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UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
AVEIA BRANCA: INTERAÇÃO GENÓTIPO VERSUS DENSIDADE DE
SEMEADURA NA CONTRIBUIÇÃO PARA A MÁXIMA EXPRESSÃO DE
PRODUÇÃO DE BIOMASSA COM RENDIMENTO DE GRÃOS E ALTERNATIVA
PARA MAXIMIZAR O MANEJO DA LAVOURA
Acadêmico: Cristiano Fontaniva
Orientador: Dr. José Antonio Gonzalez da Silva
Ijuí- RS
Março de 2012
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CRISTIANO FONTANIVA
AVEIA BRANCA: INTERAÇÃO GENÓTIPO VERSUS DENSIDADE DE
SEMEADURA NA CONTRIBUIÇÃO PARA A MÁXIMA EXPRESSÃO DE
PRODUÇÃO DE BIOMASSA COM RENDIMENTO DE GRÃOS E ALTERNATIVA
PARA MAXIMIZAR O MANEJO DA LAVOURA
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Agronomia, Departamento de Estudos
Agrários da Universidade Regional do Noroeste do Estado
do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a
obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.
Orientador: Dr. José Antonio Gonzalez da Silva
Ijuí – RS
Março – 2012
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TERMO DE APROVAÇÃO
CRISTIANO FONTANIVA
AVEIA BRANCA: INTERAÇÃO GENÓTIPO VERSUS DENSIDADE DE
SEMEADURA NA CONTRIBUIÇÃO PARA A MÁXIMA EXPRESSÃO DE
PRODUÇÃO DE BIOMASSA COM RENDIMENTO DE GRÃOS E ALTERNATIVA
PARA MAXIMIZAR O MANEJO DA LAVOURA
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Agronomia da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, defendido perante a banca abaixo subscrita.
Ijuí, 08 de Março de 2012.
Prof. Dr. José Antonio Gonzalez da Silva
DEAg/UNIJUÍ - Orientador
Prof. Dr. Cleusa Adriane Menegassi Bianchi Krüger
DEAg/UNIJUÍ – Avaliadora
Eng. Agrônomo Osmar Lohmann
COTRIJUI – Avaliador convidado
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Ari José
Fontaniva e Vanir Fontaniva, as minhas irmãs
Silvane e Marilei e a todos os meus amigos e
colegas do curso de Agronomia que, de uma
forma ou outra, contribuíram de maneira
efetiva na realização deste trabalho. Dedico
também, ao meu professor e orientador José
Antonio Gonzalez da Silva, ao qual tenho um
enorme respeito e admiração, pela pessoa que
é e pela imensa dedicação ao transmitir seu
conhecimento.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por estar sempre guiando meus passos, dando
proteção e forças para vencer os obstáculos da vida.
Ao meu pai, Ari José Fontaniva, pela educação que me foi dada, pelo amor
incondicional, pelo carinho, pelos conselhos e ensinamentos, pela compreensão, pelos
inúmeros momentos felizes, que me fizeram ser uma pessoa honesta e capaz de tomar
decisões sérias. Ainda, agradeço pelo esforço sobre-humano que realizou durante o desenrolar
do curso, onde as dificuldades foram inúmeras, mas com pulso firme foram contornadas e
possibilitaram a realização de mais um sonho.
A minha mãe Vanir Fontaniva pelo amor, carinho, companheirismo, apoio, estímulo
e compreensão nos momentos em que mais precisei, e por não medir esforços em me ajudar
na realização deste sonho.
As minhas irmãs Silvane e Marilei por estarem sempre ao meu lado, apoiando em
minha caminhada e pelo amor e carinho a mim dedicado.
Ao professor José Antonio Gonzalez da Silva, pela paciência, coerência, clareza e
dedicação em seus ensinamentos sempre disposto a atender minhas necessidades e dúvidas.
Uma pessoa a quem sempre terei um enorme respeito em consideração por tudo àquilo que
fez por mim na vida acadêmica. De fato, neste período pude entender o significado da palavra
professor, pois sem dúvida, esta brilhante pessoa não mede esforços para que o conhecimento
seja transmitido. Além disso, pela amizade que levarei para sempre.
Aos amigos que levarei para sempre comigo, Felipe Roman Mazzarollo, Pablo José
Nicoletti Oliveira, Vinícius Lazzarotto e Paulo Ricardo Viana Correa pela amizade e
companheirismo neste período, tanto em momentos bons como em momentos ruins, e que
ainda possibilitaram a realização deste estudo.
Aos colegas bolsistas e estagiários do Grupo de Pesquisa de Sistemas Técnicos de
Produção Animal e Vegetal do Curso de Agronomia Ana Paula Valentini, Edegar Matter, José
Tiago Boff, Renan Wentz, Geverson Capelari, Diovane Antonow, Juliana de Oliveira,
Jordana Schiavo, Rogério Vieira, Gabriel Battisti, Leandro Rittel, Emilio Ghisleni Arenhardt,
Juliano Gaviraghi, Taiane Pettenon, Fernando Bilibio Pinto, Ewerton Gewerhr, Adair José da
Silva, Cassiane Ubessi, Gustavo Mazurkievicz, Homero da Silva, Maísa Didoné e Tânia
Mattioni pelo incansável trabalho deste a implantação até a conclusão do experimento.
Ao DEAg e ao IRDeR, que me proporcionaram a estrutura necessária para que o
estudo fosse desenvolvido, pelo compromisso com a pesquisa e pelo comprometimento para o
5
desenvolvimento de, além de profissionais capacitados, de pessoas sensibilizadas com a
problemática de desenvolvimento regional.
À UNIJUI por ter me proporcionado a oportunidade de ser acadêmico e Bolsista
além do enorme comprometimento para o desenvolvimento do noroeste do estado do RS.
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AVEIA BRANCA: INTERAÇÃO GENÓTIPO VERSUS DENSIDADE DE
SEMEADURA NA CONTRIBUIÇÃO PARA A MÁXIMA EXPRESSÃO DE
PRODUÇÃO DE BIOMASSA COM RENDIMENTO DE GRÃOS E ALTERNATIVA
PARA MAXIMIZAR O MANEJO DA LAVOURA
Cristiano Fontaniva
Orientador: José Antônio Gonzalez da Silva
RESUMO
No sul do Brasil, a aveia é cultivada como espécie produtora de grãos e palha para a cobertura
de solo, favorecendo a implantação de cultura de verão, apresentando forte importância na
sucessão de culturas, principalmente pela produção de massa seca no sistema de semeadura
direta para cobertura do solo. A densidade de semeadura é um dos fatores importantes a ser
considerado na implantação de uma lavoura para que uma população ideal de plantas seja
atingida. O manejo da densidade de plantas é uma das práticas culturais mais importantes para
determinar o rendimento de grãos, pois o estande afeta a arquitetura das plantas, altera o
crescimento e o desenvolvimento, e influencia na produção e partição de fotoassimilados. O
objetivo do presente estudo foi o de elucidar os aspectos ligados a expressão da produção de
biomassa total e daqueles ligados aos parâmetros de produção frente ao ajuste do arranjo de
plantas em genótipos elite recomendados para cultivo no sul do Brasil. Assim, buscando
abordar os aspectos ligados ao ajuste na densidade de cultivo em aveia branca visando
incrementos consideráveis na qualidade de produção sob distintos sistemas de sucessão. O
experimento foi conduzido em condições de campo, no Instituto Regional de
Desenvolvimento Rural (IRDeR), localizado no Município de Augusto Pestana – RS, durante
ano agrícola de 2011. O estudo foi desenvolvido com dois experimentos de dimensões de 8 x
20m cada, totalizando 160 m². Sendo cada parcela composta de 4 x 5m e sub-parcelas de 1 x
5m. O experimento foi disposto na forma de blocos casualizados com quatro repetições de
arranjo fatorial simples (2 x 4), constituído de dois experimentos. Os experimentos foram
divididos pelo tipo de cultura antecessora, em que no experimento I a aveia semeada sobre
restos culturais da soja e no experimento II, a aveia semeada sobre restos culturais de milho.
Parcelas representam cultivares Brisasul e URS-Taura, tendo como sub-parcelas, as
densidades de cultivo (100, 300, 600 e 900 sementes viáveis por m-2). Na análise da taxa
diária de produção de biomassa com interface as diferentes densidade de semeadura testadas,
existe diferença genética entre as cultivares URS-Taura e Brisasul. A máxima produção de
grãos obtida entre os genótipos de aveia branca mostrou na média geral valor de 550 sementes
m-2, bastante superior àquela sugerida pela indicação técnica da espécie. Valores de densidade
de semeadura ao redor de 550 sementes m-2 promove efeitos pronunciados na expressão
máxima de rendimento biológico e de grãos. Mesmo que, sobre o rendimento de palha a
densidade ideal se mostre bastante inferior, a mais elevada sugerida recai em contribuição
simultânea de elevada palhada no processo de reposição de nutrientes e da energia
direcionada a produção de panículas com maior qualidade provenientes da planta-mãe ou
daquelas que produziu poucos afílhos.
Palavras-chave: sucessão; rendimento de grãos; rendimento biológico; densidade; biomassa.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Croqui da área experimental sobre resíduo de milho. ............................................... 63
Figura 2. Croqui da área experimental sobre resíduo de soja. .................................................. 63
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Teores médios de N, P e K exportado nos grãos das principais culturas (Comissão
da Fertilidade, 2004). ................................................................................................................ 25
Tabela 2. Resumo da análise de variância de equação de regressão e seus parâmetros para a
matéria seca total (MST) em aveia branca com os valores médios gerais de produção (RG)
sobre resíduo de soja. DEAg/UNIJUI, 2012. ........................................................................... 37
Tabela 3. Resumo da análise de variância de equação de regressão e seus parâmetros para a
matéria seca total (MST) em aveia branca com os valores médios gerais de produção (RG)
sobre resíduo de milho. DEAg/UNIJUI, 2012. ........................................................................ 41
Tabela 4. Resumo da análise de variância de equação de regressão e seus parâmetros para a
densidade de semeadura ideal em aveia branca com os valores médios gerais de produção
(RG) estimados. DEAg/UNIJUI, 2012. .................................................................................... 43
Tabela 5. Resumo da análise de variância dos componentes ligados ao desempenho
fisiológico e de produção em aveia branca. DEAg/UNIJUI, 2012. ......................................... 44
Tabela 6. Teste de comparação de médias para os parâmetros de rendimento de grãos e
biológico nas distintas densidades sobre o resíduo de soja e milho. DEAg/UNIJUI, 2012. .... 46
Tabela 7. Resumo da análise de regressão e dos parâmetros de equação e suas respectivas
densidades de semeadura. DEAg/UNIJUI, 2012. .................................................................... 49
Tabela 8. Resumo da análise de regressão e parâmetros da equação sobre o rendimento de
palha e índice de colheita. DEAg/UNIJUI, 2012. .................................................................... 50
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11
1 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 13
1.1 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA AVEIA................................................................ 13
1.2 CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA .................................................................................... 14
1.3 ORIGEM E DOMESTICAÇÃO ..................................................................................... 15
1.4 ASPECTOS ECOLÓGICOS DA CULTURA DE AVEIA ........................................... 16
1.5 ASPECTOS RELACIONADOS À ECOFISIOLOGIA DA CULTURA .................... 17
1.5.1 Germinação .................................................................................................................... 17
1.5.2 Tipo de solo .................................................................................................................... 17
1.6 CARACTERES MORFOLÓGICOS E ESTADIOS FENOLÓGICOS ...................... 18
1.6.1 Estádios fenológicos da cultura .................................................................................... 18
1.6.1.2 Estádios de desenvolvimento reprodutivo .................................................................... 18
1.6.2 Ecofisiologia da planta de aveia.................................................................................... 19
1.6.2.1 Dormência .................................................................................................................... 19
1.6.2.2 Emergência ................................................................................................................... 19
1.6.2.3 Afilhamento (Perfilhamento)........................................................................................ 20
1.6.2.4 Alongamento do colmo ................................................................................................ 21
1.6.2.5 Emergência das inflorescências .................................................................................... 21
1.6.2.6 Fertilização ................................................................................................................... 22
1.6.2.7 Formação de grãos ........................................................................................................ 23
1.6.2.8 Vernalização ................................................................................................................. 23
1.7 TÉCNICAS DE MANEJO RELACIONADAS A PRODUÇÃO ................................. 23
1.7.1 Época de semeadura ...................................................................................................... 23
1.7.2 Densidade de semeadura ............................................................................................... 24
1.7.3 Distribuição das sementes ............................................................................................. 24
1.7.4 Profundidade de semeadura ......................................................................................... 24
1.7.5 Adubação ........................................................................................................................ 25
1.8 COMPONENTES DE RENDIMENTO E SUAS RELAÇÕES EM AVEIA .............. 27
1.8.1 Componentes diretos ..................................................................................................... 27
1.8.2 Componentes indiretos .................................................................................................. 28
1.9 ARRANJO ESPACIAL DE PLANTAS POR UNIDADE DE ÁREA ......................... 28
1.10 SISTEMAS DE SUCESSÃO SOJA E MILHO PARA A CULTURA DA AVEIA .. 30
2 METODOLOGIA .................................................................................................................. 33
2.1 LOCAL .............................................................................................................................. 33
2.2 CLIMA .............................................................................................................................. 33
2.3 SOLO ............................................................................................................................... 33
2.4 HISTÓRICO DA ÁREA .................................................................................................. 33
2.5 ANÁLISE DE SOLOS E SEMENTES ........................................................................... 34
10
2.6 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E TRATAMENTOS ..................................... 34
2.7 CARACTERÍSTICAS DOS CULTIVARES ................................................................. 34
2.8 VARIÁVEIS ESTUDADAS ............................................................................................ 35
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 37
CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 54
APÊNDICE .............................................................................................................................. 62
11
INTRODUÇÃO
No sul do Brasil, a aveia é cultivada como espécie produtora de grãos e palha para a
cobertura de solo, favorecendo a implantação de cultura de verão, apresentando forte
importância na sucessão de culturas, principalmente pela produção de massa seca no sistema
de semeadura direta para cobertura do solo.
Esta espécie é também utilizada no sistema de rotação de culturas sendo de grande
importância para redução na incidência de moléstias e de insetos por quebrar o ciclo de
desenvolvimento destes organismos. Além disso, é de grande interesse para a alimentação
humana e animal, sendo o grão de excelente valor nutricional, se destacando principalmente
pela qualidade protéica, porcentagem de lipídios e conteúdo de carboidratos. Também merece
grande importância em virtude da alta proporção de polissacarídeos não amiláceos, principais
constituintes das fibras alimentares, das quais se destacam as chamadas β-glucanas,
responsável pelas principais propriedades hipocolesterolêmicas da aveia.
A aveia é uma espécie de clima temperado e subtropical, anual, de hábito ereto, com
desenvolvimento uniforme e bom afilhamento. A produção de sementes varia de 900 a 3000
kg ha-1. Apresenta excelente valor nutritivo, podendo atingir até 26% de proteína bruta no
início do pastejo, com boa palatabilidade e digestibilidade (60% a 80%). É uma planta atóxica
aos animais em qualquer estádio vegetativo. A produtividade varia de 10 t a 30 t de massa
verde hectare-1, com 2 a 6 t ha-1 de matéria seca. Adapta-se bem a vários tipos de solo, não
tolerando baixa fertilidade, excesso de umidade e temperaturas altas. Responde muito bem à
adubação, principalmente com nitrogênio e fósforo, além disto, é uma espécie que suporta o
estresse hídrico e a geada.
Dentre os fatores de ambiente que afetam o rendimento de grãos, estão a captação da
radiação solar fotossinteticamente ativa e a competição por água e nutrientes são fatores que
merecem atenção, podendo ser potencializada através da manipulação do arranjo de plantas e
das características genéticas de cada cultivar.
12
A densidade de semeadura é um dos fatores importantes a ser considerado na
implantação de uma lavoura para que uma população ideal de plantas seja atingida. O manejo
da densidade de plantas é uma das práticas culturais mais importantes para determinar o
rendimento de grãos, pois o estande afeta a arquitetura das plantas, altera o crescimento e o
desenvolvimento, e influencia na produção e partição de fotoassimilados. Daí a necessidade
de estabelecer critérios relacionados ao arranjo espacial de plantas (espaçamento entre linhas
e de plantas dentro da linha) e suas influências nos caracteres agronômicos. Como a
capacidade de tolerar competição entre plantas varia de acordo com a cultivar empregada,
diversos trabalhos têm sido realizados para determinar a densidade ótima de plantas com o
uso de cultivares de elevado potencial produtivo. Portanto, se referindo aquelas que
evidenciam genética superior e exigem adequada tecnologia, que por sua vez, necessitam de
melhor ajuste populacional para expressar incremento considerável em qualidade e produção.
Outro aspecto importante a ser observado é a capacidade de acumular biomassa,
resultado de toda a atividade fisiológica que envolve processos bioquímicos durante todo o
ciclo da cultura. Assim, é o fenômeno que se reflete durante todo o desenvolvimento da
planta, gerando tecidos e formando estruturas que direcionam em diferentes produções.
Conhecer o ajuste entre a densidade populacional de plantas e sua ligação frente a diferentes
constituições genéticas e sistemas de cultivo de elevado e reduzida decomposição de palha
nos sistema também reforça a necessidade de pesquisas visando ajuste no manejo de plantas.
A importância do precedente cultural é a grande influencia sobre a dinâmica dos nutrientes,
pelas diferentes constituições químicas dos restos culturais. Visto que, com adições de
resíduos culturais no solo provenientes de cultivos anteriores como soja e milho contribuem
de maneiras diferentes na constituição da matéria orgânica do solo, com taxas de
decomposição distintas. O objetivo do presente estudo foi o de elucidar os aspectos ligados a
expressão da produção de biomassa total e daqueles ligados aos parâmetros de produção
frente ao ajuste do arranjo de plantas em genótipos elite recomendados para cultivo no sul do
Brasil. Assim, buscando abordar os aspectos ligados ao ajuste na densidade de cultivo em
aveia branca visando incrementos consideráveis na qualidade de produção sob distintos
sistemas de sucessão.
13
1
1.1
REVISÃO DE LITERATURA
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA AVEIA
A cultura da aveia é uma alternativa técnica e economicamente viável de cultivo no
período de outono/inverno/primavera, especialmente no Sul do Brasil. Destina-se a produção
de grãos de elevado valor nutricional na formação de pastagens, de forma isolada ou
consorciada com outras forrageiras, para a produção de forragem conservada como feno e
silagem, e, ainda, como cobertura verde/morta para proteção e melhoria das propriedades
físicas, químicas e biológicas do solo, dando sustentabilidade ao sistema de semeadura direta.
O crescimento da importância econômica desse cereal desafia a pesquisa no que diz respeito
ao desenvolvimento permanente de novos cultivares com potencial de rendimento, qualidade
industrial e nutritiva superior aos utilizados pelos produtores, e o desenvolvimento de
tecnologias de manejo da cultura e de utilização na alimentação humana e animal.
O consumo regular de aveia também está relacionado à diminuição da formação das
placas de gordura no sangue que levam a doenças cardiovasculares, como arteriosclerose,
infarto e derrame, além disso, a aveia é fonte de silício, mineral que reorganiza as fibras de
sustentação da pele. E também desde que consumida com moderação e não combinada com
alimentos ricos em açúcar, a aveia ajuda a regular as taxas de açúcar no sangue, prevenindo e
controlando o diabetes. A aveia ajuda na formação e na eliminação do bolo fecal, reduzindo a
incidência do câncer de intestino e do tubo digestivo.
A aveia branca (Avena sativa L.) tem viabilidade econômica para a produção de
grãos com qualidade nutricional para alimentação humana e animal. No Sul do Brasil,
constitui uma lavoura alternativa para o manejo de rotação de culturas utilizadas na estação
fria, evidenciando nos últimos anos, um crescimento acentuado na área cultivada,
principalmente pelo aproveitamento dos grãos para comercialização e industrialização e por
produzir uma ótima qualidade de palha, que proporciona boa cobertura do solo (HARTWIG
et al., 2007).
Segundo o IBGE (2011) a área ocupada com aveia (Avena sativa L.) em 1976 era de
aproximadamente 39,8 mil hectares e na safra 2010/11 existe uma área semeada de 145.281
mil hectares destinada para produção de grãos e a média por hectare estimado para a safra
2010/11 de aproximadamente 2.260 kg.ha-1. Espera-se uma produção total de 328.295 mil
toneladas de aveia. A produção mundial de aveia é de 50 milhões de toneladas por ano
aproximadamente. Cerca de 78% desse total é destinado à alimentação de animais, e apenas
18% ao consumo humano.
14
Principais países produtores de aveia, (produção em toneladas): Rússia 6.135.000,
Canadá 2.838.300, Estados Unidos 1.918.150, Finlândia 1.400.000, Austrália 1.300.000,
Alemanha 1.131.000, China 1.050.000, Suécia 990.000, Ucrânia 935.000, Espanha 749.700,
Reino Unido 680.000, Argentina 642.360, Romênia 520.000, França 462.000, Chile 344.527,
Brasil 348.342, Cazaquistão 253.500, Turquia 250.000, República Checa 150.000, Suíça
117.000, Irlanda 128.000, México 90.000 (FLOSS, 2008).
Na América Latina, o Brasil se destaca como o país de maior produção de aveia
branca (Avena sativa L.). As condições climáticas do sul do Brasil permitem o cultivo de duas
culturas ao ano, onde a aveia tem sido o cereal mais apto a participar do sistema de rotação de
culturas, devido as suas propriedades recuperadoras do solo e potencial quebra no ciclo de
moléstias.
1.2
CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA
As gramíneas também conhecidas como capins, gramas (português brasileiro) ou
relvas (português europeu) são plantas floríferas monocotiledôneas (classe Liliopsida) da
família Poaceae.
Avena spp. L. (Aveia) é pertencente ao género botânico pertencente á tribo Aveneae,
subfamília Pooideae, família Poaceae, ordem Poales, subclasse Commelinidae, classe
Lilopsida, divisão Magnoliophyta, superdivisão Spermatophyta, reino plantae, dominio
Eukaryota. O gênero é composto por aproximadamente 450 espécies. As espécies de Avena
mais cultivadas são Avena sativa (aveia branca) e Avena byzantina (aveia amarela), Avena
strigosa (aveia preta), outra espécies com importancia agronomica são A. abyssinica, A.
barbata, A. fátua, A. maroccana, A. nuda, A. occidentalis, A. sterilis. A aveia tem o número
cromossômico básico 7. Assim as espécies diplóides têm 2n=2x=14, as tetraplóides 2n=4x=28
e as hexaplóides 2n=6x=42, sendo esse ultimo a aveia branca (Avena sativa) cultivada no
Brasil (BORÉM, 1999).
O grão é uma cariopse, termo utilizado para designar frutos pequenos, secos,
indeiscentes, semente única por fruto, com uma fina camada de pericarpo (Rizzi, 2004).
Bellido (1990) relata que os nós da aveia são lignificados, contendo regiões meristemáticas a
partir das quais se alargam os entrenós e se diferenciam as folhas. Cada nó é um ponto de
partida de uma folha. O número de entrenós, nos colmos férteis, varia de 5 a 9, variando de
acordo com cada espécies e cultivares. As folhas se dispõem alternadamente em duas filas ao
15
longo do colmo. Cada folha tem duas partes: a bainha, que é a parte inferior que envolve o
entrenó e o limbo, que é a parte superior (WHITE, 1995).
1.3
ORIGEM E DOMESTICAÇÃO
As aveias cultivadas derivam da Ásia Central, porém a história de seu cultivo é
bastante desconhecida, embora pareça que o cereal não têm significado, em tempos recentes
como o trigo ou a cevada, uma vez que antes de ser cultivada era considerada uma erva
daninha. Os primeiros vestígios arqueológicos foram encontrados no Egito, e era suposto a
erva daninha das sementes, porque não há provas de que aveia foi cultivada pelos antigos
egípcios. Os restos mais antigos encontrados nas culturas da aveia estão localizados na
Europa Central, e são datadas a partir de Idade do Bronze.
Introduzida na Europa como invasora do trigo e da cevada, à medida que estas
culturas foram se dirigindo para o centro e norte da Europa, para ambientes mais frios, a aveia
foi ganhando em competitividade e, finalmente, sendo domesticada como uma cultura
alternativa (THOMAS, 1995).
Segundo Harlan (1992), a domesticação ocorreu independentemente em cada nível
de ploídia, sendo a Avena strigosa Schreb a primeira a ser domesticada, provavelmente na
Península Ibérica, onde foi cultivada como produtora de forragem e grãos.
A secretaria da agricultura do Rio Grande do Sul, através de estações experimentais,
trabalhava com aveia sempre com pequena atenção, uma vez que os principais esforços eram
voltados para o trigo. O Instituto Agronômico do Sul (IAS), localizado em Pelotas, realizou
trabalhos com a aveia nos anos 50, liberando uma série de variedades com a sigla IAS. No
final da década de 60 e inicio da década de 70, a área cultivada com aveia para produção de
grãos era insignificante. As principais variedades cultivadas pelos agricultores eram
provenientes dos Estados Unidos ou da Argentina e tinham características típicas de plantas
forrageiras (BORÉM, 1999).
Neste cenário foi iniciado o Programa de Melhoramento Genético de Aveia do
Departamento de Plantas de Lavoura da UFRGS, pelo Prof. Fernando Irajá Félix de Carvalho
em 1974. Neste ano, o Professor Fernando recebeu as primeiras populações F2 e F3 de aveia
do Professor Hazel Lee Shands, da Universidade de Wisconsin (E.U. A), que iniciava um
programa de intercambio de germoplasma chamado “Breeding Oats Cultivars Suitable for
Production in Developing Countries” que foi financiado nos dois primeiros anos pela Agência
de Desenvolvimento Internacional (AID), sob a tutela do governo norte-americano. Este
16
programa teve continuidade até os dias atuais sob o nome “Quaker International Oat
Nursery” (QION), iniciado em 1977 e financiado pela empresa Quaker. Desta forma, o
germoplasma de aveia branca utilizado no Brasil tem duas fontes de origem bem
diferenciadas: uma até o início dos anos 70 e outra, completamente diversa, a partir dos anos
70 (SBMP 2007).
A estatura da planta foi outro caráter que sofreu forte pressão de seleção nos
programas de melhoramento nas últimas três décadas. Nos trabalhos antigos, há indicação que
o acamamento e a suscetibilidade às ferrugens foram os dois principais empecilhos ao alcançe
de bons rendimentos de grãos na cultura da aveia. As variedades antigas eram todas muito
altas (mais de 150 cm), cresciam demais e acamavam, em anos onde o ambiente favorecia o
desenvolvimento da cultura, prejudicando a colheita e a qualidade dos grãos (SBMP 2007).
1.4
ASPECTOS ECOLÓGICOS DA CULTURA DE AVEIA
No Sul do País, as temperaturas do ar que ocorrem durante o período em que os
cereais se desenvolvem não oferecem grande limitação à cultura. Eventualmente há alguma
restrição por efeitos de temperaturas muito elevadas. Tem sido considerado que, para os
estados do Sul, as temperaturas médias ideais nos meses de setembro, outubro e início de
novembro (pouco antes da floração até a colheita) devem situar-se ao redor de 19 °C para que
se obtenham boas produções de grãos. Como os valores mensais são muito variáveis de ano
para ano, surgem alguns casos de prejuízos às culturas quando temperaturas muito baixas
(geadas) coincidem com a floração e início da formação dos grãos. No outro extremo, em
alguns anos ocorrem temperaturas muito elevadas que aceleram o ciclo e causam redução na
produção (Mundstock, 1983).
A aveia foi considerada por muito tempo como o cereal menos resistente a
disponibilidade de água. Aparentemente, esta requer maior quantidade de água para
a produção de matéria seca do que os outros cereais à exceção do arroz. O ponto de
colheita é aquele em que as sementes atingem teor de água de aproximadamente
15%, a partir do qual deve-se realizar a colheita. Atrasos podem levar a
significativas perdas de qualidade e de produtividade (Floss, 1988b).
O retardamento da colheita provoca acamamento e quebra do colmo das plantas, com
consequentes perdas de panículas, as quais caem no solo e não são recolhidas pela
colheitadeira de cereais, reduzindo-se assim a produtividade. Além disso, o atraso da colheita
determina a exposição das sementes, por um período mais longo, a agentes patogênicos, que
podem provocar redução significativa no peso hectolítrico e escurecimento das sementes,
depreciando-as industrialmente (Floss, 1988b; CBPA, 2002).
17
1.5
ASPECTOS RELACIONADOS À ECOFISIOLOGIA DA CULTURA
1.5.1 Germinação
A germinação das sementes é a reativação do crescimento ativo do embrião
resultando no rompimento do tegumento da semente e na emergência da plântula (Malavasi,
1988). Uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos afeta o processo de germinação, cujo
conjunto é essencial para que o processo se realize. Cada fator pode atuar por si ou em
interação com os demais (Lima e Borges & Rena, 1993).
Desta forma, tanto a germinação como o crescimento e estabelecimento da plântula
podem ser afetados pela viabilidade, longevidade, dormência e maturidade da semente, além
dos fatores ambientais, onde estes influenciam a germinação e são divididos em fatores
bióticos e em fatores abióticos como água, oxigênio, temperatura, luz e estrutura do solo.
A cultura de aveia preta visa a cobertura de solo para plantio direto e/ou pastejo
enquadra-se entre aquelas culturas de colheita no estágio vegetativo ou reprodutivo precoce,
situações estas onde são esperados os maiores efeitos do vigor das sementes.
O teor mínimo de umidade para iniciar o processo de germinação depende da
espécie. Por exemplo, o milho necessita de 30,5%, a soja 50%, o arroz 32 a 35% e a aveia de
32 a 36%. A variação se dá devido à diferença de volume do embrião e do eixo embrionário
em relação ao volume total da semente, à permeabilidade da cobertura protetora e à
composição química da semente.
1.5.2 Tipo de solo
A aveia pode ser cultivada em quase todos os tipos de solo, com preferência àqueles
com altos teores de matéria orgânica, permeáveis e bem drenados. Adapta-se a regiões
tropicais, temperadas e frias, sendo mais indicada para altitudes de 1000 a 3000 m, podendose obter dois ou mais cortes por ano no caso de aveia forrageira, já no caso de produção de
grãos é realizado uma única colheita por ano, dependendo da disponibilidade de água no solo
(CROWDER et al., 1967; FLOSS, 1988).
1.5.3 Sistema radicular
Na aveia a distribuição das raízes no solo é resultante de uma série de processos
complexos e dinâmicos, que incluem as interações entre o ambiente, o solo e as plantas em
pleno crescimento. Em linhas gerais, segundo Bohm (1979), estudos sobre crescimento
18
radicular devem ser feitos a partir da avaliação das características das raízes, como massa,
comprimento e área, no tempo e no espaço, e em conjunto com os fatores que influenciam a
distribuição do sistema radicular, como densidade e porosidade do solo, água e ar disponíveis
no solo, nutrientes e pH, dentre outros.
1.6
CARACTERES MORFOLÓGICOS E ESTADIOS FENOLÓGICOS
1.6.1 Estádios fonológicos da cultura
Os estádios de desenvolvimento são importantes porque permitem definir as épocas
ideais dos tratos culturais, além de permitir sincronia de entendimento do desenvolvimento
das plantas entre técnicos e produtores. Na aveia, várias escalas têm sido usadas, no entanto, o
referido projeto esta baseado seguindo a proposta de Counce et al., (2000) mostrada abaixo,
utilizado para trigo e outras culturas.
1.6.1.1 Estádios de desenvolvimento vegetativo
V1 – Colar formado na 1ª folha do colmo principal
V2 – Colar formado na 2ª folha do colmo principal
V3 – Colar formado na 3ª folha do colmo principal
V4 – Colar formado na 4ª folha do colmo principal
V5 – Colar formado na 5ª folha do colmo principal
V6 – Colar formado na 6ª folha do colmo principal
V7 – Colar formado na 7ª folha do colmo principal
V8 – Colar formado na 8ª folha do colmo principal
V9 (VF-4) –. Colar formado na 9ª folha do colmo principal, faltando 4 folhas para o
surgimento da folha bandeira
V10 – (VF-3) – Colar formado na 10ª folha do colmo principal, faltando 3 folhas para o
surgimento da folha bandeira.
V11 – (VF-2) - Colar formado na 11ª folha do colmo principal, faltando 2 folhas para o
surgimento da folha bandeira.
V12 – (VF-1) - Colar formado na 12ª folha do colmo principal, faltando 1 folha para o
surgimento da folha bandeira.
V13 – (VF) – Colar formado na folha bandeira.
1.6.1.2 Estádios de desenvolvimento reprodutivo
19
R0 – Iniciação da panícula
R1 – Diferenciação da panícula
R2 – Formação do colar na folha bandeira
R3 – Inserção da panícula
R4 – Antese
R5 – Elongação do grão
R6 – Expansão do grão
R7 – Maturidade de um grão da panícula
R8 – Maturidade completa da panícula
1.6.2 Ecofisiologia da planta de aveia
1.6.2.1 Dormência
Se a dormência é muito curta se houver boas condições para germinação no ambiente
da panícula, o grão pode germinar na própria panícula. E para evitar a germinação das
sementes ainda na planta-mãe, procura-se prolongar a dormência por um pequeno período
após a colheita. Em decorrência da domesticação e do melhoramento a aveia (Avena sativa)
apresenta um período de dormência curto quando comparado com outras espécies do mesmo
gênero, como a Avena fatua (Adkins & Ross, 1981, Li & Foley, 1996).
O comprimento do período de dormência é variável em função da cultivar e das
condições de colheita e armazenamento. Geralmente, com o armazenamento em local seco, a
dormência logo desaparece.
Temperaturas específicas são requeridas, na quebra de dormência, por um
considerável número de espécies. De um modo geral, há uma maior exigência por
temperaturas baixas. Várias são as alterações que ocorrem no metabolismo da semente sob
essa condição, desde modificações na composição de aminoácidos e ácidos orgânicos a
alterações na quantidade de enzimas e no balanço hormonal (Mayer & Poljakoff- Mayber,
1989).
1.6.2.2 Emergência
Quando a semente é colocada a germinar (não estando dormente) inicia-se uma série
de etapas que vão desde a absorção da água até a saída do coleóptilo na superfície do solo.
20
Para que isto ocorra, torna-se necessária a conjugação dos seguintes fatores, em níveis
favoráveis: água, temperatura e oxigênio.
Todo o processo de germinação (até o aparecimento do coleóptilo na superfície do
solo) tem duração de 5 a 14 dias. A temperatura mínima para que isto ocorra é de cerca de 3 a
5,5°C para o trigo, cevada e aveia e de 1°C para o centeio. As temperaturas ótimas variam de
20 a 25ºC (13 a 20°C para o centeio) e as máximas ao redor de 35°C. Quando a temperatura
do solo está ao redor do mínimo exigido, o período de germinação até ocorrência da
emergência é muito grande, mas na medida em que a temperatura se aproxima da ótima o
processo se acelera. Em condições de lavoura, dificilmente tem-se temperaturas acima da
ótima, sendo que geralmente estão entre 10 e 15°C.
As primeiras estruturas que emergem do embrião são as raízes ou o coleóptilo,
dependendo da temperatura. Sob baixas temperaturas as raízes são ativadas em primeiro
lugar, em temperaturas mais elevadas o coleóptilo emerge primeiro da semente.
Quando as raízes entram em contato com o solo iniciam a absorção de água e nutrientes,
passando a suprir parcialmente as necessidades da nova planta, em escala progressivamente
maior. Paralelamente, o coleóptilo que já contém a primeira folha em seu interior, alonga-se e
rompe a barreira do solo entre a semente e a superfície. Quando ultrapassa a superfície em
alguns milímetros paralisa seu crescimento. Em pouco tempo a primeira folha emerge e inicia
o processo de fixação de CO2, suprindo progressivamente as necessidades da nova planta
(SEMENTES UFSM, 2012).
1.6.2.3 Afilhamento (Perfilhamento)
Após a emergência do coleóptilo, há o aparecimento progressivo de diversas folhas.
Em paralelo, o tecido meristemático e os primeiros nós da planta (de onde provêm as folhas,
raízes e afílhos) são deslocados e posicionam-se logo abaixo da superfície do solo. Em
seguida tornam-se visíveis as estruturas laterais chamadas de afílhos, sendo o estádio de
desenvolvimento denominado de afilhamento. Todos os cereais de estação fria cultivados no
Brasil emitem afílhos, sendo que o número de afílhos emitidos depende da espécie e da
variedade dentro de cada espécie.
Os fatores ambientais influenciam no afilhamento. Temperaturas baixas permitem
que a planta emita um grande número de afílhos. A disponibilidade de água, nutrientes e boas
condições físicas do solo favorecem o crescimento geral da planta, refletindo-se na maior
21
produção de afílhos. O fator de maior efeito é o espaçamento entre plantas, pois quando as
plantas estão mais afastadas há a emissão de um número maior de afílhos, mas que nem
sempre chegam a formar panículas férteis (GAVIRAGHI et al., 2008).
Os afílhos são emitidos de forma alternada, de um lado e outro da planta. O primeiro
afilho emitido pela planta é o que tem melhores condições de sobreviver. A ordem de
aparecimento dos afílhos indica a ordem de sobrevivência. A fase de afilhamento termina
quando inicia o alongamento dos entrenós e há a diferenciação da espiga (panícula) no ponto
de crescimento.
A avaliação do afilhamento de cultivares de aveia pode ser considerado como
fundamental no diagnóstico de sistemas de manejo que visam à otimização da produtividade
agrícola. A radiação solar é a fonte de energia para a fotossíntese e atua como um fator de
ambiente que regula o crescimento e o desenvolvimento das plantas (ALMEIDA et al., 2001).
Ao afílhos dos nós mais altos das plantas não são importantes para a produção de grãos.
Quando eles se desenvolvem ocorre uma falta de sincronismo nas taxas de acumulação de
massa entre o colmo principal e os afílhos dos nós inferiores da planta. O afilhamento dos
cereais de estação fria pode ser um caráter importante e desejável para as condições climáticas
do sul do Brasil, pois pode influenciar diretamente o rendimento de grãos.
O perfilhamento é determinado por: genótipo da planta, balanço hormonal,
florescimento, fotoperíodo, temperatura, intensidade luminosa, disponibilidade de nutrientes
minerais, água e carboidratos de reserva (CECILIO VIEGA SOARES FILHO, 2007).
1.6.2.4 Alongamento do colmo
Terminando o afilhamento, a planta tem um acelerado crescimento dos entrenós
(iniciando-se pelos basais) e das bainhas foliares, aumentando a estatura da planta.
Paralelamente há o desenvolvimento dos afílhos e das espigas (panículas) da planta mãe.
O início desta fase é caracterizado pelo aparecimento externo do primeiro nó na base
da planta. Pouco antes de haver a emergência da espiga (panícula), a inflorescência já atingiu
grande tamanho e esta envolta na bainha da folha bandeira. Este “entumescimento”
característico é chamado de “emborrachamento”. Coincide, nesta etapa, o aparecimento
externo da última folha, chamada de folha bandeira (MUNDSTOCK, 2005).
1.6.2.5 Emergência das inflorescências
22
O aparecimento das inflorescências é um dos eventos mais críticos do ciclo da
planta. Neste momento, a planta está atingindo sua estatura final, a plena área foliar, o sistema
radicular está praticamente formado e está realizando a fecundação dos óvulos.
O surgimento das inflorescências não coincide com o florescimento. Em trigo, aveia e centeio
a abertura das anteras se processa alguns dias (ao redor de 5 a 7) após a plena emergência das
inflorescências. Na aveia o período para que todas as espigas (panículas) de uma planta
estejam fecundadas é de 7 a 9 dias.
O florescimento, em trigo dá-se primeiro no colmo principal e após, nos afílhos, na
mesma ordem de seu aparecimento. Dentro de cada espiga, inicia-se na parte central-superior
da espiga e progride para a parte basal e apical. O tempo requerido para que uma espiga
realize a fecundação em todas as flores é de 3 a 5 dias. Dentro de cada espigueta a fecundação
inicia na flor basal e segue para as superiores, na ordem de seu aparecimento. No centeio o
florescimento processa-se em ordem semelhante ao trigo. Na aveia o florescimento inicia no
ápice da panícula e segue em direção a base, por um período de 3 a 4 dias, sendo que este
período pode estender-se por mais tempo. Em uma mesma planta, todas as panículas
florescem em cerca de 10 dias (DELTA-INTKEY, 2012).
1.6.2.6 Fertilização
Na aveia e no centeio a meiose coincide com o início da emborrachamento. Nos
cereais com alta percentagem de autofecundação, como o trigo e a aveia, o pólen de cada flor
cai no respectivo estigma, sendo que alguns podem ser levados pelo vento. Assim, o pólen de
uma planta pode fecundar o óvulo de outra. Em média as percentagens de fecundação cruzada
são: 1 a 4% para o trigo; 0,5 a 1% para a aveia e 96 a 99% para o centeio.
A fertilização em trigo dá-se praticamente durante o dia (80 a 90% das flores). Em 3
a 4 minutos a flor se abre, mas sua abertura depende das condições de temperatura.
Temperaturas de 13 a 25°C são favoráveis. A presença de chuvas, dias nublados e frios não
favorecem abertura das flores.
Na aveia a fertilização ocorre por ocasião da emissão da panícula da folha bandeira.
A abertura das flores é reduzida e, quando ocorre dá-se um ou dois dias após a fertilização. O
processo de fertilização é o mais crítico no desenvolvimento da planta. As condições
ambientais extremas podem prejudicar visivelmente o sucesso da formação dos grãos nas
23
primeiras etapas. As temperaturas muito baixas podem causar esterilidade. As temperaturas
elevadas também são muito prejudiciais (4SHARED, 2012).
1.6.2.7 Formação de grãos
Compreende o período que vai desde a fertilização do óvulo até a máxima
acumulação de matéria seca nos grãos, caracterizando-se pela formação do embrião e
deposição de reservas nos grãos.
A duração deste período varia em função da espécie. Em trigo, no Rio Grande do
Sul, varia de 30 a 50 dias. Para o centeio, temperaturas amenas entre 15 e 20°C no período de
formação de grãos são favoráveis, já temperaturas acima de 25°C podem prejudicar o
desenvolvimento dos grãos. Em aveia, o período de formação de grãos também é sensível a
temperaturas muito elevadas, reduzindo o tempo em que o grão está em formação.
1.6.2.8 Vernalização
A vernalização constitui definitivamente um processo de acumulação de baixas
temperaturas por parte da planta. Algumas variedades de hábito hibernal necessitam receber,
na fase de afilhamento, uma certa quantidade de frio para que possam produzir inflorescências
normais.
As variedades de trigo com características hibernais bem acentuadas necessitam o
maior período de vernalização e, quanto mais intermediárias, menor o período. As variedades
cultivadas no Sul do Brasil não necessitam receber período de frio para produzirem espigas
normais. Algumas delas reagem a vernalização, alternando o comprimento do período entre a
emergência ao florescimento (Castro, 2009).
1.7 TÉCNICAS DE MANEJO RELACIONADAS A PRODUÇÃO
1.7.1
Época de semeadura
A época de semeadura indicada conforme Indicações técnicas para a cultura da aveia
(RCBPA, 2006) mais adequada para a produção de grãos em cada região é:
-Região de Ijuí (RS): 15 de maio a 15 de junho;
-Região de Passo Fundo (RS): 15 de maio a 15 de junho;
-Região Sul do Paraná: 15 de maio a 15 de julho;
24
-Região Norte e Oeste do Paraná: 15 de março a 15 de maio;
-Região de Campos Novos e Lages (SC): 15 de junho a 15 de julho;
-Região do Sul de São Paulo: 15 de abril a 30 de maio;
-Região do Mato grosso do Sul: 15 de março a 15 de maio.
1.7.2
Densidade de semeadura
A quantidade de sementes recomendada é de 200 a 300 sementes viáveis. m-2. Na
semeadura tardia e regiões mais quentes, deve ser utilizada a densidade maior, pois é menor o
afilhamento, para semeadura a lanço, utilizar 20% a mais de semente. Na produção forrageira
e cobertura de solo, utilizar 350-400 sementes viáveis por m-2 para uma cobertura rápida do
solo e produção precoce de forragem (Comissão..., 2006).
1.7.3
Distribuição das sementes
Esta operação, quando efetuada em linhas, tem como vantagens a distribuição e a
profundidade mais uniforme das sementes, bem como melhor cobertura e maior eficiência na
utilização dos fertilizantes. Neste caso, devem ser utilizados os espaçamentos de 17 a 20 cm
para a produção de grãos, forragem ou adubação verde e cobertura (Comissão..., 2006).
1.7.4 Profundidade de semeadura
As sementes de aveia germinam facilmente em profundidades de 2 a 4 cm. Em
profundidades maiores, existem riscos de sementes de baixo vigor e com poucas reservas não
emergirem, também é maior o tempo para a completa emergência das plântulas e conseqüente
redução do índice de afilhamento (Comissão..., 2006).
1.7.4.1 Calagem
No caso de sistema de semeadura direta é a utilizada com maior freqüência no sul do
pais, as indicações de calagem segundo o ROLAS a cultura da aveia apresenta um melhor
desenvolvimento com o pH na faixa de 5,0 e 6,0, a calagem deve seguir as indicações do
ROLAS.
25
1.7.5 Adubação
A exportação de nutrientes pelas principais culturas está descrito logo abaixo na
tabela 1. Onde a aveia branca que é o foco do trabalho esporta 20 kg.t-1 de nitrogênio, cerca de
7 kg.t-1 de fósforo e 5 kg.t-1 de potássio.
Tabela 1. Teores médios de N, P e K exportado nos grãos das principais culturas (Comissão
da Fertilidade, 2004).
Espécie
Aveia Branca
Feijão
Girassol
Milho
Soja
Trigo
Nitrogênio
20
50
25
16
60
22
Fósforo
kg.t-1
7
10
14
8
14
10
Potássio
5
15
6
6
20
6
Adaptada de Rolas, 2004.
1.7.5.1 Adubação Nitrogenada
O N é considerado o principal nutriente para o desenvolvimento da planta
(LONGNECKER et al.,1993. Alvim e Botrel, 2001) e, consequentemente, para a promoção
de aumentos na produção de grãos elevando a sua qualidade (Alvim et al., 2000). Ressaltando
que muitos compostos bioquímicos presentes nas células vegetais possuem nitrogênio. Por
exemplo, o N é encontrado nos nucleosídeos fosfato e nos aminoácidos que formam a
estrutura dos ácidos nucléicos e das proteínas, respectivamente. Apenas elementos como o
oxigênio, carbono e o hidrogênio são mais abundantes nas plantas que o nitrogênio. A maioria
dos ecossistemas naturais e agrários apresenta um expressivo ganho na produtividade após
serem fertilizados com nitrogênio inorgânico, atestando a importância desse elemento (TAIZ
& ZIEGER, 2004). Também é o nutriente que tem maior efeito no crescimento da aveia e que
limita a produção de fitomassa. A disponibilidade de N estimula o crescimento e a atividade
do sistema radicular, com reflexos positivos na absorção de outros nutrientes e na quantidade
de massa seca produzida pela aveia. Porém, se o elemento em questão for escasso neste
estádio, os fotoassimilados presentes nos afílhos periféricos são translocados para a planta
principal e podem ser abortados. Para rendimentos elevados, a cultura deve ser bem suprida
na fase inicial (logo após a emergência) e na fase de elongamento dos entrenós. (Santi et al.,
2003).
26
1.7.5.2 Adubação de Fósforo e Potássio
O P é o nutriente mais limitante da produtividade de biomassa em plantas cultivadas
em solos tropicais (Novais e Smyth, 1999). Um dos maiores problemas no estabelecimento e
na manutenção de pastagens em solos tropicais ocorre devido ao teor muito baixo de P
disponível (Lobato et al., 1986; Bull et al., 1998). Em solos tropicais, o P aplicado é
rapidamente adsorvido em óxidos de Fe e Al, o que explica a baixa eficiência da adubação
fosfatada (Holford, 1997). Embora o P seja o macronutriente menos extraído pela aveia preta
(Primavesi et al., 1999), a quantidade extraída pela cultura é baixa, comparada aos demais
macronutrientes [33 kg ha-1 em culturas com produção de massa seca maior que 10 t ha-1
Borkert et al., (2003)]. Entretanto esse nutriente exerce um papel vital no metabolismo dos
vegetais. Desse modo, o P desempenha nas plantas diversas funções como induzir a formação
de um sistema radicular mais longo e com raízes mais finas, que seriam mais eficientes na
absorção de nutrientes do solo (Vilela e Anghinoni, 1984). Desempenha função estrutural, faz
parte de compostos orgânicos como o ATP, aminoácidos, constitui enzimas, participa de
diversos processos metabólicos, especialmente no processo de transferência e de
armazenamento de energia (Malavolta et al., 1997). TAIZ & ZIEGER, 2004, o fosfato
(HPO42-) na solução do solo é rapidamente absorvido pelas raízes da planta por intermédio de
um transportador de H+-HPO42- do tipo simporte e incorporado em uma variedade de
compostos orgânicos, incluindo açucares fosfatos, fosfolipídios e nucleotídeos. O principal
ponto de entrada na via de assimilação ocorre durante a formação de ATP, a molécula de
energia da célula.
1.7.6 Colheita
A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possível quando os grãos tiverem
atingido a umidade aproximada de 15% para a aveia a maior dos cereais cultivados.
O atraso na colheita determina a ação de fatores adversos, com prejuízos tanto no
rendimento quantitativo como qualitativo, ou seja, ocorre acamamento e quebra do colmo das
plantas, com consequentes perdas de panículas que caem ao solo e não é recolhido pelas
colhedoras, o que reflete negativamente no rendimento;
A colhedora precisa ser bem regulada em função do teor de umidade do grão.
Semente muito seca quebra ou pode perder a casca, o que determina redução valor comercial;
pois, o descascamento ativa a enzima lipase, que causa a rancificação (acidez) do produto.
27
1.8
COMPONENTES DE RENDIMENTO E SUAS RELAÇÕES EM AVEIA
Os componentes individuais de rendimento se formam sucessivamente ao longo do
período de crescimento. Inicialmente um determinado número de plantas é estabelecido por
unidade de área e a partir destas um número de colmos são produzidos. A formação de colmos
pelo afilhamento finaliza a transição da fase de crescimento vegetativo ao reprodutivo. Na
gema terminal se diferenciam os primórdios de espiguetas, dentro das quais se diferenciam
por sua vez os primórdios florais, onde se desenvolvem os ovários e estames. Deste modo o
número definitivo de grãos por panícula é determinado (BELLIDO, 1991).
No desenvolvimento de cereais, durante o crescimento ou a diferenciação, ocorrem
alterações nos órgãos vegetativos e reprodutivos, bem como processos fisiológicos, que
determinam a quantidade de biomassa produzida, sua distribuição, e especialmente, a
acumulação nos grãos, o produto econômico (RIZZI, 2004).
A existência de caracteres correlacionados com o rendimento de grão em
aveia poderá ser de grande utilidade para os mecanismos de seleção empregados
pelos melhoristas na obtenção de plantas superiores. Além disto, o entendimento
sobre o grau de relação genética entre o desempenho de uma planta e sua progênie,
estimado através da herdabilidade, faz-se necessário, principalmente, quando o
melhorista deseja obter progresso com a seleção artificial (AMARAL et al., 1996).
A qualidade do grão de aveia para a comercialização tem sido relacionada com o
tamanho do grão e o peso do hectolitro; caracteres estes relacionados com a quantidade de
farinha através da relação peso/volume e do peso da cariopse. Muitos autores como
BARBOSA NETO et al., (1996) e FLOSS et al., (1996) têm relatado, através de seus estudos,
valores expressivos da relação entre estes componentes do rendimento qualitativo do grão de
aveia.
1.8.1 Componentes diretos
O afilhamento em aveia e em outros cereais de inverno é uma característica
morfológica em que gemas auxiliares são formadas na base de cada primórdio foliar, as quais
podem se desenvolver até produzir afílhos férteis ou não. A sobrevivência de afílhos é
determinada pela sua taxa de desenvolvimento em relação ao colmo principal. Assim, o
período de tempo compreendido entre a emissão de duas folhas sucessivas deve ser similar no
colmo principal e nos afílhos para que essas estruturas possam sobreviver e produzir grãos
(MASLE, 1985). O afilhamento de cereais de estação fria pode ser um caráter importante e
desejável sob as condições climáticas do sul do Brasil, principalmente por representar um dos
28
componentes diretos do rendimento e que pode maximizar o incremento de produtividade de
grãos. O nitrogênio dentre os nutrientes minerais, quando em doses não limitantes, aumenta a
duração do período de afilhamento, o número máximo de afílhos e sua sobrevivência
(LONGNECKER, et al., 1993).
1.8.2 Componentes indiretos
Alto peso de grão, casca fina e pouco peso, são fatores de grande responsabilidade na
obtenção de plantas com grãos superiores em qualidade de aveia para uso industrial. Portanto,
o conhecimento sobre a correlação entre os caracteres peso de grão, peso de casca, e peso de
cariopse são aspectos importantíssimos para o melhorista de aveia identificar genótipos que
produzam grãos pesados com casca fina (lema e pálea), resultando em cariopse de grande
tamanho e peso, de acordo com os interesses dos produtores rurais e industriais.
Para Petr et al., (1988), o número de grãos por panícula é em função do número de
espiguetas por panículas e do número de flores férteis por espigueta, que depende do:
potencial genético do cultivar para formação da panícula, espiguetas e flores; condições
climáticas na antese e na fecundação; tamanho e atividade do aparato fotossintético durante a
formação da panícula, espigueta e flores e capacidade de transferir assimilados á panículas;
competição entre plantas individuais e ocorrência e grau de infestação e de danos por
enfermidades e pragas. Também, o peso de mil grãos depende de: tamanho e duração da
atividade funcional do aparato fotossintético da parte superior da planta; capacidade de
transferência de fotoassimilados ao grão; duração do estádio de formação do grão; condições
climáticas e nutricionais durante o enchimento de grãos e ocorrência de enfermidades (PETR
et al., 1988).
Os caracteres indicadores da qualidade do grão como percentual de cariopse, peso do
hectolitro, tamanho do grão, e principalmente proteínas e fibras solúveis (β-glucana), tem
recebido maior atenção pelos melhoristas de aveia (KUREK et al., 2002).
Resultados obtidos por CAIERÃO et al., (2001) demonstraram que as variáveis
primárias, número de grãos panícula (NGP), peso de panícula (PP) e peso de mil grãos
(PMG), apresentaram tendência a associações positivas com o rendimento de grãos, ao passo
que as secundárias, dias da emergência à maturação (DEM) e dias da emergência à floração
(DEF), caracterizaram-se por tendência negativa.
1.9
ARRANJO ESPACIAL DE PLANTAS POR UNIDADE DE ÁREA
29
A população de plantas é diferente de alguns fatores (potencial genético, radiação
solar, disponibilidade de água e nutrientes, incidência de pragas, doenças e plantas daninhas),
pode implicar no desempenho da cultura da aveia destinada para a produção de grãos
(ABREU, 2001). ALMEIDA et al., (2000) consideram que o contínuo melhoramento
genético da cultura da aveia tem modificado, significativamente, a arquitetura de planta
através de redução na estatura e na área foliar, entre outras características. E também a
influência da densidade sobre características agronômicas, associado com o lançamento de
cultivares com maior potencial de rendimento, reafirma a relevância deste tema como um
foco de investigação prioritário. Isto é particularmente importante para o cultivo de aveia,
onde programas de melhoramento genético têm colocado grande esforço no desenvolvimento
de cultivares mais produtivas, capazes de explorar melhor o ambiente disponível (Thomé et
al., 2001).
Essas mudanças podem alterar a resposta dos cultivares à população de plantas e,
portanto, serem necessárias recomendações particulares para cada grupo de cultivar.
MUNDSTOCK & GALLI (1994) salientam que a competição de plantas de aveia tem efeitos
diretos sobre o crescimento e desenvolvimento e pode afetar o potencial de rendimento da
cultura. A população de plantas, em função de alguns fatores (potencial genético, radiação
solar, disponibilidade de água e nutrientes, incidência de pragas, doenças e plantas daninhas),
pode implicar no desempenho da cultura da aveia destinada para a produção de grãos
(ABREU, 2001).
No Brasil, DARTORA & FLOSS (2002b), não encontraram interação significativa
entre densidade de plantas e doses de N em cobertura no rendimento de grãos e estimaram
maiores valores na densidade de 127 plantas m-2, independente do cultivar e da dose de N em
cobertura, com equação linear inversamente proporcional ás doses, com maior rendimento de
grãos na dose de 30 kg ha-1. FONTOURA & MORAES (2002) observaram o efeito da
densidade de semeadura, com maior rendimento de grãos nas densidades 200, 300 e 400
plantas m-2.
Conforme Ceccon et al., (2004), em caso de redução da densidade inicial de plantas,
a produtividade esperada pode ser alcançada com maior dose de N em cobertura, desde que
seja aplicado o mais cedo possível e em condições de umidade e temperatura favoráveis. Com
a população de plantas recomendada, o rendimento esperado pode ser superado com a
adubação em cobertura.
30
Dessa forma, constata-se que pode existir diferença de comportamento entre as
cultivares para população de plantas, sendo assim necessária a determinação da população
específica em função do cultivar considerado.
Provavelmente em determinados cultivares, maior população de plantas favoreça
algumas características da cultura podendo influenciar, inclusive, o rendimento de grãos. Em
outros, a redução na população de plantas poderia não influenciar, significativamente, o
desempenho a campo possibilitando a redução na quantidade de sementes em cultivo
comercial. Isso pode representar uma considerável economia em médias e grandes
propriedades, considerando que a lavoura de aveia branca oferece rentabilidade inferior às
lavouras de verão (ABREU, 2001).
1.10
SISTEMAS DE SUCESSÃO SOJA E MILHO PARA A CULTURA DA AVEIA
A liberação dos nutrientes depende do elemento, e poderá ser rápida e intensa
(ROSOLEM et al., 2003), ou lenta e gradual (PAULETTI, 1999), dependendo, dentre vários
fatores, da interação entre a espécie utilizada, o manejo da fitomassa, época de semeadura e
de corte, umidade (regime de chuvas), aeração, temperatura, atividade macro e
microbiológica, composição química da palha, relação C/N e tipo de solo (OLIVEIRA et al.,
1999; BORTOLINI et al., 2000; ALCÂNTARA et al., 2000; OLIVEIRA et al., 2002;
PRIMAVESI et al., 2002).
São relativamente recentes os estudos da influência dos resíduos culturais deixados
na superfície do solo sobre o rendimento de culturas cultivadas em sucessão. Embora grande
quantidade de N possa existir na parte aérea das culturas de cobertura, a quantidade real de N
que será aproveitada pela cultura em sucessão irá depender do sincronismo entre a
decomposição da biomassa e a taxa de demanda da cultura.
Sendo que os melhores indicadores da qualidade de uma planta de cobertura
são a porcentagem de cobertura do solo, no transcorrer do desenvolvimento, a
persistência do resíduo sobre o solo e a capacidade de reciclar nutrientes,
notadamente a mobilização de elementos lixiviados ou pouco solúveis, liberando-os
gradativamente para a cultura subsequente (Crusciol et al., 2008, p. 482).
A disponibilidade do nitrogênio no solo está vinculada, entre outros fatores, à relação
carbono/nitrogênio (C/N) dos resíduos culturais, principalmente no sistema de plantio direto,
onde os mesmos permanecem na superfície do solo. Nessas condições pode ocorrer
deficiência de N para as culturas, quando cultivadas sobre resíduos com alta relação C/N,
devido a imobilização do N pelos microrganismos do solo.
O fornecimento de N as plantas de aveia é de grande importância nos
períodos em que o potencial de rendimento está sendo estabelecido. Os componentes
31
do rendimento como o número de panículas por área e o número de grãos por
panícula, sofrem forte influência pela variação do momento em que o N é fornecido
(BRAZ et al., 2006).
O N, por ser absorvido em grande quantidade pela aveia, comumente não é suprido
na quantidade necessária e no estádio fisiológico requerido. O suprimento adequado do N no
sistema de semeadura direta (SSD) é mais complexo do que no sistema convencional de
cultivo (SCC). A razão para isso está relacionada com a quantidade e qualidade de resíduos da
cultura anterior remanescente sobre o solo, podendo disponibilizar ou imobilizar N para a
cultura subsequente, outra razão está ligada à agregação de nitrogênio ao solo, o nitrogênio
fixado biologicamente, durante a decomposição de resíduos, pode reduzir a necessidade de
fertilizante nitrogenado para um cultivo subsequente (RANELLS & WAGGER, 1996). O
suprimento do N para as culturas não leguminosas tem importância econômica e ambiental
muito significativa, pela alta resposta à aplicação e facilidade de perda, ocasionando
contaminação ambiental (WENDLING et al., 2007).
As inúmeras espécies de plantas de cobertura proporcionam efeito residual variável,
sugerindo assim que sejam usadas aquelas com maior potencialidade em relação ao aumento
da produtividade das culturas econômicas em sucessão (MONEGAT, 1991). Uma vez que o
conhecimento do tempo de permanência dos resíduos vegetais e a dinâmica de liberação dos
nutrientes são de suma importância, uma vez que o sucesso do plantio direto depende da
manutenção de sistemas capazes de gerar quantidades de matéria seca suficientes para manter
o solo coberto durante todo o ano (KLIEMANN et al., 2006).
A produção de biomassa é uma característica reconhecida das leguminosas utilizadas
como adubo verde, entretanto, existe uma grande variação destas produções conforme as
condições nas quais essas leguminosas crescem (ALVARENGA et al., 1995). O estudo de
leguminosas forrageiras no Brasil encontra-se relegado a um plano secundário, quando
comparado ao das gramíneas, impedindo a obtenção de leguminosas que possam competir
favoravelmente, quando cultivadas em solos tropicais de baixa fertilidade (RODRIGUES et
al., 1993). A melhor performance apresentada pelas gramíneas, em relação às leguminosas,
está ligada, entre outros aspectos, ao desenvolvimento inicial mais rápido o que se associa a
uma melhor adaptação as condições edafoclimáticas adversas (GOMES et al., 1997).
O trigo tem apresentado resposta significativa à aplicação de N (Goepfert et al.,
1974). Em média, exporta em torno de 22 kg ha-1 de N (CFSRS/SC, 2004) por tonelada de
grãos retirados da lavoura. Para que não ocorra redução do estoque de N no solo, é
32
importante que essa quantidade seja reposta em alguma fase do sistema produtivo, o que pode
acontecer na aveia.
33
2
METODOLOGIA
2.1 LOCAL
O experimento foi conduzido em condições de campo, no Instituto Regional de
Desenvolvimento Rural (IRDeR), localizado no Município de Augusto Pestana – RS, durante
ano agrícola de 2011. O IRDeR está situado a 280 26’ 30” de latitude sul e 540 00’ 58” de
longitude oeste no Meridiano de Greenwich e apresenta altitude de aproximadamente 400
metros.
2.2 CLIMA
O clima da região segundo a classificação de Köppen é cfa, ou seja, um clima
subtropical úmido, com verão quente sem estiagem típica e prolongada. Os meses de janeiro e
fevereiro são os meses mais quentes do ano, com temperatura superior a 220 C, enquanto que
em junho e julho são os meses mais frios do ano, com temperatura inferior a 30 C. As
observações meteorológicas registradas na estação experimental do IRDeR, registram
precipitações pluviométricas de aproximadamente 1600 mm ano-1, com tendência de maiores
precipitações na estação do outono-inverno. Os dados de precipitação pluviométrica durante o
período de realização do experimento serão obtidos na estação meteorológicas do IRDeR.
2.3
SOLO
O solo da área experimental classificado como Latossolo Vermelho Típico,
originário do basalto da formação da Serra Geral, caracteriza-se por apresentar perfil profundo
de coloração vermelha escura, textura argilosa com predominância de argilominerais 1:1 e
óxi-hidróxidos de ferro e alumínio.
2.4
HISTÓRICO DA ÁREA
Na área experimental situada no IRDeR, o sistema de semeadura direta na palha vem
sendo adotada a 15 anos. A referida área apresenta como características gerais uma boa
estrutura e drenagem, tendo como cultura antecedente ao plantio da aveia parte coberta com
restos culturais de soja e a outra parte coberta com a palhada de milho, onde a palhada de soja
esta localizada a direita da estrada e a esquerda coberta com os restos culturais da cultura do
milho, onde esta mencionada anteriormente é que da acesso a área experimental do IRDeR.
34
2.5
ANÁLISE DE SOLOS E SEMENTES
Foi realizada a análise química de solos, com objetivo de verificar as condições de
fertilidade do solo no local de implantação da cultura. A coleta da amostra de solo foi
procedida com coleta de sub-amostras numa profundidade de 0 - 10 cm. Estas sub-amostras
foram retiradas com ajuda de um trado holandês e obtidas através de caminhamento em zigzag na área experimental. A análise de sementes foi realizada com o objetivo de verificar as
condições de germinação, vigor e sanidade do lote de sementes utilizado no experimento,
onde os valores de germinação e vigor deram 85% e 90%, respectivamente. Com um
acréscimo de 15% em cada densidade para compensar a diferença de germinação e vigor.
2.6
DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E TRATAMENTOS
O estudo foi desenvolvido com dois experimentos de dimensões de 8 x 20m cada,
totalizando 160 m². Sendo cada parcela composta de 4 x 5m e sub-parcelas de 1 x 5m.
O experimento foi disposto na forma de blocos casualizados com quatro repetições
de arranjo fatorial simples (2 x 4), constituído de dois experimentos. Os experimentos foram
divididos pelo tipo de cultura antecessora, em que no experimento I a aveia semeada sobre
restos culturais da soja e no experimento II, a aveia semeada sobre restos culturais de milho.
Parcelas representam cultivares Brisasul e URS-Taura, tendo como sub-parcelas, as
densidades de cultivo (100, 300, 600 e 900 sementes viáveis por m-2).
O ajuste de plantas por metro linear no experimento para as distintas densidades em
m-2 foi de: 100 (23 sementes.m-1), 300 (69 sementes.m-1), 600 (138 sementes.m-1) e 900 (207
sementes.m-1). O espaçamento utilizado foi de 20 cm (0,20 m) entre linhas. As análises
estatísticas realizadas foram análise de variância, teste de médias e regressões polinomiais
com a ajuda do software GENES (CRUZ, 2001).
2.7
CARACTERÍSTICAS DOS CULTIVARES
2.7.1 URS-Taura
Obtentor: UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Classe comercial: Branca indústria
Região de adaptação: Região Sul e SP
Estatura: Alta
Fertilidade do Solo: Média/Alta
Nitrogênio de cobertura: 80 a 100 kg ha-1
35
Densidade de semeadura: 400 sementes m-2
PMS (Peso de mil sementes g-1): 29
Floração (dias): 79
Maturação (dias): 116
Ferrugem da Folha: Resistente
Ferrugem do Colmo: Suscetível
2.7.2 UFPel-Brisasul
Obtentor: UFPel (Universidade Federal de Pelotas)
Classe comercial: Branca indústria
Região de adaptação: Região Sul e SP
Estatura: Baixa
Fertilidade do Solo: Média/Alta
Nitrogênio de cobertura: 80 a 100 kg ha-1
Densidade de semeadura: 300 sementes m-2
PMS (Peso de mil sementes g-1): 29
Floração (dias): 79
Maturação (dias): 120
Ferrugem da Folha: Moderadamente resistente
Ferrugem do Colmo: Moderadamente resistente
2.8
VARIÁVEIS ESTUDADAS
2.8.1 Rendimento de grãos (RG)
Para estimar o rendimento de grãos foram colhidas as três linhas centrais de cada
parcela identificada e trilhadas individualmente. O valor real foi ajustado para a unidade
kg.ha-¹.
2.8.2 Rendimento Biológico (RB)
É toda a massa vegetal produzida pela planta que se encontra acima do solo.
Portanto, neste estudo foi estimada através de cortes periódicos de 30 em 30 dias em cada
uma das linhas, coletando 4 sub-amostras ao longo da linha.
Após coleta, a amostra foi
pesada para obtenção da massa verde e após submetida em estufa de ar forçado a 65o C por
36
três dias para estimativa da matéria seca total. Assim, a partir, deste procedimento foi possível
avaliar o acúmulo de carbono acumulado nos intervalos estabelecidos.
2.8.3 Rendimento de palha (RP)
Obtido através peso seco das plantas trilhadas. É o resultado da subtração do
rendimento de grãos pelo rendimento biológico expresso em kg ha-1.
2.8.4 Índice de colheita (IC)
O índice de colheita é a relação do rendimento do grão com o rendimento biológico.
Foi determinado através da razão entre a produção econômica e a produção biológica da
planta (RG/RB).
2.8.5 Massa de mil grãos (MMG)
Estimada através da massa de 250 grãos multiplicado por 4, para compor o peso de
1000 grãos em gramas (g). Estes foram retirados aleatoriamente da massa total da parcela,
contados e pesados com balança de precisão.
37
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 2, se percebe que ao longo dos cortes (quatro cortes) em intervalos de 30
em 30 dias o comportamento das cultivares URS Taura e Brisasul nas diferentes densidades
de cultivo testados mostrou tendência linear pela significância do quadrado médio de grau um
e com parâmetro de inclinação da reta (bix) também significativo.
Tabela 2. Resumo da análise de variância de equação de regressão e seus parâmetros para a
matéria seca total (MST) em aveia branca com os valores médios gerais de
produção (RG) sobre resíduo de soja. DEAg/UNIJUI, 2012.
Cultivar
Taura
Taura
Taura
Taura
Densidade Fonte de
Quadrado
Equação
(sem m-2) Variação Médio (MST) MST=a± bx±cx2
L
75598272*
1729+64,81x
ns
100
Q
2327150
Erro
390077
L
73331095*
1308+63,83x
300
Q
1496340ns
Erro
595049
L
104098000*
1425+76,05x
600
Q
7821810ns
Erro
191806
L
112205319*
1282+78,95x
ns
900
Q
7579009
Erro
L
Brisasul
100
Q
Erro
L
Brisasul
300
Q
Erro
L
Brisasul
600
Q
Erro
L
Brisasul
900
Q
Erro
309278
64200194*
4734975ns
756487
91314011*
2737370ns
376477
90134088*
5982916ns
162360
136492735*
16557507ns
834873
1141+59,72x
1760+71,23x
1398+70,76x
1550+90,14x
-
0,93
0,95
P
(bix)
*
*
0,89
*
3907,6 a
0,90
*
3667,8 a
0,93
0,95
0,91
0,70
-
*
*
*
*
-
2222,7 c
R2
RG
(kg ha-1)
2812,5 b
3003,0 a
3267,8 a
3577,3 a
2779,7 b
sem m-2= sementes por metro quadrado; MST= matéria seca total; R2= coeficiente de determinação; P (bix)=
parâmetro que mede a significância da reta; RG= rendimento de grãos; L= equação linear; Q= equação
quadrática.
Cabe ressaltar que o coeficiente de determinação das diferentes equações obtidas
mostrou que na grande maioria dos casos os pontos reais estão em mais de 90% representados
38
próximos a reta, o que potencializa a confiabilidade dos dados. Para a cultivar Taura as
equações que expressam o comportamento de produção estão assim representados nas
seguintes densidades sobre resíduo de soja: 100 (1729+64,81x), 300 (1308+63,83x), 600
(1425+76,05x) e 900 (1282+78,95x). Portanto, a maior média geral no acúmulo de matéria
seca total produzida (MST= a) foi na densidade de 100 sementes por m-2 com 1729 kg de
MST ha-1. Por outro lado, os pontos 300 e 600 sementes por m-2 mostraram certa similaridade
de 1308 e 1425 kg ha-1 de MST, respectivamente. Já, a cultivar Taura na densidade mais
elevada mostrou média de acúmulo mais reduzido para esta variável (1282 kg ha-1),
possivelmente já indicando os reflexos da forte competição intraespecífica neste ponto,
trazendo prejuízos no crescimento e produção de folhas e colmos adequados para esta
cultivar. Nas maiores populações de plantas de aveia branca a competição intraespecífica se
acentua reduzindo o afilhamento e a biomassa por planta. A variação do grau de competição
entre plantas de aveia provoca uma adaptação morfológica devido à ocorrência de maior ou
menor disponibilidade de espaço entre as mesmas, com variável oferta de luz, água e
nutrientes (ROSSETTO & NAKAGAWA, 2000). Por outro lado, estudos realizados por
Souto et al., (1992) observaram que espaçamentos e densidades populacionais não
interferiram significativamente na distribuição do sistema radicular e no peso da matéria seca
da parte aérea de plantas de aveia branca numa amplitude de 100 a 300 sementes m-2. Na
análise da taxa diária de produção de MST se percebe que a cada um dia do ciclo da cultura
há a produção de massa conforme as seguintes densidades de sementes testadas por m-2: 100
(64,81 kg ha-1 dia-1), 300 (63,83 kg ha-1 dia-1), 600 (76,05 kg ha-1 dia-1) e 900 (78,95 kg ha-1
dia-1). Estes resultados evidenciam que a maior taxa de produção de carbono acumulado se
refletiu nas duas maiores densidades de cultivo.
Na análise da cultivar Brisasul sobre resíduo de soja, as equações que representam o
acúmulo de MST em kg ha-1 está representado conforme as seguintes densidades de sementes
por m-2: 100 (1141+59,72x), 300 (1760+71,23x), 600 (1398+70,76x) e 900 (1550+90,14x).
Portanto, se percebe o maior acúmulo de MST no ponto de 300 sementes por m-2 com 1760
kg ha-1. No entanto, diferentemente do observado para a cultivar Taura, a Brisasul mostrou
produção média de MST mais reduzida na menor densidade de semeadura (100 sementes por
m-2) com valor médio estimado de 1141 kg ha-1. Na análise da taxa diária de energia
produzida para o acúmulo de biomassa se percebe diferenças genéticas de eficiência de
produção de matéria entre as duas cultivares, a tal ponto que, nas mesmas condições
estabelecidas a taxa diária produzida em kg ha-1 foram as seguintes, conforme as densidades
de sementes por m-2: 100 (59,72 kg ha-1 dia-1), 300 (71,23 kg ha-1 dia-1), 600 (70,76 kg ha-1
39
dia-1) e 900 (90,14 kg ha-1 dia-1). Cabe argumentar que estes resultados podem mostrar
possíveis alterações que se dão pelas diferenças do ambiente de cultivo, reflexos de condições
climáticas, particularidades de condição de solo, de épocas de semeadura e das distintas
constituições genéticas estudadas. ABREU et al., (2006) estudando cultivares de aveia branca
também observou aumentos lineares na produção de biomassa conforme aumento da
população de plantas. Cabe ressaltar, que segundo estes autores, também observaram maior
produção de biomassa nas maiores populações de plantas estudadas. FLECK, et al., (2009)
consideram que em etapas precoces de desenvolvimento das plantas as altas populações de
plantas favorecem a rápida cobertura do solo, com benefícios expressos na redução da
infestação por plantas daninhas. A rápida cobertura do solo pode ser favorecida pela
qualidade da semente (ABREU, 2001). SCHUCH et al., (2000a) consideram que a
acumulação de matéria seca pode ser potencialmente afetada pela taxa e uniformidade de
emergência, emergência total e estabelecimento de estandes, fatores estes diretamente
relacionados ao vigor das sementes.
Em estudos realizados com a cultivar de aveia branca UPF 18 de ciclo tardio as
reduzidas populações de plantas resultaram efeito altamente significativo sobre a biomassa
total, fato atribuído ao maior afilhamento nas menores populações de plantas (ABREU, 2001).
A variação do grau de competição entre plantas de aveia provoca uma adaptação morfológica
devido à ocorrência de maior ou menor disponibilidade de espaço entre as mesmas, com
variável oferta de luz, água e nutrientes por planta (GALLI & MUNDSTOCK, 1996).
Segundo MASLE, 2005 a formação de afílhos é um processo de desenvolvimento de gemas a
partir da terceira folha expandida, e após deste estádio, a cada folha expandida pode
corresponder a emissão de um novo afilho. Nas maiores populações de plantas de aveia
branca a competição intraespecífica se acentua reduzindo o afilhamento e a biomassa por
planta. Isso indica que os aumentos lineares observados na biomassa por área devem-se ao
aumento no número de plantas. As épocas de semeadura e o ciclo das cultivares também
resultaram efeito altamente significativo sobre a produção de biomassa por planta, interagindo
com a população e biomassa total de plantas (ABREU, 2001; ABREU et al., 2002). Segundo
ABREU et al., (2003) a capacidade de afilhamento da aveia branca é maior em baixas
populações de plantas, produzindo mais panículas por área e estas com maior número de
grãos, indicando a viabilidade da utilização de 200 sementes aptas m-2.
Numa análise geral, envolvendo os valores médios de produção de grãos com a
produção de biomassa obtida (Tabela 2) se percebe que os maiores rendimentos foram
encontrados nos pontos 300 e 600 sementes por m-2 na cultivar Taura, com 3907, 6 kg ha-1 e
40
3667,8 kg ha-1, respectivamente (classe a). Fato curioso foi o observado para a cultivar
Brisasul em que o rendimento médio de produção de grãos nos pontos 100, 300 e 600 plantas
por m-2 não mostrou alteração nesta variável. Além disso, este comportamento reflete a maior
capacidade competitiva desta cultivar a ponto que em densidades reduzidas ela consegue
manter a estabilidade de produção, possivelmente pela maior capacidade de produção de
afílhos férteis. De acordo com OZTURK et al., (2006) o efeito da competição entre plantas é
determinante na produção de afílhos, com implicações diretas no rendimento de grãos e seus
componentes. Estudos feitos por este autor mostraram que muitas constituições genéticas
responderam de maneira diferenciada à densidade de semeadura, principalmente, quanto ao
potencial de emissão, desenvolvimento e/ou sobrevivência de afílhos, o que pode ser
diretamente relacionado com a produtividade final na cultura do trigo. Neste contexto, estudos
realizados por VALÉRIO et al., (2008) em trigo, observaram que genótipos com reduzido
potencial de afilhamento são mais dependentes da densidade de semeadura. Desta forma, a
identificação do número ideal de indivíduos por unidade de área, bem como qual densidade é
mais estável e responsiva a melhoria da qualidade do ambiente, pode determinar o máximo
rendimento de grãos, com o balanço ideal dos componentes do rendimento, sem o risco de ter
excesso ou falta de plantas por área de produção (VALÉRIO et al., 2008).
Na tabela 3, do resumo da análise da fonte variação de regressão da produção de
matéria seca em aveia sobre resíduo de milho como cobertura de solo, todas as equações
testadas mostraram significância de quadrado médio para grau um e com o parâmetro de
equação (bix) também significativo. Portanto, a inclinação da reta foi efetiva sobre esta
variável na produção de matéria seca total (MST) ao longo dos cortes em cada densidade de
cultivo nos genótipos URS Taura e Brisasul. Tal fato reporta que as equações que expressam
o comportamento da cultivar Taura nas distintas densidades estão assim representadas: 100
(2146+68,57x), 300 (2301+67,70x), 600 (2747+98,75x) e 900 (2270+77,32x). O maior valor
observado para a média geral do acúmulo de MST produzida foi na densidade de 600
sementes por m-2 com 2747 kg de MST por ha-1. Por outro lado, as densidades de 100, 300 e
900 sementes por m-2 mostraram valores próximos entre si de produção de biomassa, com
2146, 2301 e 2270 kg ha-1 de MST produzida, respectivamente. Para a análise da taxa diária
de acúmulo de biomassa nota-se que a cada um dia em kg ha-1, há a produção de MST
conforme as densidades testadas de sementes por m-2: 100 (68,57 kg ha-1 dia-1), 300 (67,70 kg
ha-1 dia-1), 600 (98,75 kg ha-1 dia-1) e 900 (77,32 kg ha-1 dia-1). Ratifica-se as fortes
contribuições sobre a taxa de acúmulo de MST por dia a densidade de 600 sementes por m-2
para esta cultivar sobre resíduo de milho.
41
Tabela 3. Resumo da análise de variância de equação de regressão e seus parâmetros para a
matéria seca total (MST) em aveia branca com os valores médios gerais de
produção (RG) sobre resíduo de milho. DEAg/UNIJUI, 2012.
Cultivar
Taura
Taura
Taura
Taura
Brisasul
Brisasul
Brisasul
Brisasul
Densidade Fonte de
Quadrado
Equação
-2
(sem m ) Variação Médio (MST) MST=a± bx±cx2
L
84635265*
2146+68,57x
100
Q
338433ns
Erro
1096982
82501251*
2301+67,70x
L
ns
1548158
300
Q
710235
Erro
175534050*
2747+98,75x
L
ns
600
2156492
Q
1272803
Erro
107599285*
2270+77,32x
L
ns
900
464101
Q
1600401
Erro
53120071*
1830+54,32x
L
ns
100
93177
Q
448167
Erro
71561119*
1689+63,05x
L
ns
300
85410
Q
343077
Erro
57718428*
1251+56,63x
L
ns
600
978121
Q
1083160
Erro
73904745*
1781+64,07x
L
ns
900
646415
Q
47925
Erro
R2
0,92
0,97
0,92
0,93
0,95
0,91
0,92
0,93
-
P
(bix)
*
*
*
*
*
*
*
*
-
RG
(kg ha-1)
2056,7 c
2764,0 b
3284,0 a
3127,8 a
2080,4 c
2811,1 a
2959,3 a
2437,5 b
sem m-2= sementes por metro quadrado; MST= matéria seca total; R2= coeficiente de determinação; P (bix)=
parâmetro que mede a significância da reta; RG= rendimento de grãos; L= equação linear; Q= equação
quadrática.
Na análise da cultivar Brisasul, as equações que explicam a produção de biomassa
total em kg ha-1 nas diferentes densidades são: 100 (1830+54,32x), 300 (1689+63,05x), 600
(1251+66,63x) e 900 (1781+64,07x). Percebe-se comportamento distinto sobre esta cultivar a
ponto que a menor e maior densidade mostraram valores médios mais expressivos, no
entanto, com maior taxa diária de acúmulo nos três maiores pontos observados. Portanto,
nesta condição, está apresentada a análise da taxa diária de acúmulo de biomassa em kg ha-1
nas diferentes densidades de sementes por m-2: 100 (54,32 kg ha-1 dia-1), 300 (63,05 kg ha-1
42
dia-1), 600 (66,63 kg ha-1 dia-1) e 900 (64,07 kg ha-1 dia-1). Observa-se que diferentemente do
observado para a cultivar Taura, as densidade nos pontos 300, 600, 900 sementes m-2 para a
Brisasul evidenciam comportamento similar de produção de MST por dia. Tal fato recai da
maior capacidade desta cultivar na manutenção de estabilidade de produção de biomassa,
independente das densidades estabelecidas, exceto na mais reduzida população. Estudos de
Schaedler et al., (2009) mostrando a habilidade competitiva de genótipos de aveia branca
revelaram que alguns atributos são importantes em definir a maior capacidade de competição
e ajuste do dossel sob maiores densidades. Entre estas, destaca-se a capacidade de
interceptação de luz pelo dossel da comunidade vegetal, além da população e do arranjo das
plantas e os reflexos sobre um conjunto de características morfológicas, tais como: capacidade
de afilhamento, estatura de planta, número de folhas formadas, área foliar, distribuição das
folhas, ângulo foliar, grau de decumbência do limbo das folhas e produção de matéria seca da
parte aérea.
Os valores médios de produção (MST= a) sobre resíduo de milho obtido pela cultivar
Taura foi superior a Brisasul nas diferentes densidades testadas, com valores acima de 2000
kg ha-1, recaindo numa maior habilidade de conversão de energia na produção de biomassa
em ambiente com maior relação carbono/nitrogênio. O fornecimento de N (nitrogênio) as
plantas depende, entre outros fatores, da quantidade de matéria orgânica do solo (AMADO et
al., 2001), da composição dos resíduos vegetais (SIQUEIRA NETO et al., 2010) e da
expectativa do rendimento (RCBPA, 2006). Entre estes fatores, a composição bioquímica dos
resíduos é determinante em promover a mineralização ou imobilização do N às plantas,
refletindo diretamente na maior ou menor taxa de produção de biomassa da cultura
subsequente.
Na tabela 3, considerando os valores médios de rendimento de grãos em cada
densidade de cultivo, a cultivar Taura mostrou maior produção de grãos nos pontos 600 e 900
sementes por m-2. Desta forma, numa análise geral ligando a taxa de biomassa por dia
produzida com a produção de grãos, se levanta a hipótese de um melhor ajuste para ambos os
caracteres na densidade de até 600 sementes por m-2 para as cultivares Taura e Brisasul. Este
fato se contrapõe as indicações técnicas da cultura da aveia (RCBPA, 2006), que recomenda
entre 200 a 300 sementes viáveis por m-2 e em regiões onde a semeadura é tardia e ocorrem
períodos de instabilidade climática é recomendado o uso de uma densidade maior devido a
altas temperaturas que reduzem o afilhamento. Portanto, na confirmação de tal hipótese, na
Tabela 4 esta apresentado o resumo da análise de variância da regressão para a estimativa de
ajuste da melhor densidade de cultivo para o rendimento de grãos. Assim, sobre resíduo de
43
soja as equações de graus dois foram significativas e com coeficiente angular confirmado.
Portanto, foram obtidos as seguintes equações: Taura=RG= 2160+8,03x-0,009x2 e
Brisasul=RG= 2593+3,91x-0,004x2. Já, sobre resíduo de milho as significâncias de grau dois
e coeficiente angular também foram verificadas, a ponto que as equações obtidas para estas
cultivares foram: Taura=RG= 1587+5,04x-0,004x2 e Brisasul=RG=1646+5,08-0,005x2.
Tabela 4. Resumo da análise de variância de equação de regressão e seus parâmetros para a
densidade de semeadura ideal em aveia branca com os valores médios gerais de
produção (RG) estimados. DEAg/UNIJUI, 2012.
Quadrado
Médio
L 1224455ns
Taura
Q 5892990*
Erro 112587
Soja
L
52488ns
Brisasul Q 1236031*
Erro 136139
L 2558734ns
Taura
Q 1022053*
Erro
52669
Milho
L
194723ns
Brisasul Q 1644375*
Erro
46631
Geral (soja+milho+cultivares)
Amb Cultivar
FV
Equação RG=
a ± bx±cx2
2160+8,03x-0,009x2
2593+3,91x-0,004x2
1587+5,04x-0,004x2
1646+5,08x-0,005x2
1997+5,49x-0,005x2
R2
0,97
0,90
0,99
0,98
0,96
P
Dens
RG
(bix2) (sem.m-2) (kg ha-1)
*
501
3909,9
487
3544,5
*
681
3137,8
*
508
2936,5
*
*
550
3353,5
Amb= ambiente; FV= fonte de variação; RG=rendimento de grãos; R2= coeficiente de determinação; P(bix2) =
parâmetro que mede a significância do ângulo; sem m-2= sementes por metro quadrado.
A partir das equações propostas foram estimadas em cada condição a densidade ideal
para a promoção da máxima eficiência técnica da produção de grãos. Desta forma, sobre
resíduo de soja as cultivares Taura e Brisasul mostraram número de sementes ideal de 501 e
487 sementes por m-2. Portanto, esses valores quando inseridos na equação (x) indicam
valores estimados de 3909,9 kg ha-1 e 3544,5 kg ha-1 de produção de grãos para a Taura e
Brisasul, respectivamente. Já, para o cultivo sobre o resíduo de milho o número ideal de
sementes dos cultivares Taura e Brisasul foram 681 e 508 sementes por m-2. E quando
inseridas na equação (x) resultam em valores estimados do rendimento de grãos para as
cultivares de aveia branca com 3137,8 kg ha-1 e 2936,5 kg ha-1 para as mesmas. Segundo
Silveira et al., (2010) estudando genótipos de trigo considerados de baixo potencial de
afilhamento nas densidades de 500 e 600 sementes por m-2 (FUNDACEP 29 e BR 18)
tenderam a aumentar o rendimento de grãos, pois, de acordo com VALÉRIO et al., (2008),
genótipos com reduzido potencial de afilhamento são mais dependentes da densidade de
semeadura, em termos produtivos. Resultados similares, porém menos expressivos, foram
44
observados por OZTURK et al., (2006), que observaram incremento no rendimento de grãos,
com o aumento da densidade. Ao contrário, nas constituições genéticas com maior potencial
de afilhamento, ocorre maior competição por fatores abióticos como água e nutriente,
refletindo muitas vezes na redução do rendimento de grãos (OZTURK et al., 2006). Desta
forma, a melhor exploração do genótipo está relacionada com o aproveitamento direto dos
recursos do ambiente pela planta, assim como, a adoção de densidade que se ajuste à uma
maior resposta em produtividade (DARWINKEL, 1978).
Na tabela 5 do resumo da análise de variância os caracteres ligados ao desempenho
fisiológico de produção em aveia branca mostraram diferenças significativas por efeitos
genéticos e do manejo de cultivo pela alteração da densidade de sementes por unidade de
área. Os efeitos de interação também foram confirmados, identificando que as constituições
genéticas mostram comportamentos distintos nas densidades avaliadas.
Tabela 5. Resumo da análise de variância dos componentes ligados ao desempenho
fisiológico e de produção em aveia branca. DEAg/UNIJUI, 2012.
Fonte de Variação
Bloco
Genótipo (G)
Densidade (D)
GxD
Erro
Total
CV (%)
Média Geral
Fonte de Variação
Bloco
Genótipo (G)
Densidade (D)
GxD
Erro
Total
CV (%)
Média Geral
GL
3
1
3
3
21
31
GL
3
1
3
3
21
31
-
Quadrado Médio (Precedente: Soja)
RG
RB
RP
-1
-1
(kg ha )
(kg ha )
(kg ha-1)
33723
394400
248672
27400*
31312*
117304*
2529675*
3016754*
6258964*
435525*
1548078*
470667*
73199
222262
112616
8,78
7,13
9,50
3079
6611
3531
Quadrado Médio (Precedente: Milho)
RG
RB
RP
(kg ha-1)
(kg ha-1)
(kg ha-1)
160265
514634
118145
131278*
414732*
79240*
1129013*
3400833*
1064576*
106293*
952145*
523874*
33232
142578
75590
6,86
6,49
8,69
2656
5816
3160
IC
(RG/RB)
0,00079
0,00008
0,07074*
0,00127
0,00079
5,98
0,46
IC
(RG/RB)
0,00044
0,00031*
0,00694*
0,00179*
0,00054
5,07
0,45
* Significativo a 5% de probabilidade; GL= graus de liberdade; RG= rendimento de grãos; RB= rendimento
biológico; RP= rendimento de palha; IC= índice de colheita; CV= coeficiente de variação.
Cabe ressaltar, que os valores das médias gerais frente ao tipo de sucessão com
resíduo de soja como cobertura de solo indicou para a aveia branca acréscimos mais evidentes
45
no RG e RB, o que para o RP e IC essas diferenças foram menos expressivas. O efeito do
resíduo de cobertura de solo traz uma série de benefícios ao longo do processo de
desenvolvimento da cultura subsequente, acarretando em uma maior ou menor liberação de
nutrientes em virtude da capacidade de decomposição da matéria orgânica oriundo das
condições ambientais e da relação carbono/nitrogênio do próprio tecido vegetal em
decomposição. A relação C/N tem sido a característica mais usada em modelos para prever a
disponibilidade de N no solo durante a decomposição de materiais orgânicos (Nicolardot et
al., 2001). Para Allison (1966), materiais com valores de C/N entre 25 e 30 apresentam
equilíbrio entre os processos de mineralização e imobilização. Usando esses valores como
base, pode-se inferir que, a introdução de plantas de cobertura intercalar ao milho demonstrou
no trabalho de Argenton et al., (2005) uma prática benéfica para as propriedades relacionadas
com a estrutura do solo. Segundo Braida et al., (2006), a matéria orgânica do solo é
fundamental na ciclagem de nutrientes, na complexação de metais e na atividade da biota do
solo. Portanto, sua presença nas camadas mais superficiais, onde se concentra grande parte do
sistema radicular, é um aspecto benéfico no sistema agrícola. E as maiorias dos fatores
ambientais que afetam a decomposição de resíduos orgânicos estão relacionadas à sua ação
sobre a atividade dos microrganismos decompositores. São eles: a temperatura (Jenkinson,
1965; Campbell et al., 1981), a umidade (Rannels & Wagger, 1992), o teor de matéria
orgânica do solo (Doran, 1980; Dick, 1983), a localização (Parker & Larson, 1962; Smith &
Sharpley, 1990) e a quantidade de material adicionado (Brown & Dickey, 1970).
Na tabela 6, do teste de medias sobre o resíduo de soja a densidade mais reduzida
não mostrou alterações de produção de grãos. A diferença sobre esta variável foi identificada
no ponto de 300 sementes por m-2 com a cultivar URS Taura superior a cultivar Brisasul com
valores médios de produção 3857, 4 e 3257,8 kg ha-1, respectivamente. Ressalta-se, que esta
densidade de cultivo representa aquela sugerida pela indicação oficial de cultivo da aveia
branca no sul do Brasil (RCBPA, 2006). Na densidade de 600 sementes por m-2 as diferenças
entre as duas cultivares não foram verificadas, mas ressaltando os elevados valores médios
obtidos nesta condição, próximos ou superiores a 3500 kg ha-1.
Na densidade mais elevada se percebe uma redução dos valores médios frente os
anteriores comentados, exceto para a menor densidade. Importante comentar que nesta
condição a cultivar Brisasul evidencia a capacidade de maior expressão do incremento do
rendimento de grãos.
46
Tabela 6. Teste de comparação de médias para as variáveis ligadas ao desempenho fisiológico
de produção sob distintas densidades de semeadura em resíduo de soja e milho.
DEAg/UNIJUI, 2012.
Genótipo
Taura
Brisasul
Genótipo
Taura
Brisasul
Genótipo
Taura
Brisasul
Genótipo
Taura
Brisasul
Genótipo
Taura
Brisasul
Genótipo
Taura
Brisasul
Genótipo
Taura
Brisasul
Genótipo
Taura
Brisasul
100
2687,5a
2752,9a
100
5964,2a
5756,2a
100
3276,7a
3003,3a
100
0,45a
0,47a
100
2171,4a
2080,4a
100
5174,0a
4573,2b
100
3002,3a
2492,8b
100
0,42a
0,45a
Precedente Soja
Rendimento de Grãos/RG (kg ha-1)
300
600
3857,4a
3667,8a
3257,8b
3443,3a
Rendimento de Biológico/RB (kg ha-1)
300
600
7148,7a
6556,5a
6474,0a
6349,2a
Rendimento de Palha/RP (kg ha-1)
300
600
3291,3a
2888,6a
3206,0a
2905,7a
Índice de colheita/IC (RG/RB)
300
600
0,54a
0,55a
0,50b
0,54a
Precedente Milho
Rendimento de Grãos/RG (kg ha-1)
300
600
2764,0a
3034,1a
2865,6a
2959,3a
Rendimento de Biológico/RB (kg ha-1)
300
600
5731,0a
5989,0a
6078,0a
6345,5a
Rendimento de Palha/RP (kg ha-1)
300
600
2966,9a
2954,8b
3212,3a
3386,1a
Índice de colheita (RG/RB)
300
600
0,48a
0,50a
0,47a
0,46b
900
2222,7b
2737,2a
900
6649,7b
7990,0a
900
4426,7b
5252,7a
900
0,33a
0,34a
900
2912,7a
2464,5b
900
6828,7a
5815,2b
900
3916,0a
3350,6b
900
0,43a
0,42a
Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna não diferem estatisticamente entre si em nível de 5% de
probabilidade de erro pelo teste de Scott & Knott; 100, 300, 600 e 900= sementes por m-2.
Na análise do rendimento biológico em todas as densidades testadas a produção de
biomassa total não diferiu entre as duas cultivares, com exceção, a de 900 sementes por m-2
que também qualifica a cultivar Brisasul na maior capacidade de conversão de energia à
formação de tecido vegetal. Tal capacidade de estabilidade desta cultivar frente as drásticas
alterações proporcionados pelas densidade de cultivo, indica algum que algum componente da
planta tenha maior capacidade de alteração para a manutenção de tal estabilidade. No
47
rendimento de palha, que representa a energia total absorvida e que será direcionada ao solo
como cobertura de proteção e nutrientes, foi detectado similaridade entre as duas cultivares ao
longo das densidades de cultivo, exceto, na mais elevada condição, com a maior capacidade
de reposição expressa pela cultivar Brisasul. Na avaliação do Índice de Colheita (IC) a
diferença entre as duas cultivares no ponto de menor e maior densidade indicou a mesma
eficiência de produção de energia direcionada a palha e grãos, por outro lado, o ponto de 300
sementes por m-2 foi decisivo em qualificar a cultivar Taura como a de maior valor médio de
produção de grãos nesta condição. Estudos feitos por FLOSS (2002) com aveia preta
mostraram sua elevada performance frente aos demais cereais de inverno testados em
produção de matéria seca para formação de palhada. Além disso, esse mesmo autor ressalta
que quando a aveia preta é manejada no final da floração e início de formação das primeiras
sementes, a cobertura do solo tende a ser menos duradoura, porém, a disponibilidade dos
nutrientes reciclados já tende a ser liberando antecipadamente, beneficiando assim a cultura
em sucessão.
Ainda na tabela 6 do teste de médias sobre o resíduo de milho a menor densidade não
mostrou mudanças no rendimento de grãos. O ponto que mostrou aumento na variável da
produção de grãos considerável foi o de 600 sementes por m-2 para a cultivar Taura e Brisasul,
com valores médios de 3034,1 e 2959,3 kg ha-1. Observa-se que esta densidade esta acima do
recomendado pelas indicações técnicas da cultura da aveia como comentado anteriormente.
Para a densidade mais elevada se percebe uma redução nos valores médios de produção,
sendo estas médias maiores do que os obtidos na menor densidade. Importante salientar que
nesta condição de cultivo a cultivar Taura evidencia a capacidade de expressar maior
incremento da produção de grãos, fato que pode ser atribuído ao alto número de plantas por
unidade de área, criando um efeito compensatório no rendimento de grãos. Estudos de
ABREU et al., (2005) revelam que nas maiores populações de plantas de aveia branca a
competição intraespecífica se acentua reduzindo o afilhamento e a biomassa por planta.
Porém, estes mesmos autores constataram que a produção de biomassa por área é o fator
determinante desse comportamento ao ponto que as maiores populações produzem mais
biomassa ao longo do ciclo da cultura. Já, na análise do rendimento biológico em todas as
densidades testadas a produção de biomassa total diferiu entre as cultivares, onde na menor e
maior densidade o comportamento da cultivar Taura foi superior a Brisasul. Nas densidades
de 300 e 600 sementes por m-2 não ocorreram diferenças entre as cultivares. Na análise do
rendimento de palha, observa-se que a cultivar Brisasul mostrou um melhor aproveitamento
da energia absorvida e convertida neste caráter. Na avaliação do Índice de colheita (IC), a
48
diferença entre as duas cultivares no ponto de 100 e 900 sementes por m-2 indicaram
semelhanças na eficiência de produção de energia direcionada aos grãos e a palha. Por outro
lado, a densidade de 600 sementes por m-2 foi crucial em indicar a cultivar Taura como a de
maior valor médio de produção de grãos sobre cultivo em resíduo de milho.
Na tabela 7, do resumo da análise de regressão e dos parâmetros de equação com
estimativa do potencial de produção, o rendimento de grãos (RG) evidenciou que
independente do ambiente de cultivo e da cultivar testada o comportamento quadrático foi
aquele mais ajustado. Cabe ressaltar que nesta variável, os parâmetros da equação foram
significativos, confirmando a tendência quadrática. Para Almeida et al., (2003), o rendimento
de grãos em aveia é um processo sequencial em que o número de panículas produzidas por
planta é definido em primeiro lugar, seguido do número de grãos fertilizados por
inflorescência e pela massa seca de grãos produzidos por panícula. Portanto, pela estimativa
da densidade ideal as cultivares Taura e Brisasul sobre resíduo de soja indicaram a máxima
produção na densidade 463 e 505 sementes por m-2, respectivamente, com a máxima produção
ao redor de 3960 e 3483 kg ha-1 para as cultivares Taura e Brisasul, respectivamente, nesta
condição. Já sobre o resíduo de milho maior quantidade de sementes foi necessário para a
obtenção da máxima produção para a cultivar Taura, ao contrário da Brisasul, que indicou
maior estabilidade. Assim, a densidade ideal nesta condição foi de 653 e 547 sementes por m-2
nas cultivares Taura e Brisasul, respectivamente, almejando produção máxima obtida ao redor
de 3080 kg ha-1 (Taura) e 3060 kg ha-1 (Brisasul). Estas observações ressaltam o que
menciona Sangoi (2001) em que a resposta rendimento de grãos com o aumento na densidade
de plantas depende de mecanismos morfológicos, fisiológicos e alométricos de compensação
de espaços e seus reflexos sobre a diferenciação e o desenvolvimento de estruturas
reprodutivas nos ambientes específicos de cultivo.
Espécies como aveia e soja apresentam grande capacidade de compensação do espaço
quando cultivada em baixas populações, com a produção de afílhos e ramificação das plantas,
respectivamente. Esta plasticidade é traduzida em uma maior diminuição dos meristemas
reprodutivos, reduzindo à dominância apical, criando uma compensação que favorece os
demais componentes direta ou indiretamente ligado a produção (Vega et al., 2001).
Na tabela 7, da análise do rendimento biológico que representa a produção de
biomassa total obtida pela espécie (palha+grãos) foi observado que sobre o resíduo de soja as
cultivares Taura e Brisasul evidenciaram comportamento quadrático. Fato também observado
por ABREU (2002) que durante a maturação fisiológica, a produção de matéria seca
apresentou tendência quadrática com ponto de máxima população de 306 planta por m-2 e
49
estimativa de produção de 8889 kg ha-1. Assim, observando que as maiores densidades de
plantas proporcionam maior produção de matéria seca total.
Tabela 7. Resumo da análise de regressão e dos parâmetros de equação e suas respectivas
densidades de semeadura. DEAg/UNIJUI, 2012.
Amb
Cultivar
FV
L
Q
Erro
Soja
L
Brisasul Q
Erro
L
Taura
Q
Erro
Milho
L
Brisasul Q
Erro
Taura
Amb
Cultivar
FV
L
Taura
Q
Erro
Soja
L
Brisasul Q
Erro
L
Taura
Q
Erro
Milho
L
Brisasul Q
Erro
QM
851629*
6338265*
53720
1194ns
1548396*
89439
1109002*
629748*
24216
200446ns
1683980*
49373
QM
271996ns
926456*
220901
8774498*
737989*
184081
5450830*
25387ns
133371
2571369*
4466407*
143474
Rendimento de Grãos
Equação
RG=a ± bx±cx2
3470,4-0,761x
1992,3+8,51x-0,0092x2
2333,3+4,55x-0,0045x2
2308,0+0,86x
1842,1+3,79x-0,0029x2
1655,2+5,14x-0,0047x2
Rendimento Biológico
Equação
RB=a ± bx±cx2
6375,4+0,43x
5810,3+3,97x-0,0035x2
5481,8+2,44x
6286,2-0,72x+0,0007x2
5016,0+1,92x
5109,5+1,33x+0,0005x2
5074,7+1,32x
3833,9+9,10x-0,0077x2
R2
0,97
0,99
0,99
0,96
R2
0,42
0,80
0,95
0,95
P
D
RG
-2
(bix) (sem m ) (kg ha-1)
*
463
3960
*
505
3483
653
3080
*
*
547
3060
D
RB
P
(bix) (sem m-2) (kg ha-1)
*
567
6936
*
514
6100
*
630
5704
*
591
6522
Amb= ambiente; FV= fonte de variação; QM= quadrado médio; R2= coeficiente de determinação; P (bix)=
parâmetro que mede a significância da reta; D= densidade de semeadura; sem m2= sementes por metro quadrado;
RG= rendimento de grãos; RB= rendimento biológico.
A densidade ideal obtida para a Taura na obtenção do rendimento biológico máximo
foi de 567 sementes por m-2, tendo estimativa de 6936 kg ha-1. Já, para a Brisasul a densidade
ideal nesta condição foi de 514 sementes por m-2, com estimativa máxima de produção de
biomassa próximo de 6100 kg ha-1.
50
Tabela 8. Resumo da análise de regressão e parâmetros da equação sobre o rendimento de
palha e índice de colheita. DEAg/UNIJUI, 2012.
Amb
Cultivar FV
Taura
Soja
Brisasul
Taura
Milho
Brisasul
Amb
L
2085122*
Q
2417437*
Erro
L
80849
8980552*
Q
4425365*
Erro
L
143250
1643315*
Q
907532*
Erro
L
75124
1335957*
Q
665374*
Erro
68131
Cultivar FV
Taura
Soja
Brisasul
Taura
QM
QM
L
0,0318*
Q
0,0932*
Erro
L
0,0002
0,0310*
Q
0,0518*
Erro
L
0,0014
0,00019ns
Q
0,02080*
Erro
0,00037
L 0,0018042ns
Milho
Brisasul
Q
0,0033167*
Erro
0,0007555
Rendimento de Palha
Equação
P
D
R2
RP=a ± bx±cx2
(bix2) (sem m-2)
2905,5+1,19x
3818,00,85
*
404
4,53x+0,0056x2
2417,9+2,47x
3653,0347
0,89
*
5,27x+0,0076x
2707,8+1,05x
3267,10 95
*
360
2,45x+0,0034x2
2657,6+0,95x
2178,7+3,95x0,0029x2
Índice de Colheita
Equação
IC=a ± bx±cx2
0,5412-0,00014x
0,36+0,00097x0,0000011x2
0,5371-0,00014x
0,40+0,00069x0,00000083x2
0,37+0,00054x0,00000053x2
0,43+0,00017x0,00000021x2
-
-
0,73
*
-
-
R2
-
498
RP
(kg ha-1)
2901
2739
2825
3146
P
D
IC
-2
2
(bix ) (sem m ) (RG/RB)
-
0,98
*
-
-
0,92
*
-
-
0,99
*
-
-
0,99
*
441
0,57
416
0,54
509
0,50
405
0,46
Amb= ambiente; FV= fonte de variação; QM= quadrado médio; R2= coeficiente de determinação; P (bix2)=
parâmetro que mede a significância da reta; D= densidade de semeadura; sem m2= sementes por metro quadrado;
RP= rendimento de palha; IC= índice de colheita.
Em resíduo de milho a cultivar Taura também evidenciou a máxima produção de
palha e grãos ao redor de 630 sementes por m-2 com estimativa de produção de 5704 kg ha-1
51
de biomassa. Além disso, a Brisasul indicou que nessa condição a densidade de 591 sementes
por m-2 mostrou a mais expressiva produção, que foi de 6522 kg ha-1. Portanto, se ressalta que
em condição mais favorável de liberação de nitrogênio orgânico decomposto pelo resíduo de
soja, há maior favorecimento de rendimento biológico à cultivar Taura, com menor densidade
de sementes em comparação ao resíduo de milho. Ressalta-se, a cultivar Brisasul nestas
condições evidenciar o mesmo comportamento.
Na tabela 8, do resumo da análise da regressão que envolve a análise do rendimento
de palha e do índice de colheita, se percebe que sobre o resíduo de soja a densidade para a
máxima produção de palha se deu na densidade de 404 e 347 sementes por m-2, para as
cultivares Taura e Brisasul, respectivamente. Assim, foram elas que nesta mesma ordem
mostraram produção de 2901 e 2739 kg ha-1 de palha. Já, sobre o resíduo de milho, as
cultivares Taura e Brisasul indicaram a maior produção de palha na densidade de 360 e 498
sementes por m-2, respectivamente, mostrando nesta sequência, densidade ideal com a
produção de palha de 2825 e 3146 kg ha-1. Considerando que a palhada resultante no processo
da colheita retorna ao solo na forma de cobertura, consequentemente será incorporada a
matéria orgânica do solo. Conforme Braida et al (2006) a matéria orgânica do solo é
fundamental na ciclagem de nutrientes, na complexação de metais e na atividade da biota do
solo, portanto, sua presença nas camadas mais superficiais, onde se concentra grande parte do
sistema radicular, é um aspecto relevante no sistema. Ainda na tabela 8, na análise do índice
de colheita, determinado pela razão entre a produção econômica e biológica da planta, se
percebe que sobre resíduo de soja há uma similaridade na partição de fotoassimilados entre as
cultivares Taura e Brisasul, ao redor de 0,57 e 0,54 de energia bioquímica direcionada a
produção de grãos, culminando com uma densidade ajustada ao redor de 416 e 441 sementes
por m-2. Por outro lado, sobre o resíduo de milho a cultivar Taura mostrou eficiência superior
(IC=0,50) na densidade de 509 sementes por m-2, ao ponto que, o genótipo Brisasul mostrou
melhor resposta (IC= 0,46) com 405 sementes por m-2. De acordo com Donald & Hamblin
(1976), a vantagem de usar o índice de colheita no processo de seleção de plantas ou na
identificação de manejos mais ajustados está na ligação do rendimento de grãos com o
rendimento biológico, indicando a eficiência com que a planta converte o rendimento
biológico para produção de palha e rendimento de grãos. Por exemplo, o IC de 20%
comparado ao IC de 40%, para um mesmo rendimento biológico, indica que as plantas com
IC de 40% são duas vezes mais eficientes na conversão de seu rendimento biológico na
obtenção do produto de exploração econômica (grãos). Contudo, as alterações da densidade
de plantas indicam de sobremaneira uma forma eficiente de alterar a expressão dos caracteres
52
ligados aos parâmetros fisiológicos da planta, consequentemente, em possibilidades de
melhoria na eficiência de produção.
53
CONCLUSÕES
1 - Na análise da taxa diária de produção de biomassa com interface as diferentes densidade
de semeadura testadas, existe diferença genética entre as cultivares URS-Taura e Brisasul
mostrando comportamento distinto frente a eficiência de energia absorvida e transformada.
2 - Para a taxa de acúmulo diária de matéria seca total concomitante com a máxima produção
de grãos nas densidades testadas, o ambiente com resíduo de soja mostrou que as densidades
entre 300 e 600 sementes m-2 para ambas as cultivares mostram efeitos mais pronunciados.
Por outro lado, sobre resíduo de milho, os pontos nas densidades 600 e 900 sementes m-2
foram aqueles que concomitantemente, mostram maior taxa diária de produção de biomassa e
rendimento de grãos.
3 - A máxima produção de grãos obtida entre os genótipos de aveia branca mostrou na média
geral valor de 550 sementes m-2, bastante superior aquela sugerida pela indicação técnica da
espécie. Cabe ressaltar, que sobre resíduo de milho, a cultivar URS Taura evidencia
necessidade inclusive maior de semente para expressar o pico de produção de grãos quando
sobre resíduo de milho, confirmando diferenças de ordem genética frente ao genótipo
Brisasul.
4 - Valores de densidade de semeadura ao redor de 550 sementes m-2 promove efeitos
pronunciados na expressão máxima de rendimento biológico e de grãos. Mesmo que, sobre o
rendimento de palha a densidade ideal se mostre bastante inferior, a mais elevada sugerida
recai em contribuição simultânea de elevada palhada no processo de reposição de nutrientes e
da energia direcionada a produção de panículas com maior qualidade provenientes da plantamãe ou daquelas que produziu poucos afílhos. Portanto, corroborando a densidades proposta
para estas cultivares de ciclo curto e de elevado potencial de produção de grãos sugere um
índice de colheita ao redor de 50 a 54%.
54
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62
APÊNDICE
63
APÊNDICE A – Croquis da área experimental
U R S -2 3
IV
600
B R IS A S U L
100
900
300
100
600
U R S -2 3
III
100
600
900
100
900
B R IS A S U L
II
300
100
I
600
600
300
100
900
U R S -2 3
600
300
600
U R S -2 3
300
300
B R IS A S U L
300
900
900
B R IS A S U L
900
100
900
300
600
100
CANA
IRDER
ESTRADA
Figura 1. Croqui da área experimental sobre resíduo de milho.
ESTRADA
Figura 2. Croqui da área experimental sobre resíduo de soja.
IV
900
III
300
II
600
I
100
300
600
900
100
300
600
B R IS A S U L
IRDER
CANA
900
U R S -2 3
100
900
300
U R S -2 3
600
900
300
100
B R IS A S U L
600
900
100
300
B R IS A S U L
100
900
600
U R S -2 3
100
600
300
600
B R IS A S U L
100
300
900
U R S -2 3
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