Fernando Gonçalves da Costa Criando Abelhas no Semi-Árido Baiano Presidente da CODEVASF Luiz Carlos Everton de Farias Diretora da Área de Administração Ana Lourdes Nogueira Almeida Diretor da Área de Engenharia Clementino Souza Coelho Diretor da Área de Produção Herbert Drummond Gerente-Executivo da Área de Planejamento Alexandre Isaac Freire Superintendente Regional / 6ª SR Manoel Alcides Modesto Coelho CODEVASF Av.Comissão do Vale, s/n - Piranga Juazeiro-BA CEP 48901-900 Tel.: +55 74 3611-3155 Fax: +55 74 3611-3891 www.codevasf.gov.br Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais – SASOP Conselho Diretor: Luis de Lima Barbosa Marina Rocha Braga Maria Ubajareida Carvalho Frota dos Santos. Coordenação Executiva: Carlos Eduardo O. de Souza Leite (Coordenador Geral) Marcelo Galassi de Freitas Paranhos Silver Jonas Alves Farfán Programa de Desenvolvimento Local Semi-árido Silver Jonas Alves Farfán (Coordenador) Moisés Prado das Neves Fernando Gonçalves da Costa Márcia Maria Pereira Muniz Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais – SASOP R. Conquista, 132. Pq. Cruz Aguiar - Rio Vermelho - Salvador-Ba CEP: 41.940-610 Tel.: 71 3335-6029 e-mail: [email protected] Criando Caprinos e Ovinos no Sertão da Bahia - Cartilha de Manejo da Criação Redação: Giçara Maria Cadidé Duarte e Moisés Prado das Neves Projeto gráfico: Mauro YBarros Fotos: David Glat Ilustrações: José Maurício da Silva Vidal Escultura da capa: Edvaldo Silva Lima e Raimunda Gomes de Matos Revisão Técnica: Marcelino Sousa Lima e Élcio Rizério Carmo Revisão Ortográfica: Alda Damasceno, Alyrio Damasceno, Alice Ramalho Colaboração Técnica: Ailton Barbosa dos Santos Coordenação Executiva: Alda Damasceno Agradecimentos: FICHA CATALOGRÁFICA SERVIÇO DE ASSESSORIA A ORGANIZAÇÕES POPULARES RURAIS – SASOP. Criando caprinos e ovinos no sertão da Bahia - Cartilha de manejo da criação. Salvador/Remanso-Ba, 2005. xx p. Il. 1. Caprinos e ovinos – criação - Bahia. 2. Remanso – Ba. 3. SASOP. O texto desta publicação foi composto em ITC Bailey Sans (roman, itálico e bold), desenho tipográfico de Kevin Bailey de 1996. O miolo foi impresso em papel couché fosco matte 120g/m2 e a capa em papelão 320g com laminação fosca, pelo sistema Cameron da Gráfica Santa Helena. © Salvador, dezembro de 2005 SUMÁRIO 1 - As abelhas do gênero apis e suas histórias • História da apicultura no Brasil • A colônia e as abelhas • Indumentária do apicultor • Materiais do apicultor • Tipos e construção de colméias 2 - Estudando a vida e o manejo das abelhas • Anatomia externa da abelha e sua importância • Instalação e manejo do apiário • Captura de enxames • Revisão das colméias • Divisão de colônias • União de colônias • Produção natural de rainhas 3 - Colhendo e beneficiando os produtos das abelhas • Casa do mel • Implementos necessários • Beneficiamento do mel 4 - Preparação do apiário para o período seco do ano • Limpeza do apiário • Revisão de colméias • Prevenção contra inimigos naturais • Gerenciando água e alimento 5 - Criando um pomar para as abelhas • Calendário apícola • Coleta de sementes de espécies melíferas • Produção de mudas • Para que reflorestar • Algumas plantas melíferas da caatinga 6 - Fortalecendo as colônias para o novo período de produção • Alimentação artificial • Alimentadores 7- Anexos • Calendário apícola • Mapas Referências Bibliográficas 5 APRESENTAÇÃO A Codevasf – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – é uma empresa pública , sem fins lucrativos, que mobiliza investimentos públicos e privados para aplicação em pesquisas e novas tecnologias produtivas, estudos sócio-econômicos e ambientais, diversificação de culturas e formação de pólos agroindustriais integrados. Para promover o desenvolvimento regional e manter o equilíbrio com o meio ambiente, a Codevasf desenvolve e implementa tecnologias e infra-estruturas para racionalizar o uso da água e do solo, com fins agrícolas, agropecuários e agroindustriais. Todas as iniciativas da empresa visam a geração de emprego e renda, redução dos fluxos migratórios e dos efeitos econômicos e sociais de secas e inundações freqüentes. Buscam ainda a preservação dos recursos naturais das bacias hidrográficas dos rios São Francisco e Parnaíba. Tudo com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos habitantes dessas regiões. Para desenvolver suas atividades, a empresa conquistou importantes parceiros como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial (BIRD), o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), instituições federais, estados, municípios, organizações não-governamentais, além da própria iniciativa privada. As áreas onde a Codevasf atua também são beneficiadas com obras de infra-estrutura que oferecem as condições necessárias para o desenvolvimento de atividades produtivas. A empresa é responsável pela construção de canais, barragens, sistemas de abastecimento de água, estradas, estações de bombeamento, linhas de distribuição de eletrificação rural, cisternas, pontes e calçamento de áreas públicas. Além de investimentos na recuperação e manutenção dos perímetros públicos de irrigação. Mais do que investir no desenvolvimento dos vales do São Francisco e do Parnaíba, a Codevasf acredita na melhoria da qualidade de vida e na geração de emprego e renda para as comunidades locais. Graças a sua atuação, o semi-árido brasileiro tornou-se uma região promissora. Nos próximos anos, a empresa planeja intensificar e diversificar suas ações afim de inserir definitivamente os vales do São Francisco e do Parnaíba no processo do desenvolvimento econômico e social do país. Introdução O sub-médio São Francisco, considerando os municípios de: Campo Alegre de Lourdes, Pilão Arcado, Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Sobradinho, Juazeiro, Curaçá, Uauá e Canudos, têm identidade cultural e histórica semelhante capaz de aproximar as pessoas e suas iniciativas em torno de diversos aspectos do cotidiano. Toda essa região está no semi-árido brasileiro, no bioma caatinga, dentro da Bacia do Rio São Francisco. A partir de 1974, em função de ampliar os esforços para mudar o quadro da região, foram iniciadas várias iniciativas da sociedade organizada que através da Igreja e de organizações de apoio deram origem a formação de várias outras instituições da sociedade civil local. As ações do SASOP iniciadas em 1989 com a capacitação de apicultores em Campo Alegre de Lourdes, que por iniciativa do Sindicato dos Trabalhadores Rurais daquele município já tinham recebido apoio da SUDENE em colmeias e materiais para a criação artesanal de abelhas, mostraram um caminho acertado. Hoje, passados 16 anos, segundo um levantamento feito pelo SASOP a criação de abelhas se disseminou amplamente em alguns municípios. O número apicultores já passa de 1.000 e o número de colméias passa de 30.000. Esses dados referem-se aos municípios de Campo Alegre de Lourdes, Pilão Arcado, Remanso e Casa Nova. O convênio formalizado entre o SASOP a 6ª SR CODEVASF para realização dos projetos “Desenvolvimento da Caprino-ovinocultura na região de Juazeiro” e “Desenvolvimento da Apicultura na região de Juazeiro” dentro da forma do entendimento do Governo Federal com os Arranjos Produtivos Locais – APL’s vem apoiar essa caminhada dos movimentos populares da região. Essa nova possibilidade de ação da CODEVASF precisa ser valorizada e continuada, porque potencializa as grandes vocações naturais da região. As mudanças necessárias no quadro dessa região para diminuir os índices de pobreza passam pela discussão de propostas sustentáveis que nesse projeto baseiam-se nos princípios da agroecologia, valorizam a produção familiar, segmento que produz a maior parte dos alimentos consumidos no Brasil. 9 Pernambuco A.M. Lingustica 1895 Bahia A.M. Lingustica 1874 Rio de Janeiro A.M. Iberica 1839 São Paulo A.M. Scutellatia (Abelhas africanas) 1956 Rio Grande do Sul A.M. Lingustica (Abelhas africanas) 1870/1880 1. As abelhas do gênero apis mellifera e suas histórias História da apicultura no Brasil O início da apicultura no Brasil é marcado por muitos atores de forma polêmica, pois ninguém sabe ao certo quem introduziu a apis mellifera no Brasil. Portanto tomamos como base real desta tão disputada iniciativa a promulgação do Imperador D. Pedro II, concedendo ao Padre Antônio Pinto Carneiro, pelo espaço de 10 anos, o privilegio de importar abelhas da Europa e Costa da África, para a província do Rio de Janeiro. (Decreto número 72, de 12 de julho de 1839). O Reverendo Antônio Pinto Carneiro colocou suas abelhas no sítio da Praia Formosa, onde estabeleceu seu apiário. Das colméias instaladas, 9 morreram, porém foi tal a sua reprodução, que no mesmo ano, possuiu perto de 50 colméias e 2 anos depois, já tinha ultrapassado 200. Anos se passaram, quando em 1956, um grupo de pesquisadores (de São Paulo, Curitiba, Piracicaba, Rio Claro, Ribeirão Preto, Araraquara, Florianópolis, Taquari e Pindamonhangaba) põe o Brasil no mapa mundial das investigações científicas apícolas, constituindo-se atualmente num dos maiores grupos de cientistas especializados neste campo, em todo o mundo. Naquela época é introduzida a abelha africana para fins de cruzamentos, segregações de linhagens que aliassem suas boas propriedades, às boas propriedades das melhores linhagens italianas. Um acidente em sua manipulação provocou a enxameação de 26 colméias, que iniciaram a africanização da apicultura brasileira. Com a enxameação das 26 colméias, zangões de abelhas africanas cruzaram com rainhas italianas e outras de espécies européias. Por conta da própria natureza, os resultados foram abelhas híbridas com características de extrema agressividade, que ainda hoje caracteriza as abelhas do norte e nordeste brasileiros. Apicultores desestimulados, durante os anos de 1956 a 1970, pela marcante agressividade e instinto migratório das abelhas africanas e dos resultados de seu cruzamento natural, abandonaram a apicultura, pois não tinha instruções, técnicas e recursos financeiros necessários a contenção das africanas. Naquela época ocorreu uma considerável queda na produção de mel e cera, a ponto de levar o Brasil a ter que passar da condição de exportador, para importador do produto. 11 O incidente com a abelha africana proporcionou uma aliança entre apicultores, cientistas e governo, que unidos, a partir de 1970, foi inauguraram uma nova época na apicultura brasileira, resolvendo vários problemas. Mesmo com desafios que ainda são pesquisados como a alta agressividade das abelhas africanizadas e a falta de linhagens puras das raças no Brasil, hoje apicultores dotados de melhores técnicas de manejo, mais racionais, conseguiram superar a crise, resultando em decorrência, um desenvolvimento acentuado da apicultura em nosso País. Maiores países produtores de mel na América Latina 12 Pais Produção Mel (ton) Participação Argentina 80.000 43,04% México 55.840 30,04% Brasil 24.500 13,18% Uruguai 10.500 5,65% Chile 10.000 5,38% www.sebraemg.com.br Fonte: FOASTAT A colônia e as abelhas A abelha é um inseto social, que pertence a uma colônia ou um enxame, cuja vida é administrada por certo número de leis biológicas. A colônia é composta por uma quantidade variável de abelhas, podendo existir de 40.000 a 80.000 indivíduos, em períodos de grande atividade de uma rainha. A abelha habita o nosso planeta há mais de 40.000 anos, em perfeita harmonia com a natureza, que lhe proporciona alimento em troca da garantia da perpetuação da espécie vegetal, através da polinização. Uma colônia é constituída de três castas: A Rainha É a mãe de todas as abelhas componentes da colônia. Sua função é a de por ovos e manter o enxame unido, através do seu cheiro característico que chamamos de feromônio. Dos ovos, nascem as abelhas operárias, as novas rainhas e os zangões. A rainha surge de um ovo fecundado, depositado numa célula especial chamada realeira. A larva que surge, deste ovo, é tratada com geléia real, pelas operárias, para desenvolver o aparelho reprodutor da futura rainha que demora 16 dias para nascer. A rainha pode viver até cinco anos e é fecundada uma só vez na vida, no nono dia de existência, durante o vôo nupcial por vários zangões. Como o vôo é de vários quilômetros, só os zangões mais fortes e velozes conseguem fecundá-la. Uma rainha produtiva bota de 2.000 a 3.000 ovos por dia, nas épocas em que há bastante alimento. Essa quantidade de ovos Ciclo evolutivo de uma rainha: equivale a duas vezes o seu peso. A rainha deve ser mantida na colOvo 1 ao 3º Dias méia somente por três anos. Depois Larva 4º ao 8º Dias desse tempo ela diminui a produtiviPupa 9º ao 16º Dias dade, com conseqüente diminuição do número de operárias. Nasce aos 16 dias Vivem de 3 a 5 anos 13 14 As Operárias As operárias são abelhas com a função de buscar o néctar, o pólen, a água e a resina para o sustento da colméia. São fêmeas que não possuem o aparelho reprodutor desenvolvido. Na falta da rainha podem pôr ovos, mas desses ovos nascem somente zangões. A larva que dá origem a uma operária, depois do terceiro dia, se alimenta somente com mel, pólen e água. A tarefa das operárias é distribuída de acordo com a idade. Até o vigésimo primeiro dia ficam dentro da colméia. Do primeiro ao terceiro dia de vida, fazem a limpeza da caixa e reformam os favos onde nasceram. São chamadas faxineiras. Do quarto até o décimo quarto dia de vida, fazem o alimento para as larvas. Nessa fase da vida elas possuem dois pares de glândulas, situadas na cabeça - glândula hipofaríngeas - que produzem a geléia real. Essa geléia, necessária para as larvas com três dias de idade, é chamada de pão das abelhas ou leite das abelhas. Do décimo quarto ao décimo oitavo dias, são chamadas de engenheiras ou carpinteiras. Nesse período elas se preocupam em construir favos, à base de cera, produzida por glândulas cerígenas localizadas no abdome. Cada abelha tem quatro pares desCiclo evolutivo das operárias: sas glândulas. As abelhas engenheiras precisam de muito mel para Ovo 1 ao 3 dias produzir cera: um quilo de cera Larva 4 ao 9 dias requer até sete quilos de mel. Pupa 10 ao 21 dias Do décimo oitavo ao vigésimo dia, as abelhas são chamadas de Nasce 21 dias guardiãs. Nessa fase elas defenVivem mais 21 dias dem a família contra os inimigos, impedem a entrada de outras abelhas na colméia para roubar mel e atacam até o apicultor despreparado. Depois do vigésimo primeiro dia, elas são chamadas de campeiras até morrerem. No primeiro dia de liberdade elas fazem a revoada ao redor da colméia para conhecer o local. Daí em diante, trabalham recolhendo o néctar e o pólen das flores, resinas e água. Uma abelha vive de 38 a 40 dias, podendo, no inverno, viver mais, porque trabalha menos. O Zangão Os zangões são os machos da família. São maiores e mais pesados do que as abelhas operárias. Eles nascem do ovo não fecundado, nas células maiores chamadas zanganeiras, são dotados pela natureza de órgãos adequados para cumprir eficazmente o único dever de fecundar total ou parcialmente a rainha virgem. Possuem dois olhos compostos bem grandes, com 6 a 7 mil omatídeos (olhos compostos) cada, e antenas com mais de 30 mil cavidades olfativas, o que lhes possibilita descobrir Ciclo evolutivo dos zangões: Ovo 1 ao 3 dias Larva 4 ao 9 dias Pupa 10 ao 24 dias Nasce 24 dias Vivem mais 80 dias rainhas virgens a longas distâncias, de aproximadamente 10 km. Após a fecundação eles morrem. Na falta de alimentos, principalmente nos fins de floradas, são mortos pelas operárias, como forma de economia. 15 Indumentária do apicultor Por muito tempo, os apicultores usaram apenas como proteção para o trabalho com as abelhas um simples chapéu com mascará de filó. Após a chegada das abelhas africanas, devido a seu instinto feroz, os apicultores desenvolveram métodos de lidar com elas. 16 Desenho de uma rainha sendo fecundada por um zangão. Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas apis mellifera.. Máscara - Deve estar em perfeito estado, pois as abelhas se irritam com a nossa respiração e atacam de preferência a cabeça. È usada para fazer a máscara tecido de algodão cru e tela plástica ou arame de preferência de cor preta ou escura, pois é nessa cor que melhor enxergar. Usar tela com dimensão inferior a 4mm, devido ao tamanho das abelhas que conseguem entrar por orifícios acima de 4,8 mm, assim evitar acidentes. Como confeccionar uma máscara Material necessário: 1 Faixa-cinta de pano superior com 15 cm de altura e 1m de largura. 1 Faixa-cinta de pano inferior com 35 cm de altura e 1m de largura. 1 Faixa-visor de tela de metal ou plástico de 18 cm de altura no centro, 8 cm nas extremidades e por 1 m de comprimento. Como fazer: 1. Cortar o tecido de algodão cru nas medidas acima indicadas; 17 18 2. Não deixar de dobrar e costurar as bordas das faixas-cinta, para evitar que o tecido desfie; 3. Colocar elástico na parte superior, para prender ao chapéu e na parte inferior, colocar um cordão para amarrar na cintura do apicultor. 4. Entre as duas faixas-cinta de tecido costurar a faixa-visor de plástico ou metal, da mesma largura da faixa de pano em sentido horizontal e com 18 cm de altura no centro visual, morrendo até 8 cm para o lado oposto. Obs.: O corte oblíquo da tela do visor, mais largo na frente e mais estreito na nuca, serve para facilitar os movimentos da cabeça e do pescoço. Macacão - Deve ser confeccionado em tecido de brim grosso e de cor clara. As abelhas não gostam de cores escuras. Deve ser bem fechado. Para isso use elástico nos punhos e nas barras das pernas e para fechar use fecho de ziper ou velcro. É bom que tenha gola alta para segurar a máscara que vai dentro do macacão. Deve ter bolsos grandes para colocar o material necessário ao trabalho, como: faca, caneta, formão, barbante, fósforo e outros. Desta maneira, fica-se com as mãos livres. Faça o macacão bem solto, roupas justas atrapalham os movimentos. Luvas - Devem ser de canos longos e capazes de protegerem as mãos, pulsos e o antebraço. As luvas mais encontradas para fins apícolas são confeccionas de vaqueta ou borrachas desde que conservadas limpas, secas e pulverizadas de talco. Geralmente se encontra para comprar nas casas especializadas no ramo, ou em supermercados. Botas - A proteção para as extremidades do corpo é fundamental tanto nas mãos como nos pés. Ninguém deve se arriscar a manipular apiários com pés descalços ou com sapatos decotados. O ataque massivo das abelhas sobre as meias e/ou os próprios tornozelos é coisa certa, e o trabalho estará prejudicado desde o início. As botas devem ser de borrachas ou couro, desde que sejam flexíveis, de cor clara, de cano longo ou meio cano ajustadas às calças ou macacões. Materiais do apicultor Para o apicultor realizar um bom trabalho ele precisa de alguns instrumentos que auxiliem e facilitem o seu trabalho durante as revisões nas colméias. Fumigador (foto) - É o aparelho mais importante no trato direto com as abelhas. É indispensável na captura de enxames, visita aos apiários e, de modo especial, na manipulação das colméias. O fumigador de fole manual é o mais usado e o mais conhecido entre os apicultores. Foi inventado por Moses Quimby, em 1870, e mais tarde, aperfeiçoado por Root. O aparelho é destinado a produzir fumaça, a finalidade da fumaça é apenas para iludi-las, provocando nelas impressões de incêndio, com isso, induzi-las a engolirem todo mel que puderem, para salvar a produção numa suposta fuga. 19 20 Sufocar, estontear, ou escaldar as abelhas seria uma crueldade desnecessária. Além disso as abelhas operárias, as que mais agridem, com os papos cheios de mel, perdem a disposição para o ataque. Uma abelha com a vesícula repleta de mel dificilmente vergará seu corpo para aplicar o ferrão. Desta forma, o apicultor terá mais tranqüilidade para realizar seu trabalho. O material de combustão utilizado para fazer fumaça deve ser de origem vegetal, tais como: folhas secas de marmeleiro, sabugo de milho, palha de feijão, raspa da madeira da umburana de abelha e folha secas de outras plantas da caatinga, desde que não sejam tóxicas. O apicultor ao capturar um enxame deve aplicar fumaça antes de começar seu trabalho, basta uma fumaça adequada: lenta, fria, limpa e constante. Lenta, para não lhes atirar faíscas de fogo; fria, para não irritá-las com baforadas escaldantes; limpa, para não molesta-las com cinzas demasiadas, ou tóxicos sufocantes; constante, para não dar chance a nova investida de agressão. O Formão É a ferramenta principal e indispensável, utilizada em quase todas as manipulações. Serve para desgrudar as peças da colméia; separar e regular os caixilhos soldados pelas abelhas; raspar resinas e própolis acumuladas nas paredes, como também limpar, as pirâmides localizadas no fundo dos forros, e para desalojar as traças e os casulos. Qualquer ferreiro prepara este formão de acordo com o modelo que o apicultor apresentar. O Espanador É uma peça de grande valor na hora que o apicultor realiza uma captura de um exame nidificado ou uma revisão nas colméias, tem a função de afastar as abelhas dos favos, sem provocar danos e agressões. Muitos apicultores não dão o seu devido valor, e os substitui na hora de uma necessidade por galhos, com folhas das plantas locais. No semi-árido, deve-se lembrar aos apicultores, que parte do ano as plantas perdem a folhagem e o apicultor não terá esta alternativa na hora da precisão, portanto aconselha-se, o uso do espanador, utensílio de grande importância no manejo com as abelhas, e que todos os apicultores podem adquirir. Tipos e construção de colméias A casa das abelhas é chamada de caixa ou colméia. Existem muitos tipos de caixas, mas o tipo padrão é a modelo Langstroth ou americana, indicada pelo Ministério da Agricultura e pela Confederação Brasileira de Apicultores. As pessoas que se interessam por criar abelhas devem levar em consideração colméias fabricadas com as medidas padrão para não ter problemas ao manejar seu apiário e durante a manipulação das colônias no decorrer das revisões. As colméias são feitas de madeira e todas as suas partes são móveis. Devem ser pintadas na parte externa para aumentar sua durabilidade, geralmente com tinta óleo ou esmalte sintético, em cores claras: azul celeste, verde claro, alumínio, etc. Também é muito importante que sejam numeradas para o controle do apicultor. 21 Partes componentes de uma colméia Langstroth: X cm X cm X cm • Fundo: Comprimento Largura Altura 37,0 cm 2,0 cm 2,0 cm b) Ninho - é a caixa onde a rainha faz a postura e é armazenado o mel e o pólen para alimentação das larvas. O espaço que fica entre o fundo e ninho chama-se alvado e serve como entrada para as abelhas. • Medidas internas : Comprimento 46,5 cm Largura 37,0 cm Altura 24,0 cm X cm 22 X cm X cm X cm c) Melgueiras - Também chamado de sobre-caixa. É a caixa que fica em cima do ninho; é o local onde as abelhas armazenam o mel. • Medidas internas: Comprimento 46,5 cm Largura 37,0 cm Altura 14,5 cm OBS.: Tanto no ninho como na melgueira, deve-se fazer nas peças da frente e do fundo os encaixes para os caixilhos. Estes tëm um corte de 1,8 cm de altura por 1,0 cm de largura. d) Tampa - Serve para fechar a colméia. a) Fundo - é o assoalho da colméia. Comprimento Largura 60,0 cm 41,0 cm Sarrafos para altura do alvado • Laterais: Comprimento 51,0 cm Largura 2,0 cm Altura 2,0 cm Comprimento Largura 56,0 cm 44,0 cm • Sarrafos para as extremidades, proporcionando maior segurança. Comprimento 44,0 cm Largura 2,0 cm Altura 2,0 cm 23 e) Caixilhos ou quadros - É o lugar onde as abelhas constroem os favos. Também chamados de quadros. • Quadros do ninho: Comp. sarrafo superior 48,1 cm Largura 2,5 cm Espessura 2,0 cm Comp. sarrafo inferior 45,0 cm Largura 2,5 cm Espessura 1,0 cm • Peças laterais do quadro: Comprimento 23,1 cm Largura em cima 3,5 cm Largura em baixo 2,5 cm Espessura 1,0 cm 24 • Quadro da melgueira: Comp. sarrafo superior Largura Espessura Comp. sarrafo inferior Largura Espessura 25 48,1 cm 2,5 cm 2,0 cm 45,0 cm 2,5 cm 1,0 cm • Peças laterais do quadro: Comprimento 13,8 cm Largura em cima 3,5 cm Larguraem baixo 2,5 cm Espessura 1,0 cm Com as colméias fabricadas dentro dos padrões e medidas, o apicultor pode partir para escolher o local do apiário e ir à busca da captura dos enxames. Estudando a vida e o manejo das abelhas Anatomia externa da abelha e sua importância As abelhas são compostas de: cabeça, tórax, asas, patas ou pernas e abdômen. 26 O pólen é transformado nas patas posteriores, na parte chamada de corbícula ou cesto, coberto com pêlos que permitem a fixação dos grãos do pólen, para formar a bolota para o transporte. Cabeça É o centro sensorial da abelha, onde se localizam: • Duas antenas 1 : responsáveis pelo olfato e tato; • Três olhos simples (ocelos) 2 : localizados na parte frontal, que servem para enxergar dentro da flor, no escuro e dentro da colméia; • Três olhos compostos 3 : um de cada lado, para enxergar longe e com luz para visitação das flores; • Mandíbulas 4 : servem para abrir os alvéolos: moldar cera, coletar própolis, limpeza no interior das colméias e outros 3 serviços; 5 • Língua ou glosa : serve para sugar o néctar das flores e outros líquidos; 2 • Glândulas hipofaringeanas 6 : salivares e mandibulares, são responsáveis pela produção de geléia real e outras enzimas de 1 transformação. Tórax O tórax suporta os órgãos de locomoção das abelhas e é dividido em três partes: 4 • PROTÓRAX; 6 • MESOTÓRAX; • METATÓRAX. Asas • Dois pares dianteiros 7 e dois posteriores 8 , ligados ao mesotórax e metatórax. 5 Patas ou pernas • Três pares de patas (anterior 9 , mediano 10 e posterior 11 ) ligadas respectivamente no protórax, mesotórax e metatórax. 7 8 9 10 11 Abdômen É a última ou terceira parte da abelha que suporta os seguintes órgãos internos: • Aparelho reprodutor (Rainha e Operária: dois ovários ligados ao oviduto e a vagina e no Zangão – temos o pênis e os testículos); • Estômago do mel, vesícula melífera ou papo para transporte de néctar e água; • Ventrículo, digestão da abelha; • Pró-ventrículo, válvula para o controle e passagem do néctar para o ventrículo; • A cera é secretada através de oito glândulas cerígenas localizadas na parte inferior do abdômen, em forma de placas e em contato com o ar se solidificam, representando pequenos tijolos, usados pelas abelhas, na construção dos favos; • Sistema defensivo (ferrão); • Sistema digestivo (intestino delgado para absorção dos alimentos); • Aparelho respiratório (traquéia, etc.); • Gânglios nervosos; • Gânglios de veneno; • Glândula de Thanassof (glândula do cheiro, feromônio); • Coração; • Tubos de Malpighi; • Ampola real; • Reto e ânus; • Anéis de quitina (sete na rainha e na operária, e oito no zangão). 27 Instalação de apiário O apiário é um conjunto de colméias instaladas em local devidamente apropriado, sendo encontrado em dois tipos: • Apiário Fixo - instalado em lugar definitivo cuja produção depende do suprimento de néctar das floradas; • Apiário Migratório - cujas colméias são transferidas de acordo com as floradas da região. 28 Localização Para definir o local de um apiário é importante considerar os seguintes aspectos: Perto de fonte de néctar - pois é desse liquido precioso existente nas flores, que as abelhas dependem para produzir mel e cera. É essa fonte que determina a possível quantidade de colméias a ser instalada num apiário. As abelhas dominam bem uma área de 2 a 3 km2, quanto mais próxima, porém, a fonte, mais rápido o transporte e maior o rendimento. Próximo de água - não poluída, limpa, preferencialmente corrente e potável. Se não houver água ao natural, será preciso que se façam bebedouros coletivos em volta do apiário. Os bebedouros podem ser feitos de canos PVC partidos ao meio e fechados nas extremidades, com pedacinhos de madeiras boiando dentro, para as abelhas terem onde pousar e evitar que se afoguem. Indica-se a instalação de apiário a uma distância de 100 a 500 metros das fontes de água. Acesso fácil aos meios de transporte - esse aspecto é muito importante, muita gente não leva em conta. Devemos instalar o apiário em locais planos e secos, com trânsito livre por detrás das colméias, com carreiros bem definidos e limpos, para facilitar os movimentos e andanças do apicultor durante os trabalhos de revisão ou coleta. Direção dos ventos - o vento é prejudicial, não só pelas correntes frias ou quentes que podem penetrar pelo alvado adentro, como também é grande empecilho ao vôo normal das abelhas. Zonas descampadas fustigadas pelas ventanias, batidas com freqüência pela poeira, não servem para apiários. Fatigam as operárias, exigindo delas demasiado esforço. Segurança dos transeuntes - deve-se ao instalar um apiário ter cuidado para não colocar as colméias próximas a casas, estradas, currais, chiqueiros e aviários. Manter uma distancia mínima de 500 metros. Resguardar ao máximo a segurança de pessoas e animais. Número de colméias - deve ser proporcional à capacidade aquisitiva do apicultor; ter abundantes recursos de flores numa área de 2 a 3 quilômetros ou se estiver sobrecarregado por outros apiários, deve-se respeitar diminuindo o número de colméias, que poderá crescer com a posterior melhoria da pastagem apícola. Geralmente, em nossa região semi-árida se indica instalar apiários com 20 a 30 colméias, para facilita o trabalho do apicultor e controlar a agressividade das abelhas africanizadas. Disposição das colméias - As colméias poderão ser colocadas sobre estrados ou cavaletes (para protegê-las contra a umidade, formiga, sapo, tatu, etc.), a uma altura de 60 cm do chão e a uma distância de 4 m uma das outras. Na região semi-árida, por se caracterizar muito quente, devese preocupar em proteger as colméias do sol quente do meio dia, pois a temperatura interna de uma colméia deve ser de 30 a 36 graus centígrados. Colocar as colméias sob as copas das árvores alivia bastante as abelhas e o apicultor do causticante calor solar. Quando a temperatura interna da 29 colméia se eleva acima dos 36 graus, as abelhas trazem bastante água para dentro e abanam as asas constantemente fazendo correntes de ar para refrigerar a colméia. Quando a temperatura desce abaixo dos 30 graus, elas se aglomeram no meio da colméia e comem mel para produzir calor e proteger as suas irmãs que estão para nascer. 30 Manejo do apiário Os apiários são considerados as cidades das abelhas, por isso, deveremos ter bastante cuidado com seu manejo. Recomendamos cercar o apiário, para evitar a penetração de animais, que venham por um motivo ou outro, derrubar alguma colméia. As colméias deverão ser instaladas sobre cavaletes ou estacas com 60 cm acima do chão. Pregadas sobre as estacas, devem ser colocadas garrafas plásticas de refrigerante de 2 l cortadas e emborcadas, para combater o ataque das formigas e cupins. O apiário deverá ser capinado cinco vezes ao ano, principalmente nas épocas: do início, meio e fim do período chuvoso, mais duas vezes como manutenção na época seca. Para isso, o apicultor deverá vestir seu uniforme e nunca esquecer de dar no mínimo três baforadas de fumaça, nos alvados das colméias, induzindo as abelhas a comerem mel, enquanto faz ele o serviço de limpeza. A capina não deve simplesmente concentrar-se na parte de trás, lados e frente das colméias, mas também observar o campo de pouso das abelhas, ou seja, principalmente em frente as colméias, retirando algum galho ou ramo de plantas que impeça o translado dessas amigas. È importante lembrar de trabalhar sempre como o mínimo de duas pessoas. Uma para controlar a fumaça e a outra para realizar a parte da limpeza. A distri- buição de tarefas, também é uma estratégia de prevenção contra acidentes e isto é fundamental para o bom desenvolvimento do manejo. A disposição das colméias dependerá do espaço geográfico onde será instalado o apiário. Essa observação é fundamental para se encontrar a melhor forma de distribuir as colméias. No caso da caatinga, onde a vegetação é caducifólia, ou seja, perdem as folhas durante 6 meses do ano, deve-se distribuir as colméias mais próximas das árvores, para obter sombra e distante uma das outra 4 m para evitar a pilhagem na hora das revisões. Captura de enxames Após todo o processo anterior, segue-se para o contato direto com as estimadas amigas abelhas. Muitos buscam fórmulas determinadas para proceder a captura de enxames, mas o melhor caminho é observar em diversas situações os princípios técnicos adequados que orientam o procedimento do apicultor. Captura de enxames com caixas iscas Espalhar pelo pasto apícola alguns núcleos de captura ou colméias, com cera alveolada, denominados caixas isca. As abelhas enxameadas voam em busca de um novo alojamento para a colônia. Elas mantêm-se unidas em vôo por causa da secreção da glândula Nasonov, até encontrarem um novo abrigo. O cheiro da cera alveolada atrai as abelhas que invadem e se fixam nas caixas iscas. 31 Apicultores realizando uma captura, com enxame não nidificado 32 Captura de enxame não nidificado São enxames que em busca de um lugar para se alojar, geralmente, durante a enxameação pousam em galhos de árvore. Estas abelhas 10 dias antes da enxameagem começam a ingerir certa quantidade de mel, que vai aumentando até à hora de partirem para o novo alojamento. Este mel destina-se à própria alimentação durante o vôo de enxameação, como também, à construção dos favos na nova moradia. Com o papo cheio de mel, as abelhas ficam dóceis, não são agressivas. Munido de um ninho ou um núcleo de captura, com cera alveolada, o apicultor aproxima-se do enxame, coloca o ninho ou o núcleo, sem a tampa, por baixo do enxame. Para segurança e êxito da captura, devem ser retirados dois ou três quadros, para facilitar a entrada das abelhas. Recomenda-se que este trabalho deva ser feito por dois apicultores, alguns apicultores mais experientes não costumam, neste caso, colocar fumaça, mas para aqueles que estão iniciando, recomenda-se utilizar o fumigador dando algumas baforadas de fumaça, sempre que iniciar um trabalho com abelhas do gênero apis. Tudo preparado, sacode-se com firmeza o galho onde o enxame está pousado, obrigando as abelhas a cair dentro do núcleo ou ninho. Seguidamente coloca-se a tampa, reduz-se o alvado com um redutor, deixando o núcleo ou o ninho nesse lugar por algum tempo, para que todas as abelhas entrem na nova moradia. Algumas operárias ficarão na entrada, batendo as asas, com o abdômen levantado. Estão indicando às abelhas que ainda estão fora, o acesso ao novo alojamento. De noitinha, fecha-se o alvado e leva-se o enxame para o apiário. Para este tipo de captura, apicultores experientes não costumam usar o fumigador, porque, geralmente, as abelhas estão com o papo cheio de mel, num estado de docilidade. 33 34 Captura de enxames nidificados É comum as abelhas se arrancharem em locais diversos que lhe proporcionem segurança e bem estar. Geralmente, são encontradas em ocos de troncos de árvores, buracos nas rochas, pequenas cavernas, furnas, cupinzeiros abandonados ou não e outros abrigos. O apicultor que se preza, sempre que se destina a realizar uma captura prepara seus instrumentos de trabalho um dia antes da sua atividade. Deve fazê-lo sempre com: Macacão limpo, chapéu, máscara, luvas e botas, levar o fumigador, de preferência, acompanhado do melhor material de combustão possível, fósforo, formão, faca, facão ou machado, balde ou bacia, pano limpo, vasilha com água limpa, borrachinhas do tipo usadas para amarrar dinheiro ou barbante, um ninho, “gaiola de captura” de rainha ou caixa de fósforo seca, concha ou cabaça. Partindo para a captura das abelhas, devemos fazer com bastante atenção um reconhecimento da situação do enxame e traçar um plano para capturá-las. O apicultor antes de tudo deve estar vestido com suas indumentárias e acompanhado dos seus instrumentos apícolas para que o trabalho seja rápido e tranqüilo. Em seguida deve lançar uma baforada de fumaça, duas ou três vezes, para obrigar as abelhas a encherem o papo de mel. Dependendo da situação, o apicultor pode precisar de um facão ou até um machado, para alargar o acesso ao enxame. Após alguns minutos de espera, munido de uma faca, o apicultor passa a cortar os primeiros favos pela parte superior. Estes favos, geralmente, são reservas de mel para o sustento da família. Estes favos serão colhidos e guardados nas bacias ou baldes, sempre cobertos com pano, podendo ser consumido em casa, nunca no local da captura. Feito isso, ele começa a cortar os favos com cria que estarão na parte central da colméia, fixando os favos naturais com borrachinhas, lembrando que deverá fixá-los no mesmo sentido, sem inverter a posição original, para não matar as abelhinhas que irão nascer. Seguindo estas instruções deverá colocar os quadros no meio da colméia de madeira, imitando a colméia original, reservando a parte dos lados com quadros com laminas de cera alveolada. Este trabalho deve ser realizado em dupla ou com mais pessoas, lembrando que deverão trabalhar com calma e tranqüilidade. De quando em quando, usar um pouco de fumaça. Retirando todos os favos, dar-se-á início à transferência de todas as abelhas. Usando uma concha ou uma cabaça do mesmo tamanho, transferem-se delicadamente as abelhas para a colméia Langstroth. Durante este momento, deverão estar atentos para não machucar a rainha que pode vir junto com as abelhas operárias. ATENÇÃO: Estar atento durante todo o processo de captura é fundamental para identificar a rainha, que durante esse momento, sempre anda por todo lugar. Caso identifique a rainha, retirar as luvas e com agilidade capturá-la pelo tórax, nunca pressionando o abdome, o que pode vir a machucá-la, provocando sua morte. Capturada a rainha, prendê-la numa “gaiola de captura”, ou na caixa de fósforos seca e deixar uma abertura de 4 mm para ela respirar e ser alimentada pelas abelhas nutrizes. Logo depois, colocar a rainha dentro da colméia de madeira modelo Langstroth. 35 Quando as abelhas percebem que a rainha se encontra dentro da colméia, elas passam a informar às companheiras que a rainha entrou no novo alojamento. Para essa comunicação, as abelhas levantam o abdome, com forte batimento das asas, fazendo funcionar a glândula Nasonov, chamando as companheiras ainda dispersas. Seguindo este procedimento, o apicultor deve tampar a colméia Langstroth e colocá-la com o alvado na mesma posição da entrada e saída da colméia original, não esquecendo de diminuir o alvado para evitar algum ataque de inimigos naturais, sapo, formiga, tatu, etc. Passado uma noite, o apicultor pode no final do dia seguinte, transportá-la para o seu apiário. A colméia no local definitivo passará a ser observada pelo apicultor que acompanhará sua adaptação à nova morada. 36 Revisão das colméias Concluída a etapa de povoamento das colméias, deve-se visitar periodicamente o apiário procurando observar o desenvolvimento das colméias. A atenção inicialmente, deve estar voltada para o que esta ocorrendo fora das colméias, e em seguida, decide-se pela prática da revisão. Geralmente, com a lida do dia-a-dia, o apicultor passa a entender o comportamento das abelhas, e daí, passa a tomar as providências necessárias para o bom desenvolvimento do apiário. A seguir, algumas situações. - Se as abelhas estão aglomeradas na frente da colméia ou em grande quantidade, penduradas no alvado, ou embaixo no fundo da caixa, em forma de barba, em grande movimentação, é sinal de: • Falta de espaço, colméia populosa e congestionada; • Excesso de calor e falta de ventilação; • Colméia com muito mel armazenado; • Tendência a enxamear. O que fazer nessa situação: • Acrescentar mais componente à colméia (ninho ou melgueira); • Colocar cobertura nas colméias para evitar o sol forte do meio-dia, abrir o alvado e não deixar faltar espaço; • Verifique o peso da colméia, levantando-a pela parte traseira e avaliar a existência de mel; • Revise a colméia, se julgar necessário, destruir as realeiras em formação, ampliar o espaço com mais componentes ou, se desejar, fazer uma divisão para aumentar o número de colméias do apiário. - Se as abelhas estão agressivas, em luta e se lambendo é quase certo tratar-se de pilhagem, causada por algum acidente, principalmente em período de pouca florada. A pilhagem é o roubo de mel praticado por abelhas vindas de outras colméias. Para evitar este problema, não abra as colméias em época de pouca florada e não deixe restos de mel espalhado no apiário. - Se for intenso o movimento de abelhas carregadas entrando na colméia, é sinal de boa florada, e de abundância de alimento nas proximidades do apiário. - Se no alvado estiver pouco ou quase nenhum movimento em época de boa florada, provavelmente trata-se de uma colméia órfã, ou família recém-enxameada, ou atacada por alguma doença. - Se verificar restos de abelhas, cera e sujeira no alvado trata-se de uma anormalidade causada por alguma enfermidade, ou presença de traças, formigas, 37 38 etc. Fazer uma revisão para comprovar a causa da anormalidade e tomar as providências necessárias para resolver o problema. As abelhas possuem os órgãos dos sentidos muito desenvolvidos, percebem e sentem tudo o que se passa ao seu redor. Por isso, a imprudência e a falta de cuidados são inimigas das boas práticas apícolas. Para iniciar qualquer tipo de trabalho com as abelhas, siga as seguintes recomendações técnicas: • Se vista com macacão, máscara, luvas e botas meio cano, e sempre acompanhado de um ajudante também protegido. • Acenda o fumigador com um bom material combustível (cepilho de madeira branca, sabugo de milho triturado, cupim de galinha, folha seca de marmeleiro, pau em decomposição, borra de cera de abelhas), dispor de um formão de apicultor e um espanador de abelhas; • Levar um caderno e lápis para anotações, e um saco de plástico para recolher a própolis, e outro saco para recolher sujeira ou pedaços de cera das colméias. Cuidados que se deve tomar ao abrir uma colméia: • Aproximar-se da colméia por trás e em silêncio, sem fazer movimentos bruscos; • Dirigir algumas baforadas de fumaça no alvado e esperar um minuto para que as abelhas sintam o seu efeito. • Utilizando o formão de apicultor, descolar cuidadosamente a tampa da colméia, sempre aplicando leves baforadas de fumaça sobre os quadros e não no interior da caixa, para manter as abelhas na parte inferior. • Com a colméia destampada, iniciar a retirada de um ou dois quadros dos lados da colméia, utilizando para isto o formão, para abrir espaço e facilitar a revisão dos outros quadros do centro da caixa. Examinar todos os favos, observando: • Condições da rainha, levando em conta a reprodução; • Reserva de alimentos (mel e pólen); • Condições dos favos (velhos, mofados, tortos, etc.); • Presença de alvéolos de zangão em excesso, em caso positivo destruílos; • Presença de realeiras, se encontrar destruí-las, para evitar enxameação; OBS. A rainha não faz postura em favos velhos, por isso devem ser substituídos por quadros com lâminas de cera alveolada, ou favos puxados. No momento da revisão, o ajudante deve manter o fluxo suave de fumaça, para manter o controle das abelhas, pois o excesso de fumaça irrita tanto as abelhas quanto o aplicador. A fumaça provoca nas abelhas a falsa impressão de um incêndio na colméia, fazendo com que elas comam bastante mel, prevendo um possível abandono da colméia. Com os papos cheios de mel, as abelhas terão dificuldade para se defender e ferroar os apicultores visitantes, assim como, realizar uma pilhagem nas colméias abertas em fase de revisão. O tempo de revisão deve ser o mínimo possível, sem movimentos bruscos, e deve durar de três a cinco minutos por colméia. Quando terminar a revisão, dar algumas baforadas de fumaça na parte superior do ninho ou melgueiras para afastar as abelhas e assim permitir a recolocação da tampa sem esmagar as abelhas. Terminada a revisão, se houver algum indicio de pilhagem, reduza o espaço do alvado, para abrir mais tarde, com as abelhas já calmas. Na hora da revisão das colméias são encontradas algumas dificuldades, tais como: • Calafetação por própolis – as abelhas costumam vedar os espaços menores da colméia com própolis. Neste caso, os quadros são soldados nos rebaixos das testeiras das caixas, dificultando a sua retirada. Isso também, acontece com a tampa e o apicultor deve ter muito cuidado no momento da descolagem. 39 As abelhas necessitam de cuidados freqüentes: 1. O desenvolvimento das colméias deve ser acompanhado através de visitas constantes ao apiário. Ele será satisfatório, na medida em que é traduzido no aumento do enxame e da atividade produtiva. 2. Sendo a estação de boa florada e a rainha estando em pleno vigor produtivo, deve-se estar atento, porque em pouco tempo o ninho se encontrará congestionado de abelhas e mel, necessitando de mais espaço para o desenvolvimento do enxame e estocagem de alimento. 40 • Construção de favos defeituosos – isso acontece devido a uma falsa economia do apicultor, que prefere usar tiras de cera nos quadros, quando o correto é usar a lâmina completa. • Agressividade das abelhas – este é um problema que pode ocorrer no momento da revisão, e tem sempre como causa a imprudência do apicultor, que provoca abalos, pancadas, estalidos, trepidações e até cheiro desagradável. Portanto, proceder com delicadeza na manipulação das colméias, usando a fumaça fria e de material não tóxico. • Material fora da medida padrão – ter o cuidado de adquirir material nas medidas padrão para o seu apiário, e assim evitar surpresas desagradáveis no momento de substituição de algumas peças, ou troca de componentes das colméias. • Quebra de favos – a quebra de favos se dá por falta de arame reforço nos quadros, principalmente do ninho, e nas melgueiras no momento da centrifugação. Ao manusear um quadro com mel ou cria para examiná-lo, deve-se girá-lo no sentido horizontal para observar os dois lados. • Construção de favos na tampa da colméia – essa ocorrência dificulta bastante o trabalho na colméia, além de provocar a morte de milhares de abelhas, por afogamento no mel derramado, que é um atrativo para o desencadeamento de uma pilhagem. Isso ocorre devido o excesso de espaço entre os quadros, ou por omissão do apicultor. Obs.: Se não for oferecido para as abelhas mais espaço, elas puxarão realeiras, e enxamearão enfraquecendo o enxame, e, conseqüentemente, prejudicando a produção de mel. 3. A temperatura interna tem grande influência no desenvolvimento das crias, portanto, muita atenção para o controle da temperatura externa e interna das colméias. Temperatura acima de 37 graus provoca a morte das crias. 4. O uso da tela excluidora pelo apicultor com o objetivo único de evitar a postura na melgueira, pode ocasionar prejuízos para a colméia. Isso porque, as abelhas operárias sem o comando de sua mestra, e por falta de espaço para a postura, passam a construir realeiras para enxamearem; e isso acontecendo, a colméia enfraquecerá. 5. A substituição dos quadros com favos velhos do ninho, por quadros com cera alveolada ou favos puxados, deve ser uma prática costumeira, pois os seus alvéolos já se encontram pequenos, sendo rejeitados pela rainha no momento da postura, e estimulando a postura na melgueira, prejudicando a produção de mel. Divisão de colônias Esta técnica é feita nos apiários onde o apicultor quer aumentar o número de enxames. A prática 41 de divisão de colméias, só deve ser realizada em condições climáticas e florais apropriadas, não sendo recomendável a divisão em dias frios, chuvosos e em períodos de pouca florada. A divisão de enxames não deve ser feita no período de pico de produção, porque vai diminuir a quantidade de mel produzida no apiário. Situações que justificam a divisão dos enxames: • Quando as colméias estão com bastante cria, muito populosas e com tendência a enxamear. • Quando as condições climáticas forem favoráveis, dia ensolarado, podendo estar nublado, mas com a umidade do ar abaixo de 70% (para que o mel não absorva água do ar e não entre em processo de fermentação, assim como, não interfira no processo de geração e desenvolvimento das crias) e a vegetação estiver com florada suficiente para o desenvolvimento dos enxames. 42 Como fazer a divisáo 1 – Escolher famílias fortes mais populosas para a divisão. 2 – Colocar fumaça e retirar a colméia populosa do cavalete ou estacote e levar para uma distância de 1,5 m, para facilitar a divisão, e colocar em seu lugar uma caixa vazia. 3 – Retirar da colméia que vai ser dividida e colocar na colméia vazia o seguinte: • Favos com ovos, larvas e as abelhas que estão aderidas; • Favos com cria madura, prestes a nascer; • Metade dos favos com mel e pólen; • Um favo com realeira, se houver; • Completar o restante do espaço, com quadros con- tendo lâminas de cera alveolada. Obs.: As abelhas campeiras que retornam do campo entram na nova colméia, onde irão desenvolver suas tarefas normalmente. Como a nova colméia não tem rainha, as abelhas cuidarão de formar uma rainha, mas se logo após divisão se introduzir uma rainha, o enxame se recupera mais rápido. A colméia do enxame que foi divido deve ser levada para uma distância de no mínimo de 5m da nova, para evitar o retorno das abelhas campeiras, atraídas pelo cheiro da rainha mãe. A colméia populosa que foi dividida fica com: • Favos com cria madura; • As abelhas novas; • Metade dos favos com mel; • Favos com pólen; • A rainha; • Quadros contendo cera alveolada. Esses quadros devem ser distribuídos na parte lateral da colméia, para que as crias fiquem no centro da caixa; o alvado deve ser reduzido de acordo com o desenvolvimento do enxame. 4 – A primeira melgueira da nova colméia só deve ser colocada quando todos os quadros do ninho estiverem completos. União de colônias Para que haja uma boa produção de mel no apiário, necessita-se de colméias populosas com grande número de campeiras. A experiência prática no dia-a-dia do apiário, tem mostrado que, as famílias fracas são as que menos resistem ao período de escassez de alimento e as que mais demoram a produzir no período de abundância de floradas. Para corrigir este desequilíbrio populacional e na produção do apiário, é recomendável a união dos enxames fracos para formar uma família forte. Mas deve-se certificar de que o enfraquecimento não ocorreu devido a doenças. 43 Técnicas usadas para a união de enxames fracos: 44 • Método da folha de jornal Consiste na colocação de duas folhas de jornal pinceladas com mel nos dois lados, e colocadas entre as colméias a serem unidas. 1 – colocar as colméias a serem unidas uma próxima da outra, e identificar a melhor rainha. A melhor rainha é aquela da colméia que apresenta maior quantidade de ovos e mais larvas; 2 – orfanar a colméia com a pior rainha; 3 – retirar a tampa da colméia com a rainha e colocar no lugar da tampa duas folhas de jornal besuntadas com mel; 4 – retirar o fundo da colméia sem rainha e colocar a colméia sem o fundo sobre as folhas de jornal besuntadas com o mel; 5 – reduzir o alvado da colméia unida; 6 – alguns dias depois unir as abelhas em única colméia, escolhendo os melhores favos. Os restantes dos favos descartados devem ser derretidos. Obs.: as abelhas das duas colméias vão roendo o jornal até que se encontrem, quando então se unem sem brigas. As abelhas não podem ser unidas diretamente, porque cada enxame tem cheiro próprio, o que causaria briga entre as duas colméias. • Método de união pela a intercalação de quadros É uma prática para unir duas famílias próximas uma da outra, na mesma fileira do apiário: 1 – fazer a revisão das duas colméias que vão ser unidas, escolhendo a melhor rainha. Se a outra rainha for também boa, deve ser guardada no banco de rainhas; 2 – colocar uma caixa vazia, sem quadros, no meio das duas que vão ser unidas; 3 – colocar fumaça nas duas colméias e remover as tampas; 4 – pulverizar com xarope cada quadro, e transferir intercalando até completar a nova caixa com os melhores favos; 5 – os favos velhos, pretos, mofados, com traças e defeituosos não devem ser transferidos. Se necessário for, complete com cera alveolada; 6 – recolocar a tampa e fazer a redução do alvado; 7 – alimentar o novo enxame nas primeiras semanas após a união, na falta de floradas. Obs.: O xarope de ser feito com açúcar e ervas aromáticas (cidreira, hortelã, laranja, mulatinha, capim santo, alecrim, etc.) para confundir o cheiro das abelhas. Não e recomendável o uso do mel no preparo do xarope, porque ele estimula a pilhagem. A união de famílias deve ser feita ao anoitecer para evitar a pilhagem. Produção natural de rainhas O objetivo da troca de rainha é o melhoramento genético, para produção de mel, própolis, geléia real, ou abelhas mansas. Também o nascimento de uma nova rainha, para uma maior postura, pois as rainhas jovens são mais produtivas. A rainha é a responsável pela a manutenção populacional de uma colônia e a união de todas as abelhas dentro da colméia, através da liberação do feromônio. Dependendo da abundância de florada na natureza e do potencial genético ela pode atingir uma taxa de postura de até 3.000 ovos/dia. A abelha rainha pode viver até 5 anos, mas a medida que ela vai envelhecendo diminui a capacidade de postura e também a produção de feromônio. Nascendo menos abelhas, o enxame enfraquece, diminuindo a produção. E quando há diminuição do feromônio, as abelhas providenciam a formação de uma nova rainha, através da enxameação, quando a rainha velha enxameia levando grande quantidade de abelhas campeiras. 45 46 Para manter as colméias populosas e com uma boa produção de mel, ou pólen, o apicultor pode interferir nas suas colméias produzindo e trocando suas rainhas anualmente, ou pelo menos, a cada dois anos. A técnica mais simples que está ao alcance do apicultor é a puxada natural. Método natural 1 – selecionar uma colméia matriz: mansa e produtiva; Retirar 03 quadros com crias maduras, a rainha e abelhas e colocar em um núcleo formando uma nova família. Levar o núcleo com os favos e as abelhas para um local distante. O núcleo deve ser protegido por tela para evitar a fuga das abelhas. A colméia orfanada precisa ser alimentada com xarope (colocando um frasco com xarope dentro de uma melgueira vazia sobre a colméia). 2 – Depois de 8 dias, fazer uma revisão na colméia orfanada, verificar o número de realeiras e fazer uma seleção escolhendo as maiores. 3 – No 9º dia, retirar as rainhas das colméias, onde irá nascer a nova rainha (colméia com baixa produção). Estas colméias devem ser escolhidas de acordo com o número de realeiras selecionadas. Se foram selecionadas doze realeiras, só pode orfanar 11 colméias, porque uma ficará na caixa matriz. 4 – No 10º dia, distribuir as realeiras nas colméias orfanadas, protegidas no protetor espiral west, para evitar a destruição por alguma abelha revoltada. Distribuir ou enxertar as realeiras no centro do quadro com crias novas. 5 – No 15º dia, após a enxertia das realeiras, revisar as caixas e verificar se as rainhas já iniciaram a postura. 47 3. Colhendo e beneficiando os produtos das abelhas Quando o apicultor chega ao momento de coletar mel e vê este liquido precioso sendo processado num local e por equipamentos adequados, lhe dá muita alegria e satisfação. Chega a esboçar um sorriso que contagia aqueles que não conhecem ainda a apicultura. Casa do mel É o estabelecimento destinado a receber os quadros com mel para classificação, desoperculação, centrifugação, filtragem, decantação, estocagem e expedição do mel. Além do mel, pode receber para extração e beneficiamento outros produtos das abelhas como: pólen, própolis, geléia real, apitoxina e méis compostos (mel com extrato de própolis e de plantas medicinais). É recomendada para Associações ou Cooperativas de apicultores atender os seus sócios de forma comunitária. O tamanho das instalações varia de acordo com o volume de produção a ser processado durante o ano. 48 A utilização da casa do mel pelo apicultor, permite uma melhor extração e envasamento do mel, em condições de higiene e técnicas, sendo estes dois itens fatores decisivos, para a obtenção do registro no Serviço de Inspeção Sanitária. Para o apicultor, além de legalizar a venda de seus produtos diretamente ao consumidor, a casa do mel é necessária, para manter a organização da atividade, em seu devido lugar, com higiene e boa apresentação para os compradores (consumidor). Paredes – devem ser revestidas com materiais não absorventes e laváveis e apresentar cor clara. O material recomendado é o azulejo de cor clara. Janelas – devem ser amplas para uma melhor ventilação e teladas para impedir a entrada de abelhas vinda do apiário ou outros insetos. As telas devem ter escape abelhas para permitir a saída das abelhas que vierem nas melgueiras. Procedimento para sua construção (casa do mel) 1 – Local: inicialmente escolher um terreno adequado para a construção, em área sem poluição; distante de matadouros, lixões, aterro sanitário e estradas poeirentas etc. A área escolhida deve ter um espaço suficiente, para a formação de um pátio para o movimento de veículos de carga e descarga, e na possibilidade de ampliar a casa de mel no futuro. Para maior segurança quanto ao local escolhido e construção do prédio, procurar profissional competente (Engenheiro Civil ou Arquiteto) para elaboração da planta do projeto. 2 – Dependências - Padrão • Sala de recepção: destinada a receber do apiário os favos de melgueiras ou ninhos para extração. • Sala de processamento: utilizada para a desoperculação, centrifugação, filtragem decantação, classificação, envase e rotulagem. • Sala de expedição: local destinado a armazenagem do mel centrifugado e decantado, de onde sai para a comercialização. A sala de expedição deve ter porta ampla para facilitar a carga do veículo. • Sanitários e vestiários: devem ser construídos juntos à casa do mel, mas nunca dentro da mesma. Equipamentos necessários para colher mel Para a casa de mel funcionar adequadamente, deve conter equipamentos e utensílios que facilitem o manejo, o beneficiamento e processamentos dos produtos apícolas. Os seus equipamentos devem ser fabricados de aço inox AISI 304. Vejamos os principais equipamentos e utensílios usados numa casa do mel: Centrífuga Centrífuga ou extrator de mel são máquinas que servem para retirar o mel dos alvéolos dos favos, podendo ser esses, reaproveitados novamente, na colméia, aumentando a chance de aproveitar melhor a florada e produzir mais mel. Existem de vários modelos e tamanho: • Manuais; • Elétricas; • Automáticas e eletrônicas; • Faciais; • Radiais. Recomendações para a Casa do mel: Pisos – devem ser de materiais resistentes a impacto, impermeáveis, laváveis e antiderrapantes, não podendo apresentar rachaduras, e devem ser de fácil limpeza e desinfecção. Forros – devem ser construídos de material que não favoreça a formação de mofo, e de fácil limpeza (forro de pvc, ou tinta lavável). Tanques decantadores São tanques geralmente verticais ou horizontais, onde o mel centrifugado é deixado descansar ou decantar, para separação das impurezas por suspensão ou sedimentação por gravidade. Neles, o mel deve ficar por 24 ou 48 horas antes de ser envasado. Os tanques devem ser de aço inox com torneira tipo facão para retirada ou envase diretamente nas embalagens de consumidor. Os tamanhos variam de acordo com os fabricantes. Desoperculadores São ferramentas ou máquinas para desopercular os favos, ou remoção dos alvéolos, ou células dos favos maduros; uma espécie de tampa ou capa de cera dos alvéolos. São eles: • Garfo desoperculadores; • Facas desoperculadoras; • Semi-automáticos; • Automáticos. Os garfos são os mais usados, são formados de 12 dentes e um cabo para o manejo. 50 51 Filtros para mel São necessários para completar a retirada das impurezas finas do mel. Também conhecidos por coadores, podem ser simples, por gravidade ou por pressão de uma bomba. Mesa desoperculadora É uma mesa de formato retangular, construída em aço inoxidável, com espaço correto para os quadros e receptáculo de tela para receber os opérculos e deixar escorrer o mel (separar o mel da cera). 52 Beneficiamento do mel Quando o apicultor retira os favos de méis maduros das colméias e os transporta para a casa do mel, deve ter o máximo de cuidado durante o translado, evitar a contaminação dos favos com materiais indesejáveis como terra, folhas, suor, etc. O mel é o melhor e mais antigo adoçante usado pelo homem e o único adoçante que contém proteínas e vitaminas. É obtido através do néctar das flores que as abelhas coletam e transportam, para a colméia onde o transformam, armazenam e desidratam. O mel é utilizado não apenas como alimento, mas também terapeuticamente por suas propriedades imunológicas, bactericidas e expectorantes. O mel deve ser colhido quando todos os favos estiverem operculados, indicando mel maduro com 18 a 17% de umidade. Ao chegar a casa do mel devemos colocar as melgueiras na sala de recepção e seguir algumas recomendações básica de higiene: • As pessoas que irão trabalhar neste processo devem ter tomado banho com água limpa e sabão neutro; • Devem estar com vestimentas (jalecos ou batas) limpas; • Cabelos e barbas cortados; • Unhas cortadas feito assepsia e não devem estar pintadas; • Usar gorros, luvas e máscaras cirúrgicas; • Calçados bem limpos; • Lavar e enxugar os equipamentos antes e após o término dos trabalhos. Procedimentos para extração do mel: • Transportar algumas melgueiras para a sala de extração; • Retirar os quadros com favos maduros e colocar na mesa desoperculadora; • Proceder a desoperculação dos favos com os garfos; • Colocar os quadros desoperculados na centrifuga, até completar sua carga; • Centrifugar os quadros até que os mesmos estejam vazios; • Devolver os quadros vazios para as melgueiras; • Filtrar o mel no balde no momento da captação da centrifuga; • Filtrar o mel no momento de colocá-lo no decantador; • Aproveitar a cera proveniente dos opérculos, pois ela tem o maior valor comercial por ser de cor clara; • O mel que saiu com os opérculos deve ser aproveitado para alimentar as abelhas no período seco do ano; • Realizada a colheita do mel, devemos lavar todos os equipamentos e utensílios, guardando em seus devidos lugares, devendo alguns (centrífuga, mesa desoperculadora e baldes) serem embrulhados com lonas plásticas de cor clara para proteger de poeira. Outros produtos do trabalho das abelhas Pólen O pólen é um gameta masculino das flores. Ao ser coletado pelas abelhas operárias, é aglutinado com o néctar e substâncias salivares, em “pelotas” e transportados em estruturas especiais de suas patas posteriores, chamadas de corbículas. Sua função para a colméia é suprir as necessidades protéicas das abelhas desde o período larval até o final da vida adulta. Rico em proteínas, vitaminas, carboidratos, minerais e lipídeos, resulta em um produto de alto valor nutritivo. O pólen tem uma grande importância nutricional e econômica para os apicultores, também podendo ser coletados através de coletores e passar por processo de beneficiamento que deverão seguir o regulamento técnico sobre condições higênico-sanitárias, orientadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil. 53 54 Etapas do processo de produção e beneficiamento • Instalação de apiário – local com vegetação que apresente abundância de florada rica em pólen, como: sábia, pau-ferro, jurema preta e etc.; • Instalação das colméias – O apiário deve ser mantido com colméias homogêneas para que não ocorram problemas de saque ou pilhagem, as distribuições das colméias devem facilitar a circulação das pessoas para retirada do pólen dos coletores; • Preparo das colméias – O apicultor deve procurar selecionar as colméias de forma que as abelhas estejam bem alimentadas e sem nenhuma ocorrência de doenças e pragas. As rainhas devem ser o máximo possível selecionadas com aptidão para produção de pólen; • Alimentação dos enxames – É necessário que o apicultor avalie a necessidade de fornecimento de alimentação suplementar para garantir a produção de pólen, devido o aumento da população de abelhas, da área de cria e possível falta de florada. O alimento a ser fornecido deve ser de baixo custo para o apicultor e de alta aceitação pelas abelhas, podendo ser energético ou protéico, conforme a necessidade; • Equipamentos e materiais: a) Coletores de pólen, externos (instalados no alvado ou entre o ninho e a melgueira) e os internos (instalados abaixo do ninho, entre o ninho e a melgueira ou sobre todo o conjunto); b) Bandejas, devem ser de plástico atóxico ou de aço inoxidável, largos e rasos para que não ocorra a prensagem dos grãos por excesso de peso das camadas superiores sobre as inferiores, uma vez que os grãos ainda apresentam umidade alta; c) Pinça, é utilizada para separar, do pólen, partículas maiores, como folhas, gravetos e abelhas. O material da mesma deve ser de aço inoxidável, facilitando a sua higienização. • Preparação dos coletores – é importante higienizar os coletores, o que pode ser realizado da seguinte forma: lavar com detergente/sabão, em água corrente; enxaguar; emergir em solução contendo hipoclorito de sódio (1 colher de sopa) e água (1 litro); retirar e deixar escorrer; borrifar álcool, para facilitar na secagem e secar bem. • Prática de coleta – ao entrarem na colméia, as abelhas passam pela grade do coletor, deixando cair as “pelotas” de pólen na gaveta coletora. No final da coleta encontram-se reunidas as pelotas de grãos de pólen, que serão removidas pelo apicultor para o beneficiamento, comercialização e consumo (animal e humano); • Utilização da fumaça – deve ser de forma moderada e utilizando material vegetal para combustão no fumegador, com a finalidade de não transferir odor desagradável ao pólen. Neste sentido, deve-se evitar direcionar o fumegar diretamente para o coletor; • Transporte do pólen – do apiário ao local de beneficiamento deve ser realizado em recipiente limpo e não muito alto, para evitar que as camadas inferiores sejam ameaçadas pelo peso do pólen da superfície. Não deve receber altas temperaturas nem ser exposto diretamente aos raios solares, em virtude da redução da qualidade pela oxidação das vitaminas. O beneficiamento do pólen: • Instalações – o recinto destinado a manutenção e processamento do pólen apícola deve ser um local seco, arejado, bem iluminado, isento de sujeiras, odores desagradáveis e fumaça, além de possuir acesso fácil ao trânsito de veículos. Podendo ser realizada na casa do mel, em sala que atenda as exigências da Portaria nº 368 de 4/9/1997, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento; • Equipamentos/utensílio – Devem ser de material não tóxico e de fácil higienização. • Higiene das instalações e equipamentos/utensílios – devem estar permanentemente higienizados e em bom estado de conservação e funcionamento. A higienização é dividida em lavagem e sanitização. Na lavagem são utilizados água e detergente neutro e na sanitização pode ser utilizado calor (vapor: 93ºC/5 min. Ou água quente: 77ºC/5 min.) ou agente químico (hipoclorito de sódio e cálcio). • Higiene e conduta pessoal – Os manipuladores devem ser treinados quanto a higiene pessoal e manipulação higiênica do produto. O habito da higiene é fundamental, como tomar banho antes da manipulação, manter 55 56 cabelos e barbas aparadas protegidas por gorros, correta higienização das mãos e antebraços, unhas aparadas e ausência de esmaltes, não praticar atos não higiênicos (comer, cuspir, fumar, etc.); • Fluxograma do beneficiamento – Pré-limpeza (catação manual no campo e com pinça na sala de manipulação). Congelamento (após a prélimpeza, com o objetivo de realizar uma assepsia) em recipientes próprios para alimento e bem fechados, descongelamento na geladeira de forma lenta, desidratação para diminuir sua umidade em torno de 4%. Utilizar estufa própria com circulação de ar forçada. A temperatura de 40-42ºC e o pólen devem permanecer por 8 a 12 horas; • Limpeza final – feita por catação manual usando pinça por aço inoxidável, com a finalidade de retirar algum resquício de própolis, abelhas, etc.; • Envase – pode ser realizado em embalagens fracionadas (vidro ou saco plástico atóxico) ou em tambores/latas próprias para acondicionamento de alimentos. Própolis Resina produzida pelas abelhas da espécie apis mellifera, coletadas de diferentes partes das plantas, como brotos, botões florais e exudatos resinosos, misturada com secreções produzidas em seu organismo, dando origem a um material de coloração e consistência variada, utilizada para fechar pequenas frestas, embalsamar insetos mortos no interior da colméia e proteger contra a invasão de insetos e microrganismos. A importância conferida a esse produto reside no fato da própolis possuir diversas propriedades terapêuticas, tais como atividade antimicrobiana, antiflamatória, antioxidante, cicatrizante, anestésica, anticariogênico, antitumorais e citóxicas sendo um instrumento de primeiro nível para as indústrias de alimentos, fármacos e cosméticos. Técnicas de produção de própolis A rigor, não existe ainda uma técnica padrão de produção de própolis. Cada região do País usa métodos distintos. Provavelmente isso é devido ao pouco valor atribuído ao produto, pelo apicultor brasileiro. As mais conhecidas são: • Uso de tela plástica com malha entre 2 a 4 mm sobre o ninho ou a melgueira e colocar calços entre a tela e a tampa; • Uso de molduras sobre os ninhos e/ou melgueiras; • Coletor de própolis tipo tampa; • Coletor de própolis Inteligente - CPI; • Coletor de própolis ErBa. Aspectos básicos da produção • Época do ano – cada região brasileira é distinta de características, ainda não há estudos completos identificando qual é a região com maior aptidão para produzir própolis. O Litoral Norte da Bahia tem condição favorável para produzir todo o ano, já nas produções do Sul do País se tem registro de oscilações no decorre do ano; • Associações de atividades – é possível combinar a produção de própolis com a de mel. Tem-se observado que as colméias propolisadoras são as primeiras a encherem as melgueiras. Na produção de própolis com a de pólen ou geléia real, os resultados deixam a desejar; • Situação e manejo da colméia – Melhores resultados são obtidos com colméias populosas; • Colméias e ferramentas – as colméias devem estar localizadas a sombra, ou com uma boa cobertura que lhe proporcione sombra, sem pintura (evitar contaminação por metais pesados), utensílios de aço inox ou plástico atóxico. 57 58 Processo do beneficiamento da própolis • Limpeza – nos processos tradicionais de produção de própolis a limpeza é feita de forma manual por pessoal treinado. São retiradas todas as impurezas visíveis tais como lascas de madeira, pedaços de cera, abelhas, traças, folhas, pedaços de tinta e outros; • Classificação – cada mercado exige certos padrões de classificação. A tendência é por pedaços inteiros, sem serem amassados, com tamanhos maiores do que 1,0 cm; • Acondicionamento – O produto deve ser mantido no mínimo possível exposto a luz solar e ao meio ambiente. Uma vez seco, limpo e classificado, deve ser colocado em sacos plásticos bem fechados ou embalagens plásticas e sob refrigeração (de preferência em freezers); • Cuidados na coleta - Em todas as revisões, retirar toda a própolis de todos os componentes da colméia. A coleta e raspagem são melhores executadas em temperaturas mais baixas. Tomar cuidado na raspagem da própolis em colméias pintadas. Separar logo após a raspagem da própolis as impurezas. Não comprimir ou embolar a própolis colhida. Não submeter a própolis ao aquecimento, nem expor ao sol partes das colméias quadros, tampas propositadas, etc. Evitar contato com a água e outros líquidos. Não misturar própolis das diversas partes da colméia. 59 4 - Preparação do apiário para o período seco do ano Esse trabalho é feito após o término do inverno (período chuvoso), que na região nordeste, é normalmente em maio ou quando começa a fazer frio, e a última colheita de mel já foi realizada. 60 Limpeza do apiário O bom apicultor deve planejar suas ações, e como tais, prática de limpeza do apiário não deve fugir da regra, e fazer parte do seu planejamento. Na região Nordeste, por ser de característica muito quente, deve-se escolher as primeiras horas do dia para realizar esta tarefa. O apicultor deve ter sempre cautela quando realiza trabalho no apiário ou perto dele, para não irritar as abelhas e provocar acidentes. O trabalho deve ser feito com mais de uma pessoa, todos usando a indumentária do apicultor, pois tornar-se mais rápido e mais seguro. Deve-se limpar o carreiro ou estrada que dê acesso a chegada ao apiário e em toda a sua volta, pois em caso de incêndio, quando o mato está seco, o aceiro limpo protegerá as abelhas do fogo. Limpar também em volta das caixas evita que os inimigos naturais tenham fácil acesso as colméias e ataquem as abelhas. É de muita importância que o apicultor do semi-árido realize esta prática com freqüência e atenção, pois a mesma evita diversos prejuízos como: • Incêndio; • Ataques de inimigos naturais; • Enxameação; • Tropeços em pedras, galhos e raízes; • Acidentes diversos. Revisão das colméias Observar e fazer o seguinte: 1. retirar os componentes da colméia, ninho ou melgueira, não ocupados pelas abelhas, e guarda-los no depósito de materiais apícolas, protegendo os favos bons que podem ser aproveitados para a próxima safra. 2. Reduzir o alvado da colméia para melhor proteção do frio e dos inimigos naturais das abelhas, e também evitar a pilhagem. O redutor de alvado deve ser colocado no meio do alvado, para que o ar possa circular pelas as laterais da caixa, protegendo a cria do ar frio. 3. Fazer as manutenções ou substituições das colméias com frestas e buracos provocados pelo apodrecimento, ou fechá-los com barro, pano, fita ou espuma. 4. Conforme as observações feitas durante a revisão, as colméias fracas devem ser unidas, ou marcadas para uma maior atenção durante o período de escassez de alimento. Estas colméias fracas devem ser alimentadas individualmente com alimento de subsistência (xarope de açúcar). 5. Segundo estatísticas mundiais, são perdidas anualmente 10% de colônias de abelhas pela fome. 6. Fazer a capina ou rastelagem em baixo e arredor da colméia, para evitar o eventual risco de incêndio e subida de alguns insetos. 7. Na região semi-árido do Nordeste Brasileiro, a grande maioria das plantas perde as folhas no período seco, sabendo destas características, o apicultor deve se preocupar em proteger as suas colméias do sol forte, colocando coberturas sobre as caixas, tais como: telhas de barro, amianto, restos de tabuas, ou papelão. 8. Se o apiário estiver localizado em região muito úmida, colocar umas folhas de jornal sobre o último componente antes da tampa para absorver a umidade do interior da colméia, evitando assim a formação de mofo e apodrecimento da colméia. 9. Os cavaletes ou piquetes devem receber um pincelamento de óleo queimado, para inibir a subida de formiga, cupins e outros insetos prejudiciais às abelhas. Os ninhos de formigas próximos ao apiário devem ser combatidos, usando a cal virgem dentro dos formigueiros. Prevenção contra inimigos naturais As abelhas são vítimas de uma série de inimigos, entre eles, o maior é sem dúvida, o próprio apicultor quando não trata as suas abelhas com 61 62 cuidado, técnica e amor. Além do homem, existem outros inimigos naturais, de acordo com a região e clima onde esteja localizado o apiário, podemos citar entre os mais comuns: Formigas – Existem em quase toda parte e causam sérios prejuízos as abelhas. Atacam geralmente à noite quando comem mel, crias e matam abelhas. O ataque de formigas estressa as abelhas provocando a fuga dos enxames e desestruturando a produção do apiário. Os métodos para proteção das colméias são: • Colocar nos cavaletes ou piquetes onde estão as colméias; lã de aço, espuma, graxa ou óleo queimado. • No uso de piquetes, usar latas vazias ou garrafas pet cortada no meio, emborcadas sobre os piquetes. • Manter limpo ao redor do apiário, evitando a presença de paus podres, tocos, e folhagens acumuladas no solo, locais que as formigas escolhem para fazer os seus ninhos. • Destruir todos os formigueiros nas proximidades do apiário, colocando cal virgem ou cinzas dentro dos formigueiros, ou colocar terra nova de outro formigueiro, dentro de outros formigueiros diferentes, para interferir em suas organizações, e desestabilizar toda a sua estrutura, até a morte do formigueiro. • Colocar uma lata de querosene vazia e com a boca aberta, enterrada rente ao chão, na trilha das formigas, pois elas cairão dentro da lata. • Pintar os cavaletes ou piquetes: uma parte de cal, duas partes de cinzas, três partes de água e um pouco de sal. Traças – elas não atacam as abelhas, mas destroem os favos e a cria, o que obriga as abelhas a abandonar a colméia. Existem dois tipos comuns de traças: traça dos favos e traça da cera. Desenvolvem-se melhor em clima quente e lugares escuros onde se transformam em praga da apicultura, causando grandes prejuízos aos apicultores. Métodos utilizados para evitar o ataque das traças no apiário: • Evitar a proliferação de focos, não jogando pedaços de favos e cera no apiário. Quando for fazer a revisão das colméias levar sacos de plásticos, para colocar cera e outro para colocar sujeira das raspagens. • Manter as colméias populosas e bem fechadas, quando os enxames começarem a enfraquecer, reduzir o alvado, tampar frestas e retirar o excesso de melgueiras de cima das colméias. • Deve-se somente utilizar colméias padronizadas, com o espaço abelha, para que as abelhas possam destruir os ovos e larvas de traças dentro da colméia. • Não deixar no apiário ou no depósito apícola, ninhos ou melgueiras com favos, pois os mesmos irão atrair as mariposas das traças, causando a infestação desses insetos. • Os locais escuros e abafados são preferidos pelas traças, por isso, guardar os quadros com cera em local claro e arejado, é a prática recomendada para evitar o ataque. • Guardar os favos pendurados e separados um do outro (5 cm), em lugar livre com ampla circulação de ar e luz. Proteger da umidade para evitar a formação de mofo e o escurecimento dos favos, e também proteger da incidência direta dos raios solares, para evitar o derretimento da cera dos favos. Aranha – as aranhas costumam tecer teias próximas aos locais onde há circulação de insetos. Pois os insetos (abelhas) são a sua fonte de alimento. As abelhas acabam ficando presas nas teias e servindo de alimento para as aranhas. Para prevenir, destruir as teias próximas das colméias, e retirar galhos e arbustos que possam servir de apoio para a construção das teias. Periodicamente, deve-se escovar o fundo da colméia pelo lado de fora, para destruir os ninhos de aranhas. O mesmo deve ser feito na parte interna das latas ou garrafas pets que estão emborcadas sobre os piquetes, para desmanchar os ninhos de aranhas. Cupins – não é propriamente inimigo das abelhas, mas da colméia. Se a madeira usada na confecção da colméia não for dura, eles destruirão a colméia em pouco tempo. 63 Eliminar os focos de cupins próximos ao apiário, pintar as colméias externamente com tinta óleo ou impermeabilizar com parafina, querosene e cera de abelhas. Evitar colocar as colméias diretamente no chão, na hora de instalar o apiário. Sapos – são comedores vorazes de insetos, principalmente abelhas, chegando a dizimar um enxame fraco em poucos dias. Atacam as colméias geralmente ao anoitecer, parando em frente do alvado e alcançando grande quantidade de abelhas. Os sapos comem grande quantidade de abelhas, no momento em que elas estão buscando água nas fontes. A prevenção é colocar as caixas em cavaletes ou piquetes a 50 cm do solo, para evitar o alcance da língua dos sapos no alvado onde estão as abelhas. 64 Gerenciando água e alimento O período seco do ano é geralmente caracterizado por seis a oito meses e são nestes meses que se deve ter preocupação com a alimentação das abelhas. A falta de água e alimento de qualidade prejudica a saúde dos enxames. Abelhas com sede e fome ficam desnutridas e susceptíveis ao ataque de doenças, inimigos naturais, enxameamento e morte. A perda de enxames traz para o apicultor vários prejuízos, desde o econômico ao equilíbrio ambiental. Deve-se manter sempre água potável e de fácil acesso para as abelhas. Também fornecer alimentação de subsistência para que as abelhas permaneçam fortes e no apiário. 5 - Criando um pomar para as abelhas É necessário pensar na sustentabilidade do apicultor familiar, principalmente aqueles que não fazem apicultura migratória, que colhem mel três safras por ano. Intensificar o pasto apícola nas áreas onde são estruturados os apiários é uma forma de garantir o sustento das abelhas por todo o ano, já que muitos lugares do semi-árido brasileiro, tem um só período chuvoso e nem sempre com boas floradas. Indicamos colher sementes de fruto do ecossistema local (caatinga, cerrado, mata atlântica, etc.), pois eles são de espécies naturalmente adaptadas e selecionadas por milhares de anos. Calendário apícola As plantas da caatinga (árvores, arbustos e herbáceas) sempre estão nos oferecendo seus frutos, eles contém diversas sementes. Parte deste processo é realizada com a ajuda das abelhas através da polinização. O apicultor acompanhando o trabalho das abelhas, através da sua observação, registra no calendário apícola as plantas que estão florescendo durante os meses do ano. O calendário apícola dá ao apicultor elementos de registro, onde se escreve o que a planta fornece para as abelhas e o que mais as abelhas coletam da planta: néctar, pólen, resina e óleos essenciais. Todo apicultor deve se empenhar em registrar suas observações, mesmo que seja com ajuda de outras pessoas. A partir dos registros, podese selecionar as plantas que mais interessam. Isto é, se o apicultor quer se especializar na produção mel, ele planta maior quantidade das plantas que fornecem néctar; se ele quer se especializar na produção de pólen, planta maior quantidade das plantas que fornecem pólen e assim sucessivamente. Além disso, ele poderá escolher organizar seu pomar para produzir toda esta diversidade. 65 Coleta de sementes Na época que as plantas estiverem com seus frutos formados e maduros, deve-se coletá-los para obter suas sementes. Deve-se escolher as plantas mais vigorosas, pois estaremos fazendo uma seleção que garantirá boa germinação e boas mudas. Será preciso termos muito cuidado e dedicação para molhar as plantinhas e protege-las dos horários mais quentes do dia. As plantas produzem sementes de tamanho diferentes, cada uma tem sua característica própria. Há sementes de formatos e tamanho diversos. A coleta poderá ser manual e com ajuda de uma tesoura se corta a base do fruto junto ao galho. 66 Produção de mudas Para produzir mudas de plantas da caatinga ou do ecossistema que vivemos, deve-se imitar a natureza para conseguir uma boa germinação das sementes. Toda semente necessita de certa temperatura e umidade adequadas para germinar. Deve-se misturar uma parte de estrume bem curtido com uma parte de terra boa. Se a terra for fraca, acrescentar mais uma parte de barro vermelho. Materiais necessários: • Esterco de gado ou criação ou aves; • Água; • Terra fértil; • Barro vermelho; • Sacos de 2 kg de polietileno preto; • Enxada; • Pá; • Carro de mão; • Pá de jardineiro. Ao fazer esta mistura, adquire-se no mercado local sacos plásticos de polietileno preto, próprio para confecção de mudas, com capacidade para 2 kg, ou pode-se aproveitar os sacos de arroz, feijão, etc. e enche-los com a mistura da terra, antes preparada. Logo depois, colocar os sacos com a mistura em local protegido do sol do meio dia e daí, pode-se plantar as sementes conforme o seu tamanho e necessidade de cobertura, pois existem sementes que não precisam ser cobertas com terra, mas sim com sua própria folhagem. Exemplo disso é a Caibreira, uma espécie de Ipê Amarelo. Em caso de dúvidas, deve-se observar a mãe natureza, pois ela ensina como melhor manejar estas técnicas. Em seguida, deve-se molhar bem a terra e voltar a molhar no dia seguinte, mantendo pelos dias seguintes a terra somente úmida. Após as sementes germinarem devem ser mantidas as plantinhas no viveiro até o começo das novas chuvas, e plantá-las no local definitivo, perto do apiário ou no quintal produtivo. Para que reflorestar A contribuição que a apicultura traz para o despertar da consciência humana sobre as questões ambientais é de extrema importância para que o apicultor tome iniciativa de planejar, organizar e executar práticas de conservação, manutenção e reflorestamento do nosso habitat natural. As pessoas que recebem formação em apicultura, tornando-se elas, apicultores natos, e não exploradores das abelhas, preocupam-se em conservar e reflorestar o ecossistema local, proporcionando melhores condições de vida para os seres que nele vivem. As abelhas para fazer 1 Kg de mel chegam a visitar 1.500.000 flores. 67 68 O Sr. Ricardo Barrense, apicultor da comunidade Baião, município de Pilão Arcado – BA, e sua família, já plantaram em seu quintal produtivo, cerca de 60 mudas de umbu, sendo elas, por sementes e estacas, todas selecionadas da comunidade. Hoje, em 2005, já conseguem colher umbu para o consumo familiar, produção de doces, compotas, geléias e sucos, consomem os frutos naturais doces e deliciosos e a umbuzada, prato típico do sertão nordestino, além de favorecer as abelhas, flores para coleta de néctar, no período de maior escassez de floradas. “Quando participamos de um curso de apicultura e no final, recebemos um certificado, de aptidão para criar abelhas de forma racional, devemos honrar essa nova qualificação, por ter aprendido técnicas, que nos proporciona conhecimento, para coletar das abelhas, seus produtos (mel, pólen, própolis, geléia real, apitoxina etc.) e os transformar em capital, visando lucro. È importante porém que nós vejamos a apicultura não só como uma forma de sustento econômico, mas, buscar nela, os meios para interagir com a natureza, seguindo bons princípios, como trabalhar com respeito, amor, harmonia, solidariedade, buscar o equilíbrio, Homem X Natureza, evitando criar situações de risco para o futuro da humanidade. Devemos respeitar o que nos falam as Escrituras Sagradas: Gênese – 1:29 E disse Deus ao homem: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. Gênese - 1:30 E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez. E assim, honra este pacto com Deus, valorizando as pequenas coisas, que juntas se tornam grande, se olharmos bem, fazem a caracterização do sistema produtivo do agricultor familiar, pois é da natureza que ele tira seu sustento, dela tira para cozinhar; construir cercas e cercados, para os animais, e a roça. Frutas como umbu, na caatinga; pequi, no cerrado; palmito, na mata atlântica; mel, samburá, própolis das colméias naturais, em ocos de pau; resina, folhas, cascas, raízes, etc. das plantas para medicina popular; madeira, palha, argila, água para construir e o ar puro para respirar. O reflorestar, dentro deste contexto, de criarmos um pomar para as abelhas, nos faz refletir e interagir para além do espaço de produção, ele nos leva a repensar sobre atos com a natureza, mãe de todos, pela presente busca da qualidade de vida. Nós apicultores poderemos mudar tal ação, primeiro em nossa propriedade, depois, em nossa comunidade e a seguir, em redes, interagindo com outros grupos de todo o país.” Fernando Antônio 69 Algumas plantas da caatinga fornecedoras de néctar, pólen e resina. Umbuzeiro Xique-Xique Marmeleiro Maracujá-do-Mato Alecrim Cabo-de-Machado Mimosa Araçá Palma Maniçoba Cabeça de Velho Maria Preta Angico-de-Bezerro Velame Algodáo Faveleira Unha de Gato Beldroega Jureminha Juazeiro Leucena Fedegoso Faveleira Sorgo Fortalecendo as colônias para o novo período de produção É no período próximo as chuvas, que se agrava mais a alimentação para as abelhas. Na caatinga já não há quantidade de plantas suficientes que florescem para que as abelhas se alimentem. Diante de tal situação, o apicultor deve procurar solução para este impasse. A falta de alimento e de água potável é importante para evitar a enxameação das abelhas, para isso, seguem instruções de como se pode fortalecer as abelhas para chegar ao período das novas floradas. 72 Alimentação artificial protéica Assim como outros animais, as abelhas têm necessidade de proteína em sua alimentação, pois as proteínas compõem a dieta básica para a manutenção, desenvolvimento e reprodução das colônias. Na natureza, o pólen constitui a Receitas de alimentação principal fonte de proteínas, gorduras, artificial protéica: aminoácidos, vitaminas e sais minerais. No período de abundância de floradas, 03 kg de mistura as abelhas coletam, e armazenam grande 01 kg de farelo de soja (pó) quantidade de pólen, para o consumo da 01 kg de fubá de milho colméia. 01 kg de farinha de trigo Como o período de escassez de alimento pode ocorrer em qualquer época do ano, enfraquecendo as colméias pela 1000 gramas fome e causando sérios prejuízos para as 500 g de soja texturizada (pó) abelhas, o apicultor pode amenizar esta 200 g de fubá de milho situação, fornecendo alimentação artifi300 g farinha de trigo cial protéica para as suas abelhas. Como suplemento do pólen podemos citar: fubá de milho, farinha de trigo (sem 800 g de mistura fermento), farelo de arroz, farelo de soja, 400 g de farelo de soja (pó) levedura de cerveja. 200 g de farelo de arroz (pó) Estas misturas devem ser dadas às 200 g de fubá de milho abelhas em alimentador coletivo, tipo bandeja; estes devem ser colocaReceita de alimentação artificial dos numa distância mínima de 30 de subsistência m do apiário e na altura de 1m do Para matar a fome das abelhas até a chão. Como o pó, não tem cheiro e próxima florada. nem atração para as abelhas, esp60% de açúcar e 40% de água alhar sobre o mesmo um pouco de (ou açúcar cristal). mel para atrair as abelhas, só no Juntar o açúcar com a água morna, primeiro dia. mexer até dissolver bem o açúcar Os apicultores devem procue dar às abelhas em alimentador rar alternativos regionais como individual, de preferência, em suplemento do pólen, para evitar alimentador do modelo de cobertura, a compra de insumos caros e de podendo ser usado o alternativo ou origem desconhecida. Na região tipo Boardeman. semi-árido do nordeste existem diversas plantas que são fontes de proteínas: algarobas, leucenas, parte aérea da mandioca, bredos, folhas e grãos de feijão, etc. As folhas destas plantas dadas às abelhas em forma de pó, têm surtido efeitos positivos na manutenção e crescimento dos enxames no período de escassez de alimento. Receita de alimentação Para o preparo do pó, as artificial estimulante folhas, devem ser colhidas e secas à sombra, e reduzidas ao Serve para estimular a postura da rainha, 50 dias antes da principal pó utilizando um liquidificador florada. ou pilão. O pó deve ser peneirado 50% de açúcar; para separar as fibras das folhas, 10% de mel; para um maior aproveitamento 40% de água; pelas abelhas. Para atrair as abel100g de proteína de soja. has deve-se colocar mel sobre o Juntar em água morna o açúcar e mesmo. o mel, mexer para devolver bem e adicionar as 100 gramas de proteína, mexendo para misturar bem. Oferecer as abelhas em alimentador individual de cobertura. 73 74 Alimentadores A alimentação artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos. Cada modelo tem uma série de vantagens e desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o mais adequado para sua realidade. O alimentador coletivo é uma espécie de cocho colocado em cada apiário, disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma única vez. Esse modelo necessita de pouco manejo e é muito prático, sendo recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colméias. Porém, apesar de mais prático, o alimentador coletivo apresenta as seguintes desvantagens: • Fornece alimento para enxames naturais, de apiários vizinhos, pássaros, formigas, pequenos mamíferos, etc. • Incentiva o saque. • Pode ser uma fonte de transmissão de doenças. • Desfavorece os enxames fracos, já que as colônias fortes coletam mais alimento do que as fracas. Os alimentadores coletivos devem ser instalados a cerca de 50 m do apiário e a uma altura aproximada de 50 cm do chão. Para proteger o alimento de formigas, o apicultor poderá colocar uma proteção em cada pé do suporte. Para evitar o afogamento das abelhas, esses alimentadores devem conter flutuadores, que podem ser pedaços de folhas de isopor, madeiras leves ou telas plásticas. Os alimentadores individuais podem ser encontrados à venda nas lojas especializadas, em diversos modelos, de modo a fornecer alimento interna ou externamente, como pode ser visto a seguir. Os mais recomendados são os alimentadores internos, pois reduzem o saque. Alimentador de Boardman Usado na entrada da colméia, destina-se apenas para alimentos líquidos. Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de madeira, que é parcialmente introduzido no alvado da colméia. Prático, deixa o alimento exposto externamente, não havendo necessidade de abrir a colméia para o abastecimento, contudo, pode incentivar o saque. Alimentador de Cobertura ou Bandeja Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa, com abertura central, permitindo o acesso das abelhas ao alimento. No mercado, pode ser encontrado todo em madeira ou revestido com chapa de alumínio. Fornece alimento líquido, sólido ou pastoso, entretanto, quando o alimentador não é revestido de alumínio, para fornecer alimentos líquidos, é necessário que se faça um banho com cera nas emendas para evitar vazamentos. Uma desvantagem do alimentador de cobertura é a quantidade de abelhas que morrem afogadas no alimento. Os modelos que contêm ranhuras na madeira próxima à abertura devem ser preferidos, pois essas ranhuras facilitam o retorno das abelhas para a colméia, evitando que muitas morram afogadas. 75 Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno Com as mesmas dimensões de um quadro de ninho ou melgueira, é usado dentro da colméia em substituição a um dos quadros. Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento líquido. O alimentador deve ter as laterais da superfície interior rugosas, de forma a criar uma superfície de apoio para as abelhas. Alimentador Reciclável 76 cautela para não derreter o cano e quando o cano estiver um pouco mole, achata-se o cano da metade para a extremidade aquecida, pressionando a extremidade do cano com o objetivo de colar e não poder passar nada; 4º passo: Colocar água no cano para testar se há alguma forma de vazamento, caso esteja vazando levar ao fogo para aquecer e colar, até não haver mais vazamento; 5º passo: Perfurar vários buraquinhos com a sovela na parte achatada do cano; É um alimentador simples, prático e de pouco custo, seus componentes são fáceis de encontrar. Para confeccioná-lo precisamos de: 1 garrafa pet de 500 ou 1000 ml; 30 cm de cano (água) pvc com 25 mm; 1 joelho (água) pvc com 25 mm; 1 cola pvc; 1 sovela; 1 faca. 77 6º passo: esfriar o cano, passar cola pvc e colar no joelho. Esta é uma forma econômica de fabricar um alimentador barato Modo de confeccionar 1º passo: Cortar com uma faca a rosca do gargalo da garrafa pet; 2º passo: Colocar o joelho pvc na boca da garrafa; 3º passo: Colocar parte do cano pvc na chama do fogão, com e eficiente e que todos podem ter acesso. Encher a garrafa pet com açúcar invertido ou simplesmente xarope de açúcar ou de mel. As garrafas de 500 e 1000 ml são ideais para alimentar por um dia um enxame, favorecendo um manejo eficiente, pois o alimento sendo consumido em pouco tempo, não dá tempo de fermentar e não prejudica a saúde das abelhas. ANEXO A Calendário da florada das plantas da caatinga, sua importância apícola e seus usos – Experiências dos apicultores de Casa Nova – BA Nome das Plantas Meses 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Importância Apícola Mel Pólen Resina Nome das Plantas Aroeira Aroeira Angico verdadeiro Angico verdadeiro Angico de Bezerro Angico de Bezerro Umbuzeiro Umbuzeiro Umburana de cheiro Umburana de cheiro Juazeiro Juazeiro Jacurutú Jacurutú Umburuçu Umburuçu Arapiraca Arapiraca Mulatinha Mulatinha Marmeleiro Marmeleiro Quebra-faca Quebra-faca Catingueira Catingueira Alecrim Alecrim Jurema Preta Jurema Preta Jurema Vermelha Jurema Vermelha Baraúna Baraúna Violeiro Violeiro Outros usos Madeira Medicinal Forrageiro Comestível Continuaçáo Anexo A Nome das Plantas Meses 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Importância Apícola Mel Pólen Resina Nome das Plantas Angelim Angelim Aroeira mole Aroeira mole Quebradeira Quebradeira Feijão Feijão Gitirana Gitirana Cipó branco Cipó branco Capim búfalo Capim búfalo Feijão bravo Feijão bravo Velame Velame Orelha de onça Orelha de onça Cabeça branca Cabeça branca Outros usos Madeira Medicinal Forrageiro Comestível ANEXO B Raças de abelhas Apis mellifera, sua origem e distribuição das diversas espécies no mundo. Raça Nome popular Distribuição 1 A.m. ibérica Preta ibérica Península Ibérica 2 A.m. mellifera Preta Europa Ocidental 3 A.m. lingustica Italiana Itália 4 A.m. sicula Siciliana Cicília 5 A.m. carniça Carniça Iugoslávia, Cáucaso, Áustria 9 7 8 2 5 6 23 3 10 1 6 A.m. caucasiana Caucasiana Cáucaso 7 A.m. lehzni Escandinava Noruega e Suécia 8 A.m. acervorum Russa Rússia Européia 9 A.m. silvarum Siberiana Sibéria 10 A.m. cypria Cipriota Ilha de Chipre 11 A.m. syriaca Siriense Síria, Líbano, Israel 12 A.m. adami Cretense Ilha de Creta 13 A.m. intermissa Púnica Norte África 14 A.m. lamaechii Egípcia Egito 15 A.m. sahariensis Oásis do Saara Oásis do Marrocos e Algéria 18 16 A.m. andasonii Tropical África ocidental 19 17 A.m. scutellata Tropical África ocidental 18 A.m. litorea Tropical Costa oriental da África 19 A.m. monticola Tropical África oriental, acima de 2000 m 20 A.m. yemenitica Tropical Iêmen e Golfo de Oman 21 A.m. capensis do Cabo África do sul, prov. do Cabo 22 A.m. unicolor Malgaxe Ilha de Madagascar 23 A.m. remipes Chinesa China do norte Apicultura: a caminho da cidadania / Autor: Augusto de Souza Braga. Ed. de 1998, Salvador - Bahia) 4 15 12 11 13 14 20 16 17 22 21 Referências Bibliográficas AGROCLUBES. A cultura das abelhas no Brasil tem cinco fases distintas. Disponível em: www.agroclubes.com.br/ficha_técnica/fichas.asp?ficha=630&codigo_produto=630. Acesso em: 1º mar. 2005. BOAS PRÁTICAS na produção e beneficiamento de pólen apícola desidratado. p/ Ricardo Costa Rodrigues de Camargo... [et al.]. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2003. (Documentos; 81), 26 p. BRAGA, Augusto de Sousa. Apicultura: o caminho para a cidadania. Salvador – BA, 1998. 269 p. CERQUEIRA, José Elpídio de M. Manual prático de produção de própolis/Preliminar/ NaturApi. 22 p. COUTO, Regina Helena Nogueira; COUTO, Leomam Almeida. Apicultura: manejo e produtos. Jaboticabal: FUNEP, 1996. 154 p. EMBRAPA - Meio Norte. Sistema de Produção, 3 ISSN 1678-8818 Versão Eletrônica disponível em: www.cpamn.embrapa.br. Acesso em: Jul. 2003. 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