1 Ano 1, Junho 2009 n° 2 EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle 2 Conselho Editorial Realização EDITOR José Rodrigeus de Farias Filho Coordenador do Projeto E&P27.6 / UFF (TEP) PRESIDÊNCIA CE-EPC Laerte Santos Galhardo Presidência do CE-EPC / Petrobrás Antonio Ernesto Ferreira Muller Apoio Diretor Vice-Presidente CE-EPC / Tridimensional DIRETORIA CE-EPC José Octavio Alvarenga Promon Gerson Ricardi Odebrecht Sérgio Vieira Cunha Estaleiro Mauá Per Harald Larsen StatoilHydro João Sérgio Vereza Mariano Shell Carlos Affonso de Aguiar Teixeira IBP José Rodrigues de Farias Filho LabCEO / UFF Segen Farid Estefen COPPE CONSELHO EDITORIAL José Rodrigeus de Farias Filho Coordenador do Projeto E&P 27.6 UFF (TEP) Josef Perecmanis UFF (TEE) Domingos de Farias Brito UFF (TEM) Bruno Mourão Mello Mestrando em Engenharia de Produção UFF Rafael Arantes Bastos Jr. Graduação em Engenharia UFF Pedro Henrique de Basilho Graduação em Engenharia UFF Isabela Pogginelli Benamor Graduação em Engenharia UFF Juliana Paiva de Faria Mestranda em Engenharia de Produção UFF Fábio Dias Bahia UFF Christian Augusto Guimarães Vargas UFF (TEE Volta Redonda) Gilson Brito Alves Lima UFF (TEE) Eduardo Siqueira Brick UFF (TEE) Carlos Alberto Malcher Bastos UFF (TET) Ricardo Rodrigues UFF (TEE) Helder Gomes Costa UFF (TEE) RESUMOS EXECUTIVOS Rafael Arantes Bastos Jr. Pedro Henrique de Basilho Isabella Bennamour (Graduação Engenharia UFF) REVISÃO DE ESUMOS EXECUTIVOS Josef Perecmanis UFF (TEE) Domingos de Farias Brito UFF (TEM) DESIGN GRÁFICO E EDIÇÃO Rafael Arantes Bastos Jr. Pedro Henrique de Basilho Isabella Bennamour Política Editorial A Revista Planejamento & Controle (PC) tem como proposta a publicação de Resumos Executivos de artigos científicos pesquisados pelo grupo de pesquisadores do Projeto E&P 27.6, de Textos para Discussão da comunidade Científica e empresarial e artigos científicos inéditos ou não de articulistas convidados que representem um avanço efetivo à engenharia e a gestão de projetos complexos. Está aberta a trabalhos de áreas afins, embora priorize, em sua política editorial, os seguintes temas, que constituem o núcleo principal de sua abordagem: Sucesso em Projetos; Ciclo de Vida de Projetos; Planejamento em Projetos;Controle em Projetos; Organização Industrial em Projetos;Cadeia de Suprimentos de Projetos; Ferramentas Computacionais. As opiniões expressas nos textos para discussão e nos artigos são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es) que, ao submeterem artigo para publicação da PC, concordam que a revista PC passe a ter os direitos de publicação do artigo, por mídia impressa ou eletrônica. A língua oficial deste periódico é a portuguesa. No entanto, serão também considerados artigos escritos em inglês e espanhol. 3 EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle E&P 27.6 Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC Editorial Sumário 02 02 02 02 03 03 04 23 ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... Conselho Editorial Realização Apoio Política Editorial Sumário Editorial Resenhas Críticas Artigos Convidados Contatos Laboratório E&P 27.6 Rua Passo da Pátria, 156 - sala 441 - Bloco E - Escola de Engenharia / São Domingos - Niterói - Rio de Janeiro - CEP 24.240-260 [email protected] / +55 (21) 2629-5719 Ser um veículo de comunicação entre a universidade e indústria, esse é o papel fundamental do EPC Journal. Ficamos muito satisfeitos com participação de profissionais e professores, fruto do sucesso da primeira edição, lançada no mês de maio, e do empenho de todos que participam do EPC Journal para consolidar a iniciativa de se criar um veículo de publicação voltado para a Indústria Brasileira. Nessa segunda edição damos continuidade ao formato da anterior, com abordagens críticas a temas fundamentais para Indústria, além de republicar textos científicos retirados dos Anais de eventos, congressos e até de outros veículos de publicação. No formato de resenhas críticas, apresentamos a avaliação, sob a ótica da equipe do projeto E&P 27.6, de publicações nacionais e internacionais. As resenhas são fruto da pesquisa bibliográfica, que objetiva a fundamentação teórica para o desenvolvimento dos trabalhos do projeto E&P27.6. Dessa forma, expomos os achados do projeto, além de ser um meio de prestar conta com a sociedade e a indústria Brasileira. Na área dos artigos convidados, focamos nessa edição na publicação de textos de professores de várias universidades, os textos abordam desde competências do gestor de projetos até inovação, entre outros temas. A Proposta desses artigos é divulgar para os leitores os trabalhos desenvolvidos em outros grupos e instituições, afinal, é um dos objetivos desse documento incentivar a interação universidade e indústria. Por fim, agradecemos todos os envolvidos para o desenvolvimento dessa segunda edição e desejamos à todos uma boa leitura. 4 Resenhas Críticas 5 E&P 27.6 EPC Journal 02 (2009) PC01RE10 / Bahia, Fabio D.; Lima, Gilson B. A; Brito, Domingos F. Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle A integrated Framework for concurrent life-cycle design and construction CÓDIGO DO PROJETO: E&P 27.6 PESQUISADOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Fabio Dias Bahia (LabCEO) PROFESSOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Gilson Brito Alves Lima (TEP/UFF) REVISÃO DA RESENHA: Domingos de Farias Brito (TEM/UFF) Autores N.F.O. EVBUOMWAN & C.J. ANUMBA Journal Advances of Engineering Software Vol. 29, no 7-9, pp 587-597 Ano 1998 Palavras-chave Não Informadas Abstract There is currently an awareness within the construction industry that integrating the key participants involved in a project, i.e. clients, architects, structural engineers, quantity surveyors, mechanical/electrical services engineers, contractors and materials suppliers, as opposed to the traditionally fragmented approach, generally leads to more successful projects. This paper hence aims to enunciate an integrated framework which supports the concurrent development of a project and the associated construction process. It examines the current status quo in the construction industry and the need for change. The paper also enumerates key requirements for the new integrated model and concludes with an elucidation of the concurrent life-cycle design and construction framework and model. Proposta Central do Artigo Apresentar um framework integrado que suporte o desenvolvimento simultâneo do projeto e do processo de construção associado. Metodologia e/ou Enfoque Desenvolvido no Artigo Fundamentada na revisão bibliográfica. Os sete principais jornais na área de construção foram usados como base para se revisar o trabalho prévio sobre sucesso em projetos. Quais são os Achados ou Resultados Descobertos pelo Processo de Pesquisa? Os autores discutem os problemas e as limitações dos projetos de construção e advogam que uma das principais causas é a falta de integração entre os diversos participantes/especialidades envolvidas em um projeto (engenheiros, arquitetos, contratados, etc). Em seguida são utilizados os conceitos de engenharia simultânea (concurrent engineering), Design Function Deployment (DFD) e ciclo de vida como bases para a construção do framework citado. Quais são as Limitações e/ou Implicações no Âmbito Científico e Metodológico de Pesquisa? O artigo é eminentemente teórico e os achado principais são a ineficiência do ciclo de vida seqüencial e tradicional dos projetos de engenharia (Arquitetura, Engenharia da Estrutura, definição de recursos/custos, etc) e a conseqüente necessidade de engenharia simultânea. Quais são as Implicações Práticas Advindas da Pesquisa? Não observadas/informadas. Qual é a Originalidade e/ou Valor da Pesquisa Realizada? O framework proposto busca, principalmente, a melhoria do projeto e da construção através da integração das equipes multidisciplinares envolvidas. No entanto, diversos outros benefícios podem ser esperados: organização do trabalho de identificação dos requerimentos de forma clara ao inicio do projeto, 6 melhor visão do cliente e da equipe quanto à solução, redução do “retrabalho”, redução dos atrasos e custos adicionais, melhora do trabalho em equipe, aumento da capacidade técnica dos profissionais envolvidos, possibilidade de resolução antecipada de conflitos (e mesmo evitá-los), melhor coordenação e comunicação entre os membros da equipe. Espera-se que os processos da indústria de engenharia e construção possam ser melhorados com a aplicação desse ambiente integrado. Esperase ainda, que o ambiente integrado sirva de base para o desenvolvimento de modelos para projetos engenharia e construção simultânea. Qual é a Originalidade e/ou valor da Pesquisa Realizada? O framework é baseado no conceito de computer integrated construction que envolve a integração de aplicações computacionais usadas ao longo do ciclo de vida do projeto de construção. O ambiente integrado é composto de três níveis: “modelo do processo de planejamento integrado do projeto e construção”, “ferramentas e técnicas de projeto” e “bases de dados de conhecimento”. Quais são os Conceitos-chaves Adotados pelos Autores na Pesquisa? Os conceitos de engenharia simultânea (concurrent engineering) e DFD (Design Function Deployment). Qual a Tipologia do Artigo? Pesquisa teórica. 7 E&P 27.6 EPC Journal 02 (2009) PC01RE10 / Bahia, Fabio D.; Lima, Gilson B. A; Brito, Domingos F. Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle An empirical analysis of the relationship between project planning and project success CÓDIGO DO PROJETO: E&P 27.6 PESQUISADOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Fabio Dias Bahia (LabCEO) PROFESSOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Gilson Brito Alves Lima (TEP/UFF) REVISÃO DA RESENHA: Domingos de Farias Brito (TEM/UFF) Autores JOSEPH LAMPEL Journal International Journal of Project Management 19 (2001) 471–483 Ano 2001 Palavras-chave Strategy; Large-projects; Core competencies; Project-based firms; Engineering-construction firms Abstract The successful planning and execution of large projects relies on the flexibility of engineering-constructionprocurement (EPC) firms. It is argued that the effective management of this flexibility depends on the acquisition and development of a set of core competencies. Field and archival research in the USA, Canada, the United Kingdom, France, Malaysia, and Japan, are used to modify and extend current core competency theory to the execution of large projects. The research discloses four distinct groups of core competencies: entrepreneurial, technical, evaluative, and relational. These core competencies support core project processes that structure activities and routines involved in project development and delivery. We describe each core competency, and we examine how they impact core processes and through them project performance. We argue that the strategy of EPC firms evolves under the pressure of two opposing forces. Firms experience pressure to seek project opportunities in diverse areas and regions with a view to creating a robust project portfolio, and they experience pressure to remain close to their core competencies in order to minimize costs and maximize the probability of gaining individual contracts. Three types of strategies develop in response to these opposing pressures: focussing strategy which is competency driven; switching strategy which is opportunity driven; and combining strategy which attempts to strike a balance between the two imperatives. Proposta Central do Artigo Estudar o planejamento e a execução de projetos EPC de forma a modificar e estender as teorias sobre competências centrais (core competencies) para a execução desses projetos. Descrever cada competência básica e examinar como elas impactam os processos centrais e consequentemente o desempenho do projeto. Metodologia e/ou Enfoque Desenvolvido no Artigo Análise qualitativa, baseada em entrevistas e discussões com firmas EPC nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Malásia, e Japão. Entrevistas com os gerentes foi o método mais frequentemente aplicado. Diversas firmas organizaram “painéis” com os gerentes, que ficaram a disposição do projeto, e em outra ocasião foi possível organizar um grupo com consultores da indústria com longa experiência em EPC. As entrevistas e painéis foram suplementados por extensa pesquisa em arquivos/textos. Há uma grande quantidade de informação disponível sobre estratégia e operações de empresas EPC. Essa informação foi usada para refinar e validar o mapeamento de competências. Após sucessivas interações, houve a convergência para os quatro tipos de competências chave (empreendedora, técnica, avaliação e relacional). Quais são os Achados ou Resultados Descobertos pelo Processo de Pesquisa? O alto desempenho dos projetos depende de um efetivo “desempenho EPC” nesse projeto, que por sua vez, depende da capacidade de realização efetiva da firma EPC participante, no cenário de variedade e diversidade que envolve os projetos. Esse desafio pode ser superado tendo-se as competências chave (“empreendedora”, “técnica”, “avaliação” e “relacional”) para a reconfiguração dos recursos de forma adequada. 8 A proposição principal é que o processo de projeto, da concepção até o encerramento, é crucialmente dependente da adequada aquisição dessas competências e de seu uso. Embora o uso dessas competências tenda a se sobrepor, elas são geralmente ativadas em sequência, começando pela competência empreendedora e encerrando com as competências relacionais. Quais são as Limitações e/ou Implicações no Âmbito Científico e Metodológico de Pesquisa? Não observadas. Quais são as Implicações Práticas Advindas da Pesquisa? A perspectiva das competências básicas é útil para visualizar como as firmas EPC lidam com o desafio da diversidade/variedade dos projetos. Consequentemente, dada à importância crítica da seleção dessas firmas, essa perspectiva provê aos tomadores de decisão (cliente, executivos, etc) uma ferramenta conceitual que pode ser usada para avaliar a habilidade/capacidade das firmas EPC, de realizar o trabalho a ser contratado. Proporciona aos EPCistas, uma ferramenta conceitual com base nas quatro competências chave, que pode ser usada para direcionar suas estratégias. Qual é a Originalidade e/ou valor da Pesquisa Realizada? Enfatiza a importância da capacidades/competências das empresas EPCistas como chave para o processo de engenharia e construção. Quais são os Conceitos-chaves Adotados pelos Autores na Pesquisa? Os conceitos de competências centrais (core competencies) propostos por prahalad e hamel Qual a Tipologia do Artigo? Pesquisa teórica-metodológica: (entrevistas). qualitativa 9 EPC Journal 02 (2009) PC04RE05 / Mello, Bruno M.; Farias, José R.; Brito, Domingos F. E&P 27.6 Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle THE ROLE OF ANLYSIS IN C/SCSC CÓDIGO DO PROJETO: E&P 27.6 PESQUISADOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Bruno Mourão Mello (LabCEO) What tabular and graphical presentation methods best communicate the information? What are the underlying assumptions and limitations of these methods? In short, it is not enough merely to manipulate some database. A responsible analyst is more than a “number cruncher.” A responsible analyst is an information engineer or broker who is actively involved in facilitating the decision process. PROFESSOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: José Rodrigues de Farias Filho (TEP/UFF) REVISÃO DA RESENHA: Domingos de Farias Brito (TEE/UFF) Autores CHRISTENSEN, DAVID Journal Google Acadêmico Ano 1990 Palavras-chave Não disponível Abstract The United States President has the Office of Management and Budget as an analytical arm to deal with budget decisions. The United States Congress has the Congressional Budget Office. The Department of Defense has thousands of cost, budget and price analysts. How can this analytical expertise be utilized effectively? This paper answers this question by addressing how an analyst can help the decision-maker. For focus, it addresses the role of the analyst involved with the Department of Defense (DOD) Cost/Schedule Control Systems Criteria (C/SCSC) and related performance reports. As indicated in Table 1, an analyst should be involved in each step of responsible decision-making. First, the analyst should understand the decision context. Who are the decision-makers? What are their decisions? Second, the analyst should understand the database. What are the basic data elements? How are the data generated? How is the database controlled? Third, the analyst should understand basic techniques in transforming data into information. What analytical techniques are available? Proposta Central do Artigo A proposta do artigo é descrever as responsabilidades dos analistas, porque eles possuem uma função importante no processo de tomada de decisão, que é municiar informações necessárias aos tomadores de decisão para que estes possam tomar medidas de controle do projeto. O autor divide as responsabilidades do analista em três que são: Conhecer o contexto do decisor; Conhecer o banco de dados e o Sistema que o gera; e Conhecer as ferramentas de analise e suas limitações. Metodologia e/ou Enfoque Desenvolvido no Artigo Foi realizada uma pesquisa teórica sobre o tema. Buscando desdobrar as responsabilidades do analista em competências necessárias para gerar informações a serem utilizadas pelos tomadores de decisão. A proposição seguida foi a seguinte: 1.Conhecer o contexto do decisor: saber quem é o decisor e quais são suas decisões; 2.Conhecer o banco de dados e o sistema que o gera: quais são os elementos básicos do dado, como o dado é gerado e como o banco de dados é controlado; 3.Conhecer as ferramentas de analise e suas limitações: quais técnicas são acessíveis/ disponíveis e quais métodos de representação em tabelas e gráficos são melhores. Quais são os Achados ou Resultados Descobertos pelo Processo de Pesquisa? O tomador de decisão é responsável pela customização do analista ao determinando os tipos de informações necessárias (requeridas) e avaliando a qualidade da informação que lhe foi fornecida; As responsabilidades e competências dos analistas que geram informações a serem utilizadas no processo de tomada de decisão; Quais são as Limitações e/ou Implicações no Âmbito Científico e Metodológico de Pesquisa? 10 Não foi apresentado nenhum estudo empirico ou prático dos resultados apresentados. Em outras palavras, o estudo se baseia principalmente nos processos de analise e decisão adotados pelo Depto. de Defesa dos EUA. Quais são as Implicações Práticas Advindas da Pesquisa? Além de ilustrar as responsabilidades e competências dos analistas que suprem os tomadores de decisão com as informações necessárias para as medidas de controle do projeto, o artigo deixa claro que são estes os profissionais que operam o banco de dados, responsáveis por transformar os dados em informações, relatar possíveis problemas no controle de dados, e por tanto, alertar sobre a falta de confiabilidade das informações geradas por inconsistência dos dados. Qual é a Originalidade e/ou Valor da Pesquisa Realizada? Dentre os valores da pesquisa, podemos citar, por exemplo: • As responsabilidades dos envolvidos no processo de tomada de decisão; • As competências necessárias aos analistas para gerarem informações que ajudem os tomadores de decisão; Quais são os Conceitos-chaves Adotados pelos Autores na Pesquisa? Responsabilidade; Competências; Banco de Dados; Geração de Informações; Tomada de decisão. Qual a Tipologia do Artigo? Pesquisa Teórica 11 E&P 27.6 EPC Journal 02 (2009) PC04RE05 / Mello, Bruno M.; Farias, José R.; Perecmanis, Josef Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle MANAGEMENT CONTROL SYSTEM THEORY AND S/SCSC CÓDIGO DO PROJETO: E&P 27.6 PESQUISADOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Bruno Mourão Mello (LabCEO) PROFESSOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: José Rodrigues de Farias Filho (TEP/UFF) work progress, (b) properly relate cost, schedule and technical accomplishment, (c) are valid, timely and auditable, and (d) supply DoD managers with information at practicable level of summarization (DoDI 7000.2). The phrases “responsible decision-making” and “management control systems” are important. The criteria are intended to foster responsible decision making by setting minimally adequate standards for the contractor’s MCS. But just what is responsible decision decision-making, what is the relationship with the criteria, and what is MCS? This paper answers these questions. The intent is to build a conceptual framework useful for explaining and understanding the criteria. REVISÃO DA RESENHA: Josef Perecmanis (TEE/UFF) Proposta Central do Artigo Autores J. M. KHATIB, N. CHILESH AND S. SLOAN Journal Google Acadêmico Ano 1989 Palavras-chave Delay causes; Delay effects; Construction industry; Malaysia; Correlational analysis. Abstract TLearning the specialized language and concepts of performance measurement is a significant challenge. Remembering the meanings of PMB, BAC, CBB, MR, BCWS, BCWP, ACWP, and a host of other acronyms, can be quite challenging by itself. When this unique jargon is combined with the task of learning concepts such as earned value and baseline maintenance, it is little wonder why many struggle to get out of performance measurement as soon as possible, and define C/SCSC as “chicken-something squared.” Management Control Systems (MCS) theory is a useful integrative tool for organizing, explaining, and understanding the jargon and concepts of performance measurement. MCS theory can help make sense of the criteria by providing a way of organizing and remembering the criteria and the related jargon and concepts. A good place to start in understanding the relationship between the criteria and MCS theory is with the stated objective of the criteria: To provide an adequate basis for responsible decision-making by both contractor management and DoD Components, contractors’ internal management control systems must provide data which (a) indicate Para explicar a linguagem e conceitos da medição de desempenho, o autor adota a Teoria do Sistema de Gerenciamento de Controle (MCS) por considerá-la uma ferramenta integrativa, capaz de organizar, explicar e entender o conceito de medição de desempenho. A intenção do autor é construir um framework conceitual para explicar a relação entre o MCS e os critérios de medição. Para um MCS (Management Control System) de sucesso é necessário ter informações sobre o andamento de um empreendimento (feedback informations) verdadeiras. Metodologia e/ou Enfoque Desenvolvido no Artigo Foi realizada uma pesquisa teórica sobre Sistema de Gerenciamento de Controle (MCS). O autor listou quais informações devem ser fornecidas pelo sistema do contratado: progresso de trabalho; relatar corretamente o cumprimento do custo, programação e técnica; serem validadas, feitas a tempo e auditáveis; suprir o contratante com informações em níveis de praticidade de sumarização. Além disso, o autor relata as responsabilidades do tomador de decisão perante as informações geradas a partir de dados do MCS que são: ter regras para especificar o conteúdo, formato e freqüência da informação; e avaliar a qualidade da informação fornecida. Ressaltando que a qualidade da informação depende tanto da relevância das informações geradas quanto sua credibilidade. Quais são os Achados ou Resultados Descobertos pelo Processo de Pesquisa? •Quais informações devem ser fornecidas pelo Sistema de Gerenciamento de Controle (MCS) da contratada; 12 •As responsabilidades do tomador de decisão; •Estrutura geral de Analise para garantir a qualidade das informações; •Estrutura geral de Analise do MCS e suas interações com os critérios de medição. O autor induz à leitura das técnicas de avaliação DoD C/SCSC. Quais são as Limitações e/ou Implicações no Âmbito Científico e Metodológico de Pesquisa? Não foi apresentado nenhum estudo empirico ou prático dos resultados apresentados. Em outras palavras, o estudo se baseia apenas nas opiniões dos autores. Quais são as Implicações Práticas Advindas da Pesquisa? As medidas de desempenho são comparadas com as medidas estabelecidas no contrato sob a ótica de critérios como, por exemplo: progresso de trabalho e custo atual do trabalho cumprido. As medidas de controle do projeto são processos de tomadas de decisões dos gestores a partir de informações recebidas sobre essas comparações entre desempenho e planejado. Em outras palavras, o entendimento do sistema e dos sub sistemas de controle. Qual é a Originalidade e/ou valor da Pesquisa Realizada? Dentre os valores da pesquisa, podemos citar, por exemplo: •Quais informações devem ser fornecidas pelo Sistema de Gerenciamento de Controle(MCS) da contratada; •As responsabilidades do tomador de decisão; •Estrutura geral de Analise para garantir a qualidade das informações; •Estrutura geral de Analise do MCS e suas interações com os critérios de medição. Quais são os Conceitos-chaves Adotados pelos Autores na Pesquisa? 4D CAD; 3D CAD; Planejamento; Segurança e Saúde; Integração; Custos ;e Tempo de construção Qual a Tipologia do Artigo? Pesquisa Teórico-Metodológica com questionário e estudo de caso. 13 E&P 27.6 EPC Journal 02 (2009) PC07RE01 / Rodrigues, Ricardo; Bastos, Carlos M.; Perecmanis, Josef Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle Project Performance versus Use of Technologies at Project and Phase Levels Resenha Incompleta CÓDIGO DO PROJETO: E&P 27.6 PESQUISADOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Ricardo Rodrigues (LabCEO) O objetivo deste estudo foi quantificar se o sucesso de projetos é impactado pelo uso de tecnologias. Metodologia e/ou Enfoque Desenvolvido no Artigo PROFESSOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: O estudo foi realizado por um processo de investigação e análise em nível de indústria em mais de 200 instalações. Os dados foram analisados usando meios estatísticos apropriados e técnicas analíticas. PROFESSOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Quais são os Achados ou Resultados Descobertos pelo Processo de Pesquisa? Carlos Alberto Malcher Bastos (TEP/UFF) Josef Perecmanis (TEP/UFF) Autores James T. O’Connor, M.ASCE, and Li-Ren Yang Journal Journal Of Construction Engineering And Management Ano 2003 Palavras-chave Alignment; Cooperation; Partnership; Teamwork; Construction industry. Abstract Proposta Central do Artigo Partnering as a concept has matured in its application and many empirical studies provide evidence of its impact on project performance beyond the rather prescriptive and anecdotal claims of earlier cookbooks on the subject. What has remained elusive, however, is a guiding theory on partnering. Drawing on the literature, partnering is explained within the framework of intergroup contact theory and teamwork in organizations. More specifically, partnering has the potential to create the essential conditions for optimal intergroup contact and hence, to reduce bias and increase cooperation among construction project workgroups and, consequently, favorably impact on project performance. Demonstrating a close fit with the published literature on partnering provides useful support for the proposed model. The model can clearly help project managers to focus their attention on the necessary aspects of workgroup processes that lead to high cooperation and performance. As análises sugerem que várias tecnologias podem dar uma contribuição significativa para o custo em projeto e um cronograma de sucesso, especialmente para determinados tipos de projetos. Apreciações a partir desse estudo são úteis às empresas para decidirem adotar ou não, certas tecnologias. Quais são as Limitações e/ou Implicações no Âmbito Científico e Metodológico de Pesquisa? O próprio autor reconhece que o trabalho ficou limitado devido ao número de avaliações, mesmo sendo feito em mais de 200 instalações. Sendo reconhecido também pelo próprio autor, que a pesquisa poderia ser mais ampla, recomendando ao final do artigo que no futuro se faça outras pesquisas complementares assinaladas por ele. Quais são as Implicações Práticas Advindas da Pesquisa? Hoje é de conhecimento comum que a tecnologia impacta significada mente o sucesso de um projeto, e principalmente projetos complexos onde o emaranhado de atividades torna quase que impossível um gerenciamento sem o uso da mesma. Então hoje quando uma empresa pensa em atualizar seus setores no sentido tecnológico, precisa ranquear suas necessidades devido ao custo do processo e até mesmo no impacto proporcionado por mudanças. O presente trabalho serve de plataforma para um ranque amento mais qualificado. Servindo também de alerta para o gerente ser sabedor de que muitas vezes os resultados obtidos por graças 14 da tecnologia pode ser diferente da vontade de um “stakeholder”, por exemplo. Quais são os Conceitos-chaves Adotados pelos Autores na Pesquisa? Qual é a Originalidade e/ou valor da Pesquisa Realizada? Indústria da Construção, Evolução, Gerenciamento de Projetos Um planejamento para ser refinado precisa de muitas variáveis, e uma delas é causada pelo impacto tecnólogo, por isso, é de suma importância o seu conhecimento. Qual a Tipologia do Artigo? Pesquisa Teórica-Metodológica: survey 15 E&P 27.6 EPC Journal 02 (2009) PC03RE01 / Rodrigues, Ricardo; Brito, Domingos F.; Perecmanis, Josef Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle An Update On Last Planner CÓDIGO DO PROJETO: E&P 27.6 PESQUISADOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Ricardo Rodrigues (LabCEO) PROFESSOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Domingos de Farias Brito (TEM/UFF) Proposta Central do Artigo Fornecer uma atualização do conceito de “Last planner”, através de uma descrição de inovações e mudanças, pensamentos sobre fundamentos teóricos, propostas relativas à estrutura do projeto e a fase de programação. são abordados também recomendações para um melhor desenvolvimento do projeto, bem como uma ênfase especial sobre a relação entre a produção e a programação de controle de projeto. OBS: A ferramenta Last Planner se compromete a dar apoio no planejamento e controle de um projeto a curto prazo. REVISÃO DA RESENHA: Josef Perecmanis (TEE/UFF) Autores Glenn Ballard and Gregory A. Howell Journal Lean Construction Institute Ano 2008 Palavras-chave Alignment; Cooperation; Partnership; Teamwork; Construction industry. Abstract Partnering as a concept has matured in its application and many empirical studies provide evidence of its impact on project performance beyond the rather prescriptive and anecdotal claims of earlier cookbooks on the subject. What has remained elusive, however, is a guiding theory on partnering. Drawing on the literature, partnering is explained within the framework of intergroup contact theory and teamwork in organizations. More specifically, partnering has the potential to create the essential conditions for optimal intergroup contact and hence, to reduce bias and increase cooperation among construction project workgroups and, consequently, favorably impact on project performance. Demonstrating a close fit with the published literature on partnering provides useful support for the proposed model. The model can clearly help project managers to focus their attention on the necessary aspects of workgroup processes that lead to high cooperation and performance. Metodologia e/ou Enfoque Desenvolvido no Artigo A partir de um estudo sobre os resultados pósimplementação do conceito de “Last Planner” no mundo, chegou-se a conclusão que houve um aumento no rendimento dos resultados em até 90%. No entanto verificou-se também que existe uma real dificuldade na implantação desse conceito no gerenciamento de projetos tradicional, obrigando a criar componentes adicionais para atacar os próprios fundamentos do gerenciamento de projetos. Quais são os Achados ou Resultados Descobertos pelo Processo de Pesquisa? WORK STRUCTURING - (articulação e programação do controle da produção) é um termo usado e desenvolvido no trabalho para indicar as diversas atividades envolvidas na forma como o trabalho deve ser feito, desde a estruturação do projeto e as cadeias de abastecimento até os detalhes dos métodos de fabricação e montagem, configuração, inclusive dos sistemas de abastecimento (fluxos de materiais e informações). Fala a respeito do entendimento da relação entre o produto e as estruturas de trabalho e como deve ser respeitada à desagregação das mesmas. Um dos componentes adicionais importantes a serem criados nessa fase é para o cronograma, que liga obra estruturante e produção, proporcionando metas a conquistar. Uma teoria de gestão tem sido desenvolvida, que localiza o controle do “Last Planner” como função dentro da administração da tarefa, para operar um sistema de produção baseadas em projetos. Essa nova teoria esclarece o significado do termo “Controle”, bem como a relação entre o planejamento, como o estabelecimento 16 de objetivos (programação e orçamentação) e controle. Quais são as Implicações Práticas Advindas da Pesquisa? Quais são as Limitações e/ou Implicações no Âmbito Científico e Metodológico de Pesquisa? A necessidade de uma atualização no conceito do Last Planner se adequando a realidade do gerenciamento de projetos tradicional e a comprovação da eficácia na implantação do mesmo. Neste trabalho não é considerado como o custo é incorporada no processo de controlo da produção. Algumas limitações foram citadas pelos autores , ficando para futuras pesquisas acordado que seriam realizados: • Trabalhos estruturantes: ligando programação de produção e controle • Fase de programação: pela “Last Planner” fornecendo metas • A lista de melhorias e recomendações que surgiram a partir de teoria e prática. Qual é a Originalidade e/ou valor da Pesquisa Realizada? É dado uma ênfase especial sobre a relação entre a produção e a programação de controle. Quais são os Conceitos-chaves Adotados pelos Autores na Pesquisa? Pesquisa Teórica-Metodológica: survey. 17 EPC Journal 02 (2009) PC03RE02 / Rodrigues, Ricardo; Brito, Domingos F.; Perecmanis, Josef E&P 27.6 Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle Project risk management in Hong Kong CÓDIGO DO PROJETO: E&P 27.6 PESQUISADOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Ricardo Rodrigues (LabCEO) PROFESSOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Domingos de Farias Brito (TEM/UFF) REVISÃO DA RESENHA: Josef Perecmanis (TEE/UFF) Proposta Central do Artigo Este documento identifica o que praticantes de Hong Kong consideram ser as mais graves riscos para atrasos em projetos e as ações eficazes para geri-los. Metodologia e/ou Enfoque Desenvolvido no Artigo Pesquisa realizada através do envio de um questionário para os trabalhadores da construção, no nível de gestores de projetos, em várias firmas (180 empresas). Quais são os Achados ou Resultados Descobertos pelo Processo de Pesquisa? O documento fornece uma identificação dos riscos existentes, bem como uma indicação da limitação de aplicação de várias técnicas analíticas disponíveis de avaliação dos riscos em Hong Kong. Autores AARON M. ANVUUR ET AL Journal International Journal of Project Managemen Ano 1997 Palavras-chave Alignment; Cooperation; Partnership; Teamwork; Construction industry. Abstract Partnering as a concept has matured in its application and many empirical studies provide evidence of its impact on project performance beyond the rather prescriptive and anecdotal claims of earlier cookbooks on the subject. What has remained elusive, however, is a guiding theory on partnering. Drawing on the literature, partnering is explained within the framework of intergroup contact theory and teamwork in organizations. More specifically, partnering has the potential to create the essential conditions for optimal intergroup contact and hence, to reduce bias and increase cooperation among construction project workgroups and, consequently, favorably impact on project performance. Demonstrating a close fit with the published literature on partnering provides useful support for the proposed model. The model can clearly help project managers to focus their attention on the necessary aspects of workgroup processes that lead to high cooperation and performance. Quais são as Limitações e/ou Implicações no Âmbito Científico e Metodológico de Pesquisa? A grande limitação do estudo, é que a análise compreende das indústrias de Hong Kong Quais são os Achados ou Resultados Descobertos pelo Processo de Pesquisa? O ganho nos subsídios para identificação dos riscos e as ações para gerí-los Quais são as Limitações e/ou Implicações no Âmbito Científico e Metodológico de Pesquisa? O artigo afirma que a experiência dos gestores na identificação dos riscos e as soluções para geri-los possuem muito mais valor que técnicas analíticas quantitativas. Quais são as Implicações Práticas Advindas da Pesquisa? A relevância dos principais processos; ferramentas e técnicas envolvidas no resultado do modelo associando o link entre cooperação e sucesso no projeto. Dando ênfase ao papel das parcerias como mecanismo transformador, através de um modelo que utiliza conceitos baseado na literatura, sendo necessário fazer 18 um teste na realidade para que seja realizado. O modelo pode ajudar os gestores de projetos a centrar sua atenção sobre os aspectos necessários para que os processos de construção envolvendo parcerias entre diferentes empresas e seus grupos de trabalho tenham alto desempenho. Qual é a Originalidade e/ou valor da Pesquisa Realizada? A pesquisa proporciona uma base teórica para o tratamento do assunto parcerias em projetos de construção. Quais são os Conceitos-chaves Adotados pelos Autores na Pesquisa? Construção de Projetos, melhores práticas, atraso e gerenciamento de risco. Qual a Tipologia do Artigo? Pesquisa Teórica-Metodológica: survey. 19 E&P 27.6 EPC Journal 02 (2009) PC05RE05 / Farias, Juliana P.; Perecmanis, Josef Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle Conceptual Model of Partnering and Alliancing CÓDIGO DO PROJETO: E&P 27.6 PESQUISADOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Juliana Paiva de Farias (LabCEO) PROFESSOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Josef Perecmanis (TEP/UFF) REVISÃO DA RESENHA: Josef Perecmanis (TEP/UFF) Autores AARON M. ANVUUR ET AL Journal Journal Of Construction Engineering And Management Ano 2007 Palavras-chave Alignment; Cooperation; Partnership; Teamwork; Construction industry. Abstract Partnering as a concept has matured in its application and many empirical studies provide evidence of its impact on project performance beyond the rather prescriptive and anecdotal claims of earlier cookbooks on the subject. What has remained elusive, however, is a guiding theory on partnering. Drawing on the literature, partnering is explained within the framework of intergroup contact theory and teamwork in organizations. More specifically, partnering has the potential to create the essential conditions for optimal intergroup contact and hence, to reduce bias and increase cooperation among construction project workgroups and, consequently, favorably impact on project performance. Demonstrating a close fit with the published literature on partnering provides useful support for the proposed model. The model can clearly help project managers to focus their attention on the necessary aspects of workgroup processes that lead to high cooperation and performance. Proposta Central do Artigo O artigo faz revisão da literatura sobre os principais modelos de parceria entre empresas participantes de projetos de construção e procura proporcionar suporte teórico aos conceitos de parceria e aliança de modo a melhorar a o desempenho de tais projetos. Metodologia e/ou Enfoque Desenvolvido no Artigo O artigo inicia com uma revisão de conceitos sobre parceria e espera fazer uma contribuição completa, dando o suporte teórico completo que define os processos elementos de parceria, organizando a discussão da seguinte forma: • apresenta revisão bibliográfica de pesquisas sobre “parcerias”. • em seguida, discute os temas: “equipes” de indústrias; hipóteses de contacto; o que parcerias proporcionam; os componentes chaves da prática de parcerias; constituição de acordos e procedimentos para solução de problemas; incentivos às equipes; avaliações periódicas de resultados; • inspirando-se nestas teorias, são discutidos modelos de parcerias, seus fatores críticos de sucesso, a importância da confiança entre parceiros, incentivos contratuais, envolvimento entre parceiros nas fases iniciais de empreendimentos, alianças estratégicas e das transformações na cultura das indústrias Quais são os Achados ou Resultados Descobertos pelo Processo de Pesquisa? O trabalho apresenta um modelo que procura trazer clareza para o assunto parcerias entre empresas participantes de projetos de construção. Discute questões ligadas aos chamados fatores críticos de sucesso associados ao tema, explora questões de psicologia aplicada a grupos empresariais que interagem, apresenta discussões sobre avaliações permanentes dos resultados obtidos ao longo do projeto de construção, necessidade do envolvimento dos parceiros nas fases iniciais de um determinado projeto, discute necessidade de mudança nas culturas empresariais, ressalta a importância da confiança entre os parceiros e mostra-se cético quanto à adequação dos incentivos pecuniários contratuais. Quais são as Limitações e/ou Implicações no Âmbito Científico e Metodológico de Pesquisa? Em alguns casos, o uso de modelo de parceria e aliança 20 entre as partes pode ser problemático e algumas vezes improdutivo, pois muitas vezes, o interesse da empresa é diferente do interesse do empregado. Quais são as Implicações Práticas Advindas da Pesquisa? A relevância dos principais processos; ferramentas e técnicas envolvidas no resultado do modelo associando o link entre cooperação e sucesso no projeto. Dando ênfase ao papel das parcerias como mecanismo transformador, através de um modelo que utiliza conceitos baseado na literatura, sendo necessário fazer um teste na realidade para que seja realizado. O modelo pode ajudar os gestores de projetos a centrar sua atenção sobre os aspectos necessários para que os processos de construção envolvendo parcerias entre diferentes empresas e seus grupos de trabalho tenham alto desempenho. Qual é a Originalidade e/ou valor da Pesquisa Realizada? A pesquisa proporciona uma base teórica para o tratamento do assunto parcerias em projetos de construção. Quais são os Conceitos-chaves Adotados pelos Autores na Pesquisa? Conceitos sobre alinhamento; cooperação; parceria;time de trabalho; construção da indústria. Qual a Tipologia do Artigo? Pesquisa teórica. 21 E&P 27.6 EPC Journal 02 (2009) PC05RE05 / Farias, Juliana P.; Perecmanis, Josef Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle Partnering on Construction Projects: A Study of the Relationship Between Partnering Activities and Project Success CÓDIGO DO PROJETO: E&P 27.6 PESQUISADOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Juliana Paiva de Farias (LabCEO) PROFESSOR RESPONSÁVEL PELA RESENHA: Josef Perecmanis (TEP/UFF) HRM or project management literatures. The aim of this paper is to provide an overview of past research on HRM in the context of projects, published in the project management, general management, and HRM literatures. We develop a model of what we see as the critical HRM aspects of project-oriented organizing, based on prior research and use it to structure the review. Finally we summarize what we see as the major shortcomings of research in the field of HRM in the project-oriented company and outline a research agenda to address outstanding areas of research on this topic. REVISÃO DA RESENHA: Domingos de Farias Brito (TEE/UFF) Proposta Central do Artigo O artigo analisa estudos sobre parceria em projetos de construção e faz uma pesquisa sobre a possível influencia de algumas atividades especificas de partnering no sucesso de projetos. de construção da indústria. Autores MARTINA HUEMANN, ET AL Journal International Journal of Project Management Ano 2007 Palavras-chave Project-oriented company; Managing of projects; Managing by projects; Human resource management Abstract Human resource management (HRM) can be viewed as core processes of the project-oriented company, affecting the way the organization acquires and uses human resources, and how employees experience the employment relationship. Knowledge about HRM is produced by researchers and theorists who, through publishing their work in books and journals, construct knowledge in particular ways and in so doing frame the way HRM debates take shape in the academic and practitioner literatures. In most of the extant literature HRM is framed primarily in terms of large, stable organisations, while other organisational types, such as, those relying on projects as the principle form of work design, are marginalised in discussions about what HRM is and how it should be practiced. The authors argue that due to specific characteristics of the project-oriented company, particularly the temporary nature of the work processes and dynamic nature of the work environment, there exist specific challenges for both organisations and employees for HRM in project-oriented companies, and that these have – been neither widely acknowledged nor adequately conceptualised in the extant mainstream Metodologia e/ou Enfoque Desenvolvido no Artigo Citando ate o guia de parceria do Corpo de Engenharia do Exercito Americano, define parceria como um método de transformar relações contratuais, numa equipe de projeto coesa com um único conjunto de metas e procedimentos estabelecidos para a resolução de disputas de maneira rápida e efetiva,tendo o foco restrito à gestão de projetos de construção, que normalmente implica extenso trabalho contratual. Ressaltando que apesar de existirem inúmeros casos de sucesso, falta uma evidencia empírica firme e empreende uma pesquisa coletando dados por meio de questionário, enviado a 800 membros selecionados do PMI no Canadá e EUA, obtendo 291 respostas aproveitadas e analisadas estatisticamente. Foram examinados elementos específicos de partnering. Se os participantes do projeto se engajaram nas seguintes atividades antes da implementação do projeto: 1) construção da equipe, 2) identificação de áreas potenciais de conflitos/problemas, 3) estabelecimento de um processo de resolução de problemas, 4) criação de um cronograma de projeto comum, 5) estabelecimento de um lucro justo para o empreiteiro, 6) usar consultores como facilitadores de projeto e 7) estabelecimento de provisões para um continuo aperfeiçoamento. Quais são os Achados ou Resultados Descobertos pelo Processo de Pesquisa? O estabelecimento de um processo de resolução de 22 problemas antes de o projeto começar foi o item que foi relacionado a todas as medidas de sucesso; a identificação de problemas potenciais antes do inicio ficou significativamente relacionado a controle de custo, performance técnica, necessidades do cliente, e resultados gerais, mas não para cronograma e para evitar litígio; estabelecimento de um lucro justo para o empreiteiro, foi significante para as necessidades do consumidor , evitar litígios e resultados gerais mas não para cronograma, performance técnica e controle de custos, e assim sucessivamente. Quais são as Limitações e/ou Implicações no Âmbito Científico e Metodológico de Pesquisa? Segundo o autor, a parceria é um processo complexo, dinâmico, que interage para influenciar no sucesso do projeto, devendo ter processos mais rigorosos, bem como estudos de caso em profundidade na área. Quais são as Implicações Práticas Advindas da Pesquisa? Os resultados deste estudo mostram que a parceria institucionaliza acordos e colaboração na resolução de problemas, estabelecendo alicerces para a equipe, dando empenho contínuo para o trabalho em equipe. Qual é a Originalidade e/ou valor da Pesquisa Realizada? A importância da parceria em projetos de construção. Quais são os Conceitos-chaves Adotados pelos Autores na Pesquisa? Construção; projetos de construção; gerenciamento; relações contratuais; parceria; sucesso. Qual a Tipologia do Artigo? Pesquisa Teórica-Metodológica com uma Survey. 23 Artigos Científicos 24 E&P 27.6 EPC Journal 02 (2009) 24-38 Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 Seleção de Projetos de Investimento: uma proposta de modelagem apoiada em Análise Envoltória de Dados (DEA) Marcelo Alvaro da Silva Macedo1 Doutorado em Engenharia de Produção, FACC/UFR 1 Resumo Este artigo apresenta uma visão da utilização de pesquisa operacional na avaliação e seleção de ativos. Neste sentido, apresenta-se o Modelo de Desconto de Fluxo de Caixa (DFC) e duas de suas principais técnicas: o Valor Presente Líquido (VPL) e o Período de Payback Descontado (PPD). Além disso, busca-se a consideração de um fator de risco medido pela probabilidade de não viabilidade de um projeto em condições de incerteza. Discute-se a utilização destes elementos nos vários tipos de ativos que podem existir: dependentes, independentes e mutuamente excludentes. Trabalhase, então, com a situação em que os ativos são analisados sob restrição orçamentária para o dispêndio em investimento inicial (II). Neste contexto apresenta-se e discute-se os principais conceitos de Análise Envoltória de Dados (DEA) como ferramenta de suporte à decisão de seleção ótima de investimentos (projetos). Trabalha-se, então, com a análise de projetos subordinada a uma série de objetivos (Max VPL, Min II, Min PPB e Min Risco) e discute-se a utilização de DEA como principal ferramenta de auxílio ao processo de tomada de decisão em problemas MutltiObjetivos ou Multicriteriais, como o proposto neste ensaio. Keywords: Orçamento de Capital; DEA; Decisão Multicriterial. 1 Introdução Dentre os problemas apresentados aos modelos financeiros de avaliação de ativos pode-se destacar dois: o da escolha entre várias alternativas limitada a uma restrição orçamentária e o da consideração de múltiplos objetivos gerenciais. Comumente as empresas têm ativos alternativos para investimento, mas não possuem recursos suficientes para investir em todos que são viáveis, financeiramente falando. Nessa situação a empresa precisa escolher ativos dentre os vários alternativos viáveis, formando um portfólio de investimentos que respeite suas limitações orçamentárias. A administração financeira é sem dúvida uma das mais importantes áreas da gestão de negócios. Em todas as áreas da empresa se faz necessária uma análise financeira antes da implantação de qualquer plano de atividades. O Orçamento de Capital é um resumo dos gastos e benefícios gerados por uma alternativa de investimento. Sua elaboração pressupõe o uso de uma série de técnicas financeiras para que se analise quais os projetos são viáveis e quais devem ser escolhidos pelo investidor. Estas alternativas de investimentos, que estão sendo tratadas aqui, representam na verdade projetos de investimento que um investidor teria disponível para escolha. 25 Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 Esta escolha pode pressupor do uso de uma série de objetivos estratégicos do investidor, que precisam ser atendidos, da melhor maneira possível, pelo conjunto de projetos escolhidos. Um dos modelos de análise financeira mais importantes e mais utilizados para avaliar ações empresariais (de investimento), em termos financeiros, é o Modelo de Desconto de Fluxo de Caixa (DFC), que representa a análise, a valor presente, dos fluxos de caixa futuros líquidos gerados. Neste modelo, como veremos, duas das técnicas mais utilizadas são o Valor Presente Líquido (VPL), que mede a riqueza gerada por um determinado ativo a valores atuais e o Período de Payback Descontado (PPD), que representa o prazo de recuperação do capital investido, considerando explicitamente o valor do dinheiro no tempo. Além disso, a consideração de condições de incerteza na análise se faz necessária. Para isso, pode-se utilizar de uma medida de risco representada pela probabilidade de não viabilidade dos projetos. Uma outra questão, é que ao se defrontar com algum problema, os decisores, normalmente, levam em conta não só um tipo de objetivo organizacional (maximizar a riqueza) para a decisão final, mas uma multiplicidade de fatores, como por exemplo o período de recuperação dos investimentos e o risco dos projetos (por conta das incertezas). Para lidar com isto pode-se utilizar os Métodos Multicriteriais ou Multi-Objetivos, que consideram que não mais se deve analisar ativos procurando uma solução ótima, mas sim gerar alternativas que representem soluções de compromisso que permitam ultrapassar a confusão que cerca esta problemática no contexto gerencial. Em virtude destas situações, este artigo apresenta uma visão da utilização da pesquisa operacional na avaliação e seleção de ativos. Neste sentido, apresenta-se os principais conceitos de Análise Envoltória de Dados (DEA) e de Orçamento de Capital e discute-se a utilização dos princípios que norteiam estas ferramentas de auxílio ao processo decisório na análise de viabilidade de ativos subordinada a uma série de objetivos. Para tanto, este trabalho apresenta e discute uma proposta metodológica a partir de DEA. A modelagem proposta, denominada de Análise Sequencial da Envoltória de Dados (DEA-S), procura através da aplicação de sucessíveis modelagens DEA-CRS, com uso de fronteira invertida, identificar os melhores projetos. Sendo assim, este modelo possibilita a formação de uma carteira ótima de investimentos, já que cada decisão (escolha) é feita com base numa melhor eficiência da combinação entre fatores a serem maximizados (riqueza gerada) e fatores a serem minimizados (volume de recursos necessários, tempo de recuperação e risco). Neste contexto se insere este trabalho, mostrando a utilização de técnicas de pesquisa operacional no auxílio da empresa para este tipo de tomada de decisão. Assim sendo procura-se apresentar e discutir a utilização de DEA em um processo decisório que envolva a seleção de projetos de investimento (orçamento de capital), onde se tenha uma série de objetivos a serem alcançados. Isso será feito com a utilização de um exemplo ilustrativo, que procura mostrar a aplicação de DEA a problemas de seleção de projetos de investimento, a partir da consideração explícita de múltiplos critérios: geração de riqueza (VPLoutput), velocidade na recuperação do capital investido (PPD-input) e fatores de incerteza (risco medido pela probabilidade de inviabilidade do projeto-input), além das necessidade de investimento inicial (II-input). Neste exemplo, estaremos propondo uma metodologia, a partir da idéia central de DEA, que vai transformar uma ferramenta de análise e avaliação de desempenho em uma modelagem de apoio a seleção de projetos de investimento. Vale ressaltar que o objetivo deste trabalho não é discutir o uso das variáveis apresentadas, mas tão somente usa-las como proxies na busca pela elucidação da aplicabilidade da modelagem apresentada e discutida ao longo do artigo. 2 Análise, Avaliação e Seleção de Ativos Para Damodaran (1997) se o objetivo, em finanças corporativas, é a maximização do valor da empresa, então o relacionamento entre as Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 decisões em termos financeiros, a estratégia empresarial e o valor da empresa têm que estar delineados. Ou seja, o valor de uma empresa é diretamente relacionado ao impacto, em termos financeiros, de suas decisões. De acordo com Brigham & Houston (1999) há implicações financeiras virtualmente em todas as decisões de negócios e os executivos de áreas não financeiras precisam saber um mínimo de finanças para incluir essas implicações em suas análises especializadas. Em outras palavras, as decisões de negócios não são tomadas em um vácuo, os tomadores de decisão têm em vista objetivos específicos. Para Gitman (2001) todas as pessoas que atuam em todas as áreas de responsabilidade dentro da empresa vão interagir com a área financeira para conseguir realizar seus trabalhos, pois na análise de qualquer projeto se faz necessário uma abordagem de viabilidade econômicofinanceira. As empresas sempre se defrontam com oportunidades de obter retorno, através do investimento de seus recursos em ativos atraentes. Para isso, se faz importante o entendimento do timing dos fluxos de caixa destes. Isso é o que denomina-se de valor do dinheiro no tempo, que é baseado na idéia de que uma unidade monetária hoje vale mais do que uma outra que será recebida em uma data futura. Isso explica porque deseja-se receber o quanto antes e pagar o mais tarde possível uma determinada quantia que não será reajustada ao longo do tempo. Os gestores devem usar técnicas de valor de dinheiro no tempo para reconhecer explicitamente suas oportunidades de obter resultados positivos quando avaliando séries de fluxos de caixa esperados associados a alternativas de decisão. Devido ao fato deles estarem no tempo zero (atual) ao tomar decisões, eles preferem basear-se em técnicas de valor presente. Gitman (2001) afirma que vários investimentos representam dispêndios consideráveis de recursos que comprometem a empresa com um determinado curso de ação. Conseqüentemente, a empresa necessita 26 de procedimentos para analisar e selecionar apropriadamente seus investimentos. Para tanto se faz necessário mensurar os fluxos de caixa relevantes e aplicar técnicas de decisão apropriadas. O Modelo de Desconto de Fluxo de Caixa (DFC) é um processo que cumpre este papel . Damodaran (1997) diz que o Modelo de Desconto de Fluxo de Caixa (DFC) pode ser representado da seguinte maneira: n = vida útil do ativo FCt = Fluxo de Caixa no período t i = taxa mínima de atratividade refletindo o risco deste ativo (TMA). As grandes limitações deste modelo são a confiabilidade das estimativas de fluxo de caixa futuros e da taxa mínima de atratividade ajustada ao risco. Brigham & Houston (1999) dizem que a etapa mais importante e também mais difícil é a estimativa dos fluxos de caixa futuros. Segundo Souza e Clemente (1997) a estimativa de risco de uma alternativa se faz com relação a seu custo de oportunidade, que é o que se perde com a escolha deste em detrimento dos outros. Isso gera a taxa mínima de atratividade (TMA) ajustada ao nível de risco do ativo, que será usada como taxa para o desconto dos fluxos de caixa futuros. Damodaran (1997) nos diz que há várias áreas na avaliação em que existe espaço para discórdia, entre estas: a estimativa dos fluxos de caixa e do custo de oportunidade. Ou seja, mesmo que os modelos de avaliação sejam quantitativos, a avaliação possui aspectos subjetivos. Isso faz com que, por exemplo, dois analistas possam através da utilização das mesmas técnicas chegar a conclusões diferentes com relação à avaliação de um ativo. Com isso, a aplicação de qualquer técnica não se constitui em uma estimativa precisa de valor, mas apenas um parâmetro para auxiliar no processo de tomada de decisão. Isso faz com que mais importante que o resultado encontrado é a perfeita compreensão da ferramenta de análise utilizada. É preciso entender as restrições, aplicações e resultados que podem ser encontrados na utilização de 27 Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 uma certa formulação matemática. Isto nos remete ao reconhecimento de que se está utilizando um modelo matemático e não uma fórmula “mágica”. Em síntese, saber ler e interpretar os resultados obtidos com a aplicação de uma técnica é um fator crucial na tomada de decisão. Segundo Souza e Clemente (1997) a decisão de investir é de natureza complexa, porque muitos fatores, inclusive de ordem pessoal, entram em cena. Entretanto, é necessário que se desenvolva um modelo teórico mínimo para prever e explicar essas decisões. Faz-se necessário, então, avaliar os ganhos potenciais futuros de cada alternativa apresentada, que não são certos, levando em consideração o risco inerente a cada alternativa. Isso faz com que analistas diferentes, tendo expectativas de fluxos e estimativas e risco diferentes, façam avaliações diferentes acerca de um determinado ativo. Segundo Gitman (2001), quando empresas querem avaliar os fluxos de caixa relevantes de um ativo, elas, então, analisam esses fluxos para discutir se o ativo é aceitável ou para hierarquizá-los. Para isso, pode-se utilizar várias técnicas, entre as quais se destaca o Valor Presente Líquido (VPL). Esta técnica considera explicitamente o valor do dinheiro no tempo, ou seja, desconta o fluxo de caixa a uma taxa mínima de atratividade específica (custo de oportunidade ajustado ao risco do ativo). O VPL é, então, encontrado ao se subtrair o investimento inicial (FC0) de um ativo do somatório do valor presente de seus fluxos de caixa futuros (FCt), descontados a uma taxa mínima de atratividade (i). A formulação pode ser vista a seguir: Segundo Macedo (2002) o VPL pode ser visto, então, como um ganho proporcionado pelo ativo, pois representa o quanto os fluxos de caixa futuros estão acima do investimento inicial. Tudo isso a valor presente, segundo um custo de oportunidade (taxa de desconto). Deste jeito pode-se dizer que um ativo deve ser aceito, numa abordagem aceitar-rejeitar, se o VPL > 0, pois o mesmo acrescenta riqueza à empresa. Ele deve ser rejeitado se o VPL < 0, pois este consome riqueza. Já numa abordagem hierárquica deve ser escolhido o ativo de maior VPL, pois quanto maior for o VPL maior será a riqueza gerada por este. Além da riqueza gerada pelo projeto, um outro aspecto importante no momento de sua análise é o tempo que o mesmo demora para recuperar o capital investido. Segundo Motta & Calôba (2002), de forma geral, quanto mais alongado o prazo de retorno do investimento, ou payback, menos interessante ele se torna para o investidor. O payback pode ser utilizado como referência para julgar a atratividade relativa das opções de investimento, na medida que representa o período médio de retorno do capital, sendo que quanto maior for este período mais exposto às incertezas, ao longo do tempo, estará o projeto e, por conseguinte, menos atraente será o mesmo. Ainda segundo os mesmos autores, para uma melhor adequação desta técnica se faz necessário considerar o fluxo de caixa, gerado pelo projeto, a valor presente e então compara-lo com o investimento feito, para assim determinar em quanto tempo o investimento retorna para o investidor. Esta técnica é denominada como Período de Payback Descontado (PPD). Além do VPL e do PPD, já discutidos, seria interessante, na seleção de alternativas de investimento, a consideração de uma medida que mostrasse o impacto das incertezas futuras sobre a possibilidade de geração de riqueza do ativo. Neste sentido, Hirschfeld (1998) diz que pode-se calcular a probabilidade de um determinado projeto não gerar riqueza, ou seja, ter VPL < 0 e, por conseguinte, ser inviável. Mesmo que se tenha um valor de VPL médio positivo, por conta das incertezas, é possível que o mesmo possa ser negativo, dada uma certa probabilidade de ocorrência de eventos que levariam o projeto a essa situação. Ainda segundo o autor, sabendo-se o VPL esperado e o desvio padrão destes, pode-se normaliza-los e encontrar o número de desvios até um valor de VPL negativo. Isso nos dará a Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 probabilidade de inviabilidade ou de viabilidade na curva normal. Esta será a proxy de risco a ser utilizada no exemplo ilustrativo. Uma outra questão importante na avaliação de ativos é o entendimento dos tipos de relação entre as alternativas de investimento. Os ativos Mutuamente Excludentes são aqueles em que a seleção de um deles, necessariamente, elimina os demais. Assim, num elenco de n ativos mutuamente exclusivos, apenas um deles deve ser selecionado. Para Gitman (2001) este é o caso de ativos que competem uns com os outros, de forma que a aceitação de um elimina os outros ativos, mesmo que estes sejam viáveis. Ativos Independentes são aqueles em que a escolha de um deles não exclui, necessariamente, a escolha dos demais. Assim, num elenco de n ativos, deve-se selecionar um conjunto de k <= n ativos que maximizem o valor da empresa. Este é normalmente o caso de alternativas de investimento quem podem ser feitas pela empresa em conjunto, formando-se assim um portfólio de ativos, utilizando uma abordagem aceitar-rejeitar. Segundo Gitman (2001) estes ativos são aqueles cujos fluxos de caixa não são relacionados ou são independentes uns dos outros, ou seja, a aceitação de um não elimina os outros que sejam viáveis. Ativos Dependentes ocorrem quando a seleção de um deles altera a decisão com respeito aos demais ativos da carteira. Normalmente a dependência é trazida por questões técnicas entre os ativos, onde estes não podem ser considerados como alternativas de investimento, mas quase como um único investimento a ser feito. Macedo (2002) diz que os problemas de racionamento de capital também são considerados como uma questão de ativos dependentes, porque este é um fator que traz aos ativos independentes uma característica de dependência, já que a escolha de um deles vai inibir a escolha de outros pela questão de não haver recursos financeiros para todos. Segundo Gitman (2001) fundos ilimitados é uma situação financeira em que uma empresa é capaz de aceitar todos os ativos independentes que proporcionam um retorno aceitável, 28 através de uma abordagem aceitar-rejeitar. Já o racionamento de capital é uma situação financeira na qual uma empresa tem apenas um número fixo de unidades monetárias para distribuir entre dispêndios de capital que estão competindo entre si. Na teoria o racionamento de capital não deveria existir. Ou seja, se as empresas não têm os recursos devem levantar capital através de novas dívidas (capital de terceiros) e/ou novas ações (capital próprio) para financiar todos os ativos aceitáveis. Isso gera a necessidade de uma abordagem de custo marginal de capital, ou seja, quanto mais recursos a empresa precisa mais caro estes se tornam. Mas na prática, a maioria das empresas opera sob racionamento de capital, imposto principalmente para evitar o que consideram ser níveis excessivos de novos financiamentos. Isso cria uma situação em que existem mais ativos independentes aceitáveis do que elas podem financiar. Geralmente as empresas tentam isolar e selecionar os ativos mais aceitáveis sujeitos a um orçamento de dispêndio de capital estabelecido pela alta administração. Segundo Motta & Calôba (2002), como os recursos disponíveis quase nunca são suficientes para fazer frente a toda a demanda por capital, a grande questão e o problema central na alocação eficiente de capital passa a ser quais opções de investimentos de capital serão selecionados, em determinado horizonte de tempo considerado. Ainda segundo os autores, para se estabelecer, então, um orçamento de capital “ótimo”, teremos que observar os seguintes princípios: • tomar decisões com base em alternativas factíveis; • analisar alternativas concorrentes em uma base comum; • considerar apenas as diferenças entre as alternativas (análise incremental – somente os fluxos de caixa incrementais são relevantes); • considerar, nas decisões de investimento, o valor do dinheiro no tempo e os problemas relativos ao racionamento de capital; • considerar os graus de incerteza (risco) associados aos projetos; • considerar as características específicas de cada projeto. 29 Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 Para Macedo (2002) a análise de múltiplas alternativas de investimentos, com uma restrição orçamentária pré-definida, pode ser feita via programação matemática. O problema se resume em maximizar o VPL da carteira de projetos sob análise e ainda atender às restrições impostas, principalmente de dispêndio inicial e das características dos projetos. O que o autor apresenta, com relação a restrição orçamentária, é uma perspectiva monodimensional, ou seja, se está selecionando com base em um único critério – maximização da riqueza (VPL). Por mais que este seja realmente o principal objetivo em uma análise financeira, existem outras variáveis que deveriam ser consideradas, pois representam objetivos organizacionais que devem ser respeitados. De acordo com Macedo (2004c) a melhor maneira de tratar este problema é a utilização de uma modelagem multi-objetivo, onde são escolhidos os ativos que combinados gerem o máximo de benefícios e o mínimo de sacrifícios respeitando-se as limitações orçamentárias, ou seja, otimizem a escolha segundo os objetivos traçados. Ainda segundo o autor, os objetivos mais comuns são a maximização da riqueza dos investidores, a minimização do tempo de recuperação dos investimentos e a minimização dos riscos. No presente artigo estes serão os objetivos que serão perseguidos através da maximização do VPL, da minimização do PPD e da maximização da probabilidade de viabilidade (VPL > 0), respectivamente, além da menor utilização de recursos (II). Isto quer dizer que o modelo de apoio a decisão que será desenhado no presente estudo busca projetos de investimentos que gerem maiores riqueza (Max VPL), porém com a menor utilização de recursos (Min II), com menor tempo de recuperação do capital investimento (Min PPD) e com menor risco (Min Prob Inviab). 3 Análise Envoltória de Dados (DEA): uma breve discussão Casarotto Filho e Kopittke (1998) dizem que as decisões de investimentos nas empresas, normalmente, possuem as seguintes características: • Racionalidade limitada: Definida por Simon (1957) como a incapacidade humana de considerar apenas aspectos lógicos e racionais no processo decisório; • Multicritério ou Multi-Objetivo: Vários objetivos, políticas e metas nortearão a decisão de investimento; • Multidecisor: Vários decisores (por meio de conselhos ou colegiados); • Incerteza: Mudanças no ambiente (político, econômico, etc.) em que a empresa está inserida. Estes vários aspectos, considerados de maneira conjunta no processo de tomada de decisão, tendem a resultar em uma problemática mais complexa e que precisa, então, de uma metodologia mais apropriada que resulte em ações mais bem elaboradas. Os Métodos Multicriteriais ou Multi-Objetivos conferem ao processo de tomada de decisão gerencial clareza e transparência, geralmente, não disponíveis nos tratamentos por Métodos Monocriteriais ou Mono-Objetivos. Isso faz com que a abordagem do processo decisório, no contexto gerencial, migre, cada vez mais, para a utilização de instrumentos analíticos fundamentados numa perspectiva multidimensional. Isso porque ao se defrontar com algum problema, o decisor ou decisores, normalmente, levam em conta não só um tipo de objetivo organizacional para a decisão final, mas uma multiplicidade de fatores. Uma análise multicriterial estabelece uma forma estruturada de julgamento acerca de diversos critérios de seleção num processo de decisão. Ou seja, permite ordenar as alternativas segundo certos critérios de decisão, seguindo uma ótica própria. Estes métodos vêm, de longa data, sendo formal ou informalmente utilizados nas decisões gerenciais, pois já há algum tempo passou-se a considerar que não mais se deva analisar projetos de investimento procurando uma solução ótima, mas sim gerar alternativas que representem soluções de compromisso que permitam ultrapassar a confusão que cerca esta problemática no contexto gerencial. Em outras palavras, buscou-se alternativas metodológicas que pudessem tratar de problemas gerencias Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 complexos, onde existem diversos tipos de decisores e cada um com vários pontos de vista que considera fundamentais, possuindo muitas vezes objetivos conflitantes e de difícil mensuração. A Análise Envoltória de Dados (DEA), um dos focos deste estudo, pode ser caracterizada como sendo um Método Multicriterial, pois apresenta várias das características apresentadas anteriormente. Esta é derivada da Programação Linear, mas distingue-se desta porque ao invés de buscar uma solução ótima (absoluta) procura por uma solução que otimiza cada observação, dentro das circunstâncias apresentadas na problemática tratada. Seu procedimento metodológico visa, dado os objetivos a serem alcançados, que são transformados em inputs (fatores a serem minimizados) e outputs (fatores a serem maximizados), construir uma função objetivo que busque a maximização da eficiência desta relação. É importante destacar que o uso de poucos objetivos (inputs e outputs) pode levar à não consideração de aspectos importantes, mas quando levamos em consideração muitos objetivos (inputs e outputs) podemos acabar desviando nossa atenção dos pontos importantes, além de desperdiçar tempo e energia. Por conta disso, se torna extremamente importante uma grande atenção na escolha das dimensões de desempenho do problema estudado, bem como na independência existente entre elas. Macedo (2004a) diz que a Análise Envoltória de Dados (DEA) envolve o uso de métodos de programação linear para construir uma fronteira não-paramétrica sobre os dados, onde medidas de eficiência são calculadas em relação a sua fronteira. Lins e Meza (2000) colocam que a abordagem analítica rigorosa aplicada à medida de eficiência é tal que nenhum dos outputs pode ser aumentado sem que algum outro output seja reduzido ou algum input necessite ser aumentado; e nenhum dos inputs possa ser reduzido sem que algum outro input seja 30 aumentado ou algum output seja reduzido. A Análise Envoltória de Dados (DEA), segundo Zhu (2000), representa uma das mais adequadas ferramentas para avaliar a eficiência, em comparação com ferramentas convencionais. Os resultados de DEA são mais detalhados do que os obtidos em outras abordagens, servindo melhor ao embasamento de recomendações de natureza gerencial. Sendo assim, os autores destacam as seguintes características desta ferramenta: • Não requer a priori uma função de produção explícita; •Examina a possibilidade de diferentes, mas igualmente eficientes, combinações de inputs e outputs; • Localiza a fronteira eficiente dentro de um grupo de unidades analisadas e • Determina, para cada unidade ineficiente, subgrupos de unidades eficientes, os quais formam seu conjunto de referência. São várias as formulações dos modelos de DEA encontradas na literatura, conforme dizem Charnes et al (1994), entretanto dois modelos básicos DEA são geralmente usados nas aplicações. O primeiro modelo chamado de CCR (CHARNES, COOPER e RHODES, 1978), também conhecido como CRS (Constant Returns to Scale), avalia a eficiência total, identifica as DMUs eficientes e ineficientes e determina a que distância da fronteira de eficiência estão às unidades ineficientes. O segundo chamado de modelo BCC (BANKER, CHARNES e COOPER, 1984), também conhecido como VRS (Variable Returns to Scale), utiliza uma formulação que permite a projeção de cada DMU ineficiente sobre a superfície de fronteira (envoltória) determinada pelas DMUs eficientes de tamanho compatível. Segundo Macedo (2004b), os modelos utilizados, desenvolvidos a partir do DEA, são capazes de conjugar em um único índice vários indicadores de natureza diferentes para a análise do desempenho organizacional. Pode-se perceber, então, que a modelagem possui as características de trabalhar diversas variáveis sem a necessidade de convertêlas para um padrão comum de unidade e de apoiar o processo decisório com uma técnica de natureza multicritério e, portanto, mais capaz de modelar a 31 Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 complexidade do mundo real. De acordo com Coelli et al (1998), Charnes, Cooper e Rhodes (1978) propuseram um modelo que tinha uma orientação input e assumia retornos constantes de escala (CRS). Artigos subseqüentes têm considerado várias alternativas, dentre elas as de Banker, Charnes e Cooper (1984), em que o modelo de retorno variável de escala (VRS) foi proposto. transformando a relação em uma função linear, simplesmente considerando o denominador (soma ponderada dos insumos) da função objetivo igual a um. Os modelos DEA-CRS e DEA-VRS podem então ser apresentados da seguinte maneira: Ainda segundo Coelli et al (1998), um caminho intuitivo para introduzir DEA é por meio de forma de razão. Para cada DMU, gostaríamos de obter uma medida de razão de todos os outputs sobre todos os inputs, ou seja, os pesos ótimos uj e vi são obtidos pela resolução do seguinte problema de programação matemática: Neste modelo c é a unidade (DMU) que está sendo avaliada. O problema acima envolve a procura de valores para u e v, que são os pesos, de modo que maximize a soma ponderada dos outputs (output “virtual”) dividida pela soma ponderada dos inputs (input “virtual”) da DMU em estudo, sujeita a restrição de que esse quociente seja menor ou igual a um, para todas as DMUs. Esta função está sujeita à restrição de que, quando o mesmo conjunto de coeficientes de entrada e saída (os vários vi e uj) for aplicado a todas as outras unidades que estão sendo comparadas, nenhuma unidade excederá 100% de eficiência ou uma razão de 1,00. De acordo com Macedo (2004b), este é um problema fracionário (não linear) de programação matemática de difícil solução, que pode ser facilmente resolvido Como pode-se ver nestas modelagens, a medida de eficiência DEA é mais completa que as medidas de desempenho monodimensionais, pois são capazes de incorporar uma análise multicriterial e assim modelar melhor a complexidade do mundo real. A eficiência técnica global é obtida com a fronteira CRS, que pode ser decomposta em eficiência técnica pura (obtida pela fronteira VRS) e eficiência de escala (CRS/VRS). Em suma, para uma empresa ser CRS eficiente ela precisa ter eficiência técnica (VRS) e de escala. Ainda de acordo com Macedo (2004b) diz que quanto maior a relação Σoutputs / Σinputs maior a eficiência. Para cada DMU a ser analisada, formulase um problema de otimização com o objetivo de determinar os valores que esta DMU atribuiria aos multiplicadores u e v de modo a aparecer com a maior eficiência possível. Então, complementa o autor, o problema consiste em achar os valores das variáveis uj e vi, que são os pesos (importância relativa de cada variável), de modo que se maximize a soma ponderada dos outputs (output “virtual”) dividida pela soma ponderada dos inputs Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 (inputs “virtual”) da DMU em estudo, sujeita na restrição de que esse quociente seja menor ou igual a um, para todas as DMUs. Logo as eficiências variam de 0 a 1 ou 0 % e 100 %. Segundo Macedo (2004a) os índices de eficiência calculados no modelo VRS são sempre iguais ou superiores aos calculados pelo CRS. Isso mostra a característica mais flexível de análise dos modelos VRS em relação ao CRS. Ainda de acordo com o autor, o modelo CRS pressupõe um retorno constante de escala. Ou seja, existe uma relação linear entre inputs e outputs, de modo que, um incremento ou uma redução de input gera um incremento ou uma diminuição proporcional de outputs. Isto quer dizer que serão eficientes as empresas que tiverem um melhor resultado da divisão entre output e input. Assim, os índices de eficiência, como são relativos, podem ser obtidos simplesmente, para o caso de um output e um input, pela divisão dos resultados de output/input de cada DMU pelo maior valor encontrado para este quociente. Graficamente a fronteira é obtida pela linha saindo da origem e passando pelos pontos mais altos (maiores relações output/input) e a ineficiência de cada DMU é calculada pela distância de cada uma em relação a fronteira CRS, por uma linha paralela ao eixo X. A idéia, então, é saber qual a redução de input (custos) necessária, mantendo-se os níveis de output (receita), para que a empresa se torne eficiente. Já para o caso VRS, não se tem a necessidade de proporcionalidade de inputs e outputs. A idéia é incluir outras DMU´s, através do tratamento de retornos variáveis de escala (crescentes ou decrescentes), que possam representar boas práticas na relação output/ input. As ineficiências continuam sendo calculadas da mesma maneira, porém percebe-se que a fronteira VRS está mais próxima das DMU’s do que a fronteira CRS, o que explica um maior índice de eficiência ou de outra forma uma necessidade menor de redução dos custos, mantido o nível de receita, para que esta DMU se torne eficiente. No caso da orientação output, que não foi tratado acima por Macedo (2004a), a lógica é saber o máximo 32 de receita possível dado os custos. Logo a projeção é feita para cima, ou seja, mantendo-se o nível de input até alcançar a fronteira. Neste trabalho estaremos utilizando uma abordagem input, com o modelo DEA-CRS, pois observa-se uma maior capacidade de discriminar as várias alternativas apresentadas. Porém, o modelo supracitado sofrerá algumas modificações de ordem técnica, para que a análise seja substancialmente mais bem elaborada. Ao contrário dos modelos DEA clássicos que fornecem muitos empates nos índices 100% eficientes, o enfoque apresentado neste artigo fornece uma visão de eficiência onde as DMU´s são colocadas frente a duas questões: ter bom desempenho naquilo em que ela é melhor e também não pode ter um mau desempenho no critério em que for pior. Para isto é necessário introduzir o conceito de fronteira invertida, que segundo Novaes (2002) consiste em considerar os outputs como inputs e os inputs como outputs. Esse enfoque Ao contrário dos modelos DEA clássicos que fornecem muitos empates nos índices 100% eficientes, o enfoque apresentado neste artigo fornece uma visão de eficiência onde as DMU´s são colocadas frente a duas questões: ter bom desempenho naquilo em que ela é melhor e também não pode ter um mau desempenho no critério em que for pior. Para isto é necessário introduzir o conceito de fronteira invertida, que segundo Novaes (2002) consiste em considerar os outputs como inputs e os inputs como outputs. Esse enfoque considera pelo menos duas interpretações. A primeira é que a fronteira consiste das DMUs com as piores práticas gerenciais (e poderia ser chamada de fronteira ineficiente); a segunda é que essas mesmas DMUs têm as melhores práticas considerando o ponto de vista oposto. Uma fronteira invertida pode ser utilizada para distinguir entre as diversas DMUs onde quanto maior o grau de pertinência à fronteira invertida menor a eficiência da DMU. Para obter um índice único de eficiência, deve-se englobar os dois graus de pertinência e obrigar a que 33 Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 a variação do índice se dê entre 0 e 1. Esse índice será dado pela média entre o índice da fronteira padrão e o resultado da diferença entre 1 e o índice da fronteira invertida. Depois disso este índice é padronizado dividindo-se cada resultado pelo maior valor encontrado. O índice proposto para medir a eficiência, permite resolver um dos principais problemas em DEA, qual seja, de as DMUs poderem ser eficientes atribuindo peso nulo a vários multiplicadores (Lins e Meza, 2000). Com efeito, para uma DMU possuir alta eficiência, esta deve ter um elevado grau de pertinência em relação à fronteira otimista e baixo grau em relação à fronteira pessimista. Dessa forma, todas as variáveis são levadas em conta no índice final, sem a atribuição de nenhum peso subjetivo a qualquer critério. característica de DEA: • Utilizará a modelagem DEA-CRS com orientação input; • Será reforçada pela consideração de dupla fronteira; • Buscará de forma seqüencial tomar decisões, com base na eficiência, a respeito de qual projeto deve ser selecionado em uma dada circunstância. Depois repetirá o modelo, porém adequando, quando necessário, a novas circunstâncias. 4. Exemplo Numérico Ilustrativo: aplicação de DEA à seleção de projetos de investimento Para demonstrar como a modelagem DEA pode ser utilizada na seleção de projetos de investimentos, vamos utilizar um exemplo de seleção de 15 projetos No modelo aqui proposto, o valor da eficiência de cada possíveis (com alguns deles inter-relacionados) sujeitos DMU (projeto) depende também de sua posição em a 3 objetivos diferentes (com alguns sendo conflitantes). relação à fronteira invertida. Deve ser ressaltado que existem outros métodos para resolver esse problema, Para este exemplo vamos utilizar uma metodologia mas estes exigem julgamentos subjetivos e/ou métodos alternativa proposta por este trabalho, que procura se utilizar do ferramental que pode ser obtido com o matemáticos bastante mais sofisticados. Para finalizar pode-se, então, dizer que a metodologia uso de DEA para apoiar decisões de investimento. proposta e aplicada no próximo item terá as seguintes Cabe ressaltar que esta é uma tentativa de mostrar a Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 aplicação das técnicas apresentadas anteriormente em uma situação em que exista a competição de projetos de investimento por recursos escassos. Utilizaremos o software SIAD (Sistema Integrado de Apoio a Decisão), proposto por Meza et al (2003), para resolução dos Problemas de Programação Linear (PPLs) propostos. 34 Outra informação importante é que se tem uma restrição orçamentária de $ 10.000.000,00. Isso significa que nem todos os projetos podem ser escolhidos, já que o desembolso inicial total para os 15 projetos é de $ 15.770.000,00. Além das considerações anteriores, em nosso exemplo será assumido que dentre os projetos considerados os projetos 3 e 4 e os projetos 9 e 12 são mutuamente excludentes (em cada par). Também considerar-se-á que o projeto 15 depende do projeto 6, que por sua vez depende do projeto 2. Isso significa que, se for viável, apenas 3 ou 4 e 9 ou 12 podem ser aceito e que o projeto 15 só pode ser aceito se o projeto 6 for implantado, que por sua vez só pode ser implantado se o projeto 2 for aceito. Vamos admitir que o prazo de análise dos projetos, já considerando o período de recuperação dos fluxos residuais, seja de 4 anos. Sendo assim, o problema consiste em selecionar um conjunto ótimo de projetos dentre os 15 avaliados, assumindo que a gestão da companhia busque atingir a 3 objetivos específicos. Para esta simulação vamos admitir que os 3 objetivos são igualmente importantes, ou seja, possuem o mesmo peso. A metodologia aqui proposta obedece aos seguintes passos: O quadro 01 mostra as principais características de cada • Com base na lista das variáveis, inputs e outputs, um dos 15 projetos ao longo do período de análise. montar um primeiro PPL, considerando para isso A variável VPL será tratada como output, enquanto as uma transformação dos projetos para consideração de variáveis investimento inicial, risco e payback serão características de dependência. Ou seja, os projetos 15 consideradas inputs (01, 02 e 03 – respectivamente). e 6 vão dar lugar, neste primeiro momento, para uma Isto se deve a natureza destas variáveis, já que o combinação entre eles e o projeto 2. Isso é necessário, objetivo é selecionar projetos que tenham o maior VPL pois só assim é que os projetos 15 e 6 podem ser possível (geração de riqueza), mas que tenham pouco escolhidos logo de cara. risco e dispêndio de capital e que sejam rapidamente • Montado o PPL resolve-se o mesmo e seleciona-se o recuperáveis. melhor projeto. • Volta-se ao primeiro momento fazendo as considerações 35 Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 necessárias a esta nova situação. Este modelo proposto para este trabalho será denominada de Análise Seqüencial da Envoltória de Dados (DEA-S). Para rodar esta modelagem vamos nos utilizar do artifício da fronteira invertida, já apresentada anteriormente. Esta vai servir não só para melhorar o desempenho do modelo, mas também para forçar uma decisão de escolha única (apenas um projeto tem eficiência = 1). Ou seja, a metodologia DEA-S vai se utilizar dos princípios do DEA-CRS e da fronteira invertida. A quadro 02 mostra os dados rodados no primeiro estágio: Conforme dito anteriormente o projeto 2,6,15 é um projeto artificial formado por uma combinação dos projetos 2, 6 e 15. Isto foi necessário, pois o projeto 15 só pode ser selecionado se o projeto 6 for, que por sua vez só pode ser selecionado se o projeto 2 for. A resposta para este primeiro estágio foi a escolha do projeto 09, que é aquele com maior eficiência (quadro 3). Isso faz com que se tenha disponível agora $ 9.350.000,00, já que o projeto escolhido tem necessidade de investimento inicial de $ 650.000,00. Uma outra consideração a ser feita para a próxima etapa é desconsiderar na análise o projeto 12, que é mutuamente excludente em relação ao projeto 09, que foi selecionado nesta etapa. projetos 09 e 03, num total de recursos consumidos de $ 1.050.000,00, tendo ainda uma sobra para investimento de R$ 8.950.000,00. Uma outra consideração a ser feita para a próxima etapa é desconsiderar na análise o projeto 04, que é mutuamente excludente em relação ao projeto 03, que foi selecionado nesta etapa. De posse, das novas considerações, foi rodada a próxima fase do modelo. Neste estágio tem-se o projeto 14 como o selecionado. No quadro 05 este projeto tem maior eficiência. Agora temos escolhidos os projetos 09, 03 e 14, num total de recursos consumidos de $ 1.770.000,00, tendo ainda uma sobra para investimento de R$ 8.230.000,00. No estágio 04 partiu-se de 9 alternativas para análise. Percebe-se, pelo quadro 06, que os projetos 02, 06 e 15 devem ser selecionados. Temos, então os projetos 02, 03, 06, 09, 14 e 15, num total de recursos consumidos de $ 5.270.000,00, tendo ainda livre para investimento $ 4.730.000,00. Isso faz com que se tenha disponível agora $ 9.350.000,00, já que o projeto escolhido tem necessidade de investimento inicial de $ 650.000,00. Uma outra consideração a ser feita para a próxima etapa é desconsiderar na análise o projeto 12, que é mutuamente excludente em relação ao projeto 09, que foi selecionado nesta etapa. Para um segundo estágio do DEA-S eliminou-se os projetos 09 e 12, pelos motivos já expostos. O quadro 04 mostra que o projeto 03 foi aquele que obteve maior índice de eficiência. Agora temos escolhidos os No quinto estágio observou-se que o projeto selecionado foi o 01, maior eficiência, conforme quadro 07. Tem-se, então consumido $ 5.920.000,00 e para investimento $ 4.080.000,00. Os resultados do estágio 06 podem ser Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 vistos no quadro 08. O projeto com maior eficiência e que, portanto, deve ser escolhido, é o projeto 10. Neste ponto já se selecionou os seguintes projetos: 01, 02, 03, 06, 09, 10, 14 e 15. Ainda existe disponível para investimento um montante de $ 3.080.000,00. 36 09, 10, 13, 14 e 15; • Isso utilizou um total de $ 9.820.000,00 dos recursos disponíveis para investimento; • Tem-se uma sobra, não investida, de $ 180.000,00, que, por conseguinte, será remunerada à taxa mínima de atratividade (12 % ao período); • Não foram selecionados os projetos 04, 05, 11 e 12; • Com o portfólio formado tem-se um VPL (riqueza gerada) total de $ 13.346.000,00. Como dito no início do trabalho, apesar desta modelagem gerar uma resposta, o que mostra que é possível aplica-la para obter um resultado no processo de seleção dos investimentos, esta ainda carece de estudos mais aprofundados para provar sua eficácia. Ou seja, em próximos estudos estaremos testando o modelo afim de verificar se o mesmo é capaz de escolher sempre O próximo estágio selecionou o projeto 13. O total um portfólio que represente a melhor combinação dos investido até o momento soma $ 7.520.000,00. O objetivos estabelecidos. Não se pode perder de vista que quadro 9 mostra os resultados do estágio 07. busca-se uma decisão de compromisso, que seja capaz de conjugar as dimensões de desempenho consideradas na análise de forma a selecionar uma carteira de investimentos que possa atende-los da melhor forma possível. 5. Considerações Finais O estágio 08 revelou a seleção do projeto 08. Desta Para uma boa avaliação dos ativos disponíveis para forma tem-se um total de recursos aplicados de $ investimento em uma empresa é necessária a utilização de modelos como o de Desconto de Fluxo de Caixa (DFC), que leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. Neste modelo uma das mais importantes e utilizadas 8.620.000,00. Os projetos até aqui selecionados são: técnicas é o do Valor Presente Líquido (VPL), que resulta do somatório do valor presente de todos os 01, 02, 03, 06, 08, 09, 10, 13, 14 e 15. fluxos de caixa futuros subtraído da necessidade de Como o montante de recursos disponíveis para investimento inicial em um dado ativo sob análise. investimento é de apenas $ 1.380.000,00, e as alternativas ainda disponíveis para investimento são os O VPL é, portanto, um parâmetro fundamental na projetos 05, 07 e 11, a única opção cabível é a escolha avaliação e análise da viabilidade econômico-financeira do projeto 07, já que é o único que cabe dentro dos de um ativo, pois representa a riqueza gerada por recursos ainda disponíveis. Além disso, ao rodar um este. Como o objetivo fundamental da administração novo estágio verificou-se que esta já seria a decisão financeira é maximizar o valor da empresa, o que gera maximização da riqueza de seus proprietários, tem-se mais eficiente também. em um processo de seleção de ativos o objetivo de formar Deste modo a carteira de investimentos terá as seguintes uma carteira que maximize a riqueza gerada por estes, ou seja, maximizar o VPL total dos ativos selecionados. características: • Os projetos selecionados foram: 01, 02, 03, 06, 07, 08, Porém este não é necessariamente o único critério a ser 37 Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 utilizado neste julgamento. Para que se faça uma análise da viabilidade econômico-financeira de projetos, em muitos casos, se faz necessário considerar uma série de objetivos que às vezes são conflitantes. Em muitas situações temos que considerar, além do objetivo natural de maximizar a riqueza gerada (VPL) pelos projetos eleitos, restrições orçamentárias, provisões de caixa, velocidade de recuperação dos investimentos, minimização de riscos (medidos com outros indicadores), características individuais e conjuntas dos projetos analisados, dentre outras questões que se tornam restrições a uma política ótima simples para o orçamento de capital. Uma maneira de obter uma resposta satisfatória para este processo decisório é através da utilização de Análise Envoltória de Dados (DEA). Esta metodologia gera a melhor política (carteira) de investimentos para os projetos em análise, comparando-os entre si. Com isso o objetivo é alcançado e consegue-se um parâmetro de decisão importante no processo de análise, avaliação e seleção de ativos de investimento. Além disso, o uso de DEA, ou até de outras técnicas multicriteriais que serão objeto de estudo em outros trabalhos, pode ser muito útil, pois representa uma maneira sistemática de considerar múltiplos objetivos em uma análise de eficiência em relação a decisão tomada. Pôde-se perceber que a modelagem feita a partir de DEA buscou uma solução de compromisso entre todos os objetivos apresentados. Apesar disto cabe ressaltar que este trabalho é apenas o início de uma linha de estudos que aprofundarão este tema, com o intuito de trazer para dentro do processo de decisão em finanças os modelos e métodos de programação matemática. 6. Referências Bibliográficas BANKER, R. D.; CHARNES, A.; COOPER, W. W. Some Models for Estimating Technical and Scale Inefficiencies in Data Envelopment Analysis. Management Science. v. 30, n. 9, 1078-1092. 1984. BRIGHAM, E. F.; HOUSTON, J. F. Fundamentos da Moderna Administração Financeira. Rio de Janeiro: Campus, 1999. CASAROTTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de Investimentos. São Paulo: Atlas, 1998. CHARNES, A.; COOPER, W. W.; RHODES, E. Measuring the Efficiency of Decision Making Units. European Journal Of Operational Research. v. 2, n. 6, 429-444. 1978. CHARNES, A.; COOPER, W. W.; LEWIN, A. Y.; SEIFORD, L. M. Data Envelopment Analysis. 2. ed. Boston: KAP, 1994. COELLI, T.; RAO, D. S. P.; BALTESE, G. E. An Introduction to Efficiency and Productivity Analysis. Boston: KAP, 1998. DAMODARAN, A. Avaliação de Investimento: ferramentas e técnicas para a determinação do valor de qualquer ativo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997. GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. HIRSCHFELD, H. Engenharia Econômica e Análise de Custos. 6 ed. São Paulo: Atlas, 1998. LINS, M. P. E.; MEZA, L. Â. Análise Envoltória de Dados e Perspectivas de Integração no Ambiente de Apoio à Decisão. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 2000. MACEDO, M. A. S. A Utilização de Programação Matemática Linear Inteira Binária (0-1) na Seleção de Projetos sob Condição de Restrição Orçamentária. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA OPERACIONAL, 24, 2002, Rio de Janeiro. Anais do XXXIV SBPO. Rio de Janeiro: IME, 2002. 1 CD. MACEDO, M. A. S. A Utilização da Análise Envoltória de Dados (DEA) na Consolidação de Medidas de Desempenho Organizacional. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 11, 2004, Porto Seguro. Anais do XI Congresso Brasileiro de Custos. Porto Seguro: ABC, 2004a. 1 CD. MACEDO, M. A. S. Indicadores de Desempenho: Uma Contribuição para o Monitoramento Estratégico através do Uso de Análise Envoltória de Dados (DEA). In: SIMPÓSIO DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO, LOGÍSTICA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS, 7, 2004, São Paulo. Anais do VII SIMPOI. São Paulo: FGVSP, 2004b. 1 CD. MACEDO, M. A. S. Orçamento de Capital e Programação por Objetivos: uma análise de viabilidade econômico-financeira de projetos. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO E ESTRATÉGIA EM NEGÓCIOS, 2, 2004, Seropédica. Anais do II SIMGEM. Seropédica: PPGEN/NEGEN/UFRuralRJ, 2004c. 1 CD. MEZA, L. A.; BIONDI NETO, L; SOARES DE MELLO, J. C. C. B.; GOMES. E. G.; COELHO, P. H. Macedo, Marcelo Alvaro EPC Journal 02 (2009) 24-38 G. SIAD – Sistema Integrado de Apoio à Decisão: uma implementação computacional de modelos de análise de envoltória de dados. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA OPERACIONAL DA MARINHA, 6, 2003, Rio de Janeiro. Anais do VI SPOLM. Rio de Janeiro: CASNAV, 2003. 1 CD. MOTTA, R. R.; CALÔBA, G. M. Análise de Investimentos. São Paulo: Atlas, 2002. NOVAES, L. F. L. Envoltória Sob Dupla ótica aplicada na avaliação imobiliária em ambiente do sistema de informação geográfica. Tese de Doutorado, Programa 38 de Engenharia de Produção, UFRJ, Rio de Janeiro, 2002. SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões Financeiras e Análise de Investimentos: fundamentos, técnicas e aplicações. São Paulo: Atlas, 1997. ZHU, J. Multi-factor Performance Measure Model with Application to Fortune 500 Companies. European Journal of Operational Research. n. 123, n. 1, p. 105124, 2000. 39 Ferreira, Miguel L. R.; Almeida, Eliezer P. EPC Journal 02 (2009) 38-46 E&P 27.6 Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC EPC Journal 01 (2009) 37-42 EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO APLICADAS À PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO DE PROJETOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Miguel Luis Ribeiro Ferreira1;Eliezer Pedrosa de Almeida2 Departamento de Engenharia de Estrutural e Construção Civil – Universidade Federal Fluminense, Brasil Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil e Urbana – Universidade Federal Fluminense, Brasil 1 2 Resumo Os riscos a que estão submetidos os empreendimentos da indústria da construção estão cada vez mais alarmando seus investidores. Com clientes mais exigentes, tanto no custo de um empreendimento quanto no seu prazo para execução e entrega, ass empresas construtoras têm iniciado uma busca pela redução nos erros destas estimativas. Esta busca, hoje, é conseguida via a aplicação de técnicas que viabilizam analisar os riscos aos quais o empreendimento estará submetido. O presente trabalho enfoca a aplicação específica das técnicas de análise de riscos que se aplicam aos processos de programação e/ou o planejamento de um projeto da construção civil. O estudo traz uma contribuição para as práticas de engenharia e pesquisadores das técnicas, uma vez que se pretende difundir o uso das mesmas e organizar de forma sistematizada o conhecimento e estudo já feito das técnicas correlacionadas à gestão de prazos. Abstract The risks that the construction industry enterprises are submitting are alarming its investors even more. With more demanding customers, not only on the civil enterprise cost, as well as on its term of execution and delivery, the constructiion companies have begun searching for a reduction of the estimates errors. This search, nowdays, is obtained by the application of techniques that makes possible the risk analysis which the enterprise will be submitting. The current work focuses on the specific application of the risk analysis techniques that are applicable to the programming processes and/or to the planning of a civil construction project. A bibliography research is used with the objective to organize and systematize the accumulated knowledge that exists about the subject. The study brings a contribution to the engineering practices and to the techniques researches, once that it is intended that the use of those practices be diffused and that the knowledge and studies be organized in a systematized way which were already done from the techniques correlated to the term management. Keywords: risco, análise de risco, planejamento, programação 1 Introdução “O mundo dos negócios não é mais uma extensão do passado, e sim um conjunto inteiramente novo de situações com as quais temos de aprender a conviver e que precisamos dominar”. Michael Kami Um grande desafio é apresentado atualmente às organizações: transformações políticas, sociais e econômicas cada vez mais aceleradas exigem constantes adaptações por parte das empresas e representam sérias ameaças à sobrevivência destas. Alguns dos fatores responsáveis pelo insucesso destas empresas são: concorrência mais acirrada, saturação mais rápida do mercado, avanço tecnológico, maior abertura dos mercados, etc. Dentro deste contexto, torna-se importante a criação e utilização de estratégias de adaptação às novas condições de mercado, dado que as organizações não são autônomas e sofrem a influência deste ambiente. O entendimento das modificações do ambiente torna-se imperativo para a sobrevivência de qualquer indústria, inclusive Ferreira, Miguel L. R.; Almeida, Eliezer P. EPC Journal 02 (2009) 38-46 da Construção Civil. Observa-se um hiato considerável entre as práticas das empresas da construção civil e as demais indústrias. que buscam novas tecnologias e aprimoramento de seus princípios. espelhando no que o mercado internacional propõe e se utiliza. As novas tendências estão em volta do custo, prazo e qualidade que satisfaçam as necessidades pré-estabelecidas no projeto, mas hoje já se sabe que associado a isso adquire-se o risco de não cumprimento destes requisitos que se apresenta como um objeto de estudo contínuo para os pesquisadores, a fim de que os investidores tenham sob controle estes riscos associados a seus investimentos. Nesse novo ramo da engenharia civil, hoje conhecido como gerenciamento ou gestão de riscos, encontramos as ferramentas para aferir controle sobre os riscos associados aos custos, prazos e qualidade. O presente artigo objetiva-se em estudar e pesquisar a utilização de tais técnicas de análise de risco aplicadas à gestão de prazos dos empreendimentos civis, bem como as discussões e conclusões que os diversos autores pesquisados apontam sobre as mesmas. 2. Metodologia da Pesquisa A pesquisa proposta neste trabalho compreende em uma compilação de textos e pesquisa bibliográfica desenvolvida através de uma revisão da literatura baseada nas publicações de livros, artigos e periódicos, teses, dissertações e outros documentos pertinentes buscando reunir o conhecimento acumulado sobre o assunto. De acordo com Vergara (2000) a pesquisa bibliográfica consiste num estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. Já a pesquisa de compilação é definida por Eco (1992) como uma pesquisa onde o estudante busca apenas demonstrar haver compulsado criticamente a maior parte literatura existente, sendo capaz de expô-la de maneira clara, harmonizando os vários pontos de vista, oferecendo assim uma visão panorâmica do assunto. Assim estabelece como metodologia a pesquisa bibliográfica unindo os conceitos 40 acima descritos. 3. Resultados e discussões Os resultados e discussões da pesquisa das técnicas de análise de risco aplicadas ao planejamento e programação de projetos da construção civil estarão subdividos em qualitativas, quantitativas e quali-quantitativas, que de acordo com Stavrianidis& Bhimavarapu (2000) apud Morano (2003), se definem da seguinte forma: Técnicas Qualitativas – que se baseiam na experiência e no conhecimento adquirido dos membros da organização, e dos especialistas no assunto, para identificar os eventos de risco e avaliar a probabilidade e conseqüências destes. Técnicas Quantitativas - que se baseiam na quantificação e identificação dos riscos associados ao seu impacto, estimando a probabilidade da sua ocorrência. Técnicas Qualitativas e Quantitativas – não somente baseia-se na experiência mas também na análise quantitativa dos dados obtidos. 3.1 Técnicas Qualitativas 3.1.1 Análise Histórica A análise histórica consiste em colher informações em relação às informações das durações que aconteceram em projetos anteriores, objetivando avaliar quais foram as causas e conseqüências geradas pelos eventos. A técnica é usada como instrumento de auxílio na identificação de eventos que propiciem situações contrárias ao planejado, partindo-se na desventura das experiências passadas. Não existem divergências de opiniões na literatura quando se discutem sua utilização da técnica, mas deve-se atentar que a técnica será confiável quando as atividades anteriores a que são comparadas sejam de fato semelhante e não apenas na aparência; e ainda quando os membros da equipe têm o conhecimento especializado necessário. A análise histórica deve ser utilizada como uma avaliação inicial do risco, quando se pretende apenas uma mensuração sem muita abrangência, sem dados muitos precisos. A partir dos resultados obtidos na Análise Histórica, de acordo com uma avaliação de 41 Ferreira, Miguel L. R.; Almeida, Eliezer P. EPC Journal 02 (2009) 38-46 Figura 3.1: Exemplo de Árvore de Causas uma equipe competente, deve-se partir para uma técnica mais precisa, que obtenha dados mais detalhados e relevantes relacionados aos prazos do empreendimento. 3.1.2 What-if / checklist Esta técnica também conhecida como Lista de Verificação é um procedimento de revisão de riscos de processos, podendo ser utilizada em qualquer atividade produtiva e recomendada como base inicial na análise de riscos. Nesse método os atores ou “stakeholders” utilizam listas prontas na identificação dos riscos. O “Check-list” pode ser desenvolvido com base nas informações históricas e no conhecimento acumulado dos projetos. Os autores pesquisados concordam na aplicação de metodologias pré estabelecidas para o bom aproveitamento da técnica. A discrepância nas opiniões dos mesmos se dão em torno da viabilidade da aplicação da técnica, onde alguns autores sugerem que por meio da mesma se têm uma identificação rápida (PMI, 2000 e Machado, 2002), enquanto outras listam desvantagens da técnica, como por exemplo longo prazo para desenvolvimento da lista, possibilidade de negligenciar algum item, entre outras (Khan & Abbasi apud Morano). A Lista de Verificação é aplicada à programação do projeto, quando da sua análise em nível operacional se fazem as verificações dos riscos a que estão sujeitos os projetos. O processo é assim aplicável à gestão de prazos com resultados de fácil entendimento, porém deve-se ponderar o prazo para elaboração das listas de verificação que podem ser demasiadamente extensos, tornando o uso da técnica inconveniente em alguns casos. 3.1.3 Árvore de Causas O Método de Árvore de Causas (Cause Tree Method) é um método qualitativo para a análise de risco em programação que define como sendo um procedimento sistemático e dedutivo. Abaixo ilustramos a técnica com um exemplo didático utilizado por Almeida (2001) que foi adaptado para exemplificar a utilização da técnica, tomando como evento adverso o atraso de um serviço de engenharia, como por exemplo, pintura de apartamentos. A pesquisa revela que os autores concordam na eficácia do método quanto a prevenção de eventos que se apresentam em desconformidade ao que foi planejado, ressaltando-se que o detalhamento da análise e o conhecimento do objeto desta análise pela equipe de projeto é essencial. As diferenças dos pensamentos dos autores ficam mais em volta da definição da metodologia para aplicação da técnica, onde cada autor descreve a metodologia abordada como descrito anteriormente. A técnica como Ferreira, Miguel L. R.; Almeida, Eliezer P. EPC Journal 02 (2009) 38-46 dita se aplica à programação de projetos e o autor ressalta a importância de um nível de detalhamento suficiente do evento indesejado, ou seja, o evento que determinou o atraso naquela etapa do projeto, para que a partir daí se façam análises necessárias à prevenção do mesmo. Caso esta atenção não seja empregada à técnica, a mesma apresentará significativa deficiência na avaliação do risco do processo. 3.1.4 Fuzzy A técnica Fuzzy, não será abordada aqui por não se tratar do escopo deste artigo. Tratase de uma técnica complexa e que não foi desenvolvida para a análise de risco, muito embora seus princípios se aplicam a mesma, sobretudo, na gestão de prazos. 3.1.5 Análise Multicritério Os Métodos Multicritérios bem como a Análise Multicritério se destacaram na década de setenta. O interesse cresceu dentro da Pesquisa Operacional, ao mesmo tempo em que a esfera de aplicação mudou de situações de decisões operacionais simples para problema que se apresentavam bem mais complexos, de natureza multidisciplinar, com importantes fatores a serem levados em conta na análise. Assim, a aplicabilidade da Análise Multicritério se deu também na análise de risco quando se avalia o cumprimento ou não de prazos, ressaltando-se que seu desenvolvimento não teve este foco. A aplicação da Análise Multicritério, especificamente ao planejamento e programação, é uma prática recente. A pesquisa realizada identifica a deficiência quando se trata designadamente deste tipo de análise voltada aos métodos de planejamento e programação em empreendimentos da construção civil. Na literatura verificam-se relatos de que a aplicação da técnica seria pertinente a uma análise do cronograma dos projetos. Exemplos teóricos deste tipo de aplicação também foram encontrados, mas a falta de estudos de casos verídicos compromete uma análise mais apurada da validade da técnica. Assim, a aplicabilidade e eficácia do método ficam comprometidas a uma análise superficial e teórica. Ressalta-se ainda que os 42 princípios complexos do método demandam um conhecimento mais profundo do assunto. 3.2 Técnicas Quantitativas 3.2.1 Pert-Risco Esta técnica consiste em se determinar a data T de um evento e qual o risco do seu não cumprimento, estabelecendo assim correlações entre datas (T) e riscos (R). A técnica parte do princípio de que é válida a hipótese de se admitir uma distribuição normal de probabilidade de ocorrência, distribuição essa associada às datas de ocorrência de determinado evento. A curva normal, como é comumente denominada, é caracterizada pela média M e pela variância V, sendo a variância igual ao quadrado do desvio padrão σ. Entre os pontos discutidos pelos autores pesquisados, os mais relevantes estão no fato que Limmer (1997) adotar como “tempo esperado” o valor da “média” para casos deficientes de informações. Outros autores não expõem essa aproximação. Do ponto de vista do autor deste trabalho, a aproximação é válida uma vez que assim admite-se neste caso a data o valor da data mais cedo acumulada, a qual estará associada um risco de 50%, sendo esta uma hipótese razoável. Outro fator importante exposto por Ichiara (1992) é de que muitos planejadores utilizam apenas tempos determinísticos para seus cálculos. Alguns autores ressalvam que a utilização do método na indústria da construção civil seria inviável devido a grande quantidade de dados, ponto de vista este não compartilhado por este autor como justificado adiante. Segundo uma grande parte dos autores pesquisados, a técnica seria de grande auxílio a quem compete decidir, estimando a possibilidade de conhecer a probabilidade de atingir os seus objetivos nas datas pré-estabelecidas. Assim, os princípios do Pert-Risco se reafirmam como importante passo no desenvolvimento das técnicas de 43 Ferreira, Miguel L. R.; Almeida, Eliezer P. EPC Journal 02 (2009) 38-46 Análise de Risco. Os autores ainda concordam que o valor de Z (fator de probabilidade) pode ser positivo ou negativo, dependendo da relação TS e TE. 3.2.2 Árvore de Decisão Uma árvore de decisão é uma representação de um procedimento decisório para a determinação de uma dada instância [Utgoff apud. Aranha. 2001]. As árvores de decisão são estudadas em vários campos de pesquisa como ciências sociais, estatística, engenharia e inteligência artificial. Atualmente, elas têm sido aplicadas, com sucesso, em um enorme campo de tarefas desde diagnóstico de casos médicos até avaliação de risco de crédito de requerentes de empréstimo. Aranha (2001) aponta como principais vantagens do método a simplicidade e facilidade de interpretação. O autor ainda considera que esta árvore pode conter variáveis tanto do tipo categóricas (análise qualitativa), quanto numéricas; mas como esta visão do autor, que enquadraria esta técnica como qualiquantitativa se baseia na premissa de se utilizar a técnica para modelos computacionais de regressão, não a enquadramos neste tipo de técnica. Os autores consultados não divergem em suas opiniões, concordando todos que a análise por meio da Árvore de Decisão proporciona um raciocínio lógico que conduz à determinação de uma probabilidade de ocorrência de um evento. 3.2.3 Simulação de Monte Carlo (SMC) A simulação de Monte Carlo de redes de projeto está sendo cada vez mais utilizada pelas construtoras com o objetivo analisar o risco da programação e do custo, oferecendo às empresas que fizerem uso das mesmas, um maior número de opções de investimentos a seus clientes. O conceito básico da Simulação de Monte Carlo é simular diversos possíveis cenários a partir de um mecanismo gerador de dados (processo estocástico) para a variável aleatória de interesse [Jorion apud. Salles, 2004]. A SMC é freqüentemente usada para estudar as propriedades estatísticas de diversos métodos de estimação de parâmetros. É particularmente útil para entender o comportamento dos estimadores em amostras pequenas ou finitas. Segundo os autores pesquisados, a distribuição utilizada para o modelo foi a distribuição da faixa diagonal porque esta oferece vantagens em seu uso como eficiência para provar uma amostra bivariável da distribuição da faixa diagonal e seu fácil entendimento através de uma quantificação. Alguns itens precisam ser alcançados para o avanço da metodologia de análise de risco baseada na simulação de Monte Carlo, a saber, melhor detalhamento do método para distribuição de incertezas; incorporação de modelos e prazos de atividades-base; efeito linear da curva e avanço nas aplicações para estágio de tomada de decisão. Enfim, com vistas à literatura levantada, em especial o trabalho de Morano (2003), revela-se que as polêmicas das discussões que abrangem o MMC são a construção do histograma e da distribuição de freqüência; diferenças na escolha do tipo de distribuição adotado; estabelecimento do número de interações, validade do número de interações e análise dos resultados gerados. A partir desta análise, destaca-se que não há definição clara quanto ao número de intervalos e nem quanto ao número de simulações. Quanto a determinação da curva de função de densidade de probabilidade, esta obedece aos critérios de realização do teste de aderência e os de escolha da distribuição. 3.2.4 Análise de Sensibilidade O teste ou análise de sensibilidade é uma técnica que avalia a mudança de uma variável dentro do projeto analisando o resultado desta variação sobre o seu planejamento inicial. Neste caso, os riscos são refletidos através da definição do limite de variação possível de cada componente estimado originalmente, onde o resultado das escolhas destas variáveis irá incidir sobre o prazo e o custo, caracterizando assim a aplicabilidade da técnica tanto na gestão de prazos como também ao retorno sobre o investimento. A principal limitação da técnica apontada por diversos autores é a de não indicar a probabilidade possível da ocorrência de variação dos parâmetros escolhidos na modificação da variável em análise e de considerar cada variável como Ferreira, Miguel L. R.; Almeida, Eliezer P. EPC Journal 02 (2009) 38-46 sendo independente. As definições não se divergem quanto a definição e aplicação da técnica, notando-se até um senso comum entre os autores da importância das variáveis serem independentes. É importante ressaltar que pode-se estabelecer e mensurar o grau de importância de cada variável analisada em relação ao prazo do projeto, fazendose a priorização destas no momento da tomada de decisão. Os principais pontos conclusivos apontados na pesquisa e descritos aqui de forma objetiva são: a variável ser independente; metodologia de aplicação da técnica; aplicabilidade da mesma na avaliação de riscos tanto nos prazos do projeto quanto na análise de custo. Outra discussão importante que o estudo da técnica proporciona, é a ausência de um estudo mais minucioso sobre a aplicação da mesma junto à gestão de prazos. O que se verifica na literatura é o uso amplo da técnica em parâmetros relacionados a uma análise sobre o custo do projeto. A pesquisa constata ser possível se trabalhar com variáveis independentes e que irão afetar nos resultados finais do cronograma do projeto. 3.2.5 Análise de Probabilidade Definimos que probabilidade é a possibilidade ou chance de que um evento em particular venha a ocorrer. A maioria dos autores relata que a dificuldade desta técnica consiste basicamente no tamanho da amostra, no grau de confiabilidade e na utilização de variáveis subjetivas, sendo estas suas deficiências. As distribuições mais utilizadas no caso do número de amostras ser limitado são: a uniforme, triangular, trapezoidal, discreta e retangular. A técnica de análise de probabilidade apresenta procedimentos para sua aplicação similares aos do Método de Monte Carlo, sendo que a diferença dominante nestas duas técnicas está no fato da primeira analisar dados reais enquanto que a segunda irá analisar dados que foram gerados aleatoriamente a partir de uma pequena amostra inicial. Como dito anteriormente, uma grande limitação desta técnica é a dificuldade de obtenção de dados para uma amostra com significância estatística adequada. 3.3 Técnicas Quali-quantitativas 3.3.1 Ávore de Falhas 44 O método da Árvore de Falhas (Fault Tree Method) consiste em selecionar o evento indesejável, ou falha, determinando a probabilidade de sua ocorrência através da construção de um diagrama lógico. Na idéia do método, o evento que fica no ápice do organograma (geralmente em forma de “árvore”, daí sua denominação) é o evento indesejado previamente definido, em outras palavras, o risco a ser analisado. A técnica estrutura uma série de eventos complexos, denotando sua fase qualitativa; e auxilia na avaliação da probabilidade destes eventos, fase quantitativa. Para árvores complexas, se requer uma aplicação deste procedimento com certo rigor e contendo dados detalhados para a solução da probabilidade. Para tanto, Weber (1994) desenvolve um método de intervalo de análise da árvore de falha que usa o processo simbólico ou símbolos matemáticos. Isto simplifica os símbolos do processo de aproximação analíticos nos “portões” em lugar de valores de probabilidade. Os intervalos de incerteza usados são tabelados. A análise da árvore de falhas é análoga à análise de árvore de causas. Os dois métodos se assemelham na metodologia, quando ambos podem ser divididos em duas grandes etapas: a primeira ocorre com o desenvolvimento do processo de coleta e tratamento das informações e a segunda é realizada com a construção do diagrama. Assim, as duas árvores se complementam: a análise a priori que a árvore de falhas propicia e a análise a posteriori que se faz por meio da árvore de causas são capazes de evidenciar aspectos úteis para o melhoramento contínuo da política de avaliação de riscos em projetos. Essa aplicação em conjunto é recomenda pelo autor para uma melhor identificação das falhas, e o mesmo ressalta o rigor no detalhamento das informações para a construção da árvore, nos casos de maior complexidade. 3.3.2 Análise de Decisão O processo da análise de decisão combina os efeitos potenciais da programação, do custo, do comprimento, do trabalho, da segurança e do impacto ambiental para produzir proveito a fim de orientar os responsáveis pelas decisões. A técnica da Análise de Decisão pode ser usada 45 Ferreira, Miguel L. R.; Almeida, Eliezer P. EPC Journal 02 (2009) 38-46 para determinar estratégias no momento da tomada de uma decisão, onde se verificam várias alternativas e uma incerteza ou risco de um evento futuro. Segundo a maioria dos autores, esta técnica consiste tanto numa metodologia para tomada de decisão, quanto um conjunto de técnicas para guiar as mesmas num ambiente de risco e incerteza. Da mesma forma, esta técnica pode ser divida em etapas, como descritas a seguir :identificação e estruturação do problema; avaliação dos valores e incertezas dos possíveis resultados; determinação da escolha mais favorável e implementação da decisão. Os autores pesquisados descrevem que a técnica denominada de algoritmo é utilizada para resolver os problemas através da inclusão de uma seqüência de instruções. Estas instruções são as etapas de uma tarefa e as respostas são determinadas por uma rotina estabelecida. Em geral os algoritmos são usados como os elementos introdutórios em um programa de computador como uma seqüência lógica e fácil de ser seguida. Enfim, a técnica trata de uma metodologia que utiliza de um conjunto de outras técnicas, com o objetivo de guiar as decisões nos ambientes de incerteza e risco, utilizando-se para tal de técnicas de análise de risco qualitativas ou quantitativas. 4. Conclusões Os riscos gerados pela indústria e outras organizações estão em constante mudança. As exigências de como estes riscos devem ser controlados também estão sendo cada vez mais apuradas. Tudo isso leva que novos métodos e novas técnicas de análise de risco devam ser desenvolvidos. Essa necessidade para a pesquisa e instrução eficaz nesta área acentuou muito com o ritmo rápido da mudança organizacional e tecnológica que conduz a riscos cada vez mais crescentes, e devido também a uma maior vulnerabilidade na produção, transporte e infra-estrutura. Nesse contexto é notável a necessidade de se estimular esse tipo de pesquisa, a fim de suprir essa deficiência. A literatura evidencia que no setor da construção, a adoção das técnicas de gerenciamento e de análise de risco de projeto estão surpreendentemente lenta, se comparadas com a utilização das mesmas nos setores petroquímicos, aeroespacial, de informática e nas indústrias de defesa. Porém não só a indústria da construção está sujeito a maior risco e incerteza que muitas outras indústrias, como também risco e incerteza são inerentes a todo trabalho na construção civil, não importa o tamanho do projeto. Ainda assim, evidencia um desempenho de projeto deficiente principalmente no Brasil, demonstrando que os riscos não estão sendo tratados adequadamente. Uma conclusão importante a ser relatada é que embora o objeto de estudo nesse presente artigo seja as técnicas de análise de risco aplicadas ao planejamento e programação na construção civil, as análises custo, tempo e qualidade, tornaram-se ligadas inevitavelmente quando se busca o sucesso da gerência de projeto. Atkinson (1999) denomina essa interligação de “Triângulo de Ferro”. Uma observação importante ainda a ser ponderada aqui é ressaltar que a análise de risco não substitui a experiência profissional, nem o planejamento; ao contrário, ajuda aos profissionais a fazer bom uso de sua experiência e a elaborar, pelo seu conhecimento, hipóteses para efetuar planos determinísticos e previsões. Assim, a análise de riscos é considerada um complemento e não um substituto para um planejamento profissional. Como sugestão futura, entre outras, cita-se a necessidade de se aplicarem as técnicas a um caso real, para melhor entender seus princípios e avaliar suas aplicabiidades. Pouco se tem hoje destas técnicas aplicadas à gestão de prazos e como uma conclusão final, é crucial para o sucesso o equilíbrio entre “não falhar na sua proposta” e “propor uma análise de risco”. 5 Referências ATKINSON, R. Project Management: Cost, Time and Quality, Two Best Guesses and a Phenomenon, Its Time to Accept Other Success Criteria. International Journal of Project Management, Dorset, UK: Pergamon, v.17, nº 6, 1999. Pág. 337-342. CHAPMAN, C.; WARD S. Estimation And Evaluation of Uncertainty: A Minimalist Fisrt Pass Approach. International Journal of Project Management, Southampton, UK: Pergamon, v.18, 2000. Pág. 369-383. FERREIRA, M.L.R. Gerenciamento de Risco. Niterói, UFF-TCP. 2003 (Notas de Ferreira, Miguel L. R.; Almeida, Eliezer P. EPC Journal 02 (2009) 38-46 aula do curso de Mestrado em Engenharia Civil). FLANAGAN, R.; NORMAN, G. Risk Management and Construction. London, Blackwell Science, 1993. 208p. KERZNER, H. Project Management – A Systems Approach to Planning, Sheduling and Controlling. Toronto, Canadá, John Wiley & Sons, 1998. LIMMER, C. V. Planejamento, Orçamentação e Controle de Projetos e Obras. Rio e Janeiro, Livros e Técnicos e Científicos, 1997. MORANO, C.A.R. Aplicação das Técnicas de Análise de Risco em projetos de Construção. Niterói, 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil – Faculdade de Engenharia Civil, UFF, 2003). 46 MORGADO, C.R.V.; SOUZA J.F.B. Gerência de Riscos – Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho. Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000. 121 p. Project Management Institute. PMBOK - Project Management. Trad. Project Management Institute – Minas Gerais Chapter. Belo Horizonte, 2000. RAFTERY, JOHN. Risk Analysis in Project Management. London, E & FN SPON,1994. 137p. SILVA, A.S.M. & COSTA, H.G. Planejamento na Fase de Implantação do Empreendimento. Niterói, 2002. Livro de Planejamento do Curso de Especialização em Montagem Industrial. 47 E&P 27.6 EPC Journal 02 (2009) 47-53 Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 EM BUSCA DO PERFIL IDEAL DE GERENTE PARA ALCANCAR O SUCESSO DOS PROJETOS Carina Careli de Almeida1; Luiz Antonio da Paz Campagnac 2; José Rodrigues de Farias Filho3 Centro Universitário Geraldo Di Biase LabCEO / Universidade Federal Fluminense 3 Universidade Federal Fluminense 1 2 Resumo O artigo tem como objetivo identificar e caracterizar o perfil de gerente de projetos demandado no mercado nacional. Para realização deste trabalho utilizamos o resultado de uma pesquisa de campo junto a profissionais da área de gerenciamennto de projetos. Esta possibilitou a identificação e caracterização do perfil gerencial necessário ao bom líder de projetos. Conhecimento, experiência, comportamento e habilidades são fatores importantíssimos para se alcançar o sucesso e a maturidade no gerenciamento de projetos. Sendo sempre o aspecto humano o fator chave entre o bom e o excelente. Abstract The article aims to identify and characterize the project manager profile demanded by Brazilians firms. This work is based in a survey with project manager professionals that identified and characterized the adequate skills for project leadders. Knowledge, experience, attitude and knowhow are important factors in achieving success and maturity in managing projects. As always human aspect is the key factor between good and excellent. Keywords: Gerenciamento de Projetos, comportamento, sucesso, habilidade; project management, behavior, success, ability. 1 Introdução O Gerenciamento de Projetos vem crescendo no contexto atual, as organizações estão se projetizando e cada vez mais tarefas simples e pequenas melhorias são tratadas como projetos. Estas empresas incorporaram a visão de gestão de projetos como estratégia organizacional e são caracterizadas pela existência de uma cultura explícita de Gestão de Projetos, considerada um processo do negócio, no qual existem procedimentos específicos e um entendimento comum de sua performance, regras e os métodos de gerenciamento a serem aplicados. (GAREIS, 2000) Com a constante redução da vida útil dos produtos e a grande competição do mercado as organizações são levadas a elaborar projetos de inovação, que trazem consigo projetos de novos investimentos ou de modificação de mecanismos de produção, que por sua vez desencadeiam projetos de reorganização e projetos de softwares. Assim, o gerenciamento de projetos tornou-se uma prática crescente e essencial para a saúde dos negócios. (ASSOCIATION..., 2005) Diante deste cenário, a profissão de Gerente de Projetos está crescendo e ganhando um grande espaço no mercado. O PMI, instituição mais difundida mundialmente, possui mais de 260.000 membros num perímetro de 171 países. Esta consolidação no mercado junto ao aumento da procura por certificações traz a reflexão sobre o que realmente é importante para se alcançar o sucesso dos projetos; fator esse, que sempre foi atribuído a boa execução de técnicas e metodologias, como: planejamento, gerenciamento de custo, tempo e qualidade. Com o advento da nova era de liderança e gerenciamento, observase que técnicas gerenciais e habilidades humanas também são necessárias para se alcançar a Almeida, Carina C.; Campagnac, Luiz A. P.; Farias, J. Rodrigruês EPC Journal 02 (2009) 47-53 maturidade. Kerzner, em sua entrevista a terceira edição da revista MundoPM, afirma ser o ser humano o fator essencial ao sucesso no gerenciamento de projetos. Segundo ele, a maioria das falhas está relacionada a fatores comportamentais, o que traz uma revisão das causas técnicas e quantitativas. (REVISTA..., 2005). 2 O Problema Com o predomínio do uso de métodos e ferramentas de gestão de projetos nas corporações, cada vez mais é exigido do gestor o desenvolvimento de suas competências com o objetivo de se atingir a excelência. Em tal busca, muitos profissionais procuram em instituições como o PMI e o IPMA e nas respectivas metodologias padrões, o respaldo para elevarem sua competência na área e nas suas respectivas certificações para atestarem sua maturidade. Encontrase nestas instituições, o auxílio necessário para a organização e aplicação metodológica da gestão de projetos; mas ainda percebese a falta de trabalhos voltados aos recursos humanos, suas competências emocionais e comportamentais. É importante ressaltar que o aprofundamento no comportamento humano e suas interfaces estão cada vez mais implícitos nos projetos, pois é o homem o recurso mais importante e complexo de se gerenciar. 3. O Objetivo Organização e metodologia são fatores indispensáveis para qualquer tipo de gerenciamento, porém somente estes quesitos não são suficientes para garantir a eficácia e o sucesso de um projeto, sendo o fator comportamental o elemento final que completa esta receita. Pode-se caracterizar o lado organizacional como tangível, enquanto o lado comportamental do gestor como intangível. Este lado “...intangível do gestor, caracterizado pelo seu perfil é na realidade o fator motivacional ou limitador que permite atingir-se ou não o grau de maturidade esperado.” (KELBER, 2005) Entende-se que para atingir a eficácia em gerenciamento de projetos, o gestor deve exercitar e expandir seu conhecimento na área, mas sempre somar experiência e habilidades pessoais, pois 48 somente um bom conjunto leva ao sucesso. Partindo desta ótica, coloca-se como objetivo deste trabalho a identificação e caracterização do perfil de gerente de projetos, reforçado pelas contribuições da literatura e das instituições de gerenciamento de projetos existentes no Brasil (PMI e IPMA). 4. A Metodologia O trabalho pode ser definido como uma pesquisa exploratória, pois há pouco conhecimento acumulado e sistematizado sobre o perfil do gestor de projetos. Classificam-se como exploratórios, os estudos que “... são feitos, normalmente, quando o objetivo da pesquisa é examinar um tema ou problema de investigação pouco estudado ou que não tenha sido abordado antes”. (SAMPIERI, 1991) Quanto sua organização, o trabalho é iniciado por uma breve revisão bibliográfica. A seguir, utiliza-se a análise feita sobre os dados de uma pesquisa de campo, realizada em 2005, para monografia de final de curso de pósgraduação latu senso (MBA de Gerenciamento de Projetos) do LATEC - UFF e detalhada no item 6.1 deste artigo. 5. A História do Gerenciamento de Projetos Se observado atentamente, o gerenciamento de projetos tem existido, de alguma forma, há milhares de anos. Todo ato de planejar a obtenção de um produto final único, com um prazo definido, pelo menos em parte, pode ser identificado como um projeto. De outra forma, os seres humanos jamais teriam conseguido um resultado plausível na tentativa de se construir maravilhas como a Muralha da China (221AC – 206AC), a Pirâmide de Giza (2.550AC) ou o Coliseu Romano (80AC). Além de grandes construções, outros projetos também podem ser destacados como as jornadas cruzando o Oceano Atlântico e as diversas e grandes expedições pelos quatro cantos do mundo. Todos esses exemplos podem ser interpretados como diferentes tipos de projetos. (KOZAK, /05) A Figura-1 sintetiza em uma linha do tempo as evoluções pelas quais o gerenciamento de projetos passou, enquanto a Figura-2 identifica as três grandes fases desta história. Nota-se que foi a partir da década de 60, que 49 Almeida, Carina C.; Campagnac, Luiz A. P.; Farias, J. Rodrigruês EPC Journal 02 (2009) 47-53 Figura-1 – Linha do Tempo do Gerenciamento de Projetos (KOZAK, 23/02/05, WIKIPEDIA, 2005) Figura-2 – Fases evolutivas do Gerenciamento de Projetos (PEREIRA, 2005) as empresas e setores do governo de diversos países passaram a utilizar metodologias de gerenciamento de projetos. Toda essa exigência e rigor em organização e planejamento de projetos acabaram por demandar o surgimento de empresas e instituições especializadas em gerenciamento de projetos; como o PMI (Project Management Institute), o IPMA (International Project Management Association), o APMI (Australian Project Management Institute), entre vários outros. (WIKIPEDIA, 2005) determinou-se que fosse livre a resposta para a questão. Assim nenhum formulário de respostas formatado fora apresentado, pois entendeu-se que se o fizesse não seria possível alcançar o universo de qualificações que podem ser encontradas em um gerente 6. Desenvolvimento 6.1. A Pesquisa Esta pesquisa de campo foi realizada em 2005 por dois alunos do MBA de Gerenciamento de Projetos do Latec UFF para elaboração de monografia de final de curso. Constando nesta apenas uma pergunta: “Se você fôsse o gerente de Recursos Humanos de uma grande empresa e tivesse que contratar um Gerente de Projetos para um Projeto muito importante, quais as características você procuraria neste profissional?”. (ALMEIDA..., 2005) Com o intuito de não induzir os pesquisados, Gráfico-1 – Resultado da Pesquisa de Campo (ALMEIDA..., 2005) ou profissional da área de gerenciamento de projetos. (ALMEIDA..., 2005) As respostas foram agrupadas por afinidade e semelhança e ao final obteve-se o resultado expressado no Gráfico-1: Almeida, Carina C.; Campagnac, Luiz A. P.; Farias, J. Rodrigruês EPC Journal 02 (2009) 47-53 50 Figura-3 – Competências do Gerente de Projetos 6.2. Análise do Resultado da Pesquisa De acordo com Crawford, as competências de um gerente de projetos não se resumem apenas às suas habilidades técnicas ou pessoais. Como pode ser observado na Figura-3, elas são um conjunto de atributos formadas por conhecimento técnico e metodológico, habilidades pessoais, experiência, atitudes e comportamento. (CRAWFORD, 2005) 6.2.1. Experiência A experiência de mercado vem das situações vividas ao longo dos anos pelo profissional. Sua prática acumulada no gerenciamento de diversos projetos, com realidade, cultura, níveis de complexidade e diferentes situações problema. Esta vivência proporciona ao gestor a capacidade de se adaptar às mais diversas situações e facilidade na resolução de conflitos e desvios com criatividade; ocasionando um baixo impacto no planejamento inicial. (CRAWFORD, 2005). 6.2.2. Conhecimento ferramentas de GP em metodologias equipe a adaptação dos melhores processos a cada projeto, esta escolha torna-se mais fácil e assertiva com a vivência. Vargas afirma que a tendência nacional é a diminuição da demanda por profissionais certificados e o aumento da demanda por profissionais que apresentem um bom currículo em gestão de projetos, principalmente em eventos problemáticos, o que nada mais é do que experiência. (VARGAS, 2005) Porém, deve-se ressaltar que em uma época de grandes mudanças e constante evolução da tecnologia, num mundo permeado pela velocidade e quantidade de transformações e informações, é extremamente necessário que o gerente de projetos seja um grande estudioso, que esteja sempre atualizado nas mais diversas disciplinas, associando assim a e O conhecimento de metodologias e a obtenção de uma certificação podem abrir muitas portas para o indivíduo, além de lhe oferecer um grande embasamento para gerenciar um projeto complexo. Todavia, somente a experiência em projetos poderá dar ao gestor as habilidades necessárias para lidar com situações-problema inéditas. O próprio PMBOK, repete a cada capítulo que cabe ao gerente do projeto e sua Figura-4 – Importância das metodologias de gerenciamento de projetos 51 Almeida, Carina C.; Campagnac, Luiz A. P.; Farias, J. Rodrigruês EPC Journal 02 (2009) 47-53 teoria ao conhecimento prático. A metodologia é a bússola que norteia o gerenciamento de projeto. Ela pode ser classificada como o conjunto de técnicas, processos, melhores práticas e lições aprendidas de como se gerenciar um projeto com sucesso. Conhecer a fundo essas metodologias auxilia na construção de um planejamento detalhado e em um melhor controle de suas premissas, tempo, custo e qualidade; auxiliando os gestores na redução de desvios e seus impactos. As ferramentas de processos e gerenciamento vieram com a evolução tecnológica, elas foram criadas para auxiliar o gerente de projetos e sua equipe, que as utilizam para alcançar um melhor desempenho e obter agilidade em suas tomadas de decisões. Mas elas não substituem o conhecimento e devem ser utilizadas somente na agilização, facilitação e simplificação dos trabalhos. 6.2.3. Atitudes Comportamentais e Habilidades Pessoais Associando seus conhecimentos de metodologia e ferramentas, o gerente de projeto e sua equipe já possuem o suficiente para o gerenciamento do que podemos identificar como a parte tangível de um projeto. Parte esta que consideramos ser a mais fácil de administrar, pois necessita somente de estudo e conhecimento. Porém, um projeto não é composto somente de processos, cronogramas, planilhas ou documentos. Em toda sua vida ele é gerido, planejado e executado por pessoas. (WANG et al., 2004) Geralmente, ele é inserido em uma cultura já existente e, muitas vezes, com o objetivo de modificá-la. Diante deste contexto, confirma-se a necessidade de adaptação das metodologias, o que exige uma forte habilidade de percepção e flexibilidade. O que sustenta a ótica de que o conhecimento de ferramentas e metodologias é necessário aos gestores de projetos a fim de nortear e otimizar seu trabalho, mas não pode ser definido como o essencial para esses profissionais. O PMI reforça essa teoria quando em sua última edição do PMBOK passa a valorizar mais profundamente os processos ligados a trabalho em equipe e gerenciamento de stakholders. Ele sugere, não somente as competências técnicas, como uma maior humanização na gerência de projetos. (SHORE; CROSS, 2004) Na área de projetos, o objetivo da equipe deve ser sempre o de atender as premissas definidas inicialmente no escopo. O gestor, para atender as expectativas do cliente em relação ao projeto, precisa promover o interesse e estimular a equipe a executar suas tarefas. Habilidades como liderança, empatia, bom relacionamento interpessoal, comunicação, etc; na maioria esmagadora dos casos, é fator crucial para se alcançar o sucesso em um projeto. Isso acontece porque é o recurso humano o elemento mais difícil e indispensável de se gerenciar. O bom gerente é capaz de coordenar equipes com destreza, alocando seus recursos na medida da real necessidade e de manter a equipe maleável diante das mudanças que o projeto sofre até o seu final. (TANNENBAUM; MASSARICK, 1957) No gerenciamento de pessoas encontram-se Figura-4 – Importância das metodologias de gerenciamento de projetos Almeida, Carina C.; Campagnac, Luiz A. P.; Farias, J. Rodrigruês EPC Journal 02 (2009) 47-53 ao menos cinqüenta por cento dos problemas e conflitos em projetos. É nesta área que o gerente deve trabalhar suas habilidades interpessoais e seus fatores comportamentais. Utilizando de fatores motivacionais e de liderança, métodos de gerenciamento e resolução de conflitos, habilidades de comunicação e teorias de tomadas de decisões, um gerente pode alcançar, junto a sua equipe, o sucesso tão esperado. (DINSMORE..., 2006) 7. Discussão e Conclusão Fazendo uma comparação do gerente e sua equipe com a de um técnico desportivo diante de seu time, onde o técnico auxilia os seus a alcançar uma medalha ou um bom lugar no ranking utilizando as regras (metodologia), muito treino (experiência) e incentivo, persuasão (atitudes comportamentais e habilidades pessoais); um gerente pode utilizar desta visão para trabalhar e alcançar o sucesso em seus projetos. Todos somos compostos de conhecimento, prática, comportamento e personalidade e através deste conjunto pode-se alcançar a maturidade profissional e dizer que se realizou projetos de sucesso. As instituições de gerenciamento de projeto contribuem em muito com os gestores na área de conhecimento e auxílio à prática em projetos. Os guias, que nada mais são do que um condensado de melhores práticas, oferecem um vasto universo para o aprimoramento do conhecimento. Várias organizações oferecem oficinas e outras ferramentas para auxiliar os gestores na questão prática do gerenciamento, que vão desde jogos de negócios até o programa de voluntariado do PMI. Mas junto a tudo isso, defronta-se sempre com o fator humano, que é de extrema importância para o bom desenvolvimento de qualquer evento dentro e fora de uma organização. Os projetos são idealizados, planejados e executados por pessoas, o que torna os fatores comportamentais e a personalidade do gestor o elemento fundamental para a integração da equipe e prosseguimento dos trabalhos. É através de seu carisma, motivação, jogo de cintura, etc., e principalmente seu amor pela profissão que ele conseguirá motivar e conquistar sua equipe para que juntos possam driblar os percalços, contornar situações, amenizar conflitos, minimizar desvios e conduzir um projeto ao sucesso. É possível 52 concluir que para ser um bom gerente de projetos, deve-se trilhar um longo caminho. Iniciando na busca pelo conhecimento, passando pela prática e concluindo com as habilidades pessoais e comportamentais. Embora o mercado e a maioria das literaturas associem a maturidade em gerenciamento e o sucesso do projeto à competência e ao nível de conhecimento do gestor, os traços vocacionais e comportamentais também devem ser considerados. 8. Referências Bibliográficas ALMEIDA C, PERTEL R. Em busca do perfil ideal para excelência em Gerenciamento de Projetos, Monografia para Curso de MBA de Gerenciamento de Projetos. Niterói: LATEC/ UFF, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS - ABGP. Disponível em: http://www.abgp.org.br: Acesso em: 19/05/2005. ASSOCIATION FRANCOPHONE DE MANAGEMENT DE PROJET- AFITEP. Paris, França. Disponível em: http://www.afitep.fr. Acesso em: 15/05/2005. CRAWFORD L. Senior management perceptions of project managemnet competence. International Journal of Project Managemnet. Sydney, Australia, 2005. GAREIS R. Programme management and project portfolio management: New Competences of Project-oriented Organizations. Viena. Austria, 2000. DINSMORE P., NETO FH. Como Gerenciar equipes de projetos e conquistar resultados através de pessoas. Revista Mundo PM, São Paulo, 2006. KELBER D. Maturidade em Gestão de Projetos - Uma questão de competência ou perfil do Gestor? Revista Mundo PM, São Paulo, 2005. KERZNER H. Project Management - A Systems Approach to Planning, Scheduling, and Controlling. New York NY: John Willey & Sons, 2001. KOZAK M. Disponível em: http://www.lessonsfrom-history.com/Level%203/ History %20 of% 20Project%20Management.html. Lessons From History. Holland, 23/02/05. PEREIRA MLS. Aula de Escritório de Projetos. Curso de MBA de Gerenciamento de Projetos. Niterói: LATEC/UFF, 2005. P ROJECT MANAGEMENT INSTITUT -MG. PMBOK - Project Management Body of Knowledge. 53 Almeida, Carina C.; Campagnac, Luiz A. P.; Farias, J. Rodrigruês EPC Journal 02 (2009) 47-53 Belo Horiozonte, Brasil: PMBOK, 2002. PROJECT MANAGEMENT INSTITUT -RJ. Disponível em: http://www.pmirio.org.br. 19/05/2005. REVISTA MUNDO PM. Entrevista com Dr. Harold Kerzner, São Paulo, 2005. SAMPIERI, H. Roberto. Metodologia de la Investigación. México: McGraw-Hill, 1991. SHORE B, CROSS BJ. Exploring the role of national culture in the managemnet of large-scale international science projects. International Journal of Project Management. Aiken, Estados Unidos: Elsevier, IPMA, 2004. TANNENBAUM R, MASSARICK F. Leadership: A Frame of Reference. Management Science, [s.l.], 1957. VARGAS RV. O Gerente, o projeto e o escritório de projetos: os números e as tendências desse novo mercado. Disponível em: www.ricardovargas.com.br: Palestra em 26/07/2005, 2005. VIEIRA VA. As tipologias, variações e características da pesquisa de marketing. Revista da FAE, Curitiba, SC, v. 5, n.1, Jan./ Abr. 2002. WANG E, CHOU H-W, JIANG J. The impacts of charismatic leadership style on team cohesiveness and overall performance during ERP implementation. International Journal of Project Management. Jung-li, Taiwan, 2004. WIKIPEDIA. http://en.wikipedia.org/wiki/ Project_management#History_of_project_ management. In: Wikipedia tfe, ed, 23/02/05. 54 Simões,Hermes C.; Gutierrez, Ruben H. EPC Journal 01 (2009) 54-63 E&P 27.6 EPC Journal 02 (2009) 54-63 Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O PROGRAMA SEIS SIGMA E O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Hermes Cupolillo Simões1; Ruben Huamanchuno Gutierrez2 Universidade Federal Fluminense. Brasil Universidade Federal Fluminense. Brasil 1 2 Resumo A busca das Organizações por uma vantagem competitiva sustentável se tornou um fator de sobrevivência em um mundo globalizado e com constantes mudanças. Cada vez mais as Organizações demandam velocidade e agilidade em suas implementações esstratégicas, para isso buscam metodologias de acordo com suas necessidades, cultura e momento econômico. Esse artigo tem como objetivo apresentar análise comparativa entre o Programa Seis Sigma e o Gerenciamento de Projetos, tomando como base pesquisa bibliográfica dos seus principais conceitos, considerando as dimensões Foco, Benefícios, Metodologia e Barreiras e propondo-se a analisar os pontos comuns e contrários além de propor a possibilidade da integração dessas metodologias em um único modelo. Abstract The search of Organizations for a sustainable competitive advantage has become a survivor factor in a globalized world and with constant changes. In their strategic implementations, the Organizations have demanded speed and agility. To achiieve this goal, they search methodologies according to their needs, culture and economic moment. This article intends to present a comparative analysis between the Six Sigma Program and the Management of Projects, based on a bibliographic research of the main concepts, considering Focus, Benefits, Methodology and Barriers dimensions. Also, the article proposes the analysis of common and contrary points, besides proposing a possibility of integration of these methodologies in a single model. Keywords: Gerenciamento de Projetos, Seis Sigma, Estratégia e Dimensões. 1 Introdução 1. FORMULAÇAO DA SITUAÇÃO PROBLEMA Uma das questões mais desafiadoras dos atuais líderes de negócio é saber não só como obter vantagem competitiva, mas sim em como mantê-la. As atuais variáveis para se gerenciar um negócio e torná-lo competitivo de forma sustentável são bem diferentes daquelas que um dia nortearam os pensamentos econômicos e empresarias há uma ou duas décadas. Hoje, além da preocupação com suas margens de lucratividade, redução de custos e despesas, aumento de receita, penetração de mercado, produtividade, satisfação de clientes, colaboradores e acionistas; preservação da marca e garantia da qualidade, a liderança ainda precisa conciliar essas variáveis com uma atenção a responsabilidade social, ética e preservação ambiental. Tudo isso tem levado as organizações a recorrerem a diversos tipos de metodologias que garantam uma velocidade na implantação de suas estratégias corporativas e sua efetiva aplicabilidade. Diversas empresas consideradas como “gigantes” tem passado por ciclos dramáticos de desaparecimento e ressurgimento devido às constantes mudanças ocorridas no cenário global. Na maioria das vezes estratégias têm sido implementadas sob forte pressão de fatores como determinação de agencias reguladoras, obedecer a padrões nacionais ou internacionais, estabelecer 55 Simões,Hermes C.; Gutierrez, Ruben H. EPC Journal 01 (2009) 54-63 o uso de equipes terceirizadas, respeitar o meio ambiente, melhores resultados, alteração do mercado, mudança no comportamento do cliente, aumento de competitividade e busca pela inovação entre outros. Que instrumentos podem possibilitar as organizações uma garantia de que a implementação de sua estratégia atinja os resultados desejados dentro de um ciclo pré-estabelecido de gestão? Como garantir que a estratégia a ser adotada atinja e integre a atual cadeia de valor da organização? Os antigos indicadores podem garantir os resultados futuros? Mediante tal desafio, as organizações se vêem na busca de novas metodologias para garantia da implantação de suas estratégias seja através de Programas de Qualidade, Gerenciamento pelas Diretrizes, Gestão por Processos, Balanced Score Card (metodologia criada por Norton e Kaplan que permite o mapeamento dos objetivos estratégicos), Sistemas de Gestão Integrado, Gerenciamento de Projetos e Programa Seis Sigma entre outros. Independente do tipo de decisão que se venha tomar a mesma sempre dependerá da forma de implementação, sua coordenação e aceite por parte da Liderança. Pode o Programa Seis Sigma ou o Gerenciamento de Projetos contribuir de forma efetiva para garantir uma eficiente implantação Estratégica? Essas duas metodologias podem atuar em conjunto a fim de se atingir a tão desejada eficácia estratégica? 2 Objetivo Esse artigo tem como objetivo apresentar análise comparativa entre duas das mais utilizadas Metodologias para implantação estratégica em tempos de mudança pelas organizações: o Programa Seis Sigma e o Gerenciamento de Projetos a luz do modelo PMI (Project Management Institute), tomando como base uma releitura dos seus principais conceitos, considerando as dimensões Foco, Benefícios, Metodologia e Barreiras, propondo-se a analisar os pontos comuns e contrários além de propor a criação de um modelo que possibilite a atuação dessas metodologias de forma integrada. Uma das questões mais desafiadoras que os líderes de negócios enfrentam nos dias atuais é decidir entre qual metodologia escolher para facilitar as implantações de suas estratégias. Qual metodologia proporcionará maior agilidade, flexibilidade, integração na cadeia de valor e contribuição para garantia e manutenção do sucesso de uma estratégia? Para solucionar a problemática da pesquisa, buscou-se um estudo descritivo exploratório através da análise de dados secundários com níveis de informação em fontes primárias e secundárias através da avaliação de ampla literatura, de artigos divulgados em congressos e do conhecimento e experiência de um dos autores na implantação e utilização de ambas as metodologias no âmbito estratégico. 3. Fundamentação Teórica 3.1. Seis Sigma Segundo Werkema (2002), a origem do Seis Sigma remonta 1981 quando o presidente da Motorola, Bob Galvin, saiu em busca de programas de melhoria que suprimissem gastos e melhorassem seus processos. Em 1985 Bill Smith, um engenheiro da Motorola, apresentou um trabalho concluindo que, se os defeitos fossem detectados e corrigidos durante o processo de fabricação, seria estatisticamente improvável que novos erros surgissem nos testes finais do produto. Depois que a Motorola recebeu o Prêmio da Qualidade Norte Americano Malcolm Baldrige em 1988, o Seis Sigma passou a ser reconhecido e teve diversos gigantes do mundo corporativo adotando-o, empresas como GE, Allied Signal, Toyota, Kodak, Xerox nos EUA e no Brasil empresas como Belgo-Mineira, Ambev, Grupo Gerdau e Cimentos Votorantim já fazem a utilização desse Programa. A priori seu conceito não é absolutamente novo, pois combina diversas ferramentas da qualidade com ferramentas estatísticas provocando rupturas no pensamento gerencial e estratégico das organizações, podendo encontrar seus fundamentos nas idéias de Shewhart, Deming e Juran entre muitos pensadores e consultores da qualidade. Para Pande (2001) o termo Seis Sigma refere-se a um alvo, uma meta de desempenho de se operar com apenas 3,4 defeitos para cada milhão de atividades chamadas de oportunidades. Entendendo por “defeito” qualquer coisa que signifique o não atendimento a uma necessidade do cliente, chegamos à definição de Peter Pande (2001, Simões,Hermes C.; Gutierrez, Ruben H. EPC Journal 01 (2009) 54-63 p.13) que demonstra o alcance e a flexibilidade desse Programa, para o autor trata-se de um “sistema abrangente e flexível para alcançar, sustentar e maximizar o sucesso empresarial” e ainda “... representa uma estreita compreensão das necessidades dos clientes, disciplina no uso de fatos, análise estatística com foco na melhoria e reinvenção dos processos de negócios”. A essência da palavra Sigma trás em si um conceito de variação já que se trata de uma letra grega que os estatísticos usam para representar desvio-padrão de uma amostra, onde quanto maior a variação maior o desvio padrão, então para Reshulski e Carvalho (2004), caso o processo aceite uma variação de Seis Sigma significará que 99,99966 por cento de unidades estarão dentro dos limites específicos, não havendo mais que 3,4 defeitos por milhão de oportunidades (DPMO) para que qualquer defeito retorne. 3.1.1 O Programa Seis Sigma (PSS) Cada vez mais o alinhamento estratégico nas organizações vem se tornando fator crucial para alavancagem dos negócios, sejam empresas focadas em produto ou em serviços. Conforme aponta Carvalho, Ho e Pinto (2007, pg. 488) sobre o PSS, “O foco estratégico pode ser evidenciado na forma de mensuração direta dos benefícios do programa, no apoio da alta administração da empresa e no alinhamento do portfolio de projetos Seis Sigma às estratégias organizacionais”. Deixado de ser considerado Tabela 1 – Estrutura de papéis chave e suas funções no Programa Seis Sigma. Fonte: Adaptado pelo autor de George (2004), Breyfogle (2003), Pande (2001). 56 como um modismo, o PSS mediante os resultados produzidos pelas empresas (Pande, 2001), vem ganhando adeptos devido a sua forte ligação com a estratégia da empresa, onde a implementação do Programa deve se basear em um fluxo estratégico que observe a identificação das plataformas de valor para empresa, dos fluxos de valor das unidades de negócio e da priorização de projetos que maximizem valor (George, 2004), sem deixar de priorizar uma forte estrutura de treinamento e de responsabilidades, além da clara identificação pela organização dos atores do Seis Sigma. O alinhamento do PSS à gestão do Portfolio de Projetos e às estratégias de negócio tem como objetivo identificar e alocar os melhores recursos na gestão desses projetos no sentido de garantir que o Programa esteja integrado aos objetivos estratégicos e metas de negócio (Carvalho, Ho e Pinto (2007)). Os benefícios do PSS que atraem as empresas para sua adoção podem ser identificados de acordo com Pande (2001) como: Sucesso sustentado gerado. Meta de desempenho para todos determinada. Valor para o Cliente intensificado. Taxa de melhoria acelerada Conceito de Organização que aprende promovido. Mudanças estratégicas executadas. 3.1.2 Os Atores Do Programa Seis Sigma Todo Programa que queira estar alinhado às estratégias corporativas de uma organização 57 Simões,Hermes C.; Gutierrez, Ruben H. EPC Journal 01 (2009) 54-63 precisa se internalizar na cultura, valores, visão e missão dessa organização. Isso não seria diferente no Seis Sigma. Para tanto a criação de um corpo de especialistas se faz necessário como também a incorporação de determinados atores desse Programa que devem desempenhar papéis cruciais para o sucesso do programa conforme podemos ver no sumário da tabela 01, que tem como base sua implantação em diversas empresas de classe mundial como Xerox, Dupont, Ge, Motorola entre outras e de acordo com a literatura sobre o Programa, George (2004), Breyfogle (2003), Pande (2001) e Rotondaro (2002). O termo “Faixa-Preta” surgiu na Motorola no início dos anos 90 para designar colaboradores com alto conhecimento em melhoria de processos e estatística e foi retirado das artes marciais devido a sua ligação com altas habilidades e forte disciplina. Segundo Breyfogle (2003) o sucesso do Programa está diretamente ligado a capacidade desse grupo de endereçar, alinhar e transformar corretamente as principais necessidades estratégicas e de negócio da organização em projetos que estabeleçam um alto retorno sobre os investimentos com intuito de atingir os planos estabelecidos. 3.1.3 A Metodologia Seis Sigma Os modelos mais difundidos pelo PSS são o DMAIC (Define, Measure, Analyse, Improve e Control) e o DFSS (Design for Six Sigma), sendo o primeiro destinado a gestão dos processos chave e o segundo a qualidade em projetos de produtos e serviços. Segundo Reshulski e Carvalho (2004) as semelhanças entre os dois métodos estão nas três primeiras fases (Definir, Medir e Analisar) enquanto que as diferenças estão nas duas últimas fases, já que no primeiro há a Melhoria e o Controle enquanto que no segundo ocorre o Projetar e Verificar, conforme demonstrado na tabela 02. Conforme aponta Kessler (2004), o PSS está apoiado em uma estrutura de Gerenciamento de Projetos, onde temos objetivos com foco financeiro, cronogramas de acompanhamento e formação de equipes, além de reuniões de validação para cada término de fase (Tollgate do termo em inglês cancela, pedágio). Verificam-se nitidamente os ambientes estratégicos e de projeto, onde o Líder de Implementação e o Mestre Faixa Preta (Master Black Belt) atuam no primeiro ambiente e tendo o Faixa Preta (Black Belt) que coordenar todas as atividades de início, meio e fim do projeto, dentro do ambiente de projeto, com elaboração de uma Proposta de Projeto onde apresenta a Definição, Objetivos, Impacto Tabela 1 – Estrutura de papéis chave e suas funções no Programa Seis Sigma. Fonte: Adaptado pelo autor de George (2004), Breyfogle (2003), Pande (2001). 58 Simões,Hermes C.; Gutierrez, Ruben H. EPC Journal 01 (2009) 54-63 Financeiro, Escopo, Cronograma de Atividades e Membros da Equipe, em linha com as necessidades estratégicas da organização e validado junto ao Patrocinador (Sponsor), Diretores Estratégicos (Stakeholders) e Proprietários dos Processos. Conforme Santos e Martins (2003) “a importância do PSS alinhado aos objetivos estratégicos da empresa está relacionada à possibilidade de um feedback estratégico sobre a medição de desempenho e não apenas tático/operacional”. 3.2. Projetos Sendo empregado em diversos segmentos da sociedade, diversas formas de projetos sempre estiveram presentes na historia mundial, da escola militar até a revolução industrial passando pelo desenvolvimento das metodologias da qualidade e das diversas crises econômicas globais o mundo corporativo sempre buscou uma forma de coordenar as atividades e os recursos empregados em um projeto. A partir da década de 90 o interesse pelo Gerenciamento de Projetos alinhado as estratégias corporativas começaram a tomar corpo uma vez que diversas organizações perceberam que através desse método ganhavam velocidade e agilidade na implantação de suas estratégias, principalmente em um ambiente de intensas mudanças onde se busca obter com rapidez, dentro de um orçamento estabelecido e com qualidade os resultados desejados. Segundo Dinsmore e Neto (2004, pg.2) o Gerenciamento de Projetos se refere à “aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de satisfazer seus requisitos”, sendo todo Projeto realizado com o uso de processos que garantam seu controle e qualidade. Encontramos no mercado diversas denominações para O Gerenciamento de Projetos como, por exemplo, Gerenciamento de Programas, Gerenciamento de Construção e Gerenciamento de Empreendimentos, neste artigo utilizaremos o Termo Gerenciamento de Projetos devido a seu uso crescente no mercado brasileiro. 3.2.1 Gerenciamento de Projetos Diversas organizações mundiais abordam o assunto Gerenciamento de Projetos como a APM (Association for Project Management) da Inglaterra ou a IPMA (International Project Management Association) que agrega diversas entidades nacionais, esse artigo terá como foco o modelo do Project Management Institute (PMI) que é uma organização com sede nos Estados Unidos e que reuni profissionais de Gerenciamento de Projetos em diversos países, que se encontram em congressos, seminários e diversos estudos de reconhecimento mundial. O PMI reúne em uma publicação denominada PMBOK (Project Management Body of Knowledge) um conjunto de conhecimentos Tabela 3 – Áreas do Conhecimento para o Gerenciamento do Projeto. Fonte: Adaptado pelo autor de PMBOK (2004) e Dinsmore e Neto (2004) 59 Simões,Hermes C.; Gutierrez, Ruben H. EPC Journal 01 (2009) 54-63 necessários para se gerenciar um Projeto e faz constantes aperfeiçoamentos para atualizar essa publicação. Segundo o PMBOK (2004) e Dinsmore e Neto (2004) o trinômio sagrado do Gerenciamento de Projetos é formado por Prazos, Custos e Qualidade, a esse trinômio são acrescidos outras seis áreas que são escopo (abrangência), recursos humanos, comunicação, risco, aquisições (contratos e fornecimentos) e integração, sendo esse conjunto chamado de as Nove Áreas do Conhecimento que são necessárias para se gerenciar um projeto como se vê na tabela 03. 3.2.2 Os Atores Do Gerenciamento de Projetos Segundo Cruz, Fernandes, Lima e Araújo (2006, pg.6) ao se constituir um sistema de gerenciamento da qualidade de um projeto é preciso que se tenha bem definido “os objetivos e a política de qualidade, os procedimentos da organização executora e a definição de responsabilidades”, isso com foco em atender as necessidades que motivaram a realização do projeto. Desde a empresa executora e o cliente, passando pelo seu patrocinador, partes interessadas, do Gerente de Projetos e de sua equipe temos que estabelecer critérios e definições de responsabilidades sobre dois enfoques segundo Dinsmore e Neto (2004): Enfoque Técnico: Traduz o conhecimento da situação com levantamento de dados, questionários e documentação, organizados em forma de diagnóstico; a definição de objetivos e a estratégia da condução do projeto; definição das atividades em forma de estrutura analítica Tabela 4 – Os Atores do Gerenciamento de Projetos. Fonte: Adaptado pelo autor de PMBOK (2004) e Dinsmore e Neto (2004) de trabalho; a identificação dos recursos necessários e disponíveis atrelados a seu custo; a fixação dos tempos de acordo com os prazos para cada atividade e o ajuste de acordo com as necessidades da organização. Enfoque Gerencial: Ênfase nas articulações políticas com ajuste das partes envolvidas; seleção dos membros-chave; criação do plano de comunicação; coordenação das necessidades de entrosamento e treinamento da equipe e monitoração dos aspectos comportamentais. Na literatura sobre Projetos e muito utilizada pelo mercado usa-se o conceito de Stakeholder (do inglês stake que significa interesse ou participação), para se designar pessoa ou grupo de pessoas com interesses ligados ao projeto e que são afetados positiva ou negativamente por ele, Dinsmore e Neto (2004). Os atores do Gerenciamento do Projeto demonstrados na tabela 04 precisam atuar de forma harmoniosa dentro desses dois enfoques e com a área do conhecimento Integração tendo uma atuação fundamental para estabelecer o alcance desses objetivos. Cada vez mais solicitado pelo mercado, a função de Gerente de Projeto vem se tornando peça fundamental para o sucesso das implementações estratégicas, tendo esse Gerente que estar atento a todos os atores e atividades que compõem o ciclo de um projeto cuidando para que as relações sejam claras e transparentes. Algumas empresas já adotam a utilização de um setor específico que orienta e dá o suporte no gerenciamento do portfólio de projetos da organização, essas áreas de atuação são denominadas Escritórios de Projetos (PMO Simões,Hermes C.; Gutierrez, Ruben H. EPC Journal 01 (2009) 54-63 60 Segundo Dinsmore e Neto (2004) o Ciclo de Vida de um projeto consiste em quatro fases que podem ter uma abordagem em série ou superpostas que são as fases de iniciação, planejamento, execução-controle e a fase de encerramento com cada fase contendo atividades específicas conforme demonstrado na figura 01. envolvidos, uma vez que, segundo Moroni e Hansen (2006) o Gerenciamento de Projetos propõem uma visão horizontalizada da organização com o uso dos recursos alocados de forma temporária para produção de um bem ou serviço. Sendo a Qualidade de um Projeto avaliada pela sua conformidade com o que foi definido pelo escopo, é preciso que se gerencie ainda um sistema de gestão da qualidade do mesmo, e conforme o guia PMBOK, terceira edição, 2004, publicado pelo PMI é necessário que esse sistema se componha de três processos: Planejamento da Qualidade, Garantia da Qualidade e o Controle da Qualidade. Segundo Cruz, Fernandez, Lima e Araújo (2006, pg.4) Para que cada fase alcance seu resultado de entrega o gerente de projeto precisa do auxílio de ferramentas específicas como, por exemplo, uma Proposta de Projeto (Project Charter), um Plano de Projeto (Project Plan), declaração de escopo, um cronograma-mestre, plano de contratação, uma Estrutura Analítica de Projeto, Estrutura Analítica de Trabalho (WBS-Work Breakdown Structure), Diagrama de Precedência, levantamento de riscos, plano de orçamento, além de formas gráficas de se acompanhar a execução das atividades em relação ao tempo e custo do mesmo (Curva S). Conforme apresentado pelo Estudo de Benchmarking 2006 realizado pelo PMI e que contou com 200 empresas no Brasil, mais de 70% das empresas utilizam um software de gerenciamento de projetos que facilita na monitoração e acompanhamento de todos os Figura 2 – Nível de alinhamento dos projetos com o planejamento estratégico da Organização. Fonte: Estudo de Benchmarking em Gerenciamento de Projetos Brasil 2006. PMI. Rio. – Project Management Office) e facilitam a interação entre o ambiente estratégico e o ambiente de projeto. 3.2.3 A Metodologia do Gerenciamento de Projetos 61 Simões,Hermes C.; Gutierrez, Ruben H. EPC Journal 01 (2009) 54-63 “esses processos junto com os objetivos e a política de qualidade, os procedimentos da organização executora e a definição de responsabilidades, constituem o sistema de gerenciamento da qualidade do projeto”. 3.3 Resultados: Programa Seis Sigma E Gerenciamento De Projetos As evidências dos resultados no mundo dos negócios da utilização tanto do Programa Seis Sigma quanto do Gerenciamento de Projetos como forma de se implantar uma estratégia começaram a se tornar visíveis após gigantes do mundo corporativo começarem a ganhar seus prêmios nacionais de qualidade, como a Motorola utilizando o Seis Sigma nos EUA ou a Petrobrás no Brasil com a utilização da Metodologia por Projetos, por exemplo. No recente estudo de benchmarking em Gerenciamento de Projetos realizado pelo PMI junto a 200 empresas instaladas no Brasil e conforme figura 02 observa-se que 92% das empresas alinham seus projetos ao Planejamento Estratégico e que, dentro dessas, 50% já possuem uma efetiva preocupação nesse sentido. 4. Análise Comparativa Entre as Metodologias Para Rebelato e Oliveira (2006, pg.111) “o Seis Sigma tem sua meta muito concreta que é a de registrar menos de 3,4 erros por milhão de oportunidades de errar em produtos e serviços enfocando a redução nas variações dos processos organizacionais”. Ao ser utilizado como uma metodologia para dar velo- Tabela 5 – Comparativo entre as Metodologias do Programa Seis Sigma e do Gerenciamento de Projetos. Fonte: Os autores. cidade à implantação estratégica e sob o formato de projetos o PSS se apresentou muito eficaz trazendo resultados expressivos a empresas como Xerox, Motorola, GE, Ford entre outras, porém no Brasil esse Programa ainda é visto como uma metodologia da qualidade. De acordo com o Estudo de Benchmarking de 2006 realizado pelo PMI o Gerenciamento de Projetos vem sendo muito utilizado pelas organizações no Brasil tendo apresentado no estudo um índice de 81% quando perguntado com que freqüência os projetos realizados têm alcançado seus objetivos de negócio. Segundo Santos e Martins (2003) com a evolução do conceito de qualidade as organizações passaram a entender o Programa Seis Sigma como um assunto estratégico que a torna capacitada a elevar seu potencial competitivo, sendo o PSS “um dos sistemas mais bem sucedidos em priorizar a obtenção dos resultados financeiros por intermédio de um método estruturado”, Santos e Martins (2003, pg.4). Com base na fundamentação teórica da pesquisa, os autores apresentam análise comparativa, considerando as dimensões Foco, Benefícios, Metodologia e Barreiras e a análise dos pontos comuns e contrários. Conforme apontado pela análise comparativa demonstrada na tabela 5, observa-se que existem semelhanças e diferenças nos modelos apresentados, ambas metodologias podem se completar com aproveitamento das partes semelhantes e da utilização das diferenças para preencher as lacunas existentes. Organizações que pretendem implementar estratégias de mudanças e rupturas em seus negócios podem se utilizar de ambas metodologias bastando para isso concentrar suas decisões nas dimensões de foco e benefícios aqui apresentadas. Enquanto o foco de um Programa voltado para o Seis Simões,Hermes C.; Gutierrez, Ruben H. EPC Journal 01 (2009) 54-63 62 Sigma se direciona para transformação do negócio o Gerenciamento de Projetos procura estruturar a estratégia para uma implantação. Os benefícios do Seis Sigma estão em garantir uma meta de desempenho e a redução da variabilidade dos processos de negócio, já o Gerenciamento de Projetos disponibiliza monitorações constantes da implantação e sua velocidade. Observa-se também que as barreiras são bem parecidas passando desde a necessidade de uma estrutura voltada para projetos a busca de uma maior integração com o negócio. Quanto à metodologia percebe-se que enquanto o Programa Seis Sigma possui fases onde se busca a medição e análise profunda com métodos estatísticos, o Gerenciamento de Projetos possui uma melhor definição e declaração de escopo e com uma atenção maior ao monitoramento das fases do projeto. Os pontos em comuns e divergentes demonstram que essas metodologias possuem complementaridades e que as organizações também podem utilizá-las de forma conjunta, integrando em um único programa que pode ser chamado de Gestão Seis Sigma de Projetos. Esse modelo integraria as fases de Medição, Análise e Controle do PSS às fases de Concepção, Planejamento e Execução do Gerenciamento de Projetos, ficando uma seqüência que poderia ser chamada de CPMAEC, onde teríamos as fases de Concepção e Planejamento, Medição e Analise, Execução e Controle. Nesse modelo integraríamos as ferramentas estatísticas do PSS, seu foco em analise de valor, planos de controle, o proprietário do processo e suas reuniões de tollgate, com a estrutura analítica de projeto, a Curva S, os softwares de gestão e os escritórios de projeto (PMO) do Gerenciamento de Projeto. ções de publicações pelo PMBOK, suas instituições espalhadas pelo mundo, estudos de benchmarking, congressos e seminários vem se consolidando como uma forma de condução de projetos das mais utilizadas pelo meio empresarial, seja para um lançamento de produto / serviço ou seja para consolidar uma estratégia. Conclui-se que tanto o Programa Seis Sigma quanto o Gerenciamento de Projetos podem contribuir de forma efetiva para garantir uma eficiente implantação estratégica com agilidade, flexibilidade e com extrema facilidade para integrar sua cadeia de valor, bastando para isso que a liderança organizacional saiba utilizar ambas Metodologias de forma lógica e sabendo explorar o melhor de suas funções, foco e benefícios. Percebe-se que ambos os Programas podem ser utilizados como instrumentos para garantir implementações estratégias dentro de ciclos pré-estabelecidos de gestão, bastando para isso a criação de um ambiente de projetos que possibilite a ação dos respectivos atores de cada Metodologia conforme exposto neste artigo. Observa-se que ambas Metodologias podem atuar em conjunto a fim de se atingir uma eficácia estratégica, desde que as organizações invistam em saber integrar o que há de vantagens no modelo PSS ao modelo de Gerenciamento de Projetos aplicando assim o CPMAEC. O artigo buscou contribuir com a visualização de um comparativo das dimensões escolhidas além da possibilidade da utilização de forma integrada das metodologias aqui apresentadas uma vez que possuem pontos em comum. Essa proposta também pode ser utilizada ou desenvolvida de modo prático seja em trabalhos futuros ou em uma iniciativa de implantação estratégica. 5. Conclusão 6. Referências Cada vez mais o Programa Seis Sigma vem ganhando adeptos em todo mundo com muitas organizações utilizando sua metodologia para dar mais qualidade à implantação de suas estratégias. São muitos os artigos publicados sobre o tema e diversas derivações, mesmo porque com as constantes mudanças no mundo dos negócios, com foco cada vez mais em BREYFOGLE, Forest W. Implementing Six Sigma: smarter solutions using statistical methods. New Jersey, EUA: John Wiley & Sons, Inc., 2003. CARVALHO, Marly Monteiro; HO, Linda Lee; PINTO, Silvia Helena Boarin. Implementação e Difusão do Programa Seis Sigma no Brasil. Scientific Eletronic Library On- line. Produção, V.17, n. 3, p.486-501, setdez. 2007. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ prod/v17n3/a07v17n3.pdf. Acesso em 01/03/2008. CRUZ, Amaury Bordalho; FERNANDES, Elton; LIMA, Solange; ARAUJO, Renato S.B. de. Uma abordagem comparativa do gerenciamento da quali- resultado, as organizações não podem se fixar em apenas uma ou duas formas de gerenciar seus projetos ou de implantação de suas estratégias. O Gerenciamento de Projetos a luz do modelo PMI com suas atualiza- 63 Simões,Hermes C.; Gutierrez, Ruben H. EPC Journal 01 (2009) 54-63 dade do projeto. XXVI ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Fortaleza, CE - 2006. Disponível em http://www.abepro.org.br/biblioteca/ ENEGEP2006_TR470319_7487.pdf. Acesso em 10/03/2008. DINSMORE, Paul Campbell; Neto Fernando Henrique da Silveira. Gerenciamento de Projetos: como gerenciar seu projeto com qualidade, dentro do prazo e custos previstos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. GEORGE, Michael. Lean Seis Sigma para serviços. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. KESSLER, Rafael Motta. A Implantação do Seis Sigma em organizações: motivações de escolha e resultados obtidos. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Escola de Administração. Porto Alegre - 2004. MORONI, Marco Aurélio; HANSEN, Peter Bent. Gestão por Processos e a Gestão de Projetos: Um modelo gerencial para alocação de recursos. Revista Gestão Industrial, Universidade Federal do Paraná. Paraná: v.02, n.01, p. 47-58, jan-mar.2006. PANDE, Peter S. Estratégia seis sigma: como a GE, a Motorola e outras grandes empresas estão aguçando seu desempenho. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. PMBOK Guia. Guia do Conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. Terceira Edição. Project Management Institute, Four Campus Boulevard, Newton Square. EUA. 2004. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, Rio de Janeiro. Estudo de Benchmarking em Gerenciamento de Projetos Brasil 2006. Rio de Janeiro: PMIRIO 2007. Disponível em http://www.pmirio.org.br. Versão 2.0. Acesso em 19/01/2008. REBELATO, Marcelo Giroto; OLIVEIRA, Iraci Sobral de. Um estudo comparativo entre a gestão da qualidade Total (TQM), O Seis Sigma e a ISO 9000. Revista Gestão Industrial, Universidade Federal do Paraná. Paraná: v.02, n.01, p. 106-116, jan-mar.2006. RESHULSKI, Denise Kaufmam; CARVALHO, Marly Monteiro; Programas de Qualidade Seis Sigma – Características distintivas do modelo DMAIC e DFSS. Publicação da Produção em Iniciação Científica da Escola Politécnica da USP. São Paulo, PICEPUSP Número 02, 2004. Disponível em http://www. pro.poli.usp.br/graduacao/atividades-academicasextra-curriculares/inciacao-cientifica/producao-eminiciacao-cientifica-2004/programas.pdf. Acesso em 15/03/2008.IV CNEG 18 ROTONDARO, Roberto G. Seis Sigma – Estratégia gerencial para melhoria de processos, produtos e serviços. São Paulo: Atlas, 2002. SANTOS, Adriana Barbosa; MARTINS, Manoel Fernando. A implementação dos projetos seis sigma contribuindo para o direcionamento estratégico e para o aprimoramento do sistema de medição. XXIII ENEGEP (Encontro Nacional de Engenharia de Produção). Ouro Preto. MG. 2003. Disponível em http://www.abepro.org. br/biblioteca/ENEGEP2003-TR0201-0447.pdf. Acesso em 01/03/2008. WERKEMA, Maria Cristina Catarino. Criando a cultura seis sigma. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. 64 E&P 27.6 Melhoria do Planejamento e Controle dos Contratos EPC EPC Journal 01 (2009) 64-70 EPC Journal Textos para a Discussão em Planejamento & Controle Disponível em www.labceo.uff.br/eep276 Inovação de Processos - um estudo comparativo sobre sua implementação Débora Pereira de Macedo Soares1; Rogério de Aragão Bastos do Valle2 ;Roquemar de Lima Baldam3; Telma Dias Ragonezi4 COPPE/UFRJ, Brasil COPPE/UFRJ, Brasil 3 COPPE/UFRJ, Brasil ADM Brasil Consulting, Brasil 1 2 4 Resumo Num ambiente globalizado de intensa competição e de mudanças constantes e complexas, caracterizadas por exigências cada vez maiores em termos de rapidez, qualidade, baixo custo, flexibilidade e satisfação do cliente, o sucesso de uma organização reside na sua capacidade de responder adequadamente a essas exigências, através de inovações contínuas em seus produtos, processos e serviços. Neste contexto, este trabalho analisa as premissas, as motivações e os impactos causados pela Inovação de Processos, nas organizações que utilizaram esta estratégia como forma de obter um diferencial competitivo no mercado. Para alcançar os objetivos pretendidos, apresenta-se uma revisão bibliográfica sobre o tema e em seguida comparam-se os resultados depreendidos de alguns estudos de casos. Keywords: Mudanças organizacionais; Inovação de processos; Organizações. Introdução A partir da década de 80, as organizações vêm sofrendo pressões crescentes, decorrentes de mudanças radicais e contínuas no ambiente organizacional. Segundo Nadler & Tushman (2000), três pontos críticos do ambiente organizacional influenciam o funcionamento das organizações. Primeiro, o ambiente faz exigências à organização; ele pode, por exemplo, exigir certos produtos ou serviços, com certos níveis de qualidade e quantidade. Segundo, o ambiente pode impor restrições à ação organizacional, pode limitar as atividades a que uma organização se dedica. Essas restrições, segundo os autores, vão desde as impostas pela escassez de capital ou tecnologia até a proibição pelos regulamentos governamentais. Terceiro, o ambiente oferece oportunidades a serem exploradas pela organização. Diante desse cenário, o sucesso de uma organização depende fundamentalmente de sua capacidade de resposta a essas pressões do ambiente. Conforme destaca Senge (2000), o sucesso da organização dependerá do grau em que ela conseguirá sustentar seus processos de mudança e transformação. De acordo com Daft (2002), tais mudanças podem se focalizar em: mudanças nos produtos e serviços; mudanças nos processos e na tecnologia; mudanças na estratégia e na estrutura organizacional; e mudanças na cultura organizacional. Nesse novo contexto de mudança nas organizações, diversos autores citam que a inovação de processos - termo tualmente mais empregado à antiga reengenharia de processos de negócios, assume papel de destaque para o seu sucesso. Hammer (1997) destaca que, a partir de 1985, muitas empresas perceberam que seus métodos tradicionais de desenvolvimento de produto, fabricação, venda e assistência técnica já não se mostravam compatíveis com a concorrência global e com clientes cada vez mais exigentes, assim como as ferramentas e técnicas disponíveis para melhorar a qualidade e a satisfação dos clientes e reduzir custos não estavam apresentando resultados satisfatórios. 65 Soares, Débora P.; Do Valle, Rogério A.; Baldam, Roquemar L,; Ragonezi, Telma D. EPC Journal 01 (2009) 64-70 Muitas dessas empresas decidiram implementar a inovação de processos. Davenport (1994) observa que a inovação de processos é um veículo fundamental para a implementação de estratégias de redução de custo, aumento da velocidade e satisfação do cliente, tornando-se importante fonte de vantagem competitiva para as organizações. Por outro lado, a aplicação da inovação de processos apresentou uma série de problemas nas organizações. Porter (1997) salienta que muitas organizações aplicaram a inovação de processos indiscriminadamente, isto é, movidas mais pelo entusiasmo do que pela compreensão de como aplicar seu conceito, o que levou a uma alta taxa de fracassos. Manganelli (1995) ressalta que uma das razões pelas quais os projetos de inovação de processos fracassam é a sua interpretação equivocada como automação, reorganização ou downsizing. Considerando os aspectos supramencionados, infere-se que a inovação de processos é um tema bastante controvertido, motivando que se analisem as questões mais relevantes sobre sua implementação nas organizações. Com esse intuito, este estudo tem como objetivo verificar em relação à inovação de processos: as principais motivações (ou objetivos pretendidos) para a adoção desta técnica; com quais aspectos ela contribui para o alcance destes objetivos; os principais fatores que facilitam sua implementação (com destaque para a metodologia utilizada e o gerenciamento da mudança); e as influências desta técnica no desempenho das organizações. 2 A inovação de processos 2.1 Conceitos básicos Davenport (1994) conceitua a inovação como uma alteração de processo que provoque uma mudança importante e radical, ou seja, esta técnica modifica a estrutura das atividades do processo, visando “resultados visíveis e drásticos”. Sob esta ótica, o autor salienta que a reengenharia de processos distingue-se da melhoria de processos, que visa um nível mais superficial de mudanças. Segundo Hammer e Champy (1994), a reengenharia de processos de negócios significa uma reestruturação radical dos processos, com o objetivo de alcançar melhorias drásticas em indicadores de desempenho como custos, qualidade, atendimento ao cliente e velocidade. Dos conceitos citados pelos autores, conclui-se que a reengenharia de processos de negócios é um esforço organizado para reestruturar integralmente os processos inerentes aos tipos de negócios de uma organização, visando proporcionar ganhos significativos em indicadores de desempenho, tais como: custos, qualidade, velocidade e satisfação do cliente, bem como obter vantagem competitiva. 2.2 As principais motivações para a adoção da inovação Davenport (1994) salienta que a inovação de processos sustenta estratégias de: satisfação do cliente – redução do tempo de ciclo do processamento do pedido, melhoria da qualidade do produto/serviço e agilidade da solução de reclamações; redução de custos e do preço do produto/serviço – eliminação de atividades que oneram os custos dos produtos e serviços e repasse dos ganhos ao cliente; inovação de produtos – redução do tempo de ciclo de desenvolvimento e maior retorno sobre o investimento em inovação; e aumento da receita, melhoria da lucratividade e aumento do percentual de participação do mercado – como conseqüência das estratégias anteriores. Segundo Morris e Brandon (1994), a inovação de processos é adotada quando uma organização busca alcançar metas importantes para o seu sucesso, tais como: redirecionar a operação – significa eliminar operações redundantes, melhorar o fluxo do trabalho e das informações e aprimorar os sistemas de apoio, proporcionando maior eficiência, flexibilidade e qualidade às operações; reduzir os custos – através da medição e da avaliação da eficácia dos esforços da inovação, podendo contemplar os custos de mãode-obra (eliminação de atividades desnecessárias), informação (relacionados a obtenção, guarda, processamento e disseminação das informações para a tomada de decisões) e materiais (melhor integração entre a empresa e seus fornecedores, resultando em menores custos de aquisição); melhorar a qualidade – agrega valor aos produtos/serviços e ao cliente, reduzindo desperdícios e custos e aumentando a confiabilidade de atendimento do pedido do cliente e dos projetos de desenvolvimento de novos produtos/ serviços; aumentar a receita – mediante a alteração de fatores como a elevação da quantidade produzida decorrente da diminuição dos custos e conseqüente repasse ao preço do produto/serviço, redução do tempo de ciclo de fabricação e aumento da velocidade Soares, Débora P.; Do Valle, Rogério A.; Baldam, Roquemar L,; Ragonezi, Telma D. EPC Journal 01 (2009) 64-69 de inovação nos produtos/serviços; melhorar a orientação voltada para o cliente – a percepção que o cliente tem da empresa e dos seus produtos está intimamente relacionada com o diferencial dos serviços que ela oferece; e melhorar a lucratividade – a redução de custos, o aumento da receita e a melhoria da satisfação do cliente levam ao incremento da lucratividade. Analisando o descrito acima, pode-se dizer que as motivações (ou objetivos pretendidos) que levam as organizações a adotarem a inovação de processos estão relacionadas com a implementação de estratégias que visam melhorar seu desempenho e conquistar vantagem competitiva. 2.3 Os principais fatores que facilitam a implementação da inovação Habilitadores (ou facilitadores) são condições que, quando satisfeitas, facilitam a implementação de uma determinada mudança, permitindo que ela atinja seus objetivos. Chiavenato (1998) cita que a inovação necessita de habilitadores para alcançar os objetivos propostos, assim como Davenport (1994) cita que os projetos de reengenharia de processos de negócios necessitam de “habilitadores específicos” para alcançar os resultados desejados. Bergamaschi (1999) aborda o conceito de fatores críticos de sucesso em projetos de reengenharia de processos de negócios, destacando que certos fatores considerados críticos, quando presentes na implementação da inovação, facilitam de forma relevante a implementação desta técnica. Morris e Brandon (1994) identificam como habilitadores da inovação de processos: comprometimento da alta administração – fornecer todo o apoio necessário e assumir responsabilidades para que a inovação seja bem sucedida; alinhamento com a estratégia – a inovação deve ser utilizada como apoio para a implementação das estratégias que possam agregar valor para o cliente; metodologia para a inovação – sua implementação deve ser conduzida segundo uma abordagem sistemática; gerenciamento da mudança – refere-se a um esforço coordenado para minimizar resistências; suporte de Tecnologia da Informação – a Tecnologia da Informação pode melhorar a eficiência dos processos de negócios; e equipes de engenharia – devem ser utilizadas equipes multidisciplinares e autogeridas para serem responsáveis pela condução dos projetos de inovação. 66 É importante ressaltar que, no que se refere aos habilitadores da inovação de processos, a metodologia utilizada e o gerenciamento da mudança são fatores críticos de sucesso. Tais habilitadores são analisados a seguir: 2.3.1 Metodologia utilizada na implantação da inovação Davenport (1994) cita a falta de uma metodologia adequada como uma das razões para o fracasso das iniciativas da inovação de processos em diversas organizações. Morris e Brandon (1994) ensinam que uma abordagem sistemática para a inovação deve abranger as seguintes fases: definir o posicionamento da organização – analisar o ambiente externo para detectar oportunidades e ameaças para o negócio, confrontar essa análise com a atual situação do ambiente interno da organização, identificar seus pontos fortes e fracos e definir objetivos, estratégias e prazos para que a empresa aumente sua competitividade no mercado; estabelecer um novo ambiente na empresa – identificar as mudanças a serem implementadas, tendo em vista o novo posicionamento estratégico da organização e substituir os atuais paradigmas que não se adequarem a esse novo posicionamento por outros que possibilitem obter uma vantagem competitiva sustentável; mapear os processos atuais – levantar informações sobre os processos existentes na empresa para compreender suas funcionalidades, níveis de desempenho e interligações internas e externas, identificar quais os processos vitais para o negócio e, partindo destas informações, definir a ordem de prioridade dos processos a serem aprimorados; redesenhar o processo – o mapeamento dos processos atuais (item anterior) fornece as bases para que o processo-alvo da inovação seja analisado em detalhes e um novo modelo de processo seja desenhado; e implantar e monitorar o novo processo – deve ser providenciada a infra-estrutura necessária para que o novo processo entre em operação, abrangendo aspectos como aquisição dos recursos de hardware e software, modificações em lay-outs e treinamento das pessoas envolvidas na estrutura organizacional. 2.3.2 Gerenciamento da mudança Pereira (1999) destaca que as mudanças ocorrem de forma contínua e independente da nossa vontade, 67 Soares, Débora P.; Do Valle, Rogério A.; Baldam, Roquemar L,; Ragonezi, Telma D. EPC Journal 01 (2009) 64-69 implicando a necessidade de incorporar coisas novas e renunciar a outras, de forma que as mudanças acabam gerando resistências que devem ser administradas. Tendo em vista que a inovação de processos contempla mudanças altamente complexas e de grande impacto sobre a organização – especialmente sobre as pessoas – é necessário que ela seja conduzida de acordo com um esforço coordenado que promova a mudança de atitudes e minimize as resistências às mudanças, ou seja, um gerenciamento coordenado da mudança. De acordo com Lewin (1947), para que o processo de mudança nas organizações seja bem sucedido, deve seguir três etapas: descongelamento do padrão atual de comportamento – as antigas idéias e práticas são desfeitas e desaprendidas, dando lugar a outras novas, que deverão ser aprendidas, sendo fundamentais o entendimento e a aceitação da mudança pelas pessoas; mudança – novas idéias e práticas são experimentadas e aprendidas, de modo que as pessoas passam a pensar e agir de acordo com a nova maneira; e recongelamento – as novas idéias e práticas aprendidas são incorporadas definitivamente ao comportamento das pessoas. Quando as forças positivas superam as negativas, a mudança é bem sucedida; caso contrário, a mudança não ocorre, retornando-se à situação antiga. Para que a mudança realmente aconteça, devem ser adotados mecanismos que aumentem as forças positivas e diminuam as negativas. Conforme convenientemente define Covey (1996), tais mecanismos devem estar centrados nos seguintes aspectos: conscientização – convencer as pessoas sobre a necessidade e a direção da mudança; envolvimento – fazer com que as pessoas compartilhem a missão da organização e analisem e aceitem os impactos da mudança; segurança interior – criar um ambiente seguro, de forma que as pessoas considerem a mudança como uma oportunidade de crescimento e não como uma ameaça; responsabilidade pelos resultados – convencer as pessoas sobre a sua responsabilidade pelo desempenho da organização e pelos resultados da mudança; mente aberta – incentivar as pessoas a serem receptivas às novas idéias e à inovação contínua; sinergia – estimular o trabalho em equipe, para que ocorra uma soma de conhecimentos e se obtenha a melhor alternativa de solução para os problemas; e interesse coletivo – estimular as pessoas a colocarem os interesses gerais da empresa acima dos individuais, visando à interação do grupo. 2.4 As influências da inovação de processos no desempenho das organizações Baseando-se no estudo de várias empresas norteamericanas que adotaram a inovação, Hammer e Champy (1994) identificaram algumas características que são freqüentemente encontradas nestas organizações: vários trabalhos (empregos) são combinados em apenas um; os trabalhadores tomam as decisões; os passos no processo são realizados na ordem natural; os processos têm múltiplas versões; o trabalho é realizado onde ele faz mais sentido; as verificações e os controles são reduzidos; a reconciliação de informações é minimizada; um gerente de caso (case manager) provê um único ponto de contato com o cliente; e as operações centralizadas são descentralizadas. Quanto às mudanças efetuadas pelas empresas que implementaram a inovação de processos, estes autores também observaram os seguintes pontos: as unidades de trabalho se alteram de departamentos funcionais para times/grupos de processo; o tipo de trabalho realizado pelas pessoas muda de tarefas simples para um trabalho multidimensional; o papel da força de trabalho evolui de um estado controlado para uma situação autônoma (empowerment); a preparação para o trabalho se altera de treinamento para educação; as medidas de desempenho e a forma de compensação das pessoas mudam do foco na atividade/tempo para o foco na obtenção de resultados; os critérios de encarreiramento também sofrem alterações, passando de promoções baseadas no desempenho para promoções baseadas nas habilidades; o sistema de valores da organização passa de protetivo para o produtivo; o papel gerencial, visto anteriormente como de supervisão, passa a ser de auxiliar, de mentor; as estruturas organizacionais deixam de ser altamente hierarquizadas e passam a ser mais planas; e os executivos assumem a função de líderes ao invés de controladores de índices de desempenho econômico. Como mencionado anteriormente, a inovação de processos demanda que a empresa opere sob um novo conjunto de paradigmas organizacionais, humanos e tecnológicos. 2.5 Considerações importantes sobre a inovação de Soares, Débora P.; Do Valle, Rogério A.; Baldam, Roquemar L,; Ragonezi, Telma D. EPC Journal 01 (2009) 64-69 processos Aqui, apresentam-se diversos conceitos relevantes e pertinentes à inovação de processos, extraídos de artigos indexados, como parte integrante da pesquisa bibliográfica realizada neste trabalho: 2.5.1 As melhores práticas da inovação de processos Reijers & Mansar (2005) definem as melhores práticas da inovação de processos com base na experiência que obtiveram em grandes organizações ou firmas de consultoria com implementações de inovação. Estas melhores práticas direcionam-se para: clientes, com foco na melhoria de contatos; operação de processos de negócio, com foco em como implementar o fluxo de trabalho; organização, considerando tanto sua estrutura quanto os recursos envolvidos (tipos e número); informação, descrevendo melhores práticas referentes à tecnologia que os processos de negócios utilizam; e ambiente externo, tentando melhorar a colaboração e a comunicação entre os elementos a cadeia de valor da organização. 2.5.2 Elementos de mudança organizacional na inovação de processos Teng et al. (1996) identificou, segundo sua visão, os elementos da mudança organizacional que devem ser monitorados para viabilizar o sucesso de uma implementação de inovação, mediante o encadeamento de cinco aspectos apresentados a seguir e ilustrados na figura 1 a seguir: motivação 68 organizacional para a inovação – promoção de um ambiente de inovação, planejamento da estratégia corporativa e planejamento da estratégia de TI; iniciando a mudança de processo – analisar a dinâmica da mudança, formular a estratégia de mudança, assegurar o comprometimento dos stakeholders e estruturar o processo de mudança; selecionar os habilitadores de mudança – habilitadores da estrutura organizacional, habilitadores do sistema gerencial, habilitadores de recursos humanos e habilitadores da Tecnologia da Informação; gerenciar a implementação da mudança – analisar os problemas de implementação, gerenciar a política de implementação, aplicar as técnicas de implementação e avaliar as condições de implementação; e direções da mudança organizacional – a dimensão estrutural, a dimensão gerencial e a dimensão dos recursos humanos. 3. Exemplos de aplicação e resultados obtidos Nesta seção, são mostrados de forma comparativa na tabela 1 a seguir os resultados da implementação de inovação – estudos de caso – em quatro organizações, citando brevemente as motivações para a adoção da inovação e seus impactos em cada organização, sendo dois os casos de sucesso e dois os de fracasso. 4. Conclusão A inovação de processos é um termo bastante amplo e tem sido objeto de estudo de diversos autores. Neste artigo, o objetivo foi discorrer sobre os Figura 1: Inovação de Processos – Elementos de mudança organizacional 69 Soares, Débora P.; Do Valle, Rogério A.; Baldam, Roquemar L,; Ragonezi, Telma D. EPC Journal 01 (2009) 64-69 Tabela 1: Comparação dos resultados das implementações da inovação de processos em algumas organizações. conceitos desta técnica e sintetizar as principais motivações (voltadas para a satisfação do cliente e melhoria do desempenhooperacional através de preços/processos/produtos), os principais facilitadores da estrutura organizacional, da tecnologia da informação ou de recursos humanos, bem como apresentar a importância de utilizar um método e um gerenciamento coordenado da mudança provocada, como forma de melhorar o desempenho da organização e promover a criação e a manutenção de uma vantagem competitiva. Foram abordados também os resultados observados por alguns autores nas organizações que implementaram a inovação. Mediante isto, cabe observar que o sucesso da implementação da inovação de processos está intimamente ligado à estratégia empresarial e às diretrizes estabelecidas pela organização. Nesta reestruturação radical das atividades do negócio, é necessário que todos estejam 5. Referências BERGAMASCHI, S. Um estudo sobre projetos de implementação de sistemas para gestão empresarial. São Paulo: FEA / USP, 1999. CHIAVENATO, I. Os novos paradigmas: como as mudanças estão mexendo com as empresas. São Paulo: Atlas, 1998. COVEY, S. Estatal é o pior negócio do mundo. Revista Exame, São Paulo, ed.609, 08/05/1996, p.33. DAFT, R. L. Organizações: teoria e projetos. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2002. DAVENPORT, T. H. Reengenharia de processos. Rio de Janeiro: Campus, 1994. DOSWELL, A. & SOCKALINGAM, S. Conflict in BPR. Knowledge and Process Management. Glasgow, UK, Vol. 6, n.3, p.146-153, 1999. HAMMER, M. Al[em da reengenharia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. HAMMER, M. & CHAMPY, J. Reengineering the corporation. New York: HaperBusiness, 1994. LEWIN, K. Frontiers in group dynamics: concepts, method, and reality in social science. Human relations. Vol. 1,p.541, 1947. MANGANELLI, R. L. Reengenharia: um guia passo a passo para a transformação da sua empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1995. MORRIS, D. & BRANDON, J. Reengenharia: reestruturando sua empresa. São Paulo: Makron Books, 1994. NADLER, D.A. & TUSHMAN, M.L. A organização do futuro: as lições mais importantes do século XX e os próximos desafios que levarão ao novo desenho da empresa. HSM Management, n.18, 2000. PEREIRA, M. J. L. B. Na cova dos leões: o consultor como facilitador do processo decisório empresarial. São Paulo: Makron Books, 1999. POIRER, C. C. Otimizando sua rede de negócios: como desenvolver uma poderosa rede de fornecedores, fabricantes, distribuidores e varejistas. São Paulo: Futura, 1997. REIJERS, H. A. & MANSAR, L. S. Best practices in business process redesign: an overview and qualitative evaluation of successful redesign heuristics. The International Journal of Management Science. London, Vol. 33, n.7, p.283-306, 2005. RILEY, M. J. & BROWN, D. C. Case Study of the Application of BPR in an SME Contractor. Knowledge and Process Management. Southampton, Vol. 8, n.1, p.17-28, 2001. SARKER, S. & LEE, A. S. IT-enabled organizational transformation: a case study of BPR failure at TELECO. Strategic Information System. Richmond, USA, Vol. 8, p.83-103, 1999. Soares, Débora P.; Do Valle, Rogério A.; Baldam, Roquemar L,; Ragonezi, Telma D. EPC Journal 01 (2009) 64-70 SENGE, P.M. A dança das mudanças: os desafios de manter o crescimento e o sucesso em organizações que aprendem. Rio de Janeiro: Campus, 2000. SILVESTRO, R. & WESTLEY, C. Challenging the paradigm of the process enterprise: a case study analysis of BPR implementation. The International Journal of Management Science. West Midlands, UK, Vol. 30, n.15,p.215-225, 2000. TENG, J. T. C.; GROVER, V. & FIEDLER, K. D. Developing Strategic Perspectives on Business Process Reengineering: From Process Reconfiguration to Organizational Change. University of South California. St. Louis, EUA, Vol. 24, n.3, p.271-296, 1996. 70