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AVALIAÇÃO QUÍMICA DE RÚCULA DE DIFERENTES PROCEDÊNCIAS
ASSESSMENT OF CHEMICAL ROCKET FROM DIFFERENT SOURCES
CAMPOS, Bruna de1; OLIVEIRA, Vinícius Soares²; OSHIRO, Ayd Mary³
Resumo
A rúcula é uma hortaliça folhosa herbácea, da família das Brasicaceae com sabor picante e odor agradável,
possui desenvolvimento rápido e curto. O consumo está associado a vários benefícios por ser uma planta rica em
proteínas e vitaminas. O presente trabalho tem como objetivo caracterizar e comparar as propriedades químicas
de rúcula em função de diferentes tipos de cultivo. As análises foram realizadas em duas etapas, no momento da
aquisição e após 36 horas de armazenamento em geladeira doméstica, sendo que os testes para cada
característica analisada foram realizados em triplicata. Os parâmetros analisados foram os seguintes: acidez total
titulável (ATT) através de reação de neutralização com NaOH e fenolftaleína, pH e sólidos solúveis totais
determinados do suco das folhas. Os diferentes tipos de cultivo, orgânico e convencional influenciaram nas
características analisadas, as amostras cultivadas de maneira orgânica apresentou um ph de 4,6 quando
submetidas a analise no momento da aquisição já as convencionais obteve pH 4,8, em relação aos sólidos
solúveis totais o cultivo orgânico também demonstrou valores acima dos resultados das amostras convencionais.
Quando submetidos a análise após armazenamento houve quedas nos valores, porém os valores médios para
produção orgânica permaneceram acima dos valores do cultivo convencional.
Palavras-chave: Eruca sativa, agrotóxico, acidez titulável.
Abstract
The arugula is an herbaceous leafy vegetable of Brasicaceae family with spicy flavor and pleasant odor, has
rapid development and short. Consumption is associated with many benefits for being a plant rich in protein and
vitamins. The present study aims to characterize and compare the chemical properties of arugula for different
types of cultivation. Analyzes were performed in two stages, at the time of purchase and after 36 hours of storage
at domestic refrigerator, and tests for each trait analyzed were conducted in triplicate. The parameters analyzed
were: total acidity (TA) through neutralization reaction with phenolphthalein and NaOH, pH and total soluble
solids of the juice of the leaves determined. The different types of cultivation, organic and conventional,
influenced in their traits. Samples grown organic ways showed a pH of 4.6 when subjected to analysis at the time
of acquisition, since the conventional obtained pH 4.8, in relation to total soluble solids, organic farming also
showed values above the results of conventional samples. When analyzed after storage there were decreases in
the values but the average for organic production remained above the values of conventional farming.
Keywords: Eruca sativa, pesticides, titratable acidity.
1
Discente do curso de Farmácia do Centro Universitário da Grande Dourados, Dourados / MS.
[email protected]
2
Biomédico, mestrando em Biologia Geral e Bioprospecção pela Universidade Federal da Grande Dourados/
MS
³ Docente do curso de Farmácia do Centro Universitário da Grande Dourados, Dourados / MS.
[email protected]
CAMPOS, Bruna de; OLIVEIRA, Vinícius Soares; OSHIRO, Ayd Mary
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Introdução
Atualmente o Brasil conta com uma
produção agrícola de hortaliças estimada em
800 mil hectares o que se resume em
aproximadamente 16 milhões de toneladas
de hortaliça (HORA et al.,2004). Entre as
diversas variedades de hortaliças folhosas a
alface é a mais produzida e consumida pelos
brasileiros, porém a rúcula na última década
vem conquistando um lugar importante no
mercado (SILVA, 2004).
As regiões sudeste e sul são
responsáveis pela maior parte da produção
brasileira de hortaliças folhosas, enquanto as
regiões nordeste e centro-oeste juntas
representam o equivalente de 25% do total
produzido (MELO; VILELA, 2008). No
Brasil são comercializadas mais de 80
espécies de hortaliças, o número de
produção e consumo está em constante
crescimento, isso se deve não apenas pelo
aumento da população, podem-se associar as
mudanças de hábitos alimentares do
consumidor (OHSE, 2001).
O consumo regular de frutas e
hortaliças está diretamente relacionado a
prevalência de determinadas doenças
degenerativas (MELO et al., 2006). De
acordo com Souza e Silva (2010), em estudo
feito com trabalhadores de uma empresa do
Vale do Taquari- RS, 35% da população
afirma consumir saladas de quatro a sete
vezes por semana.
Segundo Stringheta et al. (2006) o
consumo de hortaliças como rúcula, couve,
agrião,espinafre,
acelga
e
brócolis,
contribuem significativamente para proteção
do organismo contra doenças degenerativas,
devido a presença de antioxidantes.
O consumo da rúcula proporciona
vários benefícios por ser uma planta rica em
proteínas, vitaminas A e C, e sais minerais
como ferro e cálcio o que está associado a
uma dieta equilibrada, além de ser
estimulante de apetite e possuir efeitos
antiflamatório e antioxidante para o
organismo (SALA et al., 2004).
Características e Benefícios da Rúcula
Da família Brassicaceae a rúcula
possui um sabor picante e odor agradável, é
uma hortaliça folhosa herbácea com
desenvolvimento rápido e ciclo curto,
originária do sul europeu e do ocidente da
Ásia suas folhas são consumidas geralmente
na forma de saladas. Dentre as suas espécies
apenas três são de consumo humano, Eruca
Sativa Miller, Diplotaxis tenuifolia e
Diplotaxis muralis, sendo a Eruca Sativa a
mais consumida no Brasil (FILGUEIRA,
2008).
A rúcula vem se destacando no
cenário
mundial,
devido
as
suas
propriedades nutricionais e fitoterapêuticas,
sua composição química rica em vitaminas,
sais minerais e fibras, além da presença de
cálcio, compostos sulforados, enxofre, ferro,
fibras, fósforo e potássio (MAIA, 2006). O
consumo de fibras faz com que elas atuem
no estômago, formando uma espécie de gel
que aumenta a capacidade de absorção de
água, formando uma massa gelatinosa que
aumenta o conteúdo do estômago, atrasando
o esvaziamento gástrico, proporcionado
assim uma maior lubrificação fecal. Quando
passam pelo intestino delgado tem a
capacidade de captar triglicerídeos, o que
dificulta a absorção de gorduras, dessa
forma podem ajudar na prevenção de
doenças cardiovasculares (PIMENTEL et
al., 2005). De acordo com Filgueira (2000)
muitas são as funções medicinais
relacionadas a rúcula, ajudam no tratamento
de doenças pulmonares, falta de apetite,
gases intestinais, anemias, auxiliam no
processo de desintoxicação do organismo,
ajuda também o tratamento de triglicerídeos,
devido a presença de ômega 3, ácido graxo
que tem a capacidade de desobstruir as
artérias, o que proporciona uma melhor
circulação sanguínea.
Tipos de Cultivo
Devido ao aumento considerável do
consumo de rúcula, é necessário que haja
uma maior produção, e com o aumento do
consumo passa-se a ter um índice maior de
exigência quanto à qualidade do produto, os
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meios de produção mais utilizados são o
orgânico e convencional. O meio de
produção convencional é baseado na
utilização de agrotóxicos, o que gera
contaminação aos alimentos e a ao meio
ambiente, causando danos à saúde. Esse tipo
de produção é utilizado para se obter
produções em larga escala (ARAÚJO et al.,
2007).
Segundo Viana e Stolf (2010),
sistema de produção convencional é aquele
que há o uso intensivo de insumos químicos
denominados agrotóxicos, mecanização e
alterações genéticas voltados para o
melhoramento físico da planta, porém esse
sistema de produção que visa unicamente a
produtividade tem como ponto negativo o
esgotamento
dos
recursos
naturais,
encarecimento do produto e redução na
qualidade
do
produto
devido
a
contaminação
dos
alimentos
por
agrotóxicos. Já o sistema de produção
orgânico baseia-se na utilização de adubos
naturais que estimulam os processos
microbianos que ajudam a garantir a
qualidade do solo impedindo a degradação
(FILGUEIRA, 2008).
Já a produção orgânica é obtida a
partir da utilização de adubos provenientes
da fermentação de restos de vegetais e
esterco animal, esse meio vem sendo cada
vez mais aplicado, pois não causa a
contaminação dos vegetais com insumos
agrícolas (FILGUEIRA, 2008). Diante do
impacto
ocasionado
pela
produção
convencional, desgaste do meio ambiente, e
diminuição da qualidade dos alimentos, o
mercado de orgânicos vem aumentando e
conquistando espaço, os consumidores
passam a adquirir estes alimentos em busca
de uma saída para levar uma vida mais
saudável e evitar doenças ocasionadas pelo
consumo excessivo de agrotóxicos (MUNIZ
et al., 2003).
Características Químicas
A caracterização química de uma
hortaliça compreende análises de pH, de
sólidos solúveis totais (SST, Brix), acidez
total titulável (ATT) e relação de SST/ATT.
Através destas análises o produtor pode
avaliar em campo o SST que demonstra
grau de maturidade para o momento da
colheita. Nesta característica determinam-se
todos os sólidos solúveis representados em
frutos, o teor de açucares e ácidos solúveis
(AROUCHA et al., 2010).
São escassos os trabalhos que
envolvem caracterização química de rúcula
disponível em revistas e periódicos
científicos. Diante do exposto o objetivo
deste trabalho foi caracterizar e comparar as
propriedades químicas em função dos tipos
de cultivo, uma vez que o consumidor tem
acesso a estes dois tipos hortaliças.
Materiais e Métodos
Para realização do presente trabalho
foi necessários a aquisição de 8 maços de
rúcula sendo 4 provenientes de cultivo
orgânico e 4 provenientes de cultivo
convencional. Os maços foram escolhidos
aleatoriamente entre os que apresentavam
aparência própria para consumo, foram
descartadas apenas folhas que apresentavam
aspecto amarelado ou sinais de ataque por
praga. Após a aquisição as amostras foram
encaminhadas para análises no laboratório
de análises bromatólogicas Unigran
Dourados-MS, as folhas utilizadas foram
lavadas com água corrente e abundante. As
análises foram executadas em duas etapas, a
primeira utilizando-se apenas 2 dos 4 maços
de rúcula de cada procedência, e as amostras
restantes foram armazenadas em geladeira
doméstica por 36 horas dentro de saco
plástico, para realização da segunda etapa,
onde foram repetidos os mesmos testes
feitos na primeira etapa. Foram avaliados os
seguintes parâmetros: acidez total titulável
(ATT), através de reação de neutralização
com NaOH 0,1N e fenolftaleína como
solução indicadora e os resultados expressos
em g de ácido málico / 100g de folhas; pH
do suco previamente extraído em
liquidificador. O pH é obtido pela leitura
direta do suco, através de pHmetro
previamente calibrado com tampão 4,0 e
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7,0; sólidos solúveis totais (SST),
determinados no suco das folhas, com
leitura direta em refratômetro manual
ATAGO e resultados expressos em Brix; de
acordo com a metodologia descrita em
Normas Técnicas do Instituto Adolfo Lutz
(IAL, 2005).
Resultados e Discussão
Os valores médios experimentais
disponibilizados na Figura 1 são referentes
ao pH, sólidos solúveis totais e acidez total
titulável de amostras de rúculas cultivadas
de maneira orgânica e convencional em T0,
que se refere ao momento da aquisição sem
armazenamento das amostras.
Em relação aos diferentes tipos de
cultivos os valores apresentaram discreta
diferença de pH e ATT, e uma pequena
variação na determinação de SST, dessa
forma a amostra do cultivo tradicional
demonstrou caráter mais ácido que o
orgânico. Conforme demonstrado na (Figura
1) as amostras cultivadas de maneira
convencional atingiram um pH de 4,6, SST
de 3,26 °Brix e ATT de 0,05, valores
significativamente menores em relação aos
obtidos por Vasconcelos et al. (2010), que
apresentou um pH de 5,68 e SST 4,92 °Brix
e ATT 0,37 g de ácido málico, em amostras
também cultivas no sistema convencional.
Figura 1 - Teores médios de pH, sólidos solúveis totais (°Brix) e acidez total titulável expressa
em g de ácido málico em rúculas provenientes de cultivo tradicional (CT) e orgânico (OG) em
T0.
O cultivo orgânico apresentou
valores superiores ao tradicional, exceto na
determinação da acidez total titulável. O
°Brix de 3,72 para cultivo orgânico é um
valor bem próximo ao encontrado por Fabri,
et al. (2004), que demonstra um resultado de
3,78 °Brix para amostras produzidas no
modo convencional.
Na Figura 2 estão representados os
valores médios obtidos com a repetição dos
experimentos realizados em T0, após um
intervalo de 36 horas, durante esse período
as amostras permaneceram armazenadas em
geladeira acondicionadas em saco plástico
simulando o armazenamento doméstico.
Se comparados os valores dos dois
gráficos pode-se observar que a Figura 2
segue a projeção da Figura 1 onde o pH do
CT continua inferior ao do OG, porém após
o período de armazenamento o valor do pH
de ambas amostras passou por uma
considerável queda o que irá proporcionar
uma maior acidez as duas amostras.
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Figura 2 - Teores médios de pH, sólidos solúveis totais (°Brix) e acidez total titulável expressa
em g de ácido málico em rúculas provenientes de cultivo tradicional (CT) e orgânico (OG) em
T1.
Os teores de sólidos solúveis totais
diminuíram contrariando as expectativas
estabelecidas por Fernandes (2011), onde
deve ocorrer o aumento de SST após o
período de armazenamento. Esse aumento se
deve devido à perda de água, da biossíntese
e degradação dos polissacarídeos presentes
na membrana da célula levando assim ao
amadurecimento de frutas e hortaliças
(CHITARRA; CHITARRA, 1994).
Em relação ao pH também houve
contradição nos resultados, onde ocorreu
uma diminuição dos valores quando as
amostras
foram
submetidas
ao
armazenamento em embalagens plásticas,
diferentemente dos resultados apresentados
em estudo realizado por Borguini (2002)
que houve um aumento no teores de pH de
tomates
quando
armazenados
em
embalagens plásticas. Esse aumento pode
ser explicado devido a alta taxa de
respiração celular, durante o período de
armazenamento, do vegetal que tem como
substrato respiratório ácidos orgânicos,
dessa forma tem-se a elevação de pH
(BRUNINI et. al., 2004).
Quanto a análise de acidez total não
se teve alterações, T0 e T1 permaneceram
com os mesmos valores, como demonstram
as Figuras 1 e 2, já em estudo realizado por
Mattos et al. (2007), onde se observou a
qualidade
de
alface
embaladas
e
armazenadas sob refrigeração, os resultados
demonstraram que houve uma considerável
variação dos valores de acidez titulável
cerca de 35% mais ácidos, comparados aos
valores iniciais do experimento.
Conclusões
De acordo com os dados obtidos
neste estudo pode-se concluir que a rúcula
produzida no sistema orgânico apresentou
maiores valores pH e SST, em relação à
rúcula cultivada no sistema convencional, o
que determina um caráter mais ácido e um
maior grau de maturação a rúcula orgânica,
em relação ao período de armazenamento de
36 horas observou-se que ocorreu a
diminuição da qualidade das amostras
armazenadas.
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