Todos os direitos reservados ao autor. O País do Eu-Não-Sei Por: Luíz Fernando Liveira E, há um país, chamado Eu-Não-Sei. Lá, ninguém sabe de nada. Quer dizer, saber, se sabe. De muita coisa. No entanto, é bom dizer que não se sabe. É melhor e mais cômodo para todos. Lá em Eu-Não-Sei não se sabe, por exemplo, que, nos primórdios da nação, os habitantes eram índios. Isso, bem antes da chegada dos ditos “civilizadores”. Todos por lá acreditam que os habitantes originários de Eu-Não-Sei – e dos quais afirmam serem descendentes legítimos – eram loiros de olhos azuis como contas, ou verdes, ou ainda, castanhos. Quem sabe, olhos pretos, até...(Opa! “Preto” não é coisa de Eu-Não-Sei. Lá, nunca houve mão-de-obra escrava de “pretos”; Nunca houve – e nem há – discriminação por quem tem a pele escura e o cabelo pixaim, do tipo: “Preto, se tá correndo, é ladrão. Se tá parado, é suspeito”. Não se viu por lá, inclusive, que há cotas para estudantes negros nas instituições de nível superior)... Em Eu-Não-Sei nem se imagina que um outro país, a Chingue-Lingue-Lândia, construiu praticamente uma cidade inteira, próxima (demais, até) da maior reserva de minérios de ferro do planeta. Ah, e essa tal cidade fica um tanto próxima de uma das maiores reservas de tório do mundo (O tório é um metal, muito usado no fabrico de ligas para equipamentos eletrônicos de alta precisão). Mas, é tudo coincidência, claro... L á em Eu-Não-Sei não se tem noção de que, num outro país, chamado NósSomos-Os-Donos-Do-Mundo-E-FuckYou-O-Resto!, é ensinado que a capital do Brasil é Buenos Aires, e que a Amazônia é “internacional”. Talvez seja por isso que esse país “transite” quase que livremente no maior rio do mundo e, tenha, inclusive, bases para “fins pacíficos” na maior floresta tropical da Terra. Nunca se ouviu falar que, na “capital cultural” de Eu-Não-Sei, quem não é nascido no sul ou sudeste do país é “tratado” como “Paraíba”. E, muito menos se ouviu falar que, na chamada “capital industrial” do país, impera o sentimento de “seres superiores” da maior parte dos lá nascidos, por “possuírem” o maior PIB (Produto Interno Bruto) de Eu-Não-Sei... Lá em Eu-Não-Sei, toda a população apoia – entusiasticamente – a campanha para o país ingressar no conselho de segurança dos Países Unidos. Também, não é sem tempo, haja vista Eu-Não-Sei ter as Guardas Armadas mais bem equipadas, com os melhores soldos, e o pessoal mais satisfeito e melhor preparado, de todo o mundo. Esse negócio de preocupação com pré-sal, proteção e patrulha das riquezas dos 9.198 kilômetros de litoral, fiscalização das fronteiras, isso é tudo coisa sem fundamento. É coisa de quem não tem o que fazer. E pessoas sem ter o que fazer, ou melhor, que não têm como fazer nada para estudar, vestir, sarar, morar, se alimentar...isso não existe em Eu-Não-Sei. Isso é coisa de país com a maior taxa tributária do mundo. É coisa de país com a maior desigualdade social do planeta. Claro que, nem de longe, é o caso de EuNão-Sei... Autorizadas a reprodução e divulgação, desde que mencionado o nome do autor www.luizfernandoliveira.com.br Todos os direitos reservados ao autor. (Continuação de “O-País do Eu-Não-Sei”, de Luíz Fernando Liveira......................) Não é o caso de Eu-Não-Sei, também, o fato de que a terceira maior “autoridade” do país seja mantida no cargo, apesar de pesarem sobre “ela” acusações de peculato, compra de votos, tráfico de influência, uso ilícito da máquina pública, quebra de decoro parlamentar, uso abusivo de autoridade, etc, etc. É que em Eu-Não-Sei não há uma “brecha jurídica” onde “Quem acusa, que apresente as provas”. Isso é coisa de país onde impera o “coronelismo”, que, claro, não é o caso de Eu-Não-Sei. O povo, em Eu-Não-Sei, é muito bem educado. E sabe, como nenhum outro, a força que tem. É um povo que não tem suas opiniões girando praticamente em torno de faculdades “biguibrodeanas”, “sambísticas” ou “futebológicas”, e que, nem em sonho, fica em frente a um aparelho de televisão, para assistir a cerca de seis novelas por dia, no canal mais conhecido. É um povo, o de Eu-Não-Sei, que sabe escolher bem seus representantes. Lá, nunca aconteceu de políticos que usurpam o dinheiro público, ou fazem verdadeiras orgias com os recursos que deveriam ser aplicados em saúde, educação, moradia, saneamento básico, etc, serem reeleitos pelo que eles intitulam seus “currais eleitorais”. Claro que nunca aconteceu, mas, se um representante público de Eu-Não-Sei apresentar qualquer conduta que desagrade o povo, tais como: Desvio de verba para benefício próprio; Extinção de órgão ou secretaria públicos, “transferindo” a verba desse órgão ou secretaria para uma conta particular num paraíso fiscal; Aumentar seu salário duas vezes por ano; Criar gratificações como “Auxílio-Paletó”, AuxílioSecretária-Boazuda, Auxílio-Moradia, possuindo residência própria, etc; Formação de quadrilha; Dancinhas; Dinheiro público escondido em cuecas (ou calcinhas, porque não?)...esse representante é cassado na hora, preso sem direito a fiança ou foro privilegiado. E cumprirá toda a pena que lhe for imposta. Ah, e em Eu-Não-Sei não há diminuição da pena, por bom comportamento. É bem verdade que em Eu-Não-Sei nunca aconteceu de ninguém ser preso por dirigir embriagado, atropelar e matar famílias inteiras; Ou cometer crimes e alegar ser “dimenor” ou usar a célebre pergunta: “Você sabe com quem está falando?”; Ou ainda, consumir e traficar drogas, financiando com isso toda uma indústria do crime...essas coisas não acontecem em Eu-Não-Sei. Isso só acontece em país subdesenvolvido, e em país de favelas, morros e palafitas. Em Eu-Não-Sei nunca houve casos de corrupção policial, pois os mesmos são muitos bem remunerados e possuem as melhores residências das cidades. O mesmo vale para médicos e professores, que não precisam acumular três, quatro ou sabe se lá quantos empregos, para melhorar suas rendas... Em Eu-Não-Sei se sabe de tudo. E de nada. --------------------------------------------------------------------------------------------------------- Autorizadas a reprodução e divulgação, desde que mencionado o nome do autor www.luizfernandoliveira.com.br Todos os direitos reservados ao autor. (Continuação de “O-País do Eu-Não-Sei”, de Luíz Fernando Liveira....................) Mas, e quanto a mim? Bom, eu sou um escritor do Norte de Eu-Não-Sei, que (por bom-senso e proteção da própria pele) não deveria estar “inventando” essas (in)verdades sobre aquele país... Qualquer coisa, farei como a maioria por lá: Digo que Eu-Não-Sei. Autorizadas a reprodução e divulgação, desde que mencionado o nome do autor www.luizfernandoliveira.com.br