Fernando Gonçalves da Costa
Criando Abelhas no
Semi-Árido Baiano
Presidente da CODEVASF
Luiz Carlos Everton de Farias
Diretora da Área de Administração
Ana Lourdes Nogueira Almeida
Diretor da Área de Engenharia
Clementino Souza Coelho
Diretor da Área de Produção
Herbert Drummond
Gerente-Executivo da Área de Planejamento
Alexandre Isaac Freire
Superintendente Regional / 6ª SR
Manoel Alcides Modesto Coelho
CODEVASF
Av.Comissão do Vale, s/n - Piranga
Juazeiro-BA
CEP 48901-900
Tel.: +55 74 3611-3155
Fax: +55 74 3611-3891
www.codevasf.gov.br
Serviço de Assessoria a Organizações
Populares Rurais – SASOP
Conselho Diretor:
Luis de Lima Barbosa
Marina Rocha Braga
Maria Ubajareida Carvalho Frota dos
Santos.
Coordenação Executiva:
Carlos Eduardo O. de Souza Leite
(Coordenador Geral)
Marcelo Galassi de Freitas Paranhos
Silver Jonas Alves Farfán
Programa de Desenvolvimento Local
Semi-árido
Silver Jonas Alves Farfán
(Coordenador)
Moisés Prado das Neves
Fernando Gonçalves da Costa
Márcia Maria Pereira Muniz
Serviço de Assessoria a Organizações
Populares Rurais – SASOP
R. Conquista, 132. Pq. Cruz Aguiar - Rio
Vermelho - Salvador-Ba CEP: 41.940-610
Tel.: 71 3335-6029
e-mail: [email protected]
Criando Caprinos e Ovinos no Sertão
da Bahia - Cartilha de Manejo da
Criação
Redação: Giçara Maria Cadidé Duarte e
Moisés Prado das Neves
Projeto gráfico: Mauro YBarros
Fotos: David Glat
Ilustrações: José Maurício da Silva
Vidal
Escultura da capa: Edvaldo Silva Lima
e Raimunda Gomes de Matos
Revisão Técnica: Marcelino Sousa
Lima e Élcio Rizério Carmo
Revisão Ortográfica: Alda Damasceno,
Alyrio Damasceno, Alice Ramalho
Colaboração Técnica: Ailton Barbosa
dos Santos
Coordenação Executiva: Alda Damasceno
Agradecimentos:
FICHA CATALOGRÁFICA
SERVIÇO DE ASSESSORIA A ORGANIZAÇÕES POPULARES RURAIS
– SASOP.
Criando caprinos e ovinos no sertão da Bahia - Cartilha de manejo
da criação. Salvador/Remanso-Ba, 2005. xx p. Il.
1. Caprinos e ovinos – criação - Bahia. 2. Remanso – Ba. 3. SASOP.
O texto desta publicação foi composto em ITC Bailey Sans (roman, itálico e bold), desenho tipográfico de Kevin Bailey de 1996. O
miolo foi impresso em papel couché fosco matte 120g/m2 e a capa em papelão 320g com laminação fosca, pelo sistema Cameron
da Gráfica Santa Helena. © Salvador, dezembro de 2005
SUMÁRIO
1 - As abelhas do gênero apis e
suas histórias
• História da apicultura no Brasil
• A colônia e as abelhas
• Indumentária do apicultor
• Materiais do apicultor
• Tipos e construção de colméias
2 - Estudando a vida e o manejo
das abelhas
• Anatomia externa da abelha e
sua importância
• Instalação e manejo do apiário
• Captura de enxames
• Revisão das colméias
• Divisão de colônias
• União de colônias
• Produção natural de rainhas
3 - Colhendo e beneficiando os
produtos das abelhas
• Casa do mel
• Implementos necessários
• Beneficiamento do mel
4 - Preparação do apiário para o
período seco do ano
• Limpeza do apiário
• Revisão de colméias
• Prevenção contra inimigos
naturais
• Gerenciando água e alimento
5 - Criando um pomar para as
abelhas
• Calendário apícola
• Coleta de sementes de espécies melíferas
• Produção de mudas
• Para que reflorestar
• Algumas plantas melíferas da
caatinga
6 - Fortalecendo as colônias para
o novo período de produção
• Alimentação artificial
• Alimentadores
7- Anexos
• Calendário apícola
• Mapas
Referências Bibliográficas
5
APRESENTAÇÃO
A Codevasf – Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do
São Francisco e do Parnaíba – é
uma empresa pública , sem fins
lucrativos, que mobiliza investimentos públicos e privados para aplicação
em pesquisas e novas tecnologias produtivas, estudos sócio-econômicos e
ambientais, diversificação de culturas e formação de pólos agroindustriais
integrados. Para promover o desenvolvimento regional e manter o equilíbrio com o meio ambiente, a Codevasf desenvolve e implementa tecnologias e infra-estruturas para racionalizar o uso da água e do solo, com fins
agrícolas, agropecuários e agroindustriais.
Todas as iniciativas da empresa visam a geração de emprego e renda,
redução dos fluxos migratórios e dos efeitos econômicos e sociais de secas
e inundações freqüentes. Buscam ainda a preservação dos recursos naturais das bacias hidrográficas dos rios São Francisco e Parnaíba. Tudo com
o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos habitantes dessas regiões.
Para desenvolver suas atividades, a empresa conquistou
importantes parceiros como
o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), o Banco
Mundial (BIRD), o Instituto Interamericano de Cooperação para
a Agricultura (IICA), instituições
federais, estados, municípios,
organizações não-governamentais, além da própria iniciativa privada.
As áreas onde a Codevasf atua também são beneficiadas com obras de
infra-estrutura que oferecem as condições necessárias para o desenvolvimento de atividades produtivas. A empresa é responsável pela construção
de canais, barragens, sistemas de abastecimento de água, estradas,
estações de bombeamento, linhas de distribuição de eletrificação rural,
cisternas, pontes e calçamento de áreas públicas. Além de investimentos
na recuperação e manutenção dos perímetros públicos de irrigação.
Mais do que investir no desenvolvimento dos vales do São Francisco
e do Parnaíba, a Codevasf acredita na melhoria da qualidade de vida e
na geração de emprego e renda para as comunidades locais. Graças a sua
atuação, o semi-árido brasileiro tornou-se uma região promissora. Nos
próximos anos, a empresa planeja intensificar e diversificar suas ações
afim de inserir definitivamente os vales do São Francisco e do Parnaíba no
processo do desenvolvimento econômico e social do país.
Introdução
O sub-médio São Francisco, considerando os municípios de: Campo
Alegre de Lourdes, Pilão Arcado, Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Sobradinho, Juazeiro, Curaçá, Uauá e Canudos, têm identidade cultural e histórica
semelhante capaz de aproximar as pessoas e suas iniciativas em torno
de diversos aspectos do cotidiano. Toda essa região está no semi-árido
brasileiro, no bioma caatinga, dentro da Bacia do Rio São Francisco.
A partir de 1974, em função de ampliar os esforços para mudar o
quadro da região, foram iniciadas várias iniciativas da sociedade organizada que através da Igreja e de organizações de apoio deram origem a
formação de várias outras instituições da sociedade civil local.
As ações do SASOP iniciadas em 1989 com a capacitação de apicultores
em Campo Alegre de Lourdes, que por iniciativa do Sindicato dos Trabalhadores Rurais daquele município já tinham recebido apoio da SUDENE
em colmeias e materiais para a criação artesanal de abelhas, mostraram
um caminho acertado. Hoje, passados
16 anos, segundo um levantamento feito pelo SASOP a
criação de abelhas se
disseminou amplamente em alguns
municípios.
O número apicultores já passa de 1.000 e o número de colméias passa
de 30.000. Esses dados referem-se aos municípios de Campo Alegre de
Lourdes, Pilão Arcado, Remanso e Casa Nova.
O convênio formalizado entre o SASOP a 6ª SR CODEVASF para realização dos projetos “Desenvolvimento da Caprino-ovinocultura na região de
Juazeiro” e “Desenvolvimento da Apicultura na região de Juazeiro” dentro
da forma do entendimento do Governo Federal com os Arranjos Produtivos Locais – APL’s vem apoiar essa caminhada dos movimentos populares
da região. Essa nova possibilidade de ação da CODEVASF precisa ser valorizada e continuada, porque potencializa as grandes vocações naturais da
região. As mudanças necessárias no quadro dessa região para diminuir
os índices de pobreza passam pela discussão de propostas sustentáveis
que nesse projeto baseiam-se nos princípios da agroecologia, valorizam
a produção familiar, segmento que produz a maior parte dos alimentos
consumidos no Brasil.
9
Pernambuco
A.M. Lingustica
1895
Bahia
A.M. Lingustica
1874
Rio de Janeiro
A.M. Iberica
1839
São Paulo
A.M. Scutellatia
(Abelhas africanas)
1956
Rio Grande do Sul
A.M. Lingustica
(Abelhas africanas)
1870/1880
1. As abelhas do gênero apis mellifera e suas histórias
História da apicultura no Brasil
O início da apicultura no Brasil é marcado por muitos atores de forma
polêmica, pois ninguém sabe ao certo quem introduziu a apis mellifera no Brasil. Portanto tomamos como base real desta tão disputada iniciativa a promulgação do Imperador D. Pedro II, concedendo ao Padre Antônio Pinto Carneiro, pelo
espaço de 10 anos, o privilegio de importar abelhas da Europa e Costa da África,
para a província do Rio de Janeiro. (Decreto número 72, de 12 de julho de 1839).
O Reverendo Antônio Pinto Carneiro colocou suas abelhas no sítio da Praia
Formosa, onde estabeleceu seu apiário. Das colméias instaladas, 9 morreram,
porém foi tal a sua reprodução, que no mesmo ano, possuiu perto de 50 colméias e 2 anos depois, já tinha ultrapassado 200.
Anos se passaram, quando em 1956, um grupo de pesquisadores (de São
Paulo, Curitiba, Piracicaba, Rio Claro, Ribeirão Preto, Araraquara, Florianópolis,
Taquari e Pindamonhangaba) põe o Brasil no mapa mundial das investigações
científicas apícolas, constituindo-se atualmente num dos maiores grupos de
cientistas especializados neste campo, em todo o mundo. Naquela época é introduzida a abelha africana para fins de cruzamentos, segregações de linhagens
que aliassem suas boas propriedades, às boas propriedades das melhores
linhagens italianas. Um acidente em sua manipulação provocou a enxameação
de 26 colméias, que iniciaram a africanização da apicultura brasileira.
Com a enxameação das 26 colméias, zangões de abelhas africanas cruzaram
com rainhas italianas e outras de espécies européias. Por conta da própria
natureza, os resultados foram abelhas híbridas com características de extrema
agressividade, que ainda hoje caracteriza as abelhas do norte e nordeste
brasileiros.
Apicultores desestimulados, durante os anos de 1956 a 1970, pela marcante
agressividade e instinto migratório das abelhas africanas e dos resultados de
seu cruzamento natural, abandonaram a apicultura, pois não tinha instruções,
técnicas e recursos financeiros necessários a contenção das africanas. Naquela
época ocorreu uma considerável queda na produção de mel e cera, a ponto de
levar o Brasil a ter que passar da condição de exportador, para importador do
produto.
11
O incidente com a abelha africana proporcionou uma aliança entre apicultores, cientistas e governo, que unidos, a partir de 1970, foi inauguraram uma
nova época na apicultura brasileira, resolvendo vários problemas. Mesmo
com desafios que ainda são pesquisados como a alta agressividade das abelhas africanizadas e a falta de linhagens puras das raças no Brasil, hoje apicultores dotados de melhores técnicas de manejo, mais racionais, conseguiram
superar a crise, resultando em decorrência, um desenvolvimento acentuado
da apicultura em nosso País.
Maiores países produtores de mel na América Latina
12
Pais
Produção Mel (ton)
Participação
Argentina
80.000
43,04%
México
55.840
30,04%
Brasil
24.500
13,18%
Uruguai
10.500
5,65%
Chile
10.000
5,38%
www.sebraemg.com.br Fonte: FOASTAT
A colônia e as abelhas
A abelha é um inseto social,
que pertence a uma colônia ou um
enxame, cuja vida é administrada por
certo número de leis biológicas. A
colônia é composta por uma quantidade variável de abelhas, podendo
existir de 40.000 a 80.000 indivíduos,
em períodos de grande atividade de uma rainha.
A abelha habita o nosso planeta há mais de 40.000 anos, em perfeita harmonia com a natureza, que lhe proporciona alimento em troca da garantia da
perpetuação da espécie vegetal, através da polinização.
Uma colônia é constituída de três castas:
A Rainha
É a mãe de todas as abelhas componentes da colônia. Sua função é a de por ovos e
manter o enxame unido, através do seu cheiro
característico que chamamos de feromônio.
Dos ovos, nascem as abelhas operárias,
as novas rainhas e os zangões.
A rainha surge de um ovo fecundado, depositado numa célula especial chamada realeira. A larva que surge,
deste ovo, é tratada com geléia real,
pelas operárias, para desenvolver
o aparelho reprodutor da futura
rainha que demora 16 dias para
nascer. A rainha pode viver até cinco
anos e é fecundada uma só vez na vida, no nono
dia de existência, durante o vôo nupcial por vários
zangões. Como o vôo é de vários quilômetros, só os
zangões mais fortes e velozes conseguem fecundá-la. Uma rainha produtiva bota de 2.000 a 3.000 ovos por dia, nas épocas em que há bastante
alimento. Essa quantidade de ovos
Ciclo evolutivo de uma rainha:
equivale a duas vezes o seu peso.
A rainha deve ser mantida na colOvo
1 ao 3º Dias
méia somente por três anos. Depois
Larva
4º ao 8º Dias
desse tempo ela diminui a produtiviPupa
9º ao 16º Dias
dade, com conseqüente diminuição
do número de operárias.
Nasce
aos 16 dias
Vivem de
3 a 5 anos
13
14
As Operárias
As operárias são abelhas com a função de
buscar o néctar, o pólen, a água e a resina
para o sustento da colméia. São fêmeas que
não possuem o aparelho reprodutor desenvolvido. Na falta da rainha podem pôr ovos,
mas desses ovos nascem somente zangões.
A larva que dá origem a uma operária,
depois do terceiro dia, se alimenta somente
com mel, pólen e água.
A tarefa das operárias é distribuída
de acordo com a idade. Até o vigésimo
primeiro dia ficam dentro da colméia.
Do primeiro ao terceiro dia de vida, fazem
a limpeza da caixa e reformam os favos onde
nasceram. São chamadas faxineiras.
Do quarto até o décimo quarto dia de vida, fazem o alimento para as
larvas. Nessa fase da vida elas possuem dois pares de glândulas, situadas
na cabeça - glândula hipofaríngeas - que produzem a geléia real. Essa
geléia, necessária para as larvas com três dias de idade, é chamada de pão
das abelhas ou leite das abelhas.
Do décimo quarto ao décimo oitavo dias, são chamadas de engenheiras
ou carpinteiras. Nesse período elas se preocupam em construir favos, à
base de cera, produzida por glândulas cerígenas localizadas no abdome.
Cada abelha tem quatro pares desCiclo evolutivo das operárias:
sas glândulas. As abelhas engenheiras precisam de muito mel para
Ovo
1 ao 3 dias
produzir cera: um quilo de cera
Larva
4 ao 9 dias
requer até sete quilos de mel.
Pupa
10 ao 21 dias
Do décimo oitavo ao vigésimo
dia, as abelhas são chamadas de
Nasce
21 dias
guardiãs. Nessa fase elas defenVivem mais 21 dias
dem a família contra os inimigos,
impedem a entrada de outras abelhas na colméia para roubar mel e
atacam até o apicultor despreparado. Depois do vigésimo primeiro dia,
elas são chamadas de campeiras até morrerem.
No primeiro dia de liberdade elas fazem a revoada ao redor da colméia
para conhecer o local. Daí em diante, trabalham recolhendo o néctar e o
pólen das flores, resinas e água. Uma abelha vive de 38 a 40 dias, podendo,
no inverno, viver mais, porque trabalha menos.
O Zangão
Os zangões são os machos da família.
São maiores e mais pesados do que
as abelhas operárias. Eles nascem
do ovo não fecundado, nas células
maiores chamadas zanganeiras,
são dotados pela natureza de
órgãos adequados para cumprir
eficazmente o único dever de fecundar total ou parcialmente a rainha
virgem. Possuem dois olhos compostos bem grandes, com 6 a 7
mil omatídeos (olhos compostos)
cada, e antenas com mais de 30
mil cavidades olfativas, o que
lhes possibilita descobrir
Ciclo evolutivo dos zangões:
Ovo
1 ao 3 dias
Larva
4 ao 9 dias
Pupa
10 ao 24 dias
Nasce
24 dias
Vivem mais 80 dias
rainhas virgens a longas distâncias,
de aproximadamente 10 km. Após
a fecundação eles morrem. Na falta
de alimentos, principalmente nos
fins de floradas, são mortos pelas
operárias, como forma de economia.
15
Indumentária do apicultor
Por muito tempo, os apicultores usaram apenas
como proteção para o trabalho com as abelhas
um simples chapéu com mascará de filó. Após a
chegada das abelhas africanas, devido a seu
instinto feroz, os apicultores desenvolveram métodos de lidar com elas.
16
Desenho de uma rainha sendo fecundada por um zangão.
Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas apis mellifera..
Máscara - Deve estar em perfeito
estado, pois as abelhas se irritam com
a nossa respiração e atacam de preferência a cabeça. È usada para fazer a máscara
tecido de algodão cru e tela plástica ou arame de
preferência de cor preta ou escura, pois é nessa
cor que melhor enxergar.
Usar tela com dimensão
inferior a 4mm, devido
ao tamanho das
abelhas que conseguem entrar
por orifícios
acima de 4,8 mm,
assim evitar
acidentes.
Como confeccionar uma máscara
Material necessário:
1 Faixa-cinta de pano superior com 15 cm de
altura e 1m de largura.
1 Faixa-cinta de pano inferior com 35 cm de altura e 1m de largura.
1 Faixa-visor de tela de metal ou plástico de 18 cm de altura no centro, 8 cm nas extremidades e por 1 m de comprimento.
Como fazer:
1. Cortar o tecido de algodão cru nas medidas acima indicadas;
17
18
2. Não deixar de dobrar e costurar as bordas das faixas-cinta, para
evitar que o tecido desfie;
3. Colocar elástico na parte superior, para
prender ao chapéu e na parte inferior, colocar um cordão para amarrar na cintura
do apicultor.
4. Entre as duas faixas-cinta de tecido
costurar a faixa-visor de plástico ou metal,
da mesma largura
da faixa de pano em
sentido horizontal
e com 18 cm de altura no centro visual, morrendo até 8 cm para o lado oposto.
Obs.: O corte oblíquo da tela do visor, mais
largo na frente e mais estreito na nuca, serve
para facilitar os movimentos da cabeça e do
pescoço.
Macacão - Deve
ser confeccionado
em tecido de brim grosso e de cor clara.
As abelhas não gostam de cores escuras. Deve ser bem fechado. Para isso
use elástico nos punhos e nas barras
das pernas e para fechar use fecho
de ziper ou velcro. É bom que tenha
gola alta para segurar a máscara que
vai dentro do macacão. Deve ter bolsos
grandes para colocar o material necessário ao trabalho, como: faca, caneta,
formão, barbante, fósforo e outros. Desta
maneira, fica-se com as mãos livres. Faça
o macacão bem solto, roupas justas atrapalham os movimentos.
Luvas - Devem ser de canos longos e capazes de protegerem as mãos, pulsos e o antebraço.
As luvas mais encontradas para fins apícolas são
confeccionas de vaqueta ou borrachas desde que
conservadas limpas, secas e pulverizadas de talco.
Geralmente se encontra para comprar nas casas especializadas no ramo, ou em supermercados.
Botas - A proteção para as extremidades do corpo é
fundamental tanto nas mãos como nos pés. Ninguém deve se
arriscar a manipular apiários com pés descalços ou com sapatos
decotados. O ataque massivo das abelhas sobre as meias
e/ou os próprios tornozelos é coisa certa, e o trabalho
estará prejudicado desde o início.
As botas devem ser de borrachas ou couro, desde
que sejam flexíveis, de cor clara, de cano longo ou
meio cano ajustadas às calças ou macacões.
Materiais do apicultor
Para o apicultor realizar um bom trabalho ele
precisa de alguns instrumentos que auxiliem e facilitem o seu
trabalho durante as revisões nas colméias.
Fumigador (foto) - É o aparelho mais importante no trato direto com as
abelhas. É indispensável na captura de enxames, visita aos apiários e, de
modo especial, na manipulação das colméias. O fumigador de fole manual
é o mais usado e o mais conhecido entre os
apicultores. Foi inventado por Moses Quimby,
em 1870, e mais tarde, aperfeiçoado por Root.
O aparelho é destinado a produzir fumaça,
a finalidade da fumaça é apenas para iludi-las,
provocando nelas impressões de incêndio,
com isso, induzi-las a engolirem todo mel que
puderem, para salvar a produção numa suposta
fuga.
19
20
Sufocar, estontear, ou escaldar
as abelhas seria uma crueldade
desnecessária. Além disso as
abelhas operárias, as que
mais agridem, com os
papos cheios de mel,
perdem a disposição
para o ataque. Uma
abelha com a vesícula repleta de mel
dificilmente vergará
seu corpo para aplicar o ferrão. Desta
forma, o apicultor terá mais tranqüilidade para
realizar seu trabalho.
O material de combustão utilizado para fazer fumaça deve ser de origem vegetal, tais como: folhas secas de marmeleiro, sabugo de milho, palha
de feijão, raspa da madeira da umburana de abelha e folha secas de outras
plantas da caatinga, desde que não sejam tóxicas.
O apicultor ao capturar um enxame deve aplicar fumaça antes de
começar seu trabalho, basta uma fumaça adequada: lenta, fria, limpa e
constante. Lenta, para não lhes atirar faíscas de fogo; fria, para não
irritá-las com baforadas escaldantes; limpa, para não molesta-las
com cinzas demasiadas, ou tóxicos sufocantes; constante, para
não dar chance a nova investida de agressão.
O Formão
É a ferramenta principal e indispensável, utilizada em
quase todas as manipulações. Serve para desgrudar as
peças da colméia; separar e regular os caixilhos soldados
pelas abelhas; raspar resinas e própolis acumuladas nas
paredes, como também limpar, as pirâmides localizadas
no fundo dos forros, e para desalojar as traças e os casulos. Qualquer ferreiro prepara este formão de acordo
com o modelo que o apicultor apresentar.
O Espanador
É uma peça de grande valor na hora que o apicultor
realiza uma captura de um exame nidificado ou uma revisão nas colméias, tem a função de afastar as abelhas dos
favos, sem provocar danos e agressões. Muitos apicultores
não dão o seu devido valor, e os substitui na hora de uma
necessidade por galhos, com folhas das plantas locais. No
semi-árido, deve-se lembrar aos apicultores, que parte do
ano as plantas perdem a folhagem e o apicultor não terá esta
alternativa na hora da precisão, portanto aconselha-se, o uso
do espanador, utensílio de grande importância no manejo
com as abelhas, e que todos os apicultores podem adquirir.
Tipos e construção de colméias
A casa das abelhas é chamada de caixa ou colméia. Existem muitos
tipos de caixas, mas o tipo padrão é a modelo Langstroth ou americana,
indicada pelo Ministério da Agricultura e pela Confederação Brasileira de
Apicultores. As pessoas que se interessam por criar abelhas devem levar
em consideração colméias fabricadas com as medidas padrão para não ter
problemas ao manejar seu apiário e durante a manipulação das colônias no decorrer das revisões.
As colméias são feitas de madeira
e todas as suas partes são móveis.
Devem ser pintadas na parte externa
para aumentar sua durabilidade,
geralmente com tinta óleo ou
esmalte sintético, em cores
claras: azul celeste, verde
claro, alumínio, etc.
Também é muito
importante que sejam
numeradas para o controle do apicultor.
21
Partes componentes de uma colméia Langstroth:
X cm
X cm
X cm
• Fundo:
Comprimento
Largura
Altura
37,0 cm
2,0 cm
2,0 cm
b) Ninho - é a caixa onde a rainha faz a postura e é armazenado o mel
e o pólen para alimentação das larvas. O espaço que fica entre o fundo e
ninho chama-se alvado e serve como entrada para as abelhas.
• Medidas internas :
Comprimento
46,5 cm
Largura
37,0 cm
Altura
24,0 cm
X cm
22
X cm
X cm
X cm
c) Melgueiras - Também chamado de sobre-caixa. É a caixa que fica em
cima do ninho; é o local onde as abelhas armazenam o mel.
• Medidas internas:
Comprimento
46,5 cm
Largura
37,0 cm
Altura
14,5 cm
OBS.: Tanto no ninho como na melgueira, deve-se fazer nas peças da
frente e do fundo os encaixes para os caixilhos. Estes tëm um corte de 1,8
cm de altura por 1,0 cm de largura.
d) Tampa - Serve para fechar a colméia.
a) Fundo - é o assoalho da colméia.
Comprimento
Largura
60,0 cm
41,0 cm
Sarrafos para altura do alvado
• Laterais:
Comprimento
51,0 cm
Largura
2,0 cm
Altura
2,0 cm
Comprimento
Largura
56,0 cm
44,0 cm
• Sarrafos para as extremidades, proporcionando maior segurança.
Comprimento
44,0 cm
Largura
2,0 cm
Altura
2,0 cm
23
e) Caixilhos ou quadros - É o lugar onde as abelhas constroem os
favos. Também chamados de quadros.
• Quadros do ninho:
Comp. sarrafo superior 48,1 cm
Largura
2,5 cm
Espessura
2,0 cm
Comp. sarrafo inferior
45,0 cm
Largura
2,5 cm
Espessura
1,0 cm
• Peças laterais do quadro:
Comprimento
23,1 cm
Largura em cima
3,5 cm
Largura em baixo
2,5 cm
Espessura
1,0 cm
24
• Quadro da melgueira:
Comp. sarrafo superior
Largura
Espessura
Comp. sarrafo inferior
Largura
Espessura
25
48,1 cm
2,5 cm
2,0 cm
45,0 cm
2,5 cm
1,0 cm
• Peças laterais do quadro:
Comprimento
13,8 cm
Largura em cima
3,5 cm
Larguraem baixo
2,5 cm
Espessura
1,0 cm
Com as colméias fabricadas dentro dos padrões e medidas, o apicultor pode partir para escolher o local do apiário e ir à busca da captura dos
enxames.
Estudando a vida e o manejo das abelhas
Anatomia externa da abelha e sua importância
As abelhas são compostas de: cabeça, tórax, asas,
patas ou pernas e abdômen.
26
O pólen é transformado nas patas posteriores,
na parte chamada de corbícula ou cesto, coberto
com pêlos que permitem a fixação dos grãos do
pólen, para formar a bolota para o transporte.
Cabeça
É o centro sensorial da abelha, onde se localizam:
• Duas antenas 1 : responsáveis pelo olfato e tato;
• Três olhos simples (ocelos) 2 : localizados na parte frontal,
que servem para enxergar dentro da flor, no escuro e dentro
da colméia;
• Três olhos compostos 3 : um de cada lado, para enxergar
longe e com luz para visitação das flores;
• Mandíbulas 4 : servem para abrir os alvéolos: moldar cera,
coletar própolis, limpeza no interior das colméias e outros
3
serviços;
5
• Língua ou glosa : serve para sugar o néctar das
flores e outros líquidos;
2
• Glândulas hipofaringeanas 6 : salivares e mandibulares, são responsáveis pela produção de geléia
real e outras enzimas de
1
transformação.
Tórax
O tórax suporta os órgãos de locomoção das
abelhas e é dividido em três partes:
4
• PROTÓRAX;
6
• MESOTÓRAX;
• METATÓRAX.
Asas
• Dois pares dianteiros 7 e dois posteriores 8 ,
ligados ao mesotórax e metatórax.
5
Patas ou pernas
• Três pares de patas (anterior 9 , mediano 10 e posterior 11 )
ligadas respectivamente no protórax, mesotórax e metatórax.
7
8
9
10
11
Abdômen
É a última ou terceira parte da abelha que
suporta os seguintes órgãos internos:
• Aparelho reprodutor (Rainha e Operária:
dois ovários ligados ao oviduto e a vagina e no
Zangão – temos o pênis e os testículos);
• Estômago do mel, vesícula melífera ou papo
para transporte de néctar e água;
• Ventrículo, digestão da abelha;
• Pró-ventrículo, válvula para o controle e passagem do néctar para o ventrículo;
• A cera é secretada através de oito glândulas
cerígenas localizadas na parte inferior do abdômen, em forma de placas e em contato com o ar
se solidificam, representando pequenos tijolos, usados pelas abelhas, na construção
dos favos;
• Sistema defensivo (ferrão);
• Sistema digestivo (intestino delgado
para absorção dos alimentos);
• Aparelho respiratório (traquéia, etc.);
• Gânglios nervosos;
• Gânglios de veneno;
• Glândula de Thanassof (glândula do cheiro,
feromônio);
• Coração;
• Tubos de Malpighi;
• Ampola real;
• Reto e ânus;
• Anéis de quitina (sete na rainha e na operária,
e oito no zangão).
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Instalação de apiário
O apiário é um conjunto de colméias instaladas em local devidamente
apropriado, sendo encontrado em dois tipos:
• Apiário Fixo - instalado em lugar definitivo cuja produção
depende do suprimento de néctar das floradas;
• Apiário Migratório - cujas colméias são transferidas de acordo
com as floradas da região.
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Localização
Para definir o local de um apiário é importante considerar os seguintes
aspectos:
Perto de fonte de néctar - pois é desse liquido precioso existente nas
flores, que as abelhas dependem para produzir mel e cera. É essa fonte
que determina a possível quantidade de colméias a ser instalada num
apiário. As abelhas dominam bem uma área de 2 a 3 km2, quanto mais
próxima, porém, a fonte, mais rápido o transporte e maior o rendimento.
Próximo de água - não poluída, limpa, preferencialmente corrente
e potável. Se não houver água ao natural, será preciso que se façam
bebedouros coletivos em volta do apiário. Os bebedouros podem ser feitos de canos PVC partidos ao meio e fechados nas extremidades, com pedacinhos de madeiras boiando dentro, para as abelhas terem onde pousar e
evitar que se afoguem. Indica-se a instalação de apiário a uma distância de
100 a 500 metros das fontes de água.
Acesso fácil aos meios de transporte
- esse aspecto é muito importante, muita
gente não leva em conta. Devemos
instalar o apiário em locais planos e
secos, com trânsito livre por detrás
das colméias, com carreiros bem
definidos e limpos, para facilitar
os movimentos e andanças do
apicultor durante os trabalhos de
revisão ou coleta.
Direção dos ventos - o vento é prejudicial, não só pelas correntes frias
ou quentes que podem penetrar pelo alvado adentro, como também é
grande empecilho ao vôo normal das abelhas. Zonas descampadas fustigadas pelas ventanias, batidas com freqüência pela poeira, não servem
para apiários. Fatigam as operárias, exigindo delas demasiado esforço.
Segurança dos transeuntes - deve-se ao instalar um apiário ter
cuidado para não colocar as colméias próximas a casas, estradas, currais, chiqueiros
e aviários. Manter uma distancia
mínima de 500
metros. Resguardar
ao máximo a segurança de pessoas e
animais.
Número de
colméias - deve
ser proporcional à
capacidade aquisitiva do apicultor;
ter abundantes recursos de flores numa área de 2 a 3 quilômetros ou se
estiver sobrecarregado por outros apiários, deve-se respeitar diminuindo o número de colméias, que poderá crescer com a posterior melhoria
da pastagem apícola. Geralmente, em nossa região semi-árida se indica
instalar apiários com 20 a 30 colméias, para facilita o trabalho do apicultor
e controlar a agressividade das abelhas africanizadas.
Disposição das colméias - As colméias poderão ser colocadas sobre
estrados ou cavaletes (para protegê-las contra a umidade, formiga, sapo,
tatu, etc.), a uma altura de 60 cm do chão e a uma distância de 4 m uma
das outras. Na região semi-árida, por se caracterizar muito quente, devese preocupar em proteger as colméias do sol quente do meio dia, pois a
temperatura interna de uma colméia deve ser de 30 a 36 graus centígrados.
Colocar as colméias sob as copas das árvores alivia bastante as abelhas
e o apicultor do causticante calor solar. Quando a temperatura interna da
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colméia se eleva acima dos 36 graus, as abelhas trazem bastante água para
dentro e abanam as asas constantemente fazendo correntes de ar para
refrigerar a colméia. Quando a temperatura desce abaixo dos 30 graus,
elas se aglomeram no meio da colméia e comem mel para produzir calor e
proteger as suas irmãs que estão para nascer.
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Manejo do apiário
Os apiários são considerados as cidades das abelhas,
por isso, deveremos ter
bastante cuidado com seu
manejo.
Recomendamos cercar o
apiário, para evitar a penetração de animais, que venham
por um motivo ou outro,
derrubar alguma colméia.
As colméias deverão ser
instaladas sobre cavaletes ou
estacas com 60 cm acima do chão. Pregadas sobre as estacas, devem ser
colocadas garrafas plásticas de refrigerante de 2 l cortadas e emborcadas,
para combater o ataque das formigas e cupins.
O apiário deverá ser capinado cinco vezes ao ano, principalmente nas
épocas: do início, meio e fim do período chuvoso, mais duas vezes como
manutenção na época seca. Para isso, o apicultor deverá vestir seu uniforme e nunca esquecer de dar no mínimo três baforadas de fumaça, nos
alvados das colméias, induzindo as abelhas a comerem mel, enquanto faz
ele o serviço de limpeza.
A capina não deve simplesmente concentrar-se na parte de trás, lados e
frente das colméias, mas também observar o campo de pouso das abelhas, ou seja, principalmente em frente as colméias, retirando algum galho
ou ramo de plantas que impeça o translado dessas amigas. È importante
lembrar de trabalhar sempre como o mínimo de duas pessoas. Uma para
controlar a fumaça e a outra para realizar a parte da limpeza. A distri-
buição de tarefas, também é uma estratégia de prevenção contra acidentes
e isto é fundamental para o bom desenvolvimento do manejo.
A disposição das colméias dependerá do espaço geográfico onde
será instalado o apiário. Essa observação é fundamental para se encontrar a melhor forma de distribuir as colméias. No caso da caatinga, onde
a vegetação é caducifólia, ou seja, perdem as folhas durante 6 meses do
ano, deve-se distribuir as colméias mais próximas das árvores, para obter
sombra e distante uma das outra 4 m para evitar a pilhagem na hora das
revisões.
Captura de enxames
Após todo o processo anterior, segue-se para o contato direto com as
estimadas amigas abelhas. Muitos buscam fórmulas determinadas para
proceder a captura de enxames, mas o melhor caminho é observar em
diversas situações os princípios técnicos adequados que orientam o procedimento do apicultor.
Captura de enxames
com caixas iscas
Espalhar pelo pasto
apícola alguns núcleos
de captura ou colméias,
com cera alveolada,
denominados caixas isca.
As abelhas enxameadas
voam em busca de um
novo alojamento para a
colônia. Elas mantêm-se
unidas em vôo por causa
da secreção da glândula
Nasonov, até encontrarem
um novo abrigo. O cheiro
da cera alveolada atrai as
abelhas que invadem e se
fixam nas caixas iscas.
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Apicultores
realizando uma
captura, com
enxame não
nidificado
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Captura de enxame não nidificado
São enxames que em busca de um lugar para se alojar,
geralmente, durante a enxameação pousam em galhos de
árvore. Estas abelhas 10 dias antes da enxameagem começam
a ingerir certa quantidade de mel, que vai aumentando até à
hora de partirem para o novo alojamento. Este mel destina-se
à própria alimentação durante o vôo de enxameação, como
também, à construção dos favos na nova moradia.
Com o papo cheio de mel, as abelhas ficam dóceis, não são
agressivas. Munido de um ninho ou um núcleo de captura,
com cera alveolada, o apicultor aproxima-se do enxame, coloca o ninho ou o núcleo, sem a tampa, por baixo do enxame.
Para segurança e êxito da captura, devem ser retirados dois
ou três quadros, para facilitar a entrada das abelhas. Recomenda-se que este trabalho deva ser feito por dois apicultores, alguns apicultores mais experientes não costumam,
neste caso, colocar fumaça, mas para aqueles que estão
iniciando, recomenda-se utilizar o fumigador dando algumas
baforadas de fumaça, sempre que iniciar um trabalho com
abelhas do gênero apis.
Tudo preparado, sacode-se com firmeza o galho onde o
enxame está pousado, obrigando as abelhas a cair dentro do
núcleo ou ninho. Seguidamente coloca-se a tampa, reduz-se
o alvado com um redutor, deixando o núcleo ou o ninho nesse
lugar por algum tempo, para que todas as abelhas entrem na
nova moradia.
Algumas operárias ficarão na entrada, batendo as asas,
com o abdômen levantado. Estão indicando às abelhas que
ainda estão fora, o acesso ao novo alojamento. De noitinha,
fecha-se o alvado e leva-se o enxame para o apiário. Para este
tipo de captura, apicultores experientes não costumam usar o
fumigador, porque, geralmente, as abelhas estão com o papo
cheio de mel, num estado de docilidade.
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Captura de enxames nidificados
É comum as abelhas se arrancharem em locais diversos que lhe proporcionem segurança e bem estar. Geralmente, são encontradas em ocos
de troncos de árvores, buracos nas rochas, pequenas cavernas, furnas,
cupinzeiros abandonados ou não e outros abrigos.
O apicultor que se preza, sempre que se destina a realizar uma captura
prepara seus instrumentos de trabalho um dia antes da sua atividade.
Deve fazê-lo sempre com: Macacão limpo, chapéu, máscara, luvas e botas,
levar o fumigador, de preferência, acompanhado do melhor material de
combustão possível, fósforo, formão, faca, facão ou machado, balde ou bacia, pano limpo, vasilha com água limpa, borrachinhas do tipo usadas para
amarrar dinheiro ou barbante, um ninho, “gaiola de captura” de rainha ou
caixa de fósforo seca, concha ou cabaça.
Partindo para a captura das abelhas, devemos fazer com bastante
atenção um reconhecimento da situação do enxame e traçar um plano
para capturá-las. O apicultor antes de tudo deve estar vestido com suas
indumentárias e acompanhado dos seus instrumentos apícolas para que
o trabalho seja rápido e tranqüilo. Em seguida deve lançar uma baforada
de fumaça, duas ou três vezes,
para obrigar as abelhas a
encherem o papo de
mel. Dependendo da
situação, o apicultor pode precisar
de um facão ou
até um machado,
para alargar
o acesso ao
enxame.
Após alguns minutos
de espera,
munido de
uma faca, o apicultor passa a cortar os primeiros favos pela parte superior.
Estes favos, geralmente, são reservas de mel para o sustento da família.
Estes favos serão colhidos e guardados nas bacias ou baldes, sempre cobertos com pano, podendo ser consumido em casa, nunca no local da captura. Feito isso, ele começa a cortar os favos com cria que estarão na parte
central da colméia, fixando os favos naturais com borrachinhas, lembrando
que deverá fixá-los no mesmo sentido, sem inverter a posição original,
para não matar as abelhinhas que irão nascer. Seguindo estas instruções
deverá colocar os quadros no meio da colméia de madeira, imitando a
colméia original, reservando a parte dos lados com quadros com laminas
de cera alveolada.
Este trabalho deve ser realizado em dupla ou com mais pessoas,
lembrando que deverão trabalhar com calma e tranqüilidade. De quando
em quando, usar um pouco de fumaça. Retirando todos os favos, dar-se-á
início à transferência de todas as abelhas.
Usando uma concha ou uma cabaça do mesmo tamanho, transferem-se
delicadamente as abelhas para a colméia Langstroth. Durante este momento, deverão estar atentos para não machucar a rainha que
pode vir junto com as abelhas operárias.
ATENÇÃO: Estar atento durante todo o processo
de captura é fundamental para identificar a
rainha, que durante esse momento, sempre anda por todo lugar. Caso identifique
a rainha, retirar as luvas e com agilidade
capturá-la pelo tórax, nunca pressionando
o abdome, o que pode vir a machucá-la,
provocando sua morte. Capturada a rainha,
prendê-la numa “gaiola de captura”, ou na
caixa de fósforos seca e deixar uma abertura de 4 mm para ela respirar e ser alimentada
pelas abelhas nutrizes. Logo depois, colocar
a rainha dentro da colméia de madeira modelo
Langstroth.
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Quando as abelhas percebem que a rainha se encontra dentro da
colméia, elas passam a informar às companheiras que a rainha entrou no
novo alojamento. Para essa comunicação, as abelhas levantam o abdome,
com forte batimento das asas, fazendo funcionar a glândula Nasonov,
chamando as companheiras ainda dispersas.
Seguindo este procedimento, o apicultor deve tampar a colméia Langstroth e colocá-la com o alvado na mesma posição da entrada e saída da
colméia original, não esquecendo de diminuir o alvado para evitar algum
ataque de inimigos naturais, sapo, formiga, tatu, etc. Passado uma noite, o
apicultor pode no final do dia seguinte, transportá-la para o seu apiário.
A colméia no local definitivo passará a ser observada pelo apicultor que
acompanhará sua adaptação à nova morada.
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Revisão das colméias
Concluída a etapa de povoamento das colméias, deve-se visitar periodicamente o apiário procurando observar o desenvolvimento das colméias. A atenção inicialmente, deve estar voltada para o que esta ocorrendo
fora das colméias, e em seguida, decide-se pela prática da revisão. Geralmente, com a lida do dia-a-dia, o apicultor passa a entender o comportamento das abelhas, e daí, passa a tomar as providências necessárias
para o bom desenvolvimento do apiário. A seguir, algumas
situações.
- Se as abelhas estão aglomeradas na frente
da colméia ou em grande quantidade, penduradas no alvado, ou embaixo no fundo
da caixa, em forma de barba, em
grande movimentação, é sinal de:
• Falta de espaço, colméia populosa e congestionada;
• Excesso de calor e falta de
ventilação;
• Colméia com muito mel
armazenado;
• Tendência a enxamear.
O que fazer nessa situação:
• Acrescentar mais componente à colméia (ninho ou melgueira);
• Colocar cobertura nas colméias para evitar o sol forte do meio-dia,
abrir o alvado e não deixar faltar espaço;
• Verifique o peso da colméia, levantando-a pela parte traseira e
avaliar a existência de mel;
• Revise a colméia, se julgar necessário, destruir as realeiras em
formação, ampliar o espaço com mais componentes ou, se desejar,
fazer uma divisão para aumentar o número de colméias do apiário.
- Se as abelhas estão agressivas, em luta e se lambendo é quase certo
tratar-se de pilhagem, causada por algum acidente, principalmente em
período de pouca florada.
A pilhagem é o roubo de mel praticado por abelhas vindas
de outras colméias. Para evitar este problema, não abra as
colméias em época de pouca florada e não deixe restos de
mel espalhado no apiário.
- Se for intenso o movimento de abelhas carregadas entrando na
colméia, é sinal de boa florada, e de abundância de alimento
nas proximidades do apiário.
- Se no alvado estiver pouco ou quase nenhum movimento em época de boa florada,
provavelmente trata-se de uma colméia
órfã, ou família recém-enxameada, ou
atacada por alguma doença.
- Se verificar restos de abelhas,
cera e sujeira no alvado trata-se
de uma anormalidade causada
por alguma enfermidade, ou
presença de traças, formigas,
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etc. Fazer uma revisão para comprovar a causa da anormalidade e tomar
as providências necessárias para resolver o problema.
As abelhas possuem os órgãos dos sentidos muito desenvolvidos, percebem e sentem tudo o que se passa ao seu redor. Por isso, a imprudência
e a falta de cuidados são inimigas das boas práticas apícolas.
Para iniciar qualquer tipo de trabalho com as abelhas, siga as seguintes
recomendações técnicas:
• Se vista com macacão, máscara, luvas e botas meio cano, e sempre
acompanhado de um ajudante também protegido.
• Acenda o fumigador com um bom material combustível (cepilho de
madeira branca, sabugo de milho triturado, cupim de galinha, folha
seca de marmeleiro, pau em decomposição, borra de cera de abelhas), dispor de um formão de apicultor e um espanador de abelhas;
• Levar um caderno e lápis para anotações, e um saco de plástico
para recolher a própolis, e outro saco para recolher sujeira ou pedaços de cera das colméias.
Cuidados que se deve tomar ao abrir uma colméia:
• Aproximar-se da colméia por trás e em silêncio, sem fazer movimentos bruscos;
• Dirigir algumas baforadas de fumaça no alvado e esperar um
minuto para que as abelhas sintam o seu efeito.
• Utilizando o formão de apicultor, descolar cuidadosamente a tampa da colméia, sempre
aplicando leves baforadas de fumaça sobre
os quadros e não no interior da caixa, para
manter as abelhas na parte inferior.
• Com a colméia destampada, iniciar a
retirada de um ou dois quadros dos
lados da colméia, utilizando para
isto o formão, para abrir espaço
e facilitar a revisão dos outros
quadros do centro da caixa.
Examinar todos os favos, observando:
• Condições da rainha, levando em conta a reprodução;
• Reserva de alimentos (mel e pólen);
• Condições dos favos (velhos, mofados, tortos, etc.);
• Presença de alvéolos de zangão em excesso, em caso positivo destruílos;
• Presença de realeiras, se encontrar destruí-las, para evitar enxameação;
OBS. A rainha não faz postura em favos velhos, por isso devem ser
substituídos por quadros com lâminas de cera alveolada, ou favos
puxados.
No momento da revisão, o ajudante deve manter o fluxo suave de
fumaça, para manter o controle das abelhas, pois o excesso de fumaça
irrita tanto as abelhas quanto o aplicador. A fumaça provoca nas abelhas a
falsa impressão de um incêndio na colméia, fazendo com que elas comam
bastante mel, prevendo um possível abandono da colméia. Com os papos
cheios de mel, as abelhas terão dificuldade para se defender e ferroar os
apicultores visitantes, assim como, realizar uma pilhagem nas colméias
abertas em fase de revisão.
O tempo de revisão deve ser o mínimo possível, sem movimentos bruscos, e deve durar de três a cinco minutos por colméia. Quando terminar
a revisão, dar algumas baforadas de fumaça na parte superior do ninho
ou melgueiras para afastar as abelhas e assim permitir a recolocação da
tampa sem esmagar as abelhas. Terminada a revisão, se houver algum indicio de pilhagem, reduza o espaço do alvado, para abrir mais tarde, com as
abelhas já calmas.
Na hora da revisão das colméias são encontradas algumas dificuldades,
tais como:
• Calafetação por própolis – as abelhas costumam vedar os espaços
menores da colméia com própolis. Neste caso, os quadros são soldados
nos rebaixos das testeiras das caixas, dificultando a sua retirada. Isso
também, acontece com a tampa e o apicultor deve ter muito cuidado no
momento da descolagem.
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As abelhas necessitam de cuidados freqüentes:
1. O desenvolvimento das colméias deve ser acompanhado através de
visitas constantes ao apiário. Ele será satisfatório, na medida em que é
traduzido no aumento do enxame e da atividade produtiva.
2. Sendo a estação de boa florada e a rainha estando em pleno vigor
produtivo, deve-se estar atento, porque em pouco tempo o ninho se
encontrará congestionado de abelhas e mel, necessitando de mais espaço
para o desenvolvimento do enxame e estocagem de alimento.
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• Construção de favos defeituosos – isso acontece devido a uma falsa
economia do apicultor, que prefere usar tiras de cera nos quadros, quando
o correto é usar a lâmina completa.
• Agressividade das abelhas – este é um problema que pode ocorrer
no momento da revisão, e tem sempre como causa a imprudência do apicultor, que provoca abalos, pancadas, estalidos, trepidações e até cheiro
desagradável. Portanto, proceder com delicadeza na manipulação das
colméias, usando a fumaça fria e de material não tóxico.
• Material fora da medida padrão – ter o cuidado de adquirir material nas medidas padrão para o seu apiário, e assim evitar surpresas desagradáveis no momento de substituição de algumas peças, ou troca de componentes das colméias.
• Quebra de favos – a quebra de favos se dá por falta de arame reforço
nos quadros, principalmente do ninho, e nas melgueiras no momento da centrifugação. Ao manusear um quadro com mel ou cria para examiná-lo, deve-se
girá-lo no sentido horizontal para observar os dois lados.
• Construção de favos na tampa da colméia – essa ocorrência dificulta
bastante o trabalho na colméia, além de provocar a morte de milhares de
abelhas, por afogamento no mel derramado, que é um atrativo para o desencadeamento de uma pilhagem. Isso ocorre devido o excesso de espaço
entre os quadros, ou por omissão do apicultor.
Obs.: Se não for oferecido para as abelhas mais espaço, elas puxarão
realeiras, e enxamearão enfraquecendo o enxame, e, conseqüentemente, prejudicando a produção de mel.
3. A temperatura interna tem grande influência no desenvolvimento das
crias, portanto, muita atenção para o controle da temperatura externa e
interna das colméias. Temperatura acima de 37 graus provoca a morte das
crias.
4. O uso da tela excluidora pelo apicultor com o objetivo único de evitar
a postura na melgueira, pode ocasionar prejuízos para a colméia. Isso
porque, as abelhas operárias sem o comando de sua mestra, e por falta de
espaço para a postura, passam a construir realeiras para enxamearem; e
isso acontecendo, a colméia enfraquecerá.
5. A substituição dos quadros com favos velhos do
ninho, por quadros com cera alveolada ou favos
puxados, deve ser uma prática costumeira,
pois os seus alvéolos já se encontram
pequenos, sendo rejeitados pela rainha
no momento da postura, e estimulando a postura na melgueira, prejudicando a produção de mel.
Divisão de colônias
Esta técnica é feita nos apiários
onde o apicultor quer aumentar
o número de enxames. A prática
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de divisão de colméias, só deve ser realizada em condições climáticas e florais apropriadas, não sendo recomendável a divisão em dias frios, chuvosos e
em períodos de pouca florada.
A divisão de enxames não deve ser feita no período de pico de produção,
porque vai diminuir a quantidade de mel produzida no apiário.
Situações que justificam a divisão dos enxames:
• Quando as colméias estão com bastante cria, muito populosas e com
tendência a enxamear.
• Quando as condições climáticas forem favoráveis, dia ensolarado, podendo estar nublado, mas com a umidade do ar abaixo de 70% (para que
o mel não absorva água do ar e não entre em processo de fermentação,
assim como, não interfira no processo de geração e desenvolvimento das
crias) e a vegetação estiver com florada suficiente para o desenvolvimento
dos enxames.
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Como fazer a divisáo
1 – Escolher famílias fortes mais populosas para a divisão.
2 – Colocar fumaça e retirar a colméia populosa do cavalete ou estacote e
levar para uma distância de 1,5 m, para facilitar a divisão, e colocar em seu
lugar uma caixa vazia.
3 – Retirar da colméia que vai ser dividida e colocar na colméia
vazia o seguinte:
• Favos com ovos, larvas e as abelhas que estão
aderidas;
• Favos com cria madura, prestes a
nascer;
• Metade dos favos com mel e
pólen;
• Um favo com realeira, se
houver;
• Completar o restante do
espaço, com quadros con-
tendo lâminas de cera alveolada.
Obs.: As abelhas campeiras que retornam do campo entram na nova
colméia, onde irão desenvolver suas tarefas normalmente. Como a nova
colméia não tem rainha, as abelhas cuidarão de formar uma rainha, mas
se logo após divisão se introduzir uma rainha, o enxame se recupera mais
rápido.
A colméia do enxame que foi divido deve ser levada para uma distância
de no mínimo de 5m da nova, para evitar o retorno das abelhas campeiras,
atraídas pelo cheiro da rainha mãe.
A colméia populosa que foi dividida fica com:
• Favos com cria madura;
• As abelhas novas;
• Metade dos favos com mel;
• Favos com pólen;
• A rainha;
• Quadros contendo cera alveolada. Esses quadros devem ser distribuídos na parte lateral da colméia, para que as crias fiquem no
centro da caixa; o alvado deve ser reduzido de acordo com o desenvolvimento do enxame.
4 – A primeira melgueira da nova colméia só deve ser colocada quando
todos os quadros do ninho estiverem completos.
União de colônias
Para que haja uma boa produção de mel no apiário, necessita-se de colméias populosas com grande número de campeiras.
A experiência prática no dia-a-dia do apiário, tem mostrado que, as famílias fracas são as que menos resistem ao período de escassez de alimento e
as que mais demoram a produzir no período de abundância de floradas.
Para corrigir este desequilíbrio populacional e na produção do apiário,
é recomendável a união dos enxames fracos para formar uma família forte.
Mas deve-se certificar de que o enfraquecimento não ocorreu devido a
doenças.
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Técnicas usadas para a união de enxames fracos:
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• Método da folha de jornal
Consiste na colocação de duas folhas de jornal pinceladas com mel nos
dois lados, e colocadas entre as colméias a serem unidas.
1 – colocar as colméias a serem unidas uma próxima da outra, e identificar a melhor rainha. A melhor rainha é aquela da colméia que apresenta maior quantidade de ovos e mais larvas;
2 – orfanar a colméia com a pior rainha;
3 – retirar a tampa da colméia com a rainha e colocar no lugar da tampa
duas folhas de jornal besuntadas com mel;
4 – retirar o fundo da colméia sem rainha e colocar a colméia sem o
fundo sobre as folhas de jornal besuntadas com o mel;
5 – reduzir o alvado da colméia unida;
6 – alguns dias depois unir as abelhas em única colméia, escolhendo os
melhores favos. Os restantes dos favos descartados devem ser derretidos.
Obs.: as abelhas das duas colméias vão roendo o jornal até que se
encontrem, quando então se unem sem brigas. As abelhas não podem
ser unidas diretamente, porque cada enxame tem cheiro próprio, o que
causaria briga entre as duas colméias.
• Método de união pela a intercalação de quadros
É uma prática para unir duas
famílias próximas uma da
outra, na mesma fileira do
apiário:
1 – fazer a revisão das
duas colméias que vão ser
unidas, escolhendo a melhor
rainha. Se a outra rainha for
também boa, deve ser guardada
no banco de rainhas;
2 – colocar uma caixa vazia, sem quadros, no meio das duas que vão
ser unidas;
3 – colocar fumaça nas duas colméias e remover as tampas;
4 – pulverizar com xarope cada quadro, e transferir intercalando até
completar a nova caixa com os melhores favos;
5 – os favos velhos, pretos, mofados, com traças e defeituosos não devem ser transferidos. Se necessário for, complete com cera alveolada;
6 – recolocar a tampa e fazer a redução do alvado;
7 – alimentar o novo enxame nas primeiras semanas após a união, na
falta de floradas.
Obs.: O xarope de ser feito com açúcar e ervas aromáticas (cidreira,
hortelã, laranja, mulatinha, capim santo, alecrim, etc.) para confundir o
cheiro das abelhas. Não e recomendável o uso do mel no preparo do
xarope, porque ele estimula a pilhagem. A união de famílias deve ser
feita ao anoitecer para evitar a pilhagem.
Produção natural de rainhas
O objetivo da troca de rainha é o melhoramento genético, para
produção de mel, própolis, geléia real, ou abelhas mansas. Também o
nascimento de uma nova rainha, para uma maior postura, pois as rainhas
jovens são mais produtivas.
A rainha é a responsável pela a manutenção populacional de uma
colônia e a união de todas as abelhas dentro da colméia, através da liberação do feromônio. Dependendo da abundância de florada na natureza
e do potencial genético ela pode atingir uma taxa de postura de até 3.000
ovos/dia.
A abelha rainha pode viver até 5 anos, mas a medida que ela vai
envelhecendo diminui a capacidade de postura e também a produção de
feromônio. Nascendo menos abelhas, o enxame enfraquece, diminuindo
a produção. E quando há diminuição do feromônio, as abelhas providenciam a formação de uma nova rainha, através da enxameação, quando a
rainha velha enxameia levando grande quantidade de abelhas campeiras.
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Para manter as colméias populosas e com uma boa produção de mel,
ou pólen, o apicultor pode interferir nas suas colméias produzindo e trocando suas rainhas anualmente, ou pelo menos, a cada dois anos.
A técnica mais simples que está ao alcance do apicultor é a puxada
natural.
Método natural
1 – selecionar uma colméia matriz: mansa e produtiva; Retirar 03
quadros com crias maduras, a rainha e abelhas e colocar em um
núcleo formando uma nova família. Levar o núcleo com os favos e as
abelhas para um local distante. O núcleo deve ser protegido por tela
para evitar a fuga das abelhas.
A colméia orfanada precisa ser alimentada com xarope (colocando
um frasco com xarope dentro de uma melgueira vazia sobre a colméia).
2 – Depois de 8 dias, fazer uma revisão na colméia orfanada,
verificar o número de realeiras e fazer uma seleção escolhendo as
maiores.
3 – No 9º dia, retirar as rainhas das colméias, onde irá nascer a nova
rainha (colméia com baixa produção). Estas colméias devem ser
escolhidas de acordo com o número de realeiras selecionadas. Se
foram selecionadas doze realeiras, só pode orfanar 11 colméias,
porque uma ficará na caixa matriz.
4 – No 10º dia, distribuir as realeiras nas colméias orfanadas, protegidas no protetor espiral west, para evitar a destruição por alguma
abelha revoltada. Distribuir ou enxertar as realeiras no centro do
quadro com crias novas.
5 – No 15º dia, após a enxertia das realeiras, revisar as caixas e verificar se as rainhas já iniciaram a postura.
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3. Colhendo e beneficiando os produtos das abelhas
Quando o apicultor chega ao momento de coletar mel e vê este liquido
precioso sendo processado num local e por equipamentos adequados,
lhe dá muita alegria e satisfação. Chega a esboçar um sorriso que contagia
aqueles que não conhecem ainda a apicultura.
Casa do mel
É o estabelecimento destinado a receber os quadros com mel para classificação, desoperculação, centrifugação, filtragem, decantação, estocagem
e expedição do mel.
Além do mel, pode receber para extração e beneficiamento outros
produtos das abelhas como: pólen, própolis, geléia real, apitoxina e méis
compostos (mel com extrato de própolis e de plantas medicinais).
É recomendada para Associações ou Cooperativas de apicultores
atender os seus sócios de forma comunitária. O tamanho das instalações
varia de acordo com o volume de produção a ser processado durante o
ano.
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A utilização da casa do mel pelo apicultor, permite uma melhor extração e envasamento do mel, em condições de higiene e técnicas, sendo
estes dois itens fatores decisivos, para a obtenção do registro no Serviço
de Inspeção Sanitária. Para o apicultor, além de legalizar a venda de seus
produtos diretamente ao consumidor, a casa do mel é necessária, para
manter a organização da atividade, em seu devido lugar, com higiene e boa
apresentação para os compradores (consumidor).
Paredes – devem ser revestidas com materiais não absorventes e
laváveis e apresentar cor clara. O material recomendado é o azulejo de cor
clara.
Janelas – devem ser amplas para uma melhor ventilação e teladas
para impedir a entrada de abelhas vinda do apiário ou outros insetos.
As telas devem ter escape abelhas para permitir a saída das abelhas que
vierem nas melgueiras.
Procedimento para sua construção (casa do mel)
1 – Local: inicialmente escolher um terreno adequado para a construção, em área sem poluição; distante de matadouros, lixões, aterro
sanitário e estradas poeirentas etc. A área escolhida deve ter um espaço
suficiente, para a formação de um pátio para o movimento de veículos de
carga e descarga, e na possibilidade de ampliar a casa de mel no futuro.
Para maior segurança quanto ao local escolhido e construção do prédio,
procurar profissional competente (Engenheiro Civil ou Arquiteto) para
elaboração da planta do projeto.
2 – Dependências - Padrão
• Sala de recepção: destinada a receber do apiário os favos de melgueiras ou ninhos para extração.
• Sala de processamento: utilizada para a desoperculação, centrifugação, filtragem decantação, classificação, envase e rotulagem.
• Sala de expedição: local destinado a armazenagem do mel centrifugado e decantado, de onde sai para a comercialização. A sala de expedição
deve ter porta ampla para facilitar a carga do veículo.
• Sanitários e vestiários: devem ser construídos juntos à casa do mel,
mas nunca dentro da mesma.
Equipamentos necessários para colher mel
Para a casa de mel funcionar adequadamente, deve conter equipamentos e utensílios que facilitem o manejo, o beneficiamento e processamentos dos produtos apícolas. Os seus equipamentos devem ser fabricados de
aço inox AISI 304.
Vejamos os principais equipamentos e utensílios usados numa casa do
mel:
Centrífuga
Centrífuga ou extrator
de mel são máquinas que
servem para retirar o mel
dos alvéolos dos favos, podendo ser esses, reaproveitados novamente, na colméia,
aumentando a chance de
aproveitar melhor a florada e
produzir mais mel.
Existem de vários modelos e
tamanho:
• Manuais;
• Elétricas;
• Automáticas e eletrônicas;
• Faciais;
• Radiais.
Recomendações para a Casa do mel:
Pisos – devem ser de materiais resistentes a impacto, impermeáveis,
laváveis e antiderrapantes, não podendo apresentar rachaduras, e devem
ser de fácil limpeza e desinfecção.
Forros – devem ser construídos de material que não favoreça a formação de mofo, e de fácil limpeza (forro de pvc, ou tinta lavável).
Tanques decantadores
São tanques geralmente verticais ou horizontais, onde o mel centrifugado é deixado
descansar ou decantar, para separação das
impurezas por suspensão ou sedimentação
por gravidade. Neles, o mel deve ficar por
24 ou 48 horas antes de ser envasado. Os
tanques devem ser de aço inox com torneira
tipo facão para retirada ou envase diretamente
nas embalagens de consumidor. Os tamanhos
variam de acordo com os fabricantes.
Desoperculadores
São ferramentas ou máquinas para desopercular os favos,
ou remoção dos alvéolos, ou células dos favos maduros; uma
espécie de tampa ou capa de cera dos alvéolos.
São eles:
• Garfo desoperculadores;
• Facas desoperculadoras;
• Semi-automáticos;
• Automáticos.
Os garfos são os mais usados, são formados de 12 dentes e um cabo para o manejo.
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Filtros para mel
São necessários para
completar a retirada das
impurezas finas do mel.
Também conhecidos por
coadores, podem ser
simples, por gravidade ou
por pressão de uma bomba.
Mesa desoperculadora
É uma
mesa de
formato
retangular,
construída em
aço inoxidável, com
espaço correto para os
quadros e receptáculo
de tela para receber
os opérculos e deixar
escorrer o mel (separar
o mel da cera).
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Beneficiamento do mel
Quando o apicultor retira os favos de méis maduros das colméias e
os transporta para a casa do mel, deve ter o máximo de cuidado durante
o translado, evitar a contaminação dos favos com materiais indesejáveis
como terra, folhas, suor, etc.
O mel é o melhor e mais antigo adoçante usado pelo homem e o único
adoçante que contém proteínas e vitaminas. É obtido através do néctar
das flores que as abelhas coletam e transportam, para a colméia onde o
transformam, armazenam e desidratam. O mel é utilizado não apenas
como alimento, mas também terapeuticamente por suas propriedades
imunológicas, bactericidas e expectorantes.
O mel deve ser colhido quando todos os favos estiverem operculados,
indicando mel maduro com 18 a 17% de umidade.
Ao chegar a casa do mel devemos colocar as melgueiras na sala de
recepção e seguir algumas recomendações básica de higiene:
• As pessoas que irão trabalhar neste processo devem ter tomado
banho com água limpa e sabão neutro;
• Devem estar com vestimentas (jalecos ou batas) limpas;
• Cabelos e barbas cortados;
• Unhas cortadas feito assepsia e não devem estar pintadas;
• Usar gorros, luvas e máscaras cirúrgicas;
• Calçados bem limpos;
• Lavar e enxugar os equipamentos antes e após o término dos
trabalhos.
Procedimentos para extração do mel:
• Transportar algumas melgueiras para a sala de extração;
• Retirar os quadros com favos maduros e colocar na mesa desoperculadora;
• Proceder a desoperculação dos favos com os garfos;
• Colocar os quadros desoperculados na centrifuga, até completar
sua carga;
• Centrifugar os quadros até que os mesmos estejam vazios;
• Devolver os quadros vazios para as melgueiras;
• Filtrar o mel no balde no momento da captação da centrifuga;
• Filtrar o mel no momento de colocá-lo no decantador;
• Aproveitar a cera proveniente dos opérculos, pois ela tem o maior
valor comercial por ser de cor clara;
• O mel que saiu com os opérculos deve ser aproveitado para alimentar as abelhas no período seco do ano;
• Realizada a colheita do mel, devemos lavar todos os equipamentos e utensílios, guardando em seus devidos lugares, devendo
alguns (centrífuga, mesa desoperculadora e baldes) serem embrulhados com lonas plásticas de cor clara para proteger de poeira.
Outros produtos do trabalho das abelhas
Pólen
O pólen é um gameta masculino das flores. Ao ser coletado pelas
abelhas operárias, é aglutinado com o néctar e substâncias salivares, em
“pelotas” e transportados em estruturas especiais de suas patas posteriores, chamadas
de corbículas.
Sua função para a colméia é suprir as
necessidades protéicas das abelhas desde
o período larval até o final da vida adulta.
Rico em proteínas, vitaminas, carboidratos,
minerais e lipídeos, resulta em um produto
de alto valor nutritivo.
O pólen tem uma grande importância nutricional e econômica para os
apicultores, também podendo ser coletados através de coletores e passar
por processo de beneficiamento que deverão seguir o regulamento técnico
sobre condições higênico-sanitárias, orientadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil.
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Etapas do processo de produção e beneficiamento
• Instalação de apiário – local com vegetação que apresente
abundância de florada rica em pólen, como: sábia, pau-ferro, jurema preta
e etc.;
• Instalação das colméias – O apiário deve ser mantido com colméias
homogêneas para que não ocorram problemas de saque ou pilhagem, as
distribuições das colméias devem facilitar a circulação das pessoas para
retirada do pólen dos coletores;
• Preparo das colméias – O apicultor deve procurar selecionar as colméias de forma que as abelhas estejam bem alimentadas e sem nenhuma
ocorrência de doenças e pragas. As rainhas devem ser o máximo possível
selecionadas com aptidão para produção de pólen;
• Alimentação dos enxames – É necessário que o apicultor avalie a
necessidade de fornecimento de alimentação suplementar para garantir a
produção de pólen, devido o aumento da população de abelhas, da área
de cria e possível falta de florada. O alimento a ser fornecido deve ser de
baixo custo para o apicultor e de alta aceitação pelas abelhas, podendo ser
energético ou protéico, conforme a necessidade;
• Equipamentos e materiais:
a) Coletores de pólen, externos (instalados no alvado ou entre o
ninho e a melgueira) e os internos (instalados abaixo do ninho,
entre o ninho e a melgueira ou sobre todo o conjunto);
b) Bandejas, devem ser de plástico atóxico ou de aço inoxidável,
largos e rasos para que não ocorra a prensagem dos grãos por excesso de peso das camadas superiores sobre as inferiores, uma
vez que os grãos ainda apresentam umidade alta;
c) Pinça, é utilizada para separar, do pólen, partículas maiores,
como folhas, gravetos e abelhas. O material da mesma deve ser
de aço inoxidável, facilitando a sua higienização.
• Preparação dos coletores – é importante higienizar os coletores, o
que pode ser realizado da seguinte forma: lavar com detergente/sabão,
em água corrente; enxaguar; emergir em solução contendo hipoclorito de
sódio (1 colher de sopa) e água (1 litro); retirar e deixar escorrer; borrifar
álcool, para facilitar na secagem e secar bem.
• Prática de coleta – ao entrarem na colméia, as abelhas passam pela
grade do coletor, deixando cair as “pelotas” de pólen na gaveta coletora.
No final da coleta encontram-se reunidas as pelotas de grãos de pólen, que
serão removidas pelo apicultor para o beneficiamento, comercialização e
consumo (animal e humano);
• Utilização da fumaça – deve ser de forma moderada e utilizando
material vegetal para combustão no fumegador, com a finalidade de não
transferir odor desagradável ao pólen. Neste sentido, deve-se evitar direcionar o fumegar diretamente para o coletor;
• Transporte do pólen – do apiário ao local de beneficiamento deve
ser realizado em recipiente limpo e não muito alto, para evitar que as camadas inferiores sejam ameaçadas pelo peso do pólen da superfície. Não
deve receber altas temperaturas nem ser exposto diretamente aos raios
solares, em virtude da redução da qualidade pela oxidação das vitaminas.
O beneficiamento do pólen:
• Instalações – o recinto destinado a manutenção e processamento
do pólen apícola deve ser um local seco, arejado, bem iluminado, isento
de sujeiras, odores desagradáveis e fumaça, além de possuir acesso fácil
ao trânsito de veículos. Podendo ser realizada na casa do mel, em sala
que atenda as exigências da Portaria nº 368 de 4/9/1997, do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento;
• Equipamentos/utensílio – Devem ser de material não tóxico e de
fácil higienização.
• Higiene das instalações e equipamentos/utensílios – devem
estar permanentemente higienizados e em bom estado de conservação e
funcionamento. A higienização é dividida em lavagem e sanitização. Na
lavagem são utilizados água e detergente neutro e na sanitização pode ser
utilizado calor (vapor: 93ºC/5 min. Ou água quente: 77ºC/5 min.) ou agente
químico (hipoclorito de sódio e cálcio).
• Higiene e conduta pessoal – Os manipuladores devem ser treinados
quanto a higiene pessoal e manipulação higiênica do produto. O habito da
higiene é fundamental, como tomar banho antes da manipulação, manter
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cabelos e barbas aparadas protegidas por gorros, correta higienização das
mãos e antebraços, unhas aparadas e ausência de esmaltes, não praticar
atos não higiênicos (comer, cuspir, fumar, etc.);
• Fluxograma do beneficiamento – Pré-limpeza (catação manual no
campo e com pinça na sala de manipulação). Congelamento (após a prélimpeza, com o objetivo de realizar uma assepsia) em recipientes próprios
para alimento e bem fechados, descongelamento na geladeira de forma
lenta, desidratação para diminuir sua umidade em torno de 4%. Utilizar
estufa própria com circulação de ar forçada. A temperatura de 40-42ºC e o
pólen devem permanecer por 8 a 12 horas;
• Limpeza final – feita por catação manual usando pinça por aço inoxidável, com a finalidade de retirar algum resquício de própolis, abelhas, etc.;
• Envase – pode ser realizado em embalagens fracionadas (vidro ou saco plástico
atóxico) ou em tambores/latas próprias
para acondicionamento de alimentos.
Própolis
Resina produzida pelas abelhas
da espécie apis mellifera, coletadas
de diferentes partes das plantas, como
brotos, botões florais e exudatos resinosos, misturada com secreções produzidas
em seu organismo, dando origem a um
material de coloração e consistência variada,
utilizada para fechar pequenas frestas, embalsamar insetos mortos no interior da colméia e proteger contra a invasão de
insetos e microrganismos.
A importância conferida a esse produto reside no fato da própolis possuir diversas propriedades terapêuticas, tais como atividade antimicrobiana, antiflamatória, antioxidante, cicatrizante, anestésica, anticariogênico,
antitumorais e citóxicas sendo um instrumento de primeiro nível para as
indústrias de alimentos, fármacos e cosméticos.
Técnicas de produção de própolis
A rigor, não existe ainda uma técnica padrão de produção de própolis.
Cada região do País usa métodos distintos. Provavelmente isso é devido
ao pouco valor atribuído ao produto, pelo apicultor brasileiro. As mais
conhecidas são:
• Uso de tela plástica com malha entre 2 a 4 mm sobre o ninho ou
a melgueira e colocar calços entre a tela e a tampa;
• Uso de molduras sobre os ninhos e/ou melgueiras;
• Coletor de própolis tipo tampa;
• Coletor de própolis Inteligente - CPI;
• Coletor de própolis ErBa.
Aspectos básicos da produção
• Época do ano – cada região brasileira é
distinta de características, ainda não há estudos
completos identificando qual é a região com
maior aptidão para produzir própolis. O Litoral
Norte da Bahia tem condição favorável para produzir todo o ano, já nas produções do Sul do País
se tem registro de oscilações no decorre do ano;
• Associações de atividades – é possível combinar a produção de própolis com a de mel. Tem-se observado que as colméias propolisadoras são as primeiras
a encherem as melgueiras. Na produção de própolis com a
de pólen ou geléia real, os resultados deixam a desejar;
• Situação e manejo da colméia – Melhores resultados são obtidos com colméias populosas;
• Colméias e ferramentas – as colméias devem estar localizadas a
sombra, ou com uma boa cobertura que lhe proporcione sombra, sem
pintura (evitar contaminação por metais pesados), utensílios de aço inox
ou plástico atóxico.
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Processo do beneficiamento da própolis
• Limpeza – nos processos tradicionais de produção de própolis a limpeza é feita de forma manual por pessoal treinado. São retiradas todas as
impurezas visíveis tais como lascas de madeira, pedaços de cera, abelhas,
traças, folhas, pedaços de tinta e outros;
• Classificação – cada mercado exige certos padrões de classificação.
A tendência é por pedaços inteiros, sem serem amassados, com tamanhos
maiores do que 1,0 cm;
• Acondicionamento – O produto deve ser mantido no mínimo possível exposto a luz solar e ao meio ambiente. Uma vez seco, limpo e classificado, deve ser colocado em sacos plásticos bem fechados ou embalagens
plásticas e sob refrigeração (de preferência em freezers);
• Cuidados na coleta - Em todas as revisões, retirar toda a própolis
de todos os componentes da colméia. A coleta e raspagem são melhores
executadas em temperaturas mais baixas. Tomar cuidado na raspagem da
própolis em colméias pintadas. Separar logo após a raspagem da própolis
as impurezas. Não comprimir ou embolar a própolis colhida. Não submeter
a própolis ao aquecimento, nem expor ao sol partes das colméias quadros,
tampas propositadas, etc. Evitar contato com a água e outros líquidos. Não
misturar própolis das diversas partes da colméia.
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4 - Preparação do apiário para o período seco do ano
Esse trabalho é feito após o término do inverno (período chuvoso), que
na região nordeste, é normalmente em maio ou quando começa a fazer frio,
e a última colheita de mel já foi realizada.
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Limpeza do apiário
O bom apicultor deve planejar suas ações, e como tais, prática de limpeza do apiário não deve fugir da regra, e fazer parte do seu planejamento.
Na região Nordeste, por ser de característica muito quente, deve-se escolher as primeiras horas do dia para realizar esta tarefa.
O apicultor deve ter sempre cautela quando realiza trabalho no apiário
ou perto dele, para não irritar as abelhas e provocar acidentes.
O trabalho deve ser feito com mais de uma pessoa, todos usando a indumentária do apicultor, pois tornar-se mais rápido e mais seguro. Deve-se
limpar o carreiro ou estrada que dê acesso a chegada ao apiário e em toda
a sua volta, pois em caso de incêndio, quando o mato está seco, o aceiro
limpo protegerá as abelhas do fogo. Limpar também em volta das caixas
evita que os inimigos naturais tenham fácil acesso as colméias e ataquem as
abelhas.
É de muita importância que o apicultor do semi-árido realize esta prática com freqüência e atenção, pois a mesma evita diversos prejuízos como:
• Incêndio;
• Ataques de inimigos naturais;
• Enxameação;
• Tropeços em pedras, galhos e raízes;
• Acidentes diversos.
Revisão das colméias
Observar e fazer o seguinte:
1. retirar os componentes da colméia, ninho ou melgueira, não ocupados pelas abelhas, e guarda-los no depósito de materiais apícolas, protegendo os favos bons que podem ser aproveitados para a próxima safra.
2. Reduzir o alvado da colméia para melhor proteção do frio e dos
inimigos naturais das abelhas, e também evitar a pilhagem. O redutor
de alvado deve ser colocado no meio do alvado, para que o ar possa
circular pelas as laterais da caixa, protegendo a cria do ar frio.
3. Fazer as manutenções ou substituições das colméias com frestas
e buracos provocados pelo apodrecimento, ou fechá-los com barro,
pano, fita ou espuma.
4. Conforme as observações feitas durante a revisão, as colméias
fracas devem ser unidas, ou marcadas para uma maior atenção durante
o período de escassez de alimento. Estas colméias fracas devem ser
alimentadas individualmente com alimento de subsistência (xarope de
açúcar).
5. Segundo estatísticas mundiais, são perdidas anualmente 10% de
colônias de abelhas pela fome.
6. Fazer a capina ou rastelagem em baixo e arredor da colméia, para
evitar o eventual risco de incêndio e subida de alguns insetos.
7. Na região semi-árido do Nordeste Brasileiro, a grande maioria das
plantas perde as folhas no período seco, sabendo destas características, o apicultor deve se preocupar em proteger as suas colméias do sol
forte, colocando coberturas sobre as caixas, tais como: telhas de barro,
amianto, restos de tabuas, ou papelão.
8. Se o apiário estiver localizado em região muito úmida, colocar
umas folhas de jornal sobre o último componente antes da tampa para
absorver a umidade do interior da colméia, evitando assim a formação
de mofo e apodrecimento da colméia.
9. Os cavaletes ou piquetes devem receber um pincelamento de
óleo queimado, para inibir a subida de formiga, cupins e outros insetos
prejudiciais às abelhas. Os ninhos de formigas próximos ao apiário
devem ser combatidos, usando a cal virgem dentro dos formigueiros.
Prevenção contra inimigos naturais
As abelhas são vítimas de uma série de inimigos, entre eles, o maior
é sem dúvida, o próprio apicultor quando não trata as suas abelhas com
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cuidado, técnica e amor. Além do homem, existem outros inimigos naturais,
de acordo com a região e clima onde esteja localizado o apiário, podemos
citar entre os mais comuns:
Formigas – Existem em quase toda parte e causam sérios prejuízos as
abelhas. Atacam geralmente à noite quando comem mel, crias e matam
abelhas. O ataque de formigas estressa as abelhas provocando a fuga dos
enxames e desestruturando a produção do apiário.
Os métodos para proteção das colméias são:
• Colocar nos cavaletes ou piquetes onde estão as colméias; lã de
aço, espuma, graxa ou óleo queimado.
• No uso de piquetes, usar latas vazias ou garrafas pet cortada no
meio, emborcadas sobre os piquetes.
• Manter limpo ao redor do apiário, evitando a presença de paus podres, tocos, e folhagens acumuladas no solo, locais que as formigas
escolhem para fazer os seus ninhos.
• Destruir todos os formigueiros nas proximidades do apiário, colocando cal virgem ou cinzas dentro dos formigueiros, ou colocar terra
nova de outro formigueiro, dentro de outros formigueiros diferentes,
para interferir em suas organizações, e desestabilizar toda a sua
estrutura, até a morte do formigueiro.
• Colocar uma lata de querosene vazia e com a boca aberta, enterrada rente ao chão, na trilha das formigas, pois elas cairão dentro da
lata.
• Pintar os cavaletes ou piquetes: uma parte de cal, duas partes de
cinzas, três partes de água e um pouco de sal.
Traças – elas não atacam as abelhas, mas destroem os favos e a cria, o
que obriga as abelhas a abandonar a colméia. Existem dois tipos comuns de
traças: traça dos favos e traça da cera.
Desenvolvem-se melhor em clima quente e lugares escuros onde se
transformam em praga da apicultura, causando grandes prejuízos aos apicultores.
Métodos utilizados para evitar o ataque das traças no apiário:
• Evitar a proliferação de focos, não jogando pedaços de favos e cera
no apiário. Quando for fazer a revisão das colméias levar sacos de
plásticos, para colocar cera e outro para colocar sujeira das raspagens.
• Manter as colméias populosas e bem fechadas, quando os enxames
começarem a enfraquecer, reduzir o alvado, tampar frestas e retirar o
excesso de melgueiras de cima das colméias.
• Deve-se somente utilizar colméias padronizadas, com o espaço
abelha, para que as abelhas possam destruir os ovos e larvas de traças dentro da colméia.
• Não deixar no apiário ou no depósito apícola, ninhos ou melgueiras
com favos, pois os mesmos irão atrair as mariposas das traças, causando a infestação desses insetos.
• Os locais escuros e abafados são preferidos pelas traças, por isso,
guardar os quadros com cera em local claro e arejado, é a prática recomendada para evitar o ataque.
• Guardar os favos pendurados e separados um do outro (5 cm), em
lugar livre com ampla circulação de ar e luz. Proteger da umidade para
evitar a formação de mofo e o escurecimento dos favos, e também
proteger da incidência direta dos raios solares, para evitar o derretimento da cera dos favos.
Aranha – as aranhas costumam tecer teias próximas aos locais onde há
circulação de insetos. Pois os insetos (abelhas) são a sua fonte de alimento.
As abelhas acabam ficando presas nas teias e servindo de alimento para as
aranhas.
Para prevenir, destruir as teias próximas das colméias, e retirar galhos e
arbustos que possam servir de apoio para a construção das teias.
Periodicamente, deve-se escovar o fundo da colméia pelo lado de fora,
para destruir os ninhos de aranhas. O mesmo deve ser feito na parte interna
das latas ou garrafas pets que estão emborcadas sobre os piquetes, para
desmanchar os ninhos de aranhas.
Cupins – não é propriamente inimigo das abelhas, mas da colméia. Se
a madeira usada na confecção da colméia não for dura, eles destruirão a
colméia em pouco tempo.
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Eliminar os focos de cupins próximos ao apiário, pintar as colméias
externamente com tinta óleo ou impermeabilizar com parafina, querosene e
cera de abelhas. Evitar colocar as colméias diretamente no chão, na hora de
instalar o apiário.
Sapos – são comedores vorazes de insetos, principalmente abelhas,
chegando a dizimar um enxame fraco em poucos dias. Atacam as colméias
geralmente ao anoitecer, parando em frente do alvado e alcançando grande
quantidade de abelhas. Os sapos comem grande quantidade de abelhas, no
momento em que elas estão buscando água nas fontes.
A prevenção é colocar as caixas em cavaletes ou piquetes a 50 cm do
solo, para evitar o alcance da língua dos sapos no alvado onde estão as
abelhas.
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Gerenciando água e alimento
O período seco do ano é geralmente caracterizado por seis a oito meses
e são nestes meses que se deve ter preocupação com a alimentação das
abelhas. A falta de água
e alimento de qualidade prejudica a saúde
dos enxames. Abelhas
com sede e fome ficam
desnutridas e susceptíveis ao ataque de
doenças, inimigos naturais, enxameamento e
morte.
A perda de enxames
traz para o apicultor
vários prejuízos, desde
o econômico ao equilíbrio ambiental. Deve-se manter sempre água potável
e de fácil acesso para as abelhas. Também fornecer alimentação de subsistência para que as abelhas permaneçam fortes e no apiário.
5 - Criando um pomar para as abelhas
É necessário pensar na sustentabilidade do apicultor familiar, principalmente aqueles que não fazem apicultura migratória, que colhem mel
três safras por ano. Intensificar o pasto apícola nas áreas onde são estruturados os apiários é uma forma de garantir o sustento das abelhas por todo
o ano, já que muitos lugares do semi-árido brasileiro, tem um só período
chuvoso e nem sempre com boas floradas.
Indicamos colher sementes de fruto do ecossistema local (caatinga, cerrado, mata atlântica, etc.), pois eles são de espécies naturalmente adaptadas e selecionadas por milhares de anos.
Calendário apícola
As plantas da caatinga (árvores, arbustos e herbáceas) sempre estão
nos oferecendo seus frutos, eles contém diversas sementes. Parte deste
processo é realizada com a ajuda das abelhas através da polinização.
O apicultor acompanhando o trabalho das abelhas, através da sua observação, registra no calendário apícola as plantas que estão florescendo
durante os meses do ano. O calendário apícola dá ao apicultor elementos
de registro, onde se escreve o que a planta fornece para as abelhas e o que
mais as abelhas coletam da planta: néctar, pólen, resina e óleos essenciais.
Todo apicultor deve se empenhar em registrar suas observações,
mesmo que seja com ajuda de outras pessoas. A partir dos registros, podese selecionar as plantas que mais
interessam. Isto é, se o apicultor
quer se especializar na produção
mel, ele planta maior quantidade
das plantas que fornecem néctar;
se ele quer se especializar na
produção de pólen, planta maior
quantidade das plantas que
fornecem pólen e assim sucessivamente. Além disso, ele poderá
escolher organizar seu pomar para
produzir toda esta diversidade.
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Coleta de sementes
Na época que as plantas estiverem com seus frutos formados e maduros, deve-se coletá-los para obter suas sementes. Deve-se escolher as
plantas mais vigorosas, pois estaremos fazendo uma seleção que garantirá
boa germinação e boas mudas.
Será preciso termos muito cuidado e dedicação para molhar as
plantinhas e protege-las dos horários mais quentes do dia.
As plantas produzem sementes de tamanho diferentes, cada uma tem
sua característica própria. Há sementes de formatos e tamanho diversos.
A coleta poderá ser manual e com ajuda de uma tesoura se corta a base
do fruto junto ao galho.
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Produção de mudas
Para produzir mudas
de plantas da caatinga
ou do ecossistema que
vivemos, deve-se imitar a
natureza para conseguir
uma boa germinação das
sementes. Toda semente
necessita de certa temperatura e umidade adequadas para germinar.
Deve-se misturar uma
parte de estrume bem curtido com uma parte de terra boa. Se a terra for
fraca, acrescentar mais uma parte de barro vermelho.
Materiais necessários:
• Esterco de gado ou criação
ou aves;
• Água;
• Terra fértil;
• Barro vermelho;
• Sacos de 2 kg de polietileno
preto;
• Enxada;
• Pá;
• Carro de mão;
• Pá de jardineiro.
Ao fazer esta mistura, adquire-se no mercado local sacos plásticos de
polietileno preto, próprio para confecção de mudas, com capacidade para
2 kg, ou pode-se aproveitar os sacos de arroz, feijão, etc. e enche-los com a
mistura da terra, antes preparada.
Logo depois, colocar os sacos com a mistura em local protegido do sol
do meio dia e daí, pode-se plantar as sementes conforme o seu tamanho
e necessidade de cobertura, pois existem sementes que não precisam ser
cobertas com terra, mas sim com sua própria folhagem.
Exemplo disso é a Caibreira, uma espécie de Ipê Amarelo. Em caso de
dúvidas, deve-se observar a mãe natureza, pois ela ensina como melhor
manejar estas técnicas.
Em seguida, deve-se molhar bem a terra e voltar a molhar no dia
seguinte, mantendo pelos dias seguintes a terra somente úmida. Após as
sementes germinarem devem ser mantidas as plantinhas no viveiro até o
começo das novas chuvas, e plantá-las no local definitivo, perto do apiário
ou no quintal produtivo.
Para que reflorestar
A contribuição que a apicultura traz para o despertar da consciência
humana sobre as questões ambientais é de extrema importância para que
o apicultor tome iniciativa de planejar, organizar e executar práticas de
conservação, manutenção e reflorestamento do nosso habitat natural.
As pessoas que recebem formação em apicultura, tornando-se elas,
apicultores natos, e não exploradores das abelhas, preocupam-se em
conservar e reflorestar o ecossistema local, proporcionando melhores
condições de vida para os seres que nele vivem. As abelhas para fazer 1 Kg
de mel chegam a visitar 1.500.000 flores.
67
68
O Sr. Ricardo Barrense, apicultor da comunidade Baião, município de Pilão Arcado – BA, e sua
família, já plantaram em seu quintal
produtivo, cerca de 60 mudas de
umbu, sendo elas, por sementes e
estacas, todas selecionadas da comunidade. Hoje, em 2005, já conseguem
colher umbu para o consumo familiar, produção de doces, compotas,
geléias e sucos, consomem os
frutos naturais doces e deliciosos e a umbuzada, prato típico
do sertão nordestino, além de
favorecer as abelhas, flores para
coleta de néctar, no período de
maior escassez de floradas.
“Quando participamos de um curso de apicultura e no final, recebemos
um certificado, de aptidão para criar abelhas de forma racional, devemos
honrar essa nova qualificação, por ter aprendido técnicas, que nos proporciona conhecimento, para coletar das abelhas, seus produtos (mel, pólen,
própolis, geléia real, apitoxina etc.) e os transformar em capital, visando lucro.
È importante porém que nós vejamos a apicultura não só como uma
forma de sustento econômico, mas, buscar nela, os meios para interagir com
a natureza, seguindo bons princípios, como trabalhar com respeito, amor,
harmonia, solidariedade, buscar o equilíbrio, Homem X Natureza, evitando
criar situações de risco para o futuro da humanidade.
Devemos respeitar o que nos falam as Escrituras Sagradas:
Gênese – 1:29 E disse Deus ao homem: Eis que vos tenho dado
todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda
a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso
vos será para mantimento.
Gênese - 1:30 E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos
céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda
erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez.
E assim, honra este pacto com Deus, valorizando as pequenas coisas, que
juntas se tornam grande, se olharmos bem, fazem a caracterização do sistema
produtivo do agricultor familiar, pois é da natureza que ele tira seu sustento,
dela tira para cozinhar; construir cercas e cercados, para os animais, e a roça.
Frutas como umbu, na caatinga; pequi, no cerrado; palmito, na mata atlântica;
mel, samburá, própolis das colméias naturais, em ocos de pau; resina, folhas,
cascas, raízes, etc. das plantas para medicina popular; madeira, palha, argila,
água para construir e o ar puro para respirar.
O reflorestar, dentro deste contexto, de criarmos um pomar para as abelhas, nos faz refletir e interagir para além do espaço de produção, ele nos leva
a repensar sobre atos com a natureza, mãe de todos, pela presente busca da
qualidade de vida. Nós apicultores poderemos mudar tal ação, primeiro em
nossa propriedade, depois, em nossa comunidade e a seguir, em redes, interagindo com outros grupos de todo o país.”
Fernando Antônio
69
Algumas plantas da caatinga fornecedoras de néctar, pólen e resina.
Umbuzeiro
Xique-Xique
Marmeleiro
Maracujá-do-Mato
Alecrim
Cabo-de-Machado
Mimosa
Araçá
Palma
Maniçoba
Cabeça de Velho
Maria Preta
Angico-de-Bezerro
Velame
Algodáo
Faveleira
Unha de Gato
Beldroega
Jureminha
Juazeiro
Leucena
Fedegoso
Faveleira
Sorgo
Fortalecendo as colônias para o novo período de produção
É no período próximo as chuvas, que se agrava mais a alimentação para
as abelhas. Na caatinga já não há quantidade de plantas suficientes que
florescem para que as abelhas se alimentem.
Diante de tal situação, o apicultor deve procurar solução para este
impasse. A falta de alimento e de água potável é importante para evitar a
enxameação das abelhas, para isso, seguem instruções de como se pode
fortalecer as abelhas para chegar ao período das novas floradas.
72
Alimentação artificial protéica
Assim como outros animais, as abelhas têm necessidade de proteína
em sua alimentação, pois as proteínas compõem a dieta básica para a
manutenção, desenvolvimento e reprodução das colônias.
Na natureza, o pólen constitui a
Receitas de alimentação
principal fonte de proteínas, gorduras,
artificial protéica:
aminoácidos, vitaminas e sais minerais.
No período de abundância de floradas,
03 kg de mistura
as abelhas coletam, e armazenam grande
01 kg de farelo de soja (pó)
quantidade de pólen, para o consumo da
01 kg de fubá de milho
colméia.
01 kg de farinha de trigo
Como o período de escassez de alimento pode ocorrer em qualquer época
do ano, enfraquecendo as colméias pela
1000 gramas
fome e causando sérios prejuízos para as
500 g de soja texturizada (pó)
abelhas, o apicultor pode amenizar esta
200 g de fubá de milho
situação, fornecendo alimentação artifi300 g farinha de trigo
cial protéica para as suas abelhas.
Como suplemento do pólen podemos
citar:
fubá de milho, farinha de trigo (sem
800 g de mistura
fermento), farelo de arroz, farelo de soja,
400 g de farelo de soja (pó)
levedura de cerveja.
200 g de farelo de arroz (pó)
Estas misturas devem ser dadas às
200 g de fubá de milho
abelhas em alimentador coletivo, tipo
bandeja; estes devem ser colocaReceita de alimentação artificial
dos numa distância mínima de 30
de subsistência
m do apiário e na altura de 1m do
Para matar a fome das abelhas até a
chão. Como o pó, não tem cheiro e
próxima florada.
nem atração para as abelhas, esp60% de açúcar e 40% de água
alhar sobre o mesmo um pouco de
(ou açúcar cristal).
mel para atrair as abelhas, só no
Juntar o açúcar com a água morna,
primeiro dia.
mexer até dissolver bem o açúcar
Os apicultores devem procue dar às abelhas em alimentador
rar alternativos regionais como
individual, de preferência, em
suplemento do pólen, para evitar
alimentador do modelo de cobertura,
a compra de insumos caros e de
podendo ser usado o alternativo ou
origem desconhecida. Na região
tipo Boardeman.
semi-árido do nordeste existem
diversas plantas que são fontes de proteínas: algarobas, leucenas, parte
aérea da mandioca, bredos, folhas e grãos de feijão, etc.
As folhas destas plantas dadas às abelhas em forma de pó, têm surtido
efeitos positivos na manutenção e crescimento dos enxames no período
de escassez de alimento.
Receita de alimentação
Para o preparo do pó, as
artificial estimulante
folhas, devem ser colhidas e
secas à sombra, e reduzidas ao
Serve para estimular a postura da
rainha, 50 dias antes da principal
pó utilizando um liquidificador
florada.
ou pilão. O pó deve ser peneirado
50% de açúcar;
para separar as fibras das folhas,
10% de mel;
para um maior aproveitamento
40% de água;
pelas abelhas. Para atrair as abel100g
de
proteína de soja.
has deve-se colocar mel sobre o
Juntar em água morna o açúcar e
mesmo.
o mel, mexer para devolver bem e
adicionar as 100 gramas de proteína,
mexendo para misturar bem. Oferecer as abelhas em alimentador
individual de cobertura.
73
74
Alimentadores
A alimentação artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos. Cada modelo tem uma série de vantagens e desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o mais adequado para sua
realidade.
O alimentador coletivo é uma espécie de cocho colocado em cada
apiário, disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma única
vez. Esse modelo necessita de pouco manejo e é muito prático, sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colméias. Porém, apesar de mais prático, o alimentador coletivo apresenta as
seguintes desvantagens:
• Fornece alimento para enxames naturais, de apiários vizinhos, pássaros, formigas, pequenos mamíferos, etc.
• Incentiva o saque.
• Pode ser uma fonte de transmissão de doenças.
• Desfavorece os enxames fracos, já que as colônias fortes coletam mais
alimento do que as fracas.
Os alimentadores coletivos devem ser instalados a cerca de 50 m do
apiário e a uma altura aproximada de 50 cm do chão. Para proteger o
alimento de formigas, o apicultor poderá colocar uma proteção em cada
pé do suporte. Para evitar o afogamento das abelhas, esses alimentadores
devem conter flutuadores, que podem ser pedaços de folhas de isopor,
madeiras leves ou telas plásticas.
Os alimentadores individuais podem ser encontrados à venda nas
lojas especializadas, em diversos modelos, de modo a fornecer alimento
interna ou externamente, como pode ser visto a seguir. Os mais recomendados são os alimentadores internos, pois reduzem o saque.
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colméia, destina-se apenas para alimentos líquidos. Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de madeira, que
é parcialmente introduzido
no alvado da colméia. Prático,
deixa o alimento exposto
externamente, não havendo
necessidade de abrir a colméia para o abastecimento,
contudo, pode incentivar o
saque.
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa, com abertura
central, permitindo o acesso das abelhas ao alimento. No mercado, pode
ser encontrado todo em madeira ou revestido com chapa de alumínio.
Fornece alimento líquido, sólido ou pastoso, entretanto, quando o alimentador não é revestido de alumínio, para fornecer alimentos líquidos,
é necessário que se faça um banho com cera nas emendas para evitar
vazamentos. Uma desvantagem do alimentador de cobertura é a quantidade de abelhas que morrem
afogadas no alimento. Os
modelos que contêm ranhuras na madeira próxima à abertura devem ser preferidos,
pois essas ranhuras facilitam
o retorno das abelhas para a
colméia, evitando que muitas
morram afogadas.
75
Alimentador Doolitle ou
de Cocho Interno
Com as mesmas dimensões de um quadro de ninho
ou melgueira, é usado dentro
da colméia em substituição a
um dos quadros. Para evitar que as abelhas morram
afogadas no alimento líquido.
O alimentador deve ter as
laterais da superfície interior
rugosas, de forma a criar uma superfície de apoio para as abelhas.
Alimentador Reciclável
76
cautela para não derreter o cano e
quando o cano estiver um pouco
mole, achata-se o cano da metade
para a extremidade aquecida,
pressionando a extremidade do
cano com o objetivo de colar e não
poder passar nada;
4º passo: Colocar água no cano
para testar se há alguma forma de
vazamento, caso esteja vazando
levar ao fogo para aquecer e colar,
até não haver mais vazamento;
5º passo: Perfurar vários buraquinhos com a sovela na parte
achatada do cano;
É um alimentador simples,
prático e de pouco custo, seus componentes são fáceis de encontrar.
Para confeccioná-lo precisamos de:
1 garrafa pet de 500 ou 1000 ml;
30 cm de cano (água) pvc com
25 mm;
1 joelho (água) pvc com 25 mm;
1 cola pvc;
1 sovela;
1 faca.
77
6º passo: esfriar o cano, passar
cola pvc e colar no joelho.
Esta é uma forma econômica de
fabricar um alimentador barato
Modo de confeccionar
1º passo: Cortar com uma faca a
rosca do gargalo da garrafa pet;
2º passo: Colocar o joelho pvc
na boca da garrafa;
3º passo: Colocar parte do cano
pvc na chama do fogão, com
e eficiente e que todos podem
ter acesso. Encher a garrafa pet
com açúcar invertido ou simplesmente xarope de açúcar ou de
mel. As garrafas de 500 e 1000 ml
são ideais para alimentar por um
dia um enxame, favorecendo um
manejo eficiente, pois o alimento
sendo consumido em pouco
tempo, não dá tempo de fermentar e não prejudica a saúde das
abelhas.
ANEXO A
Calendário da florada das plantas da caatinga, sua importância apícola
e seus usos – Experiências dos apicultores de Casa Nova – BA
Nome das
Plantas
Meses
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Importância Apícola
Mel
Pólen
Resina
Nome das
Plantas
Aroeira
Aroeira
Angico verdadeiro
Angico verdadeiro
Angico de
Bezerro
Angico de
Bezerro
Umbuzeiro
Umbuzeiro
Umburana de
cheiro
Umburana de
cheiro
Juazeiro
Juazeiro
Jacurutú
Jacurutú
Umburuçu
Umburuçu
Arapiraca
Arapiraca
Mulatinha
Mulatinha
Marmeleiro
Marmeleiro
Quebra-faca
Quebra-faca
Catingueira
Catingueira
Alecrim
Alecrim
Jurema Preta
Jurema Preta
Jurema Vermelha
Jurema Vermelha
Baraúna
Baraúna
Violeiro
Violeiro
Outros usos
Madeira
Medicinal
Forrageiro
Comestível
Continuaçáo Anexo A
Nome das
Plantas
Meses
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Importância Apícola
Mel
Pólen
Resina
Nome das
Plantas
Angelim
Angelim
Aroeira mole
Aroeira mole
Quebradeira
Quebradeira
Feijão
Feijão
Gitirana
Gitirana
Cipó branco
Cipó branco
Capim búfalo
Capim búfalo
Feijão bravo
Feijão bravo
Velame
Velame
Orelha de onça
Orelha de onça
Cabeça branca
Cabeça branca
Outros usos
Madeira
Medicinal
Forrageiro
Comestível
ANEXO B
Raças de abelhas Apis mellifera, sua origem e distribuição das diversas
espécies no mundo.
Raça
Nome popular Distribuição
1
A.m. ibérica
Preta ibérica
Península Ibérica
2
A.m. mellifera
Preta
Europa Ocidental
3
A.m. lingustica
Italiana
Itália
4
A.m. sicula
Siciliana
Cicília
5
A.m. carniça
Carniça
Iugoslávia, Cáucaso, Áustria
9
7
8
2
5
6
23
3
10
1
6
A.m. caucasiana
Caucasiana
Cáucaso
7
A.m. lehzni
Escandinava
Noruega e Suécia
8
A.m. acervorum
Russa
Rússia Européia
9
A.m. silvarum
Siberiana
Sibéria
10
A.m. cypria
Cipriota
Ilha de Chipre
11
A.m. syriaca
Siriense
Síria, Líbano, Israel
12
A.m. adami
Cretense
Ilha de Creta
13
A.m. intermissa
Púnica
Norte África
14
A.m. lamaechii
Egípcia
Egito
15
A.m. sahariensis
Oásis do Saara Oásis do Marrocos e Algéria
18
16
A.m. andasonii
Tropical
África ocidental
19
17
A.m. scutellata
Tropical
África ocidental
18
A.m. litorea
Tropical
Costa oriental da África
19
A.m. monticola
Tropical
África oriental, acima de 2000 m
20
A.m. yemenitica
Tropical
Iêmen e Golfo de Oman
21
A.m. capensis
do Cabo
África do sul, prov. do Cabo
22
A.m. unicolor
Malgaxe
Ilha de Madagascar
23
A.m. remipes
Chinesa
China do norte
Apicultura: a caminho da cidadania / Autor: Augusto de Souza Braga. Ed. de 1998, Salvador - Bahia)
4
15
12
11
13
14
20
16
17
22
21
Referências Bibliográficas
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Fernando Gonçalves da Costa