01 de outubro de 2013 Vale deve atingir margem elevada com carvão de Moatize Por Francisco Góes | Do Rio A Vale avança para ter um dos projetos de produção de carvão de mais baixo custo da indústria mundial, segundo especialistas. Projeções de analistas indicam que Moatize, em Moçambique, um dos projetos prioritários da Vale, poderá ter receita média de US$ 145 por tonelada. A conta considera um mix de 80% de carvão metalúrgico, na faixa de US$ 160 por tonelada, e de 20% de carvão térmico, da ordem de US$ 90 por tonelada. Um analista, que preferiu não se identificar, estimou que o "custo caixa" de Moatize poderá ficar em US$ 85 por tonelada já considerando o carvão posto no navio no terminal marítimo de Nacala, em Moçambique, na costa leste da África. "Os números mostram que Moatize pode ter uma margem Ebitda de 40%", disse o analista. Ele considerou bom o percentual levando-se em conta que Moatize é um projeto "simples", com mina a céu aberto, e integrado a um projeto logístico de transporte via ferrovia. A Vale confirmou a visão do mercado: "Moatize será a maior mina de carvão metalúrgico integrada do mundo e, quando atingir sua capacidade plena, terá potencial de ser uma das minas com menor custo." A mineradora brasileira vem trabalhando na expansão de Moatize, projeto que vai consumir investimentos totais de US$ 6,5 bilhões, incluindo a infraestrutura logística para escoamento da commodity. A previsão é de que a expansão de Moatize, na província de Tete, esteja concluída no segundo semestre de 2015, quando Moatize II dará a arrancada com produção nominal estimada em 11 milhões de toneladas por ano, em sua maioria composta de carvão metalúrgico. A expansão inclui a construção de nova mina. Quando entrar em operação, Moatize terá capacidade total, considerando Moatize I e II, de 22 milhões de toneladas por ano. Moatize ainda opera, porém, bem abaixo da capacidade instalada de 11 milhões de toneladas. Em 2012, ela produziu 3,7 milhões de toneladas, entre carvão metalúrgico e térmico. O investimento previsto para este ano na mina é de US$ 344 milhões de um total de US$ 2 bilhões, segundo informações da empresa do segundo trimestre. Até o fim de junho foram investidos US$ 600 milhões. Além da mina, estão previstos investimentos de US$ 4,4 bilhões, sendo US$ 1 bilhão aplicado neste ano na construção do Corredor Nacala, infraestrutura de porto e ferrovia que vai conectar Moatize ao terminal marítimo de Nacala-à-Velha, em Nacala, também em Moçambique. Até junho foram aplicados US$ 701 milhões no Corredor Nacala. Especialistas mostram-se otimistas com o projeto de Moatize mesmo com as dificuldades pelas quais passa a indústria de carvão em função dos preços de mercado. Hoje boa parte dos produtores australianos de carvão metalúrgico estão perdendo dinheiro, dizem fontes. O preço do carvão metalúrgico, tendo a Austrália como referência, situa-se na faixa de US$ 152 por tonelada. Mas pode haver capacidade de recuperação nos preços considerando, inclusive, a possibilidade de fechamento de alguma capacidade de produção. Parte da produção de Moatize será exportada, inclusive para abastecer o setor siderúrgico no Brasil, mas outra parcela ficará em Moçambique para atendimento da demanda térmica (geração de energia elétrica). No segundo trimestre do ano, a Vale registrou produção de carvão de 2,4 milhões de toneladas, um novo recorde histórico, devido principalmente ao desempenho da operação australiana de Carborough Downs e ao aumento da produção em Moatize. A mina em Moçambique aumentou a produção em 16,6% no segundo trimestre em relação a igual período de 2012. Carborough Downs trabalha com margem positiva, o que é bem recebido pelos investidores, mas a Vale tem enfrentado problemas em outras minas na Austrália. *******