1 ELISANDRA SILVEIRA VARGAS PLANO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A EMPRESA FACE GIRL CANOAS, 2009 ELISANDRA SILVEIRA VARGAS PLANO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A EMPRESA FACE GIRL Trabalho de conclusão apresentado para a banca examinadora do Curso de Administração – Serviços do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Administração – Serviços. Orientação: Prof. Ms. Fábio Maia CANOAS, 2009 2 ELISANDRA SILVEIRA VARGAS PLANO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A EMPRESA FACE GIRL Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Administração - Serviços pelo Centro Universitário La Salle – Unilasalle. Aprovado pela banca examinadora em 27 de novembro de 2009. BANCA EXAMINADORA: Prof. Ms. Fábio Maia - Orientador Unilasalle Prof. Ms. Adroaldo Strack Unilasalle Prof. Ms. Carolina Rosado dos Santos Unilasalle 3 Dedico este trabalho aos meus pais, que tanto me incentivaram e apoiaram para a concretização deste sonho. Especialmente meu pai, que foi a pessoa responsável pelo custeio de meu curso e por todas as despesas relacionadas a ele, deixando para trás outros projetos para que este momento se tornasse realidade. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, que é a base de tudo e permitiu que eu vivenciasse esse grande momento em minha vida. A meus pais, por toda a confiança depositada e pelo incentivo emocional e financeiro. Agradeço a toda a minha família, especialmente a meus padrinhos e a meu tio, que, de certa forma, contribuíram para que esta etapa fosse concluída no menor tempo possível. Agradeço também a meus amigos e amigas, que torceram por mim e entenderam minha ausência em certos momentos. A meus colegas de curso, pela ajuda e cumplicidade durante toda essa jornada que percorremos juntos. Agradeço a meu orientador, Fábio Maia, pelos ensinamentos, cobranças e incentivos, todos essenciais para o sucesso deste trabalho. Aos proprietários e amigos da Face Girl, por disponibilizarem sua empresa para ser objeto de estudo desse trabalho. Enfim, um agradecimento muito especial a todas essas pessoas que estiveram ao meu lado, torceram e incentivaram. Acima de tudo, agradeço àqueles que acreditaram em meu potencial e sabiam que eu era capaz de chegar até onde cheguei. 5 O planejamento não é uma tentativa de predizer o que vai acontecer. O planejamento é um instrumento para raciocinar agora, sobre que trabalhos e ações serão necessários hoje, para merecermos um futuro. O produto final do planejamento não é a informação: é sempre o trabalho. Peter Drucker 6 RESUMO Este trabalho teve como objetivo propor um plano de ações estratégicas para a Face Girl, uma empresa familiar que trabalha com varejo de roupas femininas e conta com pontos de venda próprios para a comercialização de seus produtos. Para isso, foi realizado um estudo de caso desenvolvido através de uma pesquisa-diagnóstico em que as técnicas de coleta de dados utilizadas foram o brainstorming, questionários e entrevistas em profundidade. Primeiramente, foi necessário criar uma identidade corporativa para a organização a partir da formalização do seu negócio, da definição de sua missão, valores, visão e objetivo geral, e logo em seguida realizou-se o diagnóstico de seu ambiente interno e externo. As técnicas de coleta utilizadas neste trabalho foram aplicadas com os proprietários, colaboradores e clientes da loja. Todos os dados levantados neste estudo foram analisados com base na revisão da literatura, onde se percebeu que a qualidade dos produtos e serviços da organização é um ponto forte, porém questões relacionadas a treinamentos merecem atenção. Com isso, foram definidos os objetivos e estratégias necessários para a elaboração do plano de ações estratégicas da empresa e também a criação de ferramentas para controle e avaliação deste plano. Palavras-chave: Varejo. Empresa familiar. Plano de ações estratégicas. Planejamento. Estratégia. Planejamento estratégico. 7 ABSTRACT This study aimed to propose a plan of strategic actions for the Face Girl, a family business that works with retail women's clothing and has its own retail outlets to market their products. For this, we performed a case study developed through a research-diagnosis, in which the techniques of data collection used were brainstorming, questionnaires and in-depth interviews. First, was necessary to create a corporate identity for the organization from the formalization of your business, defining its mission, values, vision and overall goal, and soon afterwards had the diagnosis of your internal and external environment. Collecting techniques used in this paper were implemented with the owners, employees and customers of the store. All data from this study were analyzed based on literature review, where it was realized that the quality of products and services of the organization is a strength, but issues related to training for attention. Thus, we defined the objectives and strategies necessary for drawing up the strategic action plan the company and also the creation of tools for control and evaluation of this plan. Keywords: Retail. Family business. Strategic action plan. Planning. Strategy. Strategic planning. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Logotipo da loja Face Girl . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Figura 2 – Organograma da empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 Figura 3 – Organização de um varejista pequeno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Figura 4 – Níveis de decisão e tipos de planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37 Figura 5 – Metodologia do planejamento estratégico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Figura 6 – Forças que impulsionam a definição de objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Figura 7 – Matriz SWOT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66 Figura 8 – Matriz 5W2H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Figura 9 – Etapas da pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Figura 10 – Pontos fortes destacados pelos clientes da Face Girl . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91 Figura 11 – Pontos fracos destacados pelos clientes da Face Girl . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91 Figura 12 – Matriz SWOT da empresa Face Girl . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Figura 13 – O processo de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Três tipos de necessidades que definem a importância do planejamento . . . . . . .36 Quadro 2 – O planejamento nos três níveis da empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 Quadro 3 – Perfil de uma análise organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Quadro 4 – Distinção entre os conceitos de missão e visão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Quadro 5 – Estratégias empresariais e suas repercussões nos três níveis da empresa . . . . . . 63 Quadro 6 – Relação de entrevistados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 Quadro 7 – Forças político-legais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77 Quadro 8 – Forças sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .78 Quadro 9 – Forças econômicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79 Quadro 10 – Forças tecnológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 Quadro 11 – Forças setoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .82 Quadro 12 – Recursos humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Quadro 13 – Organização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Quadro 14 – Recursos físicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Quadro 15 – Pontos fortes e pontos fracos destacados pelos clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . .90 Quadro 16 – Matriz 5W2H – 1o objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .100 Quadro 17 – Matriz 5W2H – 2o objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .101 Quadro 18 – Matriz 5W2H – 3o objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .102 Quadro 19 – Indicadores de desempenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Quadro 20 – Níveis de controle e avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Classificação das empresas segundo o faturamento bruto anual . . . . . . . . . . . . . . 30 Tabela 2 – Classificação das empresas segundo o número de funcionários . . . . . . . . . . . . . . 30 Tabela 3 – Taxas de mortalidade 2000-2005 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 Tabela 4 – Taxas de sobrevivência 2000-2005 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2 2.1 2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.4 2.1.5 2.1.6 2.2 2.2.1 2.3 2.3.1 2.3.2 2.3.3 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Caracterização da organização e seu ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Produtos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Estrutura funcional e organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Mercado de atuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Principais clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Principais concorrentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Órgãos regulamentadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Situação problemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Delimitação do problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quanto à importância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quanto à oportunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quanto à viabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 3.1 3.2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 4 4.1 4.1.1 4.1.2 4.1.3 4.1.4 4.2 4.2.1 4.3 4.3.1 4.3.1.1 4.3.1.2 4.3.1.3 4.3.2 4.3.2.1 4.3.2.2 4.3.2.3 4.3.2.4 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Varejo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Conceito de varejo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Estratégia de varejo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Locais de varejo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Estruturas organizacionais de varejo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pequena Empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Empresa familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Planejamento e Estratégia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Origem e evolução do planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Conceito do planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Níveis hierárquicos e planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Estratégia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Origem da estratégia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Evolução para o contexto empresarial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Conceito de estratégia empresarial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Níveis de estratégias nas organizações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 16 17 18 19 19 20 20 21 22 22 22 23 23 25 25 25 26 27 28 29 31 34 34 34 35 37 39 39 39 40 41 12 4.4 Planejamento Estratégico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 4.4.1 A evolução do planejamento estratégico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 4.4.2 Conceito de planejamento estratégico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 4.4.3 Metodologia do planejamento estratégico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 4.4.3.1 Análise Ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 4.4.3.1.1 Ambiente externo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 4.4.3.1.2 Ambiente interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 4.4.3.2 Negócio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4.4.3.3 Missão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 4.4.3.4 Valores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 4.4.3.5 Visão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 4.4.3.6 Objetivos Estratégicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 4.4.3.7 Definição de estratégias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 4.4.3.8 Monitoramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 4.5 Plano de ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 4.6 Ferramentas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 4.6.1 Brainstorming . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 4.6.2 Matriz SWOT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 4.6.3 Matriz 5W2H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 5 MÉTODO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 5.1 Delineamento da Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 5.2 População-alvo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 5.3 Coleta de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 5.4 Análise dos dados coletados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 5.5 Proposta de soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 6.1 Análise do Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 6.1.1 Análise do ambiente externo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 6.1.1.1 Macroambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 6.1.1.2 Análise setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 6.1.2 Análise do ambiente interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 6.1.3 Análise dos questionários aplicados com os clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 13 6.2 Análise SWOT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 6.3 Definição da identidade da Empresa .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 6.3.1 Definição do negócio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 6.3.2 Definição da missão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 6.3.3 Definição dos valores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 6.3.4 Definição da visão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 6.3.5 Definição do objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.4 Definição dos Objetivos estratégicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 6.5 Estratégias e Plano de Ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 6.5.1 Estratégias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 6.5.2 Plano de ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 6.6 Controle e Avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 6.6.1 Determinação de padrões de desempenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 6.6.2 Mensuração de desempenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 6.6.3 Comparação do desempenho com o padrão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 6.6.4 Adoção de medidas corretivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 96 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . APÊNDICE A – Questionário do Ambiente Externo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 APÊNDICE B – Questionário do Ambiente Interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . APÊNDICE C – Pesquisa: Face Girl . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 113 114 14 1 INTRODUÇÃO O comércio varejista é um segmento que está em constante expansão, visto que pesquisas apontam que o cenário de vendas teve aumento significativo no ano de 2008 com relação ao mesmo período em 2007, tornando animadoras as expectativas para 2009. Esta perspectiva deve-se ao aumento da renda dos brasileiros e ao forte aumento da oferta de crédito. Com isso, torna-se essencial para as empresas ter uma preparação diferenciada para enfrentar as variações e os avanços do mercado. Frente a este índice, é importante analisar a situação das organizações no mercado em que elas atuam, pois, para obter destaque frente à concorrência, as empresas precisam estar organizadas e conhecer seu ambiente interno e também o ambiente externo ao qual estão expostas. Este conhecimento é essencial tanto para aproveitar oportunidades oferecidas pelo mercado quanto para monitorar ameaças vindas dele. Assim, as organizações podem ter a exata noção do que deve ser mantido e o que deve ser melhorado em seu processo de trabalho para, então, obterem o êxito desejado. A Face Girl é uma empresa familiar que atua há seis anos no varejo de roupas femininas e busca satisfazer seus clientes através de sua imagem jovem, da qualidade de seus produtos e de um atendimento diferenciado. A loja possui ótima participação de mercado, apesar de ser conduzida sem nenhum controle gerencial, baseando-se apenas no feeling de seu proprietário. Portanto, a proposta deste trabalho é apresentar um plano de ações estratégicas para a empresa Face Girl com o intuito de torná-la mais preparada e competitiva no mercado de trabalho, aproveitando suas potencialidades e corrigindo suas deficiências. A elaboração deste trabalho contará com uma estrutura de sete capítulos, conforme a descrição que se apresenta. No capítulo 1 faz-se a introdução do trabalho, a qual mostra brevemente o segmento a ser analisado, e do que será proposto à empresa. No capítulo 2 apresenta-se a caracterização da organização e de seu ambiente, como o histórico, os produtos comercializados, a estrutura funcional e organizacional, o mercado de atuação em que a empresa está inserida, seus principais clientes e concorrentes e seus órgãos regulamentadores. Também consta a definição e a delimitação do problema de pesquisa e suas justificativas, quanto à importância, oportunidade e viabilidade. O objetivo geral e os objetivos específicos do trabalho estão dispostos no capítulo 3. 15 No capítulo 4 apresenta-se a revisão da literatura que servirá de base conceitual para a realização desta pesquisa. No capítulo 5 apresenta-se o método utilizado na pesquisa, a partir de seu delineamento, população-alvo, coleta de dados, análise dos dados coletados, além de uma proposta de soluções para a organização. Já no capítulo 6 encontra-se a análise dos resultados, a qual define a identidade da organização, sua análise ambiental, os planos de ações propostos e seu processo de controle e avaliação. Por fim, no capítulo 7 estão as considerações finais, onde a autora explana brevemente a respeito do que foi desenvolvido ao longo do trabalho, a justificativa pela escolha da filial de Canoas como objeto deste estudo, além de sua opinião quanto ao alcance dos objetivos propostos inicialmente e sugestões para estudos futuros. 16 2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA Este capítulo tem como objetivo caracterizar a organização que será estudada ao longo deste trabalho. Será abordado o histórico da empresa,1 os produtos comercializados, a estrutura organizacional, o mercado de atuação, os principais clientes e concorrentes e órgãos regulamentadores de um comércio varejista de roupas femininas. Com base nessas informações, pretende-se criar uma identidade para a empresa, a fim de que elas possam contribuir para o desenvolvimento do trabalho. 2.1 Caracterização da organização e seu ambiente A loja Face Girl, que tem como razão social Franciele Tsukita Kirsch, foi fundada em 4 de abril de 2003. Está inscrita no CNPJ sob o número 04.516.586/0001-00 e IE 096/3003615, sendo constituída como firma individual, familiar e enquadrada como empresa de pequeno porte, em relação ao seu faturamento. O empreendedor Gilson Kirsch possuía uma malharia, onde trabalhava inicialmente com a produção de roupas em malha de lã e acrílica apenas para venda em atacado. Todavia, percebendo a grande aceitação de suas peças no mercado feminino, resolveu criar seu próprio ponto de venda, surgindo, assim, sua primeira loja de varejo de roupas feminina, situada na Rua Dr. Flores, no 38, no centro de Porto Alegre, voltada exclusivamente para o público jovem. No ano de 2005 a empresa inaugurou sua primeira filial na cidade de Canoas, localizada na Rua Tiradentes, no 330, loja 02, no centro da cidade. Já em abril de 2008 a Face Girl abriu mais uma filial no centro de Porto Alegre, situada na Rua Marechal Floriano Peixoto, no 81. Atualmente a empresa conta com três lojas de varejo e uma fábrica, localizada no bairro Niterói, em Canoas, onde são confeccionados os produtos que serão comercializados em seus próprios estabelecimentos. 1 No decorrer de todo o trabalho os termos empresa, organização e loja serão utilizados como sinônimos. 17 Figura 1 – Logotipo da loja Face Girl Fonte: Dados da empresa 2.1.1 Produtos A Face Girl comercializa várias linhas de produtos, e essas são separadas conforme sua matéria-prima, constituindo, assim, diversas linhas de produtos: Lycra, Suplex, Viscolycra, Jeans, Lã e Nylon / Microfibra. • Lycra: forma uma linha de produtos com menor custo e, consequentemente, é direcionada a um público com menor poder aquisitivo. Fazem parte desta linha de produtos: blusas, calças, vestidos, tops e casacos. • Suplex: forma a linha fitness, principal linha de produtos da empresa, a qual é direcionada a um público mais selecionado, pois existe um maior valor agregado aos produtos devido a sua matéria-prima. Fazem parte dessa linha: blusas; calças de diversos modelos, tamanhos e comprimentos, tops, casacos, jaquetas e bermudas. • Viscolycra: forma a linha mais moderna da empresa, pois são produtos mais elaborados, incluindo peças bordadas e com diferentes acabamentos. Alguns desses produtos são itens de revenda; portanto, trazem diferentes marcas para serem comercializadas na empresa. Fazem parte dessa linha de produtos: blusas, boleros, manguetes, calças, vestidos, saias, casacos e jaquetas. • Jeans: esta linha não é de fabricação própria, ou seja, são itens de revenda adquiridos de outras marcas, e apenas comercializados na Face Girl. A empresa possui parcerias com grandes marcas de jeans de São Paulo. Fazem parte dessa linha de produtos: calças de diversos modelos, cores, tamanhos e comprimentos, vestidos, macacões, saias, bermudas, shorts, jaquetas, coletes e casacos curtos e longos. • Lã: o foco principal da empresa está concentrado nesta linha de produtos. A Face Girl trabalha com duas linhas distintas: uma linha mais popular, com grande 18 otimização de custos, e outra com grande valor agregado. Fazem parte dessa linha de produtos: blusas, blusões, mantas, calças, vestidos, casacos, jaquetas, boleros e sobretudos. • Nylon e Microfibra: formam uma linha de produtos comercializados apenas em estações frias e atingem exatamente o público-alvo da empresa. São produtos altamente lucrativos com grande valor agregado. Fazem parte dessa linha de produtos: jaquetas de diversos modelos, casacos, coletes, calças e sobretudos. 2.1.2 Estrutura funcional e organizacional A Face Girl tem uma estrutura familiar onde o proprietário tem um poder centralizador, o qual é exercido para tomar todas as decisões da empresa. Sua estrutura organizacional é composta da seguinte forma: o Presidente, representado pelo proprietário Gilson Kirsch; a Diretora Financeira, representada pela esposa do proprietário – Marisa Tsukita Kirsch, a qual executa todas as questões financeiras, auxiliando também nas áreas de Marketing e Recursos Humanos; a Gerente Comercial, representada por uma das filhas do proprietário – Pâmela Tsukita Kirsch, cuja função é coordenar a área comercial da empresa, trabalhando diretamente com as equipes de vendas e auxiliando também na área de Recursos Humanos; a Gerente Administrativa, que é representada por outra filha do presidente – Franciele Tsukita Kirsh, responsável por administrar a empresa como um todo e atuando também na área de Marketing; as Supervisoras Comerciais, cuja função é supervisionar as equipes de venda nas lojas de varejo; e as Vendedoras, responsáveis pelo atendimento aos clientes. A empresa atualmente conta com 24 (vinte e quatro) colaboradores diretos e mais de 50 (cinquenta) colaboradores indiretos. As lojas são compostas, cada uma delas, por uma equipe de 5 (cinco) vendedoras, 1 (um) profissional da área de Segurança, 1 (uma) Supervisora Comercial, que também agrega a função de vendedora, além da presença constante de uma das Gerentes ou da Diretora Financeira. A Face Girl conta com a terceirização de sua área contábil. Logo, segue o organograma da empresa: 19 PRESIDENTE DIRETORA FINANCEIRA GERENTE COMERCIAL GERENTE ADMINISTRATIVO SUPERVISORA COMERCIAL SUPERVISORA COMERCIAL SUPERVISORA COMERCIAL VENDEDORAS VENDEDORAS VENDEDORAS Figura 2 – Organograma da empresa Fonte: Dados da empresa 2.1.3 Mercado de atuação A Face Girl tem como área de atuação a cidade de Porto Alegre e sua Região Metropolitana, principalmente Canoas, onde está localizada sua primeira filial. Atua no comércio varejista de roupas femininas, onde comercializa produtos de fabricação própria e alguns itens de revenda. A venda é realizada através de lojas com marca própria e diretamente ao consumidor final. A Face Girl possui uma estratégia voltada para a diferenciação de seus produtos, focando no estilo, nas tendências da moda e na valorização da sensualidade feminina. O posicionamento da loja divulgado em campanhas de marketing e veículos de comunicação, como propagandas em programas de rádio, é: “Face Girl – O seu jeito de estar na moda”. 2.1.4 Principais clientes A Face Girl realiza suas vendas diretamente ao consumidor final. 20 Quanto ao perfil de seus clientes, são em sua maioria mulheres com idade entre 15 e 35 anos, residentes em Porto Alegre ou nas cidades da Região Metropolitana, e pertencentes à classe média da população. Essas consumidoras buscam produtos que proporcionem conforto, bem-estar e beleza ao vestir. A satisfação desses atributos está atrelada ao custo dos produtos versus qualidade percebida, que, na maioria das vezes, está dentro da expectativa das clientes, ou seja, corresponde ao que elas estão dispostas a pagar pelo bem adquirido. 2.1.5 Principais concorrentes A concorrência está cada vez mais crescente neste segmento, pois, devido ao aumento da oferta, da variedade e da disponibilização de informações, o consumidor está mais exigente. Torna-se necessário renovar constantemente o mix de produtos, investir em infraestrutura (decoração e layout) e aperfeiçoar o atendimento como diferencial competitivo. Para se destacar dos concorrentes, é importante levar em consideração a localização do ponto de venda, o conhecimento dos produtos vendidos e de seu público-alvo. A Face Girl procura instalar-se em locais estratégicos, ou seja, sempre em regiões centrais, onde há grande circulação de pedestres, possibilitando vendas casuais. Pode-se considerar como concorrentes diretos as lojas que também fabricam seus produtos, os comercializam em pontos de venda com marca própria e possuem o mesmo púbico-alvo, a exemplo das lojas Free Coast, Marina Flor e Di Mattos. Os concorrentes indiretos são lojas de roupas femininas localizadas nas proximidades da Face Girl, e até mesmo lojas de departamento que possuem algumas linhas de produtos direcionadas ao mesmo público-alvo, a exemplo das lojas Renner e Marisa. 2.1.6 Órgãos regulamentadores Os órgãos que regulamentam as ações da Face Girl são o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), que fiscaliza as normas de fabricação, ou seja, verifica se constam na etiqueta das roupas comercializadas informações sobre a composição do tecido, tamanho, CNPJ etc., e também o PROCON (Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor), que fiscaliza a vitrine, verificando se existe etiqueta com o preço 21 indicativo nas peças expostas e se os preços dos produtos estão de acordo com as leis do consumidor. A empresa é associada ao Sindicato do Comércio Varejista de Canoas, SINDILOJAS Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre e ao CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, onde consta também o serviço do SPC – Serviço de Proteção ao Crédito. 2.2 Situação problemática O comércio varejista é um segmento muito instável devido a diversos fatores, como, por exemplo: épocas de sazonamento; política econômica; renda dos consumidores; nível de emprego etc. Tais fatores podem influenciar as vendas tanto positivamente como negativamente, alterando o comportamento dos consumidores. Porém, este é também um dos segmentos que apresenta contínua expansão no mercado em que atua. De acordo com informações do SEBRAE, no Brasil surgem cerca de 460 mil novas empresas por ano, sendo que sua grande maioria é de micro e pequenas empresas. As áreas de serviços e comércio são as de maior concentração deste tipo de empresa, onde cerca de 80% das MPEs trabalham nesses setores, e essa profusão de empresas se deve a diversos fatores. Percebendo esta oportunidade, o empreendedor Gilson Kirsch decidiu abrir pontos de venda para comercializar seus produtos, que inicialmente eram vendidos através de intermediários. Em 2003 foi fundada primeira loja da Face Girl, com o intuito de oferecer produtos de qualidade para o público feminino jovem, e hoje a empresa já conta com mais duas filiais, uma em Porto Alegre e outra em Canoas, como anteriormente mostrado. A empresa foi criada com base somente no felling empreendedor de seu idealizador, sem nenhum estudo de mercado e nenhum planejamento estratégico. Segundo Oliveira (2001, p. 33): O planejamento estratégico corresponde ao estabelecimento de um conjunto de providências a serem tomadas pelo executivo para a situação em que o futuro tende a ser diferente do passado; entretanto, a empresa tem condições e meios de agir sobre as variáveis e os fatores de modo que possa exercer alguma influência. O planejamento é ainda um processo contínuo, um exercício mental que é executado pela empresa, independentemente de vontade específica de seus executivos. O planejamento pressupõe a necessidade de um processo decisório que ocorrerá antes, durante e depois de sua elaboração e implementação na empresa. 22 A Face Girl está há seis anos no mercado e vem crescendo substancialmente ao longo do tempo, porém de forma desorganizada. Uma administração sem planejamento acarreta problemas aos proprietários da loja, pois, mesmo não sendo tão visíveis num primeiro momento, futuramente serão percebidos no resultado da empresa. A justificativa de administrar uma empresa, neste caso uma loja de roupas, sem um plano estratégico é consequência da falta de tempo, pois cada integrante da família é responsável por uma atividade específica – Financeiro, Recursos Humanos, Marketing e Administração das Lojas. Portanto, é necessário que outra pessoa se ocupe desta função e a realize satisfatoriamente. Com base nas constatações apresentadas, surge a seguinte questão para análise neste trabalho: Como a adoção de ações estratégicas pode agregar valor à loja Face Girl de Canoas? 2.2.1 Delimitação do problema Conforme já apresentado, a Face Girl possui 3 (três) lojas, 2 (duas) delas localizadas no centro de Porto Alegre e 1 (uma) localizada no centro de Canoas. O objeto desta pesquisa será a loja de Canoas, e o desenvolvimento deste trabalho terá como base informações pertinentes à região de atuação da filial em questão. 2.3 Justificativa A seguir apresenta-se a justificativa do tema de pesquisa de acordo com sua importância, oportunidade e viabilidade. 2.3.1 Quanto à importância O desenvolvimento deste trabalho é de extrema importância, pois contribuirá para tornar a empresa mais competitiva e madura em seu mercado de atuação. Administrar todas as atividades da empresa a partir de um planejamento bem estruturado, de acordo com a fatia de 23 mercado que se quer atingir, ajudará seus administradores a conduzir a empresa de maneira consciente e preparada, De igual modo, contribuirá para a vida acadêmica da autora, dada a aquisição de conhecimento e o aprendizado, uma vez que a realização deste trabalho é fundamental para a conclusão do curso de graduação. 2.3.2 Quanto à oportunidade O cenário de vendas do varejo teve um aumento significativo em 2008 com relação ao mesmo período de 2007, e isto se deve ao aumento da renda dos brasileiros e a um forte aumento do crédito. A oferta de crédito com taxas de juros mais baixas e prazos maiores para os bancos não vem garantindo apenas os lucros crescentes para as instituições bancárias, mas também o crescimento sustentável da demanda interna e da própria economia brasileira. Surge, aí, uma excelente oportunidade de aumentar cada vez mais o potencial de vendas da Face Girl, pois os fatores mencionados tendem a incentivar o consumo e, em consequência, aumentar as vendas. Além disso, trata-se de uma oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de graduação. 2.3.3 Quanto à viabilidade O trabalho é viável devido ao interesse mútuo das partes envolvidas. A empresa mostrou-se interessada, tendo-se em vista que é uma grande oportunidade de organizar sua estrutura e, ainda, que o estudo não lhe acarretou custos. Para a autora, é totalmente viável realizar a pesquisa na Face Girl devido aos vínculos de amizade que possui com os proprietários, o que garante o fornecimento de quaisquer informações necessárias para o pleno desenvolvimento do trabalho e por ser um local de fácil acesso para as pesquisas de campo que foram realizadas. 24 3 OBJETIVOS A seguir são apresentados os objetivos gerais e específicos do presente trabalho. 3.1 Objetivo geral Realizar um plano de ações estratégicas para a empresa Face Girl. 3.2 Objetivos específicos a) Criar uma identidade corporativa para a empresa a partir da definição de seu negócio, missão, princípios, visão e objetivo. b) Diagnosticar o ambiente externo e o ambiente interno da organização. c) Analisar os dados coletados com base na revisão da literatura. d) Propor ações estratégicas para a empresa Face Girl. 25 4 REVISÃO DA LITERATURA Neste capítulo será apresentada a revisão da literatura que servirá de base para o desenvolvimento deste trabalho, buscando sustentação técnica para o problema de pesquisa. 4.1 Varejo É fácil perceber a importância do varejo no contexto mercadológico e econômico. Várias empresas comercializam produtos e serviços diretamente ao consumidor, e milhões de Reais são transacionados diariamente. Além de criar empregos e girar a economia, o varejo é um importante elemento de marketing que permite criar utilidade de posse, tempo e lugar (LAS CASAS, 2006, p. 13). Segundo Levy e Weitz (2000, p. 27), “varejo é um conjunto de atividades de negócios que adiciona valor a produtos e serviços vendidos a consumidores para seu uso pessoal e familiar”. Os mesmos autores definem um varejista como sendo um negociante que vende produtos e serviços de uso pessoal ou familiar aos consumidores. 4.1.1 Conceito de varejo Para Levy e Weitz (op. cit, p. 34), varejo é “uma orientação de gerenciamento que faz o varejista enfocar a determinação das necessidades de seus mercados-alvo e a satisfação dessas necessidades mais eficaz e eficientemente do que seus concorrentes”. Já na visão de Las Casas (op. cit., p. 17), há várias definições para varejo. Uma delas, por exemplo, diz que “varejo é a atividade comercial responsável por providenciar mercadorias e serviços desejados pelos consumidores”. Mas, independentemente da forma como são apresentadas as definições varejistas, um aspecto importante a salientar é que se trata de comercialização a consumidores finais. Um comércio varejista que vende por meio de lojas é chamado de varejo lojista, e aquele em que se vende diretamente é o não-lojista. 26 Com relação aos concorrentes, Levy e Weitz (2000, p. 35-36) relatam que: Os concorrentes básicos de um varejista são aqueles com o mesmo formato. Portanto, as lojas de departamentos competem com outras lojas de departamentos, e os supermercados concorrem com outros supermercados. Essa concorrência entre varejistas com o mesmo formato é chamada de concorrência dentro dos mesmos tipos, ou concorrência entre tipos. 4.1.2 Estratégia de varejo Conforme Levy e Weitz (op. cit., p. 153), a intensidade crescente da concorrência de varejo devido ao surgimento de novos formatos e de novas tecnologias, mais as mudanças nas necessidades do cliente, estão forçando os varejistas a dedicar mais atenção ao raciocínio estratégico de longo prazo. A concorrência está cada vez mais acirrada nos diversos segmentos existentes, inclusive no varejo, fazendo com que as organizações se diferenciem por meio de suas estratégias. Ainda na visão de Levy e Weitz (op. cit.), conforme indica o processo de tomada de decisão do gerenciamento de varejo, a estratégia de varejo é a ponte entre a compreensão do mundo do varejo – a análise do ambiente de varejo – e o gerenciamento mais tático de mercadorias e atividades de operações de lojas para implementar a estratégia de varejo. A estratégia de varejo fornece a direção necessária aos varejistas para lidarem efetivamente com seus ambientes, clientes e concorrentes. Uma estratégia de varejo é uma afirmação que identifica o mercado-alvo do varejista, o formato que o varejista planeja usar para satisfazer as necessidades do mercado-alvo e as bases sobre as quais ele planeja construir uma vantagem competitiva sustentável. O mercadoalvo é /são o(s) segmento(s) de mercado ao redor do qual o varejista planeja enfocar seus recursos e seu composto de varejo. Um formato de varejo é o tipo de composto de varejo do varejista (natureza da mercadoria e dos serviços oferecidos, política de preços, programa de promoção e de publicidade, abordagem do design e do visual de mercadorias da loja e localização típica) (LEVY; WEITZ, op. cit., p. 154). Complementando as etapas de uma estratégia de varejo, os autores citados (Id., p. 156) relatam que o elemento final de uma estratégia de varejo é a abordagem do varejista para criar uma vantagem competitiva sustentável. Uma vantagem competitiva sustentável é uma vantagem sobre a concorrência que pode ser mantida ao longo do tempo. Porém, algumas vantagens são sustentáveis ao longo de um período, enquanto outras podem ser reproduzidas pelos concorrentes quase que imediatamente. 27 4.1.3 Locais de varejo Segundo Las Casas (2006, p. 59), localização é uma das decisões mais importantes da administração varejista. Neste caso, de forma diferente da indústria, o estabelecimento deve estar localizado próximo aos consumidores. Portanto, a estratégia de localização deve considerar, dentre vários aspectos, a concorrência, que também persegue os mesmos objetivos. O ponto de venda na configuração espacial do mercado escolhido poderá determinar o sucesso de muitos empreendimentos. Conforme é sabido da literatura varejista, três fatores são básicos para uma loja: localização, localização e localização. Muitos tipos de locais estão disponíveis para as lojas de varejo – cada um com seus próprios pontos fortes e fracos. Escolher um local em particular envolve a avaliação de uma série de negociações que, em geral, dizem respeito ao custo versus o valor do local para um varejista em particular (LEVY; WEITZ, 2000, p. 211). A escolha da localização é de extrema importância para o sucesso de qualquer empreendimento varejista. Sendo assim, Las Casas (op. cit., p. 79) destaca que, para a seleção de um local, há muitas variáveis a considerar. Algumas são mais favoráveis do que outras, e por isso deve ser feita uma análise de todos os aspectos. O ponto a ser escolhido deve ser o melhor entre os concorrentes. Os pontos fortes e fracos do local são determinantes para uma decisão mais coerente. Normalmente consideram-se: os vizinhos; o trânsito de pedestres; a estrutura existente; o mix das lojas; o trânsito; a visibilidade da loja; e o estacionamento. De acordo com Levy e Weitz (op. cit., p. 211), os varejistas têm três tipos básicos de locais para escolher: uma região central de comércio, um shopping center ou um local isolado. Eles também podem escolher caminhos, quiosques, um espaço unitário extra ou o display de parede, que são espaços de vendas dentro de um shopping center. Finalmente, os varejistas podem se localizar em áreas de uso misto. O varejista que deseja se manter nos melhores pontos precisa aumentar o volume de vendas e reduzir significativamente seus custos operacionais. Neste caso, um dos caminhos a 28 trilhar é reduzir o tamanho da loja. Porém, com vitrines de dois a três metros de extensão, os clientes levarão menos de meio minuto para cruzá-la. Uma pequena parte deles irá parar para olhar; uma parte menor ainda arriscará entrar para saber mais; e poucos comprarão voluntariamente. Daí, a dica para que sua vitrine seja atrativa e que do lado de dentro estejam verdadeiros consultores de vendas, substituindo antigos e preconceituosos vendedores. Agindo assim, o varejista conseguirá aumentar o fluxo de loja e, consequentemente, otimizar a perseguida taxa de conversão em vendas (COSTA, [s.d.]). 4.1.4 Estruturas organizacionais de varejo As estruturas organizacionais de varejo diferem de acordo com o tipo de varejista e o tipo de empresa. Por exemplo: um varejista com uma única loja terá estrutura organizacional bem diferente daquele de uma cadeia nacional (LEVY; WEITZ, 2000, p. 257-258). De acordo com Las Casas (2006, p. 46), são várias as possibilidades de organizar uma empresa no setor varejista, sendo que o modelo adequado dependerá de uma série de fatores, dentre os quais estão o tamanho da empresa, as políticas de operações e a forma operacional (independente ou em cadeia). O importante é que, para uma organização, a forma deve acompanhar a função. Significa dizer que a estrutura deve ser adequada aos objetivos perseguidos pela organização, ou mesmo às funções necessárias para atingir sua meta. Posto isso, percebe-se que uma empresa que se propõe a atender a um número restrito de consumidores, em áreas geográficas limitadas, em princípio deverá ter uma estrutura mais simples, adaptada ao desempenho das funções necessárias para alcançar esses objetivos; já as empresas varejistas com objetivos extremamente otimistas terão estrutura mais sofisticada, pelas mesmas razões. Os pequenos varejistas possuem uma estrutura organizacional diferenciada e, conforme Levy e Weitz (op. cit., p. 258): Proprietários-gerentes de lojas pequenas podem ser toda a organização da empresa. Quando vão almoçar ou vão para casa, a loja é fechada. Conforme as vendas crescem, o gerente-proprietário contrata empregados. A coordenação e o controle de empregados é mais fácil em lojas pequenas do que em uma empresa grande. O gerente-proprietário simplesmente atribui tarefas para cada empregado e observa para ver se essas tarefas são executadas de forma apropriada. Como o número de empregados é limitado, os varejistas pequenos têm pouca especialização. Cada empregado deve executar uma ampla gama de atividades, e o gerente-proprietário é responsável por todas as tarefas de gerenciamento. Quando as vendas aumentam, a especialização no gerenciamento pode ocorrer assim que o gerente-proprietário contrata empregados de gerenciamento. 29 Figura 3 – Organização de um varejista pequeno Fonte: Levy e Weitz, 2000, p. 258. A figura 3 mostra a divisão comum das responsabilidades de gerenciamento de mercadorias e de loja. O gerente-proprietário continua a executar tarefas de gerenciamento estratégico e de loja. O gerente de loja pode ser responsável, também, pelas tarefas administrativas associadas ao recebimento e ao embarque de mercadorias e pelo gerenciamento de empregados. O gerente de mercadorias ou comprador pode lidar com as tarefas de publicidade e de promoção, bem como com as tarefas de mercadorias. Quase sempre o gerente-proprietário contrata uma empresa de Contabilidade para executar as tarefas de controle financeiro em troca de uma taxa. 4.2 Pequena Empresa As pequenas empresas só têm esta definição em função de seu tamanho, que é determinado, via de regra, pelo número de pessoas que empregam ou por seu faturamento. Entretanto, seus problemas e desafios não são nada “pequenos”, pois muitas delas possuem dificuldades até maiores do que as das grandes corporações, por falta de recursos financeiros ou de conhecimento das ferramentas de administração para auxílio na gestão (SCHWANKE, 2008). 30 Os critérios que classificam o tamanho de uma empresa constituem um importante fator de apoio às micro e pequenas empresas, permitindo que estabelecimentos dentro dos limites instituídos possam usufruir os benefícios e incentivos previstos nas legislações. No Estatuto de 1999, o critério adotado para conceituar micro e pequena empresa é a receita bruta anual. Além do critério adotado no Estatuto, o SEBRAE utiliza ainda o conceito de funcionários nas empresas (SEBRAE, 2008). Tabela 1 - Classificação das empresas segundo o faturamento bruto anual Porte Faturamento bruto anual Microempresa até R$ 433.755,14 Empresa de pequeno porte de R$ 433.755,14 a R$ 2.133.222,00 Fonte: SEBRAE, 2008. Tabela 2 - Classificação das empresas segundo o número de funcionários Porte Comércio e Serviços Indústria Microempresa até 9 até 19 Empresa de pequeno porte de 10 a 49 de 20 a 99 Empresa de médio porte de 50 a 99 de 100 a 499 Empresa de grande porte mais de 99 mais de 499 Fonte: SEBRAE, 2008. Em 2007, o SEBRAE realizou uma pesquisa a que denominou “Fatores condicionantes e taxas de sobrevivência e mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil: 2003-2005” cujos resultados podem ser visualizados a seguir. Tabela 3 - Taxas de mortalidade 2000-2005 Fonte: SEBRAE, 2007. Tabela 4 - Taxas de sobrevivência 2000-2005 Fonte: SEBRAE, 2007. 31 Segundo o SEBRAE (2007), para aumentar as chances de sobrevivência e sucesso de uma pequena empresa é necessário: ter alguma experiência prévia no ramo de atividade da empresa; analisar o mercado de atuação; planejar suas atividades, principalmente em relação aos fornecedores, aspectos legais do negócio e qualificação de mão-de-obra disponível no mercado; utilizar ferramentas básicas de Administração, procurando aperfeiçoar seus produtos e serviços frente às necessidades dos clientes; ter disponibilidade de capital. As pequenas empresas brasileiras contribuem para o bem-estar econômico do país, pois produzem uma parte do total de bens e serviços, geram oportunidades de novos empregos, estimulam a competição promovendo um efeito saudável ao sistema capitalista, auxiliam as grandes empresas desempenhando algumas funções com eficiência e produzem bens e serviços de forma flexível. O papel da pequena empresa na economia foi revisto, e sua importância no cenário econômico está em crescimento. Algumas razões que podem estar contribuindo para esse crescimento são: as novas tecnologias; maior flexibilidade estrutural; maior flexibilidade na contratação de mão-de-obra; preferências dos consumidores por produtos personalizados, criando, assim, oportunidades de negócio para as pequenas empresas (SCHWANKE, 2008). 4.2.1 Empresa familiar Muito se fala de empresas familiares, mas poucos sabem ao certo sua definição. De acordo com Grzybovski (2002, p. 141), “a expressão ‘familiar’ deixa implícito que há um envolvimento de dois ou mais membros de uma família na vida da empresa, seja como proprietários, seja como administradores”. Esse envolvimento pode ser diferente, ter mais ou menos intensidade de uma organização para outra, mas “sempre o conjunto de crenças e valores da família estará reproduzido na empresa. A origem e a história de famílias estarão presentes em, pelo menos, duas gerações” (DAGNONI; KRAUSS, 2007, p. 49). 32 Conforme Mendes (2008), o mito da empresa familiar foi construído ao longo da história sobre uma infinidade de sucessos e fracassos de milhares de empresas em todos os países do mundo. Uma casta de empreendedores, e respectivamente seus sucessores, foi capaz de perpetuar os negócios por várias gerações pelo fato de terem atribuído ao negócio um sentido mais amplo do que as emoções afloradas no seio da família e da empresa familiar. Eles acreditaram fortemente em sua missão de vida e em sua própria capacidade de realização, e isso foi além dos fortes laços pessoais com a organização inicialmente concebida por eles. O mito é tão antigo quanto a própria família e sua importância é a mesma desde o princípio da humanidade, pois nada existe de mais primário do que a confluência entre família e trabalho. As primeiras empresas eram familiares e nasceram da necessidade de fixação na terra e sobrevivência, da organização das sociedades primitivas, da característica nômade dos homens e mulheres que buscavam em cada pedaço de chão constituir família e trabalho para a subsistência, da permuta do excedente da produção dos senhores feudais e dos atravessadores que viam no excedente da produção uma possibilidade de ganho. Segundo o SEBRAE (2008), as principais características de uma empresa familiar são: Dificuldades na separação entre o que é intuitivo/emocional e racional, tendendo mais para o primeiro. Comando único e centralizado, o que permite reações rápidas em situações de emergência. A postura de autoritarismo e austeridade do fundador, seja na forma de vestir ou na administração dos gastos, se alterna com atitudes de paternalismo que acabam sendo usadas como forma de manipulação. Estrutura administrativa e operacional “enxuta”. Exigência de dedicação exclusiva dos familiares, priorizando os interesses da empresa. Forte valorização da confiança mútua, independentemente de vínculos familiares; isto é, a formação de laços entre os empregados antigos e os proprietários exerce papel importante no desempenho da empresa. Laços afetivos extremamente fortes, influenciando os comportamentos, relacionamentos e decisões da empresa. Valorização da antiguidade como um atributo que supera a exigência de eficácia ou competência. Expectativa de alta fidelidade dos empregados, manifestada através de comportamentos como não ter outras atividades profissionais que não estejam 33 relacionadas com a vida da empresa. Isto pode gerar um comportamento de submissão, sufocando a criatividade. Jogos de poder, onde muitas vezes vale mais a habilidade política do que a característica ou competência administrativa. De acordo com o Sebrae (2005), a maior preocupação das empresas familiares é sua sobrevivência, e a maioria delas enfrenta problemas existenciais ou estratégicos. O Brasil tem entre 6 a 8 milhões de empresas, sendo que 90% delas são empresas familiares. Artigos sobre empresas familiares fazem várias suposições a respeito do número de empresas controladas por famílias, mas mesmo as estimativas mais conservadoras colocam a proporção dessas empresas entre 70 e 95% do total (BORNHOLDT, 2005 apud DAGNONI; KRAUSS, 2007). Conforme Rizzo e Ponte (2002), o processo sucessório dentro da empresa familiar consiste em um dos piores conflitos que existem para esse tipo de empresa, pois o conflito na fase de sucessão é, quase sempre, o resultado de problemas estruturais da família, cujas raízes estão 20 ou 30 anos atrás. Tal processo é assunto relevante e não pode ser tratado apenas sob os aspectos puramente lógicos da Administração, pois envolve pontos afetivos e emocionais relacionados com a estrutura familiar. Um dos maiores erros que alimentam o estigma da empresa familiar é manter pessoas inadequadas ocupando cargos importantes na organização; isso traz consequências irreversíveis. Portanto, o segredo é profissionalizar a empresa com membros preparados ou, prioritariamente, do mercado. Empresas familiares que desejam se perpetuar precisam ter profissionais arrojados e empreendedores em seus quadros. Muitas famílias não sabem como enfrentar a sucessão nas empresas; outras carregam dúvidas se desejam manter a característica familiar ou não. Assim, cabe aos fundadores e ao conselho de família demonstrar aos filhos que a sobrevivência da empresa é a prioridade maior, para o bem de todos. Ela vem muito antes do orgulho, dos interesses pessoais e do dinheiro (MENDES, 2008). De acordo com Dagnoni e Krauss (2007), um problema comum encontrado nas empresas familiares é que todos acabam fazendo parte do negócio, tendo vocação ou não. Não se pode esquecer de que, atualmente, não há mais espaço para o amadorismo. A concorrência obriga as empresas a buscarem sempre profissionais competentes, e não existe mais espaço para pessoas desqualificadas somente por serem da família. Porém, é difícil para a família, em alguns casos, reconhecer que nem todos os herdeiros nasceram para trabalhar na empresa. 34 Sendo assim, muitas vezes se torna necessário o processo de profissionalização na empresa familiar, a qual, de acordo com Rizzo e Ponte (2002), implica três pontos básicos: a) a necessidade e o sucesso em integrar profissionais familiares na direção e na gerência da empresa; b) o sucesso em adotar práticas administrativas mais racionais e atuais; c) o sucesso em recorrer a consultorias e assessorias externas para incorporar sistemas de trabalho já existentes em empresas mais avançadas, ou recomendadas nas universidades e nos centros de pesquisa. 4.3 Planejamento e Estratégia Estratégia e planejamento têm significados distintos, mas devem coexistir, pois um precede ao outro, e o planejamento é fundamental para que os objetivos da empresa sejam alcançados (SERRA; TORRES; TORRES, 2004, p. 28). 4.3.1 Planejamento O planejamento figura como a primeira função administrativa por ser aquela que serve de base para as demais funções. O planejamento é a função administrativa que determina antecipadamente quais objetivos devem ser atingidos e como se deve fazer para alcançá-los. Trata-se, pois, de um modelo teórico para a ação futura. Começa com a determinação dos objetivos e detalha os planos necessários para atingi-los da melhor maneira possível. Planejar é definir os objetivos e escolher antecipadamente o melhor curso de ação para alcançá-los. O planejamento define onde se pretende chegar, o que deve ser feito, quando, como e em que sequência (CHIAVENATO, 2000, p. 126). 4.3.1.1 Origem e evolução do planejamento Como dito acima, o planejamento representa a primeira função administrativa por ser exatamente a que serve de base para as demais funções, como organização, direção e controle. 35 No fundo, o planejamento lida com o futuro, mas o fato de lidar com o futuro não faz do planejamento um exercício de futurologia. Não se trata de adivinhar o futuro, mas de reconhecer que, como as ações presentes refletem necessariamente antecipações e presunções sobre o futuro, essas antecipações e presunções devem ser feitas explicitamente, e não subjetivamente, para afastar qualquer sombra de dúvida. Trata-se de combater a mentalidade simplista de solução de problemas conforme vão surgindo nas organizações, tornando-as mais reativas às ocorrências do que proativas em relação aos prováveis eventos em um mundo repleto de mudanças cada vez mais rápidas e intempestivas. O papel do planejamento é substituir a ação reativa diante dos eventos passados por uma ação proativa e antecipatória em relação aos eventos futuros – uma total inversão do que era feito antigamente nas empresas (CHIAVENATO, 2007). Segundo Bateman e Snell (2007, p. 118), a importância do planejamento formal nas organizações tem se tornado cada vez maior. Até meados da década de 1990, a maioria dos planejamentos era desestruturada e fragmentada, e o planejamento formal restringia-se a algumas poucas grandes corporações. Embora os pioneiros em gestão, a exemplo de Alfred Sloan, da General Motors, houvessem instituído processos formais, a disseminação do planejamento como função gerencial ocorreu somente nas últimas décadas. No início, apenas as organizações de grande porte adotavam planejamento formal; hoje, no entanto, até as pequenas empresas dirigidas por empreendedores agressivos com senso de oportunidade adotam a sistemática. 4.3.1.2 Conceito do planejamento Para Bateman e Snell (op. cit., p. 16), planejamento significa especificar as metas a serem alcançadas e decidir com antecedência as devidas ações necessárias para alcançá-las. As atividades de planejamento incluem a análise das situações atuais, a antecipação do futuro, a determinação de objetivos, a decisão sobre em que tipos de atividades a empresa se envolverá, a escolha de estratégias corporativas e comerciais e a determinação dos recursos necessários para cumprir as metas da organização. Toda atividade ou decisão a ser tomada requer um planejamento, a fim de que se tenha um modelo a seguir. Continuando neste mesmo conceito, Maximiano (2000, p. 175) diz que: 36 O processo de planejamento é a ferramenta que as pessoas e organizações usam para administrar suas relações com o futuro. É uma aplicação específica do processo decisório. As decisões que procuram, de alguma forma, influenciar o futuro, ou que serão colocadas em prática no futuro, são decisões de planejamento. Segundo esse conceito básico, o processo de planejamento pode ser definido de várias maneiras: • Planejar é definir objetivos ou resultados a serem alcançados. • É definir meios para possibilitar a realização de resultados. • É interferir na realidade para passar de uma situação conhecida a outra situação desejada, dentro de um intervalo definido de tempo. • É tomar no presente decisões que afetem o futuro para reduzir sua incerteza. Segundo Chiavenato (2000, p. 127), “o planejamento é um processo que começa com os objetivos e define os planos para alcançá-los. Esta definição faz do estabelecimento dos objetivos a serem alcançados o ponto de partida do planejamento”. E Oliveira (2005, p. 36) complementa: O propósito do planejamento pode ser definido como o desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões presentes em função dos objetivos empresariais que facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. Existem algumas necessidades específicas que levam o administrador a pensar no processo de planejamento. De acordo com Maximiano (op. cit., p. 179): Há três tipos de necessidades que levam as organizações a investir na atividade de planejamento: necessidade ou vontade de interferir no curso dos acontecimentos e criar o futuro, necessidade de enfrentar eventos futuros conhecidos ou previsíveis e necessidade de coordenar eventos e recursos entre si. Predeterminação de eventos • Interferência no curso dos eventos. • Insatisfação com a situação presente. • Decisões que constroem o futuro. Eventos futuros conhecidos • Decisões passadas projetam-se nos eventos do futuro. • Situação presente evolui de forma previsível. • Regularidade ou sazonalidade conduzem a fatos previsíveis. Coordenação • Encadeamento de meios e fins. • Lógica entre eventos interdependentes. Quadro 1 – Três tipos de necessidades que definem a importância do planejamento Fonte: Maximiano, 2000, p. 179. 37 4.3.1.3 Níveis hierárquicos e planejamento Segundo Oliveira (2005, p. 45), na consideração dos grandes níveis hierárquicos podem-se distinguir três tipos de planejamento: planejamento estratégico; planejamento tático; e planejamento operacional. Figura 4 - Níveis de decisão e tipos de planejamento Fonte: Oliveira, 2005, p. 45, O planejamento estratégico relaciona-se com objetivos de longo prazo e com estratégias e ações para alcançá-los que afetam a empresa como um todo, enquanto o planejamento tático se relaciona a objetivos de mais curto prazo e com estratégias e ações que, geralmente, afetam somente parte da empresa (OLIVEIRA, op. cit., p. 45). Com relação ao planejamento operacional, Oliveira (op. cit., p. 49) destaca que este corresponde a um conjunto de partes homogêneas do planejamento tático e é normalmente elaborado pelos níveis organizacionais inferiores, com foco básico nas atividades do dia-a-dia da empresa. Segundo Chiavenato (2007, p. 139-140) e conforme mostra o Quadro 2, o planejamento é elaborado de meios diferentes nos vários níveis organizacionais. Em razão disto, existe uma hierarquia de planos. Há três níveis distintos de planejamento: 1. Planejamento estratégico: é o planejamento mais amplo e envolvente e abrange toda a organização como um sistema único e aberto. Suas principais características são: • É projetado para o longo prazo: seus efeitos e consequências estendem-se por vários anos. • Envolve a empresa como uma totalidade: abrange todos os seus recursos e áreas de atividade e preocupa-se em atingir objetivos globais da organização. 38 • É definido pela cúpula da organização: situa-se no nível institucional; corresponde ao plano maior ao qual todos os demais planos estão subordinados. • É voltado para a eficácia da organização: alcançar seus objetivos globais, apresentar resultados. Esse é o sentido da excelência organizacional. 2. Planejamento tático: é o planejamento elaborado em cada departamento no nível intermediário da organização. Cada unidade organizacional deve elaborar seu planejamento tático subordinado ao planejamento estratégico. Suas principais características são: • É projetado para o médio prazo: em geral corresponde ao exercício anual ou fiscal da empresa, isto é, 12 meses. • Envolve cada departamento ou unidade da organização: abrange seus recursos específicos e preocupa-se em atingir objetivos departamentais. • É definido no nível intermediário da organização: para cada departamento ou unidade da empresa. • É voltado para a coordenação e integração: diz respeito às atividades internas da organização. 3. Planejamento operacional: é o planejamento que se refere a cada tarefa ou atividade em particular. Suas principais características são: • É projetado para o curto prazo, para o imediato, e normalmente lida com o cotidiano e com a rotina diária, semanal ou mensal. • Envolve cada tarefa ou atividade isoladamente: preocupa-se com o alcance de metas específicas. • É definido pela cúpula da organização: situa-se no nível institucional; corresponde ao plano maior ao qual todos os demais planos estão subordinados. • É voltado para a eficiência na execução das tarefas ou atividades. Fazer bem feito e corretamente. Isso compõe a chamada excelência operacional. Níveis da empresa Planejamento Conteúdo Extensão de tempo Institucional Estratégico genérico e sintético longo prazo Intermediário Tático menos genérico e mais detalhado médio prazo Operacional Operacional detalhado e analítico curto prazo Amplitude Macroorientado. Aborda a empresa como uma totalidade. Aborda cada unidade da empresa ou cada conjunto de recursos separadamente. Microorientado. Aborda cada tarefa ou operação isoladamente. Quadro 2 – O planejamento nos três níveis da empresa Fonte: Chiavenato, 2007, p. 140. 39 4.3.2 Estratégia Estratégia é movimento integrado, é capacidade de manobra, é mudança, é ação, reação e proação – tudo isso junto e direcionado para alvos a serem atingidos ao longo do tempo (CHIAVENATO, 2007, p. 113). 4.3.2.1 Origem da estratégia Segundo Serra, Torres e Torres (2004, p. 4), a palavra strategia, em grego antigo, significa a qualidade e a habilidade do general, ou seja, a capacidade de o comandante organizar e levar a cabo as campanhas militares. Desse conceito tem origem a palavra estratégia que, nos dicionários, quase sempre tem sua primeira acepção relacionada com situações políticas, guerras ou jogos. Seguindo esta mesma linha de raciocínio, Chiavenato (op. cit., p. 113) relata: A noção de estratégia surgiu da atividade militar desde os tempos de Sun Tzu, 2.500 anos atrás, passando por Clauzewitz e chegando aos tempos atuais. O antigo conceito militar define estratégia como sendo a aplicação de forças em larga escala contra algum inimigo. Fernandes e Berton (2005, p. 5) complementam informando que Carl von Clausewicz, pai da estratégia militar moderna, definia três alvos para vencer o inimigo. O primeiro relacionava-se à avaliação das forças do inimigo; o segundo, a avaliar os recursos do inimigo; e o terceiro alvo dizia respeito à sua disposição para lutar. Assim, Clausewicz enfatizava os fatores psicológicos da guerra, os fatores acidentais e, por fim, o caráter situacional das estratégias. Essas definições foram, após a Segunda Guerra, incorporados aos métodos de gestão, quando se tratava de estabelecer as estratégias para vencer na batalha por mercado. 4.3.2.2 Evolução para o contexto empresarial Em termos empresariais, Lodi (apud CHIAVENATO, op. cit., p. 113-114) define a estratégia como: 40 [...] a mobilização de todos os recursos da empresa em âmbito global visando atingir objetivos a longo prazo. A tática é um esquema específico de emprego de alguns recursos a partir de uma estratégia geral. No plano militar, uma mobilização de tropa é uma tática dentro de uma estratégia mais ampla; no plano gerencial, o orçamento anual ou o plano anual de investimentos é um plano tático dentro de uma estratégia global a longo prazo. Uma guerra requer uma ou mais estratégias: cada estratégia leva à proliferação de táticas. O planejamento para cinco anos na empresa requer uma estratégia, à qual se ligam os planos táticos de cada ano compreendido nesse período. Contrários ao pensamento de Chiavenato, Fernandes e Berton (2005, p. 5) dizem que o conceito transposto à arena empresarial não se ocupa apenas de “competição” e “vencer inimigos”, mas se amplia no sentido de concretizar uma situação futura desejada tendo em conta as oportunidades que o mercado oferece, por um lado, e os recursos de que a organização dispõe, por outro. Complementando, Serra, Torres e Torres (2004, p. 4) relatam que, frequentemente, a estratégia está ligada a dois ou mais competidores que disputam o mesmo objetivo, e essa disputa ocorre também no mundo dos negócios. Dizem, ainda, que, como na versão militar, a estratégia empresarial sofre forte influência de quem a lidera. Hoje, de acordo com Cavalcanti (2007, p. 41), a estratégia passou a configurar-se como um indicador dos negócios ambientais e aos diversos cenários possíveis, auferindo, de alguma maneira, o sentido sinérgico da organização. 4.3.2.3 Conceito de estratégia empresarial Para Fernandes e Berton (op. cit., p. 7), “estratégia empresarial é o conjunto dos grandes propósitos, objetivos, metas, políticas e planos para concretizar uma situação futura desejada, considerando as oportunidades oferecidas pelo ambiente e os recursos da organização”. Estratégia é a seleção dos meios, de qualquer natureza, empregados para realizar objetivos. O conceito de estratégia nasceu da necessidade de realizar objetivos em situações complexas, principalmente naquelas em que um concorrente procura frustrar o objetivo de outro. A finalidade da estratégia, segundo Aristóteles, é a vitória (MAXIMIANO, 2000, p. 203). Ainda na visão de Maximiano (op. cit., p. 203), “no campo da Administração das organizações a estratégia abrange os objetivos da organização na relação com seu ambiente: a seleção dos produtos e serviços e dos mercados e clientes com os quais a organização pretende trabalhar”. Assim explicam Serra, Torres e Torres (2004, p. 5): 41 Estratégia empresarial é o conjunto dos meios que uma organização utiliza para alcançar seus objetivos. Tal processo envolve as decisões que definem os produtos e os serviços para determinados clientes e mercados e a posição da empresa em relação aos seus concorrentes. Existem alguns componentes básicos da estratégia e, segundo Chiavenato (2007, p. 116117), ela representa integração, adequação e compatibilização. Os três componentes básicos da estratégia empresarial são: 1. Ambiente: isto é, as oportunidades visualizadas no ambiente de tarefa, e mais especificamente no mercado, bem como as restrições, limitações, contingências, coações e ameaças nele existentes. 2. Empresa: isto é, a organização, sua missão e visão de futuro, os recursos de que ela dispõe ou pode utilizar com vantagem, suas competências e habilidades, bem como seus pontos fortes (que precisam ser utilizados) e fracos (que devem ser corrigidos ou melhorados), compromissos e objetivos. 3. Adequação entre ambos: isto é, que postura a empresa deverá adotar para compatibilizar seus objetivos, recursos, competências, potencialidades e limitações com as condições ambientais no sentido de extrair o máximo das oportunidades externas e expor-se o mínimo às ameaças, coações e contingências ambientais. Esta adequação deve, necessariamente, produzir alguma vantagem competitiva diante dos concorrentes. De acordo com Mintzberg, Lampel, Quinn e Ghoshal (2006, p. 29), uma estratégia bemformulada ajuda a organizar e alocar os recursos de uma organização em uma postura única e viável, baseada em suas competências e deficiências internas relativas, mudanças antecipadas no ambiente e movimentos contingentes por parte dos oponentes inteligentes. 4.3.2.4 Níveis de estratégias nas organizações A estratégia geralmente é definida no nível institucional da empresa (portanto, em seu nível mais elevado) em função do comportamento e dos destinos que pretende seguir diante do ambiente de tarefa no qual se encontra. O nível institucional define os objetivos da empresa e, para atingi-los, ela escolhe a(s) estratégia(s) mais adequada(s) em função da análise ambiental, da análise organizacional e das alternativas estratégicas mais indicadas para o contexto. Definida a estratégia empresarial, ela passa a ser desdobrada em planos táticos específicos que deverão ser desenvolvidos e executados pelas diversas unidades da organização 42 ou por órgãos situados nos diversos níveis da empresa. Esse desdobramento da estratégia em planos táticos é realizado pelo nível intermediário da empresa. Cabe ao nível operacional a execução dos planos operacionais que, por sua vez, constituem o desdobramento e o detalhamento final dos planos táticos da empresa (CHIAVENATO, 2007, p. 121). Segundo Fernandes e Berton (2005, p. 7-8), o uso comum da palavra estratégia está associado às grandes decisões tomadas em uma empresa, normalmente pelo grupo diretivo – o presidente e seus diretores. Fala-se de “decisões estratégicas”, que se caracterizam por ter influência no longo prazo e por impactarem a organização como um todo. As decisões estratégicas são contrapostas às decisões táticas e operacionais. As decisões táticas se dão normalmente no nível gerencial e geralmente consistem em decisões para operacionalizar as grandes decisões estratégicas tomadas pela direção da organização. Caracterizam-se por um impacto de médio prazo, e sua extensão se reduz a um conjunto de áreas ou setores da organização. As decisões operacionais, de certa forma, representam a materialização das decisões estratégicas e táticas. São decisões cotidianas, e seu impacto, em teoria, se reduz no curto prazo. Sua extensão afeta uma área ou setor específico. 4.4 Planejamento Estratégico Para Oliveira (2005, p. 47): Planejamento estratégico é o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada. 4.4.1 A evolução do planejamento estratégico O planejamento estratégico teve início em 1965, com a edição do primeiro livro sobre estratégia, com autoria de Igor Ansoff, e em 1973, com a realização do Primeiro Seminário Internacional de Administração Estratégica. Já em 1980 foi editado o primeiro livro notável com desenvolvimento de conceitos próprios de estratégias, do autor Michael Porter, e a partir daí os livros de estratégia passaram a ser os mais vendidos na área de Administração. 43 Na década de 90 surgiram outros fatos importantes: em 1990 foi editado novo livro de Porter – Vantagem competitiva das nações –, que ampliou os conceitos de estratégia para problemas macroeconômicos; em 1993, a revista Business Week mostrou que o planejamento estratégico deixou de ser o serviço de maior faturamento das empresas de consultoria européias, e foi editado o livro de Mintzberg – que mostrou a precariedade dos conceitos de planejamento estratégico; em 1994 foi editado o livro de Hamel e Prahalad – Competindo pelo futuro –, que consagrou os novos conceitos de estratégia empresarial como arquitetura estratégica, intento, competências essenciais etc.; finalmente, de 1995 até os tempos atuais existem vários livros recentes no mercado, todos eles sem adotar no título a palavra planejamento, enfatizando termos como pensamento estratégico, estratégia operacional, estratégia em tempo real etc. (ZACCARELLI, 1995). Continuando a ideia de linha do tempo destacada acima, Cavalcanti (2007, p. 7-8) relata que a ideia de planejamento estratégico surgiu há mais de 40 anos, no auge da expansão e diversificação dos negócios na década de 1960. Já na década de 1970 ele se formalizou. O modelo básico era o Swot, e viria a consagrar o que H. Mintzberg chamaria, posteriormente, de Escola do Design, na verdade, uma camisa-de-força ao planejamento, constituindo-o de uma série de etapas, com estágios sequenciais formados por uma cadeia de subestratégias. Isso está bem caracterizado em Steiner (1979), que afirmou: “Todas as estratégias precisavam ser divididas em subestratégias para o sucesso da implantação”. O planejamento estratégico tem sido uma ferramenta extensivamente utilizada pelas organizações. Teve seu auge nos anos 1960 e declinou duas décadas depois por não ter sido adaptado, na época, para competir em mercados globais e recessivos. No entanto, poucos anos depois o planejamento estratégico ressurgiu com toda a força devido a duas razões fundamentais: as organizações retomaram o crescimento e a Internet, com as possibilidades de e-commerce, fizeram com que as organizações refletissem sobre o modo de se posicionar nesse novo ambiente (SERRA; TORRES; TORRES, 2004, p. 18). 4.4.2 Conceito de planejamento estratégico Segundo Maximiano (2000, p. 203): O processo de planejamento estratégico consiste em definir objetivos para a relação com o ambiente, levando em conta os desafios e as oportunidades internos e externos. O processo de planejamento estratégico afeta a empresa a longo prazo, porque compreende as decisões sobre os produtos e serviços que a organização pretende oferecer e os mercados e clientes que pretende atingir”. 44 Planejar estrategicamente é importante para se atingir objetivos a longo prazo dentro da organização. Focando nisso, Fernandes e Berton (2005, p. 11) relatam que “o planejamento estratégico busca sistematizar o pensamento estratégico, formalizando processos e procedimentos para que a empresa saiba exatamente os caminhos a seguir”. O processo de planejamento estratégico apresenta características fundamentais, destacadas por Chiavenato (2007, p. 142): 1. É projetado no longo prazo, pelo menos em termos de seus efeitos e consequências. Quase sempre seu limiar cobre algo como 2 a 5 anos pela frente. Em alguns casos, chega a cobrir 10, 15 ou 20 anos, dependendo dos investimentos de longíssimo prazo de empresas de capital intensivo. 2. Está voltado para as relações entre a empresa e seu ambiente de tarefa, portanto, sujeito à incerteza e à imprevisibilidade dos eventos ambientais. Por se defrontar com a incerteza, o planejamento estratégico baseia suas decisões em julgamento e discernimento, e não em dados ou informações referenciais. Isso significa que existe um alto grau de subjetividade no planejamento estratégico. Em muitos casos, as empresas “apostam” no futuro com o planejamento estratégico. 3. Envolve a empresa como um todo, abarcando todos os seus recursos, no sentido de obter efeito sinergístico de suas capacidades, competências e potencialidades. A resposta estratégica da empresa deve envolver sempre um comportamento global e sistêmico. Isso significa que o planejamento estratégico não é a soma dos planos táticos e operacionais. Pelo contrário, os planos táticos e operacionais constituem desdobramentos do planejamento estratégico. De acordo com Oliveira (2005, p. 48): O planejamento estratégico é, normalmente, de responsabilidade dos níveis mais altos da empresa e diz respeito tanto à formulação de objetivos quanto à seleção dos cursos de ação a serem seguidos para sua consecução, levando em conta as condições externas e internas à empresa e sua evolução esperada. Também considera as premissas básicas que a empresa, como um todo, deve respeitar para que o processo estratégico tenha coerência e sustentação decisória. Em contrapartida, Bateman e Snell (2007, p. 125-126) falam que hoje os altos executivos vêm envolvendo cada vez mais os gerentes de toda a organização no processo de formação da estratégia, e por causa desta tendência surgiu um novo termo para denominar o processo de planejamento estratégico: administração estratégica. A gestão estratégica envolve gerentes de todas as partes da organização na formulação e implementação das estratégias e metas estratégicas. Ela integra a gestão e o planejamento estratégico em um único processo. O planejamento estratégico torna-se uma atividade permanente em que todos 45 os gerentes são encorajados a refletir de forma estratégica e a focar tanto nas questões externas de longo prazo como nas operacionais e táticas de curto prazo. 4.4.3 Metodologia do planejamento estratégico Segundo Serra, Torres e Torres (2004, p. 34), o planejamento deve decorrer do raciocínio estratégico para que possa ser flexível, ajustar-se às modificações do meio ambiente e orientar a implementação de ações planejadas. Tendo como referência o trabalho de Henry Mintzberg, que estudou profundamente as dez escolas de pensamento sobre formulação de estratégias, Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (2001, p. 29) procuraram, dentro do que permite a realidade brasileira, adaptar o processo de Planejamento Estratégico de forma a otimizar as vantagens e minimizar as desvantagens observadas em cada escola de pensamento. Assim, segue a metodologia proposta pelos autores e que será utilizada no desenvolvimento deste trabalho: Análise Ambiental Negócio Missão Valores Visão Objetivos Estratégicos Definição das estratégias Monitoramento Figura 5 – Metodologia do Planejamento Estratégico Fonte: Elaborado pela autora com base em Pagnoncelli e Vasconcelos Filho, 2001, p. 30. 46 4.4.3.1 Análise ambiental De acordo com Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (op. cit., p. 197), a análise do ambiente é um conjunto de técnicas que permitem identificar e monitorar permanentemente as variáveis competitivas que afetam a performance da empresa. Uma vez que a estratégia procura adaptar a organização com sucesso a seu ambiente, a base para sua formulação é a análise das ameaças e oportunidades do ambiente. Quanto mais instável e complexo o ambiente, maior a necessidade do enfoque sistêmico e do planejamento estratégico. O conceito de ambiente e os fatores a serem considerados numa análise ambiental variam de organização para organização (MAXIMIANO, op. cit., p. 210-211). Segundo Chiavenato (2007, p. 94), análise ambiental é o estudo das diversas forças do ambiente, as relações entre elas no tempo e seus efeitos sobre a organização. A análise ambiental é fundamental para o alcance da excelência no planejamento estratégico, o que também é observado na visão de Fernandes e Berton (2005, p. 31), que informam que ela constitui uma das principais etapas da administração estratégica, pois seu monitoramento pode identificar riscos e oportunidades para a empresa. Ainda na visão desses autores (op. cit., p. 34-35), para efeitos da administração e planejamento estratégico o ambiente tem sido dividido em dois níveis: o ambiente geral, ou macroambiente, relativo às grandes forças externas que influenciam a organização, e o ambiente operacional ou setorial, mas próximo à organização, constituído por seus clientes, fornecedores e concorrentes imediatos, entre outros. Esses ambientes se interpenetram e, muitas vezes, na prática, não se consegue distinguir bem a diferença de um e de outro. Entretanto, considerá-los separadamente é um artifício intelectual que, sem dúvida, facilita a compreensão e abre as portas para o desenvolvimento de estratégias específicas. 4.4.3.1.1 Ambiente externo As empresas, como quaisquer outros sistemas, são afetadas por fatores externos que independem delas e que podem interferir em seu funcionamento e em seu desempenho (SERRA; TORRES; TORRES, 2004, p. 56). 47 Segundo Chiavenato (op. cit., p. 149), a análise ambiental é a maneira pela qual a empresa procura conhecer seu ambiente externo e diagnosticar o que nele ocorre. Para operar com eficiência e eficácia, é fundamental que a empresa conheça o ambiente externo à sua volta: suas necessidades, oportunidades, recursos disponíveis, dificuldades e restrições, ameaças, coações e contingências dos quais ela não pode fugir ou escapar. A análise do ambiente externo pode influenciar a organização tanto positiva quanto negativamente, e para Oliveira (2005, p. 92) ela tem por finalidade estudar a relação existente entre a empresa e seu ambiente em termos de oportunidades e ameaças, bem como sua atual posição produtos versus mercados, e prospectiva, quanto a sua posição produtos versus mercados desejada no futuro. O ambiente pode oferecer para a empresa oportunidades e ameaças e, nesse contexto, as empresas devem procurar aproveitar as oportunidades, bem como amortecer ou absorver as ameaças ou, simplesmente, adaptar-se a elas. a) Macroembiente Para Fernandes e Berton (2005, p. 35), o ambiente geral, também definido como macroambiente, refere-se às questões amplas do universo social, econômico e político em que as organizações empresariais individualmente pouco conseguem influenciar, mas que, por outro lado, influenciam diretamente as empresas. O macroambiente geralmente é considerado como uma situação imposta, uma realidade dificilmente modificável pela maior parte das organizações. Todas as empresas são afetadas por quatro forças macroambientais: as político-legais, as econômicas, as tecnológicas e as sociais (WRIGHT apud FERNANDES; BERTON, op. cit., p. 36). • Forças político-legais Segundo Chiavenato (2007, p. 149-150), os fatores políticos-legais dizem respeito a decisões governamentais e à legislação nos níveis federal, estadual e municipal capazes de afetar as atividades e operações da empresa. Portanto, como relata Maximiano (2000, p. 215), qualquer estratégia deve sempre levar em conta a ação e o controle do governo. Por um lado, todas as organizações são obrigadas a seguir diversos tipos de legislação: trabalhista, tributária, de proteção do meio ambiente, de defesa do consumidor e de regulamentação do formato de embalagens, entre muitas outras. O 48 descumprimento de qualquer desses códigos pode representar sérios riscos. Por outro lado, as políticas governamentais criam oportunidades e ameaças que as organizações devem sempre procurar acompanhar. São forças que não podem ser controladas pela organização, mas devem ser acompanhadas. Fernandes e Berton (op. cit., p. 64) relatam que fatores políticos e legais influenciam fortemente o ambiente de negócios. Leis, órgãos governamentais e pressão de grupos da sociedade integram alguns dos componentes desse fator, atingindo as empresas em níveis diferentes. • Forças econômicas De acordo com Maximiano (2000, p. 215-216), acompanhar as tendências econômicas é vital para qualquer espécie de organização. Diversos indicadores do funcionamento da economia mostram sinais de ameaças e oportunidades: Emprego e desemprego Demissões e admissões Taxa de juros Valor das ações Movimento dos negócios Endividamento e inadimplência Flutuação do poder aquisitivo Flutuação no consumo de determinados produtos, indicativos de alterações no poder de compra e nos hábitos dos compradores e Poupança. A economia afeta fortemente o comércio e a motivação das pessoas ao consumo. Para Fernandes e Berton (2005, p. 36-37), o sucesso da empresa está intimamente ligado à obtenção de lucro e à satisfação das necessidades dos clientes. Para tanto, é importante conhecer algumas variáveis econômicas e suas tendências, pois essas variáveis influenciam a demanda e o valor de diversos produtos, bens e serviços. São importantes variáveis econômicas a renda, o nível de poupança e os padrões de gastos. Ao considerar o ambiente econômico das empresas brasileiras nos últimos anos, observa-se uma série de tendências salientes: mercados globais, abertura da economia, aumento do comércio entre os países, 49 queda de barreiras comerciais, estabilização econômica, aumento do poder de compra das classes mais pobres, (des)valorização da moeda nacional, planejamento financeiro, liberalização do crédito, taxa de juros, fusões e aquisições entre as empresas mundiais e crescimento dos serviços. Os fatores econômicos referem-se ao estágio da economia (em depressão, recessão, recuperação ou prosperidade), às tendências nos preços de bens e serviços (inflação ou deflação), às políticas monetárias e fiscais, ao balanço de pagamentos etc. Cada uma dessas facetas da economia pode facilitar ou dificultar o alcance dos objetivos da empresa e o sucesso ou fracasso de sua estratégia (CHIAVENATO, 2007, p. 149). • Forças tecnológicas Para Fernandes e Berton (2005, p. 44), os fatores tecnológicos referem-se ao desenvolvimento de produtos, de processos ou de avanços nas ciências que possam afetar as atividades de uma organização. A tecnologia é o motor da globalização. As transformações no ambiente tecnológico exercem impacto profundo sobre as empresas. Algumas tecnologias restringem-se a alguns setores, enquanto outras têm um alcance mais abrangente, chegando a revolucionar o ambiente de negócios. A tecnologia muda com muita rapidez, e as empresas devem estar atentas a este avanço. Neste mesmo pensamento, Maximiano (2000, p. 215) diz que acompanhar a evolução tecnológica é, seguramente, uma estratégia para assegurar a sobrevivência e a eficácia da organização. As organizações podem ter estratégias mais agressivas ou reativas em relação à tecnologia. Algumas procuram liderar o processo de inovação tecnológica e fazer propaganda disso; outras procuram comprar avanços tecnológicos produzidos por terceiros. Já na visão de Chiavenato (op. cit., p. 149), os fatores tecnológicos abrangem custos e disponibilidades de todos os fatores produtivos utilizados nas empresas e mudanças tecnológicas que envolvem e afetam esses fatores de produção, bem como novos produtos ou serviços prováveis de substituir os atuais produtos ou serviços oferecidos. 50 • Forças sociais Chiavenato (op. cit., p. 150) define como fatores sociais os valores sociais e as atitudes das pessoas – como clientes ou empregados – que podem afetar a estratégia empresarial. A qualidade desejada de vida, os padrões de conforto, as preferências de lazer, os costumes referentes a vestuário, passeios e interesses, entre outros, influenciam os produtos e serviços desejados pela sociedade em geral, bem como sua qualidade, preço, importância etc. Tais forças devem ser bem analisadas pela organização, pois dizem respeito às características de seus possíveis consumidores. Assim Fernandes e Berton (op. cit., p. 56) destacam que os fatores sociais estão intimamente ligados às características da população, tais como tamanho, distribuição geográfica, densidade, tendências de mobilidade, distribuição etária, taxas de natalidade, casamento e mortalidade, estrutura racial, étnica e religiosa. O acompanhamento da evolução das normas sociais vai além do estudo das variáveis psicossociais e comportamentais do mercado. Atitudes e preferências, estilos de vida, expectativas e medos coletivos, tendências e hábitos são as informações que podem indicar oportunidades e ameaças. b) Ambiente setorial Segundo Fernandes e Berton (2005, p. 68), o ambiente setorial é o ambiente de interação mais próximo à organização, constituído por clientes, fornecedores, concorrentes, produtos e serviços substitutos etc. A diferença do macroambiente é que a organização tem maior poder de influenciar. As decisões da empresa que não afetam o macroambiente podem desestabilizar o ambiente setorial – por exemplo, o início de uma política de descontos mais agressiva. Não se pode falar em ambiente setorial sem mencionar Porter (2004, p. 3), para quem a essência da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar uma companhia ao seu meio ambiente. Para isso, propõe um modelo de cinco forças competitivas para analisar a rivalidade entre concorrentes e a ameaça representada por novos entrantes, pela possível emergência de produtos substitutos e pelo poder de barganha ou negociação de fornecedores ou de compradores (PORTER apud CHIAVENATO, 2007, p. 152). A chave da competição eficaz está em a empresa encontrar uma posição no mercado a partir da qual possa influenciar essas cinco forças em seu benefício, ou defender-se contra elas (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2007, p. 60). 51 Ameaça de novos entrantes Segundo Wright, Kroll e Parnell (op. cit..), à medida que um setor recebe novos concorrentes sua capacidade produtiva aumenta. A não ser que o mercado esteja crescendo rapidamente, uma nova entrada intensifica a luta por fatias de mercado, reduzindo, assim, os preços e diminuindo a lucratividade do setor. A probabilidade de novas empresas entrarem em um setor depende de dois fatores: barreiras de entrada e a retaliação esperada da parte dos concorrentes existentes. Outras empresas podem ingressar no setor de negócios – os novos entrantes – e trazer ameaças às empresas já nele radicadas por trazerem capacidade de produção adicional, forçando as demais a serem mais eficazes e aprenderem a concorrer em novas dimensões. Para barrar o ingresso de novos entrantes, as empresas utilizam barreiras de entradas, como: • Economias de escala: as economias de escala aumentam à medida que aumenta a quantidade de um produto fabricado, enquanto os custos de fabricação de cada unidade diminuem. Assim, o novo entrante enfrenta o desafio imposto pelas economias de escala dos concorrentes existentes. • Diferenciação de produto: as empresas existentes diferenciam o produto para tornálo único e exclusivo e para que o cliente o valorize mais. O novo entrante precisa alocar muitos recursos para superar a fidelidade do cliente. • Requisitos de capital: o novo entrante precisa dispor de capital e recursos para entrar no setor. • Custos de mudança: para ingressar, o novo entrante enfrenta custos adicionais de aquisição de equipamentos auxiliares, retreinamento de pessoal e outros. Quando tais custos de mudança são elevados, o novo entrante enfrenta desafios. • Acesso aos canais de distribuição: os novos entrantes enfrentam desafios para a distribuição de seus produtos, pois as empresas já firmes no mercado dispõem de um forte relacionamento com distribuidores com vistas a gerar custos de mudanças para aqueles (PORTER apud CHIAVENATO, 2007, p. 152). • Desvantagens de custos desvinculadas da escala: as empresas já estabelecidas podem possuir vantagens de custos que não são obtidas pelos novos entrantes, independentemente de seu porte ou de suas economias de escala. Essas vantagens incluem a tecnologia exclusiva de produto, o acesso favorável a matérias-primas, localizações favoráveis e a curva de aprendizagem ou de experiência. 52 • Políticas governamentais: os governos podem controlar o acesso a determinados setores com exigências de licenciamento e outras regulamentações (PORTER apud WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2007, p. 63). De acordo com Wright, Kroll e Parnell (op. cit.), outro fator relacionado à entrada de novas empresas em um setor é a Retaliação Esperada. A entrada em determinados setores também pode ser impedida se o entrante em potencial espera que os concorrentes existentes reajam de forma enérgica. Essas expectativas são fundamentadas quando o setor tem uma história de vigorosa retaliação a novos entrantes ou se ele cresce lentamente. Pode-se também esperar a retaliação se as empresas estabelecidas estiverem comprometidas com o setor e tiverem ativos fixos específicos que não podem ser transferidos para outros setores, ou, ainda, se as empresas tiverem dinheiro ou capacidade produtiva suficientes para satisfazer as necessidades dos clientes no futuro. Poder de barganha dos fornecedores Segundo Wright, Kroll e Parnell (2007, p. 68), fornecedores podem comprimir a lucratividade de um setor incapaz de repassar os aumentos de custos a seus próprios preços. As condições que tornam os fornecedores poderosos basicamente espelham aquelas que tornam os compradores poderosos. Um grupo de fornecedores tem poder no contexto da indústria quando: • A indústria é constituída de poucas e grandes empresas fornecedoras e fortemente concentradas. • Não há produtos substitutos satisfatórios para a indústria. • Não considera as empresas clientes importantes para seu negócio. • Os insumos que o fornecedor oferece são essenciais para o sucesso do comprador no mercado. • O fornecedor constitui uma ameaça de integrar-se para a frente no setor de compradores, optando por concorrer com eles. Um produtor de roupas pode optar por operar os próprios canais de varejo (PORTER apud CHIAVENATO, 2007, p. 153), Poder de barganha dos compradores De acordo com Wright, Kroll e Parnell (op. cit., p. 67), os compradores dos insumos de um setor podem diminuir a lucratividade daquele setor negociando uma qualidade mais alta ou mais serviços e colocando uma empresa contra a outra. O cliente (grau de compradores) tem poder quando: 53 • O cliente está adquirindo grande parte do total da produção do setor. • O produto adquirido pelo cliente responde por uma parcela significativa dos custos do comprador. • Os produtos da indústria não são diferenciados ou padronizados. • O comprador pode apresentar uma ameaça concreta de integração para trás e concorrer com o vendedor. A indústria automobilística está oferecendo um serviço de vendas nacionais on-line para oferecer serviços adicionais ao cliente (PORTER, apud CHIAVENATO, op. cit., p. 153). Ameaça de produtos substitutos Produtos substitutos são diferentes bens ou serviços que vêm de fora do setor e desempenham as mesmas funções de um produto fabricado no setor. São exemplos os recipientes plásticos no lugar de potes de vidro e sacos de papel em vez de sacos plásticos (CHIAVENATO, 2007, p. 153). De acordo com Wright, Kroll e Parnell (2007, p. 67), as empresas de um setor podem estar concorrendo com empresas de outros setores que fabricam produtos substitutos, que representam alternativas satisfatórias às necessidades semelhantes dos consumidores, mas diferem em características específicas. Intensidade da rivalidade entre os concorrentes Segundo Wright, Kroll e Parnell (op. cit., p. 64), a concorrência intensifica-se quando uma ou mais empresas de um setor detectam a oportunidade de melhorar sua posição, ou sentem uma pressão competitiva das outras. Essa competição manifesta-se na forma de cortes de preços, batalhas publicitárias, introdução de novos produtos ou reformulação dos já existentes e melhorias no atendimento aos clientes e nas garantias. Em todos os setores há empresas que concorrem agressivamente para atingir a competitividade estratégica. Os fatores que influenciam a intensidade da rivalidade entre as empresas são: • concorrentes numerosos ou equilibrados entre si; • crescimento lento do setor; • custos fixos elevados; • capacidade de produção aumentada; 54 • concorrentes divergentes em termos de metas e estratégias; • apostas estratégicas elevadas; e • barreiras de saída elevadas, como ativos especializados (ligados a um negócio específico), custos fixos de saída (como custos trabalhistas), inter-relacionamentos estratégicos (relações de dependência recíproca, como operações compartilhadas), barreiras emocionais (como lealdade aos funcionários) e limitações sociais e governamentais (preocupação com demissões) (PORTER apud CHIAVENATO, op. cit., p. 153). O modelo proposto por Porter permite melhorar a visão periférica do negócio e analisar com maior profundidade a situação de cada setor de mercado (ou indústria, segundo sua terminologia) (CHIAVENATO, 2007, p. 153). 4.4.3.1.2 Ambiente interno Para Chiavenato (op. cit., p. 154), a análise organizacional interna é o processo pelo qual se examinam os recursos disponíveis, sejam financeiros, mercadológicos, produtivos ou humanos da empresa como fatores conjuntos, para verificar quais são suas forças e fraquezas e como a empresa pode explorar as oportunidades e defrontar-se com as ameaças e coações que o ambiente lhe apresenta. Trata-se de criar condições para a gestão do conhecimento estratégico da empresa em relação a suas características e condições. Não basta conhecer profundamente o ambiente externo; é preciso também conhecer profundamente as condições internas da empresa, suas competências e suas potencialidades e vulnerabilidades. Como mostra o quadro abaixo, cada área apresenta suas forças e suas fraquezas e cada empresa, como um todo, também apresenta suas vantagens e desvantagens estratégicas atuais e potenciais. A análise organizacional verifica as potencialidades e vulnerabilidades da empresa, mostrando suas possibilidades atuais em termos mercadológicos, financeiros, tecnológicos, humanos e organizacionais. Determinar a orientação para a empresa é difícil, a não ser que a administração e o conselho de administração, com insumos de vários stakeholders, tenham delineado claramente o propósito da empresa. O propósito de uma empresa é delineado a fim de, estrategicamente, criar riqueza para os acionistas, por meio da satisfação das necessidades e expectativas de vários stakeholders (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2007, p. 85). 55 RECURSOS PRODUÇÃO MARKETING FINANÇAS ADMINISTRAÇÃO Financeiros R$ por fábrica, por equipamento, por produto. R$ por vendas, por promoção, por serviço, por pesquisa de mercado. R$ por investimento a longo prazo, por aplicação de recursos. R$ por sistema de planejamento e de controle, por desenvolvimento gerencial. Físicos Nº, localização das fábricas. Grau de automação e de integração. Nº , localização dos escritórios de vendas, das lojas e serviços ao cliente. Nº de acionistas ou crediaristas principais. Localização dos escritórios centrais. Humanos Características do pessoal técnico e de supervisão. Características do pessoal de vendas. Características do pessoal de finanças e contabilidade. Características dos gerentes e pessoal de staff. Sistemas Organizacionais Sistemas de programação da produção, de compras e controle de qualidade. Sistemas de distribuição, de serviços, de crédito, de propaganda. Sistemas de fluxo de caixa, de planejamento e controle orçamentários de contabilidade. Sistemas de valores sociais, de planejamento e controle, de recompensas, de autoridade. Quadro 3 – Perfil de uma análise organizacional Fonte: Chiavenato, 2007, p. 154. 4.4.3.2 Negócio Segundo Fernandes e Berton (2005, p. 21-22), negócio pode ser definido como a arena onde uma organização compete ou, de forma mais ampla, atua. Olhar o conjunto de empresas que atendem um mesmo grupo de clientes, visando satisfazer as necessidades semelhantes desses clientes com base em tecnologias não muito distintas, pode ser uma pista para se entender o que é um negócio. Os mesmos autores salientam, ainda, algumas recomendações para definir o negócio da organização: Pense no negócio com os olhos da concorrência ampliada e de produtos substitutos. Pense não só no produto, mas nos serviços que esse produto presta ao cliente. Pense não só no produto, mas no uso de produto pelo cliente. Pense no produto como um meio para satisfazer o cliente. 56 Há organizações que têm mais facilidade para apresentar um negócio do que uma missão, enquanto outras estão na situação inversa. A definição de um negócio ou missão procura fornecer orientação aos funcionários e esclarecer para a sociedade qual é o propósito da organização (MAXIMIANO, 2000, p. 186). Diz ainda o autor que inúmeras empresas declaram explicitamente seu negócio, e outras parecem achar que seu negócio é tão óbvio que não precisa ser explicitado (op. cit., p. 206). O conceito de Negócio precisa ser claro para que o cliente tenha total entendimento dele. Assim, Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (2001, p. 53) resumem o conceito de Negócio como “o entendimento do principal benefício esperado pelo cliente”. 4.4.3.3 Missão De acordo com Chiavenato (2007, p. 50), a missão significa a razão de ser do próprio negócio, por que ele foi criado e para que ele existe. Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (2001, p. 85) resumem Missão como a razão de existir da empresa em seu Negócio. Já na visão de Maximiano (2000, p. 186), a missão é um tipo particular de objetivo, normalmente definida como objetivo geral. Ela indica o papel ou a função que a organização pretende cumprir na sociedade e o tipo de negócio no qual pretende se concentrar. Diz este autor que identificar a missão é entender qual a necessidade do mercado (ou ambiente) a que a organização atende. Para analisar a missão, é preciso fazer perguntas como: • O que a organização está fazendo agora? • Qual é sua utilidade para os clientes? • Em que negócio estamos? • Quem são nossos clientes? • A que necessidades estamos atendendo? • Que papéis estamos cumprindo? “Missão é uma forma de se traduzir determinado sistema de valores e crenças em termos de negócios e áreas básicas de atuação, considerando as tradições e filosofias da empresa” (OLIVEIRA, 2005, p. 126). “A declaração de missão é a explicação por escrito das intenções e aspirações da organização” (SERRA; TORRES; TORRES, p. 48). 57 A missão deve ser o carro chefe da empresa. Como relatam Fernandes e Berton (2005, p. 146), uma missão bem definida comporta vantagens que ajudam todos a compreender o que fazem na organização e a uniformizar os esforços de todos no que é fundamental para a empresa. Portanto, a missão da empresa está voltada para a definição do negócio e do cliente a fim de definir exatamente o que fazer (produto ou serviço), como fazer (tecnologia a ser utilizada e métodos e processos) e para quem fazer (mercado ou cliente) (CHIAVENATO, 2007, p. 50). 4.4.3.4 Valores Para Chiavenato (op. cit., p. 53), valores são as crenças e atitudes básicas que ajudam a definir o comportamento individual. Os valores variam entre as pessoas e as empresas, que podem assumir diferentes interpretações sobre se um comportamento é ético ou não em determinadas situações. Os valores ou princípios de uma organização mostram como ela se coloca diante do mercado e o que ela acredita ser importante no momento de ofertar seu produto ou prestar seu serviço. Já na visão de Oliveira (2005, p. 70), valores representam o conjunto dos princípios e crenças fundamentais de uma empresa, bem como fornecem sustentação a todas as suas principais decisões. Portanto, a adequada identificação, debate e disseminação dos valores de uma empresa tem elevada influência na qualidade do desenvolvimento e operacionalização do planejamento estratégico. Os valores organizacionais são princípios de orientação perenes e essenciais. São intrínsecos e importantes somente para os componentes da organização. A empresa decide por si seus valores, com honestidade, e eles não devem mudar para reagir a efeitos externos. Se necessário, devem mudar de mercado para se manter fiéis a seus valores (SERRA; TORRES; TORRES, 2004, p. 43). A partir de seus valores, a organização traça sua missão. Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (2001, p. 139) relatam que os Princípios são balizamentos para o processo decisório e o comportamento da empresa no cumprimento de sua missão. 58 4.4.3.5 Visão O conceito de Visão, para Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (2001, p. 230), é a explicitação do que se visualiza para a empresa. Já para Oliveira (2005, p. 69), a visão pode ser considerada como os limites que os principais responsáveis pela empresa conseguem enxergar dentro de um período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla. Representa o que a empresa quer ser em um futuro próximo ou distante. Fernandes e Berton (2005, p. 149) complementam que a visão é a explicitação do que se idealiza para a organização, envolvendo os desejos de aonde se quer chegar, compreendendo temas como valores, desejos, vontades, sonhos e ambição. CARACTERÍSTICAS DA MISSÃO CARACTERÍSTICAS DA VISÃO Identifica o negócio. É o que se “sonha” para o negócio. É a partida. É a chegada. É a “carteira de identidade da empresa”. É o “passaporte” para o futuro. Identifica “quem somos”. Projeta “quem desejamos ser”. Foco do presente para o futuro. Focalizada no futuro. Vocações para a eternidade. É mutável, conforme os desafios. Quadro 4 – Distinção entre os conceitos de missão e visão Fonte: Fernandes e Berton, 2005, p. 149. De acordo com Chiavenato (2007, p. 54), a visão é a imagem definida pela organização a respeito de seu futuro, ou seja, do que ela pretende vir a ser. Significa a imagem que o empreendedor tem a respeito do futuro de seu negócio. Visão de futuro significa olhar para o horizonte e visualizar a imagem da empresa quando se chegar lá. Isso permite que o empreendedor estabeleça objetivos e metas, indicadores de desempenho e mensuradores de resultados futuros para saber se está ou não alcançando tais objetivos e metas. Portanto, a visão é o componente que permite desdobrar os objetivos a serem alcançados. 59 4.4.3.6 Objetivos estratégicos Para Fernandes e Berton (2005, p. 1563), objetivos são os diversos resultados que a organização se propõe a alcançar, com um prazo definido para que aconteçam. Para formular bons objetivos, o gestor precisa ter em mente algumas características: Quantificar e definir prazos para os objetivos da organização levando em consideração os diversos stakeholders. Comunicar claramente os objetivos e alinhá-los à missão e aos valores da empresa. Detalhá-los em diversos níveis, sabendo desafiar as pessoas sem desanimá-las. Manter a flexibilidade. Os objetivos representam aquilo que a empresa busca atingir e, como diz Chiavenato (2007, p. 56), são estados desejáveis que se pretende alcançar e realizar. Enquanto o objetivo não é alcançado, ele constitui um alvo, uma meta; quando é alcançado, deixa de ser algo desejável para se tornar uma realidade, e então se deve definir outro objetivo, provavelmente mais desafiador e complexo do que o anterior. Todo objetivo deve ser formulado de maneira abrangente para estimular a criatividade e, ao mesmo tempo, com restrições para oferecer uma direção ao negócio. Seguindo nessa linha da importância dos objetivos para o sucesso da gestão empresarial, Oliveira (2005, p. 160) relata que, para alcançar seus objetivos, uma empresa necessita da cooperação dos indivíduos; estes, por sua vez, ao serem admitidos na empresa, trazem consigo necessidades, aspirações e expectativas que esperam sejam satisfeitas em troca de seu trabalho. Portanto, é muito importante que os funcionários da empresa considerem os objetivos empresariais como seus próprios objetivos pessoais. Esta situação pode ser facilitada quando: • os objetivos empresariais expressam valores culturais que são adequados aos próprios valores individuais; e • os funcionários se identificam com os valores de seu grupo de trabalho. Complementando, Oliveira (2005, p. 162) diz que os executivos das empresas costumam esquecer que os objetivos permitem não somente guiar as ações e estratégias, mas também estimulá-las. De maneira resumida, objetivos servem para as seguintes finalidades da empresa: • fornecer às pessoas um sentimento específico e adequado de seu papel na empresa; • dar consistência à tomada de decisão entre grande número de diferentes executivos; • estimular o empenho e a realização baseada em resultados esperados; e • fornecer a base para o controle e as ações corretivas. 60 Já na visão de Maximiano (2000, p. 184), os objetivos são os resultados finais em direção aos quais a atividade é orientada. São os fins que uma pessoa ou organização procura realizar, por meio de suas atividades, operações e aplicações de recursos. Os objetivos são criados de muitas maneiras. Eles nascem de uma complexa combinação de forças internas e externas das organizações, como mostra a Figura 6. FORÇAS INTERNAS - Disponibilidade ou escassez de recursos. - Motivações dos administradores. - Problemas e oportunidades em geral. OBJETIVOS FORÇAS EXTERNAS - Concorrência. - Fornecedores. - Clientes. - Problemas e oportunidades em geral. Figura 6 – Forças que impulsionam a definição de objetivos Fonte: Maximiano, 2000, p. 185. Dentro de uma organização os objetivos são diversos, mas, sem dúvida, eles devem ser consistentes entre si e com os objetivos maiores. Uma maneira de isso acontecer é sempre checar sua coerência com a missão da empresa. Outro nível de coerência está entre a realidade da empresa e a do mercado (FERNANDES; BERTON, 2005, p. 156). Para Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (2001, p. 268-269), Objetivos são resultados que a empresa deve alcançar, em prazo determinado, para concretizar sua Visão sendo competitiva no ambiente atual e no futuro. Eles devem apresentar as seguintes características: 61 ser desafiantes, porém viáveis, ter prazo definido, ser mensuráveis e ser coerentes entre si. 4.4.3.7 Definição de estratégias No Brasil, com a mudança de um ambiente de protecionismo para outro mais competitivo, aumentou tremendamente a necessidade de pensar em estratégia. É imprescindível investir mais tempo para traçar a estratégia que diferencie sua empresa. Muitas perderam de vista a estratégia, confundindo com Benchmarking e Reengenharia. Por isso é que vemos empresas competindo do mesmo modo, com as mesmas ferramentas, em uma concorrência destrutiva na qual todos tendem a eliminar os lucros. A estratégia é uma necessidade para qualquer empresa, não importa seu tamanho, pois o único modo de sobreviver é se diferenciar dos concorrentes. Qualquer empresa sem estratégia corre o risco de se transformar em uma folha seca que se move ao capricho dos ventos da concorrência (PAGNONCELLI; VASCONCELOS FILHO, 2001, p. 289). Com isso percebe-se que, para atingir os objetivos definidos, é necessário escolher boas estratégias. Segundo Serra, Torres e Torres (2004, p. 96), a implementação da estratégia envolve ações que buscam dar continuidade à empresa e mostram o progresso mensurável em atender os resultados e os objetivos esperados. Estratégia Competitiva é o que a empresa decide fazer e não fazer, considerando o Ambiente, para concretizar a Visão e atingir os Objetivos, respeitando os Princípios, visando cumprir a Missão no seu Negócio (PAGNONCELLI; VASCONCELOS FILHO, 2001, p. 298). Estes mesmos autores destacam algumas características relevantes para a formulação das estratégias competitivas: 1. As Estratégias devem considerar as Tendências Relevantes para o século XXI, bem como a Análise do Ambiente. 2. As Estratégias devem criar vantagem competitiva duradoura. 3. As Estratégias devem ser compatíveis com os recursos. 4. As Estratégias devem ser coerentes entre si. 5. As Estratégias devem buscar o compromisso das pessoas envolvidas. 6. As Estratégias devem estar dentro do limite de risco aceito pela empresa. 62 7. As Estratégias devem ser fundamentadas nos Princípios da empresa. 8. As Estratégias devem ser criativas e inovadoras. De acordo com Chiavenato (2007, p. 124), as estratégias competitivas são formuladas para aumentar a competitividade da empresa em relação aos concorrentes. Elas podem buscar a manutenção e defesa do mercado, o aumento na participação de mercado ou novos mercados, ou tudo isso conjuntamente. O Quadro 5 mostra as quatro estratégias competitivas básicas e suas repercussões nos três níveis da empresa. 63 Nível institucional Nível intermediário Problema administrativo. Tipos de Estratégias Empresariais Defensiva Manutenção do atual domínio de produtos/mercados. Ofensiva Ampliação e busca de novos domínios de produtos/mercados. Analítica Manutenção de domínios estáveis e busca e conquista de novos domínios de produtos/mercados. Problema empresarial. Escolha do domínio produto/mercado. Garantir, defender e conservar o domínio atual de produtos/mercados. Busca da estabilidade do domínio. Explorar e localizar novas oportunidades de produtos/mercado. Busca de novos domínios mesmo que transitórios. Garantir um domínio atual e ao mesmo tempo buscar, localizar e explorar novas oportunidades de produtos/mercados. Busca de estabilidade de um domínio e, simultaneamente, busca de novos domínios. Reativa Busca improvisada e despreparada de uma saída para fugir de um problema ou pressão ambiental. Resposta empresarial despreparada, improvisada e pouco eficaz, utilizando estratégias inadequadas e envelhecidas. Estruturação de atividades e estabelecimento de normas e processos. Planejamento e controle das operações da empresa para assegurar ou aumentar a eficiência atual. Nível operacional Problema de adequação tecnológica. Escolha e utilização de técnicas de produção. Produção de bens ou serviços da maneira mais eficiente, por meio de intensificação da tecnologia atual. Ênfase na conservação. Ênfase na flexibilidade tecnológica. Facilitar e coordenar as freqüentes e diversas mudanças nas atividades e operações da empresa. Manter flexibilidade nas tecnologias para acompanhar as mudanças nos domínios e modificar continuamente as operações. Ênfase na mudança organizacional. Diferenciar a estrutura e os processos organizacionais para acomodar e equilibrar áreas de operação estável com áreas dinâmicas e instáveis. Ênfase tanto na conservação quanto na mudança organizacional. Falta de relacionamento coerente entre estratégia e estrutura e processos organizacionais, provocando dificuldades de integração e coordenação organizacional. Ênfase na flexibilidade tecnológica. Adotar tecnologia dual para servir a um domínio híbrido: estável e mutável. Complexidade tecnológica. Pouca eficiência nas operações. Quadro 5 – Estratégias empresariais e suas repercussões nos três níveis da empresa. Fonte: Chiavenato, 2007, p. 128. 64 4.4.3.8 Monitoramento Segundo Bateman e Snell (2007, p. 141), o sistema de controle estratégico visa apoiar os gerentes a avaliar o progresso da organização com sua estratégia e, quando houver discrepâncias, providenciar as medidas corretivas. O sistema deve incentivar as operações eficientes que são compatíveis com o plano e, ao mesmo tempo, proporcionar a flexibilidade necessária para a empresa se adaptar às condições de mudança. Como em todo sistema de controle, a organização deve criar indicadores de desempenho, um sistema de informação e mecanismos específicos para monitorar a evolução da estratégia. O processo de monitoramento é uma etapa de suma importância num plano de ações estratégicas, pois não basta apenas implementar, é necessário ter um controle permanente de que tudo está ocorrendo conforme o desejado. Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (2001, p. 346) informam que a experiência vem mostrando que o acompanhamento motiva as pessoas, não pela cobrança, mas porque elas passam a usar os resultados como uma referência para avaliar seu desempenho. 4.5 Plano de ação O plano de ação é o planejamento das ações necessárias para atingir um resultado esperado. A principal ideia é saber o que fazer, ou seja, identificar e relacionar as atividades. Segundo Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (op. cit., p. 313), a Estratégia nada significa até que se transforme em Ação, e esta em resultados. E os planos são ações ou meios que o gerente pretende adotar para atingir as metas. Nessa etapa, é preciso, no mínimo, traçar as ações alternativas que viabilizem o cumprimento de cada meta, os recursos necessários para atingir a meta utilizando os meios escolhidos e os obstáculos que podem surgir (BATEMAN; SNELL, op. cit., p. 119). Para atingir um objetivo ou uma meta, é necessário agir, ou seja, realizar uma ou, em geral, várias ações. Para chegar a um objetivo, precisa-se de uma orientação, ou de um plano – o Plano de Ação. Quanto maior for a quantidade de ações e pessoas envolvidas, mais necessário e importante será ter um Plano de Ação, e quanto melhor for este plano, maior será a garantia de atingir a meta. 65 4.6 Ferramentas Para a elaboração do planejamento estratégico da empresa Face Girl serão utilizadas as seguintes ferramentas: • Brainstorming • Matriz SWOT • Matriz 5W2H. 4.6.1 Brainstorming De acordo com Certo (2003, p. 139): Brainstorming é um processo de tomada de decisão em grupo em que o feedback negativo sobre qualquer alternativa sugerida por qualquer membro do grupo é proibido até que todos os membros tenham apresentado alternativas que consideram valiosas. Conhecido como tempestade ou explosão de ideias, o brainstorming é, provavelmente, a mais conhecida e utilizada das técnicas de geração de ideias. Esta técnica sugere que quantidade origina qualidade, e quanto maior for o número de ideias geradas, maior será a possibilidade de encontrar a melhor solução do problema. Segundo Maximiano (2004, p. 118), o brainstorming opera com base em dois princípios: a suspensão do julgamento e a reação em cadeia. Esses dois princípios fazem com que as pessoas se exprimam livremente, sem receio de críticas, e também fazem com que as ideias se associem e gerem novas ideias, num processo em que o objetivo é assegurar grande quantidade de alternativas. Complementando a explanação, Bateman e Snell (2007, p. 94) relatam que, no ambiente de brainstorming apropriado – livre de críticas, as pessoas ficam menos inibidas e mais aptas a expressar suas ideias incomuns, criativas ou até extraordinárias. Até todos esgotarem suas ideias, uma longa lista de alternativas terá sido gerada, e só então o grupo passa para o estágio da avaliação. A essa altura, muitas ideias diferentes podem ser analisadas, modificadas ou combinadas para se tornarem uma solução criativa e específica para o problema. 66 4.6.2 Matriz SWOT De acordo com Serra, Torres e Torres (2004, p. 86), a análise SWOT teve origem na década de 1960 e, apesar de suas limitações, é um instrumento muito útil na organização do planejamento estratégico. Por intermédio dela pode-se relacionar metodicamente, em um gráfico, quais são as forças, as fraquezas, as oportunidades e as ameaças que rondam a empresa, ajudando a gerenciá-la para melhorar o desempenho. O termo SWOT provém da conjunção das siglas das palavras em inglês strenghts, weakness, opportunities e threats. Poderia ser denominado FFOA (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças). Na verdade, trata-se de uma tabela de dupla entrada em que nas linhas estão as forças e fraquezas organizacionais, e nas colunas as oportunidades e ameaças ambientais. A figura a seguir dá uma ideia de como juntar a análise ambiental com a análise organizacional para aclarar a situação da empresa em um dado momento (CHIAVENATO, 2007, p. 156). Ambiente Externo OPORTUNIDADES AMEAÇAS FORÇAS FRAQUEZAS Ambiente Interno Figura 7 – Matriz SWOT Fonte: Autoria própria Bateman e Snell (2007, p. 134) complementam com alguns exemplos: as forças da organização incluem gerência qualificada, fluxo de caixa positivo e marca comercial renomada e respeitada; as fraquezas podem ser a falta de capacidade produtiva adicional e a carência de fornecedores confiáveis; as oportunidades incluem algum nicho de mercado atualmente não atendido; e, por fim, as ameaças incluem a possibilidade de os concorrentes entrarem em um nicho uma vez que ele se tenha mostrado lucrativo. A análise SWOT é fundamental para identificar características que precisam ser exploradas, mantidas, controladas ou corrigidas, segundo Wright, Kroll e Parnell (2007, p. 86). O objetivo da análise é possibilitar que a empresa se posicione para tirar vantagem de determinadas oportunidades do ambiente e evitar ou minimizar as ameaças ambientais. Com 67 isso, a empresa tenta enfatizar seus pontos fortes e moderar o impacto de seus pontos fracos. A análise também é útil para revelar pontos fortes que ainda não foram plenamente utilizados e identificar pontos fracos que podem ser corrigidos. De acordo com Chiavenato (2007, p. 156), quase sempre a análise SWOT é feita periodicamente pelas empresas para mapear sua situação diante do ambiente geral e do ambiente de tarefa, particularmente em relação aos concorrentes e às mudanças que surgem a cada momento. A função primordial da análise SWOT é possibilitar a escolha de uma estratégia adequada – para que se alcancem determinados objetivos – a partir de uma avaliação crítica dos ambientes interno e externo (SERRA; TORRES; TORRES, 2004, p. 86). 4.6.3 Matriz 5W2H De acordo com Candeloro (2008), o método 5W2H é um tipo de checklist utilizado para garantir que a operação seja conduzida sem nenhuma dúvida por parte das chefias e dos subordinados. Os 5W correspondem às seguintes palavras do inglês: What (o que); Who (quem); Where (onde); When (quando) e Why (por que), e os 2H são: How (como) e How Much (quanto custa). Método dos 5W2H 5W What O que? Que ação será executada? Who Quem? Quem irá executar/participar da ação? Where Onde? Onde será executada a ação? When Quando? Quando a ação será executada? Why Por quê? Por que a ação será executada? How Como? Como será executada a ação? How much Quanto custa? Quanto custa para executa a ação? 2H Figura 8 – Matriz 5W2H Fonte: Autoria própria 68 Este é um método simples que orienta e auxilia no planejamento de ações, na melhoria dos processos e/ou em outras atividades da empresa. A ferramenta 5W2H organiza de forma simples, porém detalhada e com fácil entendimento, todas as etapas necessárias para executar um plano de ação, onde a coerência entre os objetivos e as estratégias é primordial para o sucesso de sua implantação. 69 5 MÉTODO Este capítulo descreve a metodologia utilizada para o desenvolvimento do plano de ações estratégicas da empresa Face Girl. A estrutura utilizada tem como base o modelo apresentado por Roesch (2009, p. 126): método ou delineamento da pesquisa; definição da área ou população-alvo do estudo; plano de amostragem; técnicas de coleta de dados e análise de dados. 5.1 Delineamento da Pesquisa Segundo Gil (2002, p. 43), o delineamento refere-se ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, que envolve tanto a diagramação quanto a previsão de análise e interpretação da coleta de dados. Entre outros aspectos, o delineamento considera o ambiente em que são coletados os dados e as formas de controle das variáveis envolvidas. Resumindo, o delineamento da pesquisa determina, então, quem vai ser pesquisado e quais questões serão levantadas (ROESCH, op. cit., p. 126). Este trabalho foi desenvolvido com o propósito de uma pesquisa-diagnóstico que, segundo Roesch (op. cit., p. 67), é uma forma de explorar o ambiente organizacional e de mercado e levantar e definir problemas. Esta análise foi realizada por meio de uma abordagem qualitativa que, de acordo com Roesch (op. cit., p. 118), no que se refere a levantamentos de caráter qualitativo que utilizam observação ou entrevistas em profundidade, o que se apresenta como análise é muitas vezes uma redação em que se combinam algumas coisas ditas pelos entrevistados com a opinião do autor do trabalho. O método de pesquisa utilizado neste trabalho foi o estudo de caso, que, segundo Gil (op.cit., p. 54), consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados. De acordo com Yin (2005, p. 20), como estratégia de pesquisa utiliza-se o estudo de caso em muitas situações, para contribuir com o conhecimento que se tem dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos relacionados. 70 5.2 População-alvo Segundo Roesch (2009, p. 128), o estágio pode estar concentrado em um departamento da empresa – como geralmente ocorre com propostas que visam a diagnósticos, planos ou sistemas em determinados setores – ou englobar toda a organização – como no caso de propostas de reestruturação organizacional, normalmente em empresas de pequeno e médio porte. Nestes casos, é importante descrever a estrutura da área, incluindo a quantidade de pessoas que nela atuam. Por se tratar de uma organização de pequeno porte, a população-alvo do estudo foi composta por quase todos os colaboradores do objeto de pesquisa, ou seja, a filial de Canoas da Face Girl. Tal população é composta pelos proprietários da empresa – presidente, gerente administrativa e gerente comercial – e por duas colaboradoras da loja escolhidas pelo tempo de serviço. Também foram utilizados como fonte para coleta de dados 20 clientes da loja que foram escolhidos através de uma amostra por conveniência. Destes clientes, alguns foram abordados nas dependências da loja, após a conclusão de suas compras, e outros pelo correio eletrônico, uma vez que a pesquisadora já tinha conhecimento de que realizam compras na Face Girl. 5.3 Coleta de dados As técnicas de coleta de dados utilizadas para a realização deste trabalho foram a aplicação de questionários, entrevistas e brainstorming. O questionário é um instrumento de coleta de dados que busca mensurar alguma coisa. Para tanto, requer esforço intelectual anterior de planejamento, com base na conceituação do problema de pesquisa e do plano da pesquisa, e algumas entrevistas exploratórias preliminares. Com base nesses elementos, o passo seguinte é elaborar uma lista abrangente de cada variável a ser medida e a maneira como será operacionalizada, ou seja, através de escalas, questões abertas, questões fechadas etc. A prioridade e a importância de cada variável também devem ser consideradas (ROESCH, op. cit., p. 142). A pesquisadora elaborou três questionários com o intuito de analisar o ambiente da empresa, sendo que os questionários estruturados foram adaptados com base nos autores 71 Wright, Kroll e Parnell. O primeiro questionário (Apêndice A) teve o objetivo de analisar o ambiente externo, a partir de suas ameaças e oportunidades, e foi aplicado aos proprietários da loja (presidente e gerente administrativa). O segundo (Apêndice B) foi desenvolvido para analisar o ambiente interno, através de seus pontos fortes e fracos, e foi aplicado aos proprietários (gerente administrativa e gerente comercial) e colaboradores (vendedoras). O terceiro questionário (Apêndice C) foi aplicado aos clientes da loja com o intuito de analisar sua visão com relação ao ambiente interno da empresa (pontos fortes e fracos). A partir desta análise, pode-se comparar a visão que os clientes têm da loja com a visão que a loja tem de si mesma. O meio utilizado para a realização dos questionários foi presencial, ou seja, aplicado pela pesquisadora e também por e-mail, no caso do terceiro questionário. O primeiro e segundo questionários foram elaborados com questões fechadas, ou seja, roteiro estruturado, as quais apresentam as oportunidades, as ameaças, os pontos fortes e os pontos fracos da empresa. Neste tipo de questão observa-se que ela apresenta a vantagem do preenchimento e da análise mais rápida, e como desvantagem observa-se que muitas vezes os dados obtidos são de caráter superficial (ROESCH, 2009, p. 144). Já o terceiro questionário foi elaborado com questões abertas – roteiro semi-estruturado. O roteiro utilizado nas entrevistas teve como base as respostas dos questionários aplicados aos proprietários e colaboradores da empresa, com relação a seu ambiente interno e externo. As entrevistas têm como objetivo justificar as respostas dos questionários; portanto, trata-se de entrevista semi-estruturada e em profundidade. De acordo com Roesch (op. cit., p. 159), a entrevista em profundidade é a técnica fundamental da pesquisa qualitativa, onde seu objetivo primário é entender o significado que os entrevistados atribuem a questões e situações em contextos que não foram estruturados anteriormente a partir das suposições do pesquisador. O grau de estruturação de uma entrevista em uma pesquisa qualitativa depende do propósito do entrevistador. Em entrevistas semi-estruturadas utilizam-se questões abertas, que permitem ao entrevistador entender e captar a perspectiva dos participantes da pesquisa. O brainstorming foi utilizado para definir a identidade da empresa através da definição de seu negócio, sua missão, os princípios, a visão e os objetivos. Esta técnica foi aplicada com os proprietários da organização – presidente e gerente administrativa. 72 5.4 Análise dos dados coletados A análise tem o objetivo de organizar os dados coletados de forma que possibilite o entendimento das respostas para a resolução do problema de pesquisa. Segundo Roesch (2009, p. 169), na pesquisa de caráter qualitativo o pesquisador, ao encerrar sua coleta de dados, se depara com uma quantidade imensa de notas de pesquisa ou de depoimentos, que se materializam na forma de textos, os quais terá de organizar para depois interpretar. Após a coleta de dados, que, como já informado, se deu a partir de questionários, entrevistas e brainstorming, iniciou-se a análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças da organização e também a definição de sua identidade corporativa. Para o método de análise em questão, que é de conteúdo, Roesch (op. cit., p. 169) relata que as perguntas abertas em questionários são a forma mais elementar de coleta de dados qualitativos, pois o propósito de formular tais questões é permitir ao pesquisador entender e capturar a perspectiva dos respondentes. Por isso, as questões não apresentam uma categorização prévia de alternativas para a resposta. A qualidade das respostas depende, sobretudo, da habilidade de redação da pessoa que responde ao questionário, pois, uma vez que se deu liberdade para o respondente, normalmente surgem respostas inesperadas que terão de ser categorizadas a fim de possibilitar sua interpretação. Já em entrevistas o pesquisador pode obter outros dados, como a “citação direta”, que permite captar o nível de emoção dos respondentes, a maneira como organizam o mundo, seus pensamentos sobre o que está acontecendo, suas experiências e percepções básicas. 5.5 Proposta de soluções Com base nos dados coletados e suas respectivas análises foram geradas ações estratégicas para a empresa. O primeiro passo foi utilizar a técnica do brainstorming com o objetivo de criar uma identidade corporativa para a empresa a partir da definição de seu negócio, sua missão, princípios, visão e objetivo geral. A seguir foi realizada a análise ambiental da organização, através de questionários e entrevistas em profundidade. Após a realização dessas etapas, já se tinha informações suficientes para propor ações estratégicas para a empresa Face Girl. 73 Para estruturar o plano de ações estratégicas utilizou-se a ferramenta 5W2H, que, segundo Candeloro (2008), é um tipo de checklist usado para garantir que a operação seja conduzida sem nenhuma dúvida por parte das chefias e subordinados. Os 5W correspondem às seguintes palavras do inglês: What (o que); Who (quem); Where (onde); When (quando) e Why (por que). Os 2H são: How (como) e How much (quanto custa). Identificação do problema de pesquisa e dos objetivos Revisão da literatura Metodologia de pesquisa Brainstorming Questionários e Entrevistas Identificação da organização: Analisar: • Negócio; • Ambiente interno; • Missão; • Ambiente externo. • Valores; • Objetivos. Propor um plano de ações estratégicas para a empresa Face Girl. Figura 9 – Etapas da pesquisa Fonte: Autoria própria 74 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS Segundo Roesch (2009, p. 189), normalmente a coleta de dados é realizada visando a um propósito, buscando responder a algumas indagações que deverão orientar sua descrição, e a análise propicia a identificação da problemática existente. Este capítulo apresenta os dados coletados e suas respectivas análises, onde se destaca a identificação dos pontos fortes e fracos (ambiente interno) e oportunidades e ameaças (ambiente externo), além da definição formal do negócio da organização, sua missão, seus valores, sua visão e seu objetivo. Por fim, definiram-se os objetivos e estratégias propícias à concretização do plano de ações estratégicas para a loja Face Girl. 6.1 Análise do ambiente Esta etapa do trabalho irá mostrar o ambiente no qual a empresa está inserida. De acordo com Fernandes e Berton (2005, p. 31), a análise do ambiente é uma importante etapa do processo estratégico, pois o ambiente estabelece o contexto histórico e espacial em que a organização atua. Por um lado, sua atuação está condicionada a uma série de restrições ambientais de natureza econômica, social, política, cultural, legal e tecnológica. Por outro, a atuação de uma organização configura esse ambiente, seja em nível local, nacional ou global. A análise do ambiente constitui uma das principais etapas da administração estratégica, pois seu monitoramento pode identificar riscos e oportunidades para a empresa. Para realizar esta análise foram utilizados o questionário fechado (estruturado), o questionário aberto (roteiro semi-estruturado) e as entrevistas. Na análise do ambiente externo foram realizadas entrevistas com o presidente e a gerente administrativa, ambos caracterizados como proprietários da empresa. O primeiro foi entrevistado em sua residência no dia 17 de setembro de 2009, e a gerente administrativa foi entrevistada na mesma data, porém no Unilasalle. As entrevistas tiveram duração de 40 minutos cada uma. Nelas, indagou-se as justificativas referentes às respostas dadas em um questionário fechado (Apêndice A) respondido anteriormente, onde foram avaliadas as oportunidades e ameaças, e a intensidade com que estas forças aparecem na organização. 75 Na análise do ambiente interno foram realizadas entrevistas com a gerente administrativa e a gerente comercial (proprietárias), 2 (duas) vendedoras e 20 (vinte) clientes. O presidente não respondeu a este questionário, pois, segundo ele, as questões relativas ao ambiente interno estão sob a responsabilidade de suas filhas, respectivamente denominadas gerente administrativa e gerente comercial. As gerentes e as vendedoras foram entrevistadas para justificar as respostas dadas ao questionário fechado (Apêndice B), onde foram avaliados os pontos fortes e fracos da empresa, juntamente com a intensidade que aparecem na organização. Já os clientes responderam a um questionário aberto (Apêndice C) onde puderam destacar livremente os pontos fortes e fracos da loja, justificando-os. A entrevista com a gerente administrativa foi realizada no Unilasalle na mesma data em que foi questionada sobre suas impressões quanto ao ambiente externo da empresa (17 set. 2009), tendo duração de 40 minutos. Já as entrevistas com a gerente comercial e as vendedoras foram realizadas na sede da Face Girl em Canoas, no dia 9 de setembro de 2009, e tiveram os seguintes tempos de duração: 1 hora e 10 minutos (gerente comercial) e em torno de 40 minutos a de cada vendedora. As entrevistas com os clientes foram realizadas pessoalmente e por e-mail entre os dias 14 e 18 de setembro de 2009. Foi dada maior ênfase aos itens que obtiveram grau de interferência entre 4 e 5, pois, na opinião dos entrevistados, é a partir desses níveis que as forças começam a interferir de forma significativa na organização. Logo abaixo segue a legenda dos entrevistados, com seus respectivos cargos dentro da empresa, e também se justifica por que foram escolhidos para responder aos questionários e entrevistas. 76 Entrevistado (Legenda) Cargo Justificativa da escolha A Presidente Idealizador do negócio. B Gerente Administrativa C Gerente Comercial D Vendedora 1 Maior tempo de serviço na empresa. E Vendedora 2 2o maior tempo de serviço na empresa. F, G, K, Q, R, S Clientes Amostra por conveniência da pesquisadora. Possui forte poder de decisão dentro da empresa. Responsável pela coordenação da filial de Canoas. Quadro 6 – Relação de entrevistados Fonte: Autoria própria 6.1.1 Análise do ambiente externo Para efeitos da administração e planejamento estratégico, o ambiente tem sido dividido em dois níveis: o ambiente geral, ou macroambiente, relativo às grandes forças externas que influenciam a organização, e o ambiente operacional ou setorial, mas próximo à organização, constituído por seus clientes, fornecedores e concorrentes imediatos, entre outros (FERNANDES; BERTON, 2005, p. 34). 6.1.1.1 Macroambiente Todas as empresas são afetadas por quatro forças macroambientais: as político-legais, as econômicas, as tecnológicas e as sociais (WRIGHT apud FERNANDES; BERTON, 2005, p. 36). De acordo com Fernandes e Berton (op. cit., p. 64), os fatores políticos e legais influenciam fortemente o ambiente de negócios. Leis, órgãos governamentais e pressão de grupos da sociedade integram alguns dos componentes desse fator, atingindo as empresas em níveis diferentes. No quadro abaixo seguem tais influências na visão de seus proprietários: 77 DIMENSÃO SEGMENTO 1. Legislação de micro e pequenas empresas 2. Legislação trabalhista FORÇAS POLÍTICOLEGAIS 3. Leis tributárias 4. Órgãos regulamentadores AVALIAÇÃO/ITEM RESPONDENTE A B O O 4 3 N N 2 2 A A 5 4 N N 2 2 O N 2 2 5. Regulamentação e normas técnicas na concepção do produto A: Ameaça N: Neutro O: Oportunidade (1) Nenhuma interferência (2) Fraca interferência (3) Média interferência (4) Forte interferência (5) Total interferência. Quadro 7 – Forças político-legais Fonte: Wright, Kroll e Parnell, 2007. Adaptado pela autora. Com relação ao item legislação de micro e pequenas empresas, ambos os entrevistados consideram como uma oportunidade, pois, de acordo com o entrevistado B, “o governo disponibiliza incentivos para a pequena empresa, como, por exemplo, o Simples Gaúcho, que beneficia as empresas com uma redução de impostos durante um determinado período de tempo”. No item referente à legislação trabalhista, ambos consideram como um ponto neutro. Esta opinião deve-se aos contratos de trabalho da empresa serem, em sua maioria, caracterizados por estágio. Na questão das leis tributárias, novamente os entrevistados tiveram a mesma opinião. Ambos as consideram como uma forte ameaça. De acordo com o entrevistado A, “os impostos no nosso Estado são os maiores no país; aqui a alíquota do ICMS é de 17%, enquanto em boa parte do país é 12%, caracterizando uma ameaça para o pequeno varejista”. Ambos os entrevistados consideram os órgãos regulamentadores como um ponto neutro, pois a empresa trabalha de acordo com todos os órgãos que a regulamentam, tais como INMETRO e PROCON, portanto não interferem em seu andamento. Já com relação à regulamentação e às normas técnicas na concepção do produto, os entrevistados tiveram opiniões diferentes. Para o entrevistado A, esta questão é considerada como uma oportunidade – “Nossos produtos são confeccionados respeitando todas as normas técnicas, desde a composição do tecido até as informações contidas nas etiquetas das peças. Isto pode ser um diferencial frente à concorrência”. O entrevistado B considera como um ponto neutro, pois, em sua opinião, trabalhar de acordo com as normas técnicas não é um diferencial, mas uma obrigação. 78 Conforme Fernandes e Berton (2005, p. 56), os fatores sociais estão intimamente ligados às características da população, tais como tamanho, distribuição geográfica, densidade, tendências de mobilidade, distribuição etária, taxas de natalidade, casamento e mortalidade, estrutura racial, étnica e religiosa. O Quadro 8 mostra a influência de alguns destes fatores no andamento da organização, na visão de seus proprietários. DIMENSÃO SEGMENTO 6. Poupança, consumo, tendências FORÇAS SOCIAIS 7. Poder aquisitivo da população 8. Alterações climáticas/sazonais AVALIAÇÃO/ITEM RESPONDENTE A B O O 4 5 A O 4 4 A O 4 5 O O 3 3 9. Perspectiva de crescimento econômico - país, região, estado. A: Ameaça N: Neutro O: Oportunidade (1) Nenhuma interferência (2) Fraca interferência (3) Média interferência (4) Forte interferência (5) Total interferência. Quadro 8 – Forças sociais Fonte: Wright, Kroll e Parnell, 2007. Adaptado pela autora. No segmento que diz respeito a poupança, consumo e tendências, os dois entrevistados consideram como uma grande oportunidade, pois, quanto maior o consumo da população, melhor para o varejo. E, como um dos focos da empresa é sempre seguir as tendências da moda, quanto mais ela variar de uma estação para a outra mais novidades serão lançadas para instigar o consumo das pessoas. O poder aquisitivo da população é avaliado de duas maneiras pelos entrevistados. Enquanto o entrevistado A o considera como uma ameaça, pois, devido à crise mundial, as pessoas estão cortando os itens considerados supérfluos e gastando prioritariamente com alimentação, o entrevistado B enxerga como uma oportunidade no modo geral e amplo – “Quanto maior a renda das pessoas, maior é seu poder de consumo”. No item referente às alterações climático-sazonais, os entrevistados também apresentaram visões opostas. O entrevistado A diz que é uma ameaça – “Quando existe um grande estoque de mercadorias de inverno, por exemplo, e o frio não permanece por muito tempo, a loja se obriga a realizar liquidações antecipadas, o que diminui sua lucratividade”. Já o entrevistado B considera como uma oportunidade – “Por trabalharmos com confecção própria, existe a facilidade de adaptação em caso de mudanças repentinas no clima, ou seja, temos como flexibilizar a produção em situações extremas”. 79 Ambos os entrevistados avaliaram a perspectiva de crescimento econômico – país, região, estado – como sendo uma oportunidade, pois, à medida que o país cresce e aumenta seu PIB, as pessoas vão às compras com maior frequência e o comércio lucra com isso. Para Fernandes e Berton (2005, p. 36), é importante conhecer algumas variáveis econômicas e suas tendências, pois essas variáveis influenciam a demanda e o valor de diversos produtos, bens e serviços. O Quadro 9 avalia a intensidade que estas variáveis interferem na empresa de acordo com os proprietários. AVALIAÇÃO/ITEM RESPONDENTE A B 10. Políticas fiscais do governo, incentivos O N fiscais, credito - política monetária 3 2 A A 11. Influência da taxa de juros 4 3 12. Disponibilidade de diferentes fontes de O O financiamento 5 4 13. Influência da política cambial no custo do N N funcionamento da empresa 2 2 FORÇAS ECONÔMICAS N N 14. Influência da inflação na venda dos produtos 2 2 15. Influência das formas de tributação dos A O lucros e rendimentos 4 3 16. Influência das formas de tributação dos A O produtos 4 3 17. Impacto do sistema de tributação no A N rendimento dos clientes 3 2 A: Ameaça N: Neutro O: Oportunidade (1) Nenhuma interferência (2) Fraca interferência (3) Média interferência (4) Forte interferência (5) Total interferência. DIMENSÃO SEGMENTO Quadro 9 – Forças econômicas Fonte: Wright, Kroll e Parnell, 2007. Adaptado pela autora. As políticas fiscais do governo, incentivos fiscais e crédito, ou seja, a política monetária é considerada como uma oportunidade pelo entrevistado A devido à grande disponibilidade de crédito e incentivos que hoje é oferecida para facilitar o poder de compra da população. O entrevistado B avalia como sendo um ponto neutro e acredita que não interfere significativamente na empresa. Já a influência da taxa de juros é vista como uma ameaça por ambos, pois, quando há um aumento na taxa de juros, geralmente a renda destinada para compras de menor necessidade cai significantemente, prejudicando o desempenho do setor. A disponibilidade de diferentes fontes de financiamento é considerada uma oportunidade de forte interferência pelos entrevistados pois, de acordo com o entrevistado B, 80 “Quanto mais fontes de financiamentos forem disponibilizadas (cartões de crédito, cheque, convênios com associações etc.) maior será o consumo. Isto facilita, propicia e aumenta as vendas”. No item que diz respeito à influência da política cambial no custo do funcionamento da empresa os entrevistados avaliaram como sendo um ponto neutro, já que a empresa não trabalha com importação. A influência da inflação na venda dos produtos também foi considerada um ponto neutro, pois, na visão dos entrevistados, a inflação não flutua como antigamente; hoje ela se mantém estável, tendo fraca interferência sobre a organização. Já com relação à influência das formas de tributação dos lucros e rendimentos, e também dos produtos, destacam-se duas opiniões distintas. O entrevistado A avalia como sendo uma ameaça de forte interferência para a organização – “Os valores tributários que as empresas desembolsam são altos, e isto afeta também o consumidor que, de certa forma, acaba pagando por isso”. O entrevistado B pensou pelo lado totalmente oposto – “Quando aumentam os tributos sobre o preço da matéria-prima, no caso de produtos de fabricação própria, ou quando um item de revenda é comprado a um preço alto, tais aumentos são repassados ao consumidor final, aumentando, assim, a lucratividade da empresa”. O impacto do sistema de tributação no rendimento dos clientes é considerado uma ameaça de média influência para o entrevistado A, pois, se o consumidor pagar mais imposto, isto acabará afetando negativamente seu poder de compra. Já na visão do entrevistado B este é um ponto neutro – “O povo brasileiro está tão acostumado a pagar todo e qualquer tipo de imposto que isto já deixou de ser um empecilho no momento de decidir uma compra”. Os fatores tecnológicos referem-se ao desenvolvimento de produtos, de processos ou de avanços nas ciências que possam afetar as atividades de uma organização. As transformações no ambiente tecnológico exercem impacto profundo sobre as empresas (FERNANDES; BERTON, 2005, p. 44). O Quadro 10 mostra o grau de interferência das forças tecnológicas destacadas, dentro do contexto da empresa, na visão de seus proprietários. 81 DIMENSÃO SEGMENTO AVALIAÇÃO/ITEM RESPONDENTE A B N N 1 2 N A 2 3 N A 2 3 18. Influência da tecnologia na alteração das necessidades dos clientes. 19. Influência da tecnologia no FORÇAS TECNOLÓGICAS desenvolvimento do produto atual 20. Influência da tecnologia no grau de satisfação dos clientes A: Ameaça N: Neutro O: Oportunidade (1) Nenhuma interferência (2) Fraca interferência (3) Média interferência (4) Forte interferência (5) Total interferência Quadro 10 – Forças tecnológicas Fonte: Wright, Kroll e Parnell, 2007. Adaptado pela autora. A influência da tecnologia na alteração das necessidades do cliente é vista como um ponto neutro para os entrevistados, pois as necessidades dos clientes no varejo não estão relacionadas com tecnologia, e sim com atendimento diferenciado, divulgação da marca e mix de produtos, entre outros. Já a influência da tecnologia no desenvolvimento do produto atual e no grau de satisfação dos clientes gerou controvérsias. Enquanto o entrevistado A julga esta influência como sendo neutra – “Não trabalhamos com nenhuma tecnologia de ponta; no entanto, nossas vendas vêm crescendo consideravelmente e nosso cliente mostra-se satisfeito”. Por outro lado, o entrevistado B avalia estes itens como uma ameaça de média interferência – “O fato de não trabalharmos com nenhum sistema de informação faz com que a empresa não esteja totalmente adequada ao mercado atual. Embora nossas vendas sejam satisfatórias, creio que com a ajuda da tecnologia teríamos condições de crescer ainda mais”. 6.1.1.2 Análise setorial De acordo com Fernandes e Berton (2005, p. 68), trata-se do ambiente de interação mais próximo à organização, constituído por clientes, fornecedores, concorrentes, produtos e serviços substitutos etc. São as chamadas cinco forças de Porter, as quais foram avaliadas no Quadro 11, na visão de seus proprietários. 82 DIMENSÃO SEGMENTO 21. Entrantes potenciais 22. Rivalidade entre concorrentes existentes FORÇAS SETORIAS 23. Produtos substitutos 24. Poder de barganha dos compradores 25. Poder de barganha dos fornecedores A: Ameaça N: Neutro (1) Nenhuma interferência (4) Forte interferência O: Oportunidade (2) Fraca interferência (5) Total interferência AVALIAÇÃO/ITEM RESPONDENTE A B A A 4 4 A A 3 2 N N 2 2 N N 2 2 N N 2 2 (3) Média interferência Quadro 11 – Forças setoriais Fonte: Wright, Kroll e Parnell, 2007. Adaptado pela autora. Ambos os entrevistados consideram os entrantes potenciais como uma ameaça de forte interferência para a organização, pois, de acordo com o relato do entrevistado A, “novos concorrentes sempre serão caracterizados como ameaça, principalmente quando um deles se instala nas redondezas de nossa loja e, ainda por cima, comercializa produtos similares aos nossos com preços abaixo do mercado”. Neste caso, cabe ao lojista tentar neutralizar estes novos entrantes por meio da diferenciação, porém sem perder a identidade da empresa. Com relação à rivalidade entre concorrentes existentes, os entrevistados avaliam como sendo uma ameaça que varia de fraca à média interferência, pois ambos acreditam que, apesar de a rivalidade ser benéfica para o comércio, ela não deixa de ser preocupante. Conforme relata o entrevistado B, “o consumidor é facilmente influenciável, seja por uma liquidação, por um atendimento diferenciado ou até mesmo pelo modismo da vez. Por estes e outros fatores perde-se ou ganha-se muitos clientes”. Na questão dos produtos substitutos e do poder de barganha dos compradores e fornecedores, todos foram considerados como pontos neutros, pois, para o segmento do varejo, estas forças não apresentam grande interferência. No caso dos produtos substitutos, esta é a opinião do entrevistado A: “Quando uma empresa tem um estilo bem definido e comercializa modelos diferenciados e exclusivos, não tem por que temer os substitutos”. O poder de barganha dos compradores não é significativo, pois, de acordo com o entrevistado B, “a loja trabalha com os mesmos preços praticados pelo mercado; portanto, não existe muita abertura para tentativas de barganha”. Com relação aos fornecedores, a situação é semelhante. No caso da Face Girl, que possui malharia para a confecção de seus produtos, o 83 poder de barganha dos fornecedores de matéria-prima e dos itens de revenda (jeans, casacos em microfibra e acessórios) seria a única preocupação, porém existem parcerias duradouras e estáveis que inibem esta força setorial. 6.1.2 Análise do ambiente interno Segundo Oliveira (2008, p. 81): A análise interna tem por finalidade colocar em evidência as deficiências e qualidades da empresa que está sendo analisada, ou seja, os pontos fortes e fracos da empresa devem ser determinados diante da atual posição de seus produtos ou serviços versus segmentos de mercado. Logo, serão considerados para esta análise; os Recursos Humanos, a Organização e os Recursos Físicos. No Quadro 12 são apresentadas as considerações das gerentes (proprietárias) e das funcionárias (vendedoras) com relação à interferência que os aspectos de Recursos Humanos têm sobre a empresa. Todas as entrevistadas consideram a experiência de trabalho como um ponto fraco dentro da organização, com grau de interferência que varia entre médio e total. A entrevistada B fez o seguinte relato – “A experiência de trabalho é essencial para o reconhecimento e a prosperidade de qualquer negócio, independentemente do segmento em que esteja inserido. Mas, no caso da Face Girl, que trabalha principalmente com estágios e com o Programa de Primeiro Emprego, este segmento acaba sendo um ponto fraco para a empresa”. A entrevistada C complementa esta ideia – “Contratamos meninas despreparadas para o mercado de trabalho e procuramos moldá-las para o tipo de serviço que oferecemos. Através de treinamentos, tentamos minimizar este ponto fraco que é a falta de experiência”. Na visão das entrevistadas D e E, que trabalham como vendedoras, a experiência de trabalho em geral é fraca, porém todos merecem a oportunidade de aprender. “Todas nós precisamos começar por algum lugar, pois ninguém nasce sabendo. Quem dá incentivo para o primeiro emprego está contribuindo para o desenvolvimento de um futuro profissional”, diz a entrevistada D. 84 AVALIAÇÃO/ITEM RESPONDENTE B C D E FR FR FR FR 1. Experiência de trabalho 3 4 5 5 FO FO FO FO 2. Relações políticas externas 2 3 2 4 FO FO FO FO 3. Estilo de administração 3 3 5 5 4. Capacidade da gerencia em tomar FO FO FO FO decisões 3 3 5 5 FO FO FO FO 5. Entendimento do negócio 5 5 5 5 RECURSOS 6. Planos de avaliação e desenvolvimento de FR FR FR FR HUMANOS funcionários 3 3 4 4 FR FR FR FO 7. Treinamentos promovidos pela empresa 4 4 4 3 FR FR FR FR 8. Índice de Rotatividade 4 4 5 4 FR FO FO FO 9. Índice de Absenteísmo 4 2 3 3 FR FO FR FO 10. Perfil da força de trabalho 3 2 3 3 FO FO FO FO 11. Clima no trabalho 4 4 5 5 PFO: Ponto forte PFR: Ponto fraco (1) Nenhuma interferência (2) Fraca interferência (3) Média interferência (4) Forte interferência (5) Total interferência DIMENSÃO SEGMENTO Quadro 12 – Recursos Humanos Fonte: Wright, Kroll e Parnell, 2007. Adaptado pela autora. As relações políticas externas são consideradas como um ponto forte por todas as entrevistadas, com grau de interferência entre fraca e forte. De acordo com a entrevistada B: “A loja tem ótima relação com os fornecedores, empresas que prestam serviço terceirizado, sindicatos, órgãos regulamentadores etc.”, e a entrevistada E complementa – “a Face Girl é bem vista e reconhecida em seu mercado de atuação, até mesmo pela concorrência”. O estilo de administração foi unanimidade entre as entrevistadas; ou seja, todas consideram como sendo um ponto forte que varia sua interferência entre média e total. Para a entrevistada C, “o estilo de administração da empresa é centralizador e poderia ser mais flexível, porém existe diálogo entre os envolvidos e sempre se tenta chegar a um consenso no momento de tomar uma decisão”. As vendedoras (entrevistadas D e E), acreditam que, se a empresa é bem vista pelo mercado, isso se deve a seu estilo de administração. “O proprietário da loja é sempre firme em suas decisões e possui uma visão ampla de seu negócio”, diz a entrevistada D. 85 Com relação à capacidade da gerência para tomar decisões, todas as entrevistadas avaliaram como ponto forte. As gerentes consideram um item de média interferência. Segundo a entrevistada B, “apesar de todas as grandes decisões passarem pela aprovação do presidente, temos autonomia para agir em questões que surgem no dia-a-dia”. A entrevistada C complementa – “Trabalhamos em conjunto, porém cada loja tem uma pessoa responsável pelas decisões imediatas”. Segue relato da entrevistada E, que juntamente com suas colegas de trabalho, tem a missão de executar as decisões da gerência – “Temos abertura para falar com a gerência, e os problemas que passamos a ela são solucionados rapidamente”. O entendimento do negócio foi considerado por todas como um ponto forte de total interferência na organização. Para a entrevistada B, “a empresa trabalha embasada somente pelo feeling do proprietário, e com este modelo de gestão estamos atingindo crescente ascensão”. Complementando a ideia anterior, a entrevistada C diz que “o proprietário tem uma visão empreendedora, e por estar há anos neste mercado, ou seja, no ramo de confecção e varejo, o entendimento é incontestável”. As outras entrevistadas (vendedoras) partilham da mesma opinião, ambas consideram o presidente da empresa um grande empresário e profundo entendedor de seu negócio. Com relação aos planos de avaliação e desenvolvimento de funcionários e treinamentos promovidos pela empresa, quase houve unanimidade de opiniões. As entrevistadas B e C consideram o segmento referente aos planos de avaliação como um ponto fraco, porém de média interferência na organização. “A empresa não possui planos de avaliação de desenvolvimento de funcionários, porque poucas são as estagiárias que se tornam efetivas, e este é um ponto que deve ser melhorado”, diz a entrevistada C. Já as entrevistadas D e E consideram um ponto fraco de forte interferência, pois, segundo a entrevistada D, “a empresa deveria investir em treinamentos a fim de efetivar as estagiárias e mais tarde implantar os planos de avaliação de funcionários”, e a entrevistada E complementa – “Isto motivaria as vendedoras a se empenharem cada vez mais, gerando benefícios tanto para a empresa quanto para as funcionárias”. Já o segmento de treinamentos promovidos pela empresa foi avaliado como um ponto fraco de forte interferência na opinião das entrevistadas B, C e D. Conforme relato da entrevistada B, “disponibilizamos treinamentos para as funcionárias que entram na organização e também são realizadas reuniões mensais onde são tratados assuntos organizacionais e motivacionais. Nestes encontros também são transmitidas algumas técnicas de vendas a fim de aprimorar a experiência das colaboradoras. Porém, poderiam existir mais treinamentos focados em excelência no atendimento”. A entrevistada C complementa: 86 “Nestas reuniões mensais falamos sobre metas, premiação e sobre a organização no geral, mas deveriam existir treinamentos específicos para as vendedoras”. E, como diz a entrevistada D, que é uma dessas vendedoras, “os treinamentos são importantes para desenvolvermos melhor a nossa função”. Já na opinião da entrevistada E, este segmento é considerado um ponto forte de média interferência: “Creio que os treinamentos oferecidos pela empresa são suficientes para a função que desempenhamos”. Com relação à rotatividade, todas as entrevistadas possuem a mesma opinião, sendo um ponto fraco com interferência forte à total. Para a entrevistada B, “a rotatividade é alta por trabalharmos com estagiárias, pois muitas delas acabam migrando para outra área no decorrer do estágio, gerando constantes trocas”. Complementando, a entrevistada C diz que: “Muitas meninas desistem por acharem que não terão possibilidade de crescimento dentro da empresa, então migram para outros segmentos”. Na opinião da entrevistada D, “é ruim quando a equipe muda constantemente, pois quando sai uma vendedora experiente ocorre o trabalho de treinar outra em seu lugar, gerando instabilidade”. O absenteísmo foi avaliado por dois ângulos diferentes. Segundo a entrevistada B, este segmento de maneira geral representa um ponto fraco com forte interferência para a organização – “a maioria das funcionárias são estagiárias, ou seja, conciliam trabalho com escola, e esta situação muitas vezes gera muitas faltas no trabalho”. Já as entrevistadas C, D e E consideram como um ponto forte com interferência que varia de fraca à média na organização, pois na loja de Canoas o índice de absenteísmo é baixo e não chega a prejudicar seu andamento. O perfil da força de trabalho também foi analisado de duas maneiras pelas entrevistadas. Na opinião das entrevistadas B e D, este item se apresenta como um ponto fraco de média interferência. Para a entrevistada B, “as funcionárias não possuem experiência no mercado (primeiro emprego), tornando assim a “força de trabalho” despreparada”. Já na concepção das entrevistadas C e E, este segmento é um ponto forte que varia sua interferência entre fraca e média. De acordo com a entrevistada C, “embora as vendedoras sejam inexperientes e muito jovens, creio que justamente este motivo faz com que elas se superem e queiram provar que são capazes de se destacar. Isto beneficia a força de trabalho, tornando-a mais sólida”. A entrevistada E apresentou o seguinte relato – “Toda a equipe de trabalho é muito esforçada. Trabalhamos de acordo com as normas recebidas e atendemos os clientes da melhor forma possível”. 87 O clima no trabalho foi considerado por todas como um ponto forte dentro da empresa, com grande nível de interferência. “Existe respeito e comunicação entre toda a equipe de trabalho”, relata a entrevistada B. Na visão da entrevistada C, “partilhamos de um ambiente agradável, e este clima transparece e influi no trato com os clientes”. Para as entrevistadas D e E, a Face Girl é um bom lugar para se trabalhar. Pode-se perceber que alguns segmentos têm consequências um sobre o outro ou se misturam entre si, como no caso dos treinamentos: se a empresa não dá muita ênfase a eles ou não trabalha com plano de carreira, consequentemente não haverá planos de avaliação e desenvolvimento de funcionários dentro dessa organização. A mesma situação acontece no que se refere ao índice de rotatividade, absenteísmo e perfil da força de trabalho, pois, se existe alta rotatividade e absenteísmo numa empresa, com certeza o perfil da força de trabalho será frágil e despreparada. No Quadro 13 podem ser visualizadas as opiniões das gerentes e vendedoras da Face Girl com relação aos diferentes segmentos da organização. DIMENSÃO AVALIAÇÃO/ITEM RESPONDENTE B C D E FO FO FO FO 4 4 5 4 FO FO FO FO 3 4 4 5 FO FO FR FO 4 4 3 5 FO FO FO FO 3 4 5 5 FO FR FO FO 4 2 4 4 FO FO FO FO 4 5 4 5 FO FO FO FO 4 4 5 4 SEGMENTO 12. Qualidade dos serviços 13. Imagem da empresa 14. Flexibilidade da produção ORGANIZAÇÃO 15. Comunicação interna 16. Comunicação externa 17. Localização 18. Layout da organização PFO: Ponto forte PFR: Ponto fraco (1) Nenhuma interferência (2) Fraca interferência (4) Forte interferência (5) Total interferência (3) Média interferência Quadro 13 – Organização Fonte: Wright, Kroll e Parnell, 2007. Adaptado pela autora. A qualidade dos serviços e produtos foi considerada como um ponto forte por todas as entrevistadas, tendo uma forte interferência no andamento da loja. “Com relação ao serviço prestado, as vendedoras procuram exercer o trabalho da melhor forma possível, buscando sempre a excelência no atendimento. E no que diz respeito aos produtos comercializados, a empresa preza pela qualidade da matéria-prima e pela diversidade, pois possui uma estilista 88 que desenha peças exclusivas para nossas clientes”, relata a entrevistada B. A entrevistada C complementa: “A loja apresenta um bom atendimento e os produtos são todos de qualidade, pois a maioria é de fabricação própria”. Uma das vendedoras, caracterizada aqui como entrevistada D, diz que “não existe reclamação dos produtos, pois são bons e baratos”. No segmento que trata da imagem da empresa as visões foram as mesmas; ou seja, todas consideram como um ponto forte, variando a interferência entre média e alta. De acordo com a entrevistada C, “o proprietário preocupa-se em não degradar a imagem da loja, que visa atingir um público jovem de classe média; para tanto, se utiliza de anúncios em rádio (Atlântida), em revista de circulação local e jornais para promover esta divulgação”. As entrevistadas D e E complementam lembrando que o boca a boca também ajuda, pois “quem gosta dos produtos da loja e também do atendimento irá transmitir esta informação para outras pessoas, propagando a boa imagem da loja”. A flexibilidade da produção teve dois tipos de avaliação, pois, enquanto as entrevistadas B, C e E a consideram como sendo um ponto forte na empresa, a entrevistada D a avalia como sendo um ponto fraco de média interferência: “Considero um ponto forte, pelo fato de que quase todos os produtos comercializados são de fabricação própria, o que facilita em caso de alguma variação climática”, diz a entrevistada B. A entrevistada C tem a mesma opinião – “Nossa confecção é própria, o que possibilita a flexibilidade de estoque em períodos de troca de temperatura”. Porém a entrevistada D pensa de outra maneira: “Como a empresa possui três lojas, muitas vezes a produção não dá conta e faltam peças nos estoques. Acho que deveria aumentar a linha de produção da malharia”. Todas as entrevistadas consideram a comunicação interna como um ponto forte dentro da organização. De acordo com a entrevistada C, “existe um bom relacionamento entre gerência e vendedoras e, por se tratar de uma equipe pequena, torna-se mais fácil a relação”. As vendedoras compartilham a mesma ideia, pois existe liberdade para a exposição de problemas e sugestões de melhoria. A comunicação externa é vista como um ponto forte para as entrevistadas B, D e E, pois, de acordo com a entrevistada B e já exposto anteriormente, “existe um bom canal de comunicação com o cliente, como anúncios em rádio, revistas e jornais locais”. Já a entrevistada C considera este segmento como um ponto fraco, porém de fraca interferência – “Apesar de divulgarmos a loja em vários canais de comunicação, creio que nos falta um site para atingir mais fortemente nosso público-alvo, que é um público jovem que está sempre navegando na internet”. 89 Já a questão da localização é inquestionável e unânime entre todas as entrevistadas, que a consideram como sendo um ponto forte a favor da organização. De acordo com a entrevistada B, “temos um ponto privilegiado, pois estamos próximos de diversos meios de transporte: trem, ônibus e táxi”. Já a entrevistada C complementa dizendo que é uma área central de grande circulação de pedestres. O layout da organização também é considerado um ponto forte por todas: “Apesar de ser uma loja pequena, em contrapartida possui uma distribuição adequada para seu tamanho”, diz a entrevistada B. O relato da entrevistada C diz: “Nossos produtos estão bem expostos, ou seja, são de fácil acesso para os clientes, e nossa vitrine é organizada”. As outras entrevistadas partilham da mesma visão, porém apontam os provadores como sendo pequenos, de acordo com a opinião de algumas clientes. No Quadro 14 podem ser visualizadas as interferências dos recursos físicos no andamento da organização na opinião das entrevistadas. AVALIAÇÃO/ITEM RESPONDENTE A B C D FO FR FR FR 19. Tecnologia 4 4 4 2 20. Equipamentos: condições, modernidade FO FO FR FO e conservação 3 3 4 5 RECURSOS 21. Eficiência e eficácia dos sistemas de FR FR FR FR FISÍCOS informação 3 5 4 2 FR FR FR FR 22. Sistema Gerencial 3 2 5 2 FR FR FR FR 23. Softwares 3 4 5 2 PFO: Ponto forte PFR: Ponto fraco (1) Nenhuma interferência (2) Fraca interferência (3) Média interferência (4) Forte interferência (5) Total interferência DIMENSÃO SEGMENTO Quadro 14 – Recursos físicos Fonte: Wright, Kroll e Parnell, 2007. Adaptado pela autora. Os recursos físicos no geral contabilizam vários pontos fracos para a Face Girl, pois a empresa não conta com avançados recursos de informática, o que de certa forma não a prejudica tanto por se tratar de um varejo de roupas. Na questão da tecnologia, apenas a entrevistada B considera como um ponto forte – “No segmento em que atuamos, a tecnologia utilizada é adequada e suficiente, tais como: sistema de alarme nas roupas, câmeras de monitoramento e cupom fiscal eletrônico”. As demais avaliam como um ponto fraco, que varia a interferência entre fraca e forte, pois acreditam que tecnologia nunca é demais e a empresa poderia utilizá-la para se destacar da concorrência. 90 Condições, modernidade e conservação dos equipamentos são um ponto forte para as entrevistadas B, C e E, com grau de interferência entre médio e total, por considerarem que o patrimônio da loja (mobília, eletrônicos etc.) estão em bom estado de conservação e num grau de modernidade adequados. Já para a entrevistada D este segmento é um ponto fraco com forte interferência: “A iluminação da loja deixa a desejar, e os ventiladores não estão em boas condições”. Os segmentos de eficiência e eficácia dos sistemas de informação, sistema gerencial e softwares estão ligados uns aos outros e foram avaliados juntamente. Todas as entrevistadas os consideram como sendo um ponto fraco dentro da organização, com interferência entre fraca e total, pois a empresa não utiliza nenhum destes recursos. A entrevistada B reforça a seguinte questão: “A empresa ainda não possui estes recursos, porém existe interesse em adquiri-los, pois facilitaria nosso processo gerencial”. Segundo a entrevistada B, “a empresa não trabalha com sistema de informação, porém isto facilitaria o trânsito de mercadoria entre as lojas, por exemplo. Hoje é realizado um controle manual das peças que faltam nas lojas para depois passar à produção. Se existisse um sistema, seria muito mais rápido e seguro”. As demais entrevistadas acreditam que a utilização de um sistema gerencial seria interessante até para o controle da comissão das funcionárias. 6.1.3 Análise dos questionários aplicados com os clientes Com o intuito de verificar a imagem que a loja transmite para seus consumidores foi aplicado um questionário aberto (Apêndice C) a 20 clientes, a fim de que expressassem de forma livre os pontos fortes e fracos da empresa, em sua opinião, mostrados no quadro a seguir: PONTOS FORTES - Imagem da loja (jovem) - Qualidade dos produtos - Funcionárias - Coleções de acordo com as tendências - Diversidade de modelos - Preço - Localização - Atendimento - Formas de pagamento - Divulgação - Vitrine PONTOS FRACOS - Espaço físico - Modelos com repetição de cores - Poucos itens em jeans - Pouca numeração - Provadores pequenos - Ventilação - Disputa entre vendedoras Quadro 15 – Pontos fortes e pontos fracos destacados pelos clientes Fonte: Autoria própria 91 Logo, segue um ranking com os itens mais citados pelos entrevistados, entre pontos fortes e fracos: 16 14 12 Localização 10 Qualidade dos produtos Atendimento 8 Imagem da loja 6 Diversidade de modelos 4 Formas de pagamento 2 Preço 0 Pontos Fortes Figura 10 – Pontos fortes destacados pelos clientes da Face Girl Fonte: Autoria própria 15 12 Espaço físico 9 Provadores pequenos 6 Pouca numeração 3 Modelos com repetição de cores 0 Pontos Fracos Figura 11 - Pontos fracos destacados pelos clientes da Face Girl Fonte: Autoria própria Com relação aos pontos fortes mais lembrados, seguem algumas citações e suas justificativas de escolha: “Loja com cara de gente jovem, as funcionárias transmitem bem esta identidade”. (Entrevistado K) 92 “É uma loja com estilo jovem que valoriza o espírito jovial do cliente, que a procura por oferecer produtos nesta linha”. (Entrevistado Q) “A diversidade de modelos, a loja oferece opções tanto para situações esportivas quanto para ocasiões mais formais”. (Entrevistado F) “Preço dentro do mercado, proporcional à qualidade dos produtos”. (Entrevistado R) “Fácil localização, próxima do trem e da parada central de ônibus, possui estacionamentos nas redondezas”. (Entrevistado Q) “Bom atendimento, todas as vezes que fui até a loja, seja para olhar ou efetuar compra, fui bem atendida”. (Entrevistado G) “Oferece mais de uma forma de pagamento, possibilitando a opção para o cliente”. (Entrevistado F) Seguem agora algumas citações e justificativas relacionadas aos pontos fracos destacados: “Em certos dias fica desconfortável permanecer na loja devido ao grande movimento e ao pequeno espaço para atendimento”. (Entrevistado Q) “Muitas cores do mesmo modelo, podendo assim encontrar outras pessoas com a mesma roupa”. (Entrevistado R) “A pouca quantidade de numeração. A loja oferece peças bonitas, mas a maior quantidade é de tamanho P; quem usa do tamanho M para cima fica em desvantagem”. (Entrevistado S) “Os provadores são abafados e pequenos, dificultando a mobilidade nas trocas de roupa”. (Entrevistado F) 6.2 Análise SWOT Segundo Fernandes e Berton (2005, p. 136), todas as análises de ambiente externo e da organização desembocam no que a literatura em Administração Estratégica vem chamando de análise SWOT – do inglês strengths (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportunidades) e threats (ameaças). Esse conceito resume os principais aspectos do ambiente e as capacitações da empresa que têm maior impacto para o desenvolvimento da estratégia. A partir de todos os dados coletados, tanto nos questionários fechados aplicados com os proprietários e/ou funcionárias, que continham segmentos referentes ao ambiente externo 93 (oportunidades e ameaças) e ao ambiente interno (pontos fortes e fracos), quanto no questionário aberto aplicado com os clientes para avaliar o ambiente interno da organização, pôde-se montar a matriz SWOT da Face Girl. A partir da análise da matriz SWOT visualizam-se as oportunidades que devem ser aproveitadas e as ameaças que devem ser monitoradas. Segundo afirmam Bateman e Snell (2007, p. 135), aproveitam-se as oportunidades disponíveis, capitalizando as forças da organização, neutralizando suas fraquezas e combatendo as ameaças potenciais. OPORTUNIDADES - Legislação de micro e pequenas empresas - Poupança, consumo, tendências - Poder aquisitivo da população - Disponibilidade de diferentes fontes de financiamento AMEAÇAS - Leis tributárias - Alterações climático-sazonais - Influência da taxa de juros - Entrantes potenciais FORÇAS - Estilo de Administração - Capacidade da gerência em tomar decisões - Entendimento do negócio - Clima no trabalho - Qualidade dos serviços e produtos - Imagem da empresa - Flexibilidade da produção - Comunicação interna - Comunicação externa - Localização - Layout da organização - Atendimento FRAQUEZAS - Experiência de trabalho (Contratação de estagiárias) - Plano de avaliação e desenvolvimento de funcionários - Treinamentos promovidos pela empresa - Rotatividade - Tecnologia - Eficiência e eficácia dos sistemas de informação - Softwares - Espaço físico Figura 12 – Matriz SWOT da empresa Face Girl Fonte: Autoria própria No caso da Face Girl, nota-se que tanto a questão de poupança, consumo e tendências quanto o poder aquisitivo da população são oportunidades que devem ser aproveitadas, já que ambas favorecem o consumo das pessoas. Tais oportunidades caem positivamente sobre as forças da empresa, que são a qualidade dos serviços e produtos, imagem da empresa, comunicação externa, localização etc. Entretanto, quando as oportunidades mencionadas recaem sobre as fraquezas, que se concentram basicamente na questão da experiência de trabalho e da tecnologia, necessitam de monitoramento contínuo para não representarem problemas futuros, pois a concorrência pode aproveitá-las. Da mesma forma acontece com as ameaças – alterações climático-sazonais, leis tributárias, influência da taxa de juros e 94 entrantes potenciais - que recaem sobre as forças da organização, tais como flexibilidade da produção, estilo de administração, qualidade dos serviços e produtos, imagem da empresa etc., também devem ser monitoradas. As ameaças já mencionadas merecem atenção especial, por poderem acarretar problemas irreversíveis ao negócio. Essas ameaças caem negativamente sobre as fraquezas da empresa, que é a pouca experiência de trabalho das colaboradoras, a alta rotatividade, a falta de treinamentos específicos e inexistência do uso de tecnologia no gerenciamento da organização. A matriz SWOT mostra que a empresa deve focar na qualidade de seus produtos e serviços e na imagem da empresa, que são fatores bem vistos pelos clientes. Já questões de ordem interna, como recursos humanos e tecnologia, apresentam grau de insuficiência e inexistência, respectivamente. Feita a identificação dos pontos a serem aproveitados e monitorados, cabe à direção da empresa saber conduzi-los eficientemente no processo de implementação do planejamento estratégico. 6.3 Definição da identidade da Empresa Para alcançar a definição da identidade da empresa foi utilizada uma das mais conhecidas técnicas de geração de ideias – o brainstorming. Tal ferramenta foi aplicada com dois proprietários da empresa, um deles representado pelo presidente e outro pela gerente administrativa, sendo realizada na residência deles no dia 17 de setembro de 2009, com duração de 1 hora e 30 minutos. 6.3.1 Definição do negócio Segundo Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (2001, p. 31), Negócio “é o entendimento do principal benefício esperado pelo cliente”. Para identificar este benefício descrito pelos autores anteriormente, foi realizado um brainstorming. Durante a sessão de brainstorming surgiram diversas ideias do que poderia ser o principal foco da empresa, tais como: venda de roupas e acessórios para mulheres; vestir 95 mulheres com estilo; comércio de roupas femininas etc. Após a análise das sugestões, definiuse o seguinte negócio para a organização: “Comercializar roupas e acessórios femininos”. 6.3.2 Definição da missão De acordo com Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (2001, p. 31), a Missão “é a razão de existir da empresa em seu Negócio”. Para a definição da missão também foi utilizada a técnica do brainstorming, e para tanto surgiram as seguintes ideias: Vestir mulheres. Seguir as tendências da moda. Priorizar a qualidade dos produtos. Satisfazer o público-alvo. Valorizar o atendimento. Após a análise de todas as ideias apresentadas, os sócios decidiram unificar em uma só frase todos os itens destacados acima, por acreditarem que, juntos, eles definem a razão de existir da Face Girl. Logo, a Missão da organização é: “Atuar no varejo de roupas femininas seguindo as tendências da moda, priorizando a qualidade dos produtos e a excelência no atendimento”. 6.3.3 Definição dos valores Segundo Oliveira (2008, p. 43), “Valores representam o conjunto dos princípios, crenças e questões éticas fundamentais de uma empresa, bem como fornecem sustentação a todas as suas principais decisões”. Para a definição dos valores, os proprietários buscaram expressar através deles aquilo que o cliente deve esperar e receber do estabelecimento escolhido para realizar suas compras. 96 Qualidade – A Face Girl prioriza a comercialização de produtos com alta qualidade, desde a escolha da matéria-prima, passando pelo processo de criação e confecção, até chegar ao consumidor final. Responsabilidade – Os produtos confeccionados pela empresa são regulamentados pelo Inmetro, que fiscaliza todas as normas de fabricação, fornecendo, assim, produtos confiáveis ao cliente. Excelência no atendimento – A empresa visa à satisfação de seu cliente; ou seja, ao entrar na loja ele será atendido de maneira que sua necessidade seja atendida. Confiança – A Face Girl busca transmitir confiança através de sua imagem jovem, descontraída e moderna. 6.3.4 Definição da visão Visão é considerada como os limites que os principais responsáveis pela empresa conseguem enxergar dentro de um período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla. Representa o que a empresa quer ser em um futuro próximo ou distante (OLIVEIRA, 2008, p. 43). Após a leitura desse conceito, os proprietários definiram a seguinte Visão para a empresa: “Estar entre as cinco lojas de Moda Jovem feminina mais lembradas por consumidoras de Porto Alegre e Região Metropolitana até 2014”. 6.3.5 Definição do objetivo Segundo Oliveira (op. cit., p. 141), os objetivos podem ser conceituados como o estado, situação ou resultado futuro que o executivo pretende alcançar. O termo objetivo relaciona-se a tudo o que implica obtenção de um fim ou resultado final; ou seja, é o alvo ou ponto que se pretende alcançar. Objetivos são os diversos resultados que a organização se propõe a alcançar, com um prazo definido para que aconteçam (FERNANDES; BERTON, 2005, p. 153). Sendo assim, os proprietários definiram o seguinte objetivo que embasará as decisões tomadas para atingir a 97 Visão da empresa: “Ser reconhecidos no segmento em que atuamos, e também por nossos clientes, como modelo de excelência em qualidade e atendimento”. 6.4 Definição dos Objetivos estratégicos Segundo Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (2001, p. 31), os objetivos são resultados que a empresa precisa alcançar em prazo determinado para concretizar sua Visão sendo competitiva no ambiente atual e futuro. Os autores ainda relatam que a definição de um conjunto harmonioso de Objetivos é primordial para concretizar a Visão e cumprir a Missão no seu Negócio. Portanto, após a análise ambiental, onde foram levantadas as oportunidades, ameaças, forças e fraquezas da organização, e levando em conta o propósito da Missão e Visão que a empresa pretende atingir, definiu-se um objetivo geral e, a partir dele, os objetivos estratégicos. 1o objetivo: Aprimorar o padrão de qualidade dos serviços da organização. Embora a questão da qualidade dos produtos e serviços tenha sido mencionada como um ponto forte para os proprietários, colaboradores e clientes, cabe manter e, se possível, elevar o padrão de qualidade atual. De acordo com o objetivo geral traçado, a empresa almeja ser reconhecida pela qualidade, e para tanto é necessário aprimorar-se cada vez mais para ser um diferencial perante a concorrência. Para atingir um padrão de excelência, não basta vender produtos de qualidade; é preciso estender esta qualidade ao layout da loja, às formas de divulgação da marca e, principalmente, ao atendimento prestado aos clientes. Deve-se estar atento aos desejos do consumidor e aos aspectos de seu comportamento buscando inovar com diferentes tendências de cores, tecidos e modelos. A perda da visão de qualidade por parte dos clientes pode trazer consequências desastrosas para a empresa, abrindo espaço para a concorrência, transferindo clientela e, em consequência, gerando perda de lucratividade. Para que isto não ocorra, é necessário utilizar estratégias que conduzam à concretização do objetivo. 98 2o objetivo: Adotar treinamentos especializados para as colaboradoras. A partir da análise ambiental interna verificou-se que a empresa deixa a desejar na questão de treinamentos, e esta falha acaba gerando inexperiência, alta rotatividade e o consequente frágil perfil de sua força de trabalho, o qual se deve também à constante contratação de estagiárias. A Face Girl prioriza a excelência no atendimento, tanto que a menciona em sua Missão e em seus Valores. Para chegar a um alto nível de excelência, os treinamentos e capacitações externas são de suma importância, pois através deles pode-se transmitir todo o conhecimento necessário para que as colaboradoras coloquem em prática um atendimento eficaz, ou seja, que gere a satisfação do cliente. Este é um ponto crítico para qualquer empresa que preza pelo bom relacionamento com seu cliente, pois um mau atendimento gera muito mais do que um simples descontentamento. Um cliente insatisfeito compartilha sua insatisfação com outras pessoas de sua relação, e assim sucessivamente, o que acaba denegrindo a imagem da loja e causando prejuízos internos e externos. 3o objetivo: Investir na divulgação da imagem da loja. A Face Girl visa transmitir uma imagem jovem, descontraída e de acordo com as tendências da moda, e para isso já conta com publicidade em diversos meios de comunicação, tais como: rádio, revistas e jornais. Nas entrevistas realizadas, a comunicação externa foi considerada como um ponto forte pela maioria dos entrevistados, entre proprietários, vendedoras e clientes. No entanto, para chegar a ser reconhecida em seu segmento e pelos consumidores como empresa modelo no que se dispõe a realizar, é preciso investimento e dedicação em publicidade e propaganda. Para alcançar o patamar desejado, é necessário expandir a divulgação da empresa a fim de atrair novos clientes e tornar fiéis aqueles já existentes, porém tudo deve ser organizado de acordo com a imagem que a organização busca transmitir ao mercado, pois uma propaganda equivocada pode acarretar perda de identidade e de clientes. 99 6.5 Estratégias e Plano de Ação 6.5.1 Estratégias De acordo com Fernandes e Berton (2005, p. 158), a estratégia é um meio para atingir um objetivo, e a formulação dessas estratégias envolve a determinação de cursos de ação apropriados para se alcançar os objetivos estabelecidos pela empresa. O processo de formulação dessas estratégias envolve análise, planejamento e seleção para que se aumentem as possibilidades de alcance desses objetivos. É necessário definir um conjunto de estratégias competitivas para atingir os objetivos, dizem Pagnoncelli e Vasconcelos Filho (2001, p. 298), que complementam com o conceito de que Estratégia Competitiva é o que a empresa decide fazer e não fazer, considerando o Ambiente, para concretizar a Visão e atingir os Objetivos, respeitando os Princípios, visando cumprir a Missão no seu Negócio. Para tanto, foram definidas as estratégias para alcançar os objetivos da Face Girl. 6.5.2 Plano de Ação Após traçados os objetivos estratégicos para a organização e suas respectivas estratégias, tornou-se possível a concretização do plano de ações estratégicas para a Face Girl. Logo, segue cada um dos objetivos da empresa juntamente com suas estratégias, organizados através da ferramenta 5W2H. 1o Objetivo: Aprimorar o padrão de qualidade dos serviços da organização. Estratégias: a) Implantar um sistema de controle gerencial informatizado. b) Expandir o mix de produtos comercializados. c) Realizar uma reforma na estrutura física da loja. 100 WHAT WHO WHEN WHERE WHY HOW HOW MUCH O QUE? QUEM? QUANDO? ONDE? POR QUE? COMO? QUANTO? Implantar um sistema de Os controle propriegerencial tários. informatiza do. a partir de 1º de julho de 2010. Em toda empresa – malharia e lojas. Conscientizando Modernizar os gerência e processos da colaboradores sobre a empresa como um importância de um todo. sistema gerencial. Sistema Facilitar o controle Contratando empresa gerencial, de estoque e especializada em manutenção transferência de sistema de gestão do sistema e mercadorias entre empresarial para treinamentos: as lojas. realizar a realizar implantação. Agilizar a troca de orçamento. informação entre a Proporcionar malharia e as lojas. treinamentos para a utilização da nova Tornar a empresa ferramenta de mais competitiva. trabalho. Para atingir um maior número de clientes. Expandir o mix de os a partir de em todas produtos proprie- 1o de janeiro as lojas. comercializ tários. de 2010. ados. Aumentar a lucratividade da empresa. Desenvolver um novo segmento de mercado. Destacar-se da concorrência. Para renovar e modernizar o layout da loja. Realizar uma os a partir de reforma na proprie- 1o de janeiro estrutura tários. de 2010. da loja. na loja. Tornar o ambiente mais espaçoso para as clientes. Proporcionar maior atratividade visual à loja. A partir da comercialização de calçados femininos, estilo surf wear, e moda masculina jovem. Investir na divulgação deste novo segmento por meio de panfletos e mídia. Contratando vendedores masculinos. Contratando um profissional especializado para executá-la (layout, vitrine, fachada, pintura etc.). Instalação de TVs de LCD, que ficarão dispostas na loja transmitindo videoclipes. Divulgar a nova estrutura da loja no rádio. Custo com o novo mix de produtos, panfletos, mídia e contratação de colaboradores: realizar orçamento. Contratação de mão-deobra profissional, materiais, TV’s LCD e divulgação no rádio: Realizar orçamento. Quadro 16 – 1o objetivo: Aprimorar o padrão de qualidade dos serviços da organização. Fonte: Formulado pela autora. 101 2o Objetivo: Adotar treinamentos especializados para as colaboradoras. Estratégias: a) Promover um processo de integração para as colaboradoras. b) Desenvolver suporte para capacitação externa das colaboradoras. c) Implantar um sistema de avaliação e desenvolvimento de funcionários. WHAT WHO WHEN WHERE WHY HOW O QUE? QUEM? QUANDO? ONDE? POR QUE? COMO? HOW MUCH QUANTO ? Promover a integração das colaboradoras. Promover um processo de integração para as colaboradoras a gerência A cada entrada de uma nova colaboradora e também mensalmente. Transmitir a cultura organizacional da empresa. nas lojas Proporcionar feedback entre chefia e colaboradoras. A partir de 1° de março de 2010. Desenvolver suporte para os capacitação proprietários externa das colaboradoras. Definir escala de trabalho e metas a serem atingidas. Através de encontros entre gerência e colaboradoras. Transmitindo a importância dos treinamentos para o fortalecimento da equipe de trabalho. Sem custo para a empresa. Discutir problemas ocorridos no dia-a-dia da loja. Aprimorar o conhecimento das funcionárias. em Semestrais. instituições Motivar as funcionárias para especialio melhor desenvolvimento A partir de 1° zadas em de suas funções. de março de técnicas de 2010. varejo. Investir no desenvolvimento da força de trabalho. Através de encontros fora do horário de trabalho em uma instituição escolhida pela empresa. Incentivando as funcionárias a realizar os treinamentos, alertando para a importância dos mesmos para seu futuro profissional. Treinamentos especializados: realizar orçamento Informando as funcionárias sobre a importância da avaliação. Implantar um sistema de a partir de 1º avaliação e os de março de desenvolvi- proprietários. 2010. mento de funcionários. Avaliar o desempenho individual de cada funcionária. nas lojas, com as colaboradoras. Fortificar a força de trabalho, tornando as funcionárias mais preparadas e motivadas. Minimizar o índice de rotatividade e absenteísmo dentro da empresa. Disponibilizando treinamento especializado para a gerência aplicar o sistema de avaliação. Através de avaliações de 180º graus que prevê auto-avaliação, avaliação do gestor (avaliando o subordinado) e consenso-feedback. Treinamento de RH: realizar orçamento Quadro 17 – 2º objetivo: Adotar treinamentos especializados para as colaboradoras. Fonte: Formulado pela autora. 102 3o Objetivo: Investir na divulgação da imagem da loja. Estratégias: a) Criar um site organizacional. b) Criar um canal de relacionamento com os clientes. c) Desenvolver um cartão fidelidade. WHAT WHO WHEN WHERE WHY HOW HOW MUCH O QUE? QUEM? QUANDO? ONDE? POR QUE? COMO? QUANTO? Criar um site a partir de os organiza1° de julho proprietários cional. de 2010. na empresa. Para aproximar a loja do Contratando uma seu público-alvo e atrair empresa especializada novos clientes. na elaboração de web sites. Elaboração do Aumentar a visibilidade site e da empresa. Incentivando os campanha de clientes a acessarem o lançamento Divulgar produtos, site. no rádio: novidades e promoções. realizar Elaborar uma orçamento Destacar-se da campanha de concorrência a partir da lançamento do site modernização de sua nas rádios. imagem. Para medir o grau de satisfação de todo cliente que entra na loja. Criar um canal de relacionamento com os clientes. a partir de os 1° de julho proprietários de 2010. nas lojas Aprimorar os serviços prestados. Informar os clientes sobre novidades e promoções. Fidelizar os clientes. Implantar um software de CRM para armazenar informações dos clientes. Colocar uma caixa para críticas e sugestões em todas as lojas. Software de CRM e pesquisa de satisfação: realizar orçamento. Realizar pesquisas semestrais de satisfação. Contratar uma gráfica para elaborar os cartões. Para fidelizar os clientes existentes. Desenvolver a partir de os um cartão 1° de julho proprietários fidelidade. de 2010. Conquistar novos clientes. nas lojas Destacar-se da concorrência. Divulgar a marca Face Girl. Incentivar os clientes a adquirirem o cartão fidelidade. A cada compra realizada acima de R$ 30,00, o cliente acumula pontos que serão convertidos em descontos para as próximas compras. Mostrar aos clientes os benefícios do cartão fidelidade. Divulgar o cartão fidelidade no rádio. Quadro 18 – 3o objetivo: Investir na divulgação da imagem da loja. Fonte: Formulado pela autora. Serviço da Gráfica e divulgação no rádio: realizar orçamento. 103 6.6 Controle e Avaliação Todo o planejamento requer um controle, pois de nada adianta definir objetivos e estratégias se após sua implantação não houver um controle estratégico. Segundo Certo (2003, p. 164), o controle estratégico é a última etapa no processo de gerenciamento de estratégias. Consiste em monitorar e avaliar o processo de gerenciamento de estratégias como um todo para assegurar que ele esteja funcionando adequadamente. Este controle focaliza atividades envolvidas na análise ambiental, na direção organizacional, na formulação de estratégias, na implementação de estratégias e no controle estratégico em si – verificando que todos ao passos do processo de gerenciamento de estratégias sejam adequados, compatíveis e funcionem adequadamente. Para realizar este controle, a pesquisadora baseou-se nos quatro passos do ciclo de controle definido por Bateman e Snell (2007, p. 522). Determinar padrões de desempenho Medir o desempenho Comparar Determinar desvios Padrões Adotar ações corretivas Dentro dos limites Não Sim Continuar com os trabalhos Figura 13 - O processo de controle Fonte: Elaborado pela autora com base em Bateman e Snell, 2007, p. 522. A Figura 13 descreve um sistema de controle típico com quatro passos principais, os quais seguem abaixo: 104 6.6.1 Determinação de padrões de desempenho De acordo com Bateman e Snell (2007, p. 522), um padrão é o nível de desempenho esperado para determinado objetivo. No caso da Face Girl, não existem dados tangíveis para realizar uma comparação; portanto, foram criados indicadores de desempenho para cada objetivo traçado. A partir dos indicadores a empresa poderá verificar se as estratégias adotadas estão sendo eficazes no alcance dos objetivos e, assim, tomar as devidas providências, se necessário. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS INDICADORES Aprimorar o padrão de qualidade dos - Pesquisa de satisfação com os clientes. serviços da organização. - Ticket médio. Adotar treinamentos especializados para as - Índice de rotatividade e absenteísmo; colaboradoras. - Número de vendas por colaboradora. Investir na divulgação da imagem da loja. - Número de clientes que entram na loja. Quadro 19 – Indicadores de desempenho Fonte: Autoria própria 6.6.2 Mensuração de desempenho O desempenho será mensurado mensalmente, sempre comparando o resultado atual com o resultado do mês anterior. Primeiramente, espera-se um aumento de 5% nos resultados que estão sendo avaliados (valor do ticket médio, número de vendas por colaboradora e número de clientes que entram na loja) a partir do 2o mês de implantação, e a expectativa é que este percentual cresça gradativamente, dobrando os resultados em 12 meses. No que diz respeito à rotatividade e ao absenteísmo, espera-se que esses índices diminuam 5% após a realização do primeiro treinamento, e assim sucessivamente, até que se tornem fatores insignificantes para a organização. Com relação às pesquisas de satisfação com os clientes, a partir da aplicação da primeira pesquisa, espera-se que, no semestre seguinte, o índice de reclamação seja no máximo de 5%, e que os itens citados em uma pesquisa não sejam repetidos na próxima. 105 6.6.3 Comparação do desempenho com o padrão Nesse processo, o gerente avalia o desempenho, sendo que a comparação do desempenho esperado com o desempenho real será realizada de acordo com o roteiro disposto no Quadro 20. Para algumas atividades, pequenos desvios em relação ao padrão são aceitáveis, enquanto em outras um pequeno desvio pode ser grave. Os gerentes responsáveis pela atividade de controle devem, dessa forma, analisar e avaliar os resultados cuidadosamente (BATEMAN; SNELL, 2007, p. 524). O desempenho dos objetivos e estratégias da Face Girl será medido dois meses após a implantação do Plano de Ação, pois os proprietários acreditam que somente a partir deste tempo é que poderão ser avaliados os reais resultados das ações. A gerência não deverá se preocupar com o desempenho que iguala os resultados esperados ou se aproxima deles; somente casos excepcionais exigem ações corretivas. Nível de controle Periodicidade Decisões avaliadas Participantes Tático e Operacional mensal Indicadores Ações do Plano Proprietários Colaboradoras semestral Objetivos Estratégias Diagnóstico ambiental Proprietários Estratégico Quadro 20 – Níveis de controle e avaliação Fonte: Elaborado pela autora com base em Oliveira, 2005, p. 273. 6.6.4 Adoção de medidas corretivas O último passo do processo de controle corresponde à adoção de medidas para corrigir desvios significativos. Esse passo assegura que as operações serão ajustadas onde for necessário para se alcançar os resultados inicialmente planejados. Onde variações significativas forem descobertas, os gerentes deverão adotar medidas imediatas e vigorosas. (BATEMAN; SNELL, 2007, p. 524). 106 A definição de ações corretivas será realizada, se necessário, após reuniões entre os participantes responsáveis pelos controles operacional, tático e estratégico, não somente na periodicidade estipulada, mas de acordo com a necessidade percebida. Caso alguma das estratégias não dê o resultado esperado para a realização do objetivo traçado, cabe aos proprietários tomar as devidas precauções, ou seja, as medidas corretivas, para que a referida estratégia não desvie o rumo do plano estratégico. 107 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Face Girl nasceu da necessidade de seu proprietário em adquirir um ponto de venda para comercializar os produtos confeccionados em sua malharia. Hoje, esse sonho já completou seis anos de realização, baseado apenas no espírito empreendedor de seu idealizador. A empresa conta com três lojas de roupas femininas, sendo duas em Porto Alegre e uma em Canoas, a qual foi o objeto de estudo deste trabalho, e uma malharia para confecção própria. Tais lojas possuem uma considerável participação de mercado, ou seja, vendas crescentes, boa lucratividade e clientela fiel, e tudo isso sem planejamento e sem controle. Portanto, surgiu a ideia de criar um plano de ações estratégicas para uma das lojas, com o intuito de testar a eficácia desta ferramenta e melhorar os processos da organização. Para isso foi escolhida a Filial de Canoas, pelo motivo de ser mais acessível para os estudos da pesquisadora, que reside na mesma cidade. A primeira etapa do trabalho foi criar uma identidade corporativa para a empresa, a partir da definição do seu Negócio, sua Missão, seus Valores, sua Visão e seu Objetivo Geral. Tais definições foram realizadas em uma sessão de brainstorming com os proprietários. Também foi realizada a Análise Ambiental da organização, onde foram detectadas as oportunidades e ameaças encontradas no ambiente externo e as forças e fraquezas de seu ambiente interno. Tais constatações deram-se a partir de questionários (estruturado e semiestruturado) e entrevistas em profundidade aplicadas com os proprietários, colaboradores e clientes. As principais oportunidades apontadas foram a legislação de micro e pequenas empresas; poupança, consumo e tendências; poder aquisitivo da população e a disponibilidade de diferentes fontes de financiamento. Já com relação às ameaças foram apontadas as leis tributárias, alterações climático-sazonais, influência da taxa de juros e entrantes potenciais. Todas estas questões foram mencionadas por dois proprietários da empresa, porém também houve demais visões no que diz respeito ao ambiente interno, sendo elas das funcionárias e clientes. As principais forças destacadas foram o estilo de administração, a capacidade da gerência em tomar decisões, o clima no trabalho, a comunicação interna, a localização, o layout da organização, a imagem da empresa e, principalmente, o entendimento do negócio, pois o proprietário da empresa é visto como um empreendedor de sucesso, e também a qualidade dos produtos e serviços, os quais são apontados como a principal característica da loja, tanto que esta força é mencionada na Missão e nos Valores da organização. Já com relação às fraquezas foi apontada a pouca experiência de trabalho das 108 colaboradoras, a inexistência de um plano de avaliação e desenvolvimento de funcionários, os escassos treinamentos promovidos pela empresa, o alto índice de rotatividade e a inexistência de tecnologia avançada, softwares e sistemas de informação. Realizada esta etapa, pôde-se montar a matriz SWOT da Face Girl e fazer seu cruzamento, onde se visualizou quais oportunidades devem ser aproveitadas e quais ameaças devem ser monitoradas. Após o cruzamento da SWOT foram traçados três objetivos e três estratégias para cada um deles, tendo em vista a Missão da empresa e o alcance de seu objetivo geral. A partir destes objetivos e estratégias, foram montados os planos de ação para a Face Girl utilizando a ferramenta 5W2H. Porém, de nada adiantaria elaborar um plano de ação sem que ele tivesse concretas fontes de avaliação e controle. Por esta razão, foi imprescindível a criação de indicadores para cada um dos objetivos traçados com o intuito de comparar resultados, avaliar o desempenho do que está sendo realizado e ter condições de proceder com possíveis correções que se façam necessárias. Este estudo foi todo desenvolvido e embasado de acordo com a revisão da literatura. O objetivo inicial do trabalho foi atingido, pois a partir da criação da identidade corporativa e do diagnóstico ambiental puderam-se adotar ações estratégicas para a Face Girl, as quais proporcionarão um melhor entendimento do negócio, maior competitividade no mercado e amadurecimento organizacional, agregando valor à loja de Canoas e, como consequência, à empresa como um todo, tanto que os proprietários pretendem implantar o plano a partir de janeiro de 2010. Como sugestão de estudos futuros indica-se a implantação do planejamento estratégico também nas lojas de Porto Alegre, a fim de criar um padrão nos processos da empresa como um todo, visto que a experiência com a filial de Canoas foi viável e totalmente válida. E por fim, a implantação do Balanced Scorecard (BSC) na loja de Canoas, pois, de acordo com Fernandes e Berton (2005, p. 184), é uma ferramenta que busca traduzir a visão da empresa em um conjunto coerente de medidas de desempenho. O BSC procura criar uma estrutura, uma linguagem para comunicar a missão e a estratégia, utilizando indicadores de desempenho para informar os funcionários sobre os vetores do sucesso atual e futuro. Seria interessante implantar esta ferramenta na loja de Canoas com o objetivo de aprofundar e dar continuidade ao trabalho iniciado com o planejamento estratégico já aplicado, visto que o BSC é representado por quatro diferentes perspectivas: Perspectiva financeira, Perspectiva dos clientes, Perspectiva dos processos internos e Perspectiva de aprendizado e crescimento. 109 REFERÊNCIAS BATEMAN, T. S; SNELL. S. A. Administração: liderança e colaboração no mundo competitivo. 7. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2007. CANDELORO, R. Não tenha dúvidas: método 5w2h. 2008. Disponível em: <http://administradores.com.br/artigos/nao_tenha_duvidas_metodo_5w2h/26583/>. Acesso em: 28 abr. 2009. CARRÃO, A. M. R. Aspectos positivos e negativos da empresa familiar. XXI ENANPAD, Rio de Janeiro, 1997. Anais. 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Logo após, deve-se quantificar com que intensidade estas forças aparecem na organização. DIMENSÃO FORÇAS POLÍTICOLEGAIS FORÇAS SOCIAIS FORÇAS ECONÔMICAS FORÇAS TECNOLÓGICAS FORÇAS SETORIAS SEGMENTO Legislação de micros e pequenas empresas A N O INTENSIDADE 1 2 3 4 5 Legislação trabalhista 1 2 3 4 5 Leis tributárias 1 2 3 4 5 Órgãos regulamentadores 1 2 3 4 5 Regulamentação e normas técnicas na concepção do produto 1 2 3 4 5 Poupança, consumo, tendências 1 2 3 4 5 Poder aquisitivo da população 1 2 3 4 5 Alterações climático-sazonais 1 2 3 4 5 Perspectiva de crescimento econômico - país, região, estado 1 2 3 4 5 Políticas fiscais do governo, incentivos fiscais, crédito - política monetária 1 2 3 4 5 Influência da taxa de juros 1 2 3 4 5 Disponibilidade de diferentes formas de pagamento 1 2 3 4 5 Influência da política cambial no custo do funcionamento da empresa 1 2 3 4 5 Influência da inflação na venda dos produtos 1 2 3 4 5 Influência das formas de tributação dos lucros e rendimentos 1 2 3 4 5 Influência das formas de tributação dos produtos 1 2 3 4 5 Impacto do sistema de tributação do rendimento dos clientes 1 2 3 4 5 Influência da tecnologia na alteração das necessidades dos clientes 1 2 3 4 5 Influência da tecnologia no desenvolvimento do produto atual 1 2 3 4 5 Influência da tecnologia no grau de satisfação dos clientes 1 2 3 4 5 Entrantes potenciais 1 2 3 4 5 Rivalidade entre concorrentes existentes 1 2 3 4 5 Produtos substitutos 1 2 3 4 5 Poder de barganha dos compradores 1 2 3 4 5 A: Ameaça N: Neutro (1) Nenhuma interferência (4) Forte interferência O: Oportunidade (2) Fraca interferência (5) Total interferência Fonte: Wright, Kroll e Parnell, 2007. Adaptado pela autora. Nome: ________________________ (3) Média interferência 113 APÊNDICE B – Questionário do Ambiente Interno A presente pesquisa tem o objetivo de analisar os pontos fortes e fracos do ambiente interno, bem como seu grau de interferência no ambiente organizacional da empresa. Primeiramente, você deverá avaliar o segmento listado como ponto fraco ou forte da empresa. Logo após, deve-se quantificar com que intensidade estas forças aparecem na organização. DIMENSÃO RECURSOS HUMANOS ORGANIZAÇÃO RECURSOS FISÍCOS SEGMENTO PFO PFR INTENSIDADE Experiência de trabalho 1 2 3 4 5 Relações políticas externas 1 2 3 4 5 Estilo de administração 1 2 3 4 5 Capacidade da gerencia em tomar decisões 1 2 3 4 5 Entendimento do negócio 1 2 3 4 5 Planos de avaliação e desenvolvimento de funcionários 1 2 3 4 5 Treinamentos promovidos pela empresa 1 2 3 4 5 Índice de Rotatividade 1 2 3 4 5 Índice de Absenteísmo 1 2 3 4 5 Perfil da força de trabalho 1 2 3 4 5 Clima no trabalho 1 2 3 4 5 Qualidade dos serviços / produtos 1 2 3 4 5 Imagem da empresa 1 2 3 4 5 Flexibilidade da produção 1 2 3 4 5 Comunicação interna 1 2 3 4 5 Comunicação externa 1 2 3 4 5 Localização 1 2 3 4 5 Layout da organização 1 2 3 4 5 Tecnologia 1 2 3 4 5 Equipamentos: condições, modernidade e conservação 1 2 3 4 5 Eficiência e eficácia dos sistemas de informação 1 2 3 4 5 Sistema Gerencial 1 2 3 4 5 Softwares 1 2 3 4 5 PFO: Ponto Forte PFR: Ponto Fraco (1) Nenhuma interferência (2) Fraca interferência (4) Forte interferência (5) Total interferência . Fonte: Wright, Kroll e Parnell, 2007. Adaptado pela autora. Nome: ________________________ (3) Média interferência 114 APÊNDICE C – Pesquisa: Face Girl A presente pesquisa tem o objetivo de avaliar o ambiente, os recursos, a qualidade da empresa e dos produtos comercializados pela Face Girl. Para tanto, responda às seguintes questões: 1) Destaque os pontos fortes da loja e justifique-os. 2) Destaque os pontos fracos da loja e justifique-os. Nome: _________________________ Observação: A sua identidade será mantida em sigilo. OBRIGADA PELA COLABORAÇÃO!