3º Simposio Iberoamericano de Ingeniería de Residuos
2º Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos
GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO IFRN/CAMPUS NATAL ZONA NORTE: UMA ABORDAGEM CRÍTICA-CONSTRUTIVA À LUZ DE UMA
NOVA PROPOSTA DE GESTÃO
Gracielle Rodrigues Dantas
Mestranda em Ciências Biológicas na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Técnica em Controle Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte - IFRN
Janaína Silva de Morais
Técnica em Controle Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte – IFRN
Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
José Beldson Elias Ramos
Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Campina Grande
Mestre em Engenharia pela Universidade Federal de Campina Grande
Doutor em Geociências pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Endereço: Rua Rio dos Sinos, nº. 328, Conjunto Parque dos Coqueiros – Bairro Nossa Senhora da
Apresentação – Natal – RN – CEP: 59114-320 – Brasil – Tel: +55 (84) 3208-1748 – e-mail:
[email protected]
RESUMO
A partir da Revolução Industrial houve a transformação na quantidade e composição dos resíduos gerados.
Dessa forma, toneladas de matérias-primas ao serem industrializadas e consumidas geraram rejeitos e
resíduos. Entre os locais que contribuem para a geração de resíduos destaca-se o ambiente escolar, uma vez
que há a produção dos mesmos em quantidades significativas. A escola é de fundamental importância na
produção de conhecimento e na formação de indivíduos capazes de entender e serem responsáveis pelo
ambiente em que vivem. Desse modo, destaca-se o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio Grande do Norte – IFRN, sendo o alvo desse estudo o campus Natal – Zona Norte. O presente trabalho
tem como objetivo realizar uma abordagem crítica-construtiva das condições de limpeza do IFRN/Campus
Natal – Zona Norte, com a finalidade de propor um modelo de gestão e gerenciamento, mediante a
caracterização dos resíduos. Este estudo se caracterizou como uma pesquisa de abordagem descritivaexplorátoria de caráter quali-quantitativa, sendo realizadas entrevistas com a Direção de Apoio Acadêmico e a
Coordenação dos serviços de limpeza; e aplicados questionários com a comunidade escolar interna. Também
foi realizada a caracterização dos resíduos e a observação in loco de todo o processo de gerenciamento dos
resíduos sólidos da instituição. Percebeu-se que alguns profissionais da equipe de limpeza não utilizam os
equipamentos de proteção individuais adequadamente. Os servidores não conhecem o quanto é produzido por
suas atividades, contribuindo para a geração dispendiosa de resíduos. Os alunos e professores possuem uma
consciência positiva em relação ao meio ambiente e aos resíduos sólidos, porém, a falta de uma contínua
educação ambiental gera atitudes inadequadas em relação a essas questões. Após a análise dos dados foi
proposto um plano de gerenciamento. Assim, acredita-se que a partir da efetivação do plano de gerenciamento,
a comunidade escolar crie uma consciência sobre o desperdício, à escassez dos recursos naturais não
renováveis e a importância econômica, social e ambiental na tomada de atitudes corretas.
Palavras – chave: Resíduos Sólidos, Plano de Gerenciamento, IFRN/ZN.
INTRODUÇÃO
A partir da Revolução Industrial, ocorrida no final do século XIX, grandes modificações ocorreram. Aliada a
essa mudança, houve uma grande transformação na quantidade e na composição dos resíduos gerados pela
sociedade. Esses eram basicamente compostos de restos de alimentos, vidro, cerâmica, papel e metal e a eles
passaram a incorporar o plástico e outros resíduos oriundos de atividades agrícolas e industriais. Assim, as
modificações ambientais advindas de ações antrópicas levaram à alteração de ambientes naturais, poluição do
meio ambiente físico e consumo de recursos naturais sem critérios. Nesse ambiente onde a natureza é
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profundamente agredida, toneladas de matérias-primas, provenientes dos mais diversos lugares do planeta, são
industrializadas e consumidas gerando, assim, rejeitos e resíduos, que comumente são chamados de lixo.
A palavra lixo origina-se do latim lix que significa cinzas ou lixívia (BIDONE; POVINELLI, 1999). Os
resíduos sólidos apresentam-se nos estados sólidos e semi-sólidos, resultantes das atividades do homem e dos
animais e abandonados como imprestáveis e indesejáveis. (LEME, 1984).
De acordo com Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, “os resíduos sólidos são materiais heterogêneos,
(inertes, minerais e orgânicos) resultantes das atividades humanas e da natureza, os quais podem ser
parcialmente utilizados, gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos
naturais.” (BRASIL, 2006, p. 227).
A produção de resíduos sólidos faz parte do cotidiano do ser humano, que devido ao aumento da população
humana, à concentração dessa população em centros urbanos, à forma e ao ritmo da ocupação desses espaços e
ao modo de vida com base na produção e consumo cada vez mais rápidos de bens, os problemas causados
pelos resíduos gerados tendem a ser tornarem mais perceptíveis. Dessa forma, esses resíduos ora considerados
como rejeitos, devem ser manejados e destinados de forma adequada.
Assim, os sistemas de resíduos sólidos constituem conjuntos ordenados de estruturas e serviços cujo objetivo é
solucionar o manejo e a destinação de resíduos de forma sanitária e ambientalmente segura e viável do ponto
de vista econômico. As atividades básicas do sistema são: a coleta, o acondicionamento, o transporte, o
tratamento e a disposição final dos resíduos sólidos (OLIVEIRA, 1992).
Dentre as instituições da sociedade podemos destacar as educacionais, as quais apresentam o desenvolvimento
de variadas atividades pedagógico-administrativas, além de atividades oriundas da alimentação em cantinas
e/ou refeitórios. Todas essas atividades por sua vez costumam gerar uma relevante quantidade de resíduos, os
quais compreendem materiais como papel, plástico, papelão, metal, e ainda resíduos originados da
alimentação.
Algumas instituições de ensino desenvolvem projetos de pesquisa, na tentativa de buscar alternativas para a
problemática do lixo (RAMOS, [1999?]). Dentre elas destacam-se a Universidade Estadual de Feira de
Santana (UEFS) na Bahia e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em São Paulo, que desenvolvem
projetos de coleta seletiva do lixo, visando ao aproveitamento dos resíduos gerados nesses campus.
A escola é um instrumento de conscientização e de fundamental importância na produção de conhecimento e
na preocupação na formação de indivíduos capazes de entender e serem responsáveis pelo meio ambiente em
que vivem. Essa conscientização pode e deve ser iniciada na escola, devido o seu papel educacional e
responsabilidade na formação social, cultural e científica dos alunos, professores e servidores, no que diz
respeito a várias temáticas a serem trabalhadas, como por exemplo, os resíduos gerados nas atividades da
instituição. Sendo assim, o processo de construção de uma postura de comportamentos e atitudes se faz
necessário para a transformação desse espaço escolar em ambiente de prazer, saúde e cidadania.
No Estado do Rio Grande do Norte podemos destacar os Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia do RN - IFRN, que possuem a função social de promover educação científico-tecnológicohumanística visando à formação integral do profissional cidadão crítico-reflexivo, competente técnica e
eticamente e comprometido efetivamente com as transformações sociais, políticas e culturais. Atualmente o
IFRN, além do Campus Central, localizado na Capital do Estado, possui outros 11 campi. Desses, o Campus
da Zona Norte de Natal está funcionando há pouco mais de 2 anos.
Apesar do pouco tempo de funcionamento o Campus Natal – Zona Norte possui uma estrutura física,
administrativa e pedagógica de uma instituição de médio porte, contendo uma comunidade escolar de
aproximadamente 840 pessoas.
Com um número significante de pessoas que a escola atende, a produção de resíduos sólidos gerados pela
instituição é relevante, necessitando assim de uma atenção especial para esses resíduos.
Dentre as inúmeras posturas que a escola deve adquirir em relação aos seus resíduos sólidos, deve-se destacar
a importância de um plano de gerenciamento desses resíduos como forma de contribuir para a questão
ambiental e assumir o seu papel de conscientizadora e formadora de cidadãos conscientes.
Diante do exposto acima, o presente trabalho investigativo tem como princípio geral realizar uma abordagem
crítica-construtiva das condições de limpeza do IFRN/Campus Natal – Zona Norte, com a finalidade de propor
um modelo de gestão e gerenciamento, mediante a caracterização dos resíduos.
Como forma de justificar o tema, é visto que o atual padrão de consumo resultante de um modelo de
desenvolvimento econômico, onde o „possuir‟ sobrepõe e „ser‟ vem provocando excessiva geração de resíduos
sólidos, provenientes principalmente da industrialização e da descartabilidade dos produtos. Esses resíduos
geralmente têm acondicionamento e destinos inadequados, causando diversos impactos ambientais e sociais,
como contaminação do solo e das águas, propiciando locais de criadouros para vetores transmissores de
doenças ao homem, além da degradação humana nos lixões.
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Para diminuir a problemática dos resíduos sólidos é necessário sensibilizar os seres humanos no sentido de
reduzir o consumo, reutilizar e reciclar os resíduos gerados, além de repensar as atitudes que degradam o meio
ambiente, principalmente no que diz respeito ao acondicionamento e ao destino dos resíduos produzidos.
O gerenciamento de resíduos sólidos é de extrema importância, devendo ocorrer de forma correta desde a
geração nas residências e estabelecimentos comerciais até as instituições. Um plano de gerenciamento de
resíduos tem como principal função orientar e definir objetivos, metas e diretrizes para a correta destinação
dos resíduos produzidos pela instituição.
Por isso se faz necessário, principalmente, em instituições de médio e grande porte, o correto gerenciamento
dos resíduos produzidos, com o intuito de prevenir, reduzir, segregar, reutilizar, acondicionar, coletar,
transportar, tratar e dar a destinação final adequada a esses resíduos.
Propostas de gerenciamento adequado dos resíduos sólidos e de educação ambiental desenvolvidas junto à
comunidade escolar possibilitam a propagação do conhecimento e promoção dos princípios da
sustentabilidade, buscando mudanças de atitudes em relação aos problemas econômicos, sociais e ambientais
que cercam a questão dos resíduos sólidos.
Essas ações contribuem para efetivar o papel da escola como instituição formadora de cidadãos conscientes de
seu papel na sociedade e na relação com o meio ambiente e com o seu semelhante.
A avaliação da situação atual do gerenciamento dos resíduos sólidos do IFRN/Campus Natal – Zona Norte
torna-se indispensável para elaborar um modelo eficiente de gerenciamento, o que faz desse estudo relevante e
colaborador para a melhoria e efetivação do papel da escola em relação aos seus resíduos sólidos.
METODOLOGIA
Esse estudo se caracteriza como uma pesquisa de abordagem descritiva-explorátoria de caráter qualiquantitativa, pelo fato de observar e descrever a realidade do objeto investigado, caracterizando fenômenos e
populações, dando uma visão abrangente sobre o nível de conscientização e comprometimento da comunidade
escolar em relação aos resíduos gerados, como também, a quantidade e os tipos de resíduos produzidos pela
instituição.
A população considerada foi toda a comunidade escolar interna. Foram realizadas entrevistas com a Direção
de Apoio Acadêmico e a Coordenação da equipe de limpeza; e aplicados questionários com 08 servidores
administrativos, 09 funcionários da equipe de limpeza, 06 professores e 100 alunos da escola.
Como forma de verificar a quantidade e a qualidade dos resíduos produzidos pela instituição, foi realizada a
caracterização física dos mesmos. Também foi feita a observação e o registro das atividades diárias realizadas
pela equipe de limpeza, a fim de registrar e acumular informações sobre o atual gerenciamento dos resíduos da
instituição.
Após a realização da coleta dos dados, da observação in loco e do levantamento bibliográfico, os dados foram
tabulados e avaliados com o intuito de possibilitar o alcance dos objetivos propostos pelo trabalho.
ANALISANDO O ATUAL GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO IFRN/CAMPUS
NATAL - ZONA NORTE
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN/ Campus Natal – Zona
Norte, localizado na Rua Brusque, n° 2926, Conjunto Santa Catarina – Bairro Potengi – Natal/RN, oferece à
população cursos que compreendem cursos técnicos de nível médio, como informática, eletrotécnica,
manutenção de computadores, sistemas de informação, eletrônica e comércio. Ainda, oferece cursos de
formação inicial e continuada, como operação de computadores, montagem e instalação de computadores,
desenvolvimento de web sites, programação, língua inglesa, eletricista predial e gestão e vendas. A instituição
é dotada de uma infra-estrutura composta por salas de administração, auditório (capacidade para 160 lugares) e
sala de audiovisual (capacidade para 60 pessoas), biblioteca e laboratório de estudos de informática, salas de
aula e laboratório de línguas, laboratório de química, biologia, física e matemática, laboratórios de
informática, laboratórios de eletricidade e eletrônica de potência, eletrônica analógica e digital, manutenção de
computadores, redes de computadores, salas de servidores e sala de estudos de servidores, área de
convivência, lanchonete/restaurante e lojinha, setor de saúde (atendimento médico e odontológico,
enfermagem), assistência estudantil (psicologia e serviço social, diretório acadêmico) e quadra coberta.
O quadro de servidores e funcionários da escola contempla aproximadamente 840 pessoas, das quais 48 são
funcionários e servidores, 42 constituem o quadro docente da instituição e 730 completam o quadro de alunos
do IFRN.
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Atualmente, a instituição está em processo de expansão e crescimento da área física, com a construção de
novas salas de aula e espaços de convivência, e sendo assim, o quadro de pessoas do corpo institucional irá
sofrer um relevante aumento quantitativo brevemente.
DIAGNÓSTICO ATUAL DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO IFRN/CAMPUS
NATAL - ZONA NORTE
Com o intuito de se realizar um diagnóstico inicial sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos da instituição,
foi feita uma entrevista com o responsável pelo setor de limpeza do IFRN Campus Natal-Zona Norte. Os
quesitos avaliados durante a entrevista contemplaram todas as etapas inerentes ao gerenciamento, desde a
segregação até a destinação final.
A partir da entrevista, com relação aos resíduos produzidos na instituição, percebeu-se que não se há um valor
exato sobre a produção e nem uma caracterização qualitativa dos mesmos. Como exemplos dos materiais
produzidos têm-se material comum, reciclável, orgânico, eletrônico e serviços de saúde, o que se justifica pelo
fato de a instituição possui ambulatório para atendimentos da comunidade escolar. Relacionado à segregação
dos resíduos, foi informado que a mesma ocorre de forma satisfatória, sendo realizada a partir da colaboração
da comunidade escolar interna, cuja separação dos materiais gerados se dá através da disposição dos mesmos
nos respectivos coletores que a instituição possui.
De acordo com os aspectos sobre acondicionamento, foi relatado que os coletores disponibilizados no
IFRN/ZN constituem-se de: 1 coletor destinado à coleta seletiva, 3 coletores estacionários disponibilizados
pelos corredores centrais da escola, 5 coletores estacionários duplos, para papel e resíduo comum, 5 coletores
destinados aos resíduos gerados na área da cantina/refeitório e ainda três carros coletores do tipo Lutocar para
o transporte interno dos resíduos da instituição.
Ainda, sobre o serviço de varrição, foi descrito que esse ocorre manualmente, sendo realizado diariamente nas
salas de aula, ocorrendo quatro vezes ao dia; os corredores são varridos com a freqüência de duas vezes ao dia,
enquanto que os banheiros são varridos três vezes ao dia.
A freqüência de limpeza e esvaziamento dos resíduos dispostos nos coletores das áreas comuns ocorre uma
vez ao dia. Aos sábados, também é feita uma limpeza geral da escola, com carga horária de 4 horas para a
realização de todas as etapas do gerenciamento. A coleta dos resíduos dos banheiros acontece 3 vezes ao dia.
A entrevista ainda relatou que com relação ao acondicionamento temporário interno, foi observado que esse é
feito a partir de três carros coletores do tipo Lutocar que também são utilizados para o transporte dos resíduos
até a casa do lixo, que por sua vez constitui-se no local físico de armazenamento externo.
A coleta externa dos resíduos da instituição ocorre três vezes por semana, através do serviço de limpeza
pública municipal (Companhia de Serviços Urbanos de Natal - URBANA). Para os resíduos do serviço de
saúde a coleta ocorre duas vezes por semana, por uma empresa especializada na remoção desses resíduos
(SERQUIP - Tratamento de Resíduos Ltda).
Vale ressaltar que, ainda na entrevista realizada, o responsável pelo setor da limpeza revelou não existir
nenhum tratamento de resíduos dentro da instituição, sendo apenas realizado o reaproveitamento/reutilização
de resíduos, como o papel, nas atividades administrativas.
Após a realização da entrevista, e como forma de se aproximar da realidade do objeto de estudo e com a
finalidade de confrontar e complementar os dados obtidos na mesma, foi realizada pelas pesquisadoras a
observação in loco de todas as etapas do processo de gerenciamento dos resíduos sólidos da instituição.
A primeira etapa observada foi a segregação, onde foi visto que em alguns coletores ocorre a mistura de
materiais como plástico em coletores destinados a vidro. Ainda, as áreas de uso comum da instituição
apresentaram-se sujas, havendo vários tipos de resíduos como plásticos, papéis, restos alimentares próximos à
área da cantina espalhados pelo chão e corredores.
Com relação à etapa de acondicionamento, foram vistos os tipos e as quantidades de coletores disponibilizados
pela instituição, sendo satisfatórios esses dois aspectos. Dentre os coletores destacam-se os destinados à coleta
seletiva, coletores comuns e coletores para papel e rejeito, sendo suas quantidades já citadas anteriormente.
O serviço de varrição, bem como limpeza dos banheiros e corredores também foi acompanhado, porém neles
não se aplicam aspectos negativos quanto ao processo, sendo realizados de maneira coerente para os quais se
destinam. Entretanto, no que diz respeito ao uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), nem todos os
funcionários utilizam os que são disponibilizados, sendo ausentes alguns desses elementos (máscaras, luvas,
botas) e outros.
A próxima etapa analisada refere-se à limpeza e esvaziamento dos coletores. Percebeu-se que essa fase do
processo é a que ocorre de maneira menos satisfatória, havendo a junção dos resíduos segregados em coletores
destinados a coleta seletiva no momento em que os funcionários esvaziam os recipientes para dar seqüência ao
processo de gerenciamento, descaracterizando assim funcionalmente o uso apropriado dos coletores.
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No transporte interno dos resíduos, percebeu-se que apesar de possuírem carros do tipo Lutocar destinados à
condução desses materiais, alguns funcionários o realizam de maneira inadequada, efetuando o transporte
desses resíduos com o uso das mãos, sendo um agravante quando os funcionários não utilizam EPIs, como
luvas, entrando em contato diretamente com os materiais descartados, que quando não embalados
corretamente, pode ser considerado um risco direto para a sua saúde.
Com relação às condições físicas da casa do lixo, vários agravantes podem ser enumerados. Foi visto que,
apesar do piso permitir a lavagem, o portão de acesso à casa do lixo permite a entrada de animais
sinantrópicos, que encontram abrigo e alimentação nesses locais. Tal fato pode gerar condições favoráveis
para criadouros de vetores transmissores de doenças, e ainda permite a proliferação de moscas, baratas, entre
outros, que constituem um agravo à saúde pública.
Ainda, com relação aos aspectos físicos, a casa do lixo encontra-se ao lado da quadra de esportes, o que
permite um contato direto com os resíduos ali destinados, principalmente por não haver nenhum tipo de
identificação da área de destinação externa nem meios que impeçam a entrada de terceiros.
Em relação às condições sanitárias, foi visto que nem todos os acondicionadores encontravam-se providos de
tampas, e alguns resíduos estavam dispostos no chão, apesar de haver recipientes destinados para acondicionálos; tal fato também constitui um agravante à saúde, agindo sinergicamente com as condições físicas
desapropriadas supracitadas e assim, causando riscos à comunidade escolar.
No transporte externo, última etapa do gerenciamento dos resíduos na instituição, foi observada várias
inconformidades no que diz respeito ao processo. O primeiro ponto negativo refere-se ao meio como os
resíduos eram transportados, em veículo aberto possibilitando que, durante o transporte, os sacos contendo-os
pudessem cair, além de permitir o vazamento de chorume.
Pode-se observar também que, assim como na etapa de transporte interno, alguns funcionários não faziam uso
dos EPIs necessários, deixando-os sujeitos ao contato direto com os resíduos.
Após o transporte externo, os sacos ficam disponibilizados na calçada do entorno da instituição, criando
condições sanitárias, estéticas e ambientais desagradáveis, além de incentivar os moradores a usar o espaço
para depositar os seus resíduos, aumentado assim a quantidade de sacos nos arredores do IFRN/ZN.
A partir da observação e dos fatos constatados, foi visto a necessidade de estabelecer procedimentos mínimos
para o gerenciamento dos resíduos, de modo a enfrentar o problema de gerenciar os resíduos gerados,
encontrando formas de evitar e reduzir a geração dos mesmos que sejam prejudiciais ao meio ambiente e a
saúde pública.
CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS RESÍDUOS PRODUZIDOS PELA INSTITUIÇÂO
Como forma de verificar a qualidade e quantidade dos resíduos sólidos da instituição foi realizada a
caracterização física desses resíduos. Para essa finalidade, foram recolhidos todos os resíduos gerados na
instituição em dois dias que se encontravam na Casa do Lixo. Após recolher todo o material, o mesmo foi
colocado sobre uma lona. Em seguida foi realizada a pesagem dos resíduos ainda misturados para verificar o
seu peso total.
A separação dos resíduos foi realizada a partir do tipo de material, sendo eles madeira, matéria orgânica,
metais, papel, papelão, plástico, vidro e isopor.
Os dados a respeito da caracterização física dos resíduos podem ser observados na tabela abaixo:
Componentes
Madeira
Matéria Orgânica
Metais
Papel
Papelão
Plástico
Vidro
Isopor
Total
Peso (kg) Porcentagem (%)
0,7kg
1%
29,3 kg
42%
2,2 kg
3%
17,3 kg
25%
4,6 kg
7%
14,3 kg
20%
0,8 kg
1%
0,7 kg
1%
69,9 kg
100%
Figura 1: Resultados dos tipos de resíduos produzidos pela instituição
Os dados acima podem ser justificados pelo fato de a instituição contar com cantina e refeitório para a
comunidade escolar, o que contribui para a produção de resíduos orgânicos em maior quantidade. Dentre os
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resíduos plásticos, o grande contribuinte para essa percentagem foram os copos descartáveis, enquanto que
metais, vidro e isopor constituem uma fração mínima dos resíduos gerados no IFRN/ZN.
PERCEPÇÃO ATUAL DA COMUNIDADE ESCOLAR INTERNA DO IFRN/CAMPUS NATAL –
ZONA NORTE
A partir da análise dos questionários aplicados, percebeu-se que os profissionais de limpeza possuem
consciência da importância do seu trabalho, embora alguns a tenham apenas localmente (para a instituição).
Embora sejam profissionais que realizem o gerenciamento, tendo, portanto contato diretamente com os
resíduos, o uso dos EPIs é falho, pois os mesmos não são utilizados adequadamente (ausência de luvas e botas,
por exemplo). Quanto a maneiras de otimização do seu trabalho, todos aceitaram passar por treinamentos ou
medidas relacionadas que pudessem auxiliar na melhoria da realização de suas tarefas, o que mostra um ponto
relevante já que os mesmos dispõem-se a aprimorar suas técnicas a partir de ações como essa.
Todos ainda mostraram-se satisfeitos quanto à segregação dos resíduos pela comunidade escolar e também
quanto a todas as etapas de gerenciamento que ocorre, bem como quanto à disposição dos coletores pela
escola. Tais informações são imprescindíveis e relevantes no que diz respeito à elaboração de um plano de
gerenciamento, um dos objetivos do trabalho proposto.
Após a verificação dos resultados obtidos a partir dos questionários realizados, viu-se que, apesar de os
servidores terem consciência dos problemas gerados a partir da produção dos resíduos por sua atividade, tal
percepção não se aplica nos setores de trabalho. Os mesmos não conhecem a produção quantitativa oriunda de
suas atividades, o que contribui para a geração dispendiosa de resíduos. Além disso, todas as etapas inerentes
ao processo de gerenciamento são comprometidas, uma vez que não há coletores específicos para os resíduos
gerados (esse se aplica somente para resíduos de saúde), o reaproveitamento de resíduos não ocorre – apenas o
papel é reaproveitado, e de maneira incipiente – e metade dos servidores não sabem se dão uma destinação
final correta a seus resíduos.
Mesmo sendo um dos setores responsáveis por grande parte dos resíduos gerados, o descaso com o
gerenciamento dos mesmos é facilmente perceptível. É importante que os componentes desse setor sejam
instruídos a ter uma nova postura diante de suas atividades e do reaproveitamento/reutilização dos resíduos
oriundos do seu trabalho, uma vez que tal ação favorece a instituição não somente no aspecto econômico, mas
também no aspecto social e ambiental.
Na pesquisa realizada com os alunos da instituição, percebeu-se de uma forma geral que eles possuem uma
consciência positiva em relação ao meio ambiente e aos resíduos sólidos, porém, a falta de uma contínua
educação ambiental gera atitudes inadequadas em relação a essas questões. Os professores também possuem
uma boa percepção sobre esses assuntos, porém, apesar do conhecimento e da consciência do seu papel
enquanto educadores eles não trabalham com freqüência temas ambientais em sala de aula.
PROPOSTA DE GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Após a observação do gerenciamento dos resíduos da instituição e identificação dos pontos e aspectos
contraproducentes durante a realização do mesmo, é proposto um plano de gerenciamento de resíduos sólidos
(PGRS) com a finalidade de assegurar que o processo seja realizado de forma harmônica sob a perspectiva
ambiental e da legislação em vigor. O PGRS contempla medidas alternativas para o controle e minimização de
danos causados ao meio ambiente e ao patrimônio quando da ocorrência de situações anormais envolvendo
quaisquer das etapas do gerenciamento dos resíduos.
As etapas aqui propostas seguem a metodologia utilizada, descrita através das fases convencionais de
gerenciamento, seguindo-se em ordem: segregação, acondicionamento e coleta, transporte interno,
armazenamento interno, transporte externo e armazenamento externo, por última etapa, destinação final dos
resíduos.
Etapa de segregação
Durante a observação in loco da etapa de segregação, foi visto que, apesar dessa ser considerada como
satisfatória pelos funcionários da equipe de limpeza, a separação correta dos materiais não ocorre
apropriadamente, sendo facilmente identificáveis resíduos misturados em coletores que deveriam ser utilizados
especificamente para o resíduo para o qual se destina (coletores para coleta seletiva).
Para solucionar esse inconveniente, faz-se necessário que toda a comunidade escolar, desde servidores até
alunos, seja conscientizada de forma a realizar a devida separação dos resíduos, seja por meio de palestras,
vídeos, campanhas ou ainda semanas internas para treinamentos sobre como destiná-los corretamente.
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Devido à instituição gerar vários tipos de materiais, dentre eles resíduos de serviços de saúde e resíduos
eletrônicos, a identificação dos resíduos deve ser também implementada, pois serve para garantir a segregação
realizada nos locais de geração e deve estar presente nas embalagens e coletores, nos locais de armazenamento
e nos veículos de coleta interna e externa. A utilização de simbologias baseadas na norma da ABNT NBR
7500 e na resolução CONAMA nº 275/01, procurando sempre orientar quanto ao risco de exposição, pode ser
um fator relevante para que seja disponibiliza a adequada separação dos materiais a partir da sua fonte.
Etapa de acondicionamento
A partir dos problemas diagnosticados, pela observação, na etapa de acondicionamento propõem-se novas
medidas para o processo de esvaziamento de coletores e uso de EPIs. Para o primeiro, é imprescindível a
realização de treinamento dos funcionários da equipe de limpeza – uma vez que, os mesmos revelaram que
isso não ocorre – sendo esse, possivelmente o fator preponderante para tais atitudes. Em relação ao uso de
EPIs, também se fazem necessárias reuniões para o exercício do uso de todos os equipamentos, considerando
direitos e deveres do empregador e empregados quanto ao uso de EPIs adequado.
Para que essa etapa seja realizada de forma correta, de acordo com Medeiros (2002), se faz necessário:
 Especificar por tipo ou grupo de resíduos, os tipos de recipientes utilizados para o
acondicionamento, especificando a capacidade.
 Estabelecer procedimentos para o correto fechamento, vedação e manuseio dos recipientes,
de forma a evitar vazamentos e/ou ruptura dos mesmos e portar símbolo de identificação
compatível com o tipo de resíduo acondicionado.
 Listar Equipamentos de Proteção Individual a serem utilizados pelos funcionários envolvidos
nas operações de acondicionamento/transporte de resíduos.
 Descrever os procedimentos para higienização dos EPIs, fardamento, equipamentos,
recipientes e relação de produtos químicos empregados.
Etapa de coleta e transporte interno
De acordo com o observado, o único aspecto não procedente com a realização da etapa foi, mais uma vez, a
falta de uso de EPIs pelos funcionários, o que reforça a necessidade de ações preventivas e/ou corretivas
quanto ao uso desses equipamentos.
Como forma de otimização da coleta e do transporte interno ainda podem ser descritas as seguintes propostas
abaixo (MEDEIROS, 2002):
 Descrever procedimentos de coleta e transporte interno, informando se esta é manual ou
mecânica.
 Relacionar as especificações dos equipamentos utilizados nesta etapa.
 Descrição das medidas a serem adotadas em caso de rompimento de recipientes, vazamento
de líquidos, derrame de resíduos, ou ocorrência de outras situações indesejáveis.
 Descrever procedimentos de higienização dos recipientes e equipamentos e os produtos
empregados.
 Apresentar planta baixa do estabelecimento, especificando as rotas dos resíduos.
Etapa de Armazenamento temporário externo
Vários agravantes foram constatados nessa etapa, desde aspectos físicos a sanitários. Propõem-se, então,
portões telados que não permitam a entrada de animais atraídos pelos resíduos, como insetos, artrópodes e
animais sinantrópicos. Para o problema de localização, recomenda-se a modificação do local da casa de lixo,
sendo essa construída em um local de fácil acesso para a destinação final, porém, evitando que seja próximo a
áreas de convivência da comunidade escolar, evitando assim o possível contato dos integrantes da instituição
com os resíduos dispostos do local de armazenamento externo.
Ainda, a casa do lixo deve possuir, no mínimo, ambientes separados para atender o armazenamento de
recipientes de resíduos do tipo infectante com resíduos comuns ou passíveis de reciclagem. Vale salientar que
não poderá ser feito armazenamento temporário com disposição direta dos sacos sobre o piso, bem como
disposição dos mesmos em acondicionadores que não possuam sistema de vedação (tampa, por exemplo), fato
esse que foi visto durante a observação in loco. A limpeza do ambiente também é fundamental para que se
estabeleçam as condições sanitárias adequadas para o local de disposição.
REDISA – Red de Ingeniería de Saneamiento Ambiental
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
3º Simposio Iberoamericano de Ingeniería de Residuos
2º Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos
Como considerações adicionais, para o correto funcionamento dessa etapa, segundo Medeiros (2002), se torna
necessário descrever a área de armazenamento temporário de resíduos, obedecendo às seguintes medidas de
segurança e proteção ambiental:
 impermeabilização do piso;
 cobertura e ventilação;
 drenagem de águas pluviais;
 drenagem de líquidos percolados e derramamentos acidentais;
 bacia de contenção;
 isolamento e sinalização;
 acondicionamento adequado;
 controle de operação;
 treinamento de pessoal.
 monitoramento da área;
 os "containeres" e os tambores devem ser rotulados e apresentar bom estado de conservação.
 Assinalar em planta baixa a localização das áreas de estocagem temporária dos resíduos.
Etapa de coleta e transporte externo
Foi constatado que, adicionalmente ao uso dos coletores do tipo Lutocar, são utilizados veículos inapropriados
para o transporte dos resíduos, permitindo que durante o trajeto de transporte alguns sacos de lixo caíssem,
sujando os corredores e demais locais por onde os veículos possuem acesso. Tal uso deve ser evitado ou
eliminado, pois os veículos devem ser fechados, de fácil lavagem e manuseio, com drenos que permitam a
lavagem e saída de líquidos, como o chorume, produzido durante a decomposição da matéria orgânica
componente dos resíduos.
Etapa de Tratamento e Destinação final dos resíduos
Barros et al., (1995, p. 204) aponta que, num mundo moderno, não é mais possível desperdiçar e acumular de
forma poluente materiais recuperáveis. A prática da reciclagem, então, demonstra uma maior preocupação
ambiental, já que significa fazer retornar ao ciclo de produção materiais que foram usados e descartados;
Nunesmaia (1997) reforça ainda as estratégias de gestão de resíduos sólidos e seus principais instrumentos,
que por viabilidade e eficiência de funcionamento serão abordados como sugestão para o plano de
gerenciamento do IFRN/ZN.
Subprojeto Coleta Seletiva
Apesar de a instituição contar com alguns coletores específicos para coleta seletiva, o subprojeto relacionado
ao tema pode ser implementado de maneira mais eficiente, sendo um trabalho realizado não só com servidores
– que são responsáveis por grande parte da geração de resíduos recicláveis – alunos e professores da
instituição, e sim, estendendo-se a todo o IFRN, inclusive os funcionários da limpeza, mostrando que é
importante no momento do esvaziamento dos coletores não misturar os resíduos previamente separados, de
acordo com a sua simbologia de cores, pela comunidade escolar. Para tanto, deve-se levar em consideração
que a própria escola apenas conta com os coletores específicos pela instituição, porém não há uma
preocupação com a destinação final desses resíduos recicláveis, e assim não existe nenhuma associação de
catadores interligada com o IFRN/ZN que possa coletar esse material previamente separado, e assim
disponibilizar um destino ambientalmente correto; esse fato pode ser repensado e corrigido, cabendo a direção
da escola autorizar o contato da equipe de limpeza responsável com as associações, fazendo com que haja
benefício não só pra comunidade escolar, mas também para os catadores, dando uma oportunidade de emprego
e melhoria de vida e ainda, sendo de extrema relevância para o meio ambiente tal ação. A comunidade do
entorno da escola poderia também ser acionada, de forma a separar os resíduos “secos” – papel, plástico, vidro
e metais – dos “molhados”, como material orgânico, com a participação de campanhas realizadas pelos alunos.
Dessa forma, acredita-se que a implantação e o efetivo funcionamento da coleta seletiva no IFRN/ZN
propiciem um ambiente saudável, que levará a população a uma tomada de consciência sobre o desperdício, a
escassez dos recursos naturais não renováveis e a importância de prolongar a vida útil dos aterros sanitários.
Subprojeto reciclagem artesanal de papel
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Assim como visto em Nunesmaia (1997), no IFRN/ZN também se verifica que o desperdício de papel nas
instituições de ensino é um fato que representou um dado importante na concepção do projeto. A idéia de
implantar no campus uma oficina artesanal de papel, dentre outros fatores, pode-se destinar a um projeto de
educação ambiental.
De acordo com Nunesmaia (1997), a oficina possibilita a oportunidade de as pessoas, sejam elas da
comunidade escolar ou do entorno – caso a oficina seja aberta a visitantes – observarem todo o ciclo do papel,
desde seu descarte até a confecção de folhas. Pertinentemente citado, a oficina pode ainda funcionar como
centro de treinamento de agentes multiplicadores. Já para os alunos e docentes, a oficina poderia ainda ter a
função de estimular o interesse científico através de pesquisas como enfoque em cores, texturas, gramaturas,
espessuras e ainda resistência e durabilidade do papel reciclado, bem como de um controle de qualidade não
prejudicial ao meio ambiente, chegando a um modelo ideal de qualidade na confecção artesanal do papel, ao
tempo em que demonstrasse suas possibilidades comerciais, trazendo benefícios financeiros para a instituição
e ambientais para a sociedade.
Subprojeto “Copo descartável, descarte essa idéia”
A partir da observação da porcentagem de resíduos produzidos na instituição, o plástico ocupa a terceira
posição (14,3%) em produção pelo IFRN/ZN; a maioria do componente dessa porcentagem constitui-se de
copos descartáveis, sendo responsáveis pelos números alarmantes de desperdício, uma vez que os mesmos são
utilizados na maioria das situações, apenas uma vez. Considerando a importância em incentivar a comunidade
escolar em uma conscientização sobre o desperdício, e ainda chamar a atenção para a escassez dos recursos
naturais não renováveis, é proposto o subprojeto intitulado “Copo descartável, descarte essa idéia”, onde os
alunos, servidores, professores e demais componentes do corpo da instituição, seriam sugestionados a trazerem
consigo sua própria garrafa de água, ou ainda copos plásticos reutilizáveis, possibilitando assim a diminuição
da geração de copos descartáveis, uma medida que traria benefícios em níveis econômicos e ambientais.
Subprojeto compostagem / minhocário
Nesse subprojeto, um dos fatores consideráveis para a sua realização foi a quantidade de matéria orgânica
produzida na instituição (42%, o maior tipo de resíduo produzido pelo campus), além da necessidade de
definir e desenvolver uma metodologia de reciclagem da fração orgânica compatível com a localização da
instituição, de baixo custo e com controles técnicos. A partir da alta quantidade de fração de matéria-prima
gerada pelo IFRN/ZN, poderia ser produzido adubo através do processo de compostagem.
Outro fator que pode corroborar para a realização desse subprojeto é a eficiência e aplicabilidade de um
projeto no IFRN Natal Sede Central, onde funciona um minhocário a partir de folhas de árvores que, ao serem
decompostas, servem de adubo para a terra, com auxílio desses anelídeos para a aragem do solo, que pode,
posteriormente, ser utilizado para cultivos de hortaliças e demais vegetais, possibilitando a introdução dos
mesmos no cardápio de refeições dos alunos que se alimentem na instituição.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Escola é responsável por ser um ambiente formador de um cidadão consciente e racional quanto aos
recursos ambientais disponíveis, o que possibilita uma postura de preservação e proteção do meio em que vive.
Diante do que foi exposto com a realização desse trabalho, sabe-se que é necessária a promoção de alternativas
viáveis para a mudança do gerenciamento dos resíduos sólidos do IFRN/ZN.
O comprometimento da direção da escola com todo o público do IFRN/ZN propicia a efetivação do plano de
gerenciamento proposto. É necessário que haja um estreitamento da relação direção/equipe de limpeza, no
sentido de dar aos últimos o apoio infra-estrutural, além da promoção de palestras, treinamentos periódicos e
demais atividades que promovam uma melhoria das condições de trabalho desses profissionais. Os servidores
também devem ser incentivados a políticas de redução de geração de resíduos, onde treinamentos e
orientações técnicas podem servir como base para tal finalidade.
Como o presente trabalho se prontificou a enumerar vários aspectos relevantes inerentes à produção de
resíduos, tais dados devem circular entre a equipe de servidores, mostrando o valor em quantidade e qualidade
dos resíduos gerados, possibilitando que neles se crie uma postura de redução da produção dos mesmos; essa
pode se dar além de treinamentos, ou incentivos dentro dos departamentos/setores, como gincanas e
premiações para os ambientes que tiverem uma menor produção de resíduos, como por exemplo.
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Por fim, a interação entre professores e alunos é de fundamental importância para que a temática de resíduos
sólidos possa fazer parte dos assuntos abordados em salas de aula. A educação ambiental deve ser de
abrangência em todos os cursos oferecidos, e não apenas àqueles relacionados com a área ambiental, pois,
como visto, em todos os cursos há geração de resíduos (desde comuns a eletrônicos).
Despertar no aluno a consciência da necessidade de destinação adequada, bem como de redução ou
reutilização de materiais gerados, através de vídeos, campanhas, semanas internas sobre resíduos sólidos
(podendo ser criada por vários professores de diferentes matérias, promovendo a multidisciplinaridade),
podem ser idéias positivas quanto a esse aspecto.
Dessa forma, acredita-se que a partir do comprometimento de servidores, profissionais de limpeza, professores
e alunos na implantação e na efetivação do funcionamento do plano de gerenciamento proposto para o
IFRN/ZN, seja criado/propiciado um ambiente saudável, que levará a comunidade escolar (e ainda, a
comunidade do entorno) a uma criação de consciência sobre o desperdício, a escassez dos recursos naturais
não renováveis e a importância econômica, social e ambiental na tomada de atitudes como essas.
É necessário que a comunidade esteja presente e conscientizada a respeito do problema e esteja disposta a
participar efetivamente da solução. Essa é fundamental importância, pois, além de influenciar no
comportamento, contribui para melhorar o nível de compreensão da comunidade, com conseqüentes mudanças
de atitude e aceitação de responsabilidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7500 – Símbolos de riscos – manuseio para o
transporte e armazenamento de materiais. Rio de janeiro, 1994.
2. BARROS, Raphael T. de Vasconcelos. et al. Saneamento. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da
UFMG, 1995. (Manual de Saneamento e proteção ambiental para os municípios. Vol. II)
3. BRASIL, Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 4. ed. Brasília, Fundação Nacional de
Saúde, 2006.
4. BIDONE, Francisco Ricardo Andrade; POVINELLI, Jurandyr. Conceitos básicos de resíduos sólidos.
São Paulo: EESC/USP, 1999.
5. CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 275 de 25 de abril 2001. Disponível
em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res01/res27501.html>. Acesso em: 19 jun. 2010.
6. LEME, Francilio Paes. Engenharia do saneamento ambiental. Rio de Janeiro: LTC – livros Técnicos e
Científicos Editora S.A., 1984.
7. MEDEIROS, Carlos. Instruções para a elaboração do plano de gerenciamento de resíduos sólidos.
2002. Disponível em:
<http://www.fiepr.org.br/sindicatos/simov/uploadAddress/PGRS%5B14817%5D.pdf>. Acesso em: 01
jun. 2010.
8. NUNESMAIA, Maria de Fátima da Silva. Lixo: soluções alternativas – projeções a partir da
experiência UEFS. Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, 1997.
9. OLIVEIRA, W.E. Resíduos sólidos e limpeza pública. In: Philippi Jr A, organizador. Saneamento do
meio. São Paulo: FUNDACENTRO, 1992.
10. RAMOS, José Beldson Elias. Gerenciamento integrado do lixo da UnED Juazeiro do Norte. Núcleo
de estudos sobre controle tecnológico e ambiental – Curso de Edificações – Centro Federal de Educação
Tecnológica do Ceará – CEFET/CE. Juazeiro do Norte, [1999?].
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