A CAPACITAÇÃO DO PROFESSOR EM
LÍNGUA DE SINAIS
CHRISTIANE MARIA COSTA CARNEIRO PENHA [email protected]
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
CENTRO UNIVERSITÁRIO ABEU
ANTONIO RICARDO PENHA [email protected]
CHPENHA PROJETOS EDUCACIONAIS
RESUMO
As reflexões acadêmicas sobre as poliíticas culturais existentes em nosso país favorecem que surjam
democraticamente, educadores engajados na construção de saberes que possibiltam a formação de jovens e
adultos nos lugares mais distantes do território nacional, principalmente aqueles que ainda não são totalmente
atendidos pela política de educação formal. Encontramos também nesse contexto, professores que ensinam
surdos sem a devida formação técnica, sem o conhecimento da Língua de Sinais e nenhum contato com a
cultura surda. Na 6ª. Coordenadoria de Educação da Cidade do Rio de Janeiro, os professores estão unidos
para mudar esse quadro, pois em vários momentos de sua atividade, perceberam a urgência de buscarem uma
capacitação específica, para trabalharem melhor com o aluno surdo. Essa percepção sobre a dificuldade de
aplicar conteúdos para quem aprende de maneira diferente através de uma língua gestual-visual, é o objeto do
presente estudo e do nosso relato de experiência, sobre, a busca pelo conhecimento que vem dos novos
processos de formação e capacitação docente. A necessidade de aprender novos saberes, conduz professores e
outros profissionais de esducação para os locais onde é possivel uma aprendizagem significada para que sua
atuação docente seja eficiente. Os professores que ensinam o aluno surdo em sua língua materna, precisam
adquirir conhecimento para superar as dificuldades de comunicação, e nesse sentido ajudar a integrar o aluno
surdo em classe de maioria ouvinte. A participação dos professores e profissionais de educação nos eventos
acadêmicos confere uma crescente abertura na troca de informações, cuja abrangência transcultural permite
que se encontre respostas aos conflitos existentes na sala de aula. Por isso, um fator positivo no processo de
crescimento profissional.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Libras – Comunicação
INTRODUÇÃO
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– Prática pedagógica.
INTRODUÇÃO
Somos professores da educação básica e do ensino superior, com formação e
especialização em Língua Brasileira de Sinais e temos alunos surdos integrados com
ouvintes nas instituições de ensino pública e privada.
Passamos pelo processo de apreensão quando nos deparamos com a
integração do aluno surdo em classe regular de alunos ouvintes (após a determinação
da Lei 14.436/2002), num momento onde a nossa capacitação em língua de sinais era
um projeto para o futuro.
O contexto geral da nossa apreensão, estava significado na complexidade da
aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais, que traz em si, os valores fundamentais
da cultura e identidade surda.
De maneira geral, a apreensão do professor não está ligada somente a sua
aprendizagem em língua de sinais, vai além, quando precisa entender como esse
conhecimento poderá ser uma ferramenta de ensino nas questões identitárias do
sujeito surdo, onde as informações gerais do seu modo de vida e das metas de
educação e formação do indivíduo se expandem para fora da sala de aula e do muro
da escola.
O conhecimento que circula dentro e fora da escola, mais especificamente na
sala de aula, é mediado pelo professor que normalmente é questionado pelo aluno
sobre o famoso “por quê” das coisas. No contexto da língua de sinais querem saber o
por quê da existência desse modelo de comunicação, se tem a mesma função da
comunicação oral, e como participar dessa troca com os surdos.
O professor é o mantenedor de um ambiente de construção de saberes, uma
vez que determina a relevância das questões discutidas em sala de aula, e por ser
dentro do nosso modelo de ensino, o avaliador das respostas obtidas.
De acordo com Quadros (2008), a escola vai precisar considerar essa
complexidade pedagógica, redesenhando os espaços da sua unidade, passando a
inserir em seu quadro professores bilingues capazes de entender e avaliar bem seus
alunos.
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OBJETIVO
Analisar para compreender as dificuldades de aprendizagem dos alunos surdos
integrados aos ouvintes, incentivando-os e conduzindo-os a superação, tendo por
base, a própria dificuldade enfrentada pelo professor para aprender a LIBRAS.
Buscar nos referenciais teóricos, as relevantes contribuições de como se dá a
plena manifestação da transculturalidade (entre as culturas surda e ouvinte) dentro do
contexto social contemporâneo.
METODOLOGIA
Para atingir os objetivos desse estudo a metodologia que está sendo utilizada é
a bibliográfica, com pesquisa de campo. A pesquisa teve inicio em 2012 e permanece
em andamento, sendo coordenada por uma professora da rede pública da Cidade do
Rio de Janeiro, lotada na SME, 6ª. Coordenadoria Regional de Educação. A professora
é mestre em Psicologia Social e possui formação em Pedagogia, Psicologia, Libras pelo
Laboratório de Libras do Instituto Municipal Helena Antioff, Libras avançada pela
APILS-RJ e, especialização lato sensu em Língua Brasileira de Sinais e Educação
Inclusiva. Tem atuado desde 2006 na área de educação especial, ligada ao trabalho
com alunos surdos.
A pesquisa se realiza junto ao Curso Básico de Libras da 6ª. CRE e tem a
autorização da Coordenação e Gerência de Educação para validade dos resultados
obtidos e posterior certificação dos professores matriculados. Todas as imagens e
materiais produzidos pelos professores e alunos possuem autorização para divulgação
com fins pedagógicos e/ou científicos.
CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES NA ESCOLA BILINGUE
Atualmente o Grupo de Estudos sobre Surdez tem quinze membros: dois
professores com mestrado e com “especialização” em Libras e Educação especial, um
professor com mestrado e “capacitação” em libras, sete professores da rede pública da
cidade do Rio de Janeiro e, cinco alunos dos cursos de licenciatura do UNIABEU, que
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são Professores II e atuam nos municípios de Nilópolis, Nova Iguaçu, São João de
Meriti e Belford Roxo.
O Curso de Libras teve início em 2012, e funciona hoje com duas turmas: a
primeira turma que corresponde ao curso básico tem vinte e seis (26) professores
matriculados e a segunda turma de nível intermediário possui trinta e dois (32).
O grupo de estudos e os professores matriculados no curso de Libras se reunem
uma vez por mês em horas opostas para avaliar as práticas em sala de aula, para
analisar os estudos
de casos e dificuldades de aprendizagem, e para divulgar e dividir informações de
ações inclusivas nas escolas.
(Imagem1: Reunião mensal do Grupo de Estudos)
As maiores dificuldades descritas pelos professores na aprendizagem e ensino de
Libras para surdos, reside no desconhecimento da cultura surda e de como vive e interage
socialmente essas pessoas.
Para suprir essa demanda, o currículo do curso obedece a determinação da Lei
10.436/2002, e do Decreto Lei 5.626/2005, que dispõe sobre o uso (comunicação) e ensino da
Lingua Brasileira de Sinais.
CURRÍCULO DO CURSO BÁSICO DE CAPACITAÇÃO EM LIBRAS
Nível I - inicial
Alfabeto manual e dadtilologia
Estratégias para a aprendizagem da língua de sinais
Estratégias para aprendizagem da língua de sinais
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Alfabeto e numerais manuais
Gramática: pronomes na Libras
Mundo do surdo: cultura e comunidade
Dinâmicas relacionadas à língua de sinais
Sinais relacionados à família
Sinais relacionados ao universo escolar
Nível I - inicial
Membros familiares
Sinais relacionados a meios de comunicação
Gramática:adjetivos em Libras
Mundo do surdo: surdos e a sua produçao linguistica
Dinâmicas e Libras em contexto
Pronomes pessoais e possessivos em Libras
(Imagem 2: professores executando o exercício de datilologia da língua de sinais)
Segundo Felipe Monteiro (2008), “professores e outros profissionais que estão
em processo de formação e/ou capacitação em curso regular de libras (reconhecido
pelo MEC), deverá ao final conhecer vários contextos da língua de sinais para ministrar
aulas”. Nesse sentido, apresentar habilidade para desenvolver os temas listados nos
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PCNs, com destaque para ética, meio ambiente, saúde, trabalho, orientação sexual e
educação física.
De acordo com Strobel e Oliva (2009), “para alfabetizar crianças surdas é
preciso adotar estratégias complementares que diz respeito a compreensão das
palavras, sua composição, produção e escrita visual, isto é, na cultura surda”.
O currículo do curso de Libras tem recebido respostas positivas dos professores
participantes justificando assim a logística montada para atende-los.
atende
Os participantes do grupo
de estudo também colaboram expondo suas dúvidas ou trazendo exemplos de exercícios
realizados em sala de aula,, onde as dificuldades encontradas são anotadas para posterior
análise e correções.
ATIVIDADES COM ALUNOS
ALUNO SURDOS EOUVINTES INTEGRADOS
Na primeira escola onde a pesquisa se desenvolve, estudam nove alunos surdos
surd
entre 165 alunos ouvintes que recebem auxílio
uxílio de um intérprete e de um instrutor
surdo da língua brasileira de sinais permanentemente.
(Imagem 3: atividade
tividade de Educação Física em língua de sinais brasileira)
Esse profissional trabalha ao lado do professor ouvinte e sua função principal é
ensinar a língua brasileira de sinais apresentando a sua cultura e valores
valore identidários,
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inserindo assim os demais elementos profissionais da escola e alunos ouvintes no
contexto da comunidade.
Na segunda escola o processo está avançado e os alunos surdos participam
ativamente do espaço comum, interagindo bem com alunos ouvintes. O uso de sinais e
o português escrito acontece democraticamente na comunicação de surdos e
ouvintes.
REFERENCIAIS TEÓRICOS DA CULTURA SURDA
Para entender o sistema que produz a interação das Culturas Surda e Ouvinte
precisamos analisar os pressupostos teórico e metodológico, que estão orientados nas
pesquisas e publicações de alguns autores (Schmitt, Strobel, Vilhalva, Salles, Santana,
Novaes, Moura e Passos), que não consideram a Cultura Surda uma subordinação de
qualquer cultura existente, e sim, uma cultura totalmente inserida no processo de
construção do pais e do mundo.
Schmitt, Strobel e Vilhalva (2007), entendem a Cultura Surda como “a maneira
de o sujeito surdo entender o mundo e de modifica-lo, afim de torna-lo acessível
ajustando-o às suas percepções visuais, que contribuem para a definição dos seus
costumes”.
Salles (2007), afirma que é necessário quebrar o paradigma da deficiência
auditiva afim de enxergarmos as restrições de ambos: surdos e ouvintes.
Santana (2008), vê que na Cultura Surda estão referências da língua de sinais
como às estratégias sociais, e, mecanismos instrumentais/tecnológicos que os surdos
usufruem para agir no mundo.
Novaes (2010) diz que podemos compreender a cultura como um “processo de
desenvolvimento histórico-social, que se dá por meio da construção de uma linguagem
e identidade própria, entre um grupo de indivíduos que se interagem”.
Concordando com os argumentos dos teóricos envolvidos na pesquisa, Moura e
Passos (2008), acreditam que a comunidade escolar precisa ter acesso a história, a
língua e as conquistas de cidadania do surdo, como forma de incluir outros pares na
sua comunidade, tornando a escola um lugar multicultural.
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CONCLUSÃO
Este trabalho teve por objetivo significar a criação de um grupo de estudos (GE)
para analisar as dificuldades de aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais,
enfrentada por alunos do Curso Básico de LIBRAS da 6ª. CRE, aberto também aos
acadêmicos dos cursos de licenciatura em Letras, Matemática, Pedagogia e História do
Centro Universitário ABEU, atualmente estagiários nas Unidades Educacionais da rede.
A proposta de estudo do grupo expande a sua área de pesquisa para a
importância de conhecer Cultura Surda e a Identidade Surda do aluno, que é
fundamental para a construção de uma via de mão dupla na comunicação entre
professor e aluno. Nesse contexto, valorizando a contribuição profissional do
interprete surdo de língua de sinais que atua nas escolas bilingues da rede pública da
cidade do Rio de Janeiro.
O conhecimento transcultural e transdisciplinar que o professor precisa ter ou
buscar, para dar continuidade ao seu aparelhamento profissional nas escolas, centros
universitários e unidades tecnológicas é necessário, e os recursos para o
desenvolvimento de projetos que favoreçam a sua rápida formação e capacitação
bilingue em LIBRAS/Português tem de ser constante.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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NOVAES, Edmarcio C. Surdos: educação, direito e cidadania. Rio de Janeiro: WAK
Editora, 2010.
Horizonte: Autentica Editora, 2009.
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QUADROS, R. M.; SCHIEDT, M. L. P. Ideias para ensinar português para alunos surdos.
Brasília: MEC, SEESP, 2006.
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SANTANA, Ana P. Surdez e Linguagem: aspectos e implicações neurolinguisticas. São
Paulo: Plexus Editora, 2008.
SCHMITT, D., STROBELL, K., VILHALVA, S. O surgimento das pedagogias surdas. Rio de
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STROBEL, K., OLIVA, L. Os avanços e as necessidades da educação de surdos no Brasil.
São Paulo: Revista Direcional Educador. Ano 5, edição n.52, maio 2009.
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