Para famílias cristãs – das 21h15 às 21h45 || - Assumir a Palavra de
Deus como Luz para a vida Segundo Domingo Comum – Ano A
“Guarda no teu coração todas as palavras que eu Te disser,
ouve-as com ouvidos atentos. Vinde, Senhor Jesus”
Oremos. Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e
acendei neles o fogo do vosso amor. Fazei com que saibamos
reconhecer em Jesus Cristo o verdadeiro e único Cordeiro de Deus.
Amen.
Do Evangelho de S. João
Naquele tempo, João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu
encontro, e exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo. Era d’Ele que eu dizia: “Depois de mim virá
um homem, que passou à minha frente, porque existia antes
de mim”. Eu não O conhecia, mas para Ele Se manifestar a
Israel é que eu vim baptizar em água». João deu mais este
testemunho: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma
pomba e repousar sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me
enviou a baptizar em água é que me disse: “Aquele sobre
quem vires o Espírito Santo descer e repousar é que baptiza
no Espírito Santo”. Ora eu vi e dou testemunho de que Ele é o
Filho de Deus».
A pouca cultura bíblica de numerosos cristãos é a causa de um
preocupante empobrecimento espiritual do cristianismo. Esta página
do Evangelho que acabamos de ler, que Deus nos deixou como
palavra de Vida eterna, sem uma razoável cultura bíblica, não nos
dará a vida de que é portadora. "Desconhecer a Sagrada Escritura é
desconhecer Cristo", dizia S. Jerónimo. Para conhecer a Sagrada
Escritura não basta ter uma Bíblia em casa que se abre de vez em
quando.
Se não compreendermos o que lá está escrito, podemos fazer
nossa a confissão de S. João Baptista: «Eu não o conhecia...» e
mesmo
acrescentar:
"E continuo
sem
O
conhecer".
Embora o "catequista" deste ano seja S. Mateus com o Evangelho
por si escrito, a Igreja começa por nos apresentar o testemunho de
João Baptista escrito pelo evangelista S. João. Este testemunho é o
testemunho da Igreja. Todos nós, chamados a ver e a viver à luz da
fé, reconhecemos este mesmo Cordeiro no pão eucarístico, quando
na Eucaristia o sacerdote o apresenta com as mesmas palavras de
João Baptista: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.
«Eis o Cordeiro de Deus...» assim nos é apresentado Jesus por
João Baptista. Com uma única expressão, aquele que administra um
baptismo de penitência nas margens do rio Jordão, revela-nos a
pessoa e a missão de Jesus. Não se trata da imagem romântica do
pequeno e inocente cordeiro que todos admiram quando se deparam
com um rebanho.
O Cordeiro foi, na altura da libertação do Egipto, o animal
sacrificado para que, com o seu sangue, fosse assinalada a ombreira
da porta e os que nela habitassem pudessem ser salvos do
anjo exterminador. Como "memorial" dessa libertação, todos os anos
por ocasião da Páscoa, os judeus, numa refeição ritual, comiam e
comem um cordeiro por família. Ao chamar "Cordeiro de Deus" a
Jesus, João Baptista identifica-o como o Salvador, o Libertador. Essa
é a sua identidade e missão. Entre a afirmação de João Baptista e o
texto de João Evangelista, está o drama do Calvário. Aí Jesus é para
nós o Cordeiro que derrama o seu sangue para nos libertar da
escravidão do pecado e da morte.
Daí João Baptista acrescentar: «que tira o pecado do mundo». Esta
expressão "pecado do mundo" revela-nos o alcance do acto redentor
de Jesus. Não se trata já só do povo de Israel, mas de todo o género
humano. Mas de que pecado se trata?
Para o evangelista pecar é desconhecer Deus. Esse
desconhecimento é o terreno que leva à confusão entre o Deus
verdadeiro e os falsos deuses, entre o Senhor e os ídolos. Pecar,
como nos lembra o relato dos origens da humanidade, é fazer de
Deus uma falsa imagem que leva a considera-l’O como "inimigo" do
ser humano. Um ser poderoso, ciumento e violento, que gera
rivalidade sob todas as formas. Quantos pensadores, cegos por esta
visão, anunciaram que para salvar o homem era preciso matar Deus.
Pecado e desconhecimento de Deus são realidades coincidentes e
libertar a humanidade do pecado e oferecer-lhe o verdadeiro rosto de
Deus. Deus que se oferece, não para humilhar o ser humano, para o
privar da sua liberdade e da sua dignidade, mas, pelo contrário,
restituir-lhe tudo isso, tornando-se o Redentor, o Cordeiro
dessa mesma humanidade.
Daí o repetirmos em cada Eucaristia, por três vezes, “Cordeiro de
Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós /dai-nos a
paz”.
Que o coração posso sentir o que os lábios dizem.
É neste Jesus, nosso Cordeiro pascal, que buscamos, em família, o
sentido para as nossas alegrias e tristezas?
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