbóreo entre a área de plantio e a área de referência, Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/ RJ. Teste T independente ou Teste de Mann-Whitney. Na avaliação do estrato arbóreo do plantio foram registrados 264 indivíduos, sendo 64 espécies pertencentes a 19 famílias. Já na área de referência foram registrados 361 indivíduos, sendo 71 espécies pertencentes a 31 famílias. As espécies mais abundantes do plantio foram: (1) Mimosa caesalpiniifolia com 63 indivíduos; (2) Anadenanthera colubrina com 27; e (3) Piptadenia gonoacantha com 19 indivíduos. Já da área de referência as espécies mais abundantes foram: (1) Guarea guidonia com 33 indivíduos; (2) Ocotea diospyrifolia com 27; e (3) Moquiniastrum polymorphum com 23 indivíduos. A área de referência apresentou os maiores valores de Diversidade de Shannon (H’=3.726) e Equabilidade de Pielou (J=0.874) quando 32 comparado à área de plantio (H’=3.253 e J=0.782) (Figura 8). O Valor do Índice de Sorensen para as áreas analisadas foi de 0.279. Figura 8. Curva de dominância-diversidade de espécies arbóreas presentes na comunidade das áreas de plantio e referência. Código das espécies: Anadenanthera colubrina (Ana col); Bauhinia forficata (Bau for); Brosimum guianense (Bro gui); Cabralea canjerana (Cab can); Cecropia pachystachya (Cec pac); Cybistax antisyphilitica (Cyb ant); Eugenia florida (Eug flo); Gallesia integrifólia (Gal int); Moquiniastrum polymorphum (Moq pol); Guapira opposita (Gua opp); Guapira sp. (Gua sp) Guarea guidonia (Gua gui); Handroanthus chrysotrichus (Han chr); Handroanthus impetiginosus (Han imp); Leandra sp. (Lea sp) Lonchocarpus cultratus (Lon cul); Luehea candicans (Lue can); Luehea grandiflora (Lue gra); Machaerium hirtum (Mac hir); Mimosa caesalpiniifolia (Mim cae); Myrcia splendens (Myr spl); Ocotea diospyrifolia (Oco dio); Ocotea divaricate (Oco div); Peltophorum dubium (Pel dub); Piptadenia gonoacantha (Pip gon); Piptadenia paniculata (Pip pan); Poincianella pluviosa (Poi plu); Pterogyne nitens (Pte nit); Schizolobium parahyba (Sch par); Senegalia langsdorffii (Sen lan); Senna siamea (Sen sia); Spondias mombin (Spo mom); Tabernaemontana hystrix (Tab his). Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/RJ. A densidade de indivíduos de espécies pioneira não diferiu entre as áreas estudadas para o estrato arbóreo (W=446.5, p=0.964). No entanto, a área de referência apresentou maiores densidades de indivíduos de espécies não pioneiras (3.266 ind/100m², W=671, p=0.001) e 33 zoocóricas (6.266 ind/100m², W=792, p=0.001) quando comparado ao plantio (1.133 ind/100m², 2.066 ind/100m², respectivamente). Enquanto que a área de plantio apresentou maior densidade de indivíduos de espécies não zoocóricas (6.366 ind/100m², W=265, p=0.006) quando comparado a área de referência (4.5 ind/100m²) (Figura 9). Figura 9. Densidade de indivíduos de espécies classificados segundo: (A) grupos sucessionais (pioneira e não pioneira); (B) síndromes de dispersão (zoocórica e não zoocórica) do estrato arbóreo entre a área de plantio e a área de referência. Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/RJ. Teste de Mann-Whitney. 34 3.1.2 Juvenil A estrutura e composição do estrato juvenil mostraram-se diferentes apenas para a riqueza média de espécies que foi maior para a área de referência (7.633 ind/25m², T=2.617, p=0.011) quando comparada a área de plantio (5.566 ind/25m²) e não diferiu para altura (T=0.186, p=0.853), DAS (T=0.413, p=0.68) e densidade de indivíduos (T=1.246, p=0.215) (Figura 10). Figura 10. Diferença das médias de (A) altura, (B) DAS, (C) densidade de indivíduos e (D) riqueza média do estrato juvenil entre a área de plantio e a área de referência. Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/ RJ. Teste T independente. Na avaliação do estrato juvenil do plantio foram registrados 373 indivíduos, sendo 59 espécies pertencentes a 24 famílias. Já na área de referência foram registrados 441 indivíduos, sendo 74 espécies pertencentes a 31 famílias. As três espécies mais abundantes do plantio foram: (1) Mimosa caesalpiniifolia com 67 indivíduos; (2) Erythroxylum pulchum com 37; e (3) Guarea 35 guidonia com 33. Já na área de referência as espécies mais abundantes foram: (1) Inga vera com 36 indivíduos; (2) Cupania sp. com 31; e (3) Ocotea diospyrifolia com 30. A área de referência apresentou os maiores valores de Diversidade de Shannon (H’=3.626) e Equabilidade de Pielou (J=0.842) quando comparado à área de plantio (H’=3.159 e J=0.778) (Figura 11). O Valor do Índice de Sorensen para as áreas analisadas foi de 0.328. Figura 11. Curva de dominância-diversidade de espécies do estrato juvenil presentes na comunidade das áreas de plantio e referência. Código das espécies: Albizia lebbeck (Alb leb); Anadenanthera colubrina (Ana col); Artocarpus heterophyllus (Art het); Caesalpinia ferrea (Cae fer); Casearia sylvestris (Cas syl); Coffea arabica (Cof ara); Coussarea sp. (Cou sp); Coutarea hexandra (Cou hex); Cupania sp. (Cup sp.); Cybistax antisyphlitica (Cyb ant); Erythroxylum pulchrum (Ery pul ); Eugenia florida (Eug flo); Gallesia integrifolia (Gal int); Moquiniastrum polymorphum (Moq pol); Guapira opposita (Gua opp ); Guarea guidonia (Gua gui ); Handroanthus chrysotrichus (Han chr ); Handroanthus impetiginosus (Han imp); Inga vera (Ing ver); Miconia calvescens (Mic cal); Miconia prasina (Mic pra); Miconia sp. (Mic sp.); Mimosa caesalpiniifolia (Mim cae); Mollinedia sp. (Mol sp.); Myrcia splendens (Myr spl); Ocotea diospyrifolia (Oco dio) Piper aduncum (Pip adu); Piper arboreum (Pip arb); Piptadenia gonoacantha (Pip gon); Psychotria leiocarpa (Psy lei); Sebastiania multiramea (Seb mul); Solanum argenteum (Sol arg); Sorocea hilarii (Sor hil); Sp1 (Sp1); Spondias mombin (Spo mom); Trichilia casaretti (Tri cas). Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/RJ. 36 Para o estrato juvenil todas as classes avaliadas diferiram entre as áreas. O plantio apresentou maior densidade de indivíduos de espécies pioneira (10.9 ind/25m², W=276, p=0.01) e não zoocórica (6.1 ind/25m², W=155.5, p=0.001) quando comparado a área de referência (6.566 ind/25m² e 1.166 ind/25m², respectivamente). Enquanto que a área de referência apresentou maior densidade de indivíduos de espécies não pioneiras (4.833 ind/25m², W=740, p=0.001) e zoocóricas (10.966 ind/25m², W=650, p=0.003) quando comparado ao plantio (1.133 ind/25m² e 5.933 ind/25m², respectivamente) (Figura 12). Figura 12. Densidade de indivíduos de espécies classificados segundo: (A) grupos sucessionais (pioneira e não pioneira); e síndromes de dispersão (zoocórica e não zoocórica) do estrato juvenil entre a área de plantio e a área de referência. Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/RJ. Teste de Mann-Whitney. 37 3.1.3 Estrato regeneração A estrutura e composição do estrato regeneração não se mostraram diferentes para os parâmetros avaliados entre as áreas estudadas. O plantio não diferiu da área de referência quanto à altura média (p=0.62, W=416), à densidade de indivíduos (p=0.829, W=435) e quanto à riqueza média (p=0,077, T=1.443) (Figura 13). Figura 13. Diferença das médias de (A) altura, (B) densidade de indivíduos e (C) riqueza média do estrato regeneração entre a área de plantio e a área de referência. Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/ RJ. Teste T independente ou Teste de Mann-Whitney. Na avaliação da regeneração do plantio foram registrados 451 indivíduos, sendo 68 espécies pertencentes a 27 famílias. Já na área de referência foram registrados 381 indivíduos, sendo 39 espécies pertencentes a 22 famílias. As três espécies mais abundantes do plantio foram: (1) Eugenia florida com 170 indivíduos; (2) Piptadenia gonoacantha com 45; e (3) Mimosa caesalpiniifiolia com 29. Já na área de referência as espécies mais abundantes foram: (1) Ocotea 38 diospyrifolia com 80 indivíduos; (2) Piptadenia gonoacantha com 43; e (3) Solanum argenteum com 27. A área de referência apresentou os maiores valores de Diversidade de Shannon (H’=2,916) e Equabilidade de Pielou (J=0,796) quando comparado à área de plantio (H’=2,826 e J=0,669) (Figura 14). O Valor do Índice de Sorensen para as áreas analisadas foi de 0.269. Figura 14. Curva de Dominância-diversidade de espécies do estrato regeneração presentes na comunidade das de plantio e referência. Código das espécies: Anadenanthera colubrina (Ana col); Celtis iguanaea (Cel igu); Coussarea sp. (Cou sp); Cupania sp. (Cup sp); Cybistax antisyphilitica (Cyb ant); Erythroxylum pulchrum (Ery pul); Eugenia florida (Eug flo); Eugenia uniflora (Eug uni); Moquiniastrum polymorphum (Moq pol); Guapira opposita (Gua opp); Guapira sp. (Gua sp); Guarea guidonia (Gua gui); Guazuma ulmifolia (Gua ulm); Inga vera (Ing ver); Jacaranda puberula (Jac pub); Maytenus sp2 (May sp); Mimosa caesalpiniifolia (Mim cae); Mollinedia sp. (Mol sp); Myrcia splendens (Myr spl); Ocotea diospyrifolia (Oco dio); Pilocarpus sp. (Pil sp.); Piper aduncum (Pip adu); Piper amalago (Pip ama); Piper arboreum (Pip arb); Piptadenia gonoacantha (Pip gon); Prunus sp. (Pru sp); Psychotria leiocarpa (Psy lei); Sebastiania brasiliensis (Seb bra); Sebastiania multiramea (Seb mul); Solanum argenteum (Sol arg); sp1; sp2; sp4; sp31; Spondias mombin (Spo mom); Trichilia casaretti (Tri cas). Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/RJ. 39 Para o estrato regeneração o plantio apresentou maior densidade média de indivíduos de espécies pioneiras (2.955ind/2m², p=0.025, W=299) e não zoocóricas (1.744 ind/2m², p=0.036, W=309) quando comparado à área de referência (1.988 ind/2m² e 1.022 ind/2m², respectivamente). As áreas não diferiram em relação à densidade de espécies não pioneira (p=0.178, W=540) e zoocórica (p=0.331, W=309) (Figura 15). Figura 15. Densidade de indivíduos de espécies classificados segundo: (A) grupos sucessionais (pioneira e não pioneira); e síndromes de dispersão (zoocórica e não zoocórica) do estrato regeneração entre a área de plantio e a área de referência. Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/RJ. Teste de Mann-Whitney. 40 3.1.4 Riqueza e diversidade As curvas de rarefação não mostraram diferença na riqueza registrada por número de indivíduos coletados para os estratos arbóreo e juvenil. Para o estrato regeneração, a curva de riqueza ponderada da área de plantio mostrou-se mais acentuada, o que indica um registro maior de espécies, e a partir dos 400 indivíduos amostrados as riquezas mostram-se diferentes, sendo a área de plantio a mais rica. (Figura 16). 41 42 Figura 16. Curva da rarefação. Riqueza de espécies registradas para o número de indivíduos amostrados do plantio e da área de referência. Estratos arbóreo, juvenil e regeneração, respectivamente. Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/RJ. 3.1.5 Espécies introduzidas e não introduzidas Do total de espécies amostradas na área de plantio, 65.6% das espécies do estrato arbóreo, 67.8% das espécies do estrato juvenil e 82.3% do estrato regeneração não foram introduzidas pela SMAC no plantio (Tabela 1) (Anexo 3). Tabela 1. Total do número de espécies introduzidas e não introduzidas pela prefeitura que foram registradas no plantio. Serra de Inhoaíba, Rio de Janeiro/ RJ. Introduzida Introduzida Não Presente Ausente Introduzida Arbóreo 22 53 42 Juvenil 19 56 40 Regeneração 12 64 56 Espécies Total de espécies 64 59 68 Além disso, foram amostradas três espécies exóticas no plantio que foram plantadas: Mimosa caesalpiniifolia; Samanea saman; e Triplaris gardneriana. E quatro espécies exóticas não plantadas: Albizia lebbeck; Caesalpinia tinctoria; Mangifera indica; e Murraya paniculata. Na área de referência foram registradas três espécies exóticas: Campomanesia reitziana; Coffea arabica; Mimosa caesalpiniifolia (Tabela 2). Tabela 2. Lista de espécies exóticas a região do Rio de Janeiro. Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/RJ. Família Espécie Abundância Estrato Área Anacardiaceae Anacardiaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Mangifera indica Mangifera indica Albizia lebbeck Albizia lebbeck Caesalpinia tinctoria Mimosa caesalpiniifolia Mimosa caesalpiniifolia Mimosa caesalpiniifolia Mimosa caesalpiniifolia Mimosa caesalpiniifolia Samanea saman 1 1 1 10 1 63 66 33 11 1 2 Arbóreo Regeneração Arbóreo Juvenil Arbóreo Arbóreo Juvenil Regeneração Arbóreo Arbóreo Arbóreo Plantio Plantio Plantio Plantio Plantio Plantio Plantio Plantio Referência Referência Plantio Myrtaceae Polygonaceae Polygonaceae Rubiaceae Campomanesia reitziana Triplaris gardneriana Triplaris gardneriana Coffea arabica 1 1 1 16 Arbóreo Juvenil Regeneração Juvenil Referência Plantio Plantio Referência 43 Família Rubiaceae Rutaceae Espécie Coffea arabica Murraya paniculata Abundância Estrato Área 1 1 Regeneração Juvenil Referência Plantio 3.1.6 Cobertura por gramíneas e estratificação do dossel De forma geral, a estratificação da floresta no plantio mostrou que a maioria das parcelas amostradas possui de dois a três níveis de estratificação (sub-bosque, dossel e emergente). Já na área de referência 90% das parcelas possuíam de 3 a 4 níveis de estratificação (sub-bosque, sub-dossel, dossel e emergente). Em relação à abundância de cobertura da área por gramíneas, o plantio apresentou grande parte das parcelas, aproximadamente 70% das parcelas, com 50% ou mais da área dominada por gramíneas. Já a área de referência apresentou quase a totalidade de sua área com ausência de gramíneas, e apenas 7% de parcelas foram registradas com menos de 25% de cobertura de gramíneas. 3.2 Solo Na Análise dos Componentes Principais (PCA) o eixo dois dividiu as áreas em dois grupos distintos. As parcelas da área de referência ficaram mais próximas dos elementos areia, fósforo remanescente (prem) e fósforo (p). As parcelas da área de plantio ficaram mais próximas aos elementos: índice de saturação do alumínio (m), alumínio (al), silte, argila, capacidade de troca canônica a pH 7,0 (T), matéria orgânica (mo), sódio (na), magnésio, (mg) e potássio (k) (Figura 17). 44 Figura 17. Análise dos Componentes Principais (PCA) relacionando as variáveis do solo com as parcelas das áreas estudadas (plantio e referência). Soma de bases trocáveis (sb); capacidade de troca canônica efetiva (t); capacidade de troca canônica a pH 7,0 (T); índice de saturação de bases (v); índice de saturação de alumínio (m); matéria orgânica (mo); fósforo remanescente (prem); potássio (k), fósforo (p), Sódio (na), Magnésio (mg); alumínio (al) ; argila; silte; e areia. Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/RJ. 4.0 Discussão 4.1 Estrutura da vegetação Os parâmetros de estrutura (altura, DAP/DAS e densidade de indivíduos) foram os que mudaram mais rapidamente na área em restauração devido ao plantio e estabelecimento inicial de grande proporção de espécies pioneiras. Exemplo disso é que as três espécies de maior densidade nessa área foram espécies pioneiras: Mimosa caesalpiniifolia; Anadenanthera colubrina e Piptadenia gonoacantha, que possuem capacidade de crescer e se estabelecer rapidamente em ambientes abertos (Lorenzi 2000; Carvalho et al. 2006; Ferreira et 45 al. 2007; Torrico 2010). Com isso, apesar de haver diferença de estrutura entre as áreas no estrato arbóreo, essa diferença já não foi constatada para o estrato juvenil e nem para o estrato regeneração. A capacidade de crescimento rápido está relacionada ao fato de que espécies pioneiras conseguem acumular biomassa rapidamente (Brown & Lugo 1990; Hughes et al. 1999; Guariguata & Ostertag 2001), o que acaba por gerar uma cobertura de dossel. Nesse estudo, isso também pode ser comprovado pelo fato de que a maioria das parcelas da área em restauração possuía, pelo menos, dois estratos (sub-bosque, dossel) presentes. Assim, com a formação de um dossel, essas espécies acabam criando um ambiente favorável ao estabelecimento de outras espécies vegetais e/ou a chegada de espécies de fauna (Guariguata & Ostertag 2001; FAO Forestry 2006), o que é essencial para o fortalecimento do processo de sucessão secundária. Além disso, o cenário de dominância da área por gramíneas foi modificado, pois com o aumento da cobertura do dossel houve diminuição da cobertura de gramíneas na área. Essa pode ser uma eficiente estratégia no combate de gramíneas invasoras em áreas degradas (Heelemann et al. 2012). Apesar disso, ainda existe grande proporção de gramíneas na área em restauração estudada, indicando que essa área ainda precisa ser monitorada e manejada quanto à dominância de gramíneas exóticas. Na verdade, projetos de restauração precisam ser monitorados por vários anos para determinar se um resultado desejável foi atingido ou se outra intervenção é necessária e, em muitos casos, não é possível erradicar espécies exóticas invasoras, e nesses locais se faz necessária uma gestão contínua para reduzir seus impactos (D’Antonio & Meyerson 2002). 4.2 Riqueza e diversidade de espécies A cobertura de dossel e o estabelecimento de espécies modificam as condições do habitat (como disponibilidade de luz, fertilidade de solo, disponibilidade de água) de diferentes formas (Jones et al. 1997; Nicotra et al. 1999; Negrete-Yankelevich et al. 2008), o que contribui para o aumento da heterogeneidade da comunidade e, consequentemente, do aumento de chances de chegada e sobrevivência de diferentes espécies ao ambiente. Isso parece ter ocorrido na área em restauração estudada, pois para todos os estratos houve registros de grande proporção de espécies não introduzidas. Com isso, apesar da riqueza 46 média ter sido diferente para os estratos arbóreo e juvenil essa diferença já não foi constatada para o estrato regeneração, que teve um registro de 82.3% de espécies não introduzidas. O aumento da riqueza da área em restauração também pode ser comprovado pela curva de rarefação, que mostrou que a área de plantio teve valores de riqueza igual ou, até mesmo, maiores que a área de referência estudada. Isso sugere que o plantio favoreceu o enriquecimento da área degradada não apenas pela introdução de espécies, mas por ter criado um ambiente favorável ao estabelecimento de espécies vindas de fragmentos conservados próximos. Além disso, a baixa similaridade florística encontrada entre as áreas para os três estratos analisados sugere que a área em restauração parece estar recebendo propágulos de mais de um fragmento conservado próximo, o que é bastante positivo para o processo de restauração da área. No entanto, apesar da chegada de diferentes espécies na área em restauração, a análise da curva de diversidade-dominância mostrou que a área em restauração apresenta maior dominância de espécies no ambiente. Para os três estratos analisados uma das espécies de maior dominância foi uma espécie exótica - Mimosa caesalpiniifolia - nativa da região nordeste (Maranhão, Piauí e Pernambuco) e pertencente ao bioma caatinga (Dutra & Morim 2011). Uma espécie exótica pode ser considerada invasora quando se trata de uma espécie que sustenta populações ao longo de vários ciclos de vida, sua forma de prole reprodutiva se constitui em um número muito grande e pode alcançar distâncias consideráveis, ou seja, possui o potencial de se espalhar por longas distâncias (Richardson et al. 2011). Nesse contexto a espécie Mimosa caesalpiniifolia parece se comportar como uma espécie exótica invasora, pois está entre as de maior dominância nos três estratos avaliados e foi registrada em muitas parcelas. Esse é um cenário negativo para a restauração florestal dessa área, pois espécies exóticas invasoras podem limitar o estabelecimento e sobrevivência de plantas de espécies nativas, tornando a comunidade menos rica e biodiversa ao longo do tempo (Hughes & Vitousek 1993; D’Antonio & Meyerson 2002). Em muitos projetos e plantios de restauração a introdução de espécies exóticas invasoras foi catastrófica, levando, até mesmo, os plantios ao insucesso (D’Antonio & Chambers 2006; Menninger & Palmer 2006; Clewell & Aronson 2007; Walker et al. 2007; Funk et al. 2008). No entanto, apesar da espécie Mimosa caesalpiniifolia apresentar um risco por tratar-se de uma possível espécie exótica invasora, ela 47 parece ter tido um papel fundamental na estruturação da floresta, não apenas por tratar-se de uma espécie pioneira, mas também por ser uma espécie fixadora de nitrogênio (Macedo et al. 2008). Muitos estudos indicam que o nitrogênio é provavelmente o fator limitante mais importante para o restabelecimento das comunidades florestais (Vitousek & R. L. Sanford 1986; Vitousek & Howarth 1991). Diante disso, a escolha de uma espécie leguminosa fixadora de nitrogênio parece ter sido crucial no sucesso da estruturação da floresta em restauração. No entanto, a espécie Mimosa caesalpiniifolia necessita ser monitorada no plantio de restauração a fim de compreender seu funcionamento para que se possa minimizar eventuais impactos que alterem o funcionamento do ecossistema e comprometa a sucessão ecológica. A erradicação dessa espécie no local pode ser considerada futuramente. Além de possuir maior dominância de espécies, os resultados mostraram que a área em restauração difere da área de referência em relação à densidade de espécies segundo o estágio sucessional e a síndrome de dispersão, pois foram registradas maiores proporções e médias de densidade de espécies pioneiras e não zoocóricas para quase todos os estratos avaliados da área em restauração. Isso é esperado pois a área em restauração possui apenas 21 anos, ou seja, as espécies dos estágios sucessionais mais tardios ainda não tiveram tempo para crescer, compor o dossel e se reproduzir (Brown & Lugo 1990; Oliveira-filho et al. 2004). Saldarriaga et al. (1988) observou que espécies que caracterizavam florestas maduras começaram a dominar em abundância as florestas secundárias na Amazônia da Venezuela não antes de 60 anos pós o pasto ser abandonado. Com isso, espera-se que nas próximas décadas haja incremento de espécies de grupos sucessionais mais tardios e também de espécies zoocóricas na área, via dispersão de sementes (Guariguata e Ostertag 2001). Diferente do que foi encontrado nesse estudo, Sansevero et al. (2011), em seu estudo, encontrou baixa riqueza e diversidade de espécies, que estavam concentradas em grandes proporções de espécies pioneiras e zoocóricas. Seu estudo foi realizado em uma área de floresta atlântica localizada no Estado do Rio de Janeiro. Souza e Batista (2004) também encontraram baixa riqueza de espécies e espécies concentradas nos primeiros estágios sucessionais em uma área em restauração de São Paulo. Eles consideram a utilização de grande proporção de espécies concentradas nos primeiros estágios sucessionais como uma falha de metodologia de restauração, que poderia, até mesmo, se constituir em dos motivos de 48 insucesso. Na verdade, não são poucos os estudos que apontam baixa riqueza de espécies em plantios de restauração. Esse fato muitas vezes está relacionado com erros na metodologia implantada e, para inúmeros casos, pouca atenção é dada a paisagem circundante. 4.3 Processos ecológicos A escolha e a utilização de espécies concentradas nos primeiros estágios sucessionais gerou uma floresta na área estudada e um dos fatores que parece catalisar a restauração da área estudada e aumentar a riqueza e diversidade de espécies locais é a proximidade da área em restauração a fragmentos conservados próximos (Mcclanahan 1986; Wijdeven & Kuzee 2000). A área está próxima aos fragmentos conservados contidos na mesma serra, Serra de Inhoaíba/RJ, e encontra-se a 3000 metros do Maciço da Pedra Branca/RJ. Com o estabelecimento de um dossel, a competição feita por gramíneas exóticas invasoras diminui e, além disso, o dossel funciona como atrativo para a fauna dispersora de sementes (Parrotta 1992; Keenan et al. 1997). Essa influência dos fragmentos próximos pode ser percebida pelo recrutamento de espécies que não foram plantadas e, principalmente, pelo fato de que o estrato regeneração apresentou alta semelhança com a área de referência quanto aos parâmetros de estrutura e diversidade. Isso mostra a importância da paisagem no processo de recuperação de um ambiente degradado. Além disso, há um reconhecimento cada vez maior de que os efeitos de plantas e dos organismos do solo um em outro resulta em importantes mecanismos de feedback entre a biota acima do solo e abaixo do solo (Van der Putten et al. 1993; Kulmatiski & Kardol 2008). A análise de PCA não permite dizer se houve diferença na concentração de nutrientes no solo, apenas pode apontar alguns dos nutrientes que parecem interagir mais com as parcelas analisadas e o mais importante é que mostra uma composição diferente de nutrientes que influenciam no processo. O padrão geral de ciclagem de nutrientes em florestas secundárias é o que possui taxas rápidas de acúmulo de nutrientes em folhas e raízes e rápida rotatividade desses nutrientes durante as primeiras fases da sucessão, seguida por uma mudança para taxas mais lentas de renovação de nutrientes durante as fases mais tardias da sucessão (Brown e Lugo 1990). A história do tipo de uso da terra, o clima e o solo certamente afetam as taxas desse processo. No entanto, é mais difícil generalizar a direção desse processo (Guariguata e Ostertag 2001) e outras avaliações são necessárias. 49 4.4 Área de referência Se considerarmos que o sucesso de uma área de restauração está relacionado ao quão semelhante ela se encontra da área de referência (SER 2004), considerando aceitável uma pequena diferença na estrutura e função (Mccoy & Mushinsky 2002) então a escolha da área de referência se faz muito importante nessa avaliação. Nesse estudo foi escolhida uma área de referência próxima à área em restauração por ela estar exposta a perturbações naturais semelhantes (Hobbs & Harris 2001; SER 2004), mas também porque essa área passou por um processo de uso humano e de sucessão secundária, ou seja, ela reflete a realidade. Assim, os resultados foram positivos pois foram comparados a uma área de referência alcançável. Já é sabido que a reversão de áreas degradadas a seu estado anterior, semelhante à de florestas primárias, é extremamente difícil e dispendiosa. Hobbs et al. (2006) propõem a existência de novos ecossistemas, que emergiram a partir de um processo de modificação em consequência do uso humano. Diante disso, os agentes restauradores precisam considerar a nova realidade para a escolha de uma área de referência, para que de fato o plantio de restauração possa atingir o “sucesso”. Isso se torna ainda mais necessário quando a área degradada a ser restaurada pertence a uma matriz urbana, que é o caso da maioria dos ambientes degradados do bioma Mata Atlântica. CONCLUSÕES Diante disso, fica claro que o plantio de restauração teve um efeito significativo no recrutamento de espécies. A diminuição da cobertura por gramíneas e a recuperação das medidas de estrutura da vegetação mudaram as condições do local da floresta em restauração e facilitaram a colonização de plantas (diversidade de espécies). Isso foi possível pois a área em restauração está próxima a fragmentos conservados próximos. Esses fragmentos funcionaram como fornecedores de propágulos, o que foi determinante para a colonização da área em restauração por uma grande variedade de espécies. Esse fato evidencia a importância da paisagem na escolha do método de restauração a ser empregado. 50 Dessa forma, a metodologia utilizada pela SMAC iniciou rápidas mudanças na estrutura da vegetação, na diversidade de espécies e em alguns dos processos ecológicos. Assim é possível afirmar que a restauração foi bem sucedida? Para esse momento é possível afirmar que o plantio de restauração parece ter tido sucesso na estruturação da floresta. Outras medidas, como a estruturação de um dossel com espécies dos grupos mais tardios da restauração pode demorar mais para ocorrer. Assim, outros estudos precisam ser feitos nas próximas décadas a fim de avaliar a presença da fauna, de outras formas de vida, do estabelecimento de espécies de diferentes grupos sucessionais e precisam também continuar avaliando o retorno de processos ecológicos a fim de se ter uma visão mais completa do processo de restauração iniciado, mas fica a esperança de que a restauração de florestas tropicais pode caminhar para o sucesso quando as áreas de referência também condizem com a realidade do uso humano em todo mundo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abreu, M. L. 2005. Ocorrência de chuva ácida em unidades de conservação da natureza urbanas – Estudo de caso no Parque Estadual da Pedra Branca - Rio de Janeiro – RJ. Dissertação de Mestrado. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Barbosa, L. M., J. M. Barbosa, K. C. Barbosa, A. Potomati, S. E. 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The effects of ecological rehabilitation on vegetation recruitment: some observations from the Wet Tropics of North Queensland. Forest Ecology and Management 99:133–152. 56 Veloso, H. P., A. L. R. Hangel, and J. C. A. Lima. 1991. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Page 124. IBGE, Rio de Janeiro. Vitousek, P. M., and R. W. Howarth. 1991. Nitrogen limitation on land and in the sea : How can it occur ? Biogeochemistry 13:87–115. Vitousek, P. M., and J. R. L. Sanford. 1986. Nutrient Cycling in Moist. Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics 17:137–167. Walker, L. R., J. Walker, and R. Moral. 2007. “Forging a New Alliance Between Succession and Restoration. Pages 1–18 in L. R. Walker, J. Walker, and R. J. Hobbs, editors. Linking Restoration and Ecological Succession. New York, N.Y.: Springer. Wijdeven, S. M. J., and M. E. Kuzee. 2000. Seed Availability as a Limiting Factor in Forest Recovery Processes in Costa Rica. 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Para esse estudo, foi aplicado um formulário de 21 questões semiabertas a 67 moradores locais com idade mínima de 18 anos. Quase a totalidade dos participantes sabe da existência do projeto, porém reconhece pouca participação da comunidade na elaboração do projeto e em atividades de educação ambiental. A comunidade estudada utiliza a floresta para caminhadas e para coleta de frutas. Por relato livre, reconheceram melhorias na qualidade do ar, nas condições do clima e na beleza da área. Grande parte dos entrevistados escolheria espécies frutíferas nativas e exóticas para compor a restauração. Diante disso, novos sistemas devem ser considerados para a restauração de áreas degradadas em ambientes urbanos, como os modelos de culturas agro-sucessionais, pois eles incorporam dimensões sociais, de produção e de conservação em um mesmo modelo. Assim, novas práticas precisam considerar o contexto local, o valor do conhecimento da comunidade local e necessitam reconhecer as limitações existentes nos modelos tradicionais de restauração e conservação. Palavras-chave: restauração florestal, floresta tropical urbana, percepção social, serviços ecossistêmicos, sistema agro-sucessionais 59 ABSTRACT Many monitoring of restored areas have been done to evaluate the success of plantings already made. However, little has been studied about the cultural and socioeconomic issues. Thus, this study sought to understand the interaction between a local community and forest restoration, its perception about ecosystem services and desired species. The forest restoration project was implemented by the Municipality of Rio de Janeiro in Campo Grande neighborhood, through the planting of 76 native and exotic species. For this study, we applied a form composed by 21 semi-open questions to 67 locals with a minimum age of 18. Almost all the participants know about the project existence, but recognize little community participation in project design and environmental education activities. The studied community uses the forest for walking and for fruits collecting. For free report, they acknowledged improvements in air quality, climate conditions and the beauty of the area. Most respondents would choose native and exotic fruit species to compose the restoration. Therefore, new systems should be considered for restoration of degraded areas in urban environments, such as models of agro-successional crops because they incorporate social, productive and conservation dimensions in one model. Thus, new practices have to consider the local context, the value of the local community knowledge and need to recognize the limitations in traditional models of restoration and conservation. Keywords: forest restoration, urban rainforest, social perception, ecosystem services, agrosuccessional system 60 1.0 INTRODUÇÃO Muitas vezes a melhor estratégia de restauração não é a mais "ecológica"(Temperton 2007). Isso pode ser frustrante para os restauradores mais ávidos e tradicionais, porém a inclusão de fatores socioeconômicos na restauração florestal é determinante para seu sucesso (Wortley et al., 2013). A incorporação desses elementos pode ser citada como a nova mudança de paradigma na restauração ecológica (Temperton 2007). Dessa forma, a interação sinérgica entre o acadêmico e a prática não tem apenas um objetivo em si, mas é uma necessidade urgente se quisermos ter capacidade de lidar adequadamente com os atuais desafios ambientais enfrentados em escala global e regional (Temperton 2007). Uma série de livros e artigos recentes relacionados com restauração, ecologia e sociedade evidenciam a necessidade de incorporação do elemento social na restauração florestal (Kauffman 2004; Young et al. 2005; Falk et al. 2006; Wortley et al. 2013). Diante disso, a pergunta que devemos fazer é: Quais fatores realmente estão limitando o sucesso da restauração? Diversos estudos de monitoramento têm sido feitos para responderem perguntas como essas. Esses estudos buscam avaliar o sucesso dos plantios e das metodologias utilizadas (Ruiz-jaen e Aide 2005). No entanto, pouco tem se estudado sobre as questões culturais e socioeconômicas em monitoramentos (Aronson et al. 2010; Wortley et al. 2013). Essas questões não foram incluídas nas medidas e avaliação de sucesso na restauração no trabalho de Ruiz-jaen e Aide (2005), nem mesmo pela SER (2004). Na verdade, poucos estudos focam a interação do homem com um ecossistema submetido à restauração (Brancalion et al. 2013). Para Wortley et al. (2013) existe uma lacuna, na literatura, relativa às pesquisas empíricas de resultados socioeconômicos em avaliações de projetos de restauração florestal. Esse esforço torna-se ainda mais necessário quando a restauração é realizada em áreas altamente povoadas em que a matriz da paisagem é uma matriz urbana (Bell et al. 1997; Seabrook et al. 2011). Nesses locais, onde a maioria da terra é propriedade privada, os esforços da restauração devem ser adaptados com base nas percepções das pessoas em relação a suas necessidades de uso dos recursos naturais, assim, a restauração precisa garantir não apenas níveis aceitáveis de biodiversidade, mas também de serviços ecossistêmicos (Cook et al. 2004; Armitage 2005). Dessa forma, o desafio para os cientistas de restauração está em 61 não apenas entender melhor as interações e a dinâmicas dos processos ecológicos, mas em integrar esse trabalho com os fatores sociais, econômicos, políticos e culturais. O fator que pode facilitar a implantação e determinar o sucesso da restauração em ambientes urbanos é a aceitação e envolvimento da comunidade do entorno no projeto de restauração. Isso pode ser realizado por meio do entendimento dos benefícios dos serviços ecossistêmicos gerados por florestas (Daily & Matson 2008; Redford & Adams 2009). Entende-se por serviços ecossistêmicos “benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas” (MA, 2005). Eles podem ser divididos em quatro categorias: serviços de suporte; serviços de abastecimento; serviços de controle; e serviços culturais (MA, 2005), ou seja, são produtos e benefícios gerados por ecossistemas que sustentam e completam a vida humana. Dessa forma, florestas urbanas podem influenciar fortemente a parte física e biológica dos ambientes ao seu redor, pois acabam por mitigar muitos impactos do desenvolvimento urbano, sendo responsáveis por moderar o clima, conservar energia, melhorar a qualidade do ar, controlar o escoamento da água, possíveis inundações e desabamentos, abrigar vida selvagem, diminuir os níveis de barulhos e ruídos das cidades, melhorar a atração (turismo) da cidade e contribuir com o aumento de estoque de carbono (Bolund & Hunhammar 1999; Mcphearson et al. 2010). Todos esses benefícios são chamados e entendidos como serviços ecossistêmicos (Bolund & Hunhammar 1999; Mcphearson et al. 2010). Com isso, a percepção dos serviços ecossistêmicos são importantes para o melhor entendimento das populações locais sobre a importância de proteger e restaurar ecossistemas naturais, pois estabelece ligações claras entre a conservação da natureza e o bem-estar humano (Daily & Matson 2008; Redford & Adams 2009; Brancalion et al. 2013). Muitas das florestas tropicais estão bastante fragmentadas no presente, com manchas remanescentes localizadas principalmente em encostas íngremes e impróprias para a agricultura ou em áreas protegidas (Silva 2003). Esse é o caso da Mata Atlântica, que foi o primeiro bioma a ser ocupado no Brasil e atualmente mais de 110 milhões de brasileiros vivem em mais de 3000 centros construídos ao longo da Mata Atlântica, que vão desde pequenas aldeias com estruturas socioeconômicas simples para alguns dos principais aglomerados do mundo (Hobley 2005). Considerando a Mata Atlântica um hotspot para a conservação da biodiversidade, devido à sua riqueza de espécies, ameaças locais e alto nível de endemismo (Myers et al. 62 2000), muitos projetos de restauração e conservação têm sido feitos ao longo dos últimos séculos (SER 2004; Rodrigues et al. 2009a). Na cidade do Rio de Janeiro, que está inserida no Bioma Mata Atlântica, algumas áreas fragmentadas, principalmente áreas de encostas, vêm sendo restauradas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da cidade do Rio de Janeiro (SMAC), que coordena o programa de restauração “Mutirão de Reflorestamento”. Este programa tem como um dos principais objetivos a restauração de áreas que tiveram sua cobertura florestal suprimida e o enriquecimento das florestas degradadas. O grande mérito desta iniciativa tem sido a utilização da mão de obra local na execução do trabalho. Com o intuito de contribuir para o preenchimento dessa lacuna de pesquisas e tornar a avaliação do sucesso de projetos de restauração florestal mais completo, esse estudo pretendeu avaliar a interação de uma comunidade local com uma área em restauração. Mais especificamente, pretendeu avaliar a percepção da comunidade local em relação aos serviços ecossistêmicos gerados pela floresta e buscou compreender quais espécies seriam escolhidas pela comunidade para compor um plantio de restauração. 2.0 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Área de estudo O estudo foi realizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), que está localizado entre os paralelos 22º 45’ 05’’ S e 23º 04’ 10’’ S e os meridianos 43º 06’ 30’’W e 43º 47’ 40’’W e é delimitada ao norte pelo Maciço Gericinó-Mendanha, ao sul pelo Oceano Atlântico, a leste pela Baía de Guanabara e a oeste pela baía de Sepetiba. Possui características físicas típicas como topografia acidentada, formação de maciços cujas encostas originalmente são cobertas por florestas de Mata Atlântica e alto grau de declividade. Mais especificamente este estudo foi desenvolvido na Serra de Inhoaíba, área próxima ao Maciço da Pedra Branca. A área está localizada na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, RJ. A área apresenta um histórico de intensa ocupação humana, principalmente a partir do século XVII com a presença de inúmeros engenhos de cana-de-açucar e de carvoarias (Oliveira & Guedes-Bruni 2009). Depois houve a produção de cítricos, banana, carvão vegetal e lenha para atender a demanda da cidade do Rio de Janeiro em constante expansão (Engemann 2005). A partir do século XX, com o arrendamento de terras e posterior venda de 63 lotes, começou-se a produção de fruticultura especialmente banana e citricultura, somada a pequenas áreas de outras produções agrícolas (Galvão 1957). As primeiras iniciativas de proteção do Maciço da Pedra Branca estão ligadas a preservação dos recursos hídricos da região que abasteciam a cidade desde o século XIX. A primeira medida legal foi à transformação de algumas áreas em Florestas Protetoras da União, a partir de 1941, para que os mananciais fossem preservados. O processo de criação do Parque Estadual da Pedra Branca iniciou-se em 1963, pelo decreto 1634, e concluiu-se em 1974 com a criação do parque (Lei nº 2377/74) (Abreu 2005). No entanto, a Serra de Inhoaíba, onde está localizada a área de estudo, não possui nenhuma medida de proteção. A área de plantio estudada passou por diversos tipos de uso, como produção de canade-açúcar, café e laranja (Souza 2013). Em 1986 duas empresas de extração de rochas se instalaram na área e funcionaram até 1992. Em 1992 a prefeitura iniciou o processo de restauração da área, já que a área em questão é uma Área de Proteção Permanete (APP) (Área de encosta), e introduziu o projeto “Mutirão de Reflorestamento”, que utiliza mão de obra local para o plantio de mudas e para a assistência do plantio em longo prazo. A comunidade do entorno da área restaurada estudada pertence ao bairro de Campo Grande e é compreendida pela prefeitura do Rio de Janeiro como um setor censitário, cujo número de identificação é 330455705230201 (Figura 18 e 19). Possui uma população residente de 1297 habitantes, sendo 605 homens e 692 mulheres (IBGE 2010) e a população residente caracteriza-se por apresentar a maioria dos indivíduos entre a faixa etária de 10 aos 59 anos. 64 Figura 18. Área em restauração (circulada em vermelho) situada no mapa da malha de Setores Censitários: Rio de Janeiro – Campo Grande. Figura 19. Localização do Setor Censitário número 330455705230201 – Rio de Janeiro - Campo Grande. O setor censitário estudado pertence ao bairro de Campo Grande, que possui atualmente a população estimada em 328.370 habitantes, segundo censo de 2010 do IBGE, permanecendo ainda em expansão. A urbanização no bairro Campo Grande ocorreu com pouco planejamento e os problemas sociais são evidentes. Em geral ocorrem pela ineficácia das políticas públicas, sendo os principais, construções de moradias irregulares em encostas e leitos de rios, 65 saneamento básico insuficiente e ruas sem pavimentação. O acúmulo de lixo em algumas localidades, dentre outros, ocasiona o surgimento epidemias como a “Dengue”, que atinge o bairro quase todos os anos. Além dos impactos ambientais como: desmatamentos, poluição dos rios, devido ao esgoto lançado in natura, ilha de calor, principalmente na área central do bairro, entre outros (Souza 2013). 2.2 Coleta de dados Para este estudo foram considerados alguns indicadores de monitoramento sugeridos por Rodrigues et al. (2009). Os indicadores escolhidos foram: (1) aceitação do projeto (ou da ação de restauração) pela comunidade local; (2) participação da comunidade local a) na elaboração do projeto; b) na implantação do projeto; (3) e percepção social em relação à área restaurada quanto à percepção dos serviços ecossistêmicos. Para a obtenção dos dados sociais foi elaborado um formulário com questões semiabertas, que compreende questões dicotômicas (sim ou não) e questões abertas (Alexiades e Sheldon 1996). Foram utilizadas questões abertas, pois o entrevistado tem maior liberdade de expressão, maximizando o ponto de vista dele com pouca influência do pesquisador e também foram utilizadas questões fechadas (dicotômicas), pois esse tipo de questão possibilita uma maior unificação dos dados, o que, por sua vez, facilita a análise dos dados (Albuquerque et al. 2010). Foram pré-definidos os informantes da comunidade dentre aqueles com idade superior a 18 anos, dando prioridade aos com tempo de moradia na comunidade acima de 20 anos. O formulário foi aplicado a 67 pessoas da comunidade (31 homens e 36 mulheres). Utilizou-se o termo “reflorestamento” ao invés de “restauração” no formulário aplicado para melhor compreensão dos entrevistados. Com isso, buscou-se avaliar três dimensões de variáveis de pesquisa para conhecer a percepção ambiental dos moradores da comunidade do entorno da Serra de Inhoaíba/RJ em relação ao projeto Mutirão de Reflorestamento e aos serviços ecossistêmicos: Dimensão 1: Variável Pessoal: características dos sujeitos, tais como: gênero, idade, profissão, tempo de residência na comunidade; Dimensão 2: Variável percepção da ação de restauração: aceitação do projeto pela comunidade, participação da comunidade no projeto, participação da comunidade em atividades de educação ambiental relacionadas ao projeto; 66 Dimensão 3: Variável percepção e entendimento de recuperação florestal: mudança na dinâmica da comunidade, melhorias, percepção dos serviços ecossistêmicos. Para melhor organização o questionário foi dividido em três partes para contemplar as dimensões a serem analisadas (Apêndice 1). Em relação às questões que apresentavam tanto alternativas quanto espaços abertos, a metodologia adotada foi realizar a pergunta e esperar o entrevistado falar livremente, em seguida, se perguntava alternativa por alternativa. 3.0 RESULTADOS 3.1 Dimensão 1- Perfil dos entrevistados A maioria dos homens e mulheres da comunidade mora há mais de 30 anos no local e em média possuem 50 anos. A quantidade de filhos variou entre 1 a 16 filhos. Tanto os homens quanto as mulheres apresentaram baixo grau de escolaridade, aproximadamente 42% dos homens e 33% das mulheres concluíram o Ensino Médio. Enquanto os homens apresentavam profissões variadas, aproximadamente 45% de mulheres eram donas de casa. 3.2 Dimensão 2 – Projeto Mutirão de reflorestamento Quase a totalidade de homens e mulheres sabe da existência do projeto “Mutirão de Reflorestamento” e são a favor de projetos de reflorestamento de forma geral. A maioria dos homens (68%) e das mulheres (81%) reconheceu pouca ou nenhuma participação da comunidade na elaboração do projeto (como escolha de espécies vegetais, por exemplo). Além disso, 84% de homens e 97% das mulheres não participaram de nenhuma atividade de educação ambiental ou esclarecimento a respeito do projeto de reflorestamento. 3.3 Dimensão 3 – Percepção de Serviços Ecossistêmicos Aproximadamente 70% dos homens e 55% das mulheres utilizam a floresta de alguma forma, principalmente para coleta de frutos e para diversão (caminhadas ou para brincar, quando eram crianças), como relatado livremente por eles (Figura 20). 67 Figura 20. Tipo de uso da floresta em restauração feito pela comunidade do entorno. Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/RJ. Além disso, 52% dos homens e 39% das mulheres utilizam espécies do interior e da borda da floresta como espécies medicinais: Espinheira santa; Aroeira (Schinus terebinthifolius); Assa peixe ( Vernonanthura discolor); Maricá (Mimosa bimucronata); Erva de São João; Babosa (Aloe arborescens); Arnica (Lychnophora ericoides), Pau d’álho (Gallesia integrifólia); Jaborandi e Carqueja (Baccharis trimera), e também utilizam espécies alimentícias como manga (Mangifera indica), pitanga (Eugenia uniflora) e limão (Citrus X limon). Uma relação das espécies utilizadas pela comunidade e as espécies amostradas no estudo realizado por Muler et al (2013) (dados não publicados) na mesma área mostram as abundâncias dos indivíduos amostrados (Tabela 3). Tabela 1. Espécies registradas no plantio que são utilizadas pela comunidade do entorno. Serra de Inhoaíba, Rio de Janeiro/RJ. Família Espécies Anacardiaceae Anacardiaceae Asphodelaceae Asteraceae Mangifera indica Schinus terebinthifolius Aloe arborescens Baccharis trimera Nome popular Manga Aroeira Babosa Carqueja Abundância (Ind/100m²) 2 0 0 0 68 Família Espécies Asteraceae Asteraceae Fabaceae Myrtaceae Phytollacaceae Rutaceae - Lychnophora ericoides Vernonanthura discolor Mimosa bimucronata Eugenia uniflora Gallesia integrifólia Citrus X limon - Nome popular Abundância (Ind/100m²) Arnica Assa peixe Espinheira santa Maricá Erva de São João Jaboticaba Pau d’álho Limão Jaborandi 0 1 0 2 0 0 3 1 5 - Nomes populares que podem representar mais de uma espécie. Quase a totalidade de homens e mulheres preferiram a imagem da área restaurada (Imagem B) (Apêndice 2) e não reconheceram proibições com a implantação do projeto de restauração. A maioria é a favor da restauração de outras áreas degradas do bairro. Em relação aos serviços ecossistêmicos todos os moradores homens e mulheres reconheceram a existência de melhorias com a introdução da floresta. A maioria reconheceu principalmente melhoria do clima, da pureza do ar e da beleza do ambiente (relato livre) e alguns relataram ainda melhoria da oferta de emprego na região (relato livre). Quando foi perguntando item a item sobre outros serviços ecossistêmicos houve reconhecimento de mais melhorias (Figura 21). 69 Figura 21. Percepção da comunidade sobre os serviços ecossistêmicos gerados pela floresta em restauração. Serra de Inhoaíba, Rio de janeiro/ RJ. As espécies escolhidas pela maioria dos moradores para o uso em novos plantios de restauração foram espécies frutíferas, ervas medicinais de uso cotidiano e alguns ainda escolheram espécies ornamentais (Figura 22). Figura 22. Porcentagem de indivíduos que escolheram determinado tipo de espécie (espécies nativas, frutíferas, uma mistura de espécies e/ou espécies ornamentais) para utilizar em um plantio de restauração. Serra de Inhoaíba. Rio de Janeiro/RJ. 70 4.0 DISCUSSÃO Com esse estudo ficou claro que a população local se relaciona com a floresta em restauração a pelo menos 20 anos e possui formas diferentes de se relacionar com ela: ou por uso do espaço da floresta; ou por uso de espécies da floresta; ou culturalmente usaram o espaço como forma de diversão. Isso mostra que a comunidade estabeleceu um vínculo histórico-cultural com a área mesmo não tendo participado da elaboração do projeto de restauração e a participação tenha sido limitada aos moradores que trabalham como mão-deobra na execução do projeto. No entanto, a inclusão da comunidade em estratégias de restauração e conservação deve ser considerada, pois, na maioria das vezes, a participação da comunidade local é bastante positiva. Isso porque há evidências que sugerem que as comunidades locais são mais propensas a cumprir e a se comprometer em longo prazo com as estratégias de conservação quando os seus conhecimentos e opiniões são incorporados aos processos de tomada de decisão (Mascia 2003; Pretty & Smith 2004; Fu et al. 2004; Gelcich et al. 2005). O que diminui os conflitos e torna mais garantida a conservação de florestas tropicais. Apesar da comunidade local não ter sido incorporada na elaboração do projeto, esse estudo não identificou, por meio dos formulários, nenhuma medida de retaliação feita pela comunidade local à área em restauração e também não identificou conflitos entre os agentes restauradores e a comunidade local. No entanto, alguns moradores que trabalham pelo Mutirão de Reflorestamento relataram que espécies florestais com espinhos são cortadas na área em restauração, pois moradores locais não gostam de espécies que podem machucar pessoas e crianças que circulam na área. Essa medida de retaliação não comprometeu a restauração florestal da área, no entanto, inúmeros conflitos e embates podem existir se não houver uma comunicação e inclusão da comunidade local no projeto de restauração. Além disso, atividades de educação ambiental são necessárias para o esclarecimento da importância do projeto e das espécies escolhidas. Além de problemas menores como esse, muitos países em desenvolvimento possuem problemas sérios com moradias irregulares, devido à expansão urbana acelerada e não planejada (Funes 2005; Holz & Monteiro 2008). Muitas comunidades estão localizadas em margens de rios e áreas de alta declividade, ou seja, estão localizadas em áreas de riscos (Funes 2005; Holz & Monteiro 2008), e são essas áreas que necessitam ser desocupadas e 71 restauradas, para a preservação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) (Brasil 2012) Esse é o caso de muitas florestas tropicais do Brasil, como as florestas do Rio de Janeiro. Diante disso, muitos embates e conflitos entre agentes restauradores e comunidades locais são travados. Um dos fatores que pode facilitar a implantação de um projeto de restauração e também acaba por evitar ou reduzir conflitos entre a comunidade local e os agentes restauradores é a compreensão da comunidade local em relação aos benefícios gerados pelos serviços ecossistêmicos (Daily & Matson 2008; Redford & Adams 2009). Nesse estudo, a população reconheceu muitos serviços promovidos pela floresta em restauração e um dos serviços ecossistêmicos reconhecidos, que é bastante importante para esse contexto, foi à diminuição de desmoronamentos no morro. Levando em consideração que inúmeras regiões de florestas tropicais, como a Região Serrana do Rio de Janeiro, passaram por desmoronamentos e desastres naturais extremos, com a morte de muitas pessoas (Dourado et al. 2012), fica clara a importância que se deve dar a projetos de restauração florestal em áreas urbanas de encostas. Neste sentido, os parâmetros estabelecidos para as Áreas de Proteção Permanente (APPs) de margens de cursos d’água e encostas com declividade acentuada visam à proteção diretamente do bem-estar das populações humanas tanto no campo quanto nas cidades, especialmente contra os prejuízos econômicos e socioambientais causados por enchentes e deslizamentos. E, na verdade, a redução de riscos de desastres e a construção da resiliência estão entre os temas eleitos pelo Secretariado da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20, devido sua importância no cenário mundial. Além disso, algumas medidas podem auxiliar a relação entre as comunidades locais e os agentes restauradores, uma delas são os pagamentos por serviços ambientais (PSA). Essa é uma prática bastante atual e é entendida como um instrumento que recompensa àqueles que produzem ou mantêm os serviços ambientais. Ou incentiva outros a garantirem o provimento de serviços ambientais que não fariam sem o incentivo. Com esse mecanismo, busca-se mudar a estrutura de incentivos de forma a melhorar a rentabilidade relativa das atividades de proteção e uso sustentável de recursos naturais em comparação com atividades não desejadas, seguindo o princípio de “protetor recebedor” (Guedes & Seehusen 2012). Com essa prática a 72 comunidade local receberia um incentivo financeiro para manter a área restaurada e, portanto, conservada, o que geraria benefícios locais, como a diminuição de desmoronamentos, já relatada, e benefícios para o mercado de carbono, por exemplo. No entanto, ainda existe pouco conhecimento em relação à implementação de sistemas de PSA (Wunder 2007). Além disso, atrelar a conservação florestal a mecanismos da economia e do mercado pode ser uma estratégia de conservação arriscada. Outra medida que pode auxiliar a relação entre as partes interessadas é a utilização de sistemas agroflorestais. Para o Centro Mundial da Agrofloresta, a “Agrofloresta tem sido definida como um sistema sustentável de gestão de terras, que aumenta o rendimento global da terra, pois combina a produção de culturas de plantas (incluindo árvores), plantas florestais e / ou animais, em um sistema simultâneo ou sequencial, na mesma unidade de área, e aplica práticas de gestão que são compatíveis com as práticas culturais da população local" (Nair 1993). Sistema agroflorestais parecem ser uma medida significativa para a área de restauração estudada, pois 60% dos entrevistados escolheram espécies frutíferas, incluindo frutíferas exóticas na restauração de áreas degradadas. Isso mostra que a comunidade estudada parece ter uma visão diferente dos agentes restauradores em relação ao modelo de floresta e, na verdade, já foi constatado que a população local pode preferir espécies com usos econômicos, incluindo espécies exóticas (Román-Dañobeytia et al. 2012). Este dilema destaca que os projetos de restauração que incluem a exploração de produtos florestais (Lamb et al. 2005), ou até mesmo modelos de culturas agro-sucessionais (Vieira et al. 2009), pode ser mais atraente para a população em geral e poderia criar condições mais adequadas para a restauração em paisagens humanas modificadas (Brancalion et al. 2013), o que acaba também por diminuir possíveis conflitos entre a comunidade local e os agentes restauradores. Vieira et al (2009) propõem em seu estudo que a restauração realizada por meio de modelos de culturas agro-sucessionais poderia ser usada mais amplamente para superar obstáculos socioeconômicos e ecológicos na restauração de terras que possuem comunidades e populações associadas. Atualmente, existe um extenso corpo de literatura sobre técnicas agroflorestais que visam cultivar culturas e árvores, em uma variedade de tipos de culturas, de períodos de cultivo e complexidade das espécies plantadas. Eles abrangem sistemas tão simples como um consórcio de espécies arbóreas com uma espécie vegetal (Menzies 1988; 73 Kobayashi 2004) para sistemas bastante similares a uma floresta nativa com diversidade de espécies, função, e dinâmica sucessional similares (Nair 1993; Wiersum 2004; Miller & Nair 2006; Michon et al. 2007). Além disso, algumas experiências indicaram bom potencial para o uso de agroflorestas como elementos para melhorar a conectividade entre os fragmentos (Cullen Junior et al. 2004; Pardini et al. 2009), para diminuir os efeitos de borda por funcionar como zonas de amortecimento (Cullen Junior et al. 2004), para reduzir a erosão do solo e desmoronamentos (Franco et al. 2002) e para aumentar a biodiversidade em geral (Schroth et al. 2004; McNeely & Schroth 2006). Para o caso estudado, o modelo de cultura agro-sucessional poderia ser elaborado por meio de um consórcio de muitas espécies nativas com algumas espécies frutíferas escolhidas pela comunidade do entorno, assemelhando-se a um pomar. Diante disso, modelos de cultuas agro-sucessionais parece ser uma boa opção para a recuperação de florestas rurais e também de florestas urbanas, desde que pensados e moldados especificamente para a área em questão. Esse modelo além de contribuir para a recuperação do ambiente pode provir os serviços ecossistêmicos e pode também atender as aspirações e desejos da comunidade local, tornando a restauração florestal mais democrática. No entanto, a legislação não deixa claro se fica permitido manter cultivos e outras atividades de baixo impacto ambiental em APPs de ambientes urbanos, ela menciona, apenas, áreas rurais (Brasil 2012). No entanto, modelos como esses poderiam ser utilizados para iniciar a restauração florestal, pois podem funcionar como um fator de conexão entre a comunidade local e os agentes restauradores. Por outro lado, já é sabido que a reversão de áreas degradadas a seu estado anterior é extremamente difícil e dispendiosa, Hobbs et al. (2006) propôs a existência de novos ecossistemas, que emergiram a partir de um processo de modificação em consequência do uso humano, ou seja, é uma realidade que inclui o homem ao ecossistema. Diante disso, se faz necessária uma reforma na legislação a fim de incluir essa nova realidade. Assim, a restauração florestal precisa incorporar o elemento social aos projetos e estratégias de restauração para garantir que as florestas tropicais sejam realmente conservadas, pois fica claro que inúmeros fatores podem limitar o sucesso da restauração, fatores ecológicos e sociais. Essa inclusão pode ser feita de inúmeras maneiras, como por exemplo, via pagamentos por serviços ambientais ou por meio da implementação de culturas 74 agro-sucessionais, sendo que um dos fatores mais importantes para a comunicação das partes interessadas é o entendimento dos benefícios dos serviços ecossistêmicos. Com isso, espera-se que conflitos entre a comunidade local e os agentes restauradores diminuam e, consequentemente, a eficiência da conservação das florestas tropicais aumente. CONCLUSÃO Esse estudo mostrou que a comunidade local se relaciona com a floresta em restauração de diferentes formas, ou por uso do espaço da floresta ou por uso de espécies da floresta ou utilizaram na infância para diversão. Isso mostra que a comunidade estabeleceu um vínculo histórico-cultural com a área mesmo não tendo participado da elaboração do projeto de restauração. No entanto, para tornar o projeto de restauração florestal mais aceito, a comunidade local deve ser incorporada nas estratégias de restauração florestal, pois assim medidas de retaliação podem ser evitadas, como, por exemplo, o corte de árvores constatado nesse estudo. Além disso, a incorporação das comunidades locais nas estratégias de restauração podem diminuir conflitos existentes entre a comunidade local e os agentes restauradores. O fator que pode contribuir para a aceitação do projeto de restauração pela comunidade local e, até mesmo, evitar possíveis conflitos entre as partes interessadas é a compreensão dos benefícios gerados pelos serviços ecossistêmicos. Um dos serviços ecossistêmicos detectados pela comunidade local que é de extrema importância para a área foi à diminuição dos desmoronamentos dos morros. Esse fato evidencia a importância da restauração florestal como forma de se aumentar a resiliência dos morros e evitar mortes e tragédias causadas por desastres naturais como os ocorridos na Região Serrana do Rio de Janeiro. Além disso, diferentes medidas podem ser tomadas para tornarem a restauração florestal mais atraente para a comunidade local como a introdução do sistema do PSA e de sistemas agroflorestais. Nesse estudo, a comunidade mostrou-se interessada por uma floresta que tivesse espécies frutíferas nativas e exóticas. O sistema que contempla esse desejo é o sistema agroflorestal. Diante disso, novos debates devem ser travados a fim de se pensar a melhor prática a ser adotada para a recuperação de florestas urbanas. Essas novas práticas precisam considerar o contexto local, o valor do conhecimento da comunidade local e necessita reconhecer as 75 limitações existentes nas práticas atuais em uso de restauração. Uma reformulação na legislação pode auxiliar o processo de atualização da restauração florestal para que seja aplicada a uma realidade com problemas ambientais e sociais a serem resolvidos. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Abreu, M. L. 2005. Ocorrência de chuva ácida em unidades de conservação da natureza urbanas – Estudo de caso no Parque Estadual da Pedra Branca - Rio de Janeiro – RJ. Dissertação de Mestrado. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Albuquerque, U. P. de, R. F. P. de Lucena, and L. V. F. C. Cunha. 2010. Métodos e Técnicas na Pesquisa Etnobiológica e Etnoecológica. Recife, PE : NUPPEA. Alexiades, M. N., and J. W. Sheldon. 1996. 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Ecology Letters 8:662–673. 80 APÊNDICE 1. FORMULÁRIO SOCIOAMBIENTAL APLICADO À COMUNIDADE SERRA DE INHOAÍBA/RJ Dados pessoais 1) Nome: 2) Data de nascimento 3) Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 4) Estado Civil: 5) Número de filhos: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Viúvo 6) Emprego: 7) Tempo de residência na comunidade: 8) Grau de Escolaridade: ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior ( ) Incompleto Percepção quanto à implantação do projeto 9) Sabe da existência de um projeto de reflorestamento no morro da Serra de Inhoaíba? ( ) Sim ( ) Não 10) Foi a favor do projeto “Mutirão de Reflorestamento” acontecer nessa área? ( ) Sim ( ) Não 11) Houve participação da comunidade na elaboração do projeto? ( ) Nenhuma ( ) Pouca ( ) Razoável ( ) Muita 12) Participou de alguma atividade de educação ambiental desenvolvida pela prefeitura? ( ) Sim ( ) Não Percepção em relação aos serviços ecossistêmicos 13) Você utiliza essa área de floresta de alguma forma? ( ) Sim ( ) Não 14) Se utiliza, de que forma? ( ) Diversão ( ) Educativa ( ) Para o trabalho ( ) Ritos religiosos ( ) Para coleta de madeira ( ) Para coleta de alimentos 81 15) Você utiliza alguma planta da floresta? ( ) Sim ( ) Não 16) Se sim, qual é? E utiliza para que? 17) Quais dessas imagens você acredita possuir maior beleza? (Apêndice 2) Imagem (A) Imagem (B) 18) Acredita que o projeto trouxe alguma melhoria? ( ) Diminuição de desmoronamento ( ) Possuí frutas e alimentos ( ) Melhorou o clima/ ficou mais fresco ( ) Ficou mais silencioso ( ) Melhorou a quantidade de vento ( ) Ficou mais bonito ( ) O ar ficou mais limpo ( ) É um ambiente de diversão 19) Existem proibições com a chegada do projeto? 20) Acredita que a quantidade de florestas restauradas deve ser aumentada na sua comunidade? ( ) Sim ( ) Não 21) Se você fosse participar do projeto de reflorestamento que tipo de árvore você utilizaria? ( ) Plantas da região ( ) Plantas frutíferas ( ) Plantas de outras regiões ( ) Uma mistura de plantas 82 APÊNDICE 2. IMAGEM ILUSTRATIVA DE UMA ÁREA ANTES E APÓS O PLANTIO DE RESTAURAÇÃO REALIZADO PELA PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO/RJ 83 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em muitos casos a introdução de uma composição pobre em espécies ou espécies concentradas nos primeiros estágios sucessionais se constitui em um problema, pois essa metodologia pode não garantir as fases da sucessão ecológica e, com isso, acabam levando o plantio ao insucesso. Diferente do encontrado em outros estudos, essa metodologia obteve resultados positivos nesse estudo, pois o plantio de restauração teve um efeito significativo no recrutamento de espécies. Um dos fatores que pode ter contribuído para isso foi à proximidade da área em restauração a fragmentos conservados. Esses fragmentos funcionaram como fornecedores de propágulos, o que foi determinante para a colonização da área em restauração por uma grande variedade de espécies. Diante disso, fica clara a importância da paisagem na escolha do método de restauração a ser empregado. Na verdade, pouca atenção é dada a paisagem pelos agentes restauradores. Tanto isso é verdade que quase nenhum projeto de restauração levou em consideração a matriz urbana com a presença de comunidades locais. Existe, até mesmo, uma lacuna de pesquisas que incluam fatores socioambientais na elaboração do projeto e em seu monitoramento. Se a restauração florestal tem intenção de contribuir de fato para a conservação das florestas então se faz bastante necessário uma maior atenção à paisagem circundante em questão. No estudo da relação entre a comunidade local e a área em restauração ficou claro que a inclusão da comunidade local na elaboração de projetos de restauração pode ser bastante benéfica, pois pode evitar que medidas de retaliação sejam feitas nas áreas em restauração, o que torna a restauração florestal mais garantida. Além disso, podem diminuir os conflitos existentes entre as comunidades locais e os agentes restauradores. Um dos fatores que pode auxiliar a comunicação das partes interessadas é a compreensão dos benefícios dos serviços ecossistêmicos. Nesse estudo, um dos serviços ecossistêmicos percebidos e mais importantes para o contexto foi à diminuição de desmoronamentos dos morros. Isso é bastante importante, pois são essas áreas de florestas tropicais que se encontram ocupadas por moradias irregulares e que muitas vezes acabam levando a tragédias como a ocorrida na Região Serrana em 2011. Diante disso, se faz bastante necessário o replanejamento urbano e a recuperação da 84 resiliência da área, que é feita pela restauração florestal. E, na verdade, a redução de riscos de desastres e a construção da resiliência estão entre os temas eleitos pelo Secretariado da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20, devido sua importância no cenário mundial. Além disso, a restauração florestal precisa incorporar algumas das necessidades e aspirações da comunidade, para que conflitos sejam evitados e o sucesso da restauração seja alcançado. Para isso algumas medidas podem ser tomadas como a implementação do PSA ou de Sistemas Agroflorestais. Essas práticas incluem, muitas vezes, a demanda da comunidade local e torna o processo de restauração mais democrático e inclusivo. Dessa forma, fica cada vez mais evidente que o futuro da maior parte da biodiversidade do mundo depende da efetiva gestão de sistemas humanos modificados (Lindenmayer & Franklin 2002; Bawa et al. 2004). Para enfrentar esse desafio a biologia da conservação e a restauração florestal precisam adotar uma perspectiva de pesquisa que incorpore as atividades humanas aos ecossistemas e enfatize a compreensão de que as questões socioambientais estão associadas à dinâmica de terras modificadas (Palmer et al. 2004). 85 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bawa, K. S., W. J. Kress, and N. M. Nadkarni. 2004. Tropical ecosystems into the 21st century. Science 306:21–24. Bell, S. S., M. S. Fonseca, and L. B. Motten. 1997. Linking Restoration and Landscape Ecology. Restoration Ecology 5:318–323. Block, W. M., A. B. Franklin, J. P. Ward, J. L. Ganey, and G. C. White. 2001. Design and Implementation of Monitoring Studies to Evaluate the Success of Ecological Restoration on Wildlife. 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Família Espécie Estágio Sucessional Síndrome dispersão Nativa/ Exótica Anacardiaceae Anacardiaceae Anarcadiaceae Apocynaceae Astronium graveolens Schinus terebinthifolius Spondias mombin Tabernaemontana hystrix NP P P P NZ Z Z Z Nativa Nativa Nativa Nativa Arecaceae Arecaceae Arecaceae Asteraceae Bignoniaceae Bignoniaceae Euterpe edulis Livistona chinensis Syagrus romanzoffiana Gochnatia polymorpha Sparattosperma leucanthum Handroanthus chrysotrichus NP ND P P P NP Z Z Z NZ NZ NZ Nativa Exótica Nativa Nativa Nativa Nativa Bignoniaceae Bignoniaceae Handroanthus heptaphyllus Handroanthus impetiginosus NP NP NZ NZ Nativa Nativa Bignoniaceae Boraginaceae Tabebuia serratifolia Cordia myxa P P NZ Z Nativa Exótica Boraginaceae Boraginaceae Sapindaceae Cannabaceae Caricaceae Chrysobalanaceae Cunoniaceae Erythroxylaceae Euphorbiaceae Fabaceae Cordia superba Cordia trichotoma Cupania oblongifolia Trema micrantha Jacaratia spinosa Licania tomentosa Lamanonia ternata Erythroxylum pulchrum Joannesia princeps Senegalia polyphylla P P P P P NP P NP P P Z NZ Z Z Z Z NZ Z NZ NZ Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Anadenanthera colubrina Libidibia ferrea Caesalpinia peltophoroides Cassia grandis Chloroleucon tortum Copaifera langsdorffii Enterolobium contortisiliquum Inga laurina Inga vera Mimosa artemisiana P P NP P P NP P P P P NZ Z NZ Z Z Z NZ Z Z NZ Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa 89 Família Espécie Estágio Sucessional Síndrome dispersão Nativa/ Exótica Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Lamiaceae Mimosa caesalpiniifolia Piptadenia gonoacantha Pseudopiptadenia contorta Pterocarpus rohrii Pterogyne nitens Samanea saman Swartzia flaemingii Sweetia fruticosa Tamarindus indica Aegiphila integrifolia P P P NP NP P NP P P P NZ NZ Z NZ NZ Z NZ Z Z Z Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Subespontânea Nativa Nativa Nativa Nativa Lechythidaceae Lechythidaceae Lythraceaea Malvaceae Malvaceae Malvaceae Cariniana legalis Lecythis pisonis Lafoensia glyptocarpa Pachira glabra Ceiba erianthos Chorisia speciosa NP NP NP NP P NP NZ Z NZ Z NZ NZ Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Malvaceae Malvaceae Melastomataceae Meliaceae Meliaceae Meliaceae Guazuma ulmifolia Pseudobombax grandiflorum Tibouchina granulosa Cedrella fissilis Guarea guidonia Swietenia macrophylla P P P NP P NP Z NZ NZ NZ Z NZ Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Moraceae Moraceae Ficus clusiifolia Ficus insipida NP NP Z Z Nativa Nativa Moraceae Moraceae Ficus microcarpa Morus sp. P ND Z ND* Exótica ND* Myrtaceae Myrtaceae Myrtaceae Myrtaceae Phytolaccaceae Polygonaceae Polygonaceae Primulaceae Primulaceae Rhamnaceae Eugenia brasiliensis Eugenia uniflora Plinia edulis Syzygium cumini Gallesia integrifolia Triplaris americana Triplaris gardneriana Myrsine coriacea Myrsine guianensis Colubrina glandulosa NP NP NP P P P P P P P Z Z Z Z NZ NZ NZ Z Z Z Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Rubiaceae Rubiaceae Sapindaceae Sapotaceae Calycophyllum spruceanum Genipa americana Cupania sp. Pouteria torta NP NP ND NP Z Z ND* Z Nativa Nativa ND* Nativa 90 Família Solanaceae Verbenaceae Espécie Solanum pseudoquina Citharexylum myrianthum Estágio Sucessional Síndrome dispersão Nativa/ Exótica P P Z Z Nativa Nativa *ND: Não determinada 91 ANEXO 2 Tabela 3. Porcentagem de espécies que não puderam ser classificadas segundo o estágio sucessional e a síndrome de dispersão para as áreas avaliadas (Plantio e referência) e foram excluídas da análise. Serra de Inhoaíba, Rio de Janeiro/RJ. Plantio Arbóreo (%) Juvenil (%) Regeneração (%) Estágio sucessional Síndrome de dispersão 4.5 4.2 Arbóreo (%) 3.7 3.5 Juvenil (%) 17.1 17.5 Regeneração (%) Estágio sucessional Síndrome de dispersão 11.1 10.5 22.5 17.5 23.9 21.2 Referência 92 ANEXO 3 Tabela 4. Lista de espécies amostrada por cada nível de estratificação estudado (arbóreo, juvenil e regeneração) para o plantio e área de referência. Serra de Inhoaíba, Rio de Janeiro/RJ. Espécies Espécies Espécies Espécies Espécies Arbóreo Juvenil Regeneração Introduzidas Aegiphila integrifolia 0 0 0 250 Aegiphila sellowiana Albizia lebbeck 1 1 0 10 0 0 0 0 Alchornea glandulosa Alchornea triplinervia 0 0 0 0 1 1 0 0 Algernonia leandrii Amphirrhox sp. 0 1 0 0 1 0 0 0 Anadenanthera colubrina Artocarpus heterophyllus 27 1 5 4 6 0 50 0 Astronium graveolens Aureliana sp. Bathysa stipulata Brosimum guianense Caesalpinia ferrea Caesalpinia peltophoroides 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 3 1 0 1 2 0 0 0 150 0 0 0 0 140 Caesalpinia pulcherrima Caesalpinia sp. 0 1 1 0 0 0 0 0 Caesalpinia tinctoria Calycophyllum spruceanum 1 0 0 0 0 0 0 200 Calyptranthes sp. Campomanesia eugenioides Campomanesia guaviroba Cariniana legalis Casearia commersoniana Casearia obliqua 1 1 0 0 0 2 0 0 2 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 120 0 0 Casearia sp. Cassia grandis Cecropia pachystachya Cedrela fissilis Cedrella fissilis Ceiba erianthos Ceiba speciosa Celtis iguanaea Centrolobium tomentoso Chloroleucon tortum 1 0 1 1 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 1 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 570 0 0 240 100 0 0 0 50 93 Espécies Espécies Espécies Espécies Espécies Arbóreo Juvenil Regeneração Introduzidas Chorisia speciosa Chrysophyllum sp. Citharexylum myrianthum Citrus X limon Clidemia sp. Colubrina glandulosa Copaifera langsdorffii 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1 1 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 350 0 250 0 0 100 50 Cordia myxa Cordia sellowiana 0 1 0 0 0 0 750 0 Cordia superba Cordia trichotoma 0 0 0 0 0 0 250 135 Cupania oblongifolia Cupania sp. 1 0 1 0 0 0 124 30 Cybistax antisyphilitica Dalbergia nigra 12 1 16 0 3 0 0 0 Davilla sp. Enterolobium contortisiliquum Erythroxylum pulchrum Eugenia brasiliensis Eugenia florida Eugenia uniflora 0 0 0 0 12 0 1 0 37 0 7 0 0 0 15 0 259 6 0 350 50 50 0 250 Euterpe edulis Ficus clusiifolia 0 1 0 0 0 0 350 100 Ficus insipida Ficus microcarpa 0 0 0 0 0 0 120 50 Gallesia integrifolia Genipa americana Gochnatia polymorpha Guapira opposita Guarea guidonia Guazuma ulmifolia 0 0 8 0 9 2 3 0 24 1 33 0 1 0 32 0 6 41 350 20 170 0 350 80 Handroanthus chrysotrichus Handroanthus heptaphyllus Handroanthus impetiginosus Heteropterys coleoptera Hymenaea courbari Inga laurina Inga vera Jacaratia spinosa Joannesia princeps Lafoensia glyptocarpa 4 0 3 0 1 2 2 0 0 0 5 1 4 3 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 50 130 300 0 0 200 200 275 200 300 94 Espécies Espécies Espécies Espécies Espécies Arbóreo Juvenil Regeneração Introduzidas Lamanonia ternata Lecythis pisonis Libidibia ferrea Licania tomentosa Livistona chinensis Luehea candicans Luehea grandiflora 0 0 1 0 0 4 4 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 10 110 100 50 50 0 0 Luehea sp. Machaerium hirtum 1 4 0 3 0 0 0 0 Machaerium sp. Mangifera indica 0 1 0 0 1 1 0 0 Matayba elaeagnoides Maytenus sp1 1 0 3 0 1 2 0 0 Maytenus sp2 Maytenus sp3 0 0 0 0 85 5 0 0 Miconia calvescens Miconia prasina Miconia sp. Mimosa artemisiana Mimosa bimucronata Mimosa caesalpiniifolia 1 0 0 0 2 63 7 9 3 0 0 67 0 2 0 0 2 33 0 0 0 10 0 0 Mimosa sp. Mollinedia sp. 2 0 0 0 0 2 0 0 Morus sp. Murraya paniculata 0 0 0 1 0 0 50 0 Myrcia splendens Myrciaria cauliflora Myrsine coriacea Myrsine guianensis Pachira glabra Peltophorum dubium 0 0 0 0 0 3 0 1 0 0 0 2 17 0 0 0 0 0 0 0 100 50 20 0 Pilocarpus sp. Piper aduncum Piper arboreum Piptadenia gonoacantha Plathymenia reticulata Plinia cauliflora Plinia edulis Poincianella pluviosa Pouteria bangii Pouteria torta 0 0 0 19 1 0 0 6 1 0 0 8 2 31 1 0 0 2 0 0 5 8 0 70 0 1 0 0 1 0 0 0 0 50 0 0 50 0 0 50 95 Espécies Espécies Espécies Espécies Espécies Arbóreo Juvenil Regeneração Introduzidas Prunus sp. Pseudobombax grandiflorum Pseudopiptadenia contorta Psidium guajava Psychotria leiocarpa Pterocarpos sp. Pterocarpus rohrii 0 1 0 1 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 6 0 0 1 2 0 0 0 250 30 0 0 0 200 Pterogyne nitens Samanea saman 5 2 2 0 0 0 50 330 Schinus terebinthifolius Schizolobium parahyba 0 5 0 0 0 0 800 0 Sebastiania brasiliensis Sebastiania sp. 0 0 0 0 8 2 0 0 Senegalia langsdorffii Senegalia polyphylla 9 1 0 0 0 0 0 50 Senna siamea Serjania sp. Solanum argenteum Solanum pseudoquina Sorocea hilarii sp1 4 0 0 0 0 1 0 0 24 0 1 4 0 1 5 3 2 2 0 0 0 460 0 0 sp10 sp11 0 0 0 0 1 1 0 0 sp12 sp13 0 0 0 0 2 1 0 0 sp14 sp15 sp16 sp17 sp18 sp19 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 Sp2 sp20 sp21 sp22 sp23 sp24 sp25 sp26 sp27 sp28 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7 2 1 1 3 1 1 1 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 96 Espécies Espécies Espécies Espécies Espécies Arbóreo Juvenil Regeneração Introduzidas sp29 Sp3 sp30 sp31 sp32 sp33 sp34 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 1 1 13 16 1 1 0 0 0 0 0 0 0 sp4 sp5 0 0 0 0 16 1 0 0 sp6 sp7 0 0 0 0 4 1 0 0 sp8 sp9 0 0 0 0 1 3 0 0 Sparattosperma leucanthum Spondias mombin 0 7 0 16 0 10 320 130 Styrax sp. Swartzia flaemingii Sweetia fruticosa Swietenia macrophylla Syagrus oleracea Syagrus romanzoffiana 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 190 30 50 0 320 Syzygium cumini Tabebuia serratifolia 1 0 2 0 1 0 45 50 Tabernaemontana hystrix Tamarindus indica 4 0 2 0 0 0 20 21 Tetrastylidium grandifolium Tibouchina granulosa Trema micrantha Trichilia casaretti Triplaris americana Triplaris gardneriana 0 0 0 0 0 0 1 0 0 2 0 1 0 0 0 2 0 1 0 300 100 0 50 0 Triplaris gardneriana Vernonanthura discolor Zanthoxylum rhoifolium 0 0 1 0 1 1 0 0 1 50 0 0 97