Introdução Circuitos Elétricos • Os circuitos que estudamos até o momento são considerados condutivamente acoplados. – Um laço afeta o laço vizinho através da condução de corrente. Circuitos Magneticamente Acoplados Alessandro L. Koerich Engenharia de Computação Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) • Quando dois laços com ou sem contato se afetam através do campo magnético gerado por um deles, são chamados de magneticamente acoplados. • Exemplo: Transformador → bobinas magneticamente acopladas para transferir energia de um circuito para outro. Indutância Mútua Indutância Mútua • Quando dois indutores (ou bobinas) estão próximos, o fluxo magnético causado pela corrente em uma bobina induz tensão na outra bobina. • Mas o fluxo φ é produzido pela corrente i, portanto qualquer mudança em φ é causada por uma variação na corrente: = • Este fenômeno é chamado de indutância mútua. • Para um indutor simples de N espiras, quando uma corrente i flui através dele, um fluxo magnético φ é produzido ao redor dele. • De acordo com a lei de Faraday, a tensão induzida no indutor é: • • = ou = A indutância L do indutor é dada por: = Esta indutância é chamada de auto-indutância, pois relaciona a tensão induzida em uma bobina por uma corrente variante no tempo na mesma bobina. Indutância Mútua Indutância Mútua • Considerando agora duas bobinas com auto-indutâncias L1 e L2 que estão próximas. A bobina 1 tem N1 voltas e a bobina 2 tem N2 voltas. Assumimos que a bobina 2 não transporta corrente. • Apesar das duas bobinas estarem fisicamente separadas, elas estão magneticamente acopladas. Como o fluxo total φ1 percorre a bobina 1, a tensão induzida na bobina 1: = • O fluxo magnético φ1 originário na bobina 1 tem dois componentes: o componente φ11 percorre somente a bobina 1 e o componente φ12 percorre ambas as bobinas. Portanto: = • Somente o fluxo φ12 percorre a bobina 2, logo a tensão induzida na bobina 2: = + Indutância Mútua • Novamente, como os fluxos são causados pela corrente i1 fluindo na bobina 1: = • onde = / Indutância Mútua • Supondo agora que a corrente i2 flui na bobina 2, enquanto a bobina 1 não transporta corrente. = = + é a auto-indutância da bobina 1. Da mesma maneira: = = onde: = • • Como o fluxo total φ2 percorre a bobina 2, a tensão induzida na bobina 2: M21 é a indutância mútua da bobina 2 com respeito a bobina 1. O índice 21 indica que a indutância relaciona a tensão induzida na bobina 2 à corrente na bobina 1. Assim, a tensão mútua em circuito aberto (ou tensão induzida) sobre a bobina 2 é: = = • onde = / = = é a auto-indutância da bobina 2. Indutância Mútua • Da mesma maneira: Indutância Mútua • Veremos que: = = = = = • M é a indutância mútua entre duas bobinas. É medida em henrys (H). onde: = • M12 é a indutância mútua da bobina 1 com respeito a bobina 2. O índice 12 indica que a indutância relaciona a tensão induzida na bobina 1 à corrente na bobina 2. Assim, a tensão mútua em circuito aberto (ou tensão induzida) sobre a bobina 1 é: • Note que o acoplamento mútuo existe somente se as bobinas estiverem próximas e os circuitos forem alimentados por fontes variantes no tempo. Indutância Mútua é a capacidade de um indutor induzir uma tensão sobre um indutor vizinho, medida em henrys (H). = Indutância Mútua Indutância Mútua • Convenção do ponto para a análise de circuitos: – A polaridade da indutância mútua depende dos aspectos construtivos. – A convenção de pontos eliminada a necessidade de descrever os aspectos construtivos em circuitos • Um ponto é colocado no circuito em um dos terminais de cada um dos indutores acoplados magneticamente. • Indica a direção do fluxo magnético se a corrente entra pelo terminal marcado com o ponto. • A convenção dos pontos diz o seguinte: Se uma corrente entra pelo terminal com o ponto de uma bobina, a polaridade de referência da tensão mútua na segunda bobina é positiva no terminal com o ponto da segunda bobina. • ou Se uma corrente sai pelo terminal com o ponto de uma bobina, a polaridade de referencia da tensão mútua na segunda bobina é negativa no terminal com o ponto da segunda bobina. • Assim, a polaridade de referencia de um tensão mútua depende da direção de referencia da corrente induzida e os pontos nas bobinas acopladas. Indutância Mútua Indutância Mútua • A aplicação da convenção de pontos pode ser ilustrada pelas figuras ao lado: • A convenção de pontos, para indutores conectados em série, pontos se somando, a indutância total será: = + +2 • Para indutores conectados em série, com pontos opostos, a indutância total será: = + −2 Análise de Circuitos Envolvendo Indutâncias Mútuas • Aplicando a LTK na malha1: = Análise de Circuitos Envolvendo Indutâncias Mútuas • + + • • Aplicando a LTK na malha 2: = • + + Aplicando a LTK na malha 1: = + Aplicando a LTK na malha 2: 0=− + + + • As equações acima podem ser resolvidas da maneira usual para encontrar as correntes. • Note que assumiremos sempre que a indutância mútua e a posição dos pontos são fornecidas. Passando para o domínio da frequência: = = + + + + Energia em Circuitos Acoplados Energia em Circuitos Acoplados • • A energia armazenada em um indutor: 1 = 2 A energia armazenada em dois indutores acoplados magneticamente, assumindo que a corrente entra nos terminais com ponto em ambos indutores: = • 1 2 + 1 2 1 2 + 1 2 O limite superior para a indutância mútua M: ≤ • Ou seja, a média geométrica das auto-indutâncias dos indutores. • O coeficiente de acoplamento, mostra o quanto a indutância mútua se aproxima de seu limite superior: + = Se uma corrente entra pelo terminal com o ponto em um indutor e sai pelo terminal com ponto no outro indutor: = • − Energia em Circuitos Acoplados • Se todo o fluxo produzido por um indutor atinge outro, então k = 1 e temos uma acoplamento 100% ou perfeitamente acoplados. • Para k < 0,5 temos indutores fracamente acoplados. • onde 0 ≤ ≤ 1. O coeficiente de acoplamento é a fração do fluxo total emanando de um indutor que conecta ao outro indutor: = = + = = + Transformador Linear • É um dispositivo magnético que utiliza o fenômeno da indutância mutua. • Um transformador é geralmente um dispositivo de quatro terminais compreendendo dois ou mais bobinas acopladas magneticamente. • Para k > 0,5 temos indutores fortemente acoplados. • O coeficiente de acoplamento é uma medida do acoplamento magnético entre dois indutores; 0 ≤ ≤ 1. • A bobina conectada diretamente a uma fonte de tensão é chamado de enrolamento primário. • A bobina conectada a carga é chamada de enrolamento secundário. • As resistências representam as perdas nas bobinas. Transformador Linear Transformador Linear • Um transformador é considerado linear se as bobinas são enroladas em um material magnético linear (permeabilidade magnética constante), como baquelite, ar, plástico e madeira. • Para simplificar a análise é possível substituir o acoplamento magnético por um circuito equivalente T (ou Y) ou Π (ou Δ) que não contém a indutância mútua: • Para obtermos a impedância de entrada, aplicamos a LTK nas duas malhas, e temos: • Circuito equivalente T: = = + + = + + , = − , = + – O primeiro termo ( + ) é a impedância primária. – O segundo termo é devido ao acoplamento entre os enrolamentos primário e secundário e é chamada de impedância refletida ao primário: = − • Circuito equivalente Π: = − − , = − − , = − + Transformador Ideal Transformador Ideal • Um transformador ideal é aquele com acoplamento perfeito (k = 1). • Transformadores com núcleo de ferro são uma aproximação de transformadores ideais. • Consiste em duas bobinas com um número grande de voltas em um núcleo comum de alta permeabilidade. Devido a esta alta permeabilidade do núcleo, o fluxo liga todas as voltas de ambas as bobinas, resultando portanto em um acoplamento perfeito. • De acordo com a Lei de Faraday, as tensões sobre os enrolamentos primário e secundário são respectivamente: • Um transformador é dito ser ideal se: – As bobinas tiveram reatâncias bastante elevadas (L1, L2, M → ∞); – O coeficiente de acoplamneto é unitário (k=1); – Os enrolamentos primário e secundário não possuem perdas (R1 = R2= 0). = = Transformador Ideal • Dividindo as equações anteriores temos: = = Transformador Ideal • Pelo princípio da conservação da energia, temos: = • Na forma fasor, temos: = onde n é a razão de voltas ou razão de transformação. • Mostrando que as correntes primária e secundária estão relacionadas à razão de voltas de maneira inversa que as tensões, então: 1 = = • Usando fasores, temos: = = Transformador Ideal = = = 1 • Quando n=1, chamamos o transformador de transformador de isolamento. • Se n>1 temos um transformador elevador, pois a tensão aumenta do primário para o secundário (V2>V1). • Se n<1 temos um transformador abaixador, pois a tensão decresce do primário para o secundário (V2<V1). Transformador Ideal • Quanto a polaridade das tensões e direção das correntes, temos: 1. Se V1 e V2 são ambas positivas ou ambas negativas nos terminais com ponto, use +n. Caso contrário use –n. 2. Se tanto I1 quanto I2 entram ou ambas saem dos terminais com ponto, use –n. Caso contrário use +n. Transformador Ideal • A potência complexa no enrolamento primário é: ∗ = = ( )∗ = ∗ = • Não há perda de potência. O transformador ideal não absorve potência. • A impedância de entrada vista pela fonte: 1 = = • Mas como ⁄ = Transformador Ideal • Uma prática comum na análise de circuitos é eliminar o transformador, refletindo as impedâncias e fontes de um lado do transformador para o outro. • Refletindo o lado secundário para o primário: – Obtemos o equivalente de Thevenin do circuito a direita dos terminais ab. – Obtemos VTh como a tensão de circuito aberto nos terminais a-b. – Obtemos ZTh removendo a fonte tensão no enrolamento secundário e inserindo uma fonte unitária nos terminais a-b. – Tendo VTh e ZTh adicionamos o equivalente de Thevenin à esquerda de a-b. , então: = Transformador Ideal • Refletindo o lado secundário para o primário: Transformador Ideal • A regra geral para eliminar o transformador e refletir o circuito secundário para o lado do primário é: dividir a impedância secundária por n2, dividir a tensão secundária por n e multiplicar a corrente secundária por n. • Para refletir o lado primário do circuito para o lado secundário: – A regra para eliminar o transformador e refletir o circuito primário para o lado secundário é: multiplicar a impedância primária por n2, multiplicar a tensão primária por n e dividir a corrente primária por n. = =