CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ UNIDADE DE CURITIBA DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA E DE MATERIAIS - PPGEM LEILA DENISE FIORENTIN ESTUDO DE MODELOS MATEMÁTICOS PARA PREVISÃO DA INCRUSTAÇÃO POR COQUE EM TUBULAÇÕES APLICAÇÃO NO DISTRIBUIDOR DE GASÓLEO RESIDUAL DE UMA TORRE DE DESTILAÇÃO A VÁCUO CURITIBA AGOSTO - 2004 LEILA DENISE FIORENTIN ESTUDO DE MODELOS MATEMÁTICOS PARA PREVISÃO DA INCRUSTAÇÃO POR COQUE EM TUBULAÇÕES APLICAÇÃO NO DISTRIBUIDOR DE GASÓLEO RESIDUAL DE UMA TORRE DE DESTILAÇÃO A VÁCUO Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica, do Programa de PósGraduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Área de Concentração: Engenharia Térmica, do Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação, da Unidade de Curitiba, do CEFET-PR. Orientador: Franco, Dr. Prof. Admilson Teixeira Co-orientador: Prof. Cezar O. R. Negrão, PhD CURITIBA AGOSTO – 2004 TERMO DE APROVAÇÃO LEILA DENISE FIORENTIN ESTUDO DE MODELOS MATEMÁTICOS PARA PREVISÃO DA INCRUSTAÇÃO POR COQUE EM TUBULAÇÕES APLICAÇÃO NO DISTRIBUIDOR DE GASÓLEO RESIDUAL DE UMA TORRE DE DESTILAÇÃO A VÁCUO Dissertação de Mestrado aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Engenharia Mecânica, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Área de Concentração: Engenharia Térmica, do Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação, da Unidade de Curitiba, do CEFET-PR, pela seguinte banca examinadora: Orientador: Prof. Admilson Teixeira Franco, Dr. Departamento de Engenharia Mecânica, CEFET PR Prof. José Viriato Coelho Vargas, PhD. Departamento de Engenharia Mecânica, UFPR Profa. Lívia Mari Assis, Dra. Departamento de Química e Biologia, CEFET PR Prof. Almabrouk Mansor Abogderah, Dr. Departamento de Engenharia Química, UNIOESTE PR Curitiba, 03 de agosto de 2004 Dedico este trabalho aos meus pais Antônio e Dair, à minha irmã Leonice, ao meu noivo Flavio e principalmente a Deus, por tê-los em minha vida. AGRADECIMENTOS ...a DEUS. A Deus por ter me dado a oportunidade de realizar este trabalho e estar finalizando agora, aos meus pais, por toda a formação que me deram possibilitando que chegasse até aqui, à minha irmã, pelo companheirismo incondicional, e ao meu noivo pela amizade, amor e confiança que depositou em mim, ao Prof. Dr. Admilson Teixeira Franco, pelo respeito e incentivo, fazendo com que eu fosse sempre além daquilo que eu acreditava ser capaz de realizar. Ao Prof Cezar O. R. Negrão, PhD, pela disponibilidade de atender aos questionamentos e discussões em relação ao trabalho, ao colega de mestrado Clóvis Bombardelli, pelo conhecimento transferido durante o período final do trabalho e aos demais colegas do LACIT (Laboratório de Ciências Térmicas). ao CEFET e mais especificamente aos professores do PPGEM, que contribuíram direta ou indiretamente na realização deste trabalho, à PETROBRAS, em especial ao engenheiro Aristides Saito que sempre que possível auxiliou-nos no estudo do problema. À Agência Nacional do Petróleo – ANP/MCT – e a Financiadora de Estudos de Projetos – FINEP– através do Programa de Recursos Humanos para o setor de Petróleo e Gás (PRH). RESUMO Um dos desafios da indústria do petróleo é controlar a deposição de materiais incrustantes nas superfícies dos equipamentos. A descoberta de novos campos de petróleo com hidrocarbonetos cada vez mais pesados torna relevante o estudo do processo de incrustação por coque indesejado. Na destilação a vácuo, este problema tem se mostrado crítico principalmente no distribuidor de gasóleo residual, onde a incrustação provoca o entupimento dos bicos aspersores e o não molhamento do leito, intensificando assim o processo de coqueamento. Neste trabalho, apresenta-se um estudo dos modelos matemáticos para a previsão da incrustação por coque em tubulações. Em geral, os modelos são compostos por dois termos: um termo de deposição que é função da equação de Arrhenius e outro de remoção. Para um melhor entendimento dos mecanismos físico-químicos envolvidos no processo de incrustação por coque, apresenta-se uma extensa revisão da literatura, identificando-se os asfaltenos que são considerados os precursores do coque, enquanto que fatores como temperatura, velocidade e mudança de composição química do fluido também podem iniciar a precipitação dos asfaltenos. Esses estudos servem como referência na tentativa de compreender o processo de incrustação por coque no distribuidor de gasóleo residual de uma torre de destilação a vácuo. Após um período de operação pré-determinado na torre de destilação a vácuo, verifica-se um nível de incrustação no interior do distribuidor, acima dos limites desejáveis para um rendimento adequado do processo. Além disso, através da identificação e controle das variáveis que influenciam a formação de coque, pode-se aumentar a temperatura de fundo da torre, resultando em um aumento dos produtos nobres. Um estudo hidrodinâmico no distribuidor de gasóleo residual mostrou que a vazão nos bicos aspersores se encontra uniforme. A aplicação dos modelos matemáticos resulta na sugestão de uma nova configuração para a geometria do distribuidor, a qual procura reduzir a formação de incruste. A proposta baseia-se na determinação de uma velocidade média do escoamento que retarde o início do processo de incrustação e reduza a taxa líquida de acúmulo de incrustante. Palavras chaves: incrustação, coque, distribuidor de gasóleo residual. ABSTRACT One of the challenges of the oil industry is to control the occurrence of fouling materials in the equipments surfaces. The discovery of new fields of heavier petroleum brings important study of the undesirable coke fouling process. In vaccum distillation units this problem has been showing critical mainly in the residual gasoil distributors, where the fouling blocks the spray nozzles and the not wet beds, intensifying the coking process. In this work, a study of the mathematical models for the prediction of coke fouling inside pipes is presented. In general, the models are composed by two terms: a deposition term that is a function of the Arrhenius´ equation and a removal term. For a better understanding of the physical and chemical mechanisms involved in the coke fouling process, an extensive review of the literature was conducted and the conclusion is that the asphaltenes are considered the coke precursors. Factors as temperature, velocity and changes on the fluids chemical composition can start the asphaltenes precipitation. These studies are used as reference in the attempt of understanding the coke fouling process in the residual gasoil distributor of vaccum distillation units. After a period of pre-certain campaign, a certain level of fouling is verified inside the distributor, above the desirable limits for an appropriate efficiency of the process. Besides, if it is possible to control and identify the variables that influence the coke formation, that situation can permit an increase of the tower´s bottom temperature, resulting in noble products increase. A hydrodynamic study in the residual gasoil distributor showed that mass flow rate in the spray nozzles is uniform. The results of the application of mathematical models allow for new geometric configuration proposed to this device, which can reduce fouling. The proposals are based on the determination of a minimum necessary flow velocity value to provide conditions for preventing fouling. Keywords: fouling, coke, residual gasoil distributor. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS FCC Fluid Catalytic Cracking GA Geometria atual GOL Gasóleo leve GOP Gasóleo pesado GOR Gasóleo residual PEMC Ponto de ebulição médio cúbico RAT Resíduo atmosférico TDV Torre de Destilação a Vácuo UN-REPAR Unidade de Negócios Refinaria Presidente Getúlio Vargas PETROBRAS Petróleo Brasileiro S/A WRI World Resources Institute LISTA DE SÍMBOLOS A - Constante, s - 1 AR - Aromáticos Ar - Área da seção transversal, m 2 AS - Asfaltenos C - Concentração de reagente ou produto, mol/m 3 cp - Calor específico, J/kg K Bi - Número de Biot, adimensional D - Diâmetro, m DPE - Desvio percentual DS - Diâmetro secundário, m dm f / dt - Taxa líquida de acúmulo de massa, s - 1 dR f / dt - Taxa da incrustação, m 2 K/ Wh e - Espessura da camada de superposição, m E - Energia de ativação, J/mol K f - Fator de atrito g - Aceleração da gravidade, m/s 2 H/C - Razão entre hidrogênio e carbono h - Coeficiente de transferência de calor do fluido, W/m 2 K hD - Perda de carga distribuída, m hT - Perda de carga total, m i - Corrente elétrica IH - Insolúvel em heptano IQ - Insolúvel em quinolina IHST - Insolúvel em heptano e solúvel em tolueno ITSQ - Insolúvel em tolueno e solúvel em quinolina KP - Coeficiente de perda de carga K - fator de caracterização de Watson k - Condutividade térmica, W/m K kd - Constante da taxa de deposição do modelo de Fryer e Slater (1986), s - 1 kr - Constante da taxa de remoção dos modelos de Fryer e Slater (1986) e Belmar–Beiny et al. (1993), s - 1 kd* - Constante da taxa de deposição do modelo de Belmar–Beiny et al. L - Comprimento em cada trecho da tubulação, m Le - Comprimento equivalente (1993), s - 1 . - Taxa de deposição de incrustante, s - 1 . - Massa do depósito, s - 1 mr . - Taxa de remoção de incrustante, s - 1 n - Ordem da reação, adimensional Nu - Número de Nusselt, adimensional P1 - Pressão de entrada do tubo, Pa P2 - Pressão de saída do tubo, Pa Pr - Número de Prandtl, adimensional Q - Vazão volumétrica, m 3 /s Q0 - Vazão volumétrica da alimentação, m 3 /s Qn - Vazão volumétrica em cada trecho do distribuidor de GOR, m 3 /s r - Taxa da incrustação, mol/m 3 s ri ( T ) - Velocidade da reação, m 2 K/J R - Constante universal dos gases, J/mol K R' - Resistência ao escoamento, kg/m 7 Re - Número de Reynolds, adimensional RD - Resistência hidráulica distribuída, kg/m 5 Rf - Resistência térmica do tubo com incruste, K m 2 /kW R*f - Resistência assintótica da incrustação, K m 2 /kW RL - Resistência hidráulica localizada, kg/s m 2 Ro - Resistência térmica do tubo sem incruste, K m 2 /kW RTOT - Resistência térmica total do sistema, K m 2 /kW S - Saturados md mf SH - Solúvel em heptano SQ - Solúvel em quinolina ST - Solúvel em tolueno T T fi - Temperatura, K - Temperatura na interface do depósito-fluido, K T film - Temperatura de filme, K Tf - Temperatura do fluido na região de completa turbulência, K Ti - Temperatura de ebulição do componente i na mistura, K TW - Temperatura da parede, K u1 - Velocidade média do fluido na entrada do tubo, m/s u2 - Velocidade média do fluido na saída do tubo, m/s u - Velocidade do fluido, m/s u U - Velocidade média do fluido, m/s U0 - Coeficiente de transferência de calor da superfície limpa, kW/m 2 K V - Voláteis x - Espessura da camada incrustada, m z1 - Altura de entrada do fluido no tubo, m z2 - Altura de saída do fluido no tubo, m - Coeficiente de transferência de calor da superfície suja, kW/m 2 K LETRAS GREGAS α1 e α 2 - Coeficientes de energia cinética α - Difusividade térmica α' - Constante do modelo de Ebert e Panchal (1995), m 2 K/Wh α '' - Constante do modelo de Ebert e Panchal (1997), m 2 K/Wh α ''' - Constante do modelo de Polley et al. (2002), m 2 K/Wh Pa β - Constante do modelo de Ebert e Panchal (1995) β5 - Constante do modelo de Paterson e Fryer (1988) ∆P - Diferença de pressão, Pa υ - Viscosidade cinemática, m 2 /s υi - Fração volumétrica recuperada, adimensional λd - Condutividade térmica do coque, W/mK λf - Condutividade térmica do fluido, W/mK γ* - Peso específico do fluido, N/m 3 µ - Viscosidade dinâmica, Pa.s ρ - Massa específica, kg/m 3 θ - Tempo, s θc - Tempo característico da incrustação, s ÍNDICES D - distribuída d - deposição L - localizada f - fluido fi - interface film - filme i - inicial P - perda de carga PE - percentual r - remoção T - total W - parede LISTA DE FIGURAS Figura 1 Esquema de uma unidade de destilação de petróleo (PETRONET, 2004).... ............................................................................................ 27 Figura 2 Apresentação da Torre de Destilação a Vácuo (TDV). .............. 28 Figura 3 Representação esquemática da região de GOR da TDV. ............ 31 Figura 4 Representação do distribuidor de GOR da TDV. ...................... 33 Figura 5 Fórmula genérica para a incrustação química........................... 42 Figura 6 Esquema das reações possíveis que podem ocorrer num fenômeno de incrustação. .................................................................................. 43 Figura 7 Reação de condensação entre aromático e íon carbonium aromático (Abadie, 1997). .................................................................. 46 Figura 8 Classificação do petróleo em classes (lumps)(Wiehe, 1992). ..... 48 Figura 9 Diagrama da massa molecular versus o conteúdo de hidrogênio para as várias classes do petróleo (Wiehe, 1992). ................................ 49 Figura 10 Seqüência de produção do coque (Levinter et al., 1966). .......... 50 Figura 11 Relação H/C de asfaltenos obtidos após decomposição térmica a 400°C (Savage et al., 1989). ............................................................... 50 Figura 12 Análise do comportamento das frações asfaltenos, coque, maltenos e gases em um óleo para três diferentes temperaturas (Savage et al., 1988). ......................................................................................... 51 Figura 13 Mecanismo do modelo da reação química (Takatsuka et al. 1989).... ............................................................................................ 52 Figura 14 Modelo de reação química sugerida por Takatsuka et al. (1989) 53 Figura 15 Diagrama das reações de decomposição térmica. ...................... 57 Figura 16 Quantidade de coque obtida por decomposição térmica de óleo residual e de suas frações asfaltenos e maltenos a 400°C (Wiehe,1993). 58 Figura 17 Variação temporal de quatro classes de produtos de um óleo residual a 400°C. ............................................................................... 59 Figura 18 Variação temporal da massa molecular do coque e dos asfaltenos após a decomposição térmica a 400°C (Wiehe, 1993). .......................... 60 Figura 19 Escoamento de um fluido em um tubo. .................................... 66 Figura 20 Circuito elétrico equivalente ao hidráulico da Figura 19. ......... 67 Figura 21 Curvas idealizadas para a incrustação (Bott,1995) ................... 72 Figura 22 Estágios do processo de incrustação provocada pela desnaturação da proteína do leite, segundo Paterson e Fryer (1988). ......................... 76 Figura 23 Diferenças de temperaturas entre a parede e a região de completa turbulência........................................................................................ 78 Figura 24 Comparação do modelo modificado por Polley et al. (2002) com os dados de Knudsen et al. (1999). ..................................................... 90 Figura 25 Vazões obtidas do ramal principal do distribuidor do GOR. ...... 94 Figura 26 Comparação entre as estimativas das propriedades físicas de Polley et al. (2002) e do GOR fornecidas pela REPAR. ........................ 98 Figura 27 Temperatura de início da incrustação versus a velocidade ...... 101 Figura 28 Comportamento da taxa da incrustação em termos do número de Biot. Figura 29 103 Comportamento da taxa da incrustação em termos da resistência térmica. 105 Figura 30 Comparação entre os modelos que prevêm a taxa da incrustação em termos do número de Biot e da resistência térmica para os modelos de Belmar-Beiny et al. (1993) e Polley et al. (2002). .............................. 107 Figura 31 Comportamento do crescimento da espessura camada incrustada em função do tempo, considerando uma velocidade média no ramal principal. ........................................................................................ 108 Figura 32 Comportamento da taxa da incrustação em função da velocidade calculada em cada trecho do ramal principal, com a aplicação dos modelos de Belmar-Beiny et al. (1993) e Paterson e Fryer (1988). ..... 109 Figura 33 Análise de sensibilidade da constante kd* , considerando kr = 1, 4. 10−4 s −1 . ............................................................................... 110 Figura 34 Análise de sensibilidade da constante kr , considerando kd* = 2,1. 106 s −1 . ................................................................................ 111 Figura 35 Efeito da variação da energia de ativação na formação da espessura da camada incrustada. ....................................................... 112 Figura 36 Estimativa do crescimento da camada incrustada para o modelo de Belmar-Beiny et al. (1993), considerando o ramal principal do distribuidor de GOR dividido em nove trechos. ................................. 113 Figura 37 Estimativa do crescimento da camada incrustada com o aumento da velocidade do fluido em cada trecho do ramal principal. As constantes kd* e kr do modelo de Belmar-Beiny et al. (1993) foram as mesmas para as diferentes velocidades. ................................................................ 114 Figura 38 Geometria sugerida para o ramal principal do distribuidor de GOR para a redução da formação de incrustação. ............................... 115 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Análise elementar do resíduo antes da reação de craqueamento (Wiehe, 1992). .................................................................................. 55 Tabela 2 Análise elementar do resíduo após 60 minutos de reação a 400°C (Wiehe, 1992). .................................................................................. 55 Tabela 3 Análise elementar dos produtos da conversão térmica das frações mostradas na Tabela 2 após 60 minutos de reação a 400°C (Wiehe, 1992). ........................................................................................................ 56 Tabela 4 Resumo das condições de início da incrustação encontradas por Knudsen et al. (1999) (Polley et al.,2002). .......................................... 89 Tabela 5 Comparação da temperatura de início da incrustação entre o modelo e os dados experimentais.................................................................... 89 Tabela 6 Resumo dos modelos utilizados para a previsão da incrustação ...... 91 Tabela 7 Velocidades no ramal principal do distribuidor do GOR. .............. 95 Tabela 8 Propriedades e constantes utilizadas na comparação dos dados de Polley et al (2002) e do GOR. ............................................................ 97 Tabela 9 Comparação das taxas de incrustação calculadas pelos modelos de Fryer e Slater (1986), Paterson e Fryer (1988) e Belmar-Beiny et al. (1993). ........................................................................................... 104 Tabela 10 Comparação das taxas de incrustação calculadas pelos modelos de Ebert e Panchal (1995), Ebert e Panchal (1997) e Polley et al. (2002). 106 Tabela 11 Novos diâmetros da geometria proposta. .................................. 116 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS RESUMO ABSTRACT LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS LISTA DE SÍMBOLOS SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO ........................................................................................ 26 1.1- FORMAÇÃO DE COQUE NA DESTILAÇÃO A VÁCUO ............... 29 1.2- APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA.............................................. 30 1.3- RELEVÂNC IA DO PROBLEMA ................................................... 34 1.4- OBJETIVOS DO TRABALHO ...................................................... 34 1.6 – FORMA DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO ............................ 35 2- REVISÃO BILIO GRÁFICA ..................................................................... 37 2.1- O PROCESSO DE INCRUSTAÇÃO .............................................. 37 2.1.1- CLASS IFICAÇÃO DA INCRUSTAÇÃO .................................. 39 2.1.2- POSSÍVEIS ETAPAS NO PROCESSO DE INCRUSTAÇÃO QUÍM ICA ......................................................................................... 42 2.1.3- COMPOS IÇÃO QUÍMICA DO COQUE ................................... 45 2.1.4- EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS REALIZADOS SOBRE OS ASFALTENOS E A FORMAÇÃO DE COQUE NO PETRÓLEO ............. 49 3- METODOLOGIA DE SOLUÇÃO EMPREGADA ....................................... 62 3.1- METODOLOGIA EMPREGADA ................................................... 62 3.2- ESTUDO HIDRODINÂM ICO NO DISTRIBUIDOR DE GOR .......... 63 3.2.13.3- MODELAMENTO MATEMÁTICO ......................................... 64 MODELOS MATEMÁTICOS PARA A INCRUSTAÇÃO EM TUBOS... ............................................................................................. 70 4- MODELOS MATEMÁTICOS PARA AVALIAR A INCRUSTAÇÃO INTERNA EM TUBOS ................................................................................... 71 4.1- 4.1.1- MODELO DE FRYER E S LATER (1986) ................................ 75 4.1.2- MODELO DE PATERSON E FRYER (1988) ........................... 76 4.1.3- MODELO DE BELM AR-BEINY ET AL. (1993) ...................... 79 4.2- 5- MODELOS BASEADOS NO NÚMERO DE BIOT .......................... 75 MODELOS BASEADOS NA RES ISTÊNCIA TÉRMICA ................. 83 4.2.1- MODELO DE KERN E SEATON (1959) ................................. 83 4.2.2- MODELO DE EBERT E PANCHAL (1995) ............................. 84 4.2.3- MODELO DE EBERT E PANCHAL (1997) ............................. 85 4.2.4- MODELO DE POLLEY ET AL. (2002) ................................... 86 RESULTADOS E DI SCUSSÕES ............................................................... 93 5.1- RESULTADOS DO ESTUDO HIDRODINÂM ICO .......................... 94 5.2- COMPARAÇÃO ENTRE OS DADOS DE POLLEY ET AL. (2002) E DO DISTR IBUIDOR DO GOR ............................................................... 97 5.3- ANÁLISE DE SENSIBILIDADE NOS MODELOS MATEMÁTICOS.... ............................................................................ 100 5.3.1- ANÁLISE DOS MODELOS MATEMÁTICOS QUE PREVÊM A TEMPERATURA DO INÍCIO DA INCRUSTAÇÃO ............................ 100 6- CONCLUSÕES E SUGESTÕES .............................................................. 118 6.1- SUGESTÕES PARA DESENVOLVIMENTO DE TRABALHOS FUTUROS...... ................................................................................... 120 7- BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 122 APÊNDICE A – MODELO HIDRODINÂMICO DO DISTRIBUIDOR DO GOR..... ....................................................................................................... 130 APÊNDICE B – DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS UTILIZADOS NOS MODELOS MATEMÁTI COS ........................................................................ 138 GLOSSÁRIO ................................................................................................ 150 BIOGRAFIA ................................................................................................ 157 Capítulo 1 –Introdução 26 1- INTRODUÇÃO Um dos desafios da indústria do petróleo é controlar a deposição de materiais incrustantes nas superfícies dos equipamentos. A descoberta de novos campos de petróleo com hidrocarbonetos cada vez mais pesados torna relevante o estudo do processo de incrustação por coque indesejado. O petróleo bruto tem seu uso e valor limitado, logo, o refino é requerido para produzir produtos que sejam mais atrativos ao mercado. O refino consiste em uma série de tratamentos físico-químicos visando à separação do petróleo bruto em numerosos componentes, os chamados derivados do petróleo. O objetivo do fracionamento do petróleo é obter o máximo aproveitamento do seu potencial energético (Speight et al., 2002). Quando o petróleo chega a refinaria, primeiramente é bombeado para uma bateria de trocadores de calor cuja finalidade é aumentar sua temperatura. Uma vez aquecido, o petróleo segue para a dessalinização, onde, são removidos a água, os sais minerais e as partículas sólidas em suspensão. Após a dessalinização, o petróleo é submetido à destilação fracionada, onde, realiza-se a separação dos diversos componentes que apresentam diferentes pontos de ebulição. A Figura 1 apresenta um esquema simplificado de uma unidade de destilação, mostrando a chegada do petróleo cru à refinaria, especificando os principais processos em que é submetido até a sua chegada na torre de destilação a vácuo. Capítulo 1 –Introdução 27 Estabilizadora de Nafta Torre de Vácuo Torre Atmosférica Torre PréFlash Gás de Refinaria Nafta Pesada GLP Gasóleo Leve Retificadora Nafta Leve Gasóleo Pesado Querosene Nafta Intermediária Nafta Leve Diesel Leve Gasóleo Residual Diesel Pesado Forno Resíduo de Vácuo Dessalgadora Forno Forno PETRÓLEO CRU Bateria PréAquecimento Figura 1 Esquema de uma unidade de destilação de petróleo (PETRONET, 2004). De uma maneira geral, em uma coluna de destilação os componentes mais voláteis (substâncias mais leves), de baixo ponto de ebulição, ascendem continuamente pela coluna de fracionamento em direção ao topo, que é a parte mais fria, até condensarem. Os componentes de elevado ponto de ebulição condensam-se em diferentes alturas da coluna e tendem a ir para o fundo da torre. Na base da coluna de fracionamento, onde a temperatura é mais elevada, fica um resíduo, denominado resíduo de fundo. O resíduo de fundo é constituído basicamente de hidrocarbonetos de pesos moleculares elevados e alguns voláteis. Como o ponto de ebulição de um líquido é função da pressão que lhe é aplicada, são duas as propriedades físicas que permitem a completa destilação do petróleo: temperatura e pressão (Speight, 1999). Na coluna de destilação atmosférica mostrada na Figura 1, a obtenção dos produtos é realizada através do aumento da temperatura. O resíduo da destilação atmosférica, obtido no fundo da coluna caracteriza-se por seu alto peso molecular. Entretanto, este resíduo contém frações de significativo Capítulo 1 –Introdução 28 potencial econômico, que não podem ser fracionadas através da destilação atmosférica em função dos seus elevados pontos de ebulição. Assim, aplica-se outra propriedade fundamental no processo de refino: a pressão. Sendo assim, o resíduo da destilação atmosférica segue para a destilação a vácuo. Na destilação a vácuo, o RAT é submetido a pressões inferiores à pressão atmosférica, com o objetivo de diminuir a temperatura de ebulição das substâncias presentes. A redução da temperatura de ebulição é adotada sempre que existe o perigo de ocorrência de reações de decomposição térmica nas substâncias que estão sendo destiladas e a conseqüente carbonização dos subprodutos. A torre de destilação a vácuo, que será denominada neste trabalho pela sigla TDV, tem a finalidade de processar o resíduo atmosférico (RAT) oriundo da torre de destilação atmosférica. O processamento do RAT fornece três cortes diferentes: a região do gasóleo residual (GOR), foco deste estudo, a região de gasóleo pesado (GOP) e a região de gasóleo leve (GOL). Figura 2 mostra um esquema detalhado da TDV, indicando os três cortes. Re giã o do GOL Re giã o do GOP Re giã o do GOR Entra da do RAT Figura 2 Apresentação da Torre de Destilação a Vácuo (TDV). A Capítulo 1 –Introdução 29 A região em destaque é a região do GOR (produto mais leve que o resíduo de fundo da TDV e mais pesado do que o GOP) e utilizado apenas para manter o leito de GOR molhado. A região do GOR é constituída por um demister (equipamento que promove a separação mecânica das impurezas presentes nos vapores ascendentes), cuja finalidade é de reter os resíduos sólidos, um distribuidor do GOR, responsável por manter o recheio molhado, o recheio propriamente dito, que promove o contato entre os gases e as frações líquidas, a panela, que se destina à coleta e retirada de GOR e os filtros. 1.1- FORMAÇÃO DE COQUE NA DESTILAÇÃO A VÁCUO Na TDV, a temperatura do gasóleo residual está em torno de 390°C e a pressão absoluta é de 15 mmHg. O ponto de ebulição do corte mais pesado obtido na pressão atmosférica é limitado pela temperatura (340°C) em que os resíduos começam a sofrer a decomposição térmica ou o craqueamento térmico (Speight, 1999). O resultado do craqueamento é a formação de coque nas superfícies dos fornos e nas regiões inferiores das torres, prejudicando a operacionalidade. Mesmo que a TDV opere a baixas pressões, diminuindo assim o ponto de ebulição das substâncias, se tem o início do processo de incrustação por coque na região de GOR, devido às altas temperaturas. Parte do coque formado se deposita no interior do distribuidor de GOR e nos elementos do recheio. O coque que permanece no interior dos acessórios da TDV causa problemas de entupimento, principalmente nos bicos aspersores do distribuidor de GOR, elevando a pressão nas descargas das bombas. O entupimento dos bicos aspersores também pode causar o coqueamento do recheio de GOR. Capítulo 1 –Introdução 30 1.2- APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA A destilação é um processo de separação de substâncias utilizando os diferentes pontos de ebulição de seus componentes. Por ser a destilação um processo físico, as propriedades dos componentes não são modificadas, pois não há reações químicas. Entretanto, reações de craqueamento térmico das frações mais pesadas podem ocorrer devido às elevadas temperaturas de operação. A TDV é introduzida em uma unidade de destilação de petróleo com a finalidade de proporcionar um melhor aproveitamento do Resíduo Atmosférico (RAT); o produto mais pesado da destilação atmosférica. O RAT é transformado em produtos mais nobres, como GOL e GOP (gasóleos leve e pesado, respectivamente) que constituem a carga para a unidade de Craqueamento Catalítico (FCC). Portanto, quanto maior for à temperatura do RAT e menor a pressão submetida, maior será a quantidade obtida de GOL e GOP, devido à maior porcentagem de gasóleo vaporizada no interior da TDV. O estudo concentra-se na região de GOR que possui hidrocarbonetos de elevado peso molecular e elevada temperatura; condições apropriadas para o desencadeamento do processo de carbonização. A Figura 3 mostra um esquema detalhado da região de GOR com a descrição de todos os seus componentes. A região de GOR possui uma área de 95 m 2 e possui uma vazão mássica de alimentação de aproximadamente 214,00 kg/h. A região de GOR é composta por: um distribuidor de lavagem, um demister, um distribuidor de GOR, um leito de GOR, o suporte do leito, uma panela de retirada de GOR e três filtros do tipo cesto. Capítulo 1 –Introdução 31 Distribuidor de lavagem Filtros Demister Distribuidor de GOR Leito de GOR Suporte do leito Panela de retirada de GOR Figura 3 Representação esquemática da região de GOR da TDV. • Distribuidor de lavagem: Tem a finalidade de reter alguns resíduos que ainda restam na corrente de vapor após passarem pelo demister. • Demister de GOP: Tem por finalidade promover contatos entre vapores de hidrocarbonetos com reciclo de GOP e reter resíduos sólidos (principalmente carbono) que possam ser arrastados pelos vapores de hidrocarbonetos ascendentes. O demister é continuamente lavado com GOP. • Distribuidor de GOR: Tem a finalidade de pulverizar o GOR em gotículas tão pequenas quanto possível, a fim de facilitar a vaporização de substâncias voláteis no GOR. Tem a função também de molhar continuamente os elementos de recheio para aumentar a eficiência do contato líquido/vapor entre o GOR e os gases ascendentes, evitando também o coqueamento do recheio de GOR. Capítulo 1 –Introdução • 32 Leito de GOR: O leito é composto de recheios randômicos que tem a finalidade de aumentar a área de contato entre os gases ascendentes e a fração líquida de hidrocarbonetos condensados. • Panela: A panela se destina à coleta de GOR. • Filtros I, II e III: Possuem a finalidade de reter e retirar da corrente as partículas sólidas que possam existir no GOR e que venham a provocar o entupimento nos bicos aspersores do distribuidor. O reciclo do GOR mostrado na Figura 3 inicia-se com a retirada de líquido da panela, que é impulsionado por uma bomba, através de um conjunto de três filtros. Em seguida, o líquido retorna ao sistema de distribuição onde é aspergido sobre o leito de GOR com o objetivo de molhá-lo de modo uniforme. Devido às altas temperaturas (~390°C), este processo é passível de incrustação por coque, que é o resultado de reações de decomposição térmica, mesmo sob pressões reduzidas. Parte do coque formado permanece nas paredes do equipamento (interior da TDV e principalmente no ramal principal do distribuidor de GOR) provocando problemas de: restrição da área transversal do tubo (aumento da velocidade do escoamento e aumento da perda de pressão devido ao atrito) e entupimento nos bicos. A Figura 4 mostra o distribuidor de GOR, que se encontra na região de GOR e é foco deste estudo. Capítulo 1 –Introdução 33 Ramais secundários 9 11 7 13 5 3 15 1 L0 17 L1 L3 L2 Vazão de entrada L4 L5 L6 L7 L8 Ramal principal 18 2 16 4 14 6 12 8 10 Figura 4 L9 Bicos aspersores Representação do distribuidor de GOR da TDV. Nota-se que o distribuidor de GOR é composto por 52 bicos aspersores, sendo que quatro deles estão dispostos no ramal principal e os demais nos ramais secundários. O diâmetro do ramal principal é 0,254 m, os diâmetros dos ramais 1, 2, 3, 4, 15, 16, 17 e 18 são de 0,0508 m e dos demais 0,0635 m. Todos os ramais secundários são simétricos, exceto os ramais 15 e 16 que são assimétricos. A vazão de fluido é alimentada em um ponto apenas, como mostrado. Os mecanismos de formação de coque no processamento de petróleo dependem de uma grande quantidade de fatores, onde dois dos principais são: a temperatura na qual a fração de petróleo é submetida e a sua composição. Segundo Wiehe (1992), a classe dos asfaltenos são as responsáveis pela formação de coque no petróleo quando este for submetido a temperaturas acima de 340°C. Capítulo 1 –Introdução 34 1.3- RELEVÂNCIA DO PROBLEMA Qualquer melhoria na eficiência de um determinado processo em uma refinaria de petróleo, por menor que seja, pode representar uma significativa economia ou um aumento da produtividade. No caso em particular, com um aumento na temperatura de alimentação da TDV, é possível aumentar a quantidade vaporizada do RAT, minimizando o resíduo de fundo da TDV. Com o aumento de poucos graus na temperatura, ocorre um aumento da quantidade produzida de gasóleo pesado (GOP), o qual é posteriormente submetido ao craqueamento catalítico. Segundo dados fornecidos pela UN-REPAR/PETROBRAS, para cada metro cúbico de gasóleo a mais produzido, tem-se um ganho de US$ 60. O aumento na produção de GOP gera um importante retorno financeiro à refinaria, pois com a mesma quantidade de carga se tem uma maior quantidade de produtos. No entanto, este pequeno aumento de temperatura nem sempre é possível, pois pode desencadear um processo de coqueamento do distribuidor de GOR e do leito logo abaixo, a níveis acima dos toleráveis para um período de operação prédeterminado de funcionamento ininterrupto do equipamento. 1.4- OBJETIVOS DO TRABALHO Este trabalho tem como objetivo, apresentar uma nova configuração geométrica para o distribuidor de gasóleo residual, de maneira a reduzir a formação de coque em seu interior. O estudo concentra-se no distribuidor de GOR, por apresentar uma maior deposição de incruste após um período de operação de seis anos de funcionamento ininterrupto da TDV. Para ser possível a sugestão de uma nova geometria, utilizam-se os modelos matemáticos disponíveis na literatura para previsão da incrustação por coque em tubulações. Esses modelos fornecem uma previsão do processo e da magnitude da incrustação, em função das condições de operação Capítulo 1 –Introdução 35 (temperatura e pressão), das características físico-químicas do fluido de trabalho e do tempo transcorrido. Com a realização do presente estudo, é possível compreender melhor o processo de formação de coque no distribuidor de GOR e identificar quais são as principais variáveis que influenciam na sua formação. 1.6 – FORMA DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO O trabalho encontra-se organizado em seis capítulos os quais estão dispostos da seguinte forma: Capítulo 1 – Introdução Este capítulo referiu-se à introdução do trabalho. O problema em estudo é apresentado de uma forma geral e objetiva, bem como a justificativa do estudo, sua importância e os objetivos do trabalho. Capítulo 2 – Revisão bibliográfica Este capítulo apresenta uma revisão da literatura mostrando como é o início e o desenvolvimento do processo de incrustação nas superfícies dos equipamentos. A revisão também mostra quais são os principais fatores que atuam para aumentar ou diminuir o processo de incrustação. Capítulo 3 – Descrição da metodologia de solução empregada Este capítulo apresenta a metodologia de solução empregada: um estudo hidrodinâmico no distribuidor de GOR e identificação dos modelos matemáticos para previsão da incrustação. Capítulo 4 – Modelos matemáticos para incrustação interna em tubos Neste capítulo, são apresentados e discutidos os modelos matemáticos para previsão do processo de incrustação por coque encontrados na literatura. Capítulo 1 –Introdução 36 Capítulo 5 – Apresentação e discussão dos resultados Este capítulo apresenta os resultados e discussões sobre o emprego dos modelos matemáticos na tentativa de elucidar o processo de formação de coque no distribuidor de gasóleo residual, bem como a proposta de uma nova configuração para a geometria do distribuidor de GOR. Capítulo 6 – Conclusões e sugestões para trabalhos futuros Neste capítulo, são apresentadas as conclusões bem como as sugestões para futuros trabalhos. Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 37 2- REVISÃO BILIOGRÁFICA Nesta seção serão apresentados os trabalhos publicados até o momento e através destes, entender como se inicia o processo de incrustação, conhecer o mecanismo que faz com que as partículas se agregam para formar o coque e quais são os principais reagentes que influenciam no processo de formação de coque no petróleo. Na literatura consultada, existem centenas de artigos sobre o assunto e em geral as conclusões são específicas para o determinado petróleo estudado. As conclusões também variam de acordo com o método utilizado para a separação das frações do petróleo. Após a realização da revisão bibliográfica, espera-se conseguir identificar qual ou quais são as possíveis causas da incrustação na indústria petrolífera. 2.1- O PROCESSO DE INCRUSTAÇÃO Os estudos realizados sobre incrustações concentram-se principalmente em equipamentos de troca térmica, como é o caso dos trocadores de calor ou dos fornos das indústrias alimentícias e petrolíferas. Nas indústrias alimentícias, como por exemplo, de laticínios, a incrustação inicia-se a partir da desnaturação da proteína β -lactoglobulina em temperaturas acima de 110°C, enquanto que na indústria de petróleo as reações de decomposição térmica iniciam-se em temperaturas acima de 340°C. Segundo Mansoori (1997), embora os produtos envolvidos sejam bem diferentes entre si e a natureza das indústrias também, a incrustação resultante será a mesma: uma camada de material carbonizado depositado em uma superfície. A incrustação afeta principalmente equipamentos como os trocadores de calor, por estes possuírem tubulações internas de pequenos diâmetros, onde, qualquer incrustação, por menor que seja, tem um grande efeito de obstrução do escoamento. A diminuição da produção, o aumento dos custos operacionais Capítulo 2 –Revisão bibliográfica e de limpeza são 38 importantes conseqüências da incrustação nestes equipamentos. Nas indústrias de petróleo, um indicativo que um equipamento se encontra incrustado é o aumento da resistência térmica ou da perda de carga. O aumento da camada incrustada aumenta a espessura da parede entre a fonte de calor e o fluido provocando um aumento da resistência de troca térmica. Aumentando-se a espessura da camada incrustada diminui-se o diâmetro útil das tubulações por onde escoa o fluido, acarretando um aumento da perda de carga do sistema (Bott, 1995). A temperatura e a presença de catalisadores são consideradas dois parâmetros de grande influência na incrustação de superfícies de equipamentos. Em relação à incrustação, se esta for considerada como resultado de uma reação química em geral, o aumento da temperatura aumenta a velocidade de reação, aumentando assim a velocidade de formação de incrustante. Locais onde o fluido tenha um aquecimento excessivo podem resultar em craqueamento, produzindo como subprodutos, substâncias que aderem fortemente a uma dada superfície. No entanto, em alguns casos, o aumento da temperatura pode não contribuir para um aumento da incrustação, como é o caso da cristalização mineral, pois, aumentando-se a temperatura os sais cristalizados são dissolvidos. Em relação à presença de catalisadores no fluido, estes podem atuar para iniciar ou intensificar o processo de deposição e conseqüente formação de incrustante. Neste caso, a parede metálica dos tubos pode exercer a função de catalisador ou de atração por polaridade. Existem, no entanto, alguns fatores que podem vir a diminuir a tendência da incrustação, dentre eles: a velocidade do fluido e a presença de substâncias solventes. Em relação ao fator velocidade, o seu aumento pode arrancar ou arrastar partículas sólidas que se depositam na superfície, diminuindo assim a incrustação. A presença de substâncias solventes no fluido facilita a retirada das partículas incrustadas através da sua dissolução, diminuindo também a incrustação. Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 2.1.1- 39 CLASSIFICAÇÃO DA INCRUSTAÇÃO Nesta seção, procura-se classificar a incrustação de maneira a identificar os mecanismos de formação da incrustação, a influência do movimento do fluido e os tipos de incrustação que podem vir a interferir no processo de deposição e conseqüente formação de coque no distribuidor de GOR. Mecanismo de formação da incrustação O mecanismo de desenvolvimento da incrustação é observado como um processo de múltiplos estágios, sendo que a adesão do agente incrustante é a principal etapa. Segundo Oliveira (1997), a incrustação pode ocorrer com partículas coloidais (≤ 1µ m) ou maiores. No caso das partículas coloidais, a principal força atrativa ocorre devido às interações das forças de Van der Waals, enquanto que para as partículas maiores ocorre devido às forças hidrodinâmicas e gravitacionais. Segundo Mansoori (1997), todo e qualquer tipo de incrustação pode ser analisada considerando: O efeito de interface Na interface entre o depósito e o fluido pode haver a adsorção, que é o fenômeno em que as partículas de um fluido entram em contato e aderem à superfície de um sólido. Por este processo, gases, líquidos e sólidos, mesmo em concentrações muito pequenas, podem ser seletivamente capturados ou removidos de uma corrente de fluido, por meio de materiais específicos, conhecidos como adsorventes. O efeito da interface pode incluir também a superfície de contato, as forças de Van der Waals, a força iônica e a carga elétrica das partículas presentes no fluido. A incrustação em uma superfície na indústria petrolífera pode ainda se desenvolver através da (Murphy e Campbell, 1992): deposição de sais minerais; Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 40 deposição de sedimentos; deposição de sólidos filtráveis; deposição de produtos de corrosão; polimerização oxidativa precipitação de asfaltenos; formação de coque. Qualquer tipo de incrustação seja de natureza mineral, de sólidos filtráveis, de produtos de corrosão ou simplesmente de sedimentos, pode causar a: diminuição dos diâmetros internos das tubulações por acúmulo dos produtos depositados; perfuração em pontos da tubulação e equipamentos; aumento do consumo de energia em função da redução do rendimento do equipamento; diminuição da vida útil dos equipamentos e da instalação. Quanto à precipitação dos asfaltenos, a alta temperatura e o elevado peso molecular proporcionam a precipitação dos asfaltenos que se depositam nas paredes das tubulações, onde sofrerão reações químicas e se transformarão em coque. Influência do movimento do fluido Considerando a movimentação do fluido, Paterson e Fryer (1988) classificaram a incrustação em 3 categorias: Classe I – Incrustação controlada pelo fluido. A taxa de incrustação diminui com o aumento da velocidade do fluido; Classe II – Incrustação independe do fluido. A incrustação é controlada por uma reação de superfície e neste caso a taxa de incrustação não é alterada por mudanças na velocidade do fluido; Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 41 Classe III – Incrustação controlada por reação de superfície associada a uma transferência de massa do fluido para a superfície. A taxa de incrustação aumenta com a velocidade do fluido. Entender qual a influência que a velocidade possui no processo de incrustação é muito importante para o estudo realizado no distribuidor de GOR da TDV. Quanto à classificação mostrada acima, não se pode afirmar com precisão qual é a classe em que se encontra o processo de incrustação no distribuidor de GOR. Através do estudo hidrodinâmico e da inspeção in loco realizada na TDV e mais especificamente no distribuidor, a classe a qual se enquadraria o distribuidor seria a Classe I, pois como observado, os ramais do distribuidor encontram-se obstruídos pela incrustação principalmente nos pontos onde se tem menor velocidade. No entanto, não se pode descartar as demais classes e principalmente a Classe III onde a incrustação é controlada pela transferência de massa da região de completa turbulência para a superfície. Tipos de incrustação que podem se desenvolver no distribuidor de GOR Incrustação por particulados A deposição de particulados pode ocorrer em sistemas líquidos e gasosos. Nos sistemas líquidos, as partículas de incrustação podem derivar produtos de corrosão ou de decomposição orgânica. A deposição da partícula na superfície onde irá aderir pode ser por meio de dois mecanismos: força gravitacional (partículas muito grandes que se depositam logo que entram em contato com o fluido) ou transporte da partícula pelo fluido na região de completa turbulência (geralmente partículas mais leves) até a sua deposição na superfície mais à frente. Neste último mecanismo, o movimento do fluido tem uma importância significativa no processo de deposição. Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 42 Incrustação por corrosão A corrosão pode ser definida como a deterioração e perda de material devido a um ataque químico. A origem da corrosão pode ser devido à presença de impurezas no fluido, presença de biofilme ou metais oxidados na superfície. Se os metais oxidados na superfície forem removidos pela ação do fluido ou por ação química, por exemplo, o metal do tubo será afetado e este tipo de incrustação é dominado pela reação química (Bott, 1995). Por causa da incrustação por corrosão, a escolha do material para a construção do equipamento é muito importante. A presença de produtos corrosivos na superfície representa uma resistência à transferência de calor. Incrustação por reações químicas As reações químicas de incrustações são complexas e podem envolver mecanismos como: auto-oxidação, polimerização, craqueamento ou formação de coque. Os processos que são susceptíveis a estes tipos de incrustação são encontrados em refinarias de petróleo, manufaturados petroquímicos e indústrias de alimentos (Bott, 1995). As variáveis que mais influenciam neste tipo de incrustação são a temperatura e a velocidade do fluido. Neste trabalho, será tratado somente da incrustação por reação química. Mais a frente será apresentado como a temperatura e a velocidade influenciam na incrustação. 2.1.2- POSSÍVEIS ETAPAS NO PROCESSO DE INCRUSTAÇÃO QUÍMICA Analisando as incrustações do ponto de vista químico, de uma forma genérica Watkinson e Wilson (1997) apresentaram o fenômeno como é mostrado na Figura 5. REAGENTES Figura 5 PRECURSORES INCRUSTES Fórmula genérica para a incrustação química. Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 43 Os agentes que provocam a incrustação, designadas pelo Watkinson e Wilson (1997) como sendo os agentes precursores da incrustação, são formados por reações químicas a partir de substâncias reagentes. Essas reações ocorrem no meio fluido principalmente devido ao efeito da temperatura. Várias etapas são possíveis no processo de formação deste tipo de incrustação. Podem coexistir simultaneamente as reações, o transporte dos reagentes, dos precursores solúveis e dos precursores insolúveis. A análise de incrustações, onde estejam envolvidas reações químicas, implica em conhecer ou identificar os reagentes e os precursores, em determinar a cinética de reação que forma os precursores e também, se a fase sólida da incrustação inicia-se no interior do meio líquido ou se o mesmo se forma na superfície aquecida. Quando estes fatores forem conhecidos, modelos matemáticos para descrever o processo de incrustação de forma quantitativa poderão ser desenvolvidos. Em contraste com outros tipos, a incrustação por substâncias orgânicas é governada principalmente pelo envelhecimento dos depósitos, sendo a tarefa mais difícil à identificação da substância precursora. A Reação no meio fluido Transferência de massa A* Reação de superfície Sentido de fluxo B B* Precipitação do insolúvel B seguido de transferência de massa Adesão Camada laminar térmica C Superfície de troca térmica Figura 6 Esquema das reações possíveis que podem ocorrer num fenômeno de incrustação. Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 44 A Figura 6 apresenta uma forma mais genérica de representar o conjunto de possíveis reações no processo de incrustação. A reação pode iniciar-se de uma substância reagente A, a qual reage devido a um aumento de temperatura. O fenômeno pode ocorrer no meio fluido, de completa turbulência, formando a substância precursora B, que migra para a parede da tubulação agregando-se de forma sólida e cristalina B*. A sustância reagente A pode sofrer uma deposição ou cristalização por causas físico-químicas, induzidas pelo calor, formando a substância A*. A substância A* pode continuar reagindo produzindo a substância B*, a qual é a substância incrustada. As substâncias A* ou B* podem sofrer um envelhecimento com o tempo, onde uma série de reações de polimerização e pirólise pode acontecer gerando a incrustação final C. Nos casos mais simples de deposição devido aos efeitos da gravidade, a substância B pode simplesmente formar agregados de partículas finas em suspensão no líquido. Incrustações com reações químicas associadas As incrustações envolvendo reações químicas de substâncias de natureza orgânica foram inicialmente estudadas por Crittenden (1988) e posteriormente por Watkinson (1988 e 1992), entre outros. Segundo Bott (1995), as reações possíveis de acontecer se enquadram em um dos três tipos abaixo: Auto-oxidação; Polimerização; Decomposição térmica. Dos três tipos de reações químicas, serão discutidas as reações de polimerização e de decomposição térmica, por serem as duas principais reações que se julgam ocorrer no distribuidor de GOR. As reações de polimerização ocorrem quando uma substância simples se combina com ela mesma através de uma reação química de condensação, acarretando um progressivo aumento da massa molecular, sendo as reações de decomposição térmica exatamente o oposto. Uma molécula muito grande passa a quebrar-se Capítulo 2 –Revisão bibliográfica em várias partes 45 gerando substâncias mais simples. Normalmente, a polimerização está associada à formação de resinas e gomas. Entre os polímeros mais conhecidos encontram-se os glicídios, as proteínas e a maioria dos termoplásticos conhecidos: polietileno, poliestireno e PVC (Mansoori, 1997). 2.1.3- COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO COQUE Os processos de deposição e coqueamento resultam das reações de craqueamento das substâncias de alta massa molecular do petróleo e ocorrem como uma forma do sistema encontrar um equilíbrio químico termodinâmico entre todas as substâncias existentes na mistura. Durante o processo de craqueamento as moléculas mais pesadas quebram-se em moléculas menores dando origem momentaneamente à formação de radicais livres, chamados de íons carbonium. Quanto maior o tamanho da cadeia ou mais complexo for o núcleo aromático, mais estável será o íon carbonium (Abadie, 1997). Segundo (Abadie, 1997), as possíveis reações que podem ocorrem durante um processo de craqueamento são: Divisão beta; Isomerização; Desalquilação; Ciclização; Transferência de hidrogênio; Condensação. A retirada forçada de átomos de hidrogênio dos núcleos aromáticos provocada pelas reações de craqueamento e desalquilação tem como conseqüência à condensação dos núcleos aromáticos para compensar a deficiência em hidrogênio, forçando os núcleos aromáticos a se agruparem gerando hidrocarbonetos aromáticos cada vez maiores em termos de massa molecular e com estrutura cada vez mais próxima da estrutura da grafite, tendendo, portanto a assumir as propriedades do grupo conhecido por coque. Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 46 As reações que conduzem a formação de coque são as menos conhecidas nos processos de craqueamento (Abadie, 1997). O coque consiste tipicamente de uma estrutura aromática polinucleada, com características semelhantes a da grafite. A velocidade de formação do coque decresce de acordo com a composição da carga, no sentido aromáticos polinucleados, dois anéis aromáticos, um anel aromático, olefinas, naftênicos e parafinas (Abadie, 1997). Outro ponto interessante é a aromaticidade do coque formado em relação ao tipo de carga. Se a carga for tipicamente aromática, o coque terá alta aromaticidade, enquanto que para cargas naftênicas, a aromaticidade é intermediária e para cargas tipicamente olefínicas e parafínicas, o coque formado terá baixa aromaticidade, o que indica que as reações de ciclização são muito lentas e quê sem a presença de aromáticos, o coque formado será mais um depósito polimérico, não grafítico, amorfo e de alta massa molecular (Abadie, 1997). Na ausência de aromáticos, as olefinas são necessárias para a formação de coque, tanto como precursores como receptores de hidrogênio dos precursores do coque (Abadie, 1997). Cargas misturadas contendo aromáticos e olefinas são as que mais produzem coque em qualquer um dos dois isoladamente (Abadie, 1997). A Figura 7 mostra um exemplo da reação de condensação entre aromáticos e íon carbonium. Figura 7 Reação de condensação entre aromático e íon carbonium aromático (Abadie, 1997). Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 47 Como mostrado na Figura 7, durante a tentativa de destilar as frações pesadas, produz-se basicamente duas frações: uma composta de uma mistura aleatória de substâncias mais voláteis e outra de produtos de maior massa molecular (resíduo carbonoso). Este resíduo carbonoso pode ser ainda dividido em duas partes, uma de uma fração pesada 1 que não consegue ser destilada, pois dificilmente atingem o ponto de ebulição, denominada coque e outra de um resíduo de fundo. Estudos (Wiehe, 1992) sobre a natureza deste produto de fundo indicaram tratar-se de substâncias de estrutura química complexa que se destacam por serem substâncias de cadeia cíclica, denominada de asfaltenos. Os óleos separados deste resíduo de fundo recebem o nome genérico de maltenos, contendo todos os demais hidrocarbonetos existentes no petróleo, entre os quais se destacam as parafinas, os naftenos, os aromáticos e as resinas. As parafinas são frações formadas pelos hidrocarbonetos saturados e insaturados de cadeia carbônica linear aberta com qualquer quantidade de átomos de carbonos. Os naftenos são frações formadas pelos hidrocarbonetos de cadeia cíclica. Os aromáticos são frações formadas pelos hidrocarbonetos que apresentam o anel benzênico ou aromaticidade em suas moléculas, e finalmente, as resinas possuem moléculas do tipo linear, aberta e com átomos diferentes de carbono em suas estruturas, dando características polares a estas substâncias, diferentemente dos hidrocarbonetos que são apolares. Como o petróleo é composto por uma mistura indefinida e variável de hidrocarbonetos e outras substâncias, e possui a dificuldade de separar todas as substâncias para caracterizar quais delas são as verdadeiras responsáveis pela formação de coque, costuma-se classificar os hidrocarbonetos em classes que contenham substâncias com algumas propriedades físicas semelhantes (lump). De uma forma esquemática, as classes podem ser divididas conforme mostra a Figura 8. 1 As f r a ç õ e s m a i s p e s a d a s t e n d e m a s e r c o l o r i d a a u m e n t a n d o d e i n t e n s i d a d e a t é o n e g r o i n t e n s o . Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 48 VOLÁTEIS PARAFINAS SATURADOS MALTENOS (SH) NAFTENOS AROMÁTICOS RESINAS ASFALTENOS (IHST) CARBENOS (SQ) COQUE Figura 8 CARBÓIDES (IQ) Classificação do petróleo em classes (lumps)(Wiehe, 1992). As classes apresentadas na Figura 8 são separadas através de processos de precipitação e filtração. A classe que compõem os voláteis, saturados, aromáticos e resinas é denominada de maltenos, sendo considerada solúvel em n-heptano (SH). Os asfaltenos são tratados como insolúveis em n-heptano (IH), mas solúvel em tolueno (ST), ou seja, (IHST). O coque é tratado como sendo composto pelos carbenos, que são solúveis em quinolina (SQ) e pelos carbóides, que são insolúveis em quinolina (IQ). Para melhor representar os grupos utilizados nos estudos de formação de coque, Wiehe (1992) separou cada um deles provenientes de um óleo residual de petróleo e realizou uma série de determinações da massa molecular e do conteúdo de hidrogênio. visualizado na Figura 9. O resultado destas determinações pode ser Peso molecular Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 10000 9000 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 49 coque asfaltenos ST Não reagidos resinas aromáticos SH saturados PM~ 700 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Porcentagem de hidrogê nio em peso Figura 9 Diagrama da massa molecular versus o conteúdo de hidrogênio para as várias classes do petróleo (Wiehe, 1992). Pode-se perceber que em cada uma das classes, existe uma variação da massa molecular com diferentes quantidades de hidrogênio. Um exemplo é as resinas que apresentam uma variação do peso percentual de hidrogênio entre 7,5 e 10% e com um peso molecular médio de 700, portanto, constitui uma “pseudo-substância”. Pode-se também perceber as duas linhas divisórias entre tolueno solúvel e heptano solúvel, indicando o método que Wiehe (1992) utilizou na separação das classes. Nota-se também, que o coque possui um elevado peso molecular, com pouca variação da porcentagem de hidrogênio. Isto acontece porque quase 50%, em massa, dos asfaltenos se convertem em coque e a quantidade de hidrogênio diminui, ou seja, o coque é formado praticamente por anéis aromáticos de carbono puro. 2.1.4- EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS REALIZADOS SOBRE OS ASFALTENOS E A FORMAÇÃO DE COQUE NO PETRÓLEO Autores como Pfeiffer e Saal (1940) e Langer et al. (1961) apresentaram estudos sobre o processo de formação de coque no petróleo. Nesta seção, é mostrado em ordem cronológica um breve resumo dos principais trabalhos realizados até se chegar ao que se conhece hoje sobre o processo de formação de coque no petróleo. Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 50 Levinter et al. (1966) Levinter et al. (1966) mostraram que o coque é produzido como um subproduto da decomposição térmica de uma seqüência de polimerização/condensação a qual ocorre como mostrada abaixo: ÓLEOS (SH) RESINAS (SH) Figura 10 ASFALTENOS (IHST) COQUE (IQ) CARBENOS (ITSQ) Seqüência de produção do coque (Levinter et al., 1966). Os óleos, compreendendo todas as classes de hidrocarbonatos, solúveis em n-heptano (SH) tendem a se converter progressivamente em resinas, também solúveis em n-heptano, e estas, convertem-se em asfaltenos, classe considerada insolúvel em n-heptano e solúvel em tolueno (IHST). Com o decorrer da reação, os asfaltenos progressivamente vão se convertendo em carbenos, que constituem a fase inicial do coque e posteriormente em coque, já com características de grafite. Savage et al. (1988) Savage et al. (1988) foram os primeiros a mostrar que nas reações de decomposição térmica a relação H/C (razão entre a quantidade de hidrogênio H e a quantidade de carbono C) nos asfaltenos decai rapidamente com o tempo de reação e tende para um limite assintótico. A Figura 11 mostra esta H/C relação. 1,3 1,2 1,1 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 asfaltenos coque peso médio 0 20 40 60 80 100 120 Tempo ( min) Figura 11 Relação H/C de asfaltenos obtidos após decomposição térmica a 400°C (Savage et al., 1989). Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 51 Na Figura 11, a massa molecular dos asfaltenos foi analisada após a amostra de um óleo ter sofrido a reação de decomposição térmica. O resultado obtido sugere a hipótese de que são os asfaltenos que sofrem reação de decomposição se convertendo em compostos com mais carbonos e menos hidrogênio. É importante observar que tanto o coque quanto os asfaltenos têm a relação H/C progressivamente diminuída com o transcorrer do tempo de reação. A Figura 12 mostra em três gráficos distintos os resultados obtidos sobre a decomposição térmica realizada em um óleo residual, analisando os seus teores de asfaltenos, maltenos e coque. A fração gás corresponde à perda de massa durante o processo de decomposição térmica, devido à formação de voláteis que se desprenderam. Na Figura 12a, tem-se os dados obtidos em um processo realizado a 350 o C, enquanto que o gráfico da Figura 12b corresponde à decomposição térmica à 400 o C e a Figura 12c é relativa à decomposição térmica à 450 o C. 1,1 asfaltenos 1 1 0,9 coque 0,9 0,8 0,8 maltenos 0,8 0,7 gás 0,7 0,7 0,6 0,5 0,4 0,6 asfaltenos 0,5 maltenos 0,4 gás Fração peso 0,9 Fraçao peso Fração peso 1 1,1 0,6 0,4 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0 0 0 0 20 40 60 80 100 120 Tempo (min) 350 °C Figura 12 asfaltenos coque maltenos gás 0,5 0 20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 Te mpo (min) Tempo (min) 400°C 450°C 100 Análise do comportamento das frações asfaltenos, coque, maltenos e gases em um óleo para três diferentes temperaturas (Savage et al., 1988). Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 52 Na Figura 12a, observa-se que quando o óleo residual foi submetido à temperatura de 350°C não houve produção de coque, pois praticamente não houve decomposição térmica dos asfaltenos. Nota-se também pouca liberação de gás, indicando que a temperatura utilizada não foi suficiente para provocar à decomposição térmica do material. Na Figura 12b, observa-se que houve grande formação de coque. Com 20 minutos de reação a 400ºC, mais da metade dos asfaltenos foi convertida. Um fato interessante de ser notado é que à medida que os asfaltenos vão diminuindo ocorre um aumento dos maltenos, até atingir um ponto onde a curva de maltenos e a de asfaltenos se encontram. Na Figura 12c, a 450°C, estão presentes coque, asfaltenos, maltenos e gases. Nota-se que a conversão dos asfaltenos em coque é muito rápida e completa depois de 20 minutos. A porcentagem de coque formada chega a 70%. Takatsuka et al. (1989) Takatsuka et al. (1989), mostraram em seu estudo um modelo matemático de reação baseado em quatro classes, como mostra a Figura 13. As quatro classes consideradas por Takatsuka et al. (1989) foram: C 1 que corresponde aos óleos + resinas (SH), C 2 que corresponde aos asfaltenos (IHST), C 3 que corresponde aos carbenos (ITSQ) e C 4 que corresponde ao coque (IQ). Os componentes de C 1 a C 4 , correspondem à fase líquida, sendo que apenas C 1 , C 2 e C 3 reagem. Os componentes de C 5 a C 8 correspondem à fase vapor e como o tempo de residência da fase vapor é muito curto, Takatsuka et al. (1989) consideraram que estes não reagiam. k15 C1 SH Figura 13 k16 k12 k18 k17 C2 IHST 150°C gás C8 150°C ~260°C C7 260°C ~370°C C6 370°C ~538°C C5 k23 C3 ITSQ k34 C4 IQ Mecanismo do modelo da reação química (Takatsuka et al. 1989). Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 53 Takatsuka et al. (1989) foram os únicos autores que sugeriram um modelo que conseguia prever a quantidade de óleos, resinas, asfaltenos, carbenos e coque formado durante a reação química. O modelo é mostrado na Figura 14. No entanto, o modelo é composto por uma série de constantes de difícil determinação. Na Figura 14, os k ’s são as constantes de cinéticas química de cada reação, enquanto que os C ’s são as concentrações dos reagentes que estão sendo consumidos durante a reação. De uma forma geral tem-se a taxa da concentração ao longo de todas as possíveis reações de craqueamento dC1 / dt = X k1 C1 dC2 / dt = k12 C1 − X k2 C2 dC3 / dt = k23 C2 − k34 C3 dC4 / dt = k34 C3 dC5 / dt = k15 C1 − k25 C2 dC6 / dt = k16 C1 − k26 C2 dC7 / dt = k17 C1 − k27 C2 dC8 / dt = k18 C1 − k28 C2 onde X k1 = k12 + k15 + k16 + k17 X k2 = k23 + k25 + k27 + k28 Figura 14 Modelo de reação química proposto por Takatsuka et al. (1989) No modelo de reação, Takatsuka et al. (1989) consideraram que as reações de policondensação levam à formação de coque e que a policondensação seria a causa da incrustação. Segundo eles, o coque seria formado na região de completa turbulência depositando-se na superfície do tubo onde se agruparia através de reações de policondensação. Esta teoria proposta por Takatsuka et al. (1989) logo foi questionada principalmente por pesquisadores como Wiehe (1992) que mostrou que o coque não possui a característica de se agrupar através de reações de policondensação, mas sim, os asfaltenos. Segundo Wiehe (1992), a reação de formação de coque inicia-se com a precipitação dos asfaltenos na região de completa turbulência. Na seqüência, ocorre a deposição do precursor na superfície do tubo onde se tem o início das reações de decomposição térmica/policondensação e Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 54 conseqüentemente a formação do coque. Logo, a causa da incrustação seria os asfaltenos e não as reações de policondensação como propôs Takatsuka et al. (1989). Wiehe (1992) Com base nos estudos de Savage et al. (1988) e após uma série de ensaios, Wiehe (1992) mostrou que as reações que ocorrem durante a formação de coque passam por um aumento da aromaticidade, denominado oligomerização. Wiehe (1992) usando cromatografia fracionou amostras de resíduos de vácuo em suas classes básicas, óleos, resinas e asfaltenos (saturados + aromáticos), e submeteu-as, separadamente, a reação de craqueamento a 400 o C pelo período de 1 hora. Os resultados estão apresentados nas Tabela 1, 2 e 3. A Tabela 1 mostra a composição do resíduo escolhido para a experimentação e a Tabela 2 mostra a composição do mesmo resíduo após o término da reação de craqueamento térmico realizada à 400 o C durante 60 minutos. As frações da Tabela 3 foram separadas a partir da amostra do resíduo, cuja composição é apresentada na Tabela 1, usando-se cromatografia líquida. Nota-se na Tabela 2 que a reação de craqueamento do resíduo durante 1 hora a 400°C produziu gases, voláteis leves, saturados, aromáticos, resinas, asfaltenos e coque, ou seja, de quatro classes tem-se agora sete diferentes frações, sendo que a fração asfaltenos possui a maior porcentagem em massa. A porcentagem em massa de coque formado na reação foi de 8,7% . Na Tabela 3, após analisar-se as quatro classes separadamente, a fração asfaltenos produziu cerca de 39,4 % em massa de coque. Percebe-se uma evidente redução na massa molecular média em todos os produtos das Tabelas 1 a 3, exceto para o coque, mostrando que as frações pesadas, após sofrerem as reações de decomposição térmica se transformam em coque. Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 55 Tabela 1 Análise elementar do resíduo antes da reação de craqueamento (Wiehe, 1992). Fraç ão % M as s a %C %H H/C %S %N MM (kg /k mo l ) Sat ur ad os 18,0 85,2 5 12,5 3 1,75 2,18 0,08 920 A ro má t ico s 17,0 83,7 7 10,1 0 1,44 5,04 0,11 613 Re s ina s 40,0 81,7 2 8,27 1,21 5,26 1,15 986 As fa lt e no s 25,0 83,1 6 6,34 0,91 7,23 1,50 2980 To ta l 100, 0 82,4 5 9,70 1,40 5,75 0,62 1040 Tabela 2 Análise elementar do resíduo após 60 minutos de reação a 400°C (Wiehe, 1992). Fração % Massa %C %H H/C %S %N MM (kg/kmol) Gases 1,5 --- --- --- --- --- --- Voláteis leves 12,3 --- --- --- --- --- --- Saturados 12,9 85,25 12,53 1,75 2,18 0,08 690 Aromáticos 25,8 83,77 10,10 1,44 5,04 0,11 470 Resinas 20,5 81,72 8,27 1,21 5,26 1,15 899 Asfaltenos 18,3 83,16 6,34 0,91 7,23 1,50 2009 Coque 8,7 82,19 5,54 0,80 7,63 1,78 --- Total 100 --- --- --- --- --- --- Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 56 Tabela 3 Análise elementar dos produtos da conversão térmica das frações mostradas na Tabela 2 após 60 minutos de reação a 400°C (Wiehe, 1992). % Fração Saturados + aromáticos Resinas Asf altenos Massa MM %C %H H/C %S %N (kg/ kmol) Voláteis leves 29,5 --- --- --- --- --- --- Saturados 32,10 85,59 12,50 1,74 1,79 0,0 694 Aromáticos 38,10 83,95 10,59 1,50 4,17 0,0 345 Resinas 19,40 83,06 9,01 1,29 5,32 0,0 839 Total 119,4 --- --- --- --- --- --- Voláteis leves 10,80 --- --- --- --- --- --- Saturados 5,70 84,36 12,03 1,70 2,77 0,17 670 Aromáticos 30,80 81,60 9,99 1,46 4,78 0,12 442 Resinas 30,60 82,01 8,44 1,23 4,60 2,18 804 Asfaltenos 22,10 83,17 6,66 0,95 6,76 1,98 1841 Total 100 --- --- --- --- --- --- Voláteis leves 10,40 --- --- --- --- --- --- Saturados 2,60 83,87 12,63 7,99 2,54 0,0 --- Aromáticos 14,20 81,79 10,36 1,51 4,92 0,0 422 Resinas 12,40 81,60 8,05 1,18 6,68 0,90 622 Asfaltenos 21,00 82,00 6,18 0,90 7,96 2,18 1557 Coque 39,40 82,42 5,50 0,80 7,92 1,73 7525 Total 100 --- --- --- --- --- --- Com base nos resultados apresentados na Tabela 3, Wiehe (1992) concluiu que as reações possíveis de acontecer seguem o esquema da Figura 15. Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 57 V S R A R A C AR + S + V V - voláteis S - saturados AR - aromáticos R - resinas A - asfaltenos C - coque R + AR + S + V Aumento da aromaticidade e massa molecular Figura 15 S + V AR Menos aromáticos e menor massa molecular Diagrama das reações de decomposição térmica. A Figura 15 mostra a cadeia de reações que podem ocorrer durante a decomposição térmica. Observa-se que apenas a fração asfaltenos produz coque. Além do coque, um asfalteno pode dar origem a uma mistura de resinas, aromáticos, saturados e voláteis. As resinas, por sua vez, podem gerar asfaltenos, aromáticos, saturados e voláteis. Na seqüência, todos os aromáticos presentes, inclusive os originados pelas reações anteriores, podem produzir mais saturados e mais voláteis e outra fração mais leve de resinas, em um ciclo em cadeia até estabilizar. Através deste estudo, Wiehe (1992) concluiu que a fração asfaltenos presente no petróleo é a precursora do coque. No ano seguinte, Wiehe (1993) procurou fazer um estudo nos modelos cinéticos apresentados na literatura utilizados para prever a formação de coque. Em seu estudo ele observou que os modelos falhavam na predição do período de indução 2, ou seja, a maioria dos modelos de cinética conseguia prever apenas o período de incrustação propriamente dito. A observação sobre o período de indução também foi feita por investigadores anteriores a Wiehe (1993), dentre eles Magaril et al. (1968), Valyavin el al. (1979) e Takatsuka et al. (1989). Com base nos dados obtidos na Figura 12 e na Tabela 3, Wiehe 2 O período de indução pode ser definido como sendo o período onde não há formação representativa de coque. Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 58 (1993) chegou à conclusão que a fração maltenos influi no período de indução, ou seja, retarda o aparecimento do coque. Seguindo os mesmos passos de Savage et al. (1985, 1988 e 1989), Wiehe (1993) simulou em laboratório a reação de decomposição térmica de uma amostra de um óleo residual. Wiehe (1993) separou três amostras distintas, uma contendo somente frações de asfaltenos, outra de maltenos e outra de um resíduo completo. A simulação foi realizada com tempo (200 minutos) e temperatura (400°C) controlados. A Figura 16 mostra o resultado da sua simulação, onde é possível verificar o comportamento das três frações na temperatura de 400°C, durante um período de tempo de 200 min. Observa-se que a curva relativa à decomposição térmica da fração pura de asfaltenos apresenta um tempo de indução nulo, enquanto que este mesmo tempo é de aproximadamente 90 minutos para a fração pura de maltenos. A decomposição térmica do resíduo completo, por sua vez, mostrou um tempo de indução intermediário (50 min), entre os valores das curvas anteriores. Supondo que os asfaltenos sejam os responsáveis pela formação de coque, esperava-se um tempo de indução nulo para o resíduo completo. O coque formado deveria % coque formado em massa aparecer na proporção de asfaltenos na amostra. 60 50 asfaltenos 40 resíduo completo 30 maltenos 20 10 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Tempo 400°C, min Figura 16 Quantidade de coque obtida por decomposição térmica de óleo residual e de suas frações asfaltenos e maltenos a 400°C (Wiehe,1993). Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 59 A amostra de resíduo completo, usada por Wiehe (1993) tinha 25% de asfaltenos e 75% de maltenos e, portanto, o coque deveria surgir desde o princípio, em uma concentração da ordem de 25% daquela obtida da decomposição térmica da fração pura de asfaltenos. Para esclarecer melhor o mecanismo de formação de coque, Wiehe (1993) procedeu a uma série de ensaios de decomposição térmica somente da fração maltenos pura e analisou quimicamente todas as possíveis classes importantes. Os resultados obtidos estão mostrados na Figura 17. Observa-se que a decomposição da fração maltenos produz asfaltenos e à medida que o tempo passa aumenta-se à concentração de asfaltenos enquanto diminui a concentração dos maltenos até ser atingido um ponto onde ocorre a saturação. A partir deste ponto (aproximadamente 45 minutos de reação) inicia-se a floculação dos asfaltenos decomposição térmica. aparecimento do que se Observa-se coque, vindo depositam também, e a começam partir provavelmente da a deste fração sofrer a ponto, o asfaltenos decomposta. Esta simulação mostra que a fração maltenos dissolve a fração asfaltenos até a saturação e somente após se inicia a fase de geração de coque, como resultado das reações de decomposição térmica da fração % resíduo em massa asfaltenos. 80 70 60 50 40 30 20 10 0 asfaltenos maltenos coque voláteis P o nt o d e sa t ur a çã o 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Tempo (min), 400°C Figura 17 Variação temporal de quatro classes de produtos de um óleo residual a 400°C. Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 60 Por outro lado, os asfaltenos que permanecem em solução também são chamados de asfaltenos reagentes e tem suas massas moleculares progressivamente diminuídas, devido ao fato que a floculação ocorre sempre precipitando antes as frações mais pesadas. A Figura 18 mostra uma comparação da variação da massa molecular entre os asfaltenos remanescentes no óleo e o coque formado durante as reações de decomposição térmica. Observa-se que enquanto a massa molecular dos asfaltenos diminui com o transcorrer do tempo a massa molecular do coque aumenta, comprovando a explicação anterior. 8000 Peso molecular 7000 6000 5000 asfaltenos 4000 coque 3000 2000 1000 0 0 Figura 18 20 40 60 Tempo 400°C, min 80 100 Variação temporal da massa molecular do coque e dos asfaltenos após a decomposição térmica a 400°C (Wiehe, 1993). Wiehe (1993) concluiu que todo coque é proveniente dos núcleos de asfaltenos que sofreram reação de decomposição térmica. Para compreender melhor este fato deve-se levar em conta que a fração asfaltenos, segundo Wiehe (1993), consiste de núcleos aromáticos e heterocíclicos ligados a ramificações lineares. Durante as reações de decomposição térmica, as ramificações se desprendem dos núcleos aromáticos levando consigo átomos de hidrogênio de outros núcleos, forçando estes a se ligarem entre si. Com a ligação dos núcleos ocorre um aumento da aromaticidade e da massa molecular do conjunto, o qual no final tenderá a uma infinidade de anéis benzênicos ligados uns aos outros, completamente ou parcialmente Capítulo 2 –Revisão bibliográfica 61 desprovidos de hidrogênio. As configurações dos anéis benzênicos ligados tendem para uma estrutura cristalina própria do coque, com um aumento progressivo de sua massa molecular, onde o limite é uma estrutura similar a da grafite. Os asfaltenos remanescentes no óleo terão a massa molecular progressivamente diminuída. De uma forma geral, pode-se verificar que os asfaltenos são os grandes responsáveis pela formação de coque. Qualquer variação no equilíbrio físicoquímico da solução pode provocar uma precipitação dos asfaltenos seguida pela deposição e posteriormente iniciar a reação de decomposição térmica tendo como produto final, o coque. A análise das reações de incrustação química em um dado sistema consegue identificar os reagentes, os precursores, que são as frações solúveis, e as incrustações que são as frações insolúveis, bem como as reações cinéticas que formam os precursores. Capítulo 3 –Metodologia de solução empregada 62 3- METODOLOGIA DE SOLUÇÃO EMPREGADA Este capítulo apresenta a metodologia de solução utilizada no estudo da incrustação e os modelos matemáticos para previsão da incrustação. A metodologia empregada envolve duas etapas: um estudo hidrodinâmico no distribuidor do GOR e uma investigação das características, potencialidades e restrições dos modelos matemáticos para a incrustação em tubos. A realização de um estudo hidrodinâmico foi motivada por, inicialmente suspeitar-se que a distribuição de vazão nos bicos aspersores do distribuidor de GOR, não era uniforme. Dessa forma, o objetivo do estudo hidrodinâmico foi de verificar se a vazão de fluido nos bicos aspersores estava próximo da vazão ideal teórica de 1, 45. 10−3 m3 / s . Após o estudo hidrodinâmico, investigou-se os modelos matemáticos apresentados na literatura e que conseguiam prever a temperatura de início da incrustação em uma determinada condição operacional analisada. 3.1- METODOLOGIA EMPREGADA Para a solução do problema, inicialmente, fez-se um estudo em campo, onde procurou-se conhecer melhor o funcionamento da TDV, compreender como funcionava a região de GOR, levantar dados geométricos do equipamento e reunir os dados sobre as condições de operação e das propriedades termofísicas do GOR. Após a investigação em campo partiu-se para um estudo bibliográfico com o objetivo de encontrar trabalhos já desenvolvidos sobre a incrustação. A revisão bibliográfica apresentada no capítulo 2 procurou mostrar os principais parâmetros que influenciam no processo de deposição por coque. Através desta revisão, percebeu-se a grande complexidade do assunto. Através do estudo na região de GOR, obteve-se a informação que o distribuidor de GOR apresentava a maior concentração de incruste, Capítulo 3 –Metodologia de solução empregada 63 principalmente no ramal principal. No entanto, alguns bicos posicionados nos ramais secundários do distribuidor, também se apresentavam obstruídos após o período de operação. Desta forma, investigou-se a possibilidade do distribuidor de GOR não estar bem dimensionado, através da realização de um estudo hidrodinâmico. O estudo levou em consideração o efeito de propriedades como: a massa específica, a temperatura do fluido, além de parâmetros como a perda de pressão e a velocidade do fluido. Os dados obtidos no estudo hidrodinâmico para o distribuidor de GOR foram utilizados na aplicação dos modelos matemáticos para previsão do processo de incrustação. 3.2- ESTUDO HIDRODINÂMICO NO DISTRIBUIDOR DE GOR Inicialmente suspeitou-se que o coque formava-se devido à má distribuição de líquido nos bicos aspersores do distribuidor de GOR. Se não houver uma vazão próxima da vazão teórica nos bicos aspersores, o recheio localizado abaixo do distribuidor de GOR não possui molhamento uniforme, proporcionando assim condições adequadas à deposição e formação de coque (alta temperatura e baixa velocidade). Como mostrado na Figura 4, o distribuidor de GOR é composto por 52 bicos aspersores, sendo quatro destes localizados no ramal principal. Os quatro bicos do ramal principal possuem um gradiente de vazão maior do que os bicos dos ramais secundários, pois o diâmetro do ramal principal é maior do que o diâmetro dos ramais secundários. Parte das partículas do coque formada no recheio de GOR seria coletada na bandeja e bombeada para os filtros e a outra parte ficaria retida no recheio. Da parte bombeada, uma parcela seria retida nos filtros e a outra quantidade, de diâmetro menor que as malhas dos filtros, passaria e entraria no distribuidor, podendo se depositar nas paredes dos tubos e nos bicos. Desta forma, procurou-se calcular a vazão em todos os bicos do distribuidor de GOR. Para isto, calculou-se a perda de carga no distribuidor. De maneira a simplificar os cálculos, fez-se uso da analogia do circuito hidráulico com o de resistências elétricas. Os cálculos foram realizados na Capítulo 3 –Metodologia de solução empregada 64 planilha Excel (2000) de forma iterativa. Através da planilha analisa-se o comportamento das variáveis: vazão, pressão, diâmetro e coeficientes de perda de carga. 3.2.1- MODELAMENTO MATEMÁTICO A perda de carga de um escoamento em uma tubulação está associada à perda de energia do escoamento, isto é, à conversão irreversível de energia mecânica em energia térmica. Partindo da primeira lei da termodinâmica, equação da conservação da energia e considerando escoamento incompressível, regime permanente e plenamente desenvolvido, chega-se à equação que define a perda de carga total, hT , na tubulação (Fox e McDonald, 1995): P1 P2 u12 u22 + + − + + z2 = hT α z α 1 1 2 2g 2g γ * γ * (1) onde, P1 e P2 são as pressões de entrada e saída do tubo [Pa], u1 e u2 são as velocidades médias de entrada e saída do tubo [m/s], g é a aceleração da gravidade [m/s 2 ], α1 e α 2 são os coeficientes de energia cinética, z1 e z2 são as alturas de entrada e saída [m], γ * é o peso específico do fluido ( γ * = ρ g , onde ρ é a massa específica do fluido [kg/m 3 ]) [N/m 3 ] e hT é a soma das perdas distribuídas e localizadas [m]. A perda de carga distribuída ( hD ) refere-se aos efeitos de atrito no escoamento plenamente desenvolvido e as perdas de cargas localizadas ( hL ) são devidas às perdas em entradas, acessórios, expansões, particularidades dos tubos e características geométricas. Perda de carga distribuída A determinação das perdas distribuídas pode ser feita através da equação (1), considerando as hipóteses: Seção transversal constante, u1 = u2 ; Capítulo 3 –Metodologia de solução empregada 65 z1 = z 2 , tubo horizontal; α 1 = α 2 , escoamento plenamente desenvolvido; hL = 0 , perda de carga localizada desprezível. Substituindo as considerações na equação (1), e adimensionalizando a perda de carga em termos de energia cinética por unidade de massa, tem-se a equação (2) hD L = φ 2 1/ 2 u D onde, φ ( Re, e / D ) e Re, D (2) é conhecido como o fator de atrito do escoamento [adimensional], e é a rugosidade superficial do tubo [m], D é o diâmetro da tubulação [m], L é o comprimento da tubulação [m], u é a velocidade média do escoamento [m/s] e Re é o número de Reynolds [adimensional]. Uma forma muito utilizada para determinar o fator de atrito em escoamento turbulento é através da equação de Colebrook. Para o escoamento laminar, à medida que o número de Reynolds aumenta o fator de atrito diminui. Na região de transição, f aumenta bruscamente. No regime de escoamento turbulento, o fator de atrito diminui gradualmente com o número de Reynolds, para tubos lisos e por fim se torna constante para valores de número de Reynolds extremamente elevados (Fox e McDonald, 1995). Rearranjando a equação (2), tem-se a equação (3) hD = f L u2 D 2 (3) A equação (3) é a equação de Darcy–Weisback. Perda de carga localizada O escoamento em um sistema de tubos pode necessitar passar por uma diversidade de acessórios: curvas, válvulas, mudanças súbitas de seção transversal, etc. A energia é eventualmente dissipada pela mistura violenta Capítulo 3 –Metodologia de solução empregada 66 nas zonas separadas. Essas perdas serão relativamente menores se o sistema consistir em longos trechos de seção constante. As perdas de carga localizadas podem ser expressas como mostrada na equação (4) hL = K p u 2 (4) onde, K p é o coeficiente de perda de carga que é função da geometria do sistema e deve ser determinado para cada situação. O coeficiente K p pode ser determinado através de tabelas de perda de carga localizadas (Silvestre, 1985) equivalentes de tubo retilíneo, onde, ou em Kp = f Le D termos e de comprimentos Le , é o comprimento equivalente. Substituindo as equações da perda de carga distribuída e localizada, equação (3) e equação (4), respectivamente na equação (1), tem-se a equação (5) P1 − P2 1 L u2 u2 2 2 u u z z f K α α + − + − = + ( ) ( ) ∑ P 2g 1 1 2 2 1 2 D 2g γ * 2g (5) A equação (5), representa a conservação da energia para um fluido que escoa de um ponto a outro ao longo da tubulação. Analogia do circuito hidráulico com o elétrico A analogia com o modelo resistivo desenvolve-se a partir da equação de Bernoulli modificada, equação (5). O escoamento no tubo da Figura 19 pode ser comparado ao circuito elétrico da Figura 20 1 Figura 19 Q 2 Escoamento de um fluido em um tubo. Capítulo 3 –Metodologia de solução empregada 67 A vazão é análoga à corrente elétrica, enquanto que a diferença de pressão entre os pontos 1 e 2 está relacionada com a diferença de potencial. R 1 2 i Figura 20 Circuito elétrico equivalente ao hidráulico da Figura 19. A partir da equação (5), pode-se escrever que: (6) ∆P = R ' Q 2 onde, ∆P é a perda de carga [Pa], R ' é a resistência ao escoamento [kg/m 7 ] e Q a vazão volumétrica [m 3 /s]. A relação linear entre a voltagem e a corrente dada pela lei de Ohm não se aplica ao escoamento. No caso hidrodinâmico, a queda de pressão é proporcional ao quadrado da vazão volumétrica. Cálculo da perda de carga distribuída No cálculo da perda de carga distribuída, a equação (5) resume-se na equação (7) f L ρ Q2 P1 − P2 = D 2 Ar2 onde, Q é a vazão volumétrica ( = u Ar ) (7) [m 3 /s] e Ar é a área da seção transversal do tubo [m 2 ]. Rearranjando a equação (7), obtém-se a equação (8) RD = fL ρ D 2 Ar2 onde RD é a resistência hidráulica distribuída [kg/m 5 ]. (8) Capítulo 3 –Metodologia de solução empregada 68 Cálculo da perda de carga localizada Considerando que o escoamento é desenvolvido (α1 = α 2 ) , que não existe diferença de altura ( z1 = z2 ) e desconsiderando a perda de carga distribuída, a equação (5) pode ser representada como demonstrada na equação (9) P1 u12 P u2 K u2 + = 2 + 2 + P 2 γ * 2g γ * 2g 2g (9) Substituindo na equação (9) γ * / g = ρ e Q / Ar = u , chega-se à expressão mostrada na equação (10) ρ ρ Q12 2 ∆P = 1 + 2 K − Q2 P) 2 ( 2 2 2 2 A A Q r2 r1 2 (10) ρ ρ Q12 1 + 2 − K assim, RL = P) 2 ( 2 Ar21 Q22 2 Ar 2 onde RL é a resistência hidráulica localizada [kg/m s 2 ]. O valor do coeficiente de perda de carga ( KP ) é determinado através do comprimento equivalente de tubo retilíneo. Note que a resistência hidráulica localizada, RL , é uma função das vazões que muitas vezes são desconhecidas. Os acessórios do distribuidor de GOR, considerados para o cálculo da perda de carga localizada, são: curva 90°, flange, tê de passagem direta, tê de saída lateral, tê de saída bilateral e cruzeta. Fez-se uso das tabelas de comprimento equivalente para acessórios encontradas em Fox e McDonald (1995). Para o cálculo do coeficiente de perda de carga dos bicos, não se utilizou o conceito de comprimento equivalente, uma vez que se dispõe do valor da perda de carga do bico. No cálculo de K P para o bico, fez-se uso da relação ∆P / ρ = hL . Capítulo 3 –Metodologia de solução empregada KP = 69 2 ∆P V 2ρ (11) onde, ∆P foi estimado em 70Pa . ( Spray Systems Co, 2001 ). Determina-se a velocidade do fluido no bico através da vazão total dividida pelo número de bicos. Para o cálculo da resistência do bico, levou-se em consideração a variação de área existente entre o bico e o tubo ao qual está conectado. Para o cálculo do fator de atrito, empregou-se as seguintes equações e 5, 74 D f 0 = 0, 25 log + 3, 7 Re0,9 1 f 0,5 −2 e 2, 71 = −2, 0 log D + 3, 7 Re f 0,5 (12) (13) onde as equações (12) e (13) são denominadas equação de Miller e de Colebrook, respectivamente (Fox e McDonald, 1995). Após o cálculo de todas as perdas distribuídas e localizadas, fez-se a analogia do circuito hidráulico com um circuito elétrico, ou seja, calculou-se todas as resistências em paralelo e em série, reduzindo o problema original a um sistema simplificado. Vale salientar que os resultados obtidos pela analogia com a resistência elétrica servem como forma de conhecer as reais condições do sistema de distribuição de líquido, sendo fundamentais no instante da aplicação dos modelos matemáticos para a previsão da incrustação no distribuidor. Capítulo 3 –Metodologia de solução empregada 70 3.3- MODELOS MATEMÁTICOS PARA A INCRUSTAÇÃO EM TUBOS Os modelos matemáticos apresentados na literatura procuram de uma forma simplificada descrever o processo de incrustação em geral. A simplificação nos modelos matemáticos se dá devido à complexidade do fenômeno. A incrustação não necessariamente ocorre na superfície de transferência de calor, mas também em zonas próximas a superfícies suficientemente quentes. Segundo ESDU (2001), o precursor do incrustante pode formar depósitos aumentando a camada incrustada ou precipitar e/ou aderir em forma de aglomerados insolúveis. Desta forma, os autores costumam descrever os modelos matemáticos através da diferença entre um termo que leva em consideração as reações físico-químicas envolvidas e outro que leva em consideração a hidrodinâmica do fluido. Uma simplificação realizada nos modelos é descrevê-los de tal forma a preverem apenas o período de coqueamento propriamente dito, e não o período de indução. O período de indução é definido como o período onde não se tem ainda uma quantidade de incrustação significativa. A maioria dos modelos apresentados na literatura são elaborados para prever a incrustação em indústrias alimentícias, mas nada impede que tenham outras aplicações, como é o caso deste trabalho, que aborda o assunto da indústria petrolífera. Os modelos matemáticos estudados neste trabalho são apresentados no capítulo 4. Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 4- MODELOS MATEMÁTICOS PARA 71 AVALIAR A INCRUSTAÇÃO INTERNA EM TUBOS Este capítulo refere-se à apresentação dos modelos matemáticos para previsão do processo de incrustação e formação de coque, os quais são utilizados para predizer quando e em que magnitude a incrustação irá ocorrer sob certas condições de operação. Os modelos foram separados em dois grupos: os modelos onde à taxa da incrustação é avaliada a partir do número de Biot e, os modelos onde à taxa da incrustação é avaliada em termos da resistência térmica. Essa é a forma como os autores sugeriram na literatura. Em seções mais à frente, será mostrado que os modelos escritos em função do número de Biot ou da resistência térmica são equivalentes. Vale ressaltar que os modelos que prevêm a incrustação a partir do número de Biot foram desenvolvidos inicialmente para analisar incrustação em leite. Seu emprego depende do comportamento hidrodinâmico e da cinética química do fluido, sendo, portanto fundamental caracterizar o fluido de trabalho nesse aspecto. De uma forma geral os modelos são compostos de um termo de deposição menos um termo de remoção, como mostra a equação (14), que foi originalmente proposto por Kern e Seaton (1959), sendo um importante marco no desenvolvimento científico no estudo da incrustação em tubos. dm f dt . . (14) = m d − mr onde dm f / dt é a taxa líquida de acúmulo de massa (m f ) do depósito de . incrustação por unidade de área na superfície, md é a taxa de deposição que . depende do mecanismo de incrustação e m r é a taxa de remoção do depósito incrustado que depende da força de adesão do depósito e da tensão de cisalhamento. Geralmente as curvas dos modelos do processo de incrustação possuem um dos comportamentos mostrado na Figura 21. Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos Espessura do depósito A B C Tempo Período de indução Figura 21 72 Curvas idealizadas para a incrustação (Bott,1995) A curva A ocorre se a taxa de deposição for constante e a taxa de remoção for desprezível, ou se a diferença entre a taxa de deposição e a taxa de remoção for constante. A curva B ocorre se a taxa líquida de deposição for inversamente proporcional à espessura da incrustação. A curva B é essencialmente parte da curva C e se o processo de deposição fosse seguido tenderia para um valor assintótico. A curva C ocorre se a taxa de deposição é constante e a taxa de remoção é proporcional à espessura da camada incrustada. Isso sugere que a força de cisalhamento na superfície da camada está aumentando ou que outros mecanismos que deterioram a estabilidade da camada estão tendo efeitos significativos. O comportamento da curva que os modelos assumirão para prever o processo de incrustação depende muito da estimativa das constantes de deposição e remoção. Nos modelos que analisam o processo de incrustação, os efeitos de dois parâmetros são bastante investigados: a velocidade e a temperatura. Então, antes de iniciar a apresentação dos modelos será realizada uma breve explanação sobre a influência da velocidade e da temperatura nos modelos matemáticos. Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 73 Efeito da temperatura Nos modelos apresentados na literatura, a taxa de deposição de incrustante geralmente é função da equação empírica de Arrhenius, E ri (T ) = A exp − RTW onde A é uma constante [s - 1 ]; E (15) é a energia de ativação [J/mol]; R a constante dos gases ideais [J/mol K], T é a temperatura absoluta e ri (T ) é a velocidade de reação, ou seja, a velocidade em que o reagente de uma reação se convertem em produto [m 2 K/J]. De acordo com a equação de Arrhenius, o valor ri (T ) , aumenta com o aumento da temperatura. Isto significa que um aumento da temperatura deve produzir um aumento da velocidade da reação, o que usualmente, é observado. A energia de ativação presente na equação de Arrhenius pode ser definida como a mínima energia necessária para que a reação ocorra. A equação de Arrhenius é útil pois expressa a relação quantitativa entre temperatura, energia de ativação e constante de velocidade. Um de seus empregos reside na determinação da energia de uma reação, partindo de medidas de velocidade a diferentes temperaturas. Bott (1994) relaciona a equação de Arrhenius com a resistência térmica devido a incrustação, R f como −E = A exp RT dt fi dR f (16) onde, T fi é a temperatura na interface depósito-fluido [K] e dR f / dt é a taxa da variação da resistência térmica da incrustação. Na equação (16), a resistência térmica da incrustação depende do valor da constante A , que depende da constante de cinética de reação que produz o Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 74 precursor do incruste (à medida que aumenta a temperatura aumenta a velocidade de reação) da temperatura do fluido e da constante dos gases ideais. A medida que T fi aumenta, o valor da expressão ( − E / RT fi ) diminui, e exp ( − E / RT fi ) tende para o valor 1, ou seja, dR f / dt tende para um valor igual a constante A . Em um gráfico ln ( dR f / dt ) por 1/ T fi , obtém-se uma linha reta, onde, os valores de E e A podem ser determinados. Para isto é necessário que todas as demais variáveis da equação (16): velocidade, geometria e composição do fluido mantenham-se constantes. Efeito da velocidade do escoamento Deve-se tomar muito cuidado com a interpretação do efeito da velocidade na incrustação do petróleo. Para uma certa temperatura do fluido na região de completa turbulência e submetida a um dado fluxo de calor, o aumento da velocidade aumenta o coeficiente de transferência de calor e, portanto reduz a temperatura da parede. Conseqüentemente, a incrustação diminui. Por outro lado, se a taxa de incrustação é controlada pela transferência de massa de uma espécie presente no fluido na região de completa turbulência para a região da parede, o coeficiente de transferência de massa aumentará com o aumento da velocidade, levando assim a um aumento da taxa de incrustação com o aumento da velocidade. O efeito da velocidade de escoamento é uma incógnita no equipamento em análise (oportunidade de otimização da velocidade). Para uma situação em que a taxa de incrustação é dada pela diminuição da temperatura na interface como conseqüência do aumento da velocidade, a influência da velocidade pode ser manifestada da seguinte forma: Se a deposição for fraca, o atrito do fluido com a parede pode provocar a erosão do incrustante compensando a deposição. Desta forma, o material incrustante pode voltar à região de completa turbulência. Um aumento na velocidade poderia aumentar a taxa de transferência de calor do incrustante reduzindo a taxa de incrustação. Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 75 4.1- MODELOS BASEADOS NO NÚMERO DE BIOT 4.1.1- MODELO DE FRYER E SLATER (1986) O artigo publicado por Fryer e Slater (1986), baseou-se no controle da incrustação causada por reações químicas em trocadores de calor. Para isto, fizeram uso de um modelo da taxa de incrustação local determinado experimentalmente para prever a incrustação em leite. A curva deste modelo apresentava um comportamento assintótico e foi inicialmente sugerido por Kern e Seaton (1959) e modificado por Taborek et al. (1972) e baseando-se no número de Biot local. −E dBi = kd exp − k Bi RT r dt fi onde Bi é um (17) coeficiente de transferência de calor adimensional, e fisicamente é a razão entre uma resistência térmica de condução e uma resistência térmica de convecção; kd é a constante da taxa de deposição [s - 1 ], kr é a constante da taxa de remoção [s - 1 ] e T fi é a temperatura da interface depósito–fluido [K]. Segundo Fryer e Slater (1986), o modelo descrito na equação (17) consegue prever a variação do número de Biot que é definido em estado estacionário como Bi = hx λd (18) onde h é o coeficiente de transferência de calor do fluido [W/m 2 K], x é a espessura do depósito [m] e λd é a condutividade térmica do depósito [W/m K]. A alteração na velocidade terá um efeito imediato no coeficiente de transferência de calor convectivo, que é proporcional ao número de Reynolds e na taxa de deposição de incrustante, que será reduzida. Com a diminuição da taxa de deposição, a formação da camada incrustada se torna mais lenta, influenciando na espessura do depósito e alterando o número de Biot. O Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 76 estado estacionário é considerado como forma de simplificação, no entanto o ideal seria considerar regime transiente, onde se teria vários h e x . 4.1.2- MODELO DE PATERSON E FRYER (1988) O trabalho desenvolvido por Paterson & Fryer (1988) analisa a situação da incrustação provocada pela desnaturação da proteína do leite. Em seu estudo, Paterson e Fryer (1988) consideraram que o período da incrustação pode ser definido em três estágios, como mostra a Figura 22. Um período de indução, antes que a incrustação seja observada, um período de incrustação e finalmente um período de pós-incrustação ou coqueamento, que é definido como um filme branco de espessura x que se deposita nos equipamentos de transferência de calor. A região A* mostrada na curva C, representa o período de indução, onde o processo de adesão é iniciado. Em algumas situações de incrustação, o período de indução pode ter um tempo de meses ou semanas. Em outras situações, pode ter um tempo da ordem de dias, horas, minutos ou até mesmo segundos. A região B* representa o aumento do depósito na superfície. Nestas condições há a competição entre a taxa de deposição e a taxa de remoção. Segundo Bott (1995), a taxa de deposição gradualmente diminui enquanto que a taxa de remoção do depósito gradualmente aumenta. Finalmente, no ponto C, a taxa de remoção e a taxa de deposição podem ser igualadas em um estado estacionário (assintótico), quando a espessura do depósito permanece virtualmente constante. Incrusta ção C Incrustação final B* Incrustação inicial Figura 22 Tempo A* Período de in dução Período de incrust ação Perío do de póscoqueamento Estágios do processo de incrustação provocada pela desnaturação da proteína do leite, segundo Paterson e Fryer (1988). Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 77 Paterson e Fryer (1988) em seu modelo consideraram que a incrustação tem início após o período de indução sendo denominada de constante da taxa da incrustação inicial, ri (T ) . A constante da taxa da incrustação inicial é determinada através da inclinação da curva da Figura 22, sendo função da temperatura da parede e da velocidade. Em seu trabalho, Paterson e Fryer (1988) fizeram uso de uma relação para a constante da taxa de incrustação inicial definida por Crittenden et al. (1987a,b), conforme E exp − RTW ri (T ) ∝ u (19) onde ri (T ) é a constante da taxa de incrustação inicial, TW é a temperatura de parede [K] e u é a velocidade média do fluido [m/s]. Na equação (19), a constante da taxa de incrustação ri (T ) integra parte da equação da taxa de incrustação r , a qual é definida como r = ri C n (20) onde r é a taxa de incrustação [mol/m 3 s], C é a concentração de reagente ou produto [mol/m 3 ] e n é a ordem da reação. Para mostrar que a relação mostrada na equação (19) é correta, Paterson e Fryer (1988) estudaram a desnaturação da proteína denominada β - lactoglobulina, quando o leite é aquecido entre 60 o C e 110 o C. A partir de 110 o C, a proteína precipitada adere à tubulação formando um filme branco de espessura x . Os equipamentos utilizados na pasteurização do leite são limpos todos os dias, desta forma, não há tempo e nem temperatura (110°C) suficientes para que a proteína aderida na tubulação sofra pirólise e se torne coque (coque de origem carbonácea), por isto a ocorrência de um filme branco. Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 78 Na análise da espessura da camada incrustada x , Paterson e Fryer (1988) relacionaram a constante da taxa de incrustação inicial ri (T ) , em termos do número de Biot, como mostra a equação (21) ri = dBi dt (21) A constante da taxa de incrustação inicial é aumentada quando se tem um aumento na temperatura da parede, pois ri (T ) é proporcional a equação de Arrhenius. A relação com o número de Biot estabelece que um aumento na velocidade da reação (através do aumento da temperatura) provoca um aumento na espessura da camada incrustada, x . Para o desenvolvimento do modelo, Paterson e Fryer (1988) primeiramente determinaram onde o precursor ( β -lactoglobulina) se forma. A Figura 23 mostra um tubo com a forma do perfil de escoamento turbulento, com as diferenças de temperaturas apresentadas na seção transversal do trocador de calor de placas analisado por Paterson e Fryer (1988). TW=110°C Subcamada viscosa Tfi=60°C Camada de superposição Região de completa turbulência Tf =55°C Figura 23 Diferenças de temperaturas entre a parede e a região de completa turbulência. A temperatura na região de completa turbulência é menor do que na região da subcamada viscosa. Desta forma, a proteína precipita na região de Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 79 completa turbulência e deposita-se na superfície do tubo, onde há uma temperatura suficiente para que ocorra a desnaturação da proteína. A subcamada viscosa terá uma maior concentração de incruste do que a camada de superposição e da região de completa turbulência. Em resumo, o que acontece é uma transferência de massa do precursor, da região de completa turbulência para a subcamada viscosa, onde o precursor irá aderir e formar o incruste. Parte do incrustante será removido da subcamada viscosa pelo fluido, através da tensão de cisalhamento. Paterson e Fryer (1986) em seu estudo consideraram o perfil de temperatura da camada limite linear. Após uma série de cálculos, Paterson e Fryer (1986) baseados nas observações feitas por Crittenden et al. (1987), na equação (19) e utilizando a equação (21) obtiveram a seguinte equação dBi E = ri = β 5 exp − dt R TW 1 u (22) onde β 5 é uma constante [m/s] e ri é a taxa da incrustação que é proporcional também a variação temporal do número de Biot. A constante β 5 leva em consideração um fator probabilístico de adesão do precursor, que depende dos efeitos químicos e físicos. Na dificuldade de englobar os fatores físicos e químicos, sendo proporcional ao inverso da velocidade média na região da subcamada viscosa. No estudo desenvolvido por Paterson e Fryer (1988) não existe nenhuma estimativa de quanto seria o valor deste fator probabilístico e muito menos da constante β 5 . 4.1.3- MODELO DE BELMAR-BEINY ET AL. (1993) O modelo sugerido por Belmar-Beiny et al. (1993) baseou-se em estudos de trocadores de calor que processam leite. Segundo os autores, o processo de incrustação em uma superfície geralmente consiste de uma série de etapas envolvendo transferência de massa e reações químicas. Um dos maiores Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 80 problemas da incrustação é a interdependência entre as reações químicas e a hidrodinâmica. O principal objetivo do trabalho de Belmar-Beiny et al. (1993) foi de examinar o processo de incrustação e determinar qual ação, transferência de massa, reação de superfície ou escoamento turbulento, possui maior influência na incrustação em trocadores de calor. A incrustação é geralmente considerada como o resultado de efeitos severos da temperatura, de reações químicas, que resultam na formação de proteínas agregadas insolúveis (no caso do leite), e de limites de solubilidade que resultam na precipitação de sais. A taxa de incrustação é também função da velocidade do fluido (Belmar-Beiny,1993). Na incrustação em leite, Lalande e René (1988) sugeriram que a reação de incrustação ocorre devido à agregação das proteínas unidas à parede com as proteínas que se encontram na interface depósito–fluido. Neste caso, a incrustação seria controlada pela superfície. No modelo de Belmar-Beiny et al. (1993), a quantidade de depósito é considerada proporcional ao volume do fluido que deve ser suficientemente quente para produzir a desnaturação e agregação da proteína. Considerou-se também que a região de completa turbulência controla o processo de deposição. Desta forma, uma seqüência de estágios pode ser enumerada para a formação do filme branco (coque) na superfície da parede: desnaturação e agregação das proteínas no fluido; transferência de massa para a superfície; reação na superfície e a conseqüente incorporação da proteína no depósito; possível retorno da proteína da superfície para a região de completa turbulência. No modelo, esse efeito é contabilizado pelo termo de remoção. Na elaboração do modelo, os resultados foram expressos em termos do número de Biot, considerando que a temperatura da parede seja constante e Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 81 que há uma espessura de depósito x na superfície, com uma condutividade térmica λd . Neste caso, a equação da transferência de calor pode ser reescrita em termos da resistência térmica, como mostrado na equação (23) RTOT = R0 + R f (23) onde RTOT é a resistência térmica total do sistema [K m 2 /kW], R0 é a resistência térmica do tubo sem incruste [K m 2 /kW], R f é a resistência térmica da camada de incrustação [K m 2 /kW]. Reescrevendo a equação (23) em termos do coeficiente global de transferência de calor, tem-se a equação (24) R 1 1 1 x = 0 + f = 0 + U Ar U Ar Ar U Ar λd Ar (24) onde U é o coeficiente de transferência de calor da superfície [kW/m 2 K], U 0 é o coeficiente de transferência de calor da superfície livre da incrustação [kW/m 2 K] e Ar é a área da parede de troca térmica [m 2 ]. Na equação (24), R f = x / λd A e rearranjando, obtém-se Rf 1+ U 0Rf 1 1 = + = U Ar U 0 Ar Ar U 0 Ar Isolando U0 / U na equação (25), (25) com o objetivo de torná-la adimensional, tem-se U0 = 1+U 0Rf U (26) ou U0 U 0x = 1+ = 1 + Bi λd U (27) Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 82 onde Bi = R f U 0 . Belmar-Beiny et al. (1993) fizeram uso da relação encontrada por Paterson e Fryer (1988), equação (22). Utilizando a definição do número de Reynolds, pode-se chegar a uma relação de deposição na equação do modelo de Paterson e Fryer (1988) que envolve o efeito das propriedades viscosas do fluido Re = ρuD µ (28) Rearranjando, 1 υ D = u Re (29) onde υ = ρ / µ . Substituindo a equação (29) na equação do modelo de Paterson e Fryer (1988), obtém-se, d ( Bi ) = dt E RT fi Re β 5 υ D exp − (30) Paterson e Fryer (1988), em seu modelo, consideraram a temperatura da parede, enquanto que Belmar-Beiny et al. (1993) consideraram a temperatura da interface depósito-fluido. Belmar–Beiny (1993) consideraram esta temperatura, porque segundo eles, a região de completa turbulência possui influência no processo de deposição de incrustante. Então considerando a temperatura de interface se estaria considerando também esta influência. Chamando kd* = β 5 υ D e substituindo na equação (30) chega-se à equação (31). Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 83 E dBi kd* = exp − − kr Bi Re dt R T fi (31) onde, kd* é a constante da taxa de deposição [s - 1 ] e kr é a constante da taxa de remoção [s - 1 ]. O primeiro termo da equação (31), baseia-se no modelo de Paterson e Fryer (1988) e a constante kd* leva em consideração a probabilidade de adesão do precursor, através da constante β 5 . Em seu modelo, Belmar-Beiny et al. (1993) acrescentaram um termo de remoção de incrustante que consegue avaliar tanto a taxa de deposição quanto à taxa de remoção, como uma função da velocidade do fluido. De uma forma geral, o modelo de Belmar-Beiny et al. (1993) é idêntico ao modelo de Fryer e Slater (1986), exceto o termo de deposição, que é inversamente proporcional ao número de Reynolds. 4.2- MODELOS BASEADOS NA RESISTÊNCIA TÉRMICA 4.2.1- MODELO DE KERN E SEATON (1959) Kern e Seaton (1959) publicaram o primeiro modelo para a previsão do processo de incrustação. Em sua aproximação, assumiram que a relação entre a massa do depósito e o tempo segue uma curva exponencial. A razão para a forma exponencial é devido à relação entre as forças de deposição e remoção. . Kern e Seaton (1959) mostraram que se a taxa do aumento do depósito md (equação (14)) for assumida constante, e a taxa de remoção . mr for diretamente proporcional a massa m f do depósito incrustado por unidade área na superfície, então θ R f = R*f 1 − exp − θc (32) Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 84 onde R*f é a magnitude assintótica da resistência térmica a incrustação [K m 2 / kW], R f é a resistência térmica do depósito incrustado [K m 2 / kW], θc é o tempo característico da incrustação [s], θ é o tempo [s]. O modelo proposto por Kern e Seaton (1959,1959) serve de base para o desenvolvimento dos modelos mostrados na seqüência. 4.2.2- MODELO DE EBERT E PANCHAL (1995) Ebert e Panchal (1995) avaliaram os modelos de incrustação de outros autores e chegaram à conclusão que os modelos não conseguiam prever a condição para o início da incrustação, o chamado threshold condition . Desta forma, desenvolveram um modelo que conseguia prever a temperatura de início da incrustação, baseados em dados de simulação da incrustação de Scarborough et al. (1979). Segundo Scarborough et al. (1979), a taxa de deposição da incrustação é reduzida com o aumento da velocidade quando a temperatura do filme (média aritmética entre a temperatura da interface depósito–fluido, T fi , e a temperatura da parede, TW ) for considerada constante. Ebert e Panchal (1995) desenvolveram suas correlações para predizer as condições em que se inicia a incrustação, baseadas nas seguintes observações: o incrustante é formado pela reação na subcamada viscosa; o gradiente da concentração do precursor na subcamada viscosa é desprezado; o incrustante é transportado por difusão e turbilhonamento da subcamada viscosa para a região de completa turbulência; o perfil da temperatura na subcamada laminar é linear; o termo de deposição pode ser expresso pela temperatura do filme na subcamada viscosa. A primeira correlação proposta por Ebert e Panchal (1995) para prever a taxa de incrustação é definida por Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos E = α ' Re β exp − −γ τw R T dt film dR f 85 (33) onde dR f / dt é a taxa da incrustação devido a resistência térmica [m 2 K/W h], T film é a temperatura de filme [K], α ' é uma constante do modelo de Ebert e Panchal (1995) [m 2 K/W h], β é uma constante adimensional do modelo de Ebert e Panchal (1995) e γ é uma constante do modelo de Ebert e Panchal (1995) [m 2 K/kW h Pa]. Na equação (33), observa-se que a incrustação é controlada por dois termos. O primeiro termo envolve a reação química que promove a incrustação e o segundo termo está relacionado à tensão de cisalhamento na superfície que atua para diminuir à incrustação. A incrustação ocorrerá se o termo da reação química for maior do que o termo da tensão de cisalhamento. O equilíbrio dos dois termos ocorrerá quando a taxa líquida for zero, ou seja, a incrustação nula, ou quando for atingido um valor assintótico. O modelo apresentado por Ebert e Panchal (1995) não chegou a ser testado com dados experimentais, pois logo em seguida eles o aperfeiçoaram. 4.2.3- MODELO DE EBERT E PANCHAL (1997) O modelo aperfeiçoado por Ebert e Panchal (1997) teve como base os dados de uma planta piloto em uma refinaria, obtidos por Scarborough et al. (1979), sobre o coque formado no interior de tubos de fornos em alta temperatura. O modelo de Ebert e Panchal (1997) para previsão do processo da incrustação por coque é definido por E = α '' Re β Pr − 0,33 exp − −γ τw R T dt film dR f (34) onde, Pr é o número de Prandtl e α '' é uma constante do modelo de Ebert e Panchal (1997) [m 2 K/W h]. Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos Observa-se que na equação (34) que Ebert 86 e Panchal (1997) acrescentaram o número de Prandtl (razão entre as difusividades térmicas e hidrodinâmica do fluido) no termo de deposição de incrustante. Com exceção do termo exponencial, é exatamente a forma da expressão para o número de Nusselt em um tubo. O número de Nusselt considera um gradiente de temperatura adimensional na superfície de troca térmica, como forma de simplificação. Ebert e Panchal (1997) assumiram também que a reação química de incrustação ocorre na superfície da parede do tubo, onde através da velocidade ocorre uma transferência de incrustante da camada limite para a região de completa turbulência. Na equação (34), a relação entre as variáveis que garante a condição limite para o início da incrustação é determinada fazendo a taxa de incrustação ( dR f / dt ) igual a zero. Segundo Ebert e Panchal (1997), o processo de incrustação deve ser incorporado no projeto de uma planta analisando-se os três seguintes pontos: a condição na qual inicia-se a incrustação; a taxa na qual a resistência térmica aumenta; o efeito da incrustação na queda de pressão. Em seu estudo, Ebert e Panchal (1997) sugeriram que a localização do ponto inicial da incrustação em um tubo depende de dois fatores: da temperatura de filme e da tensão de cisalhamento na superfície. O modelo de Ebert e Panchal (1997) foi testado com os dados obtidos por Knudsen et al. (1999). Os últimos autores mostraram a existência de uma temperatura onde se tem o início de incrustação em amostras de petróleo, analisadas em laboratório, obtidas de uma planta piloto experimental. 4.2.4- MODELO DE POLLEY ET AL. (2002) Polley et al. (2002) testaram o modelo de Ebert e Panchal (1997) e verificaram que não conseguia se aproximar dos valores obtidos por Knudsen Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 87 et al. (1999). Polley et al. (2002) observaram que o modelo de Ebert e Panchal (1997) possuía as seguintes restrições: o termo de deposição da equação (34) foi derivado com base na reação química que ocorre somente em um volume de controle, portanto, baseado na tensão de cisalhamento; a espessura do depósito do incrustado foi determinada por uma relação utilizada por Paterson e Fryer (1988), conforme mostra a equação (35) ; e= 5µ ρ τW (35) onde e é a espessura da camada de superposição [m], µ é a viscosidade dinâmica [Pa.s], ρ é a massa específica do fluido [kg/m 3 ], τ w é a tensão de cisalhamento [N/m 2 ]. a taxa de reação era função da temperatura do filme. Desta forma, Polley et al. (2002) fizeram as seguintes modificações no modelo de Ebert e Panchal (1997): a espessura do filme de transferência de calor foi assumida variar com o número de Reynolds na potência de 0,8; assumiu-se que a reação é função da temperatura da parede; o termo de deposição, ao invés de ser baseado na tensão de cisalhamento, foi baseado no número de Reynolds na potência de 0,8 . Aplicando as condições acima citadas no modelo da equação (34), tem-se um novo modelo −E 0,8 = α '''Re −0,8 Pr −0,33 exp − γ 'Re dt R TW dR f (36) onde γ ' é uma constante do termo de remoção do modelo de Polley et al. (2002) [m 2 K/W h] e α ''' é uma constante do termo de deposição do modelo de Polley et al. (2002) [m 2 K/W h Pa]. Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 88 Observa-se na equação (36) que o termo de deposição de incruste é agora função da temperatura da parede e não mais da média aritmética entre a temperatura da interface depósito–fluido e da temperatura da parede, pois é na superfície do tubo que se tem uma maior quantidade de incrustante formado. O termo de deposição passou a ser função do número de Reynolds (razão entre as forças de inércia e as forças viscosas). Da mesma forma que na equação (34), o termo de deposição da equação (α ''' Re (36), −0,8 Pr −0,33 ) expressa o número de Nusselt para escoamentos turbulentos internos. O termo de deposição sofre influência da reação química, da temperatura da parede e da dinâmica do fluido, e o termo de remoção é uma função do escoamento do fluido. Polley et al. (2002), testaram seu modelo com dados experimentais obtidos por Knudsen et al. (1999). Em seus experimentos, Knudsen et al. (1999) mostraram a existência de uma temperatura de início da incrustação sob certas condições de escoamento e temperatura para uma amostra de óleo. Os experimentos de Knudsen et al. (1999) foram realizados em uma cela de testes com a velocidade do fluido na região de completa turbulência variando entre 0,91 − 3, 0 m / s e com duas temperaturas: 149°C e 204°C (Polley et al., 2002). A Tabela 4 mostra as temperaturas obtidas na análise experimental de Knudsen et al. (1999). Neste trabalho, Knudsen et al. (1999), apresentaram uma faixa de temperatura para cada velocidade. A coluna de temperaturas menores mostra as temperaturas em que eles iniciaram seus experimentos. A coluna com as temperaturas maiores mostra onde se observou o início da incrustação. Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 89 Tabela 4 Resumo das condições de início da incrustação encontradas por Knudsen et al. (1999) (Polley et al.,2002). Velocidade Temperatura onde não se Temperatura onde se (m/s) observou a incrustação (°C) observou a incrustação (°C) 0,91 204 232 1,68 274 288 2,44 288 316 3,05 316 329 A Tabela 5 mostra a temperatura de início da incrustação calculada pelo modelo de Polley et al. (2002) que ficou dentro das faixas de temperaturas obtidas por Knudsen et al. (1999). Por exemplo, para a velocidade de 0,91 m/s, Knudsen et al. (1999) observaram que a temperatura da incrustação teve início em 232°C, enquanto que através do modelo de Polley et al. (2002) a temperatura foi de 218°C, uma diferença de 14°C. A Figura 24 mostra um gráfico com os dados dos limites inferiores e superiores de Knudsen et al. (1999) comparados com os dados de Polley et al. (2002). Tabela 5 Comparação da temperatura de início da incrustação entre o modelo e os dados experimentais. Velocidade (m/s) Knudsen et al. (1999) Polley et al. (2002) 0,91 204 – 232 218,10 1,68 274 – 288 262,83 2,44 288 – 316 294,30 3,05 288 – 316 314,93 Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 90 Temperatura (°C) 350 300 250 200 Polley et al. (2002) Knudsen et al. (1999) - limite inferior 150 Knudsen et al. (1999) - limite superior 100 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 Velocidade (m/s) Figura 24 Comparação do modelo modificado por Polley et al. (2002) com os dados de Knudsen et al. (1999). Observa-se que o aumento da velocidade do fluido retarda o aparecimento da incrustação, mesmo com o aumento da temperatura. O modelo de Polley et al. (2002) mostra uma boa predição da temperatura de início da incrustação, considerando que haja erros associados com as medidas experimentais. Observa-se que os dados obtidos experimentalmente tendem para um valor assintótico na faixa de velocidade entre 0,91 − 3, 05 m / s . O modelo proposto por Polley et al. (2002) foi testado dentro da faixa de velocidade de 0,91 − 3, 05 m / s . A Tabela 6 mostra um resumo dos modelos selecionados neste trabalho. Os modelos foram apresentados em ordem cronológica de desenvolvimento. Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 91 Tabela 6 Resumo dos modelos utilizados para a previsão da incrustação Modelos que analisam a taxa de incrustação a partir do número de Biot dBi E = kd exp − − k Bi R T r dt fi Fryer e Slater (1986) Bi, kd , kr , E , R, T fi dBi E = β 5 exp − dt R TW Paterson e Fryer (1988) 1 u β 5 , u, E , R, TW E dBi kd* = exp − − kr Bi Re dt RT fi Belmar-Beiny et al. (1993) Bi, kd* , kr , E , R, T fi Modelos que analisam a taxa de incrustação a partir da Resistência Térmica E = α ' Re β exp − −γ τw R T dt film dR f Ebert e Panchal (1995) α ', Re, E , R, γ , τ W , T film , β E = α '' Re β Pr − 0,33 exp − −γ τw R T dt film dR f Ebert e Panchal (1997) α '', Re, E , R, γ , τ W , T film , β , Pr E 0,8 = α '''Re −0,8 Pr −0,33 exp − − γ 'Re dt R TW dR f Polley et al. (2002) α ''', Re, Pr, E , R, γ ', TW A priori uma diferença que pode ser observada é o fato de alguns modelos analisarem a incrustação em termos do número de Biot e outros em termos da resistência térmica. No entanto, a real diferença entre os modelos, são suas constantes acompanhadas de seus valores absolutos. Capítulo 4 –Modelos matemáticos para avaliar a incrustação interna em tubos 92 Como observado na Tabela 6, os modelos de Fryer e Slater (1986), Belmar-Beiny et al. (1993), Ebert e Panchal (1995), Ebert e Panchal (1997) e Polley et al. (2002) possuem estruturas semelhantes que consistem na diferença entre um termo de deposição e um termo de remoção, enquanto que o modelo de Paterson e Fryer (1988) apresenta apenas um termo, que aparentemente pode ser considerado o termo de deposição. Entretanto, a constante β 5 leva em consideração um fator probabilístico de adesão do incrustante. Dessa forma, o modelo consegue prever a taxa de deposição e remoção. Os termos de deposição e remoção são baseados em constantes de deposição e remoção. Estas constantes dependem fortemente do processo analisado. Os autores reportados não mencionam como determiná-las, então neste trabalho, fez-se uma estimativa destas, baseando-se no conhecimento da espessura da camada incrustada nos últimos trechos do ramal principal do distribuidor de GOR, após seis anos de operação. Em geral, a constante da taxa de deposição do incrustante é muito maior do que a constante da taxa de remoção do incruste, ou seja, kd >> kr . No entanto, não se pode afirmar que ocorrerá incrustação, pois nos modelos estas constantes são multiplicadas por outros parâmetros que possuem grande influência na taxa da incrustação. As discussões sobre o desempenho de cada modelo na previsão do processo de incrustação é complexa e depende: da facilidade de obtenção das constantes, da representação fidedigna do processo físico-químico da incrustação, da temperatura de início de formação de coque que o modelo consegue prever e da influência que cada variável possui no modelo. Capítulo 5 –Resultados e discussões 93 5- RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste capítulo, são apresentados os resultados do estudo hidrodinâmico no distribuidor do GOR, a comparação realizada com os dados de Polley et al. (2002) e os resultados sobre o emprego dos modelos matemáticos para compreender melhor o aspecto do processo de coqueamento no distribuidor. No estudo hidrodinâmico calculou-se os valores das vazões no ramal principal e nos ramais secundários do distribuidor do GOR. Os valores das vazões calculadas no ramal principal serão posteriormente empregados no estudo dos modelos matemáticos. Na seção 5.2 é apresentada uma comparação entre os dados utilizados por Polley et al. (2002) (ver Tabela 5) com os dados geométricos do distribuidor de GOR e as propriedades do GOR, utilizando o modelo de Polley et al. (2002). Na seção 5.3 são apresentadas as simulações realizadas com os modelos matemáticos. As simulações procuram investigar a temperatura na qual iniciase a incrustação no distribuidor, o comportamento das constantes de deposição e remoção, da energia de ativação e da velocidade média do escoamento que deveria existir no ramal principal do distribuidor de GOR para se ter uma menor deposição de incrustante. Também é realizada a comparação entre os modelos que prevêm a incrustação em termos do número de Biot e os modelos da resistência térmica devido à incrustação. Como mencionado, os modelos matemáticos são válidos para avaliar a temperatura do início da incrustação. Como especulação, através de um rearranjo matemático nos modelos, fez-se algumas simulações para verificar o crescimento da camada incrustada ao longo do tempo. No entanto, os artigos publicados e estudados não discutem a validade dos modelos para a determinação da espessura da camada incrustada. Capítulo 5 –Resultados e discussões 94 É importante lembrar que para os resultados obtidos serem confiáveis, faz-se necessário realizar uma caracterização química do fluido de trabalho. A caracterização do fluido é realizada em laboratório, através de análises químicas, onde se consegue determinar a constante de cinética química e assim a energia de ativação. A caracterização química do GOR está sendo realizada por Bombardelli (2004). Para os modelos empregados é feita uma estimativa da energia de ativação, baseada em dados obtidos por Asomaning et al. (2000). 5.1- RESULTADOS DO ESTUDO HIDRODINÂMICO Nesta seção apresentam-se alguns resultados obtidos no estudo hidrodinâmico realizado no distribuidor do GOR. É importante garantir uma vazão uniforme no distribuidor de GOR para manter o seu recheio sempre molhado. Se o recheio se encontrar com baixa vazão de fluido, tem-se uma diminuição na velocidade de escoamento e um aumento no tempo de residência do fluido, iniciando-se assim as reações de decomposição térmica. A Figura 25 mostra um esquema do distribuidor de GOR, com detalhe para o ramal principal. bicos L0 Q0 L1 Q1 L2 Q2 L3 Q3 L4 Q4 L5 Q5 L6 Q6 L7 L8 Q7 L9 Q8 Vazões no ramal principal Figura 25 Vazões obtidas do ramal principal do distribuidor do GOR. Q9 Capítulo 5 –Resultados e discussões 95 Na Figura 25 calculou-se a vazão em todos os bicos aspersores (os pontos), dos ramais secundários e principal do distribuidor do GOR. Para o estudo da incrustação através dos modelos são consideradas apenas as vazões calculadas no ramal principal. O ramal principal é escolhido como objeto de estudo para os modelos, visto que é o ramal que apresenta maior quantidade de coque formado (cerca de 50% da área transversal nos trechos L 8 e L 9 do tubo) após seis anos ininterruptos de operação. Para o cálculo da vazão teórica fez-se uso da vazão volumétrica da alimentação ( Q0 ) de 0, 0754 m3 s e dividiu-se este valor em 52 bicos, tendo assim uma vazão teórica ( QT ) de 1, 45.10−3 m3 s . Com o valor da vazão teórica por bico fez-se uma primeira aproximação para o cálculo da vazão no ramal principal. A partir deste valor, calculou-se a vazão nos ramais secundários, as perdas de carga distribuídas e as localizadas, todas baseadas na analogia do circuito hidráulico com o de resistências elétricas. Houve a necessidade de fazer o processo iterativo devido a não linearidade do sistema de equações obtido. O critério de convergência utilizado foi calculado em termos do desvio percentual. Estipulou-se um erro relativo de 0,001%. A equação (37) mostra o cálculo do desvio percentual. Q − Qcalculada DPE = ideal 100% Qideal (37) onde DPE é o erro percentual relativo. A vazão ideal foi considerada como sendo a vazão total do distribuidor dividida pelos 52 bicos. A Tabela 7 apresenta os valores das vazões calculadas no ramal principal do distribuidor de GOR, que foram utilizadas na simulação dos modelos matemáticos. Também é apresentado o comprimento de cada trecho do ramal principal do distribuidor de GOR. Tabela 7 Velocidades no ramal principal do distribuidor do GOR. Capítulo 5 –Resultados e discussões 96 Nomenclatura L ( m) Q ( m3 s ) u (m / s) Q0 0,503 0,0754 1,49 Q1 1,200 0,0696 1,37 Q2 1,500 0,0623 1,23 Q3 1,250 0,0535 1,06 Q4 1,200 0,0433 0,853 Q5 1,200 0,0319 0,632 Q6 1,250 0,0218 0,430 Q7 0,820 0,0130 0,257 Q8 0,300 0,0102 0,201 Q9 1,200 0,00581 0,114 Média --- 0,0387 0,763 As vazões apresentadas na Tabela 7 são calculadas em cada trecho do ramal principal, como mostrado na Figura 5.1. Nos modelos matemáticos são utilizadas a vazão média (média da velocidade em cada trecho do distribuidor) e a velocidade em cada trecho. A verificação da uniformidade da vazão no distribuidor de GOR encontra-se no Apêndice A. O Apêndice A mostra graficamente as simulações realizadas no distribuidor do GOR. Como principais resultados obtidos, tem-se que com as condições da atual geometria no distribuidor do GOR (ramal principal: 0,254 m e ramais secundários: 0,0508 e 0,0635 m), a distribuição da vazão possui um desvio percentual entre –2 a 7% entre os bicos aspersores. Neste estudo, considerou-se que um desvio percentual entre –2 a 7% tem-se uma vazão uniforme, pois segundo Fox e McDonald (1988) os erros envolvidos neste tipo de cálculo, são da ordem de 10%. Se o diâmetro do ramal principal fosse diminuído para 0,127 m, a vazão se tornaria menos uniforme do que na condição atual de geometria, devido ao aumento da resistência ao escoamento. Um resultado interessante do estudo hidrodinâmico mostrou que se o diâmetro dos ramais secundários fossem aumentados para 0,0635 e 0,0762 m, o desvio percentual ficaria em torno de –1 a 1%. Uma melhora considerável na distribuição da vazão, devido à diminuição da resistência ao escoamento. No Capítulo 5 –Resultados e discussões 97 entanto, fazendo uma análise em relação ao processo de incrustação, se o diâmetro dos ramais secundários fossem aumentados para 0,0635 e 0,0762 m, a velocidade do fluido diminuiria, implicando em uma menor remoção do precursor da incrustação nas paredes do tubo. Desta forma, os ramais secundários poderiam vir a apresentar uma maior quantidade de incrustação durante o período de tempo analisado, do que com a condição atual da geometria, apesar da maior homogeneidade da vazão entre os bicos aspersores. 5.2- COMPARAÇÃO ENTRE OS DADOS DE POLLEY ET AL. (2002) E DO DISTRIBUIDOR DO GOR Esta seção apresenta a comparação das propriedades estimadas por Polley et al. (2002) na verificação da validade do seu modelo, com as propriedades utilizadas para o GOR. A Tabela 8 mostra as propriedades e constantes utilizadas. Observa-se que a temperatura em que Polley et al. (2002) testaram o seu modelo, 204°C, é uma condição abaixo da temperatura em que se iniciam as reações da decomposição térmica, 340°C, e para o GOR se tem a temperatura de 391°C. A Figura 26 mostra a estimativa da temperatura de início da incrustação em função da velocidade média do escoamento. Tabela 8 Propriedades e constantes utilizadas na comparação dos dados de Polley et al (2002) e do GOR. Capítulo 5 –Resultados e discussões 98 Propriedades Polley et al. (2002) GOR Fluido óleo Gasóleo residual T f [°C] 204 391 ρ [kg/m 3 ] 747 791 µ [mPas] 7,20. 10 - 3 1,14. 10 - 3 cP [J/kg K] 2552 3035 λ f [W/m K] 1,25. 10 - 1 6,35. 10 - 2 Constantes D (m) 0,110 0,254 γ ' [m 2 K/kW h] 5,60. 10 - 9 14,5. 10 - 9 α ''' [m 2 K/kW h] 1,00. 10 4 4,84. 10 4 550 Temperatura (°C) 500 450 400 350 Estimativa de Polley et al. (2002) Dados do GOR - REPAR 300 250 200 150 100 0 0,25 0,5 0,75 1 1,25 1,5 Velocidade (m/s) Figura 26 Comparação entre as estimativas das propriedades físicas de Polley et al. (2002) e do GOR fornecidas pela REPAR. Nota-se na Figura 26 que a temperatura de início da incrustação é maior para os dados do GOR, do que os dados utilizados por Polley et al. (2002). Nas condições analisadas, por exemplo, para a velocidade de 0, 25 m / s , a temperatura do início da incrustação prescrita pelo modelo, para ambos os casos começa antes da temperatura do início das reações da decomposição térmica, 340°C (Schabron, 2001). Este fato será melhor discutido na seção Capítulo 5 –Resultados e discussões 99 5.3.1. No entanto, pode-se dizer que o processo de deposição de incrustante pode ter início em temperaturas muito abaixo de 340°C . Para o processo de incrustação ter início, basta algum fator externo como: temperatura, pressão ou composição do petróleo, variar e desestabilizar os asfaltenos. Com os asfaltenos desestabilizados, inicia-se a precipitação e em seguida o processo de deposição do precursor da incrustação (asfaltenos) na superfície do tubo, tendo assim o início do processo de incrustação. Observando as curvas da Figura 26, nota-se que ambas possuem um comportamento crescente da temperatura do início da incrustação à medida que se tem um aumento na velocidade do fluido. Para os dados do GOR, observa-se que quando se tem uma velocidade de 1, 25 m / s a temperatura de início de incrustação está em torno de 450°C ou seja, o aumento da velocidade retarda o aparecimento do coque. No entanto, não se pode aumentar a velocidade muito além dos valores calculados e apresentados neste trabalho, isto poderia não implicar no aumento da temperatura de início da incrustação, pois os asfaltenos em contato com temperaturas muito elevadas sofrem reação de craqueamento imediata. Outro ponto que deve ser levado em consideração com o aumento da velocidade é que a perda de carga de um sistema tem uma variação quadrática com a velocidade do fluido. Um ponto importante que será melhor discutido na seção 5.3 é a influência das constantes ajustadas para o modelo. Os cálculos necessários para a aplicação do modelo, como o número de Prandtl e Reynolds e a estimativa das propriedades utilizadas por Polley et al. (2002) encontram-se no Apêndice B, seção 1.1. Neste apêndice, são mostradas inicialmente as soluções analíticas dos seis modelos apresentados na Tabela 6. Também estão apresentadas as propriedades do fluido de trabalho GOR, fornecidas pela UN-REPAR/PETROBRAS, a estimativa das constantes utilizadas nas simulações dos modelos e os cálculos do: número de Nusselt, Prandtl e Reynolds e da tensão de cisalhamento. Para o cálculo do número de Prandtl, utilizou-se o fator de caracterização de Watson (Rossi, 1995) necessário ao cálculo do calor específico. O fator de Watson fornece uma informação interessante em relação à composição do gasóleo. Com este fator descobriu-se que o gasóleo é composto por naftênicos puros, alquil-naftênicos Capítulo 5 –Resultados e discussões 100 de cadeia parafínica média e alquil-aromáticos de longa cadeia parafínica, conforme a Tabela B.7. 5.3- ANÁLISE DE SENSIBILIDADE NOS MODELOS MATEMÁTICOS Nesta seção, será apresentada uma análise de sensibilidade dos modelos matemáticos, através das variações nas propriedades do fluido e nas constantes dos termos de deposição e remoção. As simulações realizadas levaram em consideração as variáveis que têm maior influência no processo de formação de coque, dentre elas: a velocidade do fluido, a temperatura da região de completa turbulência, a temperatura da parede e a energia de ativação. Também são apresentados os valores das propriedades consideradas e as hipóteses feitas, uma vez que alguns modelos não apresentam os valores das constantes empregadas para a simulação, como é o caso do valor da constante β 5 no modelo de Paterson e Fryer (1986) e das constantes de deposição e remoção dos demais modelos. Os valores das constantes e dos parâmetros utilizados na análise da sensibilidade dos modelos, estão mostrados no Apêndice B, seção 1.2. 5.3.1- ANÁLISE DOS MODELOS MATEMÁTICOS QUE PREVÊM A TEMPERATURA DO INÍCIO DA INCRUSTAÇÃO Determinação da temperatura de início da incrustação Considerando a taxa da variação de Biot igual a zero, utilizou-se o modelo de Belmar-Beiny et al. (1993) para avaliar a temperatura do início da incrustação para diferentes condições de velocidade. As faixas das velocidades mostradas na Figura 27 são as encontradas no ramal principal do distribuidor do GOR. No cálculo da T fi , considerou-se, para as diferentes velocidades as mesmas constantes de deposição e remoção. Temperatura de filme (°C) Capítulo 5 –Resultados e discussões 101 470 430 390 350 310 270 230 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 Velocidade (m/s) Figura 27 Temperatura de início da incrustação versus a velocidade Observa-se que, à medida que a velocidade do fluido aumenta ao longo do tempo, a incrustação inicia-se em temperaturas mais elevadas, ou seja, a velocidade retarda o aparecimento do coque. Por exemplo, para condições de velocidades baixas, cerca de u = 0,11 m / s , a incrustação tem início na temperatura de aproximadamente 270°C . Este ponto é interessante, pois segundo Schabron (2001), a reação de pirólise ou decomposição térmica tem início em temperaturas acima de 340°C . Uma possível explicação para a incrustação ter início na temperatura de aproximadamente 270°C é encontrada no estudo realizado por Schabron (2001). O problema da incrustação devido à deposição ocorre quando óleos pesados são aquecidos, misturados ou pirolizados em processos de destilação a vácuo. A deposição por aquecimento induzido pode resultar na formação de flocos de asfaltenos quando o óleo for aquecido em temperaturas na qual a polaridade do material intermediário não proteja mais o núcleo do asfalteno polar. Em outras palavras, o asfalteno é um composto polar que está envolvido pelas resinas (material intermediário), que possuí uma parte polar, ligada ao asfalteno e outra apolar suspensa no óleo. A função da resina é fazer a ligação entre o asfalteno (polar) e o óleo (apolar). Quando se tem um aumento da temperatura, pressão, ou mudança de carga de petróleo a estabilidade dos asfaltenos pode ser afetada e então se inicia o processo de precipitação com conseqüente deposição e adesão dos asfaltenos na parede do tubo. A deposição dos asfaltenos pode acontecer em Capítulo 5 –Resultados e discussões 102 temperaturas abaixo de 340°C . Em termos especulativos, se o ramal principal do distribuidor do GOR, tivesse a velocidade média em todos os trechos de u = 0,85 m / s , a incrustação por coque teria início em uma temperatura em torno de T fi = 402°C . Logo, o modelo proposto por Belmar-Beiny et al. (1993) sugere a existência de uma velocidade de escoamento do fluido, onde é possível ter o início da formação de coque em temperaturas mais elevadas. Vale salientar que os valores absolutos da temperatura e velocidade obtidos dependem fortemente das constantes kd* , kr e E do modelo, que foram estimadas ou ajustadas. Análise dos modelos baseados no número de Biot O período de tempo (seis anos) utilizado em todas as análises mostradas neste capítulo, corresponde ao período de funcionamento ininterrupto (campanha) da TDV. Através da experiência de engenheiros de processo da UN-REPAR/PETROBRAS e da inspeção in loco durante a parada para manutenção do equipamento, em média 50% da área da seção transversal ao final do ramal principal se encontra obstruída por coque. Nos últimos trechos do ramal principal, tem-se o bico que corresponde à vazão Q8 e os quatro bicos localizados nos dois últimos ramais secundários entupidos, Figura 25. A Figura 28 mostra o resultado obtido para os três modelos de Fryer e Slater (1986), Paterson e Fryer (1988) e Belmar-Beiny et al. (1993). As condições de cálculo estabelecidas nos modelos para a avaliação da taxa da incrustação são: a velocidade média do fluido do ramal principal do distribuidor do GOR, u = 0, 763 m / s e a energia de ativação de E = 48 kJ / mol . Capítulo 5 –Resultados e discussões 103 Taxa de incrustação (Biot) 100,00 10,00 1,00 Fryer e Slater (1986) Paterson e Fryer (1988) Belmar-Beiny (1993) 0,10 0,01 0 1 2 3 4 5 6 Tempo (anos) Figura 28 Comportamento da taxa da incrustação em termos do número de Biot. Nos modelos propostos por Fryer e Slater (1986) e Belmar-Beiny et al. (1993) utilizou-se à temperatura do filme T fi = 667 K , e no modelo de Paterson e Fryer (1988) fez-se uso da temperatura da parede, TW = 669 K . Nas três curvas obtidas pelos modelos analisados, observa-se um crescimento acentuado da taxa de incrustação principalmente nos dois primeiros anos. No entanto, a partir do terceiro ano o crescimento torna-se menos acentuado, pois com o aumento da espessura da camada incrustada aumenta-se a velocidade de escoamento e com isto diminui-se a taxa de deposição de incrustante. A Tabela 9 mostra os valores das taxas de incrustação calculados pelos modelos que prevêm a incrustação em termos do número de Biot. Capítulo 5 –Resultados e discussões 104 Tabela 9 Comparação das taxas de incrustação calculadas pelos modelos de Fryer e Slater (1986), Paterson e Fryer (1988) e Belmar-Beiny et al. (1993). Variação anual para os Taxa da incrustação (Bi) para -1 os modelos (h ) modelos (%) Fryer Paterson Belmar- Fryer Paterson Belmar- e Slater e Fryer Beiny e Slater e Fryer Beiny (1986) (1988) (1993) (1986) (1988) (1993) 1 14,183 2,142 13,876 --- --- --- 2 18,423 4,290 18,024 0,293 0,500 0,230 3 19,683 6,433 19,57 0,064 0,333 0,064 4 20,060 8,576 19,624 0,0187 0,249 0,0187 5 20,171 10,718 19,734 0,0056 0,199 0,0056 6 20,182 12,861 19,747 0,0005 0,166 0,0006 Tempo (Anos) Através da Tabela 9 observa-se que os modelos de Fryer e Slater (1986) e Belmar-Beiny et al. (1993) possuem os valores da taxa da incrustação muito parecidos e tendendo a um valor constante (assintótico), enquanto que para o mesmo período de tempo analisado o modelo de Paterson e Fryer (1988) possui uma taxa de incrustação crescente. A diferença entre os valores da taxa de incrustação dos três modelos se dá em virtude das estimativas utilizadas nas constantes de remoção e deposição, as quais estabelecem a proporcionalidade entre os termos. Um ponto importante a ser mencionado é que nas simulações realizadas nos modelos, não levou-se em consideração o período de indução, uma vez que nenhum dos modelos apresentados consegue prever este período. Análise dos modelos baseados na resistência térmica da incrustação Uma análise preliminar realizada nos modelos que prevêm o início da incrustação através da resistência térmica, sugere observar como se comporta a taxa da incrustação, Figura 29. 105 0,100 2 Taxa de incrustação (Rf) (m /W) Capítulo 5 –Resultados e discussões 0,010 Ebert e Panchal (1995) Ebert e Panchal (1997) Polley et al. (2002) 0,001 0,000 0 1 2 3 4 5 6 tempo (anos) Figura 29 Comportamento da taxa da incrustação em termos da resistência térmica. As curvas dos três modelos possuem um comportamento semelhante, sendo que o maior crescimento se dá nos dois primeiros anos. Após este período o crescimento tende a ser cada vez menos acentuado. A taxa da incrustação analisada em termos da resistência térmica tende a aumentar, segundo a relação R f = x / λd A , pois a espessura da camada incrustada aumenta com o tempo. A Tabela 10 mostra os valores da taxa de incrustação calculados em termos da resistência térmica para os três modelos. Capítulo 5 –Resultados e discussões 106 Tabela 10 Comparação das taxas de incrustação calculadas pelos modelos de Ebert e Panchal (1995), Ebert e Panchal (1997) e Polley et al. (2002). Taxa da incrustação ( R f ) para Variação anual para os modelos (m 2 / W) os modelos (%) Fryer Paterson Belmar- Fryer Paterson Belmar- e Slater e Fryer Beiny e Slater e Fryer Beiny (1986) (1988) (1993) (1986) (1988) (1993) 1 6,88.10 - 3 6,89.10 - 2 6,90.10 - 3 --- --- --- 2 1,38.10 - 2 1,38.10 - 2 1,38.10 - 2 0,0501 0,0501 0,0501 3 2,07.10 - 2 2,07.10 - 2 2,07.10 - 2 0,0333 0,0333 0,0333 4 2,76.10 -2 -2 -2 0,0250 0,0250 0,0250 5 3,44.10 - 2 3,45.10 - 2 3,45.10 - 2 0,0200 0,0200 0,0200 6 4,13.10 - 2 4,14.10 - 2 4,14.10 - 2 0,0167 0,0167 0,0167 TEMPO (ANOS) Nitidamente 2,76.10 observa-se na 2,76.10 Tabela 10 que os valores da taxa de crescimento para os três modelos são iguais e não tendem para um valor assintótico no período de tempo analisado, como foi observado na Figura 5.5. Foram realizadas algumas simulações para períodos de tempos maiores que seis anos e notou-se que a variação da taxa da incrustação diminui, tendendo a um valor constante. Comparação entre as taxas de incrustação calculadas em termos do Biot e da resistência térmica Quando realizado o estudo dos modelos matemáticos apresentados no capítulo 4, observou-se que os modelos eram separados na literatura em dois grupos: os modelos que prevêm a incrustação em termos do número de Biot e os que prevêm a incrustação em termos da resistência térmica. No entanto como mostrado na equação (27), ambos os modelos são idênticos e relacionam-se pelo coeficiente convectivo de transferência de calor, h . Desta forma, a Figura 30 mostra a taxa da incrustação para os modelos de BelmarBeiny et al. (1993) e Polley et al. (2002). 107 0,1 2 Taxa da incrustação (Rf ) (m /W) Capítulo 5 –Resultados e discussões 0,01 Belmar-Beiny et al. (1993) 0,001 Polley et al. (2002) 0,0001 0 1 2 3 4 5 6 Tempo (anos) Figura 30 Comparação entre os modelos que prevêm a taxa da incrustação em termos do número de Biot e da resistência térmica para os modelos de Belmar-Beiny et al. (1993) e Polley et al. (2002). O modelo de Belmar-Beiny et al. (1993) prevê agora a taxa da incrustação em termos da resistência térmica. Os demais modelos apresentados na Tabela 6 não foram simulados, por serem modelos que originaram os modelos de Belmar-Beiny et al. (1993) e Polley et al. (2002). Comportamento do crescimento da camada incrustada Os modelos apresentados na Tabela 6, prevêm a temperatura de início da incrustação e a taxa da incrustação em termos do numero de Biot ou da resistência térmica. Nenhum dos modelos é utilizado para tentar prever o crescimento da camada incrustada, x ao longo do tempo. Em caráter investigativo, são apresentadas algumas simulações mostrando como seria o comportamento da espessura da camada incrustada em função do tempo, Figura 31. Observa-se que ao final dos seis anos de operação da TDV, os modelos de Belmar-Beiny et al. (1993) e Polley et al. (2002) fornece um valor do crescimento da camada incrustada de 0,037 m. Capítulo 5 –Resultados e discussões 108 Espessura (m) 0,1 0,01 Belmar-Beiny et al. (1993) 0,001 Polley et al. (2002) 0,0001 0 1 2 3 4 5 6 Tempo (anos) Figura 31 Comportamento do crescimento da espessura camada incrustada em função do tempo, considerando uma velocidade média no ramal principal. Nota-se também que o maior crescimento da incrustação acontece nos dois primeiros anos, após este período a espessura da incrustação tende a ter um crescimento mais lento. Devido à baixa velocidade do fluido na tubulação, a deposição do incrustante é maior nos dois primeiros anos, pois depois que o incrustante aderiu, o diâmetro do ramal principal diminui e a velocidade de escoamento tende a aumentar. Logo, depois de dois anos de operação se tem uma velocidade do fluido (significa menor deposição) muito maior do que quando tinha o tubo sem a presença de incruste. No cálculo do crescimento da espessura da camada incrustada ao longo do tempo, considerou-se uma velocidade média ao longo do ramal principal do distribuidor de GOR. Esta aproximação foi utilizada como forma de simplificação, pois como foi visto na Tabela 7, cada trecho do ramal principal possui uma velocidade diferente. O coeficiente de transferência de calor, h , varia também com a velocidade, pois depende do número de Reynolds. Logo, a resistência térmica e o número de Biot variam com a espessura da camada incrustada e com o coeficiente de transferência de calor. Desta forma, se a velocidade for alterada, todos os demais parâmetros da equação variam, exceto as constantes dos gases e a energia de ativação. Capítulo 5 –Resultados e discussões 109 Análise do número de Biot em função da velocidade do fluido A taxa da incrustação calculada através do número de Biot é analisada em função da velocidade calculada em cada trecho do ramal principal do distribuidor do GOR, conforme a Figura 32. Nas curvas obtidas pelos modelos de Belmar-Beiny et al. (1993) e de Paterson e Fryer (1988), nota-se que à medida que a velocidade do fluido aumenta, a taxa da incrustação diminui. O número de Biot é definido como a razão entre a resistência térmica por condução e a resistência térmica por convecção. Desta forma, à medida que se aumenta a velocidade do fluido, o coeficiente de transferência de calor convectivo aumenta, diminuindo a resistência por convecção e diminuindo assim a taxa da incrustação. Os distintos valores das constantes dos modelos utilizados na simulação, faz com que a taxa da incrustação inicial em u = 0,110 m / s , seja diferente. Observa-se que o modelo de Belmar-Beiny et al. (1993) possui convergência mais rápida que o de Paterson e Fryer (1988). Para Belmar-Beiny et al. (1993), nas condições estimadas, a taxa da incrustação tende para um valor assintótico em velocidades de escoamento em torno de 1, 4 m / s . Desta forma, a partir de velocidades maiores que 1, 4 m / s , não se terá uma menor taxa de deposição de incrustante. Para o modelo de Paterson e Fryer (1988) é necessário utilizar velocidades maiores e diferentes constantes para que a taxa de incrustação tenda para valores -1 Taxa da incrustação (Bi) (h ) assintóticos. 140 120 100 Belmar e Beiny (1993) 80 Paterson e Fryer (1988) 60 40 20 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 Velocidade (m/s) Figura 32 Comportamento da taxa da incrustação em função da velocidade calculada em cada trecho do ramal principal, com a aplicação dos modelos de Belmar-Beiny et al. (1993) e Paterson e Fryer (1988). Capítulo 5 –Resultados e discussões 110 Análise de sensibilidade nas constantes de deposição e remoção dos modelos Um importante detalhe não encontrado nos artigos é a forma de determinação das constantes dos modelos. Provavelmente, as constantes de deposição e remoção dependem da: geometria do tubo, temperatura da parede, velocidade do escoamento e das características físico-químicas do fluido. Logo, para cada situação analisada tem-se novas constantes de deposição e remoção. Nas simulações anteriores, utilizou-se os valores kd* = 2,1. 106 s −1 de e kr = 1, 4. 10−4 s −1 . Nas Figuras 33 e 34 os valores das constantes de deposição e remoção são variados verificando-se assim o comportamento das curvas do modelo de Belmar-Beiny et al. (1993). Na Figura 33, kr foi mantida constante, enquanto que kd* foi variada. Na Figura 34, foi realizado o inverso, manteve-se kd* constante e variou-se kr . Observam-se nas Figuras 33 e 34, que qualquer variação no valor da constante de deposição ou remoção, provoca grandes variações na taxa da incrustação. Desta forma, na aplicação do modelo matemático é fundamental um conhecimento adequado dos valores Taxa da incrustação (Bi) destas. 100 90 80 70 kd* : 1,0 E 7 kd* : 2,1 E 6 - referência 60 50 40 30 kd* : 1,1 E 6 kd* : 7,0 E 5 20 10 0 0,0 Figura 33 1,0 2,0 3,0 Tempo (anos) 4,0 5,0 6,0 Análise de sensibilidade da constante kd* , considerando kr = 1, 4. 10−4 s −1 . Capítulo 5 –Resultados e discussões 111 Taxa da incrustação (Bi) 60 kr : kr : kr : kr : 50 40 30 1,0 E-3 4,0 E-4 1,4 E-4 - referência 5,0 E-5 20 10 0 0,0 Figura 34 1,0 2,0 3,0 Tempo (anos) 4,0 5,0 6,0 Análise de sensibilidade da constante kr , considerando kd* = 2,1. 106 s −1 . Análise de sensibilidade da energia de ativação utilizada nos modelos Outro parâmetro que possui grande influência nos modelos matemáticos é a energia de ativação. Desta forma, a energia de ativação fazendo parte do argumento de uma função exponencial, pequenas variações na sua determinação implicam em grandes desvios de previsão, fato este observado para a energia de ativação de 40 kJ/mol com o modelo de Belmar-Beiny et al. (1993), Figura 35. Uma diferença de 20% no valor da energia de ativação (de 40 para 48 kJ/mol) acarreta um valor da espessura da incrustação 10 vezes menor. Nota-se também, que à medida que a energia de ativação aumenta, a taxa de deposição diminui, tornando o crescimento da espessura da camada incrustada mais lento, pois é necessária uma maior energia na reação química para produzir a mesma quantidade de incrustante. Para uma maior confiabilidade nos resultados obtidos com os modelos, é necessária a estimativa da energia de ativação através da determinação da constante da cinética da reação, para cada óleo utilizado. Capítulo 5 –Resultados e discussões 112 1,0000 Espessura (m) 0,1000 0,0100 0,0010 E: 40 kJ/mol E: 48 kJ/mol E: 55 kJ/mol E: 60 kJ/mol 0,0001 0 Figura 35 1 2 3 4 Tempo (anos) 5 6 Efeito da variação da energia de ativação na formação da espessura da camada incrustada. A determinação da cinética da reação não é uma tarefa fácil de ser executada. A dificuldade se dá devido à interdependência entre as reações, onde à medida que ocorre uma reação, esta mesma reação gera outro produto e assim por diante, como mostrado na Figura 15, capítulo 2. Este fato é observado na decomposição dos asfaltenos, os quais geram mais maltenos, asfaltenos residuais de menor peso molecular e coque. Todo este conjunto de dados interdependentes, associados com a existência de reações em paralelo e acopladas, tornam a determinação das constantes de cinética um trabalho difícil. Estimativa do aumento da espessura da camada incrustada ao longo de todos os trechos do ramal principal A Figura 36 mostra uma estimativa do crescimento da camada incrustada ao longo de todos os trechos do ramal principal do distribuidor de GOR no período de seis anos de operação da TDV. Nota-se que até o trecho L 3 do ramal principal, o crescimento da camada incrustada é pequeno e aproximadamente igual a 0, 003m , devido à alta velocidade de escoamento que se tem. Nos trechos subseqüentes a L 3 a velocidade do fluido torna-se gradativamente menor, tendo-se assim uma maior taxa de deposição de incrustante. Capítulo 5 –Resultados e discussões 113 0,0400 Espessura (m) 0,0350 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 0,0300 0,0250 0,0200 0,0150 0,0100 x = 0,003 m 0,0050 0,0000 L0 L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 Comprimento do tubo (m) Figura 36 Estimativa do crescimento da camada incrustada para o modelo de Belmar-Beiny et al. (1993), considerando o ramal principal do distribuidor de GOR dividido em nove trechos. A espessura da camada incrustada inicial é diferente de zero por se estar mostrando o trecho do distribuidor após um ano de operação. O modelo utilizado para esta simulação foi o de Belmar-Beiny et al. (1993). A pequena mudança de comportamento das curvas nos trechos L 8 e L 9 , ocorre devido a não linearidade entre os dois penúltimos ramais do distribuidor de GOR. Fazendo uso da Tabela 7, apresentada na seção 5.2, página 96, observa-se que a velocidade no ramal principal do distribuidor de líquido até o trecho L 3 , é maior do que 1, 0 m / s , variando de 1, 49 a 1, 06 m / s . A partir do trecho L 3 , a velocidade sofre uma redução para 0,853 m / s , quando inicia-se o aumento progressivo da camada incrustada no ramal principal do distribuidor de líquido, chegando ao final do trecho L 9 , com uma espessura de depósito de 0, 0370 m , mostrado na Figura 36. Esta simulação mostra que se a velocidade média no ramal principal do distribuidor de líquido fosse mantida maior ou igual a 1, 0 m / s , a camada incrustada permaneceria em patamares aceitáveis. Capítulo 5 –Resultados e discussões 114 Avaliação do crescimento da camada incrustada em função da velocidade. A Figura 37 mostra a mesma simulação realizada na Figura 36, no entanto avaliando o crescimento da camada incrustada em função do aumento da velocidade do fluido. A avaliação é realizada em cada trecho do ramal principal do distribuidor de GOR. Nesta análise considerou-se que o número de Biot varia com o coeficiente de transferência de calor convectivo conforme a equação (B.12) do anexo B. Nas análises anteriores considerou-se o h como sendo constante. As constantes de deposição e remoção foram mantidas as mesmas para as diferentes velocidades. Observa-se que, à medida que se tem um aumento da velocidade do fluido, aumenta-se à taxa de remoção de incrustante e diminui-se a taxa de deposição. Nota-se também que a espessura da camada incrustada inicia seu crescimento a partir das velocidades menores do que 1, 0 m / s . 0,0400 1 ano Espessura (m) 0,0350 2 anos 0,0300 3 anos 0,0250 4 anos 0,0200 0,0150 5 anos 0,0100 6 anos 0,0050 0,0000 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 Velocidade (m/s) Figura 37 Estimativa do crescimento da camada incrustada com o aumento da velocidade do fluido em cada trecho do ramal principal. As constantes kd* e kr do modelo de Belmar-Beiny et al. (1993) foram as mesmas para as diferentes velocidades. Capítulo 5 –Resultados e discussões 115 Proposta da nova geometria para o distribuidor do GOR Com base nas simulações realizadas anteriormente e principalmente nas Figuras 36 e 37, nota-se que a velocidade no ramal principal até o trecho L 3 é alta e maior do que 1, 0 m / s , enquanto que nos demais ramais diminui-se gradativamente. Observa-se também a formação de incrustação significativa a partir do trecho L 3 . Desta forma, propõe-se uma nova geometria onde seja possível diminuir a formação de coque no ramal principal do distribuidor de GOR, principalmente a partir do trecho L 3 . Esta geometria tem como objetivo manter a velocidade média no ramal principal a mais uniforme possível e em torno de 1, 0 m / s . A Figura 38 mostra a geometria proposta. bicos L0 Q0 L1 L2 Q1 Q2 L3 Q3 L4 Q4 L5 Q5 L6 Q6 L7 L9 L8 Q7 Q88 Q Q9 Vazões no ramal principal Figura 38 Geometria sugerida para o ramal principal do distribuidor de GOR para a redução da formação de incrustação. Nesta geometria, o diâmetro da seção transversal do tubo é reduzido gradativamente até o final do trecho L 9 . Desta maneira é possível manter a velocidade desejada em todo o ramal principal. Com a uniformidade da velocidade, se tem um baixo nível de incrustação principalmente nos trechos subseqüentes a L 3 , que como foi visto apresenta o maior acúmulo de incrustante após o período de seis anos de operação da TDV. A velocidade é tão baixa nos últimos trechos, que o trecho L 9 e os dois últimos ramais posteriores a L9 , encontram-se completamente obstruídos. Nesta nova Capítulo 5 –Resultados e discussões 116 geometria, determinou-se a mínima velocidade necessária ao escoamento. No entanto, nenhuma investigação foi realizada para a determinação da velocidade máxima que se pode ter no ramal principal. Outro ponto importante é que não foi levado em consideração na mudança da geometria, o aumento expressivo da perda de carga no sistema, causado pela redução gradativa do diâmetro. Uma relação encontrada para a determinação do novo diâmetro necessário em cada trecho do ramal principal é mostrada na seguinte equação D=2 Qn uπ (38) onde Qn é a vazão volumétrica em cada trecho do ramal principal, [m 3 /s]. Para a aplicação da equação (38), mantém-se o valor da velocidade média constante e em torno de 1, 0 m / s . Os valores das vazões de cada trecho estão apresentados na Tabela 11 que mostra também os valores dos novos diâmetros calculados para cada trecho do ramal principal do distribuidor de GOR. Tabela 11 Novos diâmetros da geometria proposta. Trechos Q ( m3 / s ) Dcal (m) L0 0,0754 0,309 L1 0,0696 0,297 L2 0,0623 0,282 L3 0,0535 0,261 L4 0,0433 0,235 L5 0,0319 0,201 L6 0,0218 0,166 L7 0,0130 0,128 L8 0,0102 0,114 L9 0,00581 0,0860 Com a redução da seção transversal do tubo de cada trecho, como mostra a Tabela 11 é possível ter uma velocidade média de escoamento no ramal Capítulo 5 –Resultados e discussões 117 principal do distribuidor de GOR em torno de 1, 0 m / s . Estes resultados foram obtidos fazendo uso das estimativas para a energia de ativação e as constantes de deposição e remoção. Quando for possível ter os valores destas constantes com uma maior precisão, os diâmetros sugeridos devem ser recalculados. Outras possíveis geometrias poderiam ser sugeridas, como a redução gradativa da seção transversal do tubo, na forma cônica, ou a mudança da alimentação para o centro do ramal principal. No caso da forma cônica, seria a forma mais adequada, no entanto haveria uma maior complexidade em termos construtivos. Na geometria referente à mudança da alimentação, aumentaria a velocidade média do escoamento, mas isto não implicaria em uma velocidade uniforme. A velocidade uniforme só é possível com a redução da seção transversal sugerida pela Figura 38. Outro ponto que poderia ser explorado neste trabalho é a otimização do distribuidor de GOR, pois se conhece a variação máxima da pressão, a taxa de crescimento da incrustação em função do tempo e a vazão. Com estes dados pode-se desenvolver uma função objetiva e encontrar o ponto ótimo de operação do sistema. Capítulo 6 – Conclusões e sugestões 6- 118 CONCLUSÕES E SUGESTÕES Um dos maiores problemas enfrentados na indústria petrolífera é o processo de incrustação que ocorre em vários equipamentos de troca térmica, intensificado devido à necessidade de processar petróleos brutos cada vez mais pesados. Um destes equipamentos é a destilação a vácuo, principalmente a região de fundo da torre, que possui elevada temperatura e compostos de alto peso molecular, que tendem a produzir uma maior quantidade de resíduos. Este trabalho teve como objetivo estudar o processo de formação de incrustação na região de GOR de uma TDV, através do melhor entendimento da físico-química envolvida no fenômeno e posterior aplicação de modelos matemáticos que prever o processo de incrustação. A revisão da literatura mostrou-se uma tarefa árdua, pois não existe uma bibliografia consolidada sobre o assunto. Observou-se que o processo de incrustação não ocorre somente na superfície de transferência de calor, mas também nas zonas próximas, onde se tem temperatura suficientemente alta para iniciar a reação de pirólise, a qual inicia-se em temperatura acima de 340°C. No entanto, como foi visto nas simulações dos modelos, nada impede que a incrustação inicie-se em temperaturas inferiores a 340°C. Atualmente a classe dos asfaltenos é considerada a precursora da incrustação. Os asfaltenos encontram-se em suspensão na solução e qualquer alteração, seja ela, de pressão, temperatura ou mudança de carga de petróleo pode afetar sua estabilidade, fazendo com que precipitem e venham a aderir na superfície. Os asfaltenos podem aderir na superfície por simples deposição ou podem formar aglomerados insolúveis (partículas maiores) que serão arrastados pelo fluido depositando-se mais à frente. As partículas aderidas na superfície ainda podem voltar para a região de completa turbulência. De uma forma geral, os principais fatores que influenciam no processo de incrustação por coque, são: a temperatura que intensifica a incrustação, a velocidade que diminui a deposição dos precursores da incrustação, a variação na composição do petróleo (mistura de petróleos parafínicos e asfaltênicos), os efeitos de metais e impurezas orgânicas, dentre outros. Capítulo 6 – Conclusões e sugestões 119 Através do estudo dos modelos matemáticos que prevêm o processo de incrustação por coque em tubos, percebeu-se que as constantes de deposição e remoção possuem grande influência no valor e comportamento das curvas. A energia de ativação também é um fator que deve ser determinado de forma precisa para cada tipo de petróleo estudado. Verificou-se que o aumento da velocidade realmente influencia no processo da incrustação, reduzindo a taxa de deposição do precursor. À medida que se aumenta a velocidade de escoamento do fluido, tem-se um aumento na temperatura de início de incrustação. A velocidade também atua para remover parte da incrustação na superfície, pois nem todo o incrustante ficará aderido. Uma simplificação feita pelos autores nos modelos é a não previsão do período de indução, pois o coque não surge imediatamente após o precursor ser aderido na superfície. Há um período de indução que pode ser de segundos, minutos ou até mesmo meses. Segundo o que é apresentado na literatura, há muito o que ser investigado sobre o que acontece neste período. Em relação ao estudo hidrodinâmico, verificou-se que a vazão de escoamento do fluido nos bicos aspersores encontra-se bastante uniforme quando comparada com a vazão ideal de cada bico utilizada nos cálculos. Se os valores dos diâmetros dos ramais secundários do distribuidor de GOR fossem aumentados para 0,0635 e 0,0762 m a vazão em cada bico seria mais uniforme (mais próxima da vazão ideal) do que a encontrada na geometria atual. A analogia com a resistência elétrica, na qual baseou-se o estudo hidrodinâmico sugeriu uma proposta de configuração da geometria do distribuidor de GOR para se ter uma distribuição de vazão mais uniforme nos bicos aspersores. No entanto, nesta nova configuração sugerida não realizouse nenhum estudo sobre o processo de deposição de incrustante e a sua relação com a velocidade do fluido. Na nova configuração, se teria um aumento no diâmetro dos ramais secundários. Analisando este resultado em termos de incrustação, um aumento no diâmetro da tubulação causaria uma diminuição da velocidade do fluido aumentando o processo de deposição do precursor do coque nos ramais secundários. Logo, a configuração sugerida pelo estudo hidrodinâmico tem que ser melhor investigada. No entanto, os Capítulo 6 – Conclusões e sugestões 120 resultados da solução do escoamento associados à aplicação dos modelos matemáticos no distribuidor de GOR sugeriu uma nova geometria para o ramal principal de forma a reduzir a deposição de incrustante. Nesta nova configuração propô-se manter ao longo de todo o ramal principal uma velocidade média e constante em torno de 1, 0 m / s , sendo que a temperatura de início da incrustação seria em torno de 400°C. Conforme as simulações mostraram, em velocidades menores do que 1, 0 m / s se tem uma maior formação de incrustação após o período de seis anos de operação. A geometria sugerida consistiu da redução gradativa do diâmetro do ramal principal. Nesta mudança de geometria, não realizou-se nenhum estudo sobre o impacto que isto causaria na perda de carga do sistema e a viabilidade econômica de tal mudança. 6.1- SUGESTÕES PARA DESENVOLVIMENTO DE TRABALHOS FUTUROS Baseada na revisão da literatura e nos resultados obtidos com as simulações, pode-se propor algumas melhorias para o aprimoramento e continuidade deste trabalho: Construir uma bancada experimental, onde seja possível a determinação do teor de coque formado, bem como a determinação da cinética química de reação e energia de ativação para o gasóleo residual em estudo; Com a obtenção da energia de ativação, testar os modelos matemáticos apresentados neste trabalho e ajustar as constantes de deposição e remoção; Investigar a possibilidade de se determinar as constantes experimentalmente, a partir da solução de um problema inverso de estimativa de parâmetros; Capítulo 6 – Conclusões e sugestões 121 Investigar a possibilidade da determinação da quantidade do precursor do coque que se deposita e incrusta e o coque que é removido juntamente com o fluido; Estabelecer um limite operacional (quantidade de coque tolerável) para o distribuidor do GOR em relação à incrustação por coque e ajustar os parâmetros de operação, como temperatura e velocidade, de modo a atender este limite; Investigar melhor o período de indução que não é levado em consideração nos modelos matemáticos; Sugerir um novo modelo matemático que leve em consideração os aspectos físico-químicos e hidrodinâmicos do processo de incrustação, onde se tenha constantes de mais simples determinação; Realizar uma otimização na geometria do distribuidor de GOR, de maneira a determinar a máxima e a mínima velocidade necessária para que se diminua o processo de deposição de incrustante. Esta otimização seria baseada na definição da função objetiva apropriada que leve em consideração a resistência térmica, a perda de carga do sistema e a taxa da incrustação. Capítulo 7 – Bibliografia 122 7- BIBLIOGRAFIA 2 a versão, ABADIE, E. Craqueamento catalítico. Petrobras/Serec/Cen-Sud, 1997. ASOMANING, S.; PANCHAL, C.B.; LIAO, C.F. Correlating field and laboratory data for crude oil fouling. Heat Transfer Engineering Progress, v. 21, p. 17-23, 2000. BELMAR-BEINY, M.T; GOTHAM; S.M, PATERSON; FRYER, P.J. The effect of Reynolds number and fluid temperature in whey protein fouling. Journal of Food Engineering, v.19, p.119-139, 1993. BEJAN, A. Heat Transfer . New York: Wiley, 1993, 316 p. BOMBARDELLI, C. Processo de destilação por coque na destilação a vácuo no petróleo. Rio Oil &Gas Conference, p. 1-8, 2004. BOTT, T.R. Fouling of Heat Exchangers . 1 s t . ed. New York: ELSEVIER, 1995, 25 p. BOTT, T.R. Aspects of crystallization fouling. 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Na planilha, os dados da vazão de entrada do fluido e conseqüentemente a velocidade e os dados geométricos do distribuidor, foram variados. A perda de carga nos bicos foi considerada constante, cerca de ∆P = 70 kN / m2 . O estudo foi realizado ao longo de todo o distribuidor, ou seja, ramal principal e ramais secundários. A Figura A.1 mostra um esquema representativo da localização dos bicos e seu respectivo valor de vazão calculada em cada um dos 52 bicos. A vazão teórica do projeto de cada bico foi de 0,00145m 3 /s. Observa-se que os valores das vazões calculadas ficaram em torno do valor da vazão teórica, exceto para os quatro bicos localizados no ramal principal, cuja média é de 0,00154 m 3 /s. O aumento da vazão nestes quatro bicos centrais é devido o ramal principal impor menor perda de carga (diâmetro de 0,254 m) do que os ramais secundários (diâmetros de 0,0508 e 0,0635 m). Observa-se também que há uma pequena variação da vazão entre os bicos de um mesmo ramal, sendo que o primeiro bico de um ramal secundário sempre possui vazão maior que o segundo e assim sucessivamente. Apêndice A – Modelo hidrodinâmico do distribuidor de GOR 131 R amal 9 R amal 7 Ramal 5 Ram al 3 1,44.10-3 1,46.10-3 R amal 1 1,44.10-3 1,45.10-3 1,46.10-3 1,45.10-3 1,47.10-3 1,46.10-3 1,48.10-3 1,45.10-3 1,47.10-3 1,45.10-3 R amal 2 1,45.10-3 1,45.10-3 1,40.10-3 1,43.10-3 1,44.10-3 1,45.10-3 1,46.10-3 1,47.10-3 1,45.10-3 1,45.10-3 1,43.10-3 1,48.10-3 1,46.10-3 1,46.10-3 1,47.10-3 1,45.10-3 1,40.10-3 1,44.10-3 1,38.10-3 1,46.10-3 1,44.10-3 Ramal 6 Ramal 17 1,42.10-3 1,44.10-3 1,43.10-3 1,46.10-3 1,45.10-3 1,46.10-3 1,45.10-3 1,44.10-3 Ram al 4 R amal 11 1,38.10-3 Ramal 13 1,44.10-3 Ramal 15 1,38.10-3 1,45.10-3 1,45.10-3 1,44.10-3 1,44.10-3 1,46.10-3 1,44.10-3 1,43.10-3 R amal 18 Ramal 16 R amal 14 1,38.10-3 Ramal 12 Ram al 8 Ram al 10 Figura A.1 – Valores das vazões calculadas para os bicos aspersores do GOR. Análise da situação atual da vazão no distribuidor de GOR A Figura A.2, apresenta o desvio percentual das vazões calculadas em relação ao valor da vazão ideal, equação (36). O desvio percentual igual a zero significa que as vazões calculadas estão muito próximas da vazão ideal estimada para cada bico. O desvio percentual que ocorre nas vazões dos 52 bicos injetores está variando de 5 a – 7%. Os ramais 9 e 10 apresentam uma vazão relativamente menor do que os demais ramais por apresentarem quatro bicos, o que lhes confere a necessidade de maior vazão e, por conseqüência, possuem uma maior resistência devido ao escoamento do fluido. O desvio percentual entre a maior vazão (quarto bico do ramal central) e a menor vazão (ramais 9 e 10) está em torno de 12%. Apêndice A – Modelo hidrodinâmico do distribuidor de GOR 132 6 Ramais 9 e 10 Vazão calculada Vazão T eórica 4 Desvio percentual 2 0 0 10 20 30 40 50 -2 -4 Ramal Principal -6 Ramal Principal Ramal Principal Ramal Principal -8 Núme ro de bicos Figura A.2 - Vazões calculadas em todos os bicos do distribuidor do GOR, para a situação atual. Efeito da alteração do diâmetro no ramal principal O objetivo da investigação do efeito de diferentes diâmetros para o ramal principal e os ramais secundários do distribuidor do GOR, é de verificar qual configuração propicia uma maior homogeneidade na vazão dos bicos. A Figura A.3 mostra o efeito da alteração do diâmetro do ramal principal, mantendo-se constante os valores dos diâmetros nos ramais secundários. Nota-se que diminuindo o diâmetro no ramal principal para 0,127 m tem-se um maior desvio percentual, ou seja, a vazão se torna menos uniforme que a condição da geometria atual (GA). O desvio percentual é maior, principalmente, nos ramais 1 e 2 (cerca de – 28 %) e nos dois primeiros bicos do ramal principal (cerca de 24 a 30%). Nos ramais 2 e 3, o desvio percentual fica em torno de (– 20%). O maior desvio percentual observado ocorre nos quatro primeiros ramais secundários do distribuidor, pois o diâmetro é menor (0,0508 m) que dos demais ramais secundários (0,0635 m). Ou seja, nos quatro primeiros ramais secundários, tem-se uma resistência ao escoamento maior do que nos demais ramais secundários do distribuidor. Diminuindo o diâmetro do ramal principal, aumenta-se a resistência ao escoamento, pois a perda de carga aumenta implicando em um maior desvio percentual da vazão. Apêndice A – Modelo hidrodinâmico do distribuidor de GOR 133 Quando aumenta-se o diâmetro do ramal principal para 0,508 m, observa-se que não há variações expressivas na vazão em relação à condição geométrica atual (0,254 m). Logo, aumentando o diâmetro do ramal principal, diminui-se a resistência devido ao escoamento, mas não há melhoria na vazão do distribuidor. Desta forma, a alteração do diâmetro do ramal principal não melhora a distribuição da vazão de líquido, mas sim, pode tornar a distribuição da vazão menos uniforme. 40 Desvio percentual 30 Ramal principal 20 Ramal principal 10 0 -10 0 10 -20 Ramais 3 e -30 Ramais 1 e 2 20 30 40 50 DP: 0,508 m DP: 0,254 m - geometria atual (GA) DP: 0,127 m -40 Número de bicos Figura A.3- Efeito da alteração do diâmetro do ramal principal na distribuição da vazão. Efeito da alteração do diâmetro dos ramais secundários O efeito da variação do diâmetro do ramal principal mostrou que a vazão está bem distribuída nas condições atuais. Desta forma, a Figura A.4 mostra o efeito da alteração do diâmetro nos ramais secundários. Como mostrado na Figura A.1, os ramais secundários 1, 2, 3, 4, 15, 16, 17 e 18 possuem diâmetro de 0,0508 m e os demais possuem diâmetro de 0,0635 m. Na Figura A.4 fez-se uma simulação mantendo todos os diâmetros dos ramais secundários como sendo 0,0508 m. Outra simulação foi realizada mantendo todos os diâmetros dos ramais secundários em 0,0635 m. Ambas as simulações foram comparadas com a condição da geometria atual (GA). Apêndice A – Modelo hidrodinâmico do distribuidor de GOR 134 Observa-se que quando o diâmetro secundário (DS) foi mantido para todos os ramais em 0,0508 m, o desvio percentual é maior , pois a resistência à passagem do fluido aumenta, devido ao aumento da perda de carga distribuída que se torna mais significativa e desta forma aproxima-se da alta perda de carga localizada nos bicos . Para a simulação com o diâmetro dos ramais secundários de 0,0635 m o desvio percentual é menor em relação ao diâmetro de 0,0508 m. O desvio percentual para os quatro bicos do ramal principal com o diâmetro de 0,0635 m, está entre –6 a –3 %. Apesar disto, esta melhoria não é muito significativa, pois quando se compara os desvios percentuais obtidos em ambas as simulações com a GA, observa-se que não há uma maior uniformidade na vazão mantendo a condição de geometria atual. 15 DS: 0,0508 e 0,0508 m DS: 0,0508 e 0,0635 m - (GA) DS: 0,0635 e 0,0635 m Desvio percentual 10 5 0 0 10 20 30 40 50 -5 -10 -15 Ramais 1, 2, 3 e 4 Ramais 15, 16, 17 e 18 Ramal principal -20 Número de bicos Figura A.4 – Efeito da alteração dos diâmetros dos ramais secundários na distribuição de vazão. A Figura A.5 mostra a alteração do valor do diâmetro dos ramais secundários mantendo no entanto, a diferente relação de diâmetros entre os ramais 1, 2, 3, 4, 15, 16, 17 e 18 e os demais. Observa-se que para diâmetros menores que os da geometria atual, o desvio percentual é muito grande. Por exemplo, para os bicos localizados no ramal principal, o desvio percentual está em torno de – 80%. Para diâmetros dos ramais secundários maiores que Apêndice A – Modelo hidrodinâmico do distribuidor de GOR 135 os da geometria atual, 0,0635 m e 0,0762 m, a vazão torna-se mais uniforme, com um desvio percentual variando entre –1 e 1%. 60 Desvio percentual 40 20 DS: 0,02541 e 0,0381 m 0 -20 0 10 20 30 40 50 -40 DS: 0,0508 e 0,0635 m (GA) DS: 0,0635 e 0,0762 m -60 -80 -100 Número de bicos Figura A.5 – Efeito da alteração do diâmetro dos ramais secundários na distribuição da vazão. A Figura A.6 mostra os resultados referentes aos diâmetros da geometria atual e de 0,0635 e 0,0762 m. Observa-se que o desvio percentual na vazão para o diâmetro de 0,0635 e 0,0762 m varia entre –2% e 2%, enquanto que a variação da vazão para a geometria atual está entre –4% e 7%. Vale ressaltar que esta simulação foi realizada, mantendo-se o diâmetro do ramal principal em 0,254 m. Logo, uma opção para melhorar a distribuição de vazão ao longo do distribuidor seria manter o diâmetro do ramal principal como sendo 0,254 m e mudar os diâmetros dos ramais secundários para 0,0635 e 0,0762 m. Apêndice A – Modelo hidrodinâmico do distribuidor de GOR 136 6 Desvio percentual 4 2 DS: 0,0508 e 0,0635 m - (GA) DS: 0,0635 e 0,0762 m 0 -2 0 10 20 30 40 50 -4 -6 -8 Número de bicos Figura A.6 – Efeito da alteração do diâmetro dos ramais secundários de 0,0508 0,0635 m para 0,0635 e 0,0762 m na distribuição da vazão. Um fato discutido no capítulo 5 mostrou que após um período de seis anos de operação, o último trecho do ramal principal apresenta 50% da área transversal incrustada. Na Figura A.7, procurou-se verificar qual a influência que se tem na distribuição da vazão nos bicos, se todo o ramal principal tivesse a sua área transversal diminuída em 50%. O valor do diâmetro do ramal principal neste caso seria de 0,179 m. Utilizando este dado, a Figura A.7 mostra a simulação de como fica a distribuída da vazão no distribuidor do GOR com parte do diâmetro do ramal principal incrustado. Vale ressaltar que após a campanha de seis anos, além da redução no diâmetro do ramal principal, alguns bicos ao longo dos ramais secundários também apresentam deposição (entupimento). Nesta simulação não levou-se em consideração este fato. Observa-se que com a diminuição do diâmetro do ramal principal, ocorre um maior desvio percentual, principalmente nos dois primeiros ramais do distribuidor e nos quatro ramais finais do distribuidor. Em geral, a vazão de líquido se torna menos uniforme, do que a geometria atual. Ocorre também um aumento da resistência hidráulica e um aumento da pressão no sistema. Apêndice A – Modelo hidrodinâmico do distribuidor de GOR 137 6 DP: 0,254 m Desvio percentual 4 DP: 0,179 m 2 0 -2 0 10 20 30 40 50 -4 -6 -8 Número de bicos Figura A.7 Simulação da diminuição do diâmetro do ramal principal pelo processo de incrustação. Através do estudo hidrodinâmico, foi possível verificar se a vazão era ou não uniforme no distribuidor do GOR. De uma forma geral, para a condição atual da vazão no distribuidor do GOR, analisadas nas Figuras 2 a 6, os bicos que se encontram localizados no ramal principal possuem os maiores desvios percentuais da vazão, cerca de –7% a –5%, enquanto que os bicos localizados nos ramais secundários 9 e 10 possuem um desvio percentual de cerca de 2% a 5%. O desvio percentual entre o bico de maior vazão e o de menor vazão está em torno de 12%. Com o estudo hidrodinâmico, novas configurações de geometrias podem ser sugeridas. Como mostrou o estudo, a melhor configuração seria aumentar os diâmetros dos ramais secundários, desta forma se teria uma vazão mais uniforme em todos os bicos. Um teste experimental seria a maneira mais adequada para a determinação do coeficiente da perda de carga nos bicos. As propostas de novas geometrias são apresentadas no final do capítulo 5, as quais baseiam-se no estudo hidrodinâmico matemáticos para a previsão da incrustação. e no estudo dos modelos Apêndice B – Determinação dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos APÊNDICE B – DETERMINAÇÃO DOS 138 PARÂMETROS UTILIZADOS NOS MODELOS MATEMÁTICOS 1.1 REPRODUÇÃO DOS RESULTADOS DE POLLEY ET AL. (2002) Polley et al. (2002), procuraram reproduzir os dados experimentais obtidos por Knudsen et al. (1999), com um modelo matemático modificado. Knudsen et al. (1999) não apresentaram as propriedades físicas do óleo utilizadas em seu trabalho. Desta forma, Polley et al. (2002) fizeram uma estimativa (Tabela B.1) das propriedades do respectivo óleo e utilizaram a comparação entre o modelo e os dados experimentais. Tabela B.1 Estimativa das propriedades físicas do óleo utilizadas no modelo de Polley et al.(2002). Valor a 204°C Propriedades Correlação Massa específica, ρ [kg/m 3 ] ρ = 917 − 0,833 T 747,01 Viscosidade cinemática, µ [mPas] µ = 0, 00985exp ( 406 / T ) 0,0072 Calor específico, cP [J/kg K] cP = 1940 + 3 T 2552 λ f = 0,145 − 0, 0001T 0,125 Condutividade térmica do fluido, λ f [W/m K] (T bulk) Para as condições utilizadas por Knudsen et al. (1999), os valores das constantes estipuladas para o modelo de Polley et al. (2002) estão mostradas na Tabela B.2. Tabela B.2 Constantes consideradas para o modelo de Polley et al. (2002). Constante Valor Energia de ativação, E [kJ/mol] 48 Constante dos gases, R [kJ/mol K] 8,314.10 - 3 Apêndice B – Determinação dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos 139 Fazendo dR f / dt = 0 no modelo de Polley et al. (2002), (Tabela 6) e isolando TW , tem-se TW = −E γ ' Re1,6 Pr 0,33 R ln α ''' (B.1) Para a aplicação da equação (B.1), faz-se necessário o cálculo dos parâmetros Re e Pr . Abaixo é mostrado como Polley et al. (2002) calcularam tais parâmetros. CÁLCULO DO NÚMERO DE REYNOLDS O número de Reynolds é definido como Re = ρ uD µ (B.2) onde ρ é a massa específica do fluido [kg/m 3 ], u é a velocidade média do escoamento [m/s], D é o diâmetro do tubo [m] e µ é a viscosidade dinâmica [Pa.s]. O diâmetro utilizado por Polley et al.(2002) foi de 0,11 m . As demais propriedades foram calculadas através da Tabela B.1, considerando que a temperatura da região de completa turbulência ( bulk ) fosse de 204°C, temperatura esta utilizada por Knudsen et al. (1999) em seus experimentos. CÁLCULO DO NÚMERO DE PRANDTL Segundo a literatura o número de Prandtl é definido pela razão entre a viscosidade cinemática e a difusividade térmica do fluido, conforme mostra a equação (B.3). Apêndice B – Determinação dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos Pr = υ cp µ = α λf 140 (B.3) Para o cálculo do número de Prandtl fez-se uso dos dados apresentados na Tabela B.1. O número de Prandtl calculado é de 147, 6 . 1.2 CÁLCULOS UTILIZADOS NA ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DOS MODELOS MATEMÁTICOS A Tabela B. 3 mostra a solução analítica dos modelos apresentados na Tabela 6 do capítulo 4. Como mencionado no capítulo 4, se os modelos que avaliam a incrustação em termos da resistência térmica fossem multiplicados pelo coeficiente de transferência de calor, tornam-se idênticos aos modelos de Biot. Se os modelos de Biot fossem divididos pelo coeficiente de transferência de calor, tornam-se idênticos aos modelos da resistência térmica. Logo, os modelos de Biot e da resistência térmica são idênticos. Na solução analítica dos modelos, como forma de simplificação considerou-se a velocidade constante, pois todos os parâmetros dos modelos são função da velocidade do fluido e, portanto variando a velocidade, os demais parâmetros também se alteram. Apêndice B – Determinação dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos 141 Tabela B.3 Solução analítica dos modelos que envolvem o número de Biot Autor Fryer e Slater (1986) Paterson e Fryer (1988) Belmar-Beiny et al. (1993) Ebert e Panchal (1995) Ebert e Panchal (1997) Polley et al. (2002) Modelo Bi = E kd exp − 1 − exp ( − kr t ) RT kr fi E Bi = β 5 exp − RTW 1 t u E kd* 1 − exp ( − kr t ) Bi = exp − RT kr Re fi E R f = α ' Re β exp − t −γ τ w t R T film E R f = α '' Re β Pr − 0,33 exp − t −γ τw t R T film E R f = α '''Re −0,8 Pr −0,33 exp − R TW 0,8 t − γ 'Re t PROPRIEDADES DO FLUIDO DE TRABALHO GOR Para a simulação dos modelos, é necessário conhecer os valores de algumas constantes. As constantes que não foram encontradas nos artigos foram determinadas ou estimadas baseadas nas seguintes literaturas: ESDU (2001), Asomaning et al. (2000), Knudsen et al. (1999), Warmeatlas (1994) e Polley et al. (2002). Na simulação procurou-se utilizar as propriedades e constantes (Tabela B.4) do fluido de trabalho GOR e os dados geométricos do distribuidor. Apêndice B – Determinação dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos 142 Tabela B.4 Propriedades e constantes do fluido de trabalho e do distribuidor Propriedade Valor Diâmetro do ramal principal do distribuidor de GOR, D [m] 0,254 Velocidade média, u 3[m/s] 0,763 Temperatura do fluido, T f [K] 665 Temperatura da parede, Tw [K] 670 Temperatura de filme, T fi [K] 667 Massa específica, ρ [kg/m 3 ] 790 Viscosidade dinâmica, µ [Pa.s] 1,14.10 - 3 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS PROPRIEDADES QUÍMICAS DO GOR Na simulação dos modelos para o ramal principal do distribuidor de GOR, não se conhece a cinética química do gasóleo. Logo, neste trabalho, adota-se um valor para a energia de ativação encontrado em Asomaning et al. (2000). Em seu trabalho, Asomaning et al. (2000) determinaram experimentalmente a constante de cinética química e a energia de ativação para um gasóleo. Vale salientar, que cada petróleo possui uma cinética química específica e para se ter resultados confiáveis na simulação dos modelos, faz-se necessária à determinação da energia de ativação para o respectivo petróleo, no caso, gasóleo. Outra constante necessária para a simulação dos modelos, é a condutividade térmica do coque. O valor para esta constante, também foi obtido da literatura, Warmeatlas (1994). A Tabela B.5 mostra a energia de ativação considerada e a constante dos gases ideais. 3 A velocidade é calculada através da média das velocidades ao longo de todos os trechos do ramal p r i n c i p a l d o d i s t r i b u i d o r . O n ú m e r o d e R e yn o l d s c a l c u l a d o p a r a e s t a v e l o c i d a d e é Re = 1,34 105 . Apêndice B – Determinação dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos 143 Tabela B.5 Propriedades consideradas na simulação dos modelos Propriedade Valor Energia de ativação, E [kJ/mol] 48 Constante dos gases, R [kJ/mol K] 8,314. 10 - 3 Condutividade térmica do coque, λd [W/mK] 0,9 ESTIMATIVA DAS CONSTANTES PARA OS MODELOS Como explicado no capítulo 4, as constantes foram estimadas baseadas no conhecimento da espessura da camada incrustada nos trechos L 8 e L 9 do ramal principal do distribuidor de GOR. A Tabela B.6 mostra um resumo das constantes utilizadas para os modelos simulados. Tabela B.6 Constantes utilizadas nos modelos formulados como função do número de Biot. Propriedade Valor Constante da taxa de deposição, kd [s - 1 ] 16 Constante da taxa de remoção, kr [s - 1 ] 1,38.10 - 4 Constante β 5 , [m/s 2 ] 2,88.10 - 4 Constante, β 4 4 -0,66 Constante da taxa de deposição, kd* [s - 1 ] 2,10.10 6 Constante da taxa de deposição, α ' [m 2 /W h] 1,88.10 1 Constante da taxa de deposição, α '' [m 2 /W h] 7,04.10 1 Constante da taxa de deposição, α ''' [m 2 /W h] 4,84.10 4 Constante da taxa de remoção, γ [m 2 K/W h] 1,45.10 - 7 Constante da taxa de remoção, γ ' [m 2 K/W h] 1,45.10 - 8 A constante β não foi estimada, como as demais constantes apresentadas na Tabela 6, mas sim obtida da l i t e r a t u r a d e As o m a n i n g e t a l . ( 2 0 0 0 ) . Apêndice B – Determinação dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos 144 CÁLCULO DO NÚMERO DE PRANDTL NO DISTRIBUIDOR DE GOR O número de Prandtl é calculado como mostrado na equação (B.3), no entanto, para o GOR, não se conhece o valor da difusividade térmica, nem do calor específico. A viscosidade cinemática é definida como a razão entre a viscosidade dinâmica e a massa específica do fluido υ= µ ρ (B.4) onde υ é a viscosidade cinemática [m 2 /s], µ é a viscosidade dinâmica [Pa.s] e ρ é a massa específica [kg/ m 3 ]. Os dados utilizados para o cálculo da viscosidade cinemática estão apresentados na Tabela B.4. O cálculo da viscosidade cinemática nos fornece o valor de υ = 1, 44.10−6 m 2 / s . A difusividade térmica é definida por α= k ρ cp (B.5) onde k é a condutividade térmica [W/m K] e c p é o calor específico do fluido [J/kg K]. Para o cálculo do calor específico, fez-se uso de uma equação apresentada em Rossi (1995), onde, de acordo com Annual Book of ASTM Standards-Petroleum Products and Lubrificants (1989), é possível calcular o calor específico de combustíveis destilados através de c p = 0, 6811 − 0,308 d15,6 15,6 + ( 0, 000815 − 0, 000306 d15,6 15,6 ) T ( 0, 055 K + 0,35) (B.6) onde c p é o calor específico BTU/lbm°F, [BTU/lbm°F] = [4,1868 kJ/kg K] com a temperatura em °F, K é o fator de Watson e d15,6 15,6 é a densidade da fração, e expressa a razão entre a massa específica do óleo a 15,6°C e a massa específica da água a 15,6°C. Apêndice B – Determinação dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos 145 Como se observa na equação (B.6), o calor específico depende do fator de Watson K, que representa uma espécie de índice de parafinidade para as frações do petróleo. Segundo Rossi (1995), quanto maior for o valor de K para um dado hidrocarboneto, maior será o seu grau de saturação. Segundo Farah (2003), o fator de Watson pode ser calculado através de K= 3 PEMC d15,6 15,6 (B.7) onde K é o fator de caracterização de Watson, PEMC é o ponto de ebulição médio cúbico determinado pelo método de Watson. Watson (1993) sugeriu uma classificação para a caracterização de hidrocarbonetos, como é mostrado na Tabela B.7. Tabela B.7 Fator de caracterização de Watson para hidrocarbonetos, Farah (2003). Faixa do K Caracterização 9 < K < 10 Aromáticos puros, condensados e nafteno-aromáticos. Naftênicos puros, condensados e conjugados e alquil- 10 < K < 11 aromáticos de cadeia parafínica média. 11 < K < 12 Naftênicos puros, alquil-naftênicos de cadeia parafínica média e alquil-aromáticos de longa cadeia parafínica. 12 < K < 13 Parafínicos de média a baixa massa molar e alquilnaftênicos de longa cadeia parafínica. K > 13 Parafínicos de elevada massa molar. Para o cálculo do fator de Watson é necessário calcular o ponto de ebulição médio cúbico, PEMC , que é definido por 1 n PEMC = ∑ vi Ti 3 i =1 3 (B.8) Apêndice B – Determinação dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos 146 onde vi é a fração volumétrica recuperada do componente i à temperatura Ti , sendo Ti a temperatura de ebulição do componente i na mistura. Na equação (B.8) é necessário conhecer a temperatura de ebulição do componente i na mistura e sua fração volumétrica vaporizada. A Tabela B.8 mostra as temperaturas de ebulição do GOR obtidas pela UN- REPAR/PETROBRAS através do método ASTM D 1160. Segundo Farah (2003), este método é empregado para produtos pesados derivados do petróleo que podem ser parciais ou completamente vaporizados a uma máxima temperatura de líquido de 398,9°C, a pressões absolutas inferiores a 1,0 mmHg e condensados como líquidos à pressão de teste Tabela B.8 Dados fornecidos pela REPAR, relativos ao gasóleo vi (%) Ti (°C) PIE 331,6 5 518,9 10 539,2 20 561,0 PFE 569,3 Na Tabela B.8 PIE e PFE são respectivamente, o ponto inicial e final de ebulição. Substituindo os valores na equação (B.8), o valor calculado para o ponto de ebulição médio cúbico é PEMC = 1387, 37 . O valor fornecido pela UN-REPAR/PETROBRAS da densidade relativa é d 20 4 = 0,9960 , com a temperatura do óleo a 20°C e a temperatura da água a 4°C. A equação (B.7) utiliza a densidade relativa na base d15,6 15,6 . Para alterar a base, Farah (2003) sugere a equação d15,6 15,6 = 0, 0638 ( d 20 4 ) + 0,8769 ( d 20 4 ) + 0, 0628 2 (B.9) Apêndice B – Determinação dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos 147 onde d 20 4 é a densidade relativa do fluido na base 20 / 4 . A equação (B.9) é válida para 0,931 ≤ d 20 4 ≤ 1, 060 . Substituindo o valor da densidade relativa, obtido da UN- REPAR/PETROBRAS, na equação (B.9), tem-se o valor de d15,6 15,6 = 1, 000 . Substituindo os valores de PEMC e d15,6 15,6 na equação (B.7), chega-se ao valor do fator de caracterização de Watson de K = 11, 2 . Comparando o valor de K com os valores da Tabela B.7, observa-se que o fluido de trabalho GOR é composto basicamente de naftênicos e aromáticos. Com o valor de K , d15,6 15,6 e a temperatura do fluido T f = 745, 64° F consegue-se calcular o valor do calor específico do gasóleo através da equação (B.6) que é c p = 3, 035 kJ kg K . O valor da condutividade térmica do fluido (λ ) f obtida dos dados da UN-REPAR/PETROBRAS é de λ f = 6,35.10−2 W m K . Logo, substituindo estes valores na equação (B.5) obtémse α = 2, 65.10−8 m −2 s −1 . Substituindo o valor de α e υ na equação (B.3) chegase ao valor do número de Prandtl de 54,5. CÁLCULO DO COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR CONVECTIVO Para o cálculo do coeficiente de transferência de calor convectivo, faz-se necessário utilizar o número de Nusselt, que é definido como, Nu = onde hD λf (B.10) Nu é o número de Nusselt [adimensional], h é o coeficiente de transferência de calor [W/m 2 K], λ f é a condutividade térmica do fluido [W/m K] e D é o diâmetro do tubo [m]. Apêndice B – Determinação dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos 148 Considerando inicialmente escoamento turbulento ( Re = 1, 34.105 ) dentro de um tubo e que a temperatura da parede do tubo é constante, Gnielinski (1976) apresenta uma correlação para Nu Nu = 0, 012 ( Re0,87 − 280 ) Pr 0,4 (B.11) onde Re é o número de Reynolds e Pr é o número de Prandtl. O coeficiente de transferência de calor convectivo h é calculado igualando a equação (B.10) com a equação (B.11) ( 0, 012 ( Re h= 0,87 ) − 280 ) Pr 0,4 λ f (B.12) D O valor de h calculado é de 479 W m 2 K , para um valor de velocidade média do fluido. CÁLCULO DE τ W (TENSÃO DE CISALHAMENTO NA PAREDE) O cálculo de τ W foi realizado através de uma equação fornecida por Asomaning et al. (2000) τw = f ρ u2 2 (B.13) onde f é o fator de atrito, ρ é a massa específica [kg/m 3 ], u é a velocidade média do fluido [m/s] e τ W é a tensão de cisalhamento na parede [N/m 2 ]. Como se observa na equação (B.13), para o cálculo da tensão de cisalhamento faz-se necessário conhecer o fator de atrito. O fator de atrito foi calculado pela equação de Miller, equação (12), capítulo 3. Para o cálculo do fator de atrito utilizou-se a velocidade média do ramal principal do distribuidor de GOR. O cálculo do fator de atrito apresentou um valor de f = 0, 0170 . Com o fator de atrito calculado, a Apêndice B – Determinação dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos 149 velocidade média e a massa específica conhecidas, sendo que ambas estão apresentadas na τ W = 3, 92 N / m 2 . Tabela B.4, o valor da tensão de cisalhamento é Glossário 150 GLOSSÁRIO Auto-oxidação Reação química não induzida, consistindo na fixação mais ou menos substância rápida do oxigênio molecular sobre uma química orgânica ou inorgânica. Como exemplo de oxidação pode-se citar o ranço (gordura oxidada) nas gorduras. Carbonização Transformação química de um composto orgânico em carbono por aquecimento. Catalisador Substância que por sua presença, modifica a velocidade de uma reação química, sem se alterar durante o processo. Catálise Modificação da velocidade de uma reação química pela presença e atuação de uma substância que não se altera no processo. Cinética Química É a área da química que estuda a velocidade das reações químicas e os fatores que nela influem: temperatura, pressão, luz, natureza dos reagentes, catalisador, concentração dos reagentes. Composto apolar Possui pequena constante dielétrica, possuindo dipolo nulo ou pequeno. Composto polar Composto ou substância que apresenta momento de dipolo caracterizado por ter em sua molécula elementos de diferentes polaridades. Ex: HCl. Condensação É a aglomeração ou concentração de partículas. Coqueamento Processo para obtenção de coque. Coque Produto sólido, negro e brilhante, obtido por Glossário 151 craqueamento de resíduos pesados, essencialmente constituídos por carbono (90 a 95%), e que queima sem deixar cinzas. Bom combustível para metalurgia e indústria de cerâmica (coque desejado). Neste trabalho, o coque é definido também como um produto sólido, negro, extremamente duro e insolúvel em tolueno (coque indesejado). Corrosão É um processo natural e resulta da inerente tendência dos metais reverterem para sua forma mais estável, normalmente óxidos. Craqueamento Transformação por ruptura ( cracking , quebra) de moléculas grandes em moléculas menores. Utilizado para transformar óleos pesados, de pequeno valor, em derivados de petróleo mais leves, como GLP e nafta, produtos de maior valor. Craqueamento Craqueamento realizado com a presença de catalisadores. Catalítico Cristalização É o processo de formação de cristais a partir de um líquido ou de um gás. Exemplo: na evaporação da água salgada, o sal cristaliza devido à saturação. Decomposição Uma reação química na qual um composto se separa em compostos mais simples ou em elementos. Decomposição É definida como a quebra de um composto em vários Térmica outros de menor massa molecular. A reação de decomposição térmica é induzida por temperaturas acima de 340°C, no caso de hidrocarbonetos. A decomposição térmica também recebe o nome de craqueamento ou pirólise. Desnaturação É o fenômeno de alteração ou destruição das estruturas Glossário 152 tridimensionais por aquecimento. Esse fenômeno recebe o nome de desnaturação de proteínas. Destilação Separação de misturas em várias frações por vaporização, seguida de condensação. Destilação Procedimento de separação dos componentes líquidos de Fracionada uma solução que possuem diferentes pontos de ebulição. Para se fazer à separação de uma mistura de produtos, utiliza-se de uma propriedade físico-química: o ponto de ebulição, ou seja, a certa temperatura o produto irá evaporar. A destilação fracionada é um processo de aquecimento, separação e esfriamento dos produtos. Destilação a Destilação que Vácuo fracionamento se a realiza uma em pressão uma coluna inferior à de pressão atmosférica. A redução da pressão reduz a temperatura de ebulição das substâncias e com isso reduz a tendência de craqueamento. Dissolução Fenômeno que consiste na disseminação de uma substância sólida, líquida ou gasosa, na massa de outra, constituindo com ela uma mistura homogênea (solução). Ocorre quando a atração das partículas do solvente sobre as do soluto for maior que a atração entre as partículas do soluto. Energia de Quantidade de energia mínima necessária para se ter o ativação início de uma reação química. Fracionamento Separação das partes que compõem uma mistura ou separação dos derivados que compõem o petróleo. FCC Abreviatura de Fluid Catalitic Cracking (Craqueamento Catalítico Fluidizado). Processo de craqueamento no qual Glossário 153 o catalisador se apresenta na forma de pequenas partículas sólidas, formando um leito fluido. Gasóleo Derivado de petróleo, mais pesado do que a nafta e mais leve que o óleo combustível, obtido no processo de destilação. Utilizado como matéria-prima de processos secundários (craqueamento), para obtenção de GLP e gasolina. Dentro de certos limites, pode ser utilizado como óleo diesel ou como diluente para óleos combustíveis. Gasóleo Leve Fração ligeiramente mais pesada que o óleo diesel e pode, em certas ocasiões, ser a ele misturado, desde que o ponto de ebulição do gasóleo leve seja muito elevado. Gasóleo Pesado Possui faixa de destilação semelhante a do óleo combustível de baixa viscosidade. Hidrocarbonetos Compostos químicos orgânicos, formados por átomos de carbono e hidrogênio, que compõem a base de todos os derivados de petróleo. Podem se apresentar na forma sólida, líquida ou gasosa. Oligomerização Reação de formação de moléculas oriundas da ligação de um pequeno número de moléculas de um monômero. Parafina Denominação dada aos alcanos por serem compostos que apresentam pouca reatividade química. As parafinas gasosas e líquidas, que se encontram, por exemplo, na gasolina, querosene e gás combustível, são usadas como combustíveis, enquanto a parafinas sólidas (parafina comum) são utilizadas na fabricação de velas, ceras para assoalho, flores artificiais, etc. Glossário 154 Petróleo Petróleo com elevada composição de hidrocarbonetos Aromático aromáticos. Petróleo Bruto Petróleo no estado em que se apresenta na natureza, sem ter sofrido processamento. Petróleo Petróleo com elevada composição de hidrocarbonetos Naftênico naftênicos. Compostos naftênicos são as parafinas que apresentam cadeias cíclicas ou fechadas. Petróleo Petróleo com elevada composição de hidrocarbonetos Parafínico parafínicos. Polimerização Os polímeros são compostos químicos de elevada massa molecular, resultantes de reações químicas de polimerização. Reação de polimerização é a reunião de moléculas iguais, com formação de moléculas maiores, como exemplo: etileno se transformando em polietileno. Ponto de Temperatura na qual a pressão de vapor de um líquido Ebulição fica igual à pressão externa. Precipitação É a formação de um precipitado, um sólido não solúvel na solução. Reações de Consiste no fechamento de um hidrocarboneto insaturado, ciclização contendo uma dupla ligação num dos extremos da cadeia, a qual se desfaz com o fechamento da cadeia, gerando um composto cíclico saturado (nafta), também mais estável Glossário 155 que seu homólogo insaturado em termos energéticos. Reações de Consiste na retirada das cadeias lineares laterais ligadas a desalquilação núcleos aromáticos. Quanto maior a cadeia lateral mais fácil será a reação de desalquilação. Reações de É a reação de craqueamento propriamente dita. Ocorre divisão beta sempre nas ligações C-C simples existente nas parafinas saturadas. Cada divisão gera dois radicais livres, capazes de seqüestrar átomos de hidrogênio de outras substâncias através da transferência de hidrogênio ou condensação. Esses radicais livres quando não compensados dão lugar a olefinas correspondentes. Reações de Consiste no deslocamento de um radical (grupo H + ou isomerização CH 3 + ) para outro átomo de carbono da molécula, de modo a encontrar uma conformação energética mais estável. Este rearranjo estrutural sempre tende para uma maior formação de hidrocarbonetos de cadeia ramificada os quais tem uma menor energia interna que os homólogos lineares e, portanto, mais estáveis. Reações de A transferência de hidrogênio ocorre nas naftas, as quais transferência de tem hidrogênio progressivamente em hidrocarbonetos aromáticos. Reagente Substância que é consumida em uma reação química. Refino Conjunto seus de hidrogênios processos retirados, destinados convertendo-se a transformar o petróleo bruto em produtos adaptados às necessidades dos consumidores Glossário Resíduo 156 Fração mais pesada que resta após a retirada das frações leves do petróleo. Resina Polímero sintético ou que ocorre naturalmente. As resinas sintéticas são usadas na produção de plásticos. As resinas naturais são produtos químicos ácidos segregados por muitas árvores (especialmente coníferas). Solubilidade Indica a propriedade que uma substância possui de se dissolver em outra. Quantitativamente a solubilidade de uma substância é definida em função do seu coeficiente de solubilidade ou ponto de saturação. Supersaturação Fenômeno apresentado por certas soluções que encerram quantidade de soluto acima do limite de solubilidade normal. Com muita facilidade o excesso de soluto pode ser eliminado, descendo o teor do mesmo para valores normais. somente Uma se o solução é excesso de considerada soluto supersaturada estiver dissolvido. Exemplos: mel de abelha, água mineral com gás, etc. Biografia 157 BIOGRAFIA Leila Denise Fiorentin, nascida em 03 de dezembro de 1977, na cidade de Toledo, estado do Paraná. Formou-se em Engenharia Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE Química pela em 06 de maio de 2002. Participou do projeto de iniciação científica denominado “Apoio Didático Computadorizado de Conteúdos Físico-Químicos, Geometria Analítica e Álgebra Linear através de Recursos de Hipermídia”. Em 03 de junho de 2002 ingressou no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Matérias do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná – CEFET-PR na cidade de Curitiba, onde desenvolveu por dois anos, estudos sobre os modelos matemáticos para previsão da incrustação por coque em tubulações. Este estudo foi aplicado no distribuidor de gasóleo residual de uma torre de destilação a vácuo da refinaria UN-REPAR, Unidade de Negócios Refinaria Presidente Getúlio Vargas – PR, onde fez estágio e várias visitas a outras unidades da PETROBRAS. Durante o mestrado, participou de encontros como o Programa de Recursos Humanos da ANP para o setor de petróleo e gás e de congressos como o Rio Oil & Gas 2003 e o ENCIT 2004. Publicou dois artigos ENCIT 2004, um no Rio Oil & Gas 2004 e três nos Encontros do PRH 2003 e 2004. Seu trabalho de mestrado foi concluído em 03 de agosto de 2004.