Introdução Maria da Graça Correa Jacques Maria Lucia Tiellet Nunes Nara Maria Guazzelli Bernardes Pedrinho A. Guareschi orgs. SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros JACQUES, MGC., et al. org. Relações sociais e ética [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. Introdução, p. 3-4. ISBN: 978-85-99662-89-2. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. All the contents of this chapter, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non Commercial-ShareAlike 3.0 Unported. Todo o conteúdo deste capítulo, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada. Todo el contenido de este capítulo, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported. Na IV Parte discutem-se experiências concretas de intervenção social. É aqui que a teoria é testada e as contradições são enfocadas com crítica e coragem. Na V Parte examina-se a decorrência mais importante dos valores morais e éticos — a problematização das diferenças sociais, ou seja, a contribuição para uma sociedade mais verdadeiramente democrática e pluralista. Boa leitura e profunda reflexão. Introdução Nos dias 6 a 8 de julho de 1994 realizou-se, em Porto Alegre, na PUCRS, o V Encontro Regional da ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia Social). Foram dias de reflexão e discussão, onde mais de 100 pessoas, de vários estados do sul do Brasil, debateram diversos problemas referentes à problemática ética das relações sociais. Após o encontro, acharam os participantes que seria importante e necessário divulgar algumas contribuições que se constituíram em momentos de reflexão somando-se ao coro de milhões de brasileiros que procuram construir uma sociedade mais justa e solidária. O presente volume tem, pois, sua origem na partilha desses questionamentos e inquietações. E como um estuário de dezenas de contribuições advindas da participação de muitos. O que mais nos provocou foi a convicção generalizada de que não é suficiente saber, mas que é necessário modificar, transformar, colocar em prática o que se discutiu. Como afirma Aristóteles, em sua Ética a Nicômacos (II, 2, 1103 b 26-30): “não é para saber o que é a virtude em sua essência que esse estudo foi empreendido, mas para tornar-nos virtuosos”. O que importa é a concretização e a prática. Os trabalhos que seguem fundamentam-se nessas considerações básicas. Dos 52 trabalhos apresentados, foram selecionados 20, e agrupados em cinco grandes temas: I. Tematizações teóricas gerais Quatro trabalhos discutem o que poderíamos chamar de considerações teóricas. Pedrinho Guareschi discute os fundamentos da ética, mostrando que são as relações seu objeto central, traçando as distinções entre ética e moral. Tânia Galli Fonseca traz uma perspectiva interdisciplinar da ética e das relações sociais. Terezinha D’Agosto faz uma abordagem filosófica dessa problemática. Ivo Poletto mostra a ética presente no relacionamento com nosso Planeta Terra e suas consequências para o equilíbrio humano. 2 3 II. Ética e Trabalho Humano Cinco abordagens analisam esse tema central: Paulo Valério Maya discute as estratégias de apropriação do tempo livre, mostrando como esse espaço é sempre mais ligado e legitimado em função da apropriação do trabalho. Maria da Graça Jacques analisa as relações de trabalho como centrais na definição da identidade do trabalhador. Ana Dias e Carla Dalbosco traçam um paralelo entre a atividade dos bolsistas de iniciação científica e o sistema de fábrica do modo de produção capitalista. Jaqueline Tittoni e Henrique Nardi traçam a relação que se estabelece entre saúde mental e trabalho dentro da temática da existência humana e de sua realização. Lúcia Bertini e Guilene Salerno relatam uma intervenção realizada entre trabalhadores no setor de processamento de dados. III. Ética, Meios de Comunicação e Ideologia Três trabalhos tematizam essa problemática. Marcos de Oliveira Muller, em Zero Hora prega o extermínio de espécies — A Ideologia nos meios de comunicação de massa, discute o papel de um grande jornal na estigmatização de determinados grupos humanos, mostrando como se constroem (e se reproduzem) representações sociais valorativas sobre segmentos que podem trazer questionamentos ao grupo ou à ideologia dominante. Um segundo estudo, de Graziela Werba e Fátima Oliveira, IURD: Religião, Poder e Dominação, analisa como a comunicação é empregada por determinados grupos religiosos no sentido de criar e reproduzir relações de dominação. Finalmente, Paulo Roberto de Carvalho faz uma análise institucional da Universidade, especialmente a maneira como se instituem relações de poder. IV. Ética e Intervenção Social Quatro estudos narram estratégias concretas de intervenção na linha de transformação das relações sociais. Jáckson De Toni, Guilene Salerno e Lúcia Bertini apresentam e discutem a aplicabilidade do Método Altadir de Planejamento Popular (MAPP) e a partir de experiências realizadas em Porto Alegre, mostram como a participação pode ser uma realidade nos dias de hoje. Sissi Malta Neves traz a experiência de meninos e meninas em situação de risco, apontando como se pode resgatar ou construir a cidadania 4 entre crianças e adolescentes num Centro de Comunidade através do método do Psicodrama. Sílvia Zanatta Da Ros nos leva para dentro da trama da relação entre o papel educativo da mãe e o mundo social: como se relaciona a pedagogia materna com a complexa realidade das relações sociais? Nilton Fisher narra a experiência da Associação de Papeleiras de Porto Alegre, nas particularidades e nuanças de quem participa dos dramas e dilemas da sobrevivência. V. Ética e Problematização das Diferenças Finalmente, numa quinta seção, são apresentados quatro trabalhos mostrando as dificuldades que surgem quando se pretende construir uma sociedade verdadeiramente democrática e pluralista, que respeite as diferenças e particularidades dos diversos atores e grupos sociais. Nilza da Rosa Silva traz um estudo com pessoas da terceira idade, onde se faz uma análise a partir da dimensão processual da subjetividade. Nara Bernardes, em Ser homem/ser mulher: significações construídas por meninos e meninas de classes populares, analisa as relações entre raça, gênero e classe e aponta para possíveis superações de assimetrias sociais. Petronilha Gonçalves e Silva, especificamente dentro das relações raciais, discute os pressupostos silenciosos que perpassam o cotidiano social. Finalmente, Maria Lucia Tiellet Nunes, a partir duma abordagem psicossocial, apresenta diversos modos de intervenção para superar o estigma da fissura. Aproveitamos para agradecer o grande apoio prestado pela PUCRS, através do Instituto de Psicologia, e pela FAPERGS para a realização do evento. Além disso, por todo um semestre o grupo de estudos sobre Ideologia, Comunicação e Representações Sociais, coordenado pelo Prof. Pedrinho A. Guareschi, se debruçou sobre os textos, contactando os autores e concretizando esse empreendimento. O material é abundante e rico. Pensamos, com isso, estar contribuindo, dentro de nossas possibilidades, na construção de um sociedade igualitária e democrática, onde as relações sejam verdadeiramente justas, isto é, éticas. Os organizadores 5