GT - 13: Geopolítica, hegemonias e políticas públicas Coordenadores: Marcos Gandásegui Jaime Preciado Carlos Murillo Felipe Alpízar Descritores: Geopolítica. Hegemonia. Contra-hegemonia. Políticas públicas. Imperialismo. América Latina. As mudanças no sistema internacional, particularmente em sua arquitetura, depois do final da Guerra Fria, abriram novos espaços de discussão sobre temas e áreas que no passado estiveram invisíveis ou ocultas depois da confrontação políticoideológico-militar que dominou na segunda metade do século XXI. Nessa situação é possível localizar a geopolítica e a hegemonia. A primeira esteve dominada pelos enfoques de começos do século XX, fundamentalmente das escolas inglesa, alemã e estadunidense. Enquanto isso, a segunda não foi um tema muito importante para as distintas disciplinas científicas, porque a luta entre o Este e o Oeste não ofereceu maior espaço, concentrando-se mais no debate sobre as políticas imperialistas das duas superpotências. Por outro lado, o estudo e a análise das políticas públicas estiveram dominados pela escola estadunidense e as contribuições de autores espanhóis, como Subirats, porém, de igual maneira, limitou-se a alguns temas que não ofereciam maior questionamento no marco da citada Guerra Fria. Com o final desta confrontação político-ideológica-militar se abriram espaços, tanto na academia quanto na cena política, que favoreceram a discussão e a análise a partir de distintas perspectivas. Assim, por exemplo, em geopolítica surgem os enfoques críticos e populares, para entender a relação entre geografia e política de outras dimensões. Contudo, na América Latina é pouco o que se aprofundou sobre estes dois enfoques, para mencionar unicamente dois. No caso da hegemonia, a contribuição da corrente neogramsciana permitiu a observação desse fenômeno a partir de outras perspectivas. O que foi favorecido pela desaparição da hegemonia global. Isto contribui para observar com maior claridade a diferença entre hegemonia e imperialismo. Ainda que sejam poucos os estudos na região sobre esta matéria. Durante várias décadas muitos estudos foram orientados à crise profunda que ameaça o desenvolvimento do capitalismo como é conhecido na atualidade. Para alguns é um sistema mundo capitalismo que nasceu em certas circunstancias e, cumpridas todas as etapas, está destinado a perecer. No caso de Giovanni Arrighi, seu enfoque difere na medida em que relaciona a crise atual de superprodução com uma crise de hegemonia dos Estados Unidos. Neste país, que se constituiu um eixo central e motor principal da acumulação capitalista de meados do século XX, será prontamente substituído por um novo centro hegemônico. Wallerstein disse que o modo de produção hegemônico atualmente está próximo a fenecer como resultado de suas contradições internas insuperáveis. Wallerstein, a diferença de outros cientistas sociais, não postula outro modelo de sociedade que substitua o capitalismo. Enfrentamos um futuro cheio de incógnitas onde predominará a incerteza. Contudo, não é suficiente chamar a atenção sobre a debacle financeira. Atrás dela se esboça uma crise da economia real, já que a atual deriva financeira mesma vai asfixiar o desenvolvimento da base produtiva. As soluções contribuídas para a crise financeira só podem desembocar em uma crise da economia real, isto é, uma estagnação relativa da produção e o que esta vai acarretar: regressão das rendas dos trabalhadores, aumento da paralização laboral, alça da precariedade e piora da pobreza nos países do Sul. Atrás desta crise se desenha por sua vez a verdadeira crise estrutural sistêmica do capitalismo. A continuação do modelo de desenvolvimento da economia real, como o conhecemos, assim como o do consumo que vai emparelhando, tornaram-se, pela primeira vez na história, uma verdadeira ameaça para o porvir da humanidade e do planeta. A respeito da análise de políticas públicas, se bem foram feitas contribuições valiosas, é necessário aprofundar da perspectiva latino-americana. Não só com novos enfoques, senão também com novas metodologias. No caso da América Latina, o comércio exterior se estancou (com a importante exceção da China). O mesmo acontece com a produção nacional, investimentos, emprego, rendas e salários. Por outro lado, as transformações causarão um impacto sobre a correlação de forças sociais e políticas. Os governos “progressistas” poderão continuar financiando os programas focais dirigidos a mitigar a pobreza? Terão que apresentar políticas mais integrais? Que efeitos poderão ter outro tipo de programas sobre a correlação de forças? Ao mesmo tempo, está acontecendo uma mudança importante no que tem relação com os sócios comerciais da América Latina. “Há 20 anos, a China era o décimo segundo sócio da América Latina e seu volume comercial apenas superava 8 mil milhões de dólares. A partir de 2007 está na segunda posição, ultrapassando os 100 mil milhões de dólares”. No ano 2009, a China se tornou o primeiro sócio comercial do Brasil, superando aos Estados Unidos. Além, fortaleceu vínculos comerciais com a Venezuela, Argentina e Equador. Segundo a Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos o cenário atual é diferente em muitos aspectos ao de há uma década. No marco destas mudanças, Washington formulou A política de defesa para o Hemisfério Ocidental (Departamento de Defesa). Para encarar o que percebe como ameaças para seus interesses na região, os Estados Unidos fortalecerá a capacidade de resposta militar e, ao mesmo tempo, tentará estabelecer alianças com os países da região. Um passo recente importante nesta direção foi a reformulação radical de suas relações com Cuba.