“Cientista do Mês”
Egas Moniz
Egas Moniz foi proposto
cinco vezes (1928, 1933,
1937, 1944 e 1949)
ao Nobel de Fisiologia ou
Medicina ,sendo
galardoado em 1949.
Nascido António Caetano de Abreu
Freire no seio de uma
família aristocrata, seu tio e padrinho, o
padre, Caetano de Pina Resende Abreu
Sá Freire, insistiria para que ao apelido
fosse adicionado Egas Moniz, em
virtude de a família, descender em linha
directa de Egas Moniz, o aio de Dom
Afonso Henriques.
Egas Moniz contribuiu
decisivamente para o
desenvolvimento da medicina
ao conseguir pela primeira vez
dar visibilidade às
artérias do cérebro.
A Angiografia Cerebral, que
descobriu após longas
experiências com raios X,
tornou possível localizar
neoplasias, aneurismas, hemor
ragias e outras mal-formações
no cérebro humano e abriu
novos caminhos para
a cirurgia cerebral.
A técnica desenvolvida por
Egas Moniz, a operação ao
cérebro chamada
lobotomia, deixou de ser
praticada pelos médicos há
30 anos, e tem sido alvo de
polémica. Familiares de
pacientes que sofreram
esta intervenção exigiram
que fosse anulado o prémio
Nobel.
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Formação e actividade académica
Completou a instrução primária na Escola do Padre José Ramos e o Curso Liceal no Colégio
de S. Fiel, dos Jesuítas, em Louriçal do Campo, concelho de Castelo Branco. Formou-se
em Medicina na Universidade de Coimbra, onde começou por ser lente substituto,
leccionando anatomia e fisiologia. Em 1911 foi transferido para a recém-criada Faculdade
de Medicina da Universidade de Lisboa onde foi ocupar a cátedra
de neurologia como professor catedrático. Reformou-se em Fevereiro de 1944.
Actividade política
Egas Moniz teve também papel activo na vida política. Foi fundador do Partido Republicano
Centrista, dissidência do Partido Evolucionista; apoiou o breve regime de Sidónio Pais, durante o
qual exerceu as funções de Embaixador de Portugal em Madrid (1917) e Ministro dos Negócios
Estrangeiros (1918); viu entretanto o seu partido fundir-se com o Partido Sidonista. Foi ainda um
notável escritor e autor de uma notável obra literária, de onde se destacam as obras "A nossa casa"
e "Confidências de um investigador científico".
Faleceu em Lisboa, a 13 de Dezembro de 1955.
Títulos honoríficos
Egas Moniz é detentor de dois títulos honoríficos, a Ordem de Sant’Iago da Espada (GCSE) e a
Ordem do Mérito (GCM). O nome da primeira deriva da Ordem de Santiago e pretende distinguir
o mérito nas áreas de literatura, ciências e artes. A outra, distingue “actos ou serviços meritórios
que revelem desinteresse ou abnegação”. Normalmente é o Presidente da República quem
atribui estes títulos honoríficos.
As suas técnicas
A leucotomia, técnica psicocirúrgica que valeu ao Prof. Egas Moniz a
atribuição do prémio Nobel, levantou polémica desde que foi
conhecida pelo mundo fora. O próprio Egas Moniz pautou-se quase
sempre pelo silêncio, sempre que surgiam artigos que expressavam
ideias contrárias às suas reais intenções ou que até distorciam factos.
No entanto, aos 80 anos, em 1954, um ano antes do seu falecimento,
Egas Moniz publicou o opúsculo “A Leucotomia está em Causa”.
Nesta obra, Egas Moniz revela que já em 1931 tinha iniciado os seus
estudos e reflexões que viriam a culminar no estabelecimento da nova
solução cirúrgica e revela ainda que com o seu assistente Almeida Lima
desde essa altura já tratava secretamente dos preparativos.
Egas Moniz desfez assim a tese dos que argumentavam que teria agido
precipitadamente na sequência do 2.º Congresso Internacional de
Neurologia de Londres em 1935.
1949 - Ano de eleições
No mesmo ano em que Egas Moniz era agraciado com o prémio
Nobel, 1949, decorriam em Portugal eleições presidenciais.
Defrontavam-se o General Norton de Matos e o Marechal Óscar
Carmona. O primeiro reivindicava a liberdade de propaganda e
uma efectiva fiscalização dos votos. O governo dirigido por
Salazar não acedeu a estas exigências. Embora Norton de Matos
tenha obtido vastos apoios populares e apoio de diversos
membros da oposição, sentiu que não existia liberdade
suficiente para o acto eleitoral, acabando por desistir, no dia 12
de Fevereiro, véspera das eleições, mesmo após participar em
comícios e outras manifestações com grande afluência.
Sendo assim, o Marechal Óscar Carmona, apoiado por António
Salazar, foi reeleito com cerca de 80% dos votos.
Confidências de um Investigador Científico
A obra “Confidências de um Investigador Científico “foi publicada por Egas
Moniz em 1949, no mesmo ano em que foi laureado com o Prémio Nobel da
Medicina e Fisiologia. Esta obra encontra-se dividida em 45 capítulos e contém
dezenas de imagens. Em Confidências de um Investigador Científico, Egas
Moniz conta como se tornou neurologista, fala também das suas experiências
científicas, dos seus sucessos e dos seus erros e desalentos.
Para além disso, podemos encontrar ao longo do livro algumas referências ao
estado da investigação no nosso país e também aos grandes cientistas da
época. Egas Moniz aborda também as conferências a que assistiu e ainda
alguns episódios marcantes do Séc. XX, como por exemplo, a Segunda Guerra
Mundial.
Tumores cerebrais
Com a procura de um método de realizar angiografias cerebrais, Egas
Moniz visava sobretudo uma forma de conseguir efectuar
diagnósticos de tumores cerebrais. Estes tumores podem ser benignos
ou malignos.
Chama-se tumor benigno a uma massa de tecido cerebral que se
desenvolveu anormalmente, mas sem características de cancro.
Já o tumor maligno é um cancro cerebral com potencial para se
expandir e destruir tecidos adjacentes. Este tumores podem aparecer
no cérebro, numa ou em várias das suas regiões em simultâneo, como
metástases resultantes de um cancro noutro local do corpo.
Em fases iniciais, os tumores podem ser assintomáticos, noutros casos
provocam desde logo dores de cabeça permanentes ou problemas de
equilíbrio, visão dupla e muitas outras manifestações.
Face à importância do diagnóstico e do tratamento, não há dúvida de
que a contribuição de Egas Moniz neste assunto foi um grande
avanço.
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Cientista do Mês Outubro - Egas Moniz.