Modelagem de carga Estática: Confrontação entre modelos matemáticos de cargas Residenciais / Comerciais William D. Caetano1, Patrícia R. S. Jota1 e Eduardo N. Gonçalves1 1 Departamento de Pós Graduação em Engenharia Elétrica Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET-MG Campus II – Av. Amazonas 7675 – Nova Gameleira – Belo Horizonte – MG – Brasil – Cep: 30510-000 Tel.:+55 313319-6736 fax:+55 313319-6736, e-mail: [email protected], [email protected], [email protected] Resumo. Este trabalho apresenta a comparação entre três modelos estáticos de cargas, sendo dois modelos ZIP e um modelo exponencial. Os parâmetros de cada modelo foram estimados através de amostras obtidas em medições realizadas em cargas residenciais/comerciais através da variação da tensão de alimentação. Os dados foram coletados em três horários diferentes com o intuito de minimizar a influência da rede. Muitos trabalhos encontrados na literatura apresentam modelos matemáticos sem significado físico. Os objetivos deste trabalho são encontrar um modelo físico que melhor retrate o comportamento da carga, e representar um consumidor através do somatório de suas cargas individuais. Com essa finalidade, a técnica de otimização elipsoidal foi aplicada para estimar os parâmetros de cada modelo, procurando a melhor solução factível. Na maioria dos casos, os três modelos apresentaram resultados similares, porém o modelo ZIP proposto em [1] consegue representar a carga com maior fidelidade. Palavras-chave Modelagem de carga comercial, parâmetros, otimização, medições. estimação de 1. Introdução O Modelo de carga é uma representação matemática da relação entre potência ativa e reativa consumida e a tensão de alimentação da carga. Tal modelo pode ser estático [1] [2], onde a potência em um dado instante de tempo é expressa em função da tensão e frequência no mesmo instante; ou dinâmico onde a potência é expressa em relação à tensão e frequência no presente instante e do instante anterior [2]. Algumas cargas também podem ser modeladas como termostáticas, que são aquelas que consomem energia da rede com a função de manter a temperatura estável em um determinado nível. Para esse tipo de carga, uma redução do nível de tensão aplicada ocasiona um aumento do tempo de funcionamento do equipamento fazendo com que o consumo seja mantido [3]. A modelagem de carga tem uma larga aplicabilidade, podendo ser citados trabalhos relacionados à redução da tensão visando a conservação de energia [1] conservation voltage Reduction (CVR), análise de estabilidade de tensão [4] e na análise do sistema elétrico de potência. Segundo [2], um bom modelo de carga pode trazer benefícios tanto em estudos de planejamento quanto de operação do sistema elétrico de potência, resultando em, por exemplo, redução de investimentos em equipamentos e modificações no sistema, e na prevenção de emergências no sistema devido a melhores limites de operação. Este trabalho propõe a comparação entre os três modelos estáticos de carga visando avaliar o comportamento de cada um deles quando aplicados a cargas tipicamente residenciais e comerciais. O trabalho apresenta também uma comparação entre os modelos obtidos por cargas ligadas em paralelo e o somatório dos modelos individuais dessas cargas. Essa análise visa verificar a possibilidade de representar um consumidor ou grupo de consumidores pelo somatório dos modelos de potência ativa e reativa de suas cargas. Em muitos artigos encontrados na literatura, as cargas são modeladas por equações que representam a soma de cargas do tipo impedância constante, corrente constante e potência constante (modelo ZIP) e ao se ajustar os valores destes parâmetros eles possuem valores negativos, perdendo assim o seu significado físico. Este problema ocorre para os modelos estáticos propostos em [1] [4]. O presente trabalho não se limita a encontrar uma solução matemática, mas sim resultados com significado físico. Para isso, foi necessário utilizar uma técnica de otimização com equações de restrição, no caso o algoritmo elipsoidal, de forma que os parâmetros estimados obedecessem às restrições impostas por cada modelo. 2. Referencial Teórico A. Modelagem de Carga Estática A modelagem da carga estática geralmente é realizada através dos modelos ZIP e exponencial. No modelo ZIP, a potência absorvida pela carga é composta por três parcelas: impedância constante (Z), corrente constante (I) e potência constante (P). O trabalho desenvolvido em [2] apresenta cálculo da potência ativa e reativa consumida pela carga no modelo ZIP, onde pode ser observado que a relação entre a potência consumida e a magnitude da tensão é dada através de uma equação polinomial. Em contrapartida, o trabalho [1] propõe outro modelo ZIP, onde além da informação sobre as parcelas Z, I e P, há também informações sobre o ângulo de fase de cada uma destas componentes. No modelo exponencial, a potência consumida pela carga varia com a tensão através de uma função exponencial, onde os expoentes e são os parâmetros que descrevem o comportamento da carga. Fazendo uma analogia com o modelo ZIP, quando os parâmetros e do modelo exponencial são iguais à zero, significa que a carga é do tipo potência constante; quando ambos os parâmetros são iguais a 1, a carga é do tipo corrente constante; já no caso de ambos parâmetros serem iguais a 2, a carga é impedância constante [2]. A Tabela I apresenta os três modelos citados. TABELA I. – Modelos de carga estática ZIP [2] ZIP [1] MODELOS DE CARGA 2 V V Pi P0 Pp I p i Z p i V0 V0 2 V V Qi Q0 Pq I q i Z q i V0 V0 V2 V Pi a2 .S n .Z % .cos(Z ) a .S n .I % .cos(I ) S n .P% .cos(P ) Vn Vn Qi 2 a 2 n V V .S n .Z % .sen(Z ) a .S n .I % .sen( I ) S n .P% .sen( P ) V Vn Z% I % P% 1 Exponencial V Pi Po i Vo V Qi Qo i Vo B. Estimação de parâmetros Estimação de parâmetros é um procedimento que utiliza amostras provenientes de medições para estimar parâmetros desconhecidos. As amostras obtidas através de medição estão sujeitas a erros de forma que os parâmetros estimados também possuem erros associados [5], conforme pode ser observado na equação 1 onde Z med é o valor obtido pelo equipamento de medição, Z real é o valor verdadeiro da medição e é o erro de medida aleatório que tema a função de modelar as incertezas das medições. Z med Z real (1) Utilizando o critério da probabilidade máxima, é x que maximiza a necessário estimar a variável probabilidade da ocorrência da medição Z med . Este critério tem como objetivo maximizar a probabilidade da variável de estado ser um valor verdadeiro do vetor de variáveis de estado assumindo que a função de densidade de probabilidade (FDP) dos erros aleatórios seja conhecida. Segundo Wood e Wollenberg em [5], a probabilidade máxima de estimar o parâmetro desconhecido x é expressa como o valor do parâmetro que minimiza a soma dos quadrados da diferença entre cada medida e o valor real medido em função de x , com cada diferença quadrada ponderada pela variância do erro do medidor: Nm min J ( x) x Z med f i ( x) i2 i 1 2 (2) Sendo f i (x) a função usada para calcular o valor sendo medido pela i-ésima medição; J (x) a medição residual; med o número de medidas independentes; Z i a i-ésima medição; e a variância da i-ésima medição. Em uma abordagem matricial, a equação 2 pode ser escrita como: Nm 2 i min J ( x) Z med f ( x) x R Z 1 T med f ( x) (3) Sendo R a matriz das covariâncias das medidas, conforme pode ser visto na em 4. 12 2 2 R 2 Nm (4) C. Algoritmo Elipsoidal O algoritmo elipsoidal é uma técnica de otimização que a partir de um elipsóide inicial de dimensão n (onde n é o número de variáveis de otimização) que contém a solução do problema, gera uma sequência de elipsoides cada vez menores, baseados na informação do gradiente da função ou da restrição mais violada, de forma a convergir para um elipsoide de volume zero que contém a solução ótima. Pesquisas sobre o algoritmo elipsoidal vem sendo realizadas desde a década de 60 [6]. Dado o problema de otimização restrito descrito em 5 [7], sendo q () as restrições de desigualdade, h() as de igualdade, e f () a função objetivo, a convergência é alcançada se a função objetivo e as restrições forem convexas, bem como x R n [8]. x* arg min f ( x) q j ( x) 0, sujeito a hl ( x) 0, h ( x) 0, l j 1, , r l 1, , s l 1, , s (5) A solução do problema de otimização pelo algoritmo elipsoidal pode ser descrito através das equações recursivas conforme as equações 6, 7 e 8 que geram uma sequência de pontos xk [7]. xk 1 xk 1Qk mk m Q m T k Qk 1 Qk k k (6) 1 2 3 Qk mk Qk mk T mkT Qk mk (7) 1 1 n2 2 , 2 2 , 3 n 1 n 1 n 1 TABELA II. – Problema de Otimização (8) Sendo Q a região onde está contida a solução e m o gradiente ou sub-gradiente da restrição mais violada conforme a regra descrita nas equações 9 e 10 [7]. O tratamento de restrição do algoritmo elipsoidal processa uma restrição por vez. gmax max gi ( x) gmax ( x) m() f ( x), MODELOS DE CARGA x ZIP [2] gmax 0 gmax 0 (11) Q S P (12) i 2 S VI 2 (13) A Tabela II contém o problema de otimização dos três modelos propostos, onde a função objetivo é dada conforme a equação 4, a função f(x) é a potência ativa ou reativa calculada em cada modelo, e x é o vetor que contém as variáveis a serem estimadas. Nota-se que para o modelo ZIP [1] os parâmetros estimados para a potência ativa e reativa são iguais de maneira que a função objetivo minimiza as duas equações de potência (ativa e reativa) simultaneamente. Ip Zp P0 T x ZIP [1] P% I % Z % 1 0 P 1 % 0 I% 1 0 Z% 1 sujeito a P I Z Sn 0 Onde: x P% 0,5 I% Z% P min J ( x) Z meas f ( x) x P Vi Ii cos(i ) min J 1 ( x) (1 ) J 2 ( x) 3. Metodologia Foram organizados ensaios individuais dos equipamentos para tensões variadas, repetidos em diferentes horários do dia, com o intuito de evitar efeitos de variáveis não controladas, como harmônicos e outros. As medições das variáveis elétricas foram realizadas por um analisador de energia. A cada 5 minutos a tensão de entrada foi acrescida de cinco volts iniciando em 110 V indo até 130 V, para uma tensão nominal de 127V. As amostras foram coletadas a cada segundo. Em média foram coletadas 1500 amostras para cada equipamento em cada condição de medição. Após a coleta dos dados, o algoritmo elipsoidal foi utilizado para estimar os parâmetros de cada modelo em cada um dos três horários de medições. As potências ativa, reativa e aparente calculadas pelo analisador são dadas conforme as equações 11, 12 e 13 respectivamente, onde i é o índice das harmônicas detectadas. 1 T Z p I P PP 1 0 Z 1 p sujeito a 0 Ip 1 0 Pp 1 x Pp (10) A metodologia adotada neste trabalho consistiu na elaboração de rotinas de ensaios em equipamentos realizados em laboratório para obtenção de dados de potência ativa e reativa das cargas; aplicação da técnica de otimização para estimar os parâmetros de cada modelo visando uma representação física para os equipamentos; cálculo da potência (ativa e reativa) utilizando os parâmetros estimados e comparação entre os modelos obtidos e os dados medidos. Onde: (9) if if min J ( x) Z meas f ( x) R Z meas f ( x) Exponencial I Z R Z T 1 Sn T meas f ( x) sujeito 0 Onde: x P0 T 4. Resultados Dentre as cargas monitoradas, existem cargas resistivas, capacitivas e indutivas. A Tabela III contém todas as cargas modeladas bem como sua potência nominal. As tabelas IV, V e VI ilustram respectivamente os parâmetros obtidos para os modelos exponencial, ZIP [1] e ZIP [2]. Na última linha de cada uma destas tabelas estão contidos os parâmetros de cargas ligadas simultaneamente, sendo elas a lâmpada fluorescente, lâmpada incandescente, televisão, monitor LCD, ventilador e o computador. TABELA III. – Cargas Carga Lâmpada fluorescente compacta - (16 W) Lâmpada Incandescente - (100 W) Televisão (75 W - MAX) Ventilador - (140 W) Monitor LCD - (30 W) Ferro de passar roupa (1200 W) Batedeira (175W) Computador (100W) Abr. CFL Inc. TV Vent. LCD Ferro Bat. PC De maneira geral, os três modelos convergiram para curvas similares, entretanto, para as cargas eletrônicas, somente o modelo ZIP [1] foi uma boa representação para o consumo de potência ativa. A Fig.1 contém o gráfico do consumo de potência ativa pela tensão onde pode ser observado o consumo de potência ativa diminui com o aumento da tensão, comportamento que ocorreu para todas as cargas eletrônicas medidas. Considerando um modelo real onde cada um dos parâmetros ZIP apresentam valores entre zero e um, e que a soma dos três parâmetros correspondem a 100% da carga, o modelo ZIP [2] não consegue convergir para uma curva com inclinação negativa. O mesmo acontece para o modelo exponencial para 0 . televisão foram ligados simultaneamente, com o somatório dos modelos individuais de cada uma dessas cargas. A Fig. 2 contém essa comparação para a potência ativa onde observa-se que os três modelos convergem para uma boa representação das cargas simultâneas, embora que, para os menores níveis de tensão, a curva gerada pelo modelo ZIP [1] diverge bastante do valor medido. A Fig. 3 demonstra o mesmo caso, porém para a potência reativa. Os três modelos apresentaram resultados similares, entretanto os valores calculados pelo somatório das cargas individuais divergem totalmente dos valores medidos. TABELA IV. – Modelo Exponencial Parâmetros do modelo Exponencial Potência Ativa Alfa 0,0001 1,3423 0,0022 1,7388 0,0065 1,8390 1,3854 0,6084 0,92 CFL Inc. TV Vent. LCD Ferro Bat. PC Várias Q -21,92 0,00 -51,83 59,98 -31,91 0,37 14,77 -73,75 195,72 34 33 32 Ic Zc Pᶿ Iᶿ 0,56 0,3015 0,8352 0,1444 0,8146 0,0717 0,2835 0,5430 0,54 0,16 0,0001 0,0187 0,0000 0,0015 0,0000 0,0000 0,1251 0,00 0,27 0,6886 0,1402 0,8457 0,1745 0,9183 0,7065 0,3273 0,45 -0,44 0,00 -0,65 0,73 -0,66 -0,01 0,17 -1,08 0,57 -1,54 -3,14 -2,45 0,55 -3,02 -0,36 -0,08 -1,11 0,30 Zᶿ Potência Ativa Pc CFL 1,00 Inc. 0,30 TV 0,99 Vent. 0,12 LCD 1,00 Ferro 0,07 Bat. 0,28 PC 0,65 Várias 0,51 Ic 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 29 Medidas ZIP[2] Exponencial ZIP[1] 26 110 115 125 130 Fig. 1 – Potência Ativa Monitor LCD POTÊNCIA ATIVA 440 Sn -1,73 32,92 0,00 103,17 -3,03 97,03 0,36 152,77 -3,05 61,63 0,00 1194,55 0,13 104,44 1,20 233,83 0,29 471,02 430 420 410 400 390 380 Medidas ZIP[2] Exponencial ZIP[1] 370 360 105 110 115 120 Tensão (V) 125 130 135 Fig. 2 Potência Ativa – Representação de um consumidor pelo somatório de suas cargas individuais POTÊNCIA REATIVA Potência Reativa Zc P Pc Ic Zc 0,00 15,57 0,00 0,99 0,00 0,69 103,17 0,23 0,48 0,00 51,27 0,95 0,00 0,04 0,87 138,86 0,24 0,00 0,75 0,00 29,93 0,96 0,00 0,03 0,92 1194,55 0,04 0,16 0,80 0,71 103,36 0,00 0,70 0,29 0,34 101,95 0,99 0,00 0,00 0,48 422,48 0,69 0,00 0,30 120 Tensão (V) 450 TABELA VI. – Modelo ZIP [2] Parâmetros do modelo ZIP [2] Carga 30 27 TABELA V. – Modelo ZIP [1] Parâmetros do modelo ZIP [1] Pc 31 28 Potência (W) CFL Inc. TV Vent. LCD Ferro Bat. PC Várias Beta 0,9997 0,0736 1,4736 0,0504 2,9627 1,2836 0,0119 0,57 Q -22,14 0,00 -52,36 60,57 -32,23 0,34 14,92 -73,56 197,66 Para avaliar a representação de um consumidor pelo somatório de suas cargas individuais, foi comparada a medição realizada quando a lâmpada fluorescente, incandescente, computador, monitor, ventilador e 200 Potência (VAr) Carga Potência reativa P 15,52 102,15 50,49 137,51 29,82 1182,90 102,34 100,82 418,37 Potência (W) Carga POTÊNCIA ATIVA 35 150 measurements ZIP[2] exponential ZIP[1] 100 50 110 115 120 Tensão (V) 125 130 Fig. 3 Potência Reativa – Representação de um consumidor pelo somatório de suas cargas individuais Com o intuito de verificar a divergência do modelo de potência reativa gerado pelo somatório das cargas potência ativa, PH apresentou pouca influência em P, de maneira que P1 se aproxima bastante da potência ativa consumida. VAR Potência Reativa 200 100 0 N 110 115 120 100 0 110 115 W Onde: 120 125 130 Potência Ativa CALCULO DA POTÊNCIA Potência Ativa (W) 135 Q1 130 200 TABELA VII. – Potências conforme IEEE std 1459-2010 P P1 PH 125 Diagrama de caixa - Potência N VAR individuais de um consumidor, a norma IEEE std. 14592010 [9] foi utilizada para avaliar o cálculo das potências. A Tabela VII contém o cálculo das potências ativa, aparente e não ativa respectivamente. De acordo com a norma, a potência ativa é calculada pela potência fundamental P1 somada a potência harmônica PH. A potência aparente é calculada pela raiz quadrada da soma dos quadrados da potência aparente fundamental S1 com a potência devido aos harmônicos SN, sendo Q1 a potência reativa fundamental; DI a parcela da potência distorcida devido a corrente harmônica; D V a parcela da potência distorcida devido a tensão harmônica; e SH a potência aparente harmônica. A potência não-ativa é calculada pela raiz quadrada da diferença de S2 e P2. A potência não-ativa não pode ser confundida com a potência reativa, pois somente no caso onde a onda é perfeitamente senoidal que N=Q1 [9]. 600 400 200 0 P1 V1 I1 cos(1 ) P P1 PH 110 115 120 125 Tensão (V) 130 PH V0 I 0 Vh I h cos( h ) Fig. 4 Potências ativas e reativas S S12 S N2 Os parâmetros das cargas ligadas simultaneamente foram estimados considerando apenas a potência reativa Q1 (60Hz) desconsiderando harmônicos. As Tabelas VIII, IX e X contêm os novos parâmetros dos modelos exponencial, ZIP [1] e ZIP [2] respectivamente. h1 Onde: Potência Aparente (VA) S1 P Q ; S N DI2 DV2 S H2 2 1 2 1 Onde: Q1 V1I1sen(1 ) DI V1I H ; DV VH I I ; S H VH I H Potência Não-Ativa (Var) N S 2 P2 Isolando-se a potência S na equação de potência não reativa e igualando a equação de potência aparente, após os cálculos necessários, a potência N pode também ser representada através da equação 14. Observa-se claramente que para o cálculo da potência reativa, além da parcela da potência fundamental Q1, há também a potência devido aos harmônicos. Nota-se também que a potência reativa calculada pelo analisador de energia demonstrada na equação 12 é a potência N da norma [9]. N Q12 ( DI2 DV2 SH2 PH2 2P1PH ) (14) TABELA VIII. – Modelo Exponencial com N=Q1 Parâmetros do modelo Exponencial Carga Potência reativa Alfa P Beta Q CFL 0,0005 15,61 0,2685 -10,37 Inc. 1,3423 102,24 0,0000 -0,85 TV 0,0021 50,98 0,0000 -4,14 Vent. 1,7390 137,57 1,8514 47,64 LCD 0,0068 29,79 0,0003 -4,16 PC 0,0578 110,09 3,4833 5,35 Vários 0,81 443,22 2,23 38,04 Carga CFL A Fig. 4 demonstra a comparação entre as potências nãoativas N e a reativa Q1 bem como a comparação entre as potencias P, P1 e PH da medição realizada para os equipamentos ligados simultaneamente. Tais parâmetros foram calculados baseados nos dados de harmônicos exportados do analisador de energia e na norma IEEE std. 1459-2010. Observa-se que devido aos harmônicos, a potência N em média (diagrama de caixa) aumenta com o aumento da tensão, enquanto a potência Q1 praticamente não apresenta variação com a tensão. Já no caso da Potência Ativa TABELA IX. – Modelo ZIP [1] com N=Q1 Parâmetros do modelo ZIP [1] Pc Ic Zc 0,90 0,00 0,09 Pᶿ Iᶿ Zᶿ -0,49 -2,30 -2,25 Sn 21,13 Inc. 0,3018 0,0000 0,6882 -0,06 -0,09 0,01 103,31 TV 0,7487 0,1973 0,0620 -0,22 2,62 2,57 Vent. 0,1144 0,0000 0,8756 0,20 0,35 147,19 LCD 0,7851 0,0026 0,2026 -0,16 2,07 2,93 PC 0,9107 0,0000 0,0793 -0,03 1,07 1,18 117,09 Vários 0,56 0,00 0,43 0,53 -0,01 0,55 98,21 50,23 0,21 452,14 TABELA X. – Modelo ZIP [2] com N=Q1 Parâmetros do modelo ZIP [2] Carga Potência Ativa Pc Ic Zc Potência Reativa P 15,79 Pc Ic Zc Q CFL 0,99 0,00 0,00 Inc. 0,30 0,00 0,69 103,25 0,96 0,03 0,01 -0,86 TV 1,00 0,01 0,00 -4,49 Vent. 0,12 0,00 0,87 138,92 0,07 0,00 0,92 48,10 LCD 0,99 0,00 0,00 0,98 0,01 0,00 -4,28 PC 0,93 0,06 0,00 111,20 0,00 0,02 0,97 5,09 Vários 0,56 0,00 0,43 447,59 0,00 0,00 0,99 37,77 51,17 30,14 0,71 0,28 0,00 -10,47 0,90 0,05 0,04 A Fig. 5 ilustra o caso da representação da potência reativa pelo somatório de cargas individuais, para o caso de N=Q1. As curvas geradas aproximam-se dos valores medidos, diferentemente do que acontece quando as potências harmônicas são consideradas. Isto ocorre, pois a geração de harmônicos pela carga é maior quando as cargas são conectadas simultaneamente, pois a geração de harmônico de uma carga aumenta a geração de harmônico na outra, aumentando em muito a parcela N. CARGAS SIMULTANEAS (SOMATÓRIO) - MODELOS POTÊNCIA REATIVA 50 45 Potência(VAr) 40 medidas ZIP[2] expoencial ZIP[1] 35 30 25 20 15 105 110 115 120 Tensão (V) 125 130 135 Fig. 5 Potência Reativa – Representação de um consumidor pelo somatório de suas cargas individuais com N=Q1 5. Conclusão Este trabalho apresentou a comparação entre três modelos de carga estática onde o algoritmo de otimização elipsoidal foi utilizado para estimar os parâmetros de cada modelo. Através do tratamento das restrições impostas por cada modelo, foi possível obter modelos confiáveis e com representação física. Para maioria das cargas analisadas, os três modelos apresentaram resultados semelhantes, exceto para as cargas eletrônicas. Tais cargas apresentaram a redução do consumo de potência com o aumento do nível da tensão de alimentação. Para esses casos, apenas o ZIP [1] consegue representar a carga com fidelidade. Os outros modelos não apresentam curvas com inclinação negativa. Ficou constatado que é possível representar o perfil de consumo de potência ativa de um consumidor ou grupo de consumidores pelo somatório dos modelos de suas cargas, para a potência ativa e para a potência reativa na frequência fundamental (Q1), porém o mesmo não é possível para a potência não-ativa, devido a influência dos harmônicos, fazendo com que a não linearidade das cargas não permita aplicar o teorema da superposição. Agradecimentos Agradeço à Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) pelo apoio técnico através do projeto P&D263; à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de fomento; à Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio financeiro; ao Centro Feral de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e ao Centro de Pesquisa em Energia Inteligente (CPEI) pela disponibilização do ambiente de trabalho. Referências [1] K. Scheneider, F. Tuffner, J. Fuller, R. Singh. “Evaluation of Conservation Voltage Reduction (CVR) on a National Level”. Pacific Northwest National Laboratory, 2010, 114 p. [2] W. W. Price, H-D. Chiang, H. K. Clarck, C. Concordia, D. C. Lee, J. C. Hsu, S. Ihara, C. A. King, C. J. Lin, Y. Mansour, K Srinivasan, C. W. Taylor, E. Vaahedi. “Load Representation for Dynamic Performance Analysis.” IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 8, no. 2. pp. 472 – 482, 1993. [3] C. M. P. Nunes. 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