Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA RELAÇÃO ENSINO, PESQUISA E
EXTENSÃO: ARTICULANDO CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA
ESCOLA PÚBLICA
Alessandra Gonçalves Soares (Instituto de Biologia, UFRJ – Bolsista PIBEX)
Débora Lopes Salles(Instituto de Biologia, UFRJ – Bolsista PIBEX)
Maira Rocha Figueira (Instituto de Biologia, UFRJ – Bolsista PIBEX)
Thaís Lourenço Assumpção (Instituto de Biologia, UFRJ – Bolsista PIBEX)
Maria Jacqueline G. S. de Lima (Faculdade de Educação, UFRJ)
Financiamento: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do
Rio de Janeiro (FAPERJ)
RESUMO
Neste trabalho, apresentamos algumas atividades e resultados do projeto “Relação
Universidade-Escola: ampliando abordagens no Ensino de Ciências a partir da
Educação Ambiental”, integrando ações de ensino, extensão e pesquisa na parceria
universidade (UFRJ) e escola. São destacadas as práticas de formação continuada
realizadas no laboratório de Ciências da Escola Municipal Orlando Villas Boas (Rio de
Janeiro), transformado em sala ambiente de Educação Ambiental e Ciências. Nosso
objetivo foi criar subsídios para a diversificação de estratégias de Ensino de Ciências e
Educação Ambiental e suas interfaces, voltadas para professores do ensino regular e do
Programa de Educação de Jovens e Adultos. Os recursos para a compra de materiais
foram provenientes da FAPERJ.
Palavras - chave: Educação Ambiental, Ensino de Ciências, Formação continuada,
Parceria público-público.
INTRODUÇÃO
A gravidade da problemática socioambiental tem sido o mote de um sem número
de projetos de Educação Ambiental (EA) nos contextos escolares e acadêmicos,
públicos e privados. Frequentemente afastados de seu potencial crítico, estes projetos
tendem a tratar a multifacetada questão de forma aligeirada, baseando ações e
discussões no pragmatismo ambiental (LAYRARGUES e LIMA, 2011). Para estes
autores, essa Educação Ambiental não privilegia reflexões e intervenções sobre as
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origens e causas da crise ambiental, buscando apenas combater suas manifestações mais
visíveis e diretas.
De acordo com levantamento realizado em Anais de congressos de extensão e a
partir de pesquisas sobre a Educação Ambiental escolar (CAVALARI, SANTANA E
CARVALHO, 2006; LIMA, 2007; LIMA & VASCONCELLOS, 2007 e outros),
argumentamos que tais projetos tem se mostrado pouco eficientes no que tange à
superação dos problemas socioambientais das comunidades a que se destinam. Aliado a
esse fato e relacionado ao caráter “agregador de valor” às empresas ditas “sustentáveis”,
multiplicam-se os projetos empresariais de educação ambiental nas escolas e redes
públicas de ensino (LAMOSA, 2010; LOUREIRO e LIMA, 2012), recebendo isenção
de impostos e/ou fazendo propaganda de seu negócio dentro dessas instituições. Nesse
contexto, é um desafio para secretarias de educação, universidades e instituições de
fomento definir critérios para avaliar a relevância acadêmica e o caráter crítico e
transformador desses projetos e pesquisas.
Como coordenadora e bolsistas de um projeto de extensão e de pesquisa em
Educação Ambiental da Faculdade de Educação da UFRJ, consideramos que, além da
clara definição dos objetivos, referenciais teóricos, metodologia e fontes de
financiamento, é fundamental que seja apreciado o potencial de articular ensino,
pesquisa e extensão dos projetos ligados à universidade. Esse critério pode ser um
divisor de águas para a avaliação da relevância social de projetos ou pesquisas que
solicitam recursos públicos, sejam eles financeiros, estruturais ou humanos.
A partir destes pressupostos se originou, em 2010, o projeto “Educação
Ambiental para Professores da Educação Básica: perspectivas teóricas e práticas”,
subprojeto do Projeto Fundão Biologia (Faculdade de Educação, Colégio de Aplicação
e Instituto de Biologia da UFRJ). O mesmo está articulado à nossa pesquisa sobre
Educação Ambiental nos contextos formais e não formais de ensino no Laboratório de
Investigações em Educação, Ambiente e Sociedade (LIEAS/UFRJ), bem como à
formação inicial e continuada de professores na Faculdade de Educação da UFRJ.
Adotamos a perspectiva da Educação ambiental crítica:
(...) que tem seu ponto de partida na teoria crítica marxista e
neomarxista de interpretação da realidade social. Associa também
discussões trazidas pela ecologia política que insere a dimensão social
nas questões ambientais, passando essas a serem trabalhadas como
questões socioambientais (DIAS, B. C, 2014).
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A metodologia de nossas ações tem sua fundamentação no entendimento que a
extensão deve estar relacionada aos contextos sociais dos sujeitos atingidos e à busca de
meios para sua compreensão e superação na perspectiva da práxis, ou seja, da unidade
entre teoria e prática. Buscamos estabelecer entre os participantes, bolsistas e
coordenadora, uma interação na qual conhecimentos e experiências estabeleçam
conexões entre a (s) realidade (s) escolares (s) e universitárias em questão.
Estabelecemos parcerias com as Secretarias Municipais de Educação do Rio de Janeiro
e de Maricá, com o Museu da Vida (Fiocruz), com o Núcleo de Educação Ambiental do
Jardim Botânico do Rio de Janeiro (NEA/JBRJ) e, mais recentemente, com a Escola
Municipal Orlando Villas Boas (RJ), com o objetivo de compartilhar subsídios teóricometodológicos para práticas escolares de Educação Ambiental a partir da elaboração de
oficinas pedagógicas, materiais didáticos, palestras e minicursos.
Por não se tratar de temática restrita ao ensino de disciplinas escolares
específicas, o projeto destina suas atividades a professores em formação e/ou atuantes
em qualquer disciplina e segmento de ensino. Nosso objetivo é discutir e problematizar
temas polêmicos relacionados à Educação, ao ensino de Ciências/Biologia e à Educação
Ambiental. Hoje, temos cerca de dez oficinas aplicadas nos mais diferentes contextos.
Além das oficinas, produzimos materiais didáticos para a Educação Ambiental crítica,
articulados ao ensino de Ecologia e de outras temáticas.
Em seu quarto ano de existência e já com uma considerável lista de atividades,
parcerias e desdobramentos, estamos escrevendo nossa história, revendo nossos
objetivos, referenciais teóricos e perspectivas futuras, num exercício circular de relatos,
observações e reflexões que nos possibilitem vislumbrar o passado e traçar linhas e
ações futuras. Nesse movimento, nos damos conta que o mais diversificado e frutífero é
o projeto “Relação Universidade-Escola: ampliando abordagens no Ensino de Ciências
a partir da Educação Ambiental”, junto à Escola Municipal Orlando Villas Boas. Nesse
artigo, descrevemos algumas das atividades realizadas e seus impactos na formação de
professores de Ciências e Biologia, com os quais dialogamos mais de perto, mas
também de outras disciplinas e do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA)
desta escola.
O projeto “Relação Universidade-Escola: ampliando abordagens no Ensino de
Ciências a partir da Educação Ambiental”
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O projeto “Relação Universidade-Escola: ampliando abordagens no Ensino de
Ciências a partir da Educação Ambiental” integra atividades de ensino, pesquisa e
extensão desenvolvidas na Faculdade de Educação e no Projeto Fundão Biologia.
Realizamos ações de formação continuada voltadas para a ampliação das atividades
desenvolvidas no Laboratório de Ciências da Escola Municipal Orlando Villas Boas
(Rio de Janeiro, RJ), criando subsídios para a diversificação de estratégias de Ensino de
Ciências e de Educação Ambiental.
Nosso intuito foi ampliar e dinamizar a utilização do laboratório da escola,
transformado em sala ambiente para o ensino de Ciências e outras disciplinas
articuladas à Educação Ambiental, por meio da aquisição/produção de materiais e
equipamentos de laboratório/horta escolar, modelos didáticos, equipamentos eletrônicos
e outros que, potencializados pelas oficinas e atividades oferecidas pelo Projeto Fundão
Biologia, contribuíram para a construção de novas formas de articular a Educação
Ambiental aos currículos escolares. As atividades foram desenvolvidas no laboratório
da escola e os equipamentos e materiais foram adquiridos com recursos provenientes do
edital de Apoio às Escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro, da Fundação Carlos
Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). A FAPERJ
também disponibilizou duas bolsas de Iniciação Científica e duas bolsas de Treinamento
e Capacitação Técnica, estas últimas destinadas a professores da escola atingida.
O projeto foi desenvolvido no ano de 2013, ao longo do qual, além dos
resultados que relatamos a seguir - e como consequência deles - importantes vínculos
foram construídos entre as bolsistas de iniciação científica (IC), professores da UFRJ
(coordenadora e associados), coordenadores e professores da Escola Municipal Orlando
Villas Boas, em torno do enfrentamento dos desafios de valorização da educação
pública. Seus objetivos foram:
1) Aprofundar a relação Universidade-Escola por meio das atividades de extensão
desenvolvidas e das relações estabelecidas com as instituições parceiras;
2) Contribuir para a formação continuada e inicial dos sujeitos envolvidos nas
atividades realizadas;
3) Produzir um conjunto de metodologias e materiais didáticos voltados para a reflexão
sobre o ensino de Ciências, a Educação Ambiental e a interface entre ambos;
4) Contribuir para a pesquisa sobre a Educação Ambiental nos contextos escolares, a
partir da realização e avaliação das atividades previstas.
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Partindo do pressuposto que as atividades de extensão devem estar articuladas ao
ensino e à pesquisa, nossa inserção na escola privilegiou a observação de estratégias e
mediações didáticas criadas pelos professores em suas aulas, bem como a inserção
curricular da Educação Ambiental nas disciplinas escolares, tema de nossa pesquisa.
Nesse sentido, nos afastamos de visões sobre extensão e formação continuada como
uma “doação” ou “transferência” de conhecimentos da universidade para a escola. Além
de participarem de todas as etapas das ações de extensão ao longo de 2013, as bolsistas
de iniciação científica acompanharam o trabalho das bolsistas de treinamento e
capacitação
técnica,
desenvolvendo,
coletivamente,
atividades
de
laboratório
relacionadas ao projeto e realizando observações e registros que, posteriormente, foram
debatidos no grupo.
Esse trabalho teve grande potencial formativo para as bolsistas de IC, que
puderam observar duas professoras em ação, colaborando e participando ativamente de
suas aulas; observamos, também, os impactos das oficinas no trabalho das professoras,
consolidando vínculos pedagógicos e acadêmicos e ampliando nossos horizontes de
ensino, pesquisa e extensão. Na próxima seção, apresentamos um resumo das oficinas e
atividades do projeto. Todas as atividades realizadas contaram com instrumentos
avaliativos, os quais, junto às observações das bolsistas, compõe o corpo empírico do
trabalho que desenvolvemos.
Oficinas para professores do ensino regular
Oficina 1 - “Modelos didáticos: conceitos, potencialidades e usos através do
terrário”
A primeira oficina, intitulada “Modelos didáticos: conceitos, potencialidades e
usos através do terrário” foi ministrada no dia 13 de março de 2013 pela doutora
Mariana Cassab, colaboradora do projeto. Participaram 11 professores das disciplinas
Geografia, Ciências, Matemática e Inglês. Foi realizada uma discussão teórica sobre
modelos didáticos no ensino de Ciências e dois terrários foram montados– um
representando o ecossistema Mata Atlântica, outro representando um ecossistema árido
-, com a participação dos cursistas. Nesse momento, entregamos aos professores um
DVD com a “Apostila de Modelos Socioambientais”, produzida em parceria pelas
equipes dos projetos “Educação Ambiental para professores da educação básica:
perspectivas teóricas e práticas”, e “Modelos no Ensino de Ciências e Biologia:
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materiais didáticos e oficinas pedagógicas para professores da Escola Básica”,
coordenado pela professora Mariana Cassab. O DVD continha, também uma apostila
sobre terrário, produzida pela professora Mariana Cassab e seus bolsistas.
Ressalta-se que, ao longo do ano letivo, os terrários foram aproveitados pelos
professores de Ciências em diversas atividades, acompanhadas pelas bolsistas de
Iniciação Científica e relatadas pelas bolsistas do projeto. Ao final da oficina,
distribuímos uma avaliação para os professores cursistas, na qual indagamos a respeito
dos objetivos, metodologia, conteúdos, aplicabilidade na prática docente e potencial
formativo. Os professores, de forma geral, consideraram que a atividade foi produtiva,
que os objetivos e metodologia estavam claros e que a mesma propicia a diversificação
de conhecimentos e atividades nas aulas de Ciências. Também consideraram que a
mesma está relacionada às suas práticas docentes nas disciplinas de Ciências e
matemática e que propicia a interdisciplinaridade. Um professor mencionou a falta de
estímulo para o desenvolvimento de atividades como essa, pois a mesma requer tempo e
que a grande quantidade de conteúdos e a indisciplina dos alunos, são obstáculos
difíceis de serem transpostos.
Oficina 2 – “Educação Ambiental escolar e sustentabilidade: desafio para práticas
e pesquisas”
Esta oficina foi oferecida pela coordenadora do projeto no dia 17 de abril de
2013, sobre a temática Educação Ambiental e sustentabilidade. Contamos com 17
professores das disciplinas Língua Portuguesa, Ciências, História e Matemática.
Inicialmente, foi prevista a sua apresentação nos dois turnos, mas, devido a reuniões
pedagógicas marcadas para o mesmo dia que ultrapassaram o horário previsto, a mesma
aconteceu apenas no turno da tarde, e em tempo reduzido. Nosso planejamento era
abordar as noções de Educação Ambiental e sustentabilidade em sua polissemia para,
em seguida, apresentar algumas questões da Educação Ambiental escolar e finalizar
com dois pequenos vídeos sobre consumo.
Não foi possível aprofundar os temas
devido à falta de tempo.
Recebemos apenas seis avaliações, com respostas às perguntas sobre
conhecimento e identificação com as diferentes concepções de EA, trabalhos de
Educação Ambiental desenvolvidos em suas disciplinas, contribuições da oficina para
sua prática docente e para a ideia de sustentabilidade. A maioria afirmou que se
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identificou com a Educação Ambiental crítica. Em relação às contribuições da oficina
sobre a concepção de sustentabilidade, obtivemos as seguintes respostas:
Trouxe a ideia de possibilidade do debate dobre sustentabilidade com análise crítica de
esquemas e propagandas que estão relacionadas com o dia a dia do cidadão.
A possibilidade de trabalhar a questão da transformação ambiental em cada período
histórico.
Oficina 3 – “Experimentos Didáticos de Ciências”
Em 26 de junho recebemos a professora da Faculdade de Educação Maria
Margarida Gomes, colaboradora do projeto, que ofereceu a oficina “Experimentos
Didáticos de Ciências” para a equipe de Ciências da escola. Foi abordada a questão da
elaboração de roteiros para a construção de aulas práticas, e a professora convidada,
juntamente com seus estagiários, mostrou diversas maneiras de criar experimentos
didáticos para promover o ensino de Ciências de forma lúdica, utilizando materiais de
baixo custo e discutindo a importância e a história da experimentação no ensino de
ciências. A oficina de experimentos didáticos foi muito produtiva, pois o grupo de
professores relatou ter dificuldade em realizar experimentos didáticos com seus alunos,
por falta de tempo, estrutura e de materiais adequados.
Oficinas para professores do programa de educação de jovens e adultos (PEJA)
Oficina 1 – “Arroz, Feijão, Saúde e Educação”.
A coordenadora do PEJA se mostrou muito receptiva ao nosso trabalho e nos
apresentou algumas particularidades dos professores e alunos do programa, que, no
turno da noite, atende a alunos do ensino fundamental I (séries iniciais). A primeira
oficina, intitulada “Arroz, Feijão, Saúde e Educação”, foi realizada no dia 24 de maio de
2013. Seu objetivo foi discutir questões relacionadas à alimentação, qualidade de vida e
uso de agrotóxicos, na perspectiva da Educação Ambiental crítica, focalizando o caráter
político, social e ambiental da problemática.
Passamos uma versão (editada pelo grupo) do documentário “O veneno está na
mesa”, de Silvio Tendler, complementado com informações e imagens selecionadas do
acervo do projeto a respeito do consumo de agrotóxicos no Brasil e no mundo. Em
seguida, pedimos que os professores elaborassem um projeto pedagógico para trabalhar
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o tema com seus alunos. Esse projeto foi enviado para nós algumas semanas depois. O
debate foi bastante produtivo: em vários momentos os professores comentaram que
muitos alunos, devido à sua origem em áreas rurais do nordeste ou do estado do Rio,
tem conhecimentos sobre uso medicinal e/ou culinário de ervas e temperos. Nesse
sentido, o tema foi muito enriquecedor para os professores, com interessantes
desdobramentos em suas práticas pedagógicas.
Esse contato, para nós, foi um desafio e um prazer, pois temos pouca experiência
com a Educação de Jovens e Adultos, e as questões e desafios relatados pelos
professores nos estimularam a nos dedicar, futuramente, a esse segmento. Das
avaliações recebidas, surpreendeu o fato de poucos professores conhecerem os
malefícios dos agrotóxicos, bem como a Monsanto, corporação que produz defensivos
agrícolas e espécies transgênicas. Uma das professoras nos relatou sua satisfação ao
passar por uma manifestação no centro contra a Monsanto e, depois de ter tomado
conhecimento das atividades dessa empresa por intermédio da oficina, pode
compreender melhor o teor da manifestação. Após a oficina, o grupo produziu um
projeto de trabalho, apresentado após o resultado das avaliações. As atividades com o
grupo de professores do PEJA diurno foram desenvolvidas pela bolsista de treinamento
e capacitação técnica Tatiana Abreu.
Oficina 2- “Experimentos Didáticos de Ciências”
Em 8 de novembro recebemos mais uma vez a professora Maria Margarida
Gomes, que ofereceu a oficina “Experimentos Didáticos de Ciências”. A professora
convidada, juntamente com seus estagiários, mostrou diversas maneiras de criar
experimentos didáticos para promover o ensino de Ciências de forma lúdica, utilizando
materiais de baixo custo e discutindo a importância e a história da experimentação no
ensino da disciplina. A oficina foi muito produtiva, pois o grupo de professores relatou
ter dificuldade em trabalhar Ciências com seus alunos, e consideraram que a realização
de experimentos didáticos utilizando materiais de baixo custo pode ser bastante
motivadora para o grupo.
Oficina 3 – “Educação Ambiental e sociedade: consumo e alimentação”
Em 29 de novembro de 2013, a coordenadora do projeto e as bolsistas de IC
ofereceram a oficina “Educação Ambiental e sociedade: consumo e alimentação” para
os professores do PEJA noturno. Retomamos a discussão sobre alimentação iniciada na
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primeira oficina, focalizando, mais especificamente, os alimentos industrializados e as
substâncias tóxicas neles inseridas, relacionado esses fatos ao modelo agrário e ao
sistema socioeconômico vigente no país. Trabalhamos também com análise de rótulos
de alimentos a partir do texto “Não deixe o supermercado te enganar” (disponível em
http://revistagotas.com.br/nao-deixe-o-supermercado-te-enganar/).
também,
um
fragmento
do
documentário
Foi
“Brasil
utilizado,
orgânico”
(http://www.youtube.com/watch?v=vuDa_NuLkT8), de Kátia Klock e Lícia Brancher,
produzido em 2013. Nesse vídeo, são abordados os riscos dos agrotóxicos e o
desenvolvimento da agroecologia e da agricultura orgânica.
Os professores foram estimulados a buscar, nos rótulos, os aditivos presentes em
quantidade e qualidade, e pesquisar seus efeitos nocivos nas informações do texto. Mais
uma vez, nos deparamos com o desconhecimento do grupo sobre o assunto, reflexo da
falta de esclarecimento a respeito do que ingerimos nos alimentos industrializados. Esse
fato aponta para a relevância de atividades como essas serem desenvolvidas com
professores e alunos, cumprindo uma das funções primordiais da escola, qual seja, a de
informar e desenvolver, nos alunos, uma visão crítica a respeito da sociedade.
Finalizamos com uma discussão sobre a necessidade e os possíveis caminhos para se
buscar uma alimentação saudável, baseada em produtos naturais e, preferencialmente,
orgânicos.
Atividades voltadas à comunidade escolar: Horta Escolar
A oficina aconteceu em 27 de novembro e estiveram presentes os professores de
Ciências, uma professora do PEJA, alunos do PEJA e as bolsistas do projeto. O
paisagista ensinou algumas técnicas de jardinagem e de horta escolar, uma das
demandas principais dos professores de Ciências. A maior participação foi dos alunos
do PEJA, que tiveram a oportunidade de compartilhar saberes adquiridos em suas
vivências. Aproveitando a presença do paisagista e dos alunos, foi montada uma
pequena jardineira e os alunos sentiram-se à vontade para manusear a terra e todos os
outros recursos da horta, além de tirar dúvidas referentes a esse assunto. A equipe
docente optou por iniciar o projeto da horta em 2014, já que os professores estavam em
período de reposição de aulas e que, em seguida, viria o recesso escolar,
impossibilitando o cultivo e a manutenção das hortaliças.
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Inauguração da Sala Ambiente de Educação Ambiental e Ciências
A última atividade realizada na escola foi a Inauguração da Sala Ambiente de
Educação Ambiental e Ciências da E.M. Orlando Villas Boas, que aconteceu nos dias
12 e 13 de dezembro. As atividades ocorreram durante dois dias inteiros e tiveram como
público alvo os alunos do ensino fundamental regular nos turnos manhã e tarde, bem
como os professores. Nossos objetivos foram:
•
Apresentar aos alunos e professores a nova Sala Ambiente;
•
Dar maior visibilidade ao Projeto;
•
Trabalhar temáticas da Educação Ambiental;
•
Mostrar aos professores diferentes formas de trabalhar a Educação Ambiental
em diferentes disciplinas.
•
Introduzir a temática socioambiental junto ao corpo discente.
Para as turmas do 6º e 7º anos, foi apresentado o documentário “Ilha das Flores”,
de Jorge Furtado (1988). Em seguida, distribuímos o texto “Meus 11 anos de lixão”,
produzido pelas bolsistas de IC e extensão, que foi lido coletivamente. Solicitamos aos
alunos do 7º ano que escrevessem um final para o texto, enquanto os do 6º deveriam
fazer um desenho de um objeto qualquer, mostrando o caminho percorrido da produção
ao descarte final. Da leitura e tabulação dos textos recebidos, percebemos que 51%
criaram finais positivos ou esperançosos para a família que vivia no lixão: destes, 12
(19%) foram associados à escola/universidade ou ao trabalho, apontando para uma
valorização dos estudos e do trabalho por parte do grupo de estudantes da escola.
Com o 8º e 9º anos, fizemos uma discussão sobre consumo, com base nos vídeos
“Volkswagen:
perfeito
para
a
sua
vida”
(http://www.youtube.com/watch?v=2rnpIEcjWhk) e “Necessário para a sua vida?”
(http://www.youtube.com/watch?v=9iIEn4XkKkk), uma problematização ao primeiro.
Em seguida, distribuímos e lemos o texto “A roupa da vez”, produzido pelas bolsistas
de IC e extensão. A partir dos vídeos e do texto, fizemos um debate sobre consumo e
consumismo, mediado pelas bolsistas.
Foi interessante notar que há uma dificuldade em identificar ou distinguir um
“sonho de consumo” de “um sonho que não envolve consumo”. Isso se deve, talvez, ao
fato de que, na sociedade atual, poucas coisas podem ser adquiridas ou conquistadas,
direta ou indiretamente, sem dinheiro. No entanto, algumas respostas se repetiram,
como, por exemplo: “felicidade”, “saúde”, “unir, ajudar ou manter uma família”,
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“viajar”, “ter um bom trabalho”, “construir um mundo melhor (sem violência, poluição
ou doenças)” e “fazer faculdade”, no quesito “sonho que não envolve consumo”. Isso
pode ser um indicativo que, apesar dos apelos da sociedade de consumo sobre os
adolescentes, seus maiores reféns, uma boa formação, trabalho, família e felicidade são
valores/objetivos almejados por eles.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acreditamos que a experiência obtida ao longo do ano de 2013 foi positiva para
conhecermos a dinâmica da escola, seus desafios e potencialidades. Tivemos a
oportunidade de interagir com professores, alunos e funcionários, alcançando, assim,
uma relação satisfatória entre Universidade e Escola. Encontramos dificuldades de
diversas naturezas, como uma greve que nos afastou fisicamente da escola por dois
meses e a resistência de alguns membros da escola. Ao longo do tempo em que
estivemos na escola, também fomos testemunhas das dificuldades encontradas pelos
professores para desenvolverem um trabalho crítico e reflexivo num contexto político e
educacional marcado pelo controle das atividades, do currículo, do tempo e dos
materiais didáticos utilizado pelos professores; percebemos, também, seus movimentos
de resistência, personificados nos esforços para introduzir, na escola, questões sociais e
ambientais, a partir da produção e seleção de materiais didáticos mais próximos das
necessidades e demandas do corpo de alunos.
As dificuldades encontradas para reunir os professores e desenvolver as
atividades do projeto estão, em grande parte, relacionadas às inúmeras demandas da
Secretaria Municipal de Educação e da própria escola, que praticamente esgotam as
possibilidades do corpo docente participar de atividades de formação continuada. Ainda
assim, as avaliações dos professores, que se mostraram muito interessados e
participaram ativamente das oficinas, apontaram para a produtividade e a necessidade
de investirmos em projetos como o que realizamos. Ressaltamos a importância de
parcerias “público-público”como essa, pois, num contexto de abertura das escolas para
projetos empresarias e/ou de parcerias público privadas, é fundamental que os setores
públicos reúnam forças e saberes em prol da superação das dificuldades vividas por seus
atores sociais. Finalizamos com um comentário de uma professora de Ciências sobre o
projeto: “Obrigada pelo apoio e pelas oficinas, foi muito bom o convívio com vocês; e
de oportunizarem um laboratório mais digno para o nosso trabalho e aprendizado do
aluno. Beijo”.
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