Distribuição e Transportes
Avarias pelos ares
As não-conformidades em medicamentos podem ser evitadas
com a atuação do farmacêutico no transporte aéreo
Fotos: Arquivo Pessoal
Por Thais Noronha
Exemplo de avaria nos terminais de carga
N
aedição passada foi destacada a atuação do
farmacêutico que monitora todas as etapas
no transporte terrestre de medicamentos.
Quando o assunto é transporte aéreo, a responsabilidade e as ações são muito semelhantes, com exceção
de algumas especificidades.
A Comissão Assessora de Distribuição e Transportes
(CADT) tem discutido amplamente a atuação do farmacêutico em empresas de transporte aéreo e na Infraero
(Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), inclusive com a elaboração de um parecer técnico a respeito.
A elaboração deste parecer é oportuna em decorrência
de diversos desvios de qualidade que têm sido observados em produtos que foram manuseados e armazenados
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temporariamente nos
terminais de carga
dos aeroportos. Para
o dr. Diego Gorgulho,
membro da CADT, a responsabilidade é a mesma, tanto no
transporte aéreo, quanto no terrestre. “Uma das diferenças em relação ao transporte aéreo é o acondicionamento de vacinas e medicamentos de natureza biológica, que
na ausência de um responsável podem estar sujeitos ao
congelamento, perdendo substancialmente a eficácia, já
que em muitos casos a temperatura do compartimento de
cargas do avião encontra-se abaixo de 0°C”.
De acordo com a RDC 2/03, cabe à administração aeroportuária manter as cargas sujeitas à vigilância sanitária armazenadas em conformidade com as especificações
técnicas do produto e com as Boas Práticas. No entanto,
a Comissão entende que a Infraero não tem condições de
cumprir esta Resolução sem a presença de farmacêuticos.
Supervisão do farmacêutico evitaria danos ao produto
Distribuição e Transportes
Exemplos reais de ocorrências
Representação
gráfica de um
avião cargueiro
Envio de medicamentos para São Luís (MA)
Avaria: caixas molhadas e rasgadas;
Motivo: falta de estrutura;
Resposta da cia. aérea: os produtos foram
acometidos pelo tempo chuvoso;
Risco: cliente não recebeu o pedido urgente; o produto foi
avariado e impossibilitou o uso. O paciente teve
tratamento prejudicado.
Envio de medicamentos
com conexão em Brasília
Avaria: caixas de papelão e isopor remendadas;
Motivo: não houve zelo pela carga;
Resposta cia. aérea: faz parte dos procedimentos passar fita adesiva por toda embalagem externa quando ocorrem avarias, deixando
claramente que o produto passou por um grande estresse;
Risco: produto pode ter sido avariado.
Muitos problemas no transporte aéreo podem
comprometer os medicamentos
Transporte com aeronaves
As empresas aéreas que realizam transporte de carga possuem um terminal para fazer a roteirização do produto transportado (processo de determinação de como um embarque
será movimentado entre a origem e o destino). Tecnicamente,
este local é exatamente igual ao de uma transportadora rodoviária. A diferença é que a carga consolidada (agrupamento
de produtos compatíveis) seguirá em uma aeronave.
Nesse tipo de empresa, apenas o farmacêutico pode
assegurar as Boas Práticas de Armazenamento e Transporte de produtos sob vigilância sanitária (principalmente os medicamentos). Os farmacêuticos também
podem atuar no ordenamento das cargas nas aeronaves,
recebimento, roteirização e expedição, além da identifi-
Envio de medicamentos para pesquisa clínica em
Fortaleza (CE)
Avaria: extravio;
Motivo: parte do material havia sido extraviada;
Resposta da cia. aérea: pagamento da carga extraviada;
Risco: a pesquisa ficou comprometida e a indústria farmacêutica prejudicada, gerando total transtorno e comprometimento do trabalho.
cação e segregação de produtos avariados e extraviados.
De acordo com dra. Elaine Manzano, vice-coordenadora
da Comissão de DT, a companhia aérea mantém padrões diferenciados para cargas perigosas. “Deve haver também a
adequação de cuidados e procedimentos diferenciados aos
produtos farmacêuticos”.
O farmacêutico também é responsável pela relação
de medicamentos e produtos para saúde que deverão
estar disponíveis a bordo (conjunto médico de emergência), inclusive quanto ao controle de uso, validade e
acondicionamento adequado. Tendo em vista o número
elevado de aeronaves por companhia aérea, conseqüentemente, a grande quantidade de medicamentos em esNE P
toque exige um rígido controle profissional.
Núcleo de Educação
P e rm a n e n te
Novembro - Dezembro de 2008/ Revista do Farmacêutico | 59
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Avarias pelos ares - CRF-SP