Usinas termoelétricas e nucleares são canteiros de obras por conta de atraso Relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica aponta atrasos em obras de 16 termelétricas no país, além de Angra 3. Enquanto o Brasil vive essa crise de abastecimento de energia, usinas termoelétricas e nucleares que deveriam estar em operação ainda são canteiros de obras. Angra 1 e Angra 2 fornecem energia para seis milhões de pessoas. Enquanto trabalham, as duas esperam pela chegada da irmã mais nova. Mais da metade da estrutura de Angra 3 foi erguida e já é possível ver a forma de uma usina nuclear. No coração de Angra 3 vai ficar o reator nuclear de uma usina capaz de abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte. A boa notícia é que ela vai funcionar a pleno vapor, faça chuva, ou faça sol. “Elas são uma reserva absoluta, porque além de não necessitar da água doce para fazer a sua refrigeração - ela usa água do mar, como estamos vendo aqui Angra 1, Angra 2 e Angra 3. Ela também garante a energia exatamente para poder fazer a operação do sistema elétrico nacional”, explica José Eduardo Costa Mattos, sup. construção ELETRONUCLEAR. A má notícia é que ainda vai ser preciso esperar muito tempo. A obra, que começou em 1984, ainda vai levar mais 4 anos para ser concluída. Depois de uma interrupção de 24 anos, as obras foram retomadas em 2010 e já atrasaram de novo. Angra 3 deveria estar produzindo energia desde o ano passado. Um relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica também aponta atrasos em obras de 16 termelétricas no país. E outras quatro ainda nem saíram do papel. Atualmente, as usinas nucleares e as termelétricas geram mais de 23% da energia do país. Para os especialistas, essas usinas que não dependem das chuvas, poderiam contribuir ainda mais com o sistema elétrico. “Nós precisamos fazer com que as hidroelétricas ganhem um pouquinho mais de segurança. Ao contrário, a gente está usando demais os reservatórios”, conta Roberto D'Araújo, pres. Instituto Ilumina. O atraso nas obras significa aumento de custos. “O não cumprimento de um cronograma, ele geralmente ocorre pela inobservância de aspectos que tinham que ter sido considerados no início do planejamento. Estudos que não foram feitos na fase preliminar acabam sendo feitos durante a obra, com necessidade de repactuação de contrato e levando a dilatações de prazo e até mesmo repactuação de custo”, diz Rodolpho Salomão, pres. Assoc. Nac. Analistas em Infraestrutura. Em Angra 3, por exemplo, o orçamento na retomada das obras era de pouco mais de R$ 7 bilhões. No ritmo atual, a usina vai custar quase R$ 15 bilhões. Sem contar a manutenção do reator, comprado há mais de 30 anos. “O custo de manutenção deste equipamento, a média, foi no entorno de R$ 10 milhões ao ano”, ressalta José Eduardo Costa Mattos. Guardado há décadas em um galpão, o equipamento de Angra 3 não produz energia e ainda gasta um pouco, porque para enxergá-lo direito é preciso acender a luz. Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/02/usinas-termoeletricas-enucleares-sao-canteiros-de-obras-por-conta-de-atraso.html