Paulino Menezes
Vitalidade por mais
José Eduardo Dutra, presidente nacional do PT
Para garantir sua vitalidade
por mais trinta anos, o PT
deve incorporar três tarefas de curto e
médio prazo. A primeira diz respeito à
juventude. Grande parte da militância
e de dirigentes do partido, ao ser
fundado, eram jovens de menos de
30 anos. Como nasceu em plena
ditadura e lutava por liberdade, o PT
naturalmente atraía a juventude.
É fato, porém, que neste
período o mundo, o Brasil e o PT
mudaram – e a liberdade não é
mais um galvanizador natural para
a juventude. Se considerarmos que
cerca de 30% do eleitorado brasileiro
tem até 29 anos, é compreensível que
esses jovens não se sintam atraídos
pelo discurso de que o PT lutou por
liberdade, pois eles não viveram o
período da censura, da ditadura, da
repressão. Daí a necessidade de o
partido encontrar um discurso que
aponte para uma nova utopia e atraia
para a luta política esse segmento
que não é, naturalmente, movido
pela real politik ou pelo pragmatismo
da disputa eleitoral.
Além disso, hoje o partido
enfrenta a concorrência de setores
muito eficientes em atrair jovens.
Por exemplo, religiões conservadoras
que têm muitas vezes um discurso
antipolítica. Outro concorrente é o
crime organizado, particularmente
nas grandes cidades, onde se
apresenta como expectativa de
“poder” e possibilidade de ascensão
material.
Do ponto de vista organizativo,
o partido deve rever o conceito de
militância. No último PED, em vários
debates ouvimos reiteradamente
que a militância se afastou. Na
minha opinião, trata-se de uma visão
um tanto deslocada da realidade
Teoria e Debate 86 H janeiro/fevereiro 2010
42
e do que é militância. Será que
o militante é apenas aquele que
tem paciência para participar das
reuniões partidárias, do sindicato,
da associação de moradores? Os
webguerrilheiros, ou guerrilheiros
da blogosfera, por exemplo, não
exerceriam também um tipo de
militância?
Durante uma semana pesquisei
os comentários em alguns blogs, de
diversas posições ideológicas – de Zé
Dirceu a Reinaldo Azevedo. Selecionei
dezenove autores que aparentemente
usaram o nome verdadeiro, tinham
assumido a defesa do PT ou do
governo em diversas situações e
figuravam mais de uma vez. Depois
consultei a base de dados do PED
para verificar se eram pessoas filiadas,
e encontrei apenas duas. As outras
dezessete que assumiram a defesa do
partido e do governo não apareciam
como filiadas ao PT.
Não podemos hierarquizar a
importância da militância, aqueles
que participam das reuniões
partidárias, e essas pessoas,
geralmente jovens, pois sabemos
que a juventude acessa muito mais
a internet do que os mais velhos. Há
uma militância que defende o PT e
o governo e, no entanto, não tem
disposição ou nunca se sentiu atraída
para se filiar.
As pesquisas mostram que, ao
declarar o partido de sua preferência,
entre 25% e 30% mencionam o PT,
em torno de 30 milhões de eleitores,
enquanto os filiados ao partido são
1,2 milhão. Seria uma meta bastante
trinta anos
VENDEDORES
factível tentar chegar a pelo menos 10%
desses 30 milhões de brasileiros que são
simpatizantes, mas não se dispuseram
a se filiar, por diversas razões.
E a terceira questão colocada é
com relação ao modelo de regras
eleitorais no Brasil, que aponta
contra a existência de partidos nos
moldes do PT porque é um modelo
que personaliza a eleição, incentiva
tanto a disputa entre candidatos de
partidos diferentes como a disputa
intrapartidária. Uma vez que se
tem uma eleição proporcional com
voto nominal, é muito mais fácil
convencer um eleitor que tende a
votar em candidato do PT a trocar de
candidato do mesmo partido do que
ganhar o eleitor do PFL, por exemplo.
É ilusão pensarmos que o
Congresso Nacional fará alguma
reforma política sem pressão externa.
Em geral, as matérias que tramitam
ALAGOAS
Maceió
Adilson Lopes (82) 8853-3044
Amapá
Macapá
Roberto Lucas (96) 8111-0488
[email protected]
Amazonas
Manaus
Jerson Queiroz (92)3234-5487
Cel.9112-0153
[email protected]
Bahia
Salvador
Vicente Coutinho (71)3235-6914
Cel.9964-1887
[email protected]
Vitória da Conquista
Letras & Prosa - Euvaldo (77) 3421-9015
no Congresso são encaminhadas
pelo líder a alguns deputados ou
senadores, especialistas no assunto,
que acabam orientando o conjunto
das votações das bancadas. Quando
se trata de reforma política, há
513 especialistas na Câmara e 81
no Senado. Todos eleitos sob as
atuais regras. É natural que tenham
resistência a mudá-las, uma vez
que sua permanência não estaria
garantida.
O PT deve explicar e propagandear
para o conjunto da população, ou
pelo menos parte expressiva da
sociedade, suas bandeiras históricas
para uma reforma eleitoral:
financiamento público de campanha
e voto em lista. Sobre o primeiro, o
senso comum diz: “É um absurdo usar
dinheiro do orçamento para bancar
eleição”. A população não vê que o
modelo de financiamento “privado”
acaba ficando mais caro. O mesmo
ocorre com o voto em lista. A maioria
não lembra em quem votou. Apenas
20% do eleitorado vota em um
deputado que acaba se elegendo.
Grande parte acaba não se sentindo
representada no Congresso, o que não
aconteceria se o voto fosse no partido.
Uma ação concreta no sentido
de tentar convencer a população
para que não seja levada pelo senso
comum é utilizarmos a oportunidade
de contato com ela. E isso acontece
na época das eleições. É o momento
privilegiado para o PT propagandear
sua posição sobre a reforma política.
Já a partir da próxima eleição, o
partido tem de fazer isso como
bandeira permanente de agitação
política no horário gratuito. Os
candidatos a deputado devem expor,
no ar, as posições do PT sobre o
assunto.
Uberlândia
Henrique Rodrigues (34)3239-1116
Cel.8813-1797
[email protected]
BRASÍLIA
Antônio de Pádua (61) 3567-3991
Sheila Araujo (61)3213-1313
Cel. 8472-1622
[email protected]
Goiás
Goiânia
Luciana de Mesquita (62)3092-1013
Cel.8412-6431
[email protected]
MINAS GERAIS
Belo Horizonte
Aluana Rocha (31)3297-9063
Cel.9807-2267
[email protected]
Antonio Borges (31) 3282-1112
[email protected]
Uberaba
Lauro Henrique (34)3338-2329
Cel.9966-2751
[email protected]
PARANÁ
Londrina
Paulo Urquiza (43)3328-6556
Cel.9992-2085
[email protected]
PIAUÍ
Teresina
João Batista Cel. (86) 9975-7122
[email protected]
RIO DE JANEIRO
Rio de Janeiro
Amilsen Muzer (21)2725-2455
Cel. 9874-7446
SERGIPE
Aracaju
Adilson Lopes (82) 8853-3044
SÃO PAULO
Araraquara
Edilson Timóteo (16) 8128-2056
[email protected]
Campinas
Leandro Eliel (19)3254-1300
Cel. 8111-0853
Presidente Prudente
Cicero Leandro (18) 3223-6859
[email protected]
São Paulo
Edmilson Cel. (11) 9440-4810
Hélio Silva (11) 3686-9893
João Muniz Cel. (11) 8386-2218
[email protected]
Milton Fogo (11) 3494-2404
Oswaldo André Cel. (11) 9537-2196
[email protected]
TOCANTINS
Hilton Faria (63) 8402-2422
Para vender assinatura de Teoria e Debate entre em contato com o Departamento Comercial pelo telefone (11) 5571-4299, ramal 146,
ou por e-mail: [email protected]
43
Teoria e Debate 86 H janeiro/fevereiro 2010
Download

VITALIDADE POR MAIS TRINTA AN