Distribuição e Transportes Avarias pelos ares As não-conformidades em medicamentos podem ser evitadas com a atuação do farmacêutico no transporte aéreo Fotos: Arquivo Pessoal Por Thais Noronha Exemplo de avaria nos terminais de carga N aedição passada foi destacada a atuação do farmacêutico que monitora todas as etapas no transporte terrestre de medicamentos. Quando o assunto é transporte aéreo, a responsabilidade e as ações são muito semelhantes, com exceção de algumas especificidades. A Comissão Assessora de Distribuição e Transportes (CADT) tem discutido amplamente a atuação do farmacêutico em empresas de transporte aéreo e na Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), inclusive com a elaboração de um parecer técnico a respeito. A elaboração deste parecer é oportuna em decorrência de diversos desvios de qualidade que têm sido observados em produtos que foram manuseados e armazenados 58 | Revista do Farmacêutico/ Novembro - Dezembro de 2008 temporariamente nos terminais de carga dos aeroportos. Para o dr. Diego Gorgulho, membro da CADT, a responsabilidade é a mesma, tanto no transporte aéreo, quanto no terrestre. “Uma das diferenças em relação ao transporte aéreo é o acondicionamento de vacinas e medicamentos de natureza biológica, que na ausência de um responsável podem estar sujeitos ao congelamento, perdendo substancialmente a eficácia, já que em muitos casos a temperatura do compartimento de cargas do avião encontra-se abaixo de 0°C”. De acordo com a RDC 2/03, cabe à administração aeroportuária manter as cargas sujeitas à vigilância sanitária armazenadas em conformidade com as especificações técnicas do produto e com as Boas Práticas. No entanto, a Comissão entende que a Infraero não tem condições de cumprir esta Resolução sem a presença de farmacêuticos. Supervisão do farmacêutico evitaria danos ao produto Distribuição e Transportes Exemplos reais de ocorrências Representação gráfica de um avião cargueiro Envio de medicamentos para São Luís (MA) Avaria: caixas molhadas e rasgadas; Motivo: falta de estrutura; Resposta da cia. aérea: os produtos foram acometidos pelo tempo chuvoso; Risco: cliente não recebeu o pedido urgente; o produto foi avariado e impossibilitou o uso. O paciente teve tratamento prejudicado. Envio de medicamentos com conexão em Brasília Avaria: caixas de papelão e isopor remendadas; Motivo: não houve zelo pela carga; Resposta cia. aérea: faz parte dos procedimentos passar fita adesiva por toda embalagem externa quando ocorrem avarias, deixando claramente que o produto passou por um grande estresse; Risco: produto pode ter sido avariado. Muitos problemas no transporte aéreo podem comprometer os medicamentos Transporte com aeronaves As empresas aéreas que realizam transporte de carga possuem um terminal para fazer a roteirização do produto transportado (processo de determinação de como um embarque será movimentado entre a origem e o destino). Tecnicamente, este local é exatamente igual ao de uma transportadora rodoviária. A diferença é que a carga consolidada (agrupamento de produtos compatíveis) seguirá em uma aeronave. Nesse tipo de empresa, apenas o farmacêutico pode assegurar as Boas Práticas de Armazenamento e Transporte de produtos sob vigilância sanitária (principalmente os medicamentos). Os farmacêuticos também podem atuar no ordenamento das cargas nas aeronaves, recebimento, roteirização e expedição, além da identifi- Envio de medicamentos para pesquisa clínica em Fortaleza (CE) Avaria: extravio; Motivo: parte do material havia sido extraviada; Resposta da cia. aérea: pagamento da carga extraviada; Risco: a pesquisa ficou comprometida e a indústria farmacêutica prejudicada, gerando total transtorno e comprometimento do trabalho. cação e segregação de produtos avariados e extraviados. De acordo com dra. Elaine Manzano, vice-coordenadora da Comissão de DT, a companhia aérea mantém padrões diferenciados para cargas perigosas. “Deve haver também a adequação de cuidados e procedimentos diferenciados aos produtos farmacêuticos”. O farmacêutico também é responsável pela relação de medicamentos e produtos para saúde que deverão estar disponíveis a bordo (conjunto médico de emergência), inclusive quanto ao controle de uso, validade e acondicionamento adequado. Tendo em vista o número elevado de aeronaves por companhia aérea, conseqüentemente, a grande quantidade de medicamentos em esNE P toque exige um rígido controle profissional. Núcleo de Educação P e rm a n e n te Novembro - Dezembro de 2008/ Revista do Farmacêutico | 59