UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE TECNOLOGIA DIAGNÓSTICOS DE QUALIDADE E DE RECUPERAÇÃO DAS ÁGUAS DAS BACIAS DOS RIOS PIRACICABA, CAPIVARI E JUNDIAÍ: INFLUÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA E DEMAIS INSTRUMENTOS DE GESTÃO Cintia Elena Nicolau Limeira – SP 2º Semestre de 2010. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE TECNOLOGIA DIAGNÓSTICOS DE QUALIDADE E DE RECUPERAÇÃO DAS ÁGUAS DAS BACIAS DOS RIOS PIRACICABA, CAPIVARI E JUNDIAÍ: INFLUÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA E DEMAIS INSTRUMENTOS DE GESTÃO Cintia Elena Nicolau Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida Carvalho de Medeiros Co-orientador: Geólogo Gerôncio Albuquerque Rocha Trabalho de Graduação Interdisciplinar (TGI) apresentado à Faculdade de Tecnologia (FT) como requisito de conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Saneamento Ambiental – Modalidade Saneamento Básico. Limeira – SP 2º Semestre de 2010. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE TECNOLOGIA FOLHA DE APROVAÇÃO Trabalho de Monografia da aluna Cintia Elena Nicolau, apresentado à Faculdade de Tecnologia (FT) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em 07 de dezembro de 2010 e aprovado pela Banca Examinadora composta pelos membros: ________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Aparecida Carvalho de Medeiros ________________________________________________________ Geólogo Gerôncio Albuquerque Rocha ________________________________________________________ Prof. Renato Takami ii DEDICATÓRIA A todo o povo brasileiro que, pagando seus impostos, financiou meus estudos, desde as aulas, os professores, a infraestrutura, o transporte e até mesmo a alimentação, além do meu salário e do meu emprego, gente essa que muitas vezes nem alfabetizada foi, mas que luta diariamente para se manter, manter a família, os filhos... iii AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer a DEUS por todas as graças e por ter conseguido passar por tudo e chegar até aqui. Por Santo Antonio, pela intercessão. Também agradeço a minha família, principalmente a minha mãe, Lourdes, o meu pai, João, minha madrinha Ana, meu tio Darinho, minhas duas avós Lola da Silva (“in memorian”) e Lola Nicolau. Agradeço ao Marcos pela companhia, companheirismo e tudo mais nesse tempo de estudo no CESET / FT e convívio em Limeira e em Osasco. Pela orientação desse trabalho, agradeço à Professora Maria e também ao Geólogo Gerôncio. Agradecimentos especiais às minhas amigas Patricia, Aninha, Jane, Simone A. e Simone B. Também às amigas e companheiras de república Cris, Mari e Thaís. Agradeço ao pessoal da CRHi e da CEA (SMA). Ao André, do CBH-PCJ. Ao pessoal do CESET / FT, agradeço sempre aos técnicos Gilberto, Geraldo, Josiane, Anjaina e Ádria. Também aos meus amigos de jornada, em especial a Graziela, Noely, Eloisa. Aos professores da modalidade, em especial Takami, Ângela, Rafael e Marta. Aos funcionários Izabel, Silvana, Lima, Elena, Helena, Tânia e todas as do Restaurante. Agradeço às contribuições dos amigos do Esperanto. Peço desculpas se por ventura não citei alguém que merecia aqui. iv Naquele outono, de tarde, ao pé da roseira de minha avó, eu obrei. Minha avó não ralhou nem. Obrar não era construir casa ou fazer obra de arte. Esse verbo tinha um dom diferente. Obrar seria o mesmo que cacarar. Sei que o verbo cacarar se aplica mais a passarinhos. Os passarinhos cacaram nas folhas nos postes nas pedras do rio nas casas. Eu só obrei no pé da roseira da minha avó. Mas ela não ralhou nem. Ela disse que as roseiras estavam carecendo de esterco orgânico. E que as obras trazem força e beleza às flores. Por isso, para ajudar, andei a fazer obra nos canteiros da horta. Eu só queria dar força às beterrabas e aos tomates. A vó, então, quis aproveitar o feito para ensinar que o cago não é uma coisa desprezível. Eu tinha vontade de rir porque a vó contrariava os ensinos do pai. Minha avó, ela era transgressora. No propósito ela me disse que até as mariposas gostavam de roçar nas obras verdes. Entendi que obras verdes seriam aquelas feitas no dia. Daí que também a vó me ensinou a não desprezar as coisas desprezíveis E nem os seres desprezados. Manoel de Barros. Memórias Inventadas: A Infância. v SUMÁRIO Pg. LISTA DE FIGURAS............................................................................................ ix LISTA DE TABELAS............................................................................................ xi LISTA DE QUADROS.......................................................................................... xii LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES................................................................. xiii RESUMO............................................................................................................. xvii ABSTRACT.......................................................................................................... xviii RESUMO............................................................................................................. xix 1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 1 2. OBJETIVOS..................................................................................................... 3 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 4 4. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 67 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 72 6. CONCLUSÕES................................................................................................ 107 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 109 vi ÍNDICE Pg. LISTA DE FIGURAS............................................................................................ ix LISTA DE TABELAS............................................................................................ x LISTA DE QUADROS.......................................................................................... xi LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES................................................................. xii RESUMO............................................................................................................. xvi ABSTRACT.......................................................................................................... xvii RESUMO............................................................................................................. xviii 1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 1 2. OBJETIVOS..................................................................................................... 3 2.1 Objetivo Geral...................................................................................... 3 2.2 Objetivo Específico.............................................................................. 3 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 4 3.1 Caracterização das Bacias PCJ.......................................................... 4 3.1.1 Área de Abrangência............................................................. 4 3.1.2 Divisão de Bacias e Sub-bacias............................................ 7 3.1.3 Caracterização Demográfica................................................. 9 3.1.4 Climatologia do Trecho Paulista............................................ 12 3.1.5 Pluviometria........................................................................... 12 3.1.6 Fluviometria........................................................................... 14 3.1.7 Usos e Demandas................................................................. 16 3.1.8 Disponibilidade Hídrica.......................................................... 19 3.1.9 Relação entre Demanda e Disponibilidade........................... 20 3.1.10 Qualidade das Águas.......................................................... 21 3.1.11 Abastecimento de Água....................................................... 28 3.1.12 Coleta e Tratamento de Esgoto........................................... 28 3.1.13 Resíduos Sólidos Domiciliares............................................ 30 3.1.14 Áreas Contaminadas........................................................... 31 3.1.15 Caracterização Político-Administrativa................................ 32 vii 3.1.16 Principais Atividades Industriais.......................................... 35 3.1.17 Uso e Ocupação do Solo..................................................... 37 3.1.18 Vegetação e Biodiversidade................................................ 39 3.1.19 Unidades de Conservação.................................................. 40 3.1.20 Áreas Potenciais de Proteção e Recuperação dos Mananciais de Interesse Regional..................................... 41 3.1.21 Áreas de Preservação Permanente..................................... 42 3.1.22 Outras Áreas Protegidas...................................................... 42 3.2 Licenciamento Ambiental.................................................................... 42 3.3 Política Estadual de Recursos Hídricos de São Paulo........................ 43 3.3.1 Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos..................... 47 3.4 Política Nacional de Recursos Hídricos.............................................. 49 3.4.1 Instrumentos de Gestão......................................................... 51 3.4.2 Pacto de Gestão.................................................................... 55 3.5 Comitês das Bacias PCJ..................................................................... 56 3.6 Cobrança Pelo Uso dos Recursos Hídricos / da Água nas Bacias PCJ................................................................................................... 58 3.7 Planos e Programas Existentes.......................................................... 61 4. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 67 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 72 5.1 Principais Interfaces ou Conflitos em Recursos Hídricos.................... 72 5.1.1 CBH – PCJ............................................................................. 72 5.1.2 CBH – AT (Alto Tietê) ........................................................... 72 5.2 Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos................................... 74 5.2.1 Plano de Bacias Hidrográficas............................................... 74 5.2.2 Enquadramento dos Corpos d’Água...................................... 75 5.2.3 Outorga............................................................................ 75 5.3.4 Cobrança pelo Uso da Água.................................................. 77 5.2.5 Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos................ 81 5.3 Qualidade das Águas.......................................................................... 81 5.3.1 Índice de Qualidade das Águas............................................. 82 5.3.2 Índice de Qualidade de Água para fins de Abastecimento Público................................................................................. 84 viii 5.3.3 Índice de Estado Trófico........................................................ 85 5.3.4 Índice de Qualidade de Água para Proteção da Vida Aquática.............................................................................. 88 5.4 Coleta e Tratamento de Esgoto........................................................... 89 5.5 Investimentos nas Bacias PCJ............................................................ 98 5.5.1 Investimentos com Recursos da Cobrança Federal.............. 103 5.6 Perspectivas Futuras........................................................................... 105 6. CONCLUSÕES................................................................................................ 107 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 109 ix LISTA DE FIGURAS Pg. 1. Bacias Hidrográficas divididas por Unidades de Gerenciamento no Estado de São Paulo, com indicação das Bacias PCJ................................................ 6 2. Municípios das Bacias PCJ.............................................................................. 7 3. Unidades hidrográficas das Bacias PCJ.......................................................... 8 4. Vazões médias históricas, média das mínimas históricas e chuva média na Bacia do Rio Piracicaba................................................................................... 15 5. Relação entre Demanda e Disponibilidade Hídricas nas Bacias PCJ (porção paulista)............................................................................................................ 20 6. Porcentagem em cada faixa de ponto do IQA na UGRHI-5............................ 23 7. IQA na UGRHI-5.............................................................................................. 24 8. IAP na UGRHI-5............................................................................................... 25 9. IVA na UGRHI-5............................................................................................... 26 10. CQS na UGRHI-5........................................................................................... 27 11. Monitoramento automático na UGRHI-5........................................................ 27 12. Recorte da UGRHI 5 – PCJ (porção estadual das Bacias)............................ 34 13. Distribuição das classes de uso e ocupação das terras nas Bacias PCJ...... 38 14. Diretrizes de ação da Política Nacional de Recursos Hídricos...................... 51 15. Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos e sua inter-relação............... 54 16. Estrutura FPEIR............................................................................................. 68 17. Esquema de Funcionamento do Sistema Cantareira.................................... 73 18. IQA em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2005........................................ 82 19. IQA em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2009........................................ 82 20. IAP em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2005........................................ 84 21. IAP em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2009........................................ 84 22. IET em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2005........................................ 86 23. IET em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2009........................................ 86 24. IVA em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2005........................................ 88 25. IVA em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2009........................................ 88 x LISTA DE TABELAS Pg. 1. Precipitações médias históricas e em 2004 e 2005 nas Bacias PCJ.............. 13 2. Disponibilidade hídrica superficial das Bacias PCJ......................................... 19 3. Porcentagem da população urbana atendida pela coleta e pelo tratamento de esgoto e o ICTEM da UGRHI-5................................................................. 30 4. Destinação de resíduos sólidos domésticos na UGRHI-5 em 2008 e 2009.... 31 5. Número de municípios abrangidos pelas Bacias PCJ..................................... 32 6. Municípios com área total nas Bacias PCJ...................................................... 33 7. Municípios com área parcial nas Bacias PCJ.................................................. 33 8. Distribuição das classes de uso e ocupação da terra nas Bacias PCJ........... 38 9. Preços Públicos Unitários para a Cobrança PCJ............................................. 79 10. Arrecadação com a cobrança pelo uso da água nas Bacias PCJ................. 80 11. Investimentos com recursos da Cobrança Federal nas Bacias PCJ, divididos em categorias de projetos, em 2009.............................................. 105 xi LISTA DE QUADROS Pg. 1. Área das Bacias e Sub-bacias PCJ................................................................. 9 2. Demanda de águas superficiais, por tipo de uso, nas Bacias PCJ, excluindo o Sistema Cantareira (porção paulista)............................................................ 16 3. Demanda de águas superficiais, por tipo de uso, nas Bacias PCJ, incluindo o Sistema Cantareira (porção paulista)............................................................ 17 4. Demanda de águas superficiais, por tipo de uso, nas Bacias PCJ, incluindo o Sistema Cantareira, somado com os usos urbanos (porção paulista).......... 17 5. Demanda de águas superficiais para usos urbanos, nas Bacias PCJ, incluindo o Sistema Cantareira (porção paulista)........................................... 18 6. Pontos da rede básica de monitoramento da CETESB escolhidos para o presente estudo.............................................................................................. 71 7. Índices de coleta e de tratamento do esgoto coletado dos anos de 2005 e de 2009 e eficiência de tratamento de 2009 dos municípios com sede na UGRHI-5......................................................................................................... 92 8. Cargas poluidoras potencial e remanescente dos anos de 2005 e de 2009 e o ICTEM no ano de 2009 dos municípios com sede na UGRHI-5................... 95 9. Valores previstos para investimento nas Bacias PCJ para o ano de 2010, segundo a Deliberação dos Comitês PCJ nº 70/2010..................................... 100 10. Estimativa de disponibilidade de recursos no exercício de 2010 pelos Comitês PCJ................................................................................................. 101 11. Investimentos com recursos da Cobrança Federal nas Bacias PCJ nos anos de 2008 e 2009.................................................................................... 104 xii LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES Sigla Significado AHRANA Administração da Hidrovia do Paraná AMBEV American Beverage Company (tradução: Companhia de Bebidas das Américas) ANA Agência Nacional de Águas APA Área de Preservação Ambiental APP Área de Preservação Permanente APRM Áreas de Proteção e Recuperação dos Mananciais ARIE Área de Relevante Interesse Ecológico AT Alto Tietê CATI Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (SAA / SP) CBH Comitê de Bacia Hidrográfica CEPAM Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal CERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos (MG) CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CNARH Cadastro Nacional dos Recursos Hídricos CNRH Conselho Nacional dos Recursos Hídricos CODASP Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo COFEHIDRO Conselho de Orientação do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (SP) CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CONDEPHAAT Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo CORHI Comitê Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos (SP) CQS Critério de Qualidade dos Sedimentos CRH Conselho Estadual de Recursos Hídricos (SP) CRHi Coordenadoria de Recursos Hídricos (SMA / SP) CT Câmara Técnica xiii Sigla Significado DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica DBO Demanda bioquímica de oxigênio DH Departamento Hidroviário (ST / SP) EE Estação Ecológica ESALQ Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP) ETA Estação de Tratamento de Água ETE Estação de Tratamento de Esgoto FEAM Fundação Ambiental do Estado de Minas Gerais FECOP Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição (SP) FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos (SP) FERROBAN Ferrovia Bandeirantes S/A FPEIR Força-Motriz, Pressão, Estado, Impacto e Resposta GEO Global Environment Outlook (tradução: Panorama Ambiental Global) HTP Hidrovia Tietê-Paraná IAC Instituto Agronômico de Campinas IAP Índice de Qualidade de Água para fins de Abastecimento Público IB Índice de Balneabilidade IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBM Internacional Business Machine ICB Índice de Comunidade Bentônica ICF Índice de Comunidade Fitoplanctônica ICTEM Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto da População Urbana de Município ICZ Índice de Comunidade Zooplanctônica IET Índice de Estado Trófico IF Instituto Florestal (SMA / SP) IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas IQA Índice de Qualidade de Água IQR Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos IVA Índice de Qualidade de Água para Proteção da Vida Aquática xiv Sigla Significado MMA Ministério do Meio Ambiente OD Oxigênio dissolvido ONU Organização das Nações Unidas PCJ Piracicaba, Capivari e Jundiaí Bacias PCJ Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí Consórcio PCJ Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí Rios PCJ Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí PERH Plano Estadual de Recursos Hídricos (SP) PETROBRAS Petróleo Brasileiro S/A PJ Piracicaba e Jaguari PPM Programa de Proteção aos Mananciais PRMC Programa de Recuperação de Matas Ciliares PROAGUA Programa Nacional de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos PRODES Programa Despoluição de Bacias Hidrográficas PUB Preço Unitário Básico PUF Preço Unitário Final Qmédia Vazão média com base na série histórica de longo termo Qmínima (Q7,10) Vazão mínima para sete dias consecutivos com período de retorno de 10 anos RA Região Administrativa (SP) REPLAN Refinaria do Planalto (PETROBRAS) RG Região de Governo (SP) RH Região Hidrográfica RMC Região Metropolitana de Campinas RMSP Região Metropolitana de São Paulo RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural SAA Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SP) SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SEADE Sistema Estadual de Análise de Dados (SP) SEMAD Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (MG) xv Sigla Significado SEP Secretaria de Economia e Planejamento (SP) SIGRH Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SP) SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos SMA Secretaria do Meio Ambiente (SP) SMIA Sistema Municipal de Informações Ambientais SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação SRHU Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (MMA) SSE Secretaria de Saneamento e Energia (SP) ST Secretaria dos Transportes (SP) UC Unidade de Conservação UGRH Unidades de Gestão de Recursos Hídricos de Bacias Hidrográficas de rios de domínio da União UGRHI Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SP) UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (tradução: Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita” UNICAMP Universidade Estadual de Campinas UPGRH Unidade de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos (MG) USP Universidade de São Paulo xvi RESUMO O Brasil é um país rico em recursos naturais, principalmente a água, recurso essencial à vida. A falta de investimentos em saneamento ambiental básico está levando a uma situação de caos, com a degradação e a contaminação dos principais mananciais de abastecimento, principalmente das grandes capitais e regiões metropolitanas. O gerenciamento dos recursos hídricos vem assumindo, cada vez mais, uma dimensão de grande importância, em razão de sua importância estratégica para o desenvolvimento econômico sustentável. A criação dos colegiados deliberativos estabeleceu canais permanentes que institucionalizaram a participação da sociedade de forma organizada. O presente trabalho realiza um levantamento dos diagnósticos de qualidade e de recuperação das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), a partir dos dados levantados, efetuando uma análise sobre as influências e perspectivas da cobrança pelo uso da água e demais instrumentos de gestão nas Bacias PCJ, tendo em vista a qualidade das águas. Os instrumentos de gestão são de fundamental importância para a região, para se permitir melhores diagnósticos e controle das águas, levando a melhores e maiores investimentos nessas bacias. Ao longo dos últimos anos, houve melhoria de qualidade em alguns pontos de monitoramento, porém houve deterioração em outros pontos. Apesar de existir uma base legal para o combate à degradação dos corpos d’água, é necessário que seja utilizada grande montante de recursos financeiros para o combate à poluição e reversão da situação de degradação atual. Os investimentos em saneamento ambiental têm sido cada vez maiores nas bacias, graças principalmente à cobrança pelo uso da água, mas ainda não são suficientes, devendo cada vez mais ser alocados recursos para tal setor. A maioria dos empreendimentos apoiados e a grande maioria dos recursos investidos correspondem a projetos ligados ao esgotamento sanitário, empreendimentos esses de grande importância para a melhoria da qualidade das águas dos rios das Bacias PCJ. Palavras-chave: Bacias PCJ, Qualidade, Instrumentos de Gestão xvii ABSTRACT Brazil is a rich country in natural resources, especially water resource essential to life. The lack of investment in basic environmental sanitation is taking to a situation of chaos, degradation and contamination of the main sources of supply, especially the big cities and metropolitan regions. The management of water resources has increasingly taken a dimension of great importance, because of its strategic importance for economic and sustainable development. The creation of deliberative collegiates established permanent channels that have institutionalized the society participation in an organized manner. This work makes a survey of diagnostic quality and recovery of Piracicaba, Capivari and Jundiaí (PCJ) Rivers Basins, from the data collected, making an analysis about the influences and perspectives of water use charges and other management tools from PCJ Basins in order water quality. The management tools are essential for the region to allow better diagnostics and control of water, taking to the biggest and best investments in these basins. Over the past year, there was some improvement in monitoring quality points, but there was deterioration elsewhere. Although there is a legal basis for combating degradation of water bodies, it must be used in large amount financial resources for combating pollution and reverse the current situation of degradation. The investments in environmental sanitation have been larger in basins, principally due to water use charge, but still are not sufficient and should be allocated more resources to this sector. Most of the projects supported and the vast majority of resources are invested in projects related to sanitation, these projects of great importance to improve the quality of water PCJ rivers Basins. Keywords: PCJ Basins, Quality, Management tools xviii RESUMO Brazilo estas riĉa lando laŭ naturaj rimedoj, precipe akvo, rimedo esenca al la vivo. La manko de investo je baza ekologia sanitareco estigas situacion de ĥaoso, degenero kaj kontaminado de la ĉefaj fontoj de provizo, precipe en la urbegoj kaj metropolaj regionoj. La administrado de akvo-rimedoj havas pli kaj pli grandan gravecon, pro ĝia strategia graveco por daŭripova ekonomia evoluo. La kreo de decidopovaj konsilioj starigis konstantajn kanalojn, kiu instituciigis la partoprenon de La socio en organizita maniero. Ĉi tiú verko farás enketon pri kvalito-diagnozo kaj rehabilitado de la riverbasenoj Piracicaba, Capivari kaj Jundiaí (PCJ), analizante, per la donitaĵoj, la influojn kaj perspektivojn de pagpostulo por akvouzado kaj aliaj administraj iloj, laŭ la akvo-kvalito. La administraj iloj estas esencaj por la regiono, ebligante pli bonan diagnozon kaj regon de La akvo, kaj al pli grandaj kaj pli bonaj investoj em tiuj ĉi basenoj. Dum la lastaj jaroj, estis iuj plibonigoj laŭ kelkaj kriterioj, sed ankaŭ malbonigo en aliaj. Kvankam estas jura bazo por batalo kontraŭ la degenero de akvomasoj, oni devas uzi grandan kvanton da financaj rimedoj por batali kontraŭ poluado kaj retroirigi la aktualan situacion de degenero. La investo je media sanitareco estas pli kaj pli grandaj em la basenoj, ĉefe pro la postulo de pago pro akvouzado, sed ankoraŭ ne sufiĉaj kaj devas esti asignataj pli da rimedoj al ĉi tiu sektoro. La plimulto de la projektoj subtenataj kaj La plejmultaj rimedoj investitaj rilatas al projektoj de sanitaraj kloakoj, projektoj de granda graveco por la plibonigo de la kvalito de La akvo en la PCJ-basenoj. Ŝlosilvortojn: PCJ Basenoj, Kvalito, Administraj iloj 1 1. INTRODUÇÃO Um dos maiores desafios planetários no século XXI é assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos hídricos, como condição essencial para a cidadania plena, a qualidade de vida, a redução da pobreza e um modelo de desenvolvimento que considere os direitos das atuais e futuras gerações a um ambiente limpo e saudável. A água, recurso natural essencial à vida, desponta como um dos principais fatores limitantes, tanto para assegurar o crescimento da maioria das atividades econômicas, como para garantir a melhoria das condições básicas de saúde e higiene. O Brasil é um país rico em recursos naturais, porém a falta de integração setorial e, principalmente, de saneamento ambiental, estão levando a uma situação de caos urbano, com a degradação e a contaminação dos principais mananciais de abastecimento, principalmente das grandes capitais e regiões metropolitanas. Até o início do século XX, a economia brasileira era quase que exclusivamente agrícola e a utilização da água era de interesse local, para abastecimento das cidades e para geração de energia elétrica em pequenos aproveitamentos hidrelétricos (THAME, 2002). No século XX, o Brasil se tornou um país industrializado, gerando novas demandas e usos da águia, assim como novas fontes poluidoras, sobretudo nas regiões mais desenvolvidas, destacando-se estado de São Paulo, que possuem menor disponibilidade de recursos hídricos per capta, ocasionando conflitos e a necessidade de um sistema de gestão de recursos hídricos, assim como de uma política de estadual de recursos hídricos e a respectiva evolução da legislação ambiental. Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, era necessário reconstruir as bases de uma democracia real e contemplar a busca do desenvolvimento autossustentável, o qual, garantindo a preservação do meio ambiente, oferece aos cidadãos condições mínimas de trabalho, habitação, educação, saúde pública e bem-estar social. 2 A Constituição do Estado de São Paulo, promulgada em 1989, não só incluiu um capítulo inteiro sobre meio ambiente e recursos naturais, mas também uma seção específica sobre recursos hídricos. Ela exigiu que o Estado instituísse, por lei, a gestão compartilhada dos recursos hídricos por meio de um sistema integrado de gerenciamento, congregando órgãos estaduais, municipais e a sociedade civil; estabeleceu a obrigatoriedade de o Estado assegurar os meios financeiros e institucionais para o efetivo exercício da gestão compartilhada, descentralizada, participativa e integrada. O gerenciamento dos recursos hídricos vem assumindo, cada vez mais, uma dimensão que extrapola as instâncias antes estabelecidas, em razão de sua importância estratégica para o desenvolvimento econômico sustentável. O sistema de gerenciamento de recursos hídricos, ao criar a figura dos colegiados deliberativos, estabeleceu canais permanentes que institucionalizaram a participação da sociedade de forma organizada (THAME, 2002). A Lei estadual nº 7.663/1991, que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos, criou em suas disposições transitórias dois colegiados: o Comitê de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) e Comitê do Alto Tietê (CBH-AT). Essas regiões foram escolhidas para iniciar a implantação da Política Estadual de Recursos Hídricos, porque já dispunham de estudos e mobilização suficientes para alavancar e sustentar tais ações de gestão de recursos hídricos. A cobrança pelo uso da água, baseada nos princípios de direito ambiental usuário-pagador e poluidor-pagador, é um instrumento de gestão de recursos hídricos com efeito indutor do uso racional da água, que acompanhada pela educação ambiental, fomentam a consciência de conservação nos usuários. O Decreto nº 50667/2006 regulamentou dispositivos da Lei nº 12.183/2005, que trata da cobrança pela utilização dos recursos hídricos do estado de São Paulo e dá outras providências. Nesse contexto, no presente trabalho será realizado um levantamento dos diagnósticos de qualidade e de recuperação das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), discorrendo sobre influências e perspectivas da cobrança pelo uso da água e demais instrumentos de gestão. 3 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral O presente trabalho tem como objetivo geral realizar um levantamento dos diagnósticos de qualidade e de recuperação das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), a partir dos dados levantados, efetuando uma análise sobre as influências e perspectivas da cobrança pelo uso da água e demais instrumentos de gestão nas Bacias PCJ, tendo em vista a qualidade das águas. 2.2 Objetivo Específico O presente trabalho tem como objetivo específico efetuar um levantamento dos dados da cobrança pelo uso da água nas Bacias PCJ, desde a implantação em 2006, até a presente data, e a influência dessas na qualidade dos recursos hídricos na região das Bacias PCJ, avaliando as informações quantitativas e qualitativas existentes em sítios eletrônicos e publicações da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), dos Comitês PCJ, da Agência Nacional de Águas (ANA) etc., buscando correlacionar esses dados com os dados de cobrança pelo uso da água na região das Bacias PCJ. 4 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Caracterização das Bacias PCJ O conceito de bacia hidrográfica como uma unidade de pesquisa, gerenciamento e aplicação das informações básicas, é o resultado de longa evolução. Bacia Hidrográfica é a unidade biogeofisiográfica que drena para rio, lago, represa ou oceano. Atualmente, portanto, esse conceito está bem estabelecido e consolidado, representando um grande processo de descentralização da gestão baseada em pesquisa e inovação aplicada a cada bacia hidrográfica. Nesse contexto, escalas espaciais e temporais são fundamentais a serem consideradas (TUNDISI et al, 2008). 3.1.1 Área de Abrangência As Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – PCJ, importantes bacias hidrográficas do sudeste brasileiro, inserem-se na região leste/nordeste do Estado de São Paulo até os limites com o Estado de Minas Gerais, chegando inclusive, a abranger uma pequena parte do seu território. Foram delimitadas e classificadas como de vocação industrial em São Paulo pelo segundo Plano Estadual de Recursos Hídricos, pela Lei nº 9.034/1994 (SÃO PAULO, 1994). Fazem parte da Bacia do Rio Tietê em sua porção média, que tem sua foz no Rio Paraná, pertencente à Região Hidrográfica (RH) do Paraná, segundo a divisão dada pela Resolução nº 109/2010 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH (BRASIL / MMA / CNRH, 2010), que por sua vez pertence à Bacia Hidrográfica do Prata (que engloba os países Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai) e deságua no Oceano Atlântico entre os países Argentina e Uruguai. Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), as Bacias PCJ localizam-se entre as coordenadas geográficas 45°50’ e 48°30’ de longitude oeste e 22°00’ e 23°20’ de latitude sul, e correspondem a uma área de 15.303,67 km2. Abrange o território integral de 45 municípios paulistas e três 5 mineiros, assim como parte do território de outros 29 municípios, sendo 13 com a sede localizada nas Bacias (12 paulistas e um município mineiro) e 16 com a sede fora das Bacias (15 paulistas e um mineiro), de acordo com dados retirados do Mapa das Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo – UGRHI (SÃO PAULO / IGC, 2008) e do referido Plano de Bacias. Esse recorte espacial de área de 15.303,67 km2 corresponde a 92,38% no Estado de São Paulo (14.137,79 km2) e 7,62% no Estado de Minas Gerais (1.165,88 km2), apresentando extensão aproximada de 300 km no sentido leste-oeste e 100 km no sentido norte-sul. No Estado de São Paulo, a Bacia conjunta dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (todos afluentes do Médio Tietê) estende-se por 14.137,79 km2, sendo 11.402,84 km2 correspondentes à Bacia do Rio Piracicaba, 1.620,92 km2 à Bacia do Rio Capivari e 1.114,03 km2 à Bacia do Rio Jundiaí. No Estado de Minas Gerais o Rio Piracicaba tem área de 1.165,88 km2, de acordo com o Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2009 (AGÊNCIA PCJ, 2009). A porção paulista das bacias é denominada Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos nº 5 (UGRHI-5) fazendo divisa ao norte com a UGRHI-9 (Mogi), à leste com Minas Gerais, à sudeste com a UGRHI-2 (Paraíba do Sul), ao sul com a UGRHI-6 (Alto Tietê), à oeste/sudoeste com a UGRHI-10 (Sorocaba / Médio Tietê) e à noroeste com a UGRHI-13 (Tietê / Jacaré). A porção mineira das bacias é denominada Unidade de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba e Jaguari (UPGRH-PJ1). A Figura 1 apresenta a divisão das UGRHI’s paulistas, segundo a divisão da Lei 9.034/1994 (SÃO PAULO, 1994), com indicação das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) no Estado de São Paulo. 6 Figura – 1. Bacias Hidrográficas divididas por Unidades de Gerenciamento no Estado de São Paulo, com indicação das Bacias PCJ. Fonte: Agência de Água PCJ, 2008a. Segundo o relatório de Situação dos recursos hídricos no Estado de São Paulo 2010 (SÃO PAULO / SMA / CRHi, 2010), os principais rios das Bacias PCJ são: Rio Atibaia, Rio Atibainha, Rio Cachoeira, Rio Camanducaia, Rio Capivari, Rio Corumbataí, Rio Jaguari, Rio Jundiaí e Rio Piracicaba. Os principais reservatórios são: Usina de Barra Bonita (Rio Piracicaba), Salto Grande (Rio Atibaia), Jacareí e Jaguari (Rio Jacareí), Atibainha (Rio Atibainha) e Cachoeira (Rio Cachoeira), sendo os quatro últimos reservatórios fazem parte do Sistema Produtor Cantareira1. A Figura 2 apresenta um recorte dos municípios das Bacias Hidrográficas PCJ, incluindo os municípios paulistas e mineiros, de acordo com a divisão nacional de Unidades de Gestão de Recursos Hídricos de Bacias Hidrográficas de rios de domínio da União – UGRH-PCJ dada pela Resolução CNRH nº 109/2010 (BRASIL / MMA / CNRH, 2010). 1 O Sistema Cantareira é o sistema que abastece parte da população Grande São Paulo, com captação nas Bacias PCJ. Será tratado no item 5 deste trabalho. 7 Figura – 2. Municípios das Bacias PCJ. Fonte: Agência de Água PCJ, 2009. 3.1.2 Divisão de Bacias e Sub-bacias Segundo o Plano das Bacias Hidrográficas PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), em termos hidrográficos, há sete unidades (sub-bacias) principais, sendo cinco pertencentes ao Rio Piracicaba (Piracicaba, Corumbataí, Jaguari, Camanducaia e Atibaia), além da Bacia do Rio Capivari e a Bacia do Rio Jundiaí, conforme divisão apresentada na Figura 3. 8 Figura – 3. Unidades hidrográficas das Bacias PCJ. Fonte: Agência de Água PCJ, 2008b. A Bacia do Rio Piracicaba apresenta uma extensão aproximada de 250 km, desde suas cabeceiras na Serra da Mantiqueira, no Estado de Minas Gerais, até a sua foz no Rio Tietê, mais especificamente no Reservatório de Barra Bonita, na divisa entre os municípios de Dois Córregos (fora das Bacias PCJ) e Botucatu (com sede fora das Bacias PCJ) e Santa Maria da Serra. A Bacia do Rio Capivari apresenta uma extensão de 180 km, desde as cabeceiras na Serra do Jardim, entre os municípios de Itatiba e Jundiaí e à montante de Louveira até a foz, no Rio Tietê, município de Tietê. A Bacia do Rio Jundiaí apresenta uma extensão de cerca de 110 km, desde suas cabeceiras na Serra da Pedra Vermelha, no município de Mairiporã até sua foz em Salto no Rio Tietê. As áreas de drenagem das Bacias PCJ estão apresentadas no Quadro 1. 9 Quadro 1. Área das Bacias e Sub-bacias PCJ. Fonte: Agência de Água PCJ, 2008a. No Estado de Minas Gerais, a área abrangida corresponde à cabeceira da Bacia do Rio Jaguari, formador do Rio Piracicaba, e de um dos seus principais afluentes, o Rio Camanducaia. Salienta-se a existência de outro rio com o nome de Camanducaia no trecho mineiro da Bacia, porém, de menor porte que o referido no Quadro 1. O município mineiro de Sapucaí-Mirim está parcialmente inserido na Bacia do Rio Piracicaba (Rio Jaguari, mais precisamente), com área rural. O município mineiro de Camanducaia tem parte de sua área rural fora da Bacia do Piracicaba. Esses municípios escoam quase a totalidade de suas águas para a Bacia do Rio Jaguari, formador do Rio Piracicaba, com exceção de pequena porção no município de Camanducaia. Essa porção no território mineiro drena suas águas para a Bacia do Ribeirão do Cancã (afluente do Rio da Cachoeira, que é afluente do Rio Atibaia, afluente do Rio Piracicaba) e foi responsável pela “federalização” de todo o Rio Atibaia2. 3.1.3 Caracterização Demográfica Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), as décadas de 1950 e 1960 foram um período de elevado crescimento 2 Até 2004, apenas os Rios Jaguari e Piracicaba, eram de domínio federal. Com a redefinição dos limites das bacias e sub-bacias hidrográficas e por ocasião dos trabalhos para a renovação da outorga do Sistema Cantareira e dos trabalhos para a definição da cobrança pelo uso dos recursos hídricos na região, tornaram-se também de domínio federal os Rios Atibaia, Camanducaia, da Guardinha e um trecho menor de um afluente do Rio Cachoeirinha. (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a). 10 populacional no Alto Tietê, devido ao acentuado volume migratório e no decorrer da década de 1970, observou-se um processo de distribuição dos fluxos migratórios entre a metrópole e o interior do Estado. Esse fato, somado ao esvaziamento de extensas áreas rurais, decorrente do aumento do emprego urbano e da modernização da agricultura e pecuária, resultaram na aceleração da urbanização do interior. Cidades antes consideradas de médio porte transformaram-se em importantes polos regionais. Assim, a industrialização serviu como um dos principais fatores de atração populacional das Bacias PCJ, principalmente a partir da década de 1970. Segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE)3 apud AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ (2008a), os municípios com sedes localizadas nas Bacias PCJ apresentavam uma população total no ano de 2000, em torno de 4,22 milhões de habitantes, dos quais 3,97 milhões (94,2%) seriam residentes de áreas urbanas e apenas 250.000 (5,8%) de áreas rurais. À cabeceira dos Rios Jaguari e Camanducaia, na parte da bacia que drena as águas do Estado de Minas Gerais, localizam-se quatro sedes de municípios, de Camanducaia, Extrema, Itapeva e Toledo, que contam com uma população total em torno de 50.000 habitantes, dos quais 30.000 (60%) residem em áreas urbanas. Considerando a população de todos os municípios abrangidos pelas Bacias PCJ, essa representou em 2000, aproximadamente 11,3% da população residente no Estado paulista. Dada a importância econômica da região liderada por Campinas, principalmente a Região Metropolitana de Campinas (RMC), essa participação populacional no Estado apresentou significativo crescimento, quando se compara os dados do Censo de 2000 com o Censo de 1970, ano em que a região representava apenas 8,5% da população estadual (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a). No período de 2000 a 2003, a Região Administrativa de Campinas apresentou queda no seu ritmo de crescimento anual, embora esse crescimento seja superior ao da Região Metropolitana de São Paulo e da média do próprio Estado de São Paulo. Segundo o Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2009 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2009), em 2007, a população nas Bacias PCJ (municípios com sede nas Bacias) chegou a um total de 4.981.897 habitantes. O 3 Citado por AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a: SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados). Banco de Dados de Informações dos Municípios Paulistas. São Paulo: Departamento Gráfico da Fundação SEADE, 2004. 11 município com a maior população é Campinas, com 1.053.252 habitantes e a menor população é de Águas de São Pedro com 1.979 habitantes. A maior parte dos municípios (75,44%) possui população inferior a 100.000 habitantes. Segundo o relatório de Qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo 2009 (SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b), a população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2009 era de 5.038.433 habitantes. Os municípios que tangenciam as principais cidades pertencentes às Bacias PCJ apresentaram crescimento anual superior em relação àquelas cidades. Isso denota tendência de crescimento das cidades-dormitório caracterizadas por uma população que trabalha nas cidades-polo. Essa tendência aponta também para um incremento nas atividades desses municípios. De acordo com o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), os dez municípios mais populosos são: Campinas, Piracicaba, Jundiaí, Limeira, Sumaré, Americana, Santa Bárbara D'Oeste, Rio Claro, Hortolândia e Indaiatuba (todos paulistas), que perfazem em torno de 65% da população das Bacias PCJ, ou seja, quase dois terços do total. O crescimento da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) em direção ao eixo das rodovias Anhanguera (SP-330) e Dos Bandeirantes (SP-348) teve destacado papel na conurbação, praticamente contínua, desde os municípios de Caieiras, Franco da Rocha e Francisco Morato, na Grande São Paulo, até Campinas, passando por Jundiaí. O corredor São Paulo – Campinas e os rumos a Rio Claro e Piracicaba, constituem-se nos principais eixos de estruturação urbana das Bacias PCJ, onde se situam as cidades de Sumaré, Hortolândia, Nova Odessa, Americana, Limeira e Santa Bárbara D’Oeste. O processo de ocupação e formação da região das Bacias PCJ é marcado pela sua posição estratégica entre Goiás, Minas Gerais e Paraná, e por suas características ambientais, as quais permitiram o desenvolvimento da agricultura. Nesse contexto, Campinas surge como elemento polarizador da região, abrigando um elevado volume populacional e centralizando as atividades econômicas. 12 3.1.4 Climatologia do Trecho Paulista Os dados referentes aos aspectos climáticos são organizados, no Estado de São Paulo, pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), em estações meteorológicas. Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA PCJ, 2008a), o clima na região sofre influência das massas de ar atlânticas polares e tropicais, provocando diferenças regionais dadas pela distância em relação ao mar e por fatores topoclimáticos, como as serras do Japi e de São Pedro. Em toda a região das Bacias PCJ, predominam os ventos do sul. De modo geral, o clima é do tipo quente, temperado e chuvoso, apresentando três faixas de ocorrências, classificadas segundo a divisão internacional de Köeppen em: • Subtipo Cfb: sem estação seca e com verões tépidos4, nas porções baixas das bacias; • Subtipo Cfa: sem estação seca e com verões quentes, nas partes médias das bacias; • Subtipo Cwa: com inverno seco e verões quentes, nas porções serranas das cabeceiras. 3.1.5 Pluviometria Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), nas Bacias PCJ, o período chuvoso ocorre entre os meses de outubro e abril e o de estiagem, entre maio e setembro. Os índices de precipitação pluviométrica, na média, variam entre 1.200 e 1.800 mm anuais. Entretanto, nos trechos das cabeceiras dos cursos formadores do Rio Piracicaba, na região da Mantiqueira, à leste de Bragança Paulista, ocorrem as maiores precipitações pluviométricas, cujos índices superam os 2.000 mm anuais. Esses índices caem para 1.400 mm e 200 mm, nos cursos médios e baixos, respectivamente. Na região mais à oeste, a temperatura aumenta e a precipitação diminui, ficando a média 4 Segundo o Miniaurélio (FERREIRA, 2008): Tépido: adjetivo. 1. Que tem pouco calor; morno. 13 próxima de 1.300 mm. As chuvas convectivas5 são favorecidas pela presença da serra de São Pedro, que facilita a formação de cúmulos-nimbos6. Segundo o Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2004 – 20067 apud Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), os estudos realizados sobre o comportamento das precipitações pluviais objetivaram, prioritariamente, realizar o inventário das estações pluviométricas existentes nas Bacias PCJ e selecionar as que possuíam dados com uma série histórica de 30 anos, retroativos a 2005. Foram identificados 36 postos com dados que atendessem às condições que correspondessem à metodologia adotada. A partir desses valores médios dos totais mensais por estação pluviométrica, foram estimados os valores médios anuais de precipitação nas Sub-bacias, apresentados na Tabela 1. TABELA 1. Precipitações médias históricas e em 2004 e 2005 nas Bacias PCJ. Precipitações totais anuais (mm) Bacia Média Histórica 2004 2005 Sub-bacias Hidrográficas do Rio Piracicaba Rio Camanducaia 1.576 1.521 1.466 Rio Jaguari 1.489 1.465 1.415 Rio Atibaia 1.470 1.465 1.442 Rio Corumbataí 1.412 1.499 1.279 Rio Piracicaba 1.344 1.362 1.161 Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí Piracicaba 1.458 1.462 1.353 Capivari 1.334 1.223 1.200 Jundiaí 1.363 1.155 1.354 Fonte: Agência de Água PCJ, 2008a. 5 São chuvas causadas pelo movimento de massas de ar mais quentes que sobem e condensam. As chuvas convectivas ocorrem, principalmente, devido à diferença de temperatura nas camadas próximas da atmosfera terrestre. São caracterizadas por serem de curta duração porém de alta intensidade e abrangem pequenas áreas (INFOESCOLA, [s.d.]). 6 Nuvem densa e possante de grande dimensão vertical, em forma de montanha ou de enormes torres; as dimensões horizontais e verticais são tão grandes que a forma característica da nuvem só pode ser vista a longa distância (USP / IAG / MASTER, [s.d.].). 7 Citado por AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a: CBH - PCJ, Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí; IRRIGART, IRRIGART - Engenharia e Consultoria em Recursos Hídricos e Meio Ambiente Ltda. Relatório de Situação dos Recursos Hídricos das Bacias PCJ 2004 – 2006. Piracicaba, 2007. 14 3.1.6 Fluviometria Para a realização de um estudo detalhado do regime das vazões em um determinado curso d’água é essencial possuir uma boa série de dados, com estações localizadas em diversos pontos. Quando se trabalha com Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI’s) é muito importante conhecer a vazão nos pontos limites das Bacias, isso é, no exutório de cada Bacia ou Subbacia, de acordo com a disponibilidade de dados. Devido ao baixo número de postos fluviométricos com dados disponíveis para os anos de 2004 e 2005 para as Bacias PCJ, para a elaboração do Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), adotaram-se os valores de vazões médias e mínimas baseados nos valores encontrados no Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2002 – 2003, obtidos através de regressões polinomiais com as séries históricas disponíveis. Foram selecionados os postos fluviométricos com dados disponíveis para 2004 e 2005 e que se localizavam mais próximos aos exutórios da Bacia/Sub-bacia a qual pertenciam, resultando em apenas um posto por Bacia/Sub-bacia (nesse trabalho, será apresentado apenas a somatória para a Bacia do Rio Piracicaba), sendo que nas Bacias do Capivari e do Jundiaí não existem postos fluviométricos com dados atualizados, de tal forma que essa análise não foi realizada para essas bacias. Nos postos selecionados foram quantificadas as vazões médias e mínimas mensais para os anos de 2004 e 2005. Os valores encontrados foram ajustados matematicamente para o exutório da Sub-bacia a qual pertence, através da correlação entre as áreas de drenagem. Uma análise foi realizada para a somatória da Bacia do Rio Piracicaba, já que essa análise é o reflexo do comportamento de todas as Sub-bacias existentes (Camanducaia, Jaguari, Atibaia, Piracicaba e Corumbataí), uma vez que são formadoras do Rio Piracicaba, apresentado na Figura 4. 15 Figura – 4. Vazões médias históricas, média das mínimas históricas e chuva média na Bacia do Rio Piracicaba. Fonte: Relatório de situação dos recursos hídricos 2004 – 2006 apud AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a. Segundo o Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2004 – 2006 apud Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), no exutório do Rio Piracicaba, estimou-se que as vazões dos anos de 2004 e 2005 ficaram bem abaixo da média histórica, porém o ano de 2005 apresentou uma considerável melhora dos níveis, mesmo com chuvas menores, principalmente nos meses tradicionalmente secos (abril a setembro), com exceção do mês de agosto, cujas vazões médias foram menores em 2005, em comparação a 2004. Essa ocorrência pode ser atribuída aos baixos valores de precipitação encontrados em todas as Sub-bacias formadoras do Rio Piracicaba. Esse comportamento é reflexo das novas regras de operação do Sistema Cantareira, que entraram em vigor em agosto de 2004, após a publicação da Portaria DAEE nº 1.213/2004 (SÃO PAULO, 2004), segundo consta no Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a). 16 3.1.7 Usos e Demandas De acordo com o Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2008 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008b), com dados de 2007, os dados apresentados pelo DAEE para as Bacias PCJ abrangem 2.800 usos cadastrados, divididos da seguinte forma: 513 captações superficiais; 479 lançamentos superficiais; e 1.808 captações subterrâneas. Com relação ao tipo de uso para captações superficiais, predomina na Bacia o uso urbano (56%), seguido pelo uso industrial (24%), uso rural (18%) e outros usos (1%), como consta no Quadro 2, que apresenta também o comparativo das demandas levantadas nos relatórios de situação anteriores. Quadro 2. Demanda de águas superficiais, por tipo de uso, nas Bacias PCJ, excluindo o Sistema Cantareira (porção paulista). Tipos de uso 1999 2002-2003 2004-2006 2007 Usos m3.s-1 18,31 17,37 17,05 19,58 Urbanos % 43 42 45 56 Usos m3.s-1 16,31 14,56 13,56 8,53 Industriais % 38 35 35 24 Usos m3.s-1 7,92 9,11 7,01 6,38 Rurais % 19 22 18 18 Demais m3.s-1 0,08 0,29 0,59 0,38 Usos % <1 1 2 1 Total 3 42,62 41,33 38,21 34,87 -1 m .s Fonte: AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008b. A essas demandas, soma-se a transposição de 31 m3.s-1 das águas das Bacias PCJ pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) para a bacia do Alto Tietê (AT) por meio do Sistema Cantareira para abastecimento de parte da RMSP, apresentada no Quadro 3. Esse volume era de 33 m3.s-1 até 2004 (considerou-se 31 m3.s-1 a partir do período 2004 – 2006). Considerando essa transposição sendo para usos urbanos, o Quadro 4 apresenta essa demanda somada à demanda para mesma finalidade nas Bacias PCJ. O Quadro 5 apresenta somente os usos urbanos, considerando a demanda das Bacias 17 PCJ e o Sistema Cantareira, onde se observa que o Sistema Cantareira se utiliza mais de 60% dessa demanda. Quadro 3. Demanda de águas superficiais, por tipo de uso, nas Bacias PCJ, incluindo o Sistema Cantareira (porção paulista). Tipos de uso 1999 3 -1 2002-2003 2004-2006 2007 Usos m .s 18,31 17,37 17,05 19,58 Urbanos % 24 23 25 30 Usos m3.s-1 16,31 14,56 13,56 8,53 Industriais % 22 20 20 13 Usos m3.s-1 7,92 9,11 7,01 6,38 Rurais % 10 12 10 10 Demais m3.s-1 0,08 0,29 0,59 0,38 Usos % <1 <1 1 1 Sistema m3.s-1 33,00 33,00 31,00 31,00 % 44 44 45 47 75,62 74,33 69,21 65,87 Cantareira Total 3 -1 m .s Fonte: AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008b (adaptado). Quadro 4. Demanda de águas superficiais, por tipo de uso, nas Bacias PCJ, incluindo o Sistema Cantareira, somado com os usos urbanos (porção paulista). Tipos de uso Usos Urbanos 1999 2002-2003 2004-2006 2007 m3.s-1 51,31 50,37 48,05 50,58 Cantareira % 68 68 69 77 Usos m3.s-1 16,31 14,56 13,56 8,53 Industriais % 22 20 20 13 Usos m3.s-1 7,92 9,11 7,01 6,38 Rurais % 10 12 10 10 Demais m3.s-1 0,08 0,29 0,59 0,38 Usos % <1 <1 1 1 Total 3 75,62 74,33 69,21 65,87 PCJ e Sistema -1 m .s Fonte: AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008b (adaptado). 18 Quadro 5. Demanda de águas superficiais para usos urbanos, nas Bacias PCJ, incluindo o Sistema Cantareira (porção paulista). Tipos de uso 1999 2002-2003 2004-2006 2007 Usos m3.s-1 18,31 17,37 17,05 19,58 Urbanos PCJ % 36 34 35 39 Sistema m3.s-1 33,00 33,00 31,00 31,00 Cantareira % 64 66 65 61 Total m3.s-1 51,31 50,37 48,05 50,58 Fonte: AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008b (adaptado). A redução da demanda superficial nas Bacias PCJ, no período considerado, foi motivada, principalmente, pela diminuição do uso industrial de 5,03 m3.s-1. Já a categoria uso urbano apresentou aumento considerável de 2,53 m3.s-1, enquanto a demanda rural caiu 0,63 m3.s-1. Os demais usos também apresentaram queda (de 0,21 m3.s-1). Assim, houve uma redução total de 3,34 m3.s-1 na demanda de água nas Bacias PCJ. Essa mudança na distribuição nos últimos anos provavelmente deveu-se em grande parte à implantação da cobrança pelo uso da água, que pode ter estimulado e/ou regularizado as captações subterrâneas, além de regularizados os valores de outorga. Somando-se o valor da demanda superficial das Bacias PCJ com a outorga do Sistema Cantareira, observa-se que quase metade da demanda total é destinada ao Sistema Cantareira. Quando se soma essa transposição, que é para usos urbanos, com a demanda para tais usos nas Bacias PCJ, observa-se que 77% da demanda total tem é para essa finalidade. De acordo com o Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2009 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2009), com dados de 2007, a demanda cadastrada de água subterrânea nas Bacias PCJ é de 3,08 m3.s-1, sendo o aquífero Cristalino (49%) e o Tubarão (41%) os mais explorados. Os demais aquíferos (Serra Geral, Guarani, Cenozoico e Passa Dois) são responsáveis por 10% da exploração. Mesmo trabalhando com dados atualizados, é muito provável que os valores da demanda por água subterrânea estejam subestimados, uma vez que muitos usuários (sítios, chácaras etc.) não cadastram os poços no DAEE, de tal forma que o poder público desconhece o valor dessa demanda. 19 3.1.8 Disponibilidade Hídrica Os dados de disponibilidade hídrica constantes no Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2007 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008b) foram retirados do Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias 2002 – 2003 já que não houve alterações nos parâmetros estatísticos nem nas áreas de drenagem das Bacias/Sub-Bacias. A Tabela 2 mostra as vazões totais das Bacias PCJ, já sem os reservatórios do Sistema Cantareira, por se tratarem de valores medidos (disponibilidade hídrica superficial). TABELA 2. Disponibilidade hídrica superficial das Bacias PCJ. Vazões (m3.s-1) Bacias Qmédia Qmínima (Q7,10) Piracicaba 144,32 35,76 Capivari 11,41 2,38 Jundiaí 10,97 2,30 Bacias PCJ 166,70 40,44 Qmédia: vazão média com base na série histórica de longo termo. Qmínima (Q7,10): vazão mínima para sete dias consecutivos com período de retorno de 10 anos. Fonte: AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008b (adaptado). Segundo ainda o Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2007 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008b), quanto à disponibilidade hídrica subterrânea, os aquíferos de caráter livre (ou semiconfinado) possuem aproximadamente um total de 13,95 m3.s-1 de água subterrânea disponível, sendo 6,02 m3.s-1 (43,19%) no Cristalino Pré-Cambriano, 3,08 m3.s-1 (22,10%) no Tubarão e 2,41 m3.s-1 (17,26%) no Guarani. No entanto, essas unidades afloram, respectivamente, em 45,57%, 20,94% e 13,82% das Bacias PCJ, evidenciando melhores propriedades aquíferas para o Guarani. A esse valor total de 13,95 m3.s-1 devem ser acrescidas as vazões disponíveis no Aquífero Guarani, em sua porção confinada (extremo oeste das Bacias PCJ), e no Aquífero Tubarão semiconfinado, nos locais de afloramento do Grupo Passa 20 Dois. Essa perspectiva limita a execução de balanços disponibilidade x demandas, notadamente nas áreas de afloramento do Aquífero Passa Dois. Quanto ao tipo de aquífero, 7,24 m3.s-1 (51,90%) estão disponíveis em aquíferos com porosidade do tipo intergranular e 6,71 m3.s-1 (48,10%) com porosidade do tipo fratura/fissura. Quanto ao potencial da água subterrânea, nas Sub-Bacias do Piracicaba, Jaguari e Atibaia, nessa ordem, que apresentam as maiores extensões, contêm maior disponibilidade hídrica subterrânea. 3.1.9 Relação entre Demanda e Disponibilidade A relação entre a demanda e a disponibilidade aponta a crítica situação de escassez de recursos hídricos nas Bacias PCJ, conforme apresenta a Figura 5, onde foram considerados os dados para o período 2004 – 2006 do Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2009 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2009), para que fossem compatibilizados e comparados corretamente, já que nesse relatório apresenta os valores de disponibilidade hídrica para esse período. Figura – 5. Relação entre Demanda e Disponibilidade Hídricas nas Bacias PCJ (porção paulista). Fonte: AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2009. 21 De acordo com os padrões da Organização das Nações Unidas (ONU), é considerada crítica a disponibilidade anual de água por habitante abaixo de 1500 m3. Nas Bacias PCJ, a disponibilidade chega a 400 m3.habitante-1.ano-1 nos períodos de estiagem. O desafio derivado da escassez de recursos hídricos nas Bacias PCJ é ainda maior, considerando as projeções de demanda futura, estimada em 51 m3.s-1 para 2020, segundo o Plano de Bacias 2000 – 2003. Devido a esse aumento da demanda de água, superior à disponibilidade atual, faz parte do acordo firmado para a renovação da outorga do Sistema Cantareira, que a SABESP, responsável pelo abastecimento de água para a RMSP, busque novas fontes e alternativas, reduzindo a retirada de água do Sistema Cantareira. 3.1.10 Qualidade das Águas No Estado de São Paulo, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), órgão da SMA (Secretaria do Meio Ambiente), é a responsável pelo monitoramento da qualidade das águas. Anualmente, ela publica o relatório de “Qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo”, com os dados do ano anterior. O relatório atual é o publicado em 2010, com dados de 2009 (SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b). As principais fontes de poluição dos recursos hídricos são os lançamentos de efluentes líquidos domésticos e industriais, assim como a carga difusa de origem urbana e agrícola. Segundo esse relatório (SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b), o programa de monitoramento de água doces superficiais da CETESB é formado por quatro redes de monitoramento, que permitem um melhor diagnóstico da qualidade das águas, visando seus múltiplos usos: rede básica; rede de sedimento; balneabilidade de rios e reservatórios; monitoramento automático. São analisados parâmetros físicos, químicos, microbiológicos, hidrobiológicos e toxicológicos. A seleção das variáveis de qualidade é determinada em função do tipo de monitoramento (rede). Para a rede básica, a escolha das variáveis é realizada em função dos usos da água verificados em campo. 22 Na UGRHI-5 (PCJ) – como as Bacias PCJ (porção paulista), são tratadas no relatório – há 80 dos 338 pontos de amostragem da rede básica, a saber: • Rio Atibaia: oito pontos (Atibaia, Itatiba, Valinhos, Campinas, Paulínia e Americana); • Rio Atibainha: um ponto (Bom Jesus dos Perdões); • Rio Cachoeira: um ponto (Bom Jesus dos Perdões); • Rio Camanducaia: cinco pontos (Monte Alegre do Sul, Amparo e Jaguariúna); • Rio Capivari: oito pontos (Jundiaí, Louveira, Vinhedo, Campinas, Monte Mor, Rafard e Tietê); • Rio Corumbataí: seis pontos (Analândia, Rio Claro, Charqueada e Piracicaba); • Córrego Santa Gertrudes: dois pontos (Santa Gertrudes); • Rio Piraí: seis pontos (Cabreúva e Indaiatuba); • Rio Jaguari: 10 pontos (Vargem, Bragança Paulista, Pedreira, Jaguariúna, Paulínia e Limeira); • Ribeirão Jundiaí-Mirim: quatro pontos (Jarinu e Jundiaí); • Rio Jundiaí: nove pontos (Campo Limpo Paulista, Várzea Paulista, Itupeva, Indaiatuba e Salto); • Ribeirão Lavapés: um ponto (Bragança Paulista); • Rio Claro: um ponto (Rio Claro); • Ribeirão Anhuma: um ponto (Paulínia); • Rio Piracicaba: seis pontos (Americana, Limeira e Piracicaba); • Braço do Rio Piracicaba: um ponto (Santa Maria da Serra); • Ribeirão do Pinhal: um ponto (Limeira); • Ribeirão Piracicamirim: um ponto (Piracicaba); • Ribeirão Pinheiros: dois pontos (Valinhos e Vinhedo); • Ribeirão Colombo: dois pontos (Sumaré e Americana); • Ribeirão Tatu: um ponto (Limeira); • Ribeirão Tijuco Preto: um ponto (Sumaré); • Ribeirão dos Toledos: um ponto (Santa Bárbara D’Oeste); • Ribeirão Três Barras: um ponto (Cosmópolis). 23 Na UGRHI-5 há cinco dos 25 pontos de monitoramento de sedimento, sendo: • Rio Atibaia: dois pontos (Campinas e Paulínia); • Reservatório de Salto Grande: um ponto (Americana); • Reservatório do Rio Jaguari: um ponto (Bragança Paulista); • Rio Piracicaba: um ponto (Americana). A UGRHI-5 possui seis dos 30 pontos de monitoramento de balneabilidade: • Reservatório do Rio Cachoeira: um ponto (Piracaia); • Reservatório Jacareí-Jaguari: dois pontos (Piracaia e Bragança Paulista); • Represa do Rio Atibainha: três pontos (Nazaré Paulista) A UGRHI-5 possui ainda um dos 13 pontos de monitoramento automático, no Rio Piracicaba (em Piracicaba). Com isso, totalizam-se 87 dos 381 pontos de monitoramento de águas, sendo a densidade de pontos (divisão do número de pontos por 1.000 km2) de água de 6,14. Com o total de 92 dos 406 pontos (água e sedimento), a densidade é de 6,49. Os índices de qualidade das águas indicam uma classificação para a qualidade dos corpos hídricos a partir da integração de variáveis de qualidade específicas, de acordo com os múltiplos usos desse recurso. Para o cálculo do Índice de Qualidade de Água (IQA), são consideradas variáveis de qualidade que indicam o lançamento de efluentes sanitários para o corpo d’água, fornecendo uma visão geral sobre as condições de qualidade das águas superficiais: temperatura, pH, OD (oxigênio dissolvido), DBO (demanda bioquímica de oxigênio), coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total, resíduos totais e turbidez. Esse índice é calculado para todos os pontos da rede básica. A Figura 6 apresenta as porcentagens de pontos em cada faixa de qualidade e a Figura 7 ilustra o IQA na UGRHI-5. Figura – 6. Porcentagem em cada faixa de ponto do IQA na UGRHI-5. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptado). 24 Figura – 7. IQA na UGRHI-5. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptado). Para o IQA, quase metade dos pontos apresentam condições regulares. Os melhores índices se apresentam nos pontos iniciais do Rio Atibaia, no Rio Cachoeira, no início do Rio Corumbataí, no Córrego Santa Gertrudes, em quase todo o Rio Jaguari e no Braço do Rio Piracicaba (no Reservatório de Barra Bonita). Os piores índices da UGRHI-5 estão nos Ribeirões Quilombo (péssimo, em Sumaré e ruim, em Americana), Tatu (ruim, em Limeira), Tijuco-Preto (péssimo, em Sumaré) e dos Toledos (ruim, em Santa Bárbara D’Oeste e péssimo, em Cosmópolis). O Índice de Qualidade de Água para fins de Abastecimento Público (IAP), avalia, além das variáveis consideradas no IQA, as substâncias tóxicas e as variáveis que afetam a qualidade organoléptica da água, advindas, principalmente, de fontes difusas, a saber: ferro dissolvido, manganês, alumínio dissolvido, cobre dissolvido, zinco, potencial de formação de trihalometanos, número de células de cianobactérias (ambiente lêntico), cádmio, chumbo, cromo total, mercúrio e níquel. O IAP é calculado somente em quatro meses (dos seis em que os mananciais são monitorados), devido à análise do Potencial de Formação de Trihalometanos ser realizada com essa frequência. Esse índice é calculado apenas nos pontos que são coincidentes com captações utilizadas para abastecimento público; dentre os 80 25 pontos da rede básica da UGRHI-5, em 21 foram avaliados o IAP. A Figura 8 ilustra o IAP na UGRHI-5. Figura – 8. IAP na UGRHI-5. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptado). Para o IAP, o melhor índice e o único em situação boa se apresentou no Ribeirão Jundiaí-Mirim. Os dois piores foram no Rio Atibaia e no Rio Piracicaba. O Índice de Estado Trófico (IET), classifica os corpos d’água em diferentes graus de trofia, ou seja, avalia a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento excessivo das algas ou ao aumento da infestação de macrófitas aquáticas. Para o cálculo do IET, são consideradas as variáveis Clorofila a e/ou fósforo total. Esse índice é calculado para todos os pontos da rede básica. No cálculo do Índice de Qualidade de Água para Proteção da Vida Aquática (IVA), além das variáveis do IET, incluem-se também as variáveis essenciais para a vida aquática como o OD, pH e Toxicidade, assim como as substâncias tóxicas cobre, zinco, chumbo, cromo, mercúrio, níquel, cádmio, surfactantes, fenóis. Na UGRHI-5, foram analisados 24 pontos da rede básica para IVA. A Figura 9 ilustra o IVA na UGRHI-5. 26 Figura – 9. IVA na UGRHI-5. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptado). Para o IVA, os dois melhores pontos, em condições ótimas, se apresentaram no Rio Atibaia e no Rio Jaguari. Os piores pontos se apresentaram em praticamente todo o curso do Rio Piracicaba, no Rio Capivari, no Ribeirão Piraí, em todo o Rio Jundiaí, no Rio Cachoeira, no Rio Camanducaia, no Rio Corumbataí, no Rio Jaguari, no Rio Claro, nos Ribeirões Anhumas, Piracicamirim, Pinheiros, Quilombo, Tatu, Tijuco Preto, dos Toledos e Três Barras, ou seja, a maior parte dos pontos apresentaram condições péssimas na UGRHI-5. O Índice de Balneabilidade (IB) utiliza as variáveis E. coli ou coliforme termotolerante para indicar a classificação das condições de contato primário das praias de água doce. Os reservatórios impactados por lançamentos domésticos são avaliados semanalmente, enquanto que aqueles em melhores condições, mensalmente. Todos os seis pontos de monitoramento de balneabilidade da UGRHI-5 apresentaram condições ótimas. Há outros índices, como Índice de Comunidade Fitoplanctônica (ICF), Índice de Comunidade Zooplanctônica (ICZ) e Índice de Comunidade Bentônica (ICB). A qualidade do sedimento é apresentada por meio do Critério de Qualidade dos Sedimentos (CQS). Os diagnósticos químico, componente biótico (comunidade bentônica) e potencial mutagênico são apresentados em cinco classe de qualidade. 27 Com relação ao seu potencial de ecotoxicidade, os sedimentos são avaliados em quatro classes de qualidade de acordo com os tipos e intensidades de efeitos observados nos ensaios com Hyalella azteca. Os resultados do teste de toxicidade aguda com Vibrio fischeri (Sistema Microtox®), realizado na água intersticial, também são apresentados em quatro classes de intensidade. A Figura 10 apresenta o CQS da UGRHI-5. Figura – 10. CQS na UGRHI-5. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptado). Na Figura 11 são apresentadas as porcentagens estatísticas absolutas e relativas de atendimento aos padrões de qualidade das águas, a Resolução nº 357/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA (BRASIL / MMA / CONAMA, 2005) para as variáveis: pH, OD e turbidez. Essas porcentagens foram estimadas a partir das médias horárias obtidas por do meio ponto da rede de monitoramento automático. Figura – 11. Monitoramento automático na UGRHI-5. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptado). 28 Ao longo do ano, a CETESB registrou no Estado 124 reclamações por mortandade de peixes e/ou outros organismos aquáticos, sendo 30 na UGRHI-5. Segundo o Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2009 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2009), na porção mineira das Bacias PCJ não há pontos de monitoramento. 3.1.11 Abastecimento de Água Segundo o relatório de Situação dos recursos hídricos no Estado de São Paulo 2010 (SÃO PAULO / SMA / CRHi, 2010), com dados de 2008, o volume outorgado para uso urbano na UGRHI-5 é de 24,92 m3.s-1, sendo que são utilizados pela transposição para o Sistema Cantareira (para a UGRHI-6) até 31 m3.s-1; o volume estimado para abastecimento público urbano é de 16,15 m3.s-1; com isso, a relação entre os volumes outorgado e estimado é de 154%. No entanto, na análise desses dados deve-se levar em consideração que existe uma complexidade de fatores envolvidos que precisam ser levados em consideração, tais como índice de perdas nos sistemas de abastecimento, indústrias abastecidas diretamente pela rede urbana, disponibilidade hídrica, processos de conurbação urbana, dentre outros. Segundo o Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2009 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2009), que apresenta o indicador Índice de cobertura de abastecimento de água (%), com dado referente ao Relatório de Situação 2004 – 2006, que fez um levantamento primário desse indicador junto aos municípios das Bacias PCJ, obtendo o valor de 96%. Esse valor não possui classificação, tampouco apresenta média para o Estado de São Paulo. 3.1.12 Coleta e Tratamento de Esgoto Segundo o relatório de Qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo 2009 (SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b), a qualidade das águas superficiais é bastante influenciada pelas condições de saneamento básico existentes nas cidades. Muitas dessas não possuem infraestrutura de saneamento 29 suficiente para sua população, sendo o aporte de esgotos domésticos para os corpos hídricos um problema urbano. O lançamento de esgotos domésticos sem tratamento, ou parcialmente tratados, é uma das principais causas da poluição das águas no Estado de São Paulo. A redução da qualidade das águas de rios, reservatórios, estuários e zonas costeiras restringe seus usos e contribui para o aumento da ocorrência de doenças de veiculação hídrica, ou seja, causadas pelo contato ou pela ingestão de água contaminada. Assim, o aumento da porcentagem da população atendida pelos serviços de coleta e tratamento de esgotos é fundamental para o desenvolvimento do Estado de São Paulo. A carga orgânica potencial de cada município é calculada a partir da população e da carga de matéria orgânica gerada por habitante, por dia, representada pela DBO. O valor adotado pela CETESB é de 54 g.hab-1.dia-1. Com a carga potencial gerada pela população do município e as porcentagens de coleta e tratamento, bem como a eficiência do sistema de tratamento dos esgotos, calcula-se a carga orgânica remanescente, ou seja, a que será lançada nos corpos receptores. Ressalta-se que a coleta dos esgotos gerados pela população consiste somente no seu afastamento, o que já traz benefícios à saúde da população. No entanto, os esgotos coletados podem ser lançados sem tratamento em um corpo d’água, isto é, nem todo o esgoto coletado é tratado. Outra questão importante com relação à coleta dos esgotos é que o cidadão é responsável por ligar seus esgotos à rede coletora, porém quando é apresentado, por exemplo, uma porcentagem de 97% da população do município atendida pela coleta de esgotos, significa que a rede coletora atinge essa porcentagem dos domicílios do município e não, necessariamente, que 97% dos esgotos gerados nesses domicílios são coletados. O Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto da População Urbana de Município (ICTEM), elaborado pela CETESB, almeja retratar uma medida além da efetiva remoção da carga orgânica, em relação à carga orgânica potencial, gerada pela população urbana, sem deixar, entretanto, de observar a importância de outros elementos responsáveis pela formação de um sistema de tratamento de esgotos, que leve em consideração, a coleta, o afastamento e o tratamento dos esgotos, bem como o atendimento à legislação quanto à eficiência de remoção (superior a 80% da carga orgânica) e respeito aos padrões de qualidade do corpo receptor dos efluentes. 30 De maneira geral, o ICTEM permite transformar os valores nominais de carga orgânica em valores de comparação entre situações distintas dos vários municípios, refletindo a evolução ou estado de conservação de um sistema público de tratamento de esgotos. Por hipótese, foi admitido que qualquer efluente não encaminhado à rede pública coletora de esgotos, que não pertencesse a sistemas isolados de tratamento, seria considerado como cargas poluidoras sem tratamento ou não adequadamente tratadas. Dessa maneira, situações individualizadas do tipo fossa séptica e infiltração são contabilizadas como cargas potenciais sem tratamento. A Tabela 3 apresenta a porcentagem da população urbana atendida pela coleta e pelo tratamento de esgoto e o ICTEM da UGRHI-5. TABELA 3. Porcentagem da população urbana atendida pela coleta e pelo tratamento de esgoto e o ICTEM da UGRHI-5. População urbana % Coleta % Tratamento ICTEM 4.646.916 88 46 4,6 Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b. O município com o melhor ICTEM na UGRHI-5 é Iracemápolis com 10,0 e os municípios na com o pior índice são Campo Limpo Paulista e Tuiuti com 0,8 cada. 3.1.13 Resíduos Sólidos Domiciliares Os dados referentes aos resíduos sólidos domiciliares foram obtidos nos relatórios de Situação dos recursos hídricos no Estado de São Paulo 2010 (SÃO PAULO / SMA / CRHi, 2010), Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares 2009 (SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010a) e Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2009 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2009). O indicador resíduos sólidos domésticos é avaliado em função da quantidade anual de resíduos sólidos domiciliares gerados per capita (t.hab-1.ano-1). Para o ano de 2009, o valor médio das Bacias PCJ é de 0,33 t.hab-1.ano-1. Esse dado aumentou consideravelmente em relação ao ano anterior (aumento de 69%), provavelmente 31 por diferenças metodológicas. O valor per capita de produção de resíduos equivale a uma geração diária de 0,90 kg.hab-1.ano-1. A UGRHI-5, no ano de 2009, gerou 2.646,7 t.dia-1, sendo os municípios de Campinas (27,7%), Piracicaba (8,1%), Jundiaí (7,4%), Limeira (6,1%), Sumaré (5,4%), Hortolândia (4,7%) e Americana (4,6%) os que mais geram. A Tabela 4 apresenta as proporções estimadas desses resíduos destinados segundo classe de Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos (IQR), classificação essa em aterros adequados (em condições sanitárias), controlados e inadequados (lixões) e os números de municípios que destinam seus resíduos a aterros de acordo com essas classes (não significa que cada município tem um aterros, mas cada município envia para um aterro, que pode se localizar em outro município), para os anos de 2008 e 2009. TABELA 4. Destinação de resíduos sólidos domésticos na UGRHI-5 em 2008 e 2009. Classe do aterro Proporção (%) Número de municípios 2008 2009 2008 2009 Adequado 91,3 77,2 36 44 Controlado 8,5 22,8 19 13 Inadequado 0,2 0,0 2 0 Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010a; SÃO PAULO / SMA / CRHi, 2010. Em 2009, conseguiu-se chegar a zero a quantidade de aterros inadequados (lixões) na UGRHI-5 e 44 municípios (77,2%) que destinam seus resíduos sólidos para aterros sanitários. Um dos maiores aterros da UGRHI-5 é o aterro sanitário da Estre Ambiental S/A, localizado em Paulínia, que recebe os resíduos de diversos municípios da região e também de outras regiões. 3.1.14 Áreas Contaminadas No Estado de São Paulo, o órgão responsável pelo monitoramento, inclusive das áreas contaminadas, é a CETESB. Anualmente ela publica a Relação de áreas 32 contaminadas e reabilitadas. O último relatório é de novembro de 2009 (SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2009). Segundo essa relação, há 433 áreas (em 46 municípios) nessa situação na UGRHI-5, sendo 163 contaminadas, 144 contaminadas sob investigação, 118 em processo de monitoramento para reabilitação e nove reabilitadas. O município de Campinas é o que apresenta maior número de áreas, sendo 100 no total, seguido por Paulínia, com 41; após, Piracicaba, com 35; Jundiaí e Limeira com 28 cada e Rio Claro com 22. Das áreas reabilitadas, uma está em Campinas, duas estão em Valinhos e três em Piracicaba e três em Limeira. 3.1.15 Caracterização Político-Administrativa Segundo o Mapa das UGRHI’s (SÃO PAULO / IGC, 2008), para os dados referentes a São Paulo e segundo o Plano das Bacias Hidrográficas PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), as Bacias PCJ abrangem áreas de 77 municípios, dos quais 61 têm suas sedes localizadas nessas bacias (48 com área total e 13 com área parcial e sede municipal dentro das Bacias) e 16 municípios têm área parcial nas Bacias e sede fora das mesmas, conforme apresenta a Tabela 5. A Figura 12 apresenta o recorte das Bacias PCJ no Estado de São Paulo e as Tabelas 6 e 7 apresentam as relações dos municípios, retiradas dos referidos mapa das UGRHI’s e Plano de Bacias. TABELA 5. Número de municípios abrangidos pelas Bacias PCJ. Municípios Total SP MG 48 45 3 13 12 1 mesmas 16 15 1 Total de municípios 77 72 5 Totalmente inseridos nas bacias Parcialmente inseridos nas bacias, com sede dentro das mesmas Parcialmente inseridos nas bacias, com sede fora das Fontes: SÃO PAULO / IGC, 2008; AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2009. 33 TABELA 6. Municípios com área total nas Bacias PCJ. Municípios com área total nas Bacias PCJ Águas de São Pedro Ipeúna Pedra Bela Americana Iracemápolis Pedreira Artur Nogueira Itapeva -MG Pinhalzinho Atibaia Itatiba Piracaia Bom Jesus dos Perdões Itupeva Rio das Pedras Bragança Paulista Jaguariúna Santa Bárbara D'Oeste Campinas Jarinu Santa Gertrudes Campo Limpo Paulista Joanópolis Santa Maria da Serra Capivari Jundiaí Santo Antônio de Posse Charqueada Louveira Sumaré Cordeirópolis Mombuca Toledo -MG Corumbataí Monte Alegre do Sul Tuiuti Cosmópolis Monte Mor Valinhos Extrema -MG Morungaba Vargem Holambra Nova Odessa Várzea Paulista Hortolândia Paulínia Vinhedo Fontes: SÃO PAULO / IGC, 2008; AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2009. TABELA 7. Municípios com área parcial nas Bacias PCJ. Municípios com área parcial nas Bacias PCJ Sede dentro das Bacias PCJ Sede fora das Bacias PCJ Amparo Piracicaba Anhembi Mairiporã Analândia Rafard Botucatu Mineiros do Tietê Camanducaia -MG Rio Claro Cabreúva Mogi Mirim Elias Fausto Saltinho Cajamar Sapucaí-Mirim -MG Indaiatuba Salto Dois Córregos Serra Negra Limeira São Pedro Engenheiro Coelho Socorro Nazaré Paulista Itirapina Tietê Itu Torrinha Fontes: SÃO PAULO / IGC, 2008; AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2009. 34 Figura – Recorte da UGRHI-5 PCJ 12. – (porção estadual das Bacias). Fonte: PAULO 2008. SÃO / IGC, 35 Alguns municípios paulistas, com sede nas Bacias PCJ, pertencem à Região Administrativa de Campinas, que também incorpora municípios com sede na bacia do Rio Mogi-Guaçu. Nas áreas paulistas das Bacias PCJ encontram-se cinco Regiões de Governo (RG), a saber: RG Campinas, RG Jundiaí, RG Piracicaba, RG Limeira e RG Bragança Paulista. As Regiões de Governo constituem níveis de gestão políticoadministrativa intermediários entre a Região Administrativa (RA) e os municípios. Os principais acessos às Bacias PCJ são as rodovias Anhanguera (SP-303), Dos Bandeirantes (SP-348), Fernão Dias (BR-381), Dom Pedro I (SP-065), Engenheiro Ermênio de Oliveira Penteado / Santos Dumont (SP-075), Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101), Deputado Laércio Corte / Limeira-Piracicaba (SP-147), Dom Gabriel Paulino Bueno Colto (SP-300), Luís de Queiroz / Geraldo de Barros (SP-304) e General Milton Tavares de Souza (SP-332). A região conta ainda com a linha tronco da Ferrovia Bandeirantes S/A (FERROBAN), o Aeroporto Internacional de Viracopos no município de Campinas e a Hidrovia Tietê-Paraná (HTP) no compartimento de entrada do reservatório de Barra Bonita (calha do Rio Piracicaba) até o Terminal Portuário de Santa Maria da Serra. Toda essa infraestrutura de transportes constitui-se em agente de desenvolvimento econômico da região, e estimula sua urbanização, deflagrando forte aumento da área conurbada. Essa tendência, aliada à importância geoeconômica da região, levou à criação da Região Metropolitana de Campinas (RMC) através da Lei Complementar nº 870, de 19 de junho de 2000, integrando 19 municípios da bacia, quais sejam: Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Itatiba, Indaiatuba, Jaguariúna, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio da Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. 3.1.16 Principais Atividades Industriais Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), a indústria das Bacias PCJ abriga setores modernos e plantas industriais articuladas em grandes e complexas cadeias produtivas, com relevantes 36 participações na produção estadual. Uma das divisões mais representativas é a de alimentos e bebidas, que corresponde a aproximadamente um quarto da produção estadual, sobressaindo a Companhia de Bebidas das Américas (American Beverage Company – AMBEV). Sobressaem, ainda, os ramos mais complexos, como o de material de transporte, químico e petroquímico, de material elétrico e de comunicações, mecânico, de produtos farmacêuticos e perfumaria e de borracha. A indústria regional é bastante diversificada, podendo-se destacar: em Paulínia, o Polo Petroquímico composto pela Refinaria do Planalto da Petróleo Brasileiro S/A (REPLAN / PETROBRAS), e por outras empresas do setor químico e petroquímico; em Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste, o parque têxtil; em Campinas e Hortolândia, o polo de alta tecnologia, formado por empresas ligadas à nova tecnologia de informação, como a Internacional Business Machine (IBM). Piracicaba se destaca pelas indústrias do setor metal – mecânico. A existência das instituições de ensino e pesquisa e de inúmeras escolas técnicas e a consequente disponibilidade de pessoal qualificado foram fundamentais para a presença de grande número de empresas de alta tecnologia, que atuam principalmente nos setores de informática, microeletrônica, telecomunicações, eletrônica e química fina, além de um grande número de empresas de pequeno e médio porte fornecedoras de insumos, componentes, partes, peças e serviços. Nessa região ainda destaca-se o município de Americana, no eixo da via Anhanguera, como um importante polo de tecidos planos de fibras artificiais e sintéticas da América Latina e, assim como Santa Bárbara d’Oeste, faz parte do parque têxtil da região. Já para a região de Indaiatuba, além da indústria têxtil e de confecções, a metalurgia também se mostra como grande destaque. Jundiaí tem um parque industrial com mais de 500 empresas atuando em variados setores, como: químico, embalagens, autopeças, metal – mecânico, alimentos, vestuário, cerâmico etc., sendo parte da produção exportada para diversos países. Limeira é considerada a capital nacional do folheado, responsável por 60% da produção nacional. Destaca-se igualmente como o maior polo produtor de mudas do país, com mais de 20 milhões de mudas entre 2004 e 2007. 37 A Região de Governo de Piracicaba, sediada pela cidade homônima, estabelece as principais relações com o Rio Tietê, os municípios da Região de Governo de Botucatu e as áreas de produção canavieira do Estado. Piracicaba consolidou-se como importante área de produção de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, em torno da qual se formou um complexo agroindustrial de açúcar e álcool. O município também poderá usufruir as vantagens logísticas da Hidrovia Tietê-Paraná (HTP), caso seja construída uma barragem e eclusa em Santa Maria da Serra, que permitirão que o Rio Tietê, através de seu afluente, o Rio Piracicaba, fique navegável até o Distrito de Ártemis (próximo a Piracicaba). Outra Região de Governo que tem como referência a agroindústria sucroalcooleira é a de Rio Claro. Ela possui um parque industrial diversificado que inclui destilarias de álcool e usinas de açúcar, indústrias de alimentos e de bens de capital, e muitas outras. Além disso, nesta região, os municípios de Santa Gertrudes e Cordeirópolis formam o maior pólo cerâmico do Brasil, com produtos de excelente qualidade, que atendem ao mercado nacional e internacional. O Sul de Minas possui localização estratégica, a meio caminho entre São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Destacam-se Extrema e Camanducaia, onde estão instaladas empresas de diversos setores como: mecânico, agroindustrial, eletroeletrônico, de confecções, de calçados, de minerais não-metálicos etc. 3.1.17 Uso e Ocupação do Solo O uso do solo nas Bacias PCJ é representado em grande parte por cana-deaçúcar (33,61%) e pastagens (39,06%). O reflorestamento também é uma atividade significativa em algumas (sub-)bacias, como a do Rio Jundiaí, devido principalmente, à proximidade das indústrias de papel e celulose. A vegetação original encontra-se apenas em alguns remanescentes, como nas margens dos cursos d’água e em outras áreas de preservação permanente (APP’s) e representa apenas 7,93 % da área das Bacias PCJ. Na Tabela 8 e na Figura 13, tem-se a distribuição das classes de uso e ocupação das terras para as Bacias PCJ. A Sub-bacia do Piracicaba e a Bacia do Jundiaí apresentam-se com predominância da cultura da cana-de-açúcar. Para as outras sub-bacias a maior porcentagem da área é ocupada com pastagens. 38 TABELA 8. Distribuição das classes de uso e ocupação da terra nas Bacias PCJ. Uso e cobertura da terra Área (ha) % Água 22.098,90 1,47 Área urbana 90.378,46 6,00 Cana-de-açúcar 506.488,21 33,61 Cultura anual 88.962,77 5,90 Cultura perene 14.313,07 0,95 Outros 4.747,10 0,31 Pastagem 588.625,73 39,06 Reflorestamento 60.397,68 4,00 Solo exposto 11.538,98 0,77 Vegetação nativa 119.528,67 7,93 1.507.079,57 100,00 TOTAL Fonte: Agência de Água PCJ, 2008a. Figura – 13. Distribuição das classes de uso e ocupação das terras nas Bacias PCJ. Fonte: Agência de Água PCJ, 2008a. 39 3.1.18 Vegetação e Biodiversidade Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), a região das Bacias PCJ, embora tenha sido muito utilizada para agricultura e apresente grande crescimento urbano e industrial (iniciado em meados de 1970), em decorrência da descentralização das atividades da RMSP em direção ao interior do Estado, é uma importante área de biodiversidade. Possui remanescentes da Mata Atlântica com a mesma fisionomia da Serra do Mar, principalmente nas encostas da Serra do Japi. É uma área de interface entre a Mata Atlântica e as florestas estacionais semideciduais de planalto, presente em todo o território das Bacias PCJ, por fragmentos dispersos. As áreas com florestas estacionais semideciduais mais bem representadas, ocorrem nas Unidades de Conservação (UC’s) presentes nas Bacias PCJ, notadamente na Estação Ecológica de Ibicatu, em Piracicaba. Mais ao norte das Bacias, principalmente na região do Rio Corumbataí, predominam manchas de vegetação de cerrado com flora e fauna características. São numerosos os trabalhos sobre a fauna e flora da região, principalmente nas áreas especialmente protegidas pela legislação, sendo os mesmos realizados principalmente pelas três Universidades Públicas, a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita” (UNESP) – Campus de Rio Claro e a Universidade de São Paulo (USP) – campus Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), em Piracicaba, além do importante Instituto Agronômico de Campinas (IAC). As Bacias PCJ, de acordo com seus limites físicos, ocupam uma área de 1.530.367 ha (15.303,67 km2), apresentando 105.403 ha de vegetação natural remanescente, correspondendo a 6,89% de sua superfície. A vegetação remanescente (105.403 ha) está dividida em 7.283 fragmentos, sendo que, desse total, 5.262 (72,3%) apresentam superfície de até 10 ha e 1.065 (14,62%) apresentam superfície de até 20 ha, portanto, 6.327 fragmentos que representam 86,9% apresentam superfície até 20 ha. Dentre os municípios paulistas pertencentes total ou parcialmente às Bacias PCJ, destacam-se pela baixa porcentagem de remanescentes florestais os municípios de Sumaré, com uma área de 32 ha, ou 0,2% do território; Hortolândia, com uma área de 42 ha, ou 0,7% da superfície; Cordeirópolis, com 146 ha, que 40 representa 1,2% da superfície e Nova Odessa, com uma área de 0.140 ha, ou 2,3% da superfície. 3.1.19 Unidades de Conservação As Unidades de Conservação (UC’s) são áreas especialmente definidas, terrestres ou marinhas, municipais, estaduais ou federais, criadas e regulamentadas por meio de leis e decretos, como a Lei nº 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que estabelece os parâmetros para criação e gerenciamento das áreas protegidas no Brasil. Após sua regulamentação pelo Decreto Federal nº 4.340/2002, as UC’s passaram a se dividir em dois grupos: as de Proteção Integral e as de Uso Sustentável. Os seus objetivos são a conservação in situ da biodiversidade e da paisagem e a manutenção do conjunto dos seres vivos em seu ambiente, como plantas, animais, microrganismos, rios, lagos, cachoeiras, morros, picos etc., de modo que possam existir sem sofrer grandes impactos das ações humanas. Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), nas Bacias PCJ existem as seguintes Unidades de Conservação: • Estação Ecológica (EE); • Reserva Biológica; • Parque Nacional; • Área de Proteção Ambiental (APA); • Floresta Nacional; • Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE); • Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). As UC’s das Bacias PCJ ocupam uma área de 573.194 ha (5.731,94 km2), representando 37,41% da área total da Bacia. As APA's representam mais de 80% em área das UC's existentes nas Bacias PCJ, mas é a unidade de conservação conceitualmente menos restritiva quanto ao uso dos recursos naturais (Lei Federal nº 9.985 de 18/07/2000). A região é coberta por diversas Áreas de Proteção Ambiental (APA’s), como a APA de Jundiaí, a APA 41 de Cabreúva, a APA de Piracicaba-Juqueri-Mirim, a APA de Corumbataí-Botucatu e Tejupá, a APA do Sistema Cantareira e a APA Represa Bairro da Usina, em Atibaia. Na APA de Jundiaí, ao sul, predominam culturas de pinheiros, eucaliptos e chácaras de lazer, e o setor nordeste, na Bacia do Rio Jundiaí-Mirim, é ocupado por culturas de frutas e flores e extração de folheto argiloso. Parte da riqueza em biodiversidade está no complexo das Serras Japi, Graxinduva, Guaxatuba e Cristais, popularmente conhecidas como Serra do Japi. Nela predominam os principais remanescentes da Mata Atlântica da Bacia. Tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) em 1983. 3.1.20 Áreas Potenciais de Proteção e Recuperação dos Mananciais de Interesse Regional A promulgação da Lei paulista nº 9.866/1997 objetiva proteger e recuperar os mananciais regionais de abastecimento público do Estado de São Paulo, incorporando ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRH) ações de planejamento e gestão e delegando aos Comitês de Bacia Hidrográfica (CBH’s) a proposição de Áreas de Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRM’s) bem como a proposição do desenho do Modelo de Gestão com as respectivas diretrizes e normas ambientais e urbanísticas de interesse regional. Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), nas Bacias PCJ foram identificados 25 mananciais de abastecimento superficiais passíveis de se transformarem em APRM’s, quais sejam: Rio Capivari, Rio Atibaia, Rio Jundiaí, Rio Jaguari, nascentes do Rio Corumbataí, nascentes do Rio Jaguari, Ribeirão Piraí, Rio Camanducaia, Ribeirão Jacuba, Ribeirão Bom Jardim, Córrego do João Paulino, Ribeirão Fregadoli, Ribeirão do Buru, afluente do Rio Capivari, Ribeirão do Moinho, Ribeirão do Onofre, Ribeirão da Água Limpa, Ribeirão do Pinhal, Ribeirão Claro, Córrego Santa Rita, Ribeirão dos Toledos, Ribeirão da Água Branca, Rio Passa-Cinco, Rio Atibainha e Rio Jundiaí-Mirim e Rio Corumbataí. 42 3.1.21 Áreas de Preservação Permanente De acordo com o Código Florestal (Lei Federal nº 4.771 de 15/09/1965), as Áreas de Preservação Permanente (APP’s) compreendem as faixas lindeiras aos cursos d’água, encostas íngremes (declividade superior a 45° de inclinação) e topos de morros. Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), estima-se que no Estado de São Paulo as APP’s correspondam a 15% de todo o Estado, sendo que 8% (19.000 km2), são representados por matas ciliares, dos quais levantamentos preliminares indicam que 50% estejam conservados. Nas Bacias PCJ esse quadro se repete, sendo que as APP's correspondem a 15% de todas as Bacias (2.298 km2). As matas ciliares são 8% (1.225,6 km2). Entretanto, considerando-se os fragmentos conservados, esse percentual cai para 4% ou 612,8 km2. 3.1.22 Outras Áreas Protegidas Estão incluídos nessa categoria os Parques Ecológicos, as Áreas Naturais Tombadas e as Estações Experimentais, que segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), representam um total de 11.824,64 ha (118,25 km2), ou seja 0,84% das Bacias PCJ. 3.2 Licenciamento Ambiental Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), a região concentra uma das redes de infraestrutura de transportes mais importantes do país que, ao mesmo tempo em que se comporta como suporte do desenvolvimento econômico da região, estimula a urbanização da área, onde já se verificam fortes tendências à conurbação de cidades. Dessa forma além da região manter sua posição de principal beneficiária do processo de desconcentração econômica da RMSP, deverá manter forte atratividade 43 de novas unidades industriais, empreendimentos imobiliários e atividades ligadas ao setor terciário, ao longo dos eixos viários de ligação regional. Esse cenário confirma a enorme preocupação de todo o Comitê PCJ quanto à política adotada pelos órgãos gestores para o licenciamento ambiental de empreendimentos na bacia, de forma a tornar essa ferramenta um efetivo instrumento de planejamento, capaz de estabelecer mecanismos de controle preventivo e compatível com o processo de desenvolvimento desejado, uma vez que o sistema atual, até então, não contemplou a incorporação de metas ambientais visando fomentar processos de produção mais limpa. Nas discussões relativas ao tema licenciamento ambiental, foi identificada a carência de informações para os técnicos e usuários quanto às competências e objetivos do sistema de licenciamento em curso. Em diversos momentos da discussão foi dada ênfase à necessidade de incremento das áreas de comunicação social dos órgãos gestores face à necessidade de conscientizar e orientar os diversos segmentos da sociedade civil (entidades de classe, sindicatos, organizações não-governamentais, cooperativas, entidades de ensino, associações de classe etc.) do sistema de licenciamento em curso, não só das obrigações legais assim como do alcance dessa ferramenta, destacando que os resultados para a melhoria da qualidade ambiental da região depende de uma ampla parceria entre todos os envolvidos. Em São Paulo, o órgão responsável pelo processo de licenciamento ambiental é a CETESB. 3.3 Política Estadual de Recursos Hídricos de São Paulo A Lei paulista nº 7.663/1991 (SÃO PAULO, 1991) estabelece normas de orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos bem como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRH). Segundo essa lei paulista, “a Política Estadual de Recursos Hídricos atenderá aos seguintes princípios: gerenciamento descentralizado, participativo e integrado, sem dissociação dos aspectos quantitativos e qualitativos e das fases meteórica, superficial e subterrânea do ciclo hidrológico; adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial de planejamento e gerenciamento; reconhecimento do 44 recurso hídrico como um bem público, de valor econômico, cuja utilização deve ser cobrada, observados os aspectos de quantidade, qualidade e as peculiaridades das bacias hidrográficas; rateio do custo das obras de aproveitamento múltiplo de interesse comum ou coletivo, entre os beneficiados; combate e prevenção das causas e dos efeitos adversos da poluição, das inundações, das estiagens, da erosão do solo e do assoreamento dos corpos d’água; compensação aos municípios afetados por áreas inundadas resultantes da implantação de reservatórios e por restrições impostas pelas leis de proteção de recursos hídricos; compatibilização do gerenciamento dos recursos hídricos com o desenvolvimento regional e com a proteção do meio ambiente”. Por intermédio do SIGRH, o Estado assegurará meios financeiros e institucionais para atendimento do disposto referentes ao meio ambiente constantes na Constituição Estadual. A Política Estadual paulista estabelece que o Estado institua, por lei, com atualizações periódicas, o Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH), tomando por base os planos de bacias hidrográficas, nas normas relativas à proteção do meio ambiente, as diretrizes do planejamento e gerenciamento ambientais. O PERH e seus regulamentos devem propiciar a compatibilização, consolidação e integração dos planos, programas, normas e procedimentos técnicos e administrativos, a serem formulados ou adotados no processo de gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos, segundo as unidades hidrográficas por ele estabelecidas. O PERH conterá, dentre outros, os seguintes elementos: • Objetivos e diretrizes gerais, em níveis estadual e inter-regional, definidos mediante processo de planejamento iterativo que considere outros planos, gerais, regionais e setoriais, devidamente compatibilizado com as propostas de recuperação, proteção e conservação dos recursos hídricos do Estado; • Diretrizes e critérios gerais para o gerenciamento de recursos hídricos; • Diretrizes e critérios para a participação financeira do Estado no fomento aos programas regionais relativos aos recursos hídricos, quando couber, definidos mediante articulação técnica, financeira e institucional com a União, Estados vizinhos e entidades internacionais de cooperação; • Compatibilização das questões interbacias e consolidação dos programas anuais e plurianuais das bacias hidrográficas; 45 • Programas de desenvolvimento institucional, tecnológico e gerencial, de valorização profissional e da comunicação social, no campo dos recursos hídricos. A Política Estadual de Recursos Hídricos estabelece também que serão realizados planos de bacias hidrográficas, que conterão, dentre outros, os seguintes elementos: • Diretrizes gerais, em nível regional, capazes de orientar os planos diretores municipais, notadamente nos setores de crescimento urbano, localização industrial, proteção dos mananciais, exploração mineral, irrigação e saneamento, segundo as necessidades de recuperação, proteção e conservação dos recursos hídricos das bacias ou regiões hidrográficas correspondentes; • Metas de curto, médio e longo prazos para se atingir índices progressivos de recuperação, proteção e conservação dos recursos hídricos da bacia, traduzidos, entre outras, em: o Planos de utilização prioritária e propostas de enquadramento dos corpos d'água em classe de uso preponderante, o Programas anuais e plurianuais de recuperação, proteção, conservação e utilização dos recursos hídricos da bacia hidrográfica correspondente, inclusive com especificações dos recursos financeiros necessários, o Programas de âmbito regional, relativos a programas de desenvolvimento institucional, tecnológico e gerencial, de valorização profissional e da comunicação social, no campo dos recursos hídricos ajustados às condições e peculiaridades da respectiva bacia hidrográfica. • Programas de desenvolvimento regionais integrados por municípios, com áreas inundadas por reservatórios ou afetados por seus impactos ou aqueles que vierem a sofrer restrições por força da instituição pelo Estado de leis de proteção de mananciais, de áreas de proteção ambiental ou outros espaços territoriais especialmente protegidos, ajustados às condições e peculiaridades da respectiva bacia hidrográfica. 46 Para avaliação da eficácia do PERH e dos planos de bacias hidrográficas, o Poder Executivo deverá publicar relatório anual sobre a "Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São Paulo" e relatórios sobre a "Situação dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas", de cada bacia hidrográfica objetivando dar transparência à administração pública e subsídios às ações dos Poderes Executivo e Legislativo de âmbito municipal, estadual e federal. O relatório estadual deverá ser elaborado tomando-se por base o conjunto de relatórios das bacias hidrográficas. Esses relatórios deverão conter no mínimo: • A avaliação da qualidade das águas; • O balanço entre disponibilidade e demanda; • A avaliação do cumprimento dos programas previstos nos vários planos de bacias hidrográficas e no de recursos hídricos; • A proposição de eventuais ajustes dos programas, cronogramas de obras e serviços e das necessidades financeiras previstas nos vários planos de bacias hidrográficas e no de recursos hídricos; • As decisões tomadas pelo Conselho Estadual e pelos respectivos Comitês de Bacias. Esses relatórios deverão ter conteúdo compatível com a finalidade e com os elementos que caracterizam os planos de recursos hídricos; eles consolidarão os eventuais ajustes aos planos decididos pelos Comitês de Bacias Hidrográficas e pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Essa Lei paulista cria o SIGRH, que visa à execução da Política Estadual de Recursos Hídricos e a formulação, atualização e aplicação do PERH, congregando órgãos estaduais e municipais e a sociedade civil. Compõem o SIGRH, o CRH, os comitês de bacias hidrográficas, o Comitê Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos (CORHI) e as câmaras técnicas; os órgãos básicos do SIGRH são a CETESB (responsável pelo controle de qualidade e licenciamento ambiental) e o DAEE (responsável pelo controle de quantidade e outorga). A Lei ainda dá as diretrizes para a criação do CRH, dos comitês de bacia, do CORHI, das agências de bacia, do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO), do Conselho de Orientação do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (COFEHIDRO). 47 3.3.1 Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos A Lei paulista nº 7.663/1991 (SÃO PAULO, 1991) estabelece os instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos: a) Outorga de direitos de uso dos recursos hídricos Os recursos hídricos (águas superficiais e subterrâneas) se constituem em bens públicos que toda pessoa física ou jurídica tem direito ao acesso e utilização, cabendo ao Poder Público a sua administração e seu controle. A outorga de direitos de uso de recursos hídricos ou interferência tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água; é um ato administrativo, de autorização ou concessão, mediante o qual o poder público faculta ao outorgado fazer uso da água por determinado tempo, finalidade e condição expressa no respectivo ato. Estão sujeitos à outorga, pelo poder público, os usos consuntivos, ou seja, aqueles referentes à captação de água para abastecimento e consumo (para processo industrial ou irrigação), extração de água subterrânea, lançamento de esgotos industriais ou urbanos e outros resíduos nos corpos d’água, aproveitamento de potenciais hidrelétricos, construção de obras hidráulicas como barragens, canalizações de rios, execução de poços profundos e outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água. Sobre esses vários usos é que incidirá a cobrança pelo uso dos recursos hídricos. A implantação de qualquer empreendimento que demande a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, a execução de obras ou serviços que alterem seus regime, qualidade ou quantidade dependerá de prévia manifestação, autorização ou licença dos órgãos e entidades competentes. Dependerá de cadastramento e da outorga do direito de uso a derivação de água de seu curso ou depósito, superficial ou subterrâneo, para fins de utilização no abastecimento urbano, industrial, agrícola e outros, bem como o lançamento de efluentes nos corpos d’água, obedecida a legislação federal e estadual pertinentes e atendidos os critérios e normas estabelecidos no regulamento. 48 Em São Paulo, a Lei que regulamenta a outorga de direito de uso dos recursos hídricos em rios de domínio do Estado é o Decreto nº 41.258/1996 (SÃO PAULO, 1996), alterado pelo Decreto nº 50.667/2006 (SÃO PAULO, 2006a). b) Infrações e penalidades Constitui infração às normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos: derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso; iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique alterações nos regime, quantidade e qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou entidades competentes; deixar expirar o prazo de validade das outorgas sem solicitar a devida prorrogação ou revalidação; utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga; executar a perfuração de poços profundos para a extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização; fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos; infringir normas estabelecidas no regulamento dessa lei paulista e nos regulamentos administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes. c) Cobrança pelo uso dos recursos hídricos / da água A cobrança pelo uso dos recursos hídricos tem por objetivos: reconhecer a água como um bem público de valor econômico, dando ao usuário uma indicação de seu real valor; incentivar o uso racional e sustentável da água; obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos e de saneamento; distribuir o custo socioambiental pelo uso degradador e indiscriminado da água; utilizar a cobrança da água como instrumento de planejamento, gestão integrada e descentralizada do uso da água e seus conflitos. A utilização dos recursos hídricos será cobrada na forma estabelecida nessa lei paulista e em seu regulamento, obedecidos aos seguintes critérios: cobrança pelo uso ou derivação, considerará a classe de uso preponderante em que for enquadrado o corpo d‘água onde se localiza o uso ou derivação, a disponibilidade 49 hídrica local, o grau de regularização assegurado por obras hidráulicas, a vazão captada em seu regime de variação, o consumo efetivo e a finalidade a que se destina; cobrança pela diluição, transporte e assimilação de efluentes de sistemas de esgotos e de outros líquidos, de qualquer natureza, considerará a classe de uso em que for enquadrado o corpo d’água receptor, o grau de regularização assegurado por obras hidráulicas, a carga lançada e seu regime de variação, ponderando-se, dentre outros, os parâmetros orgânicos físico-químicos dos efluentes e a natureza da atividade responsável pelos mesmos. d) Rateio de custos das obras As obras de uso múltiplo, ou de interesse comum ou coletivo, dos recursos hídricos, terão seus custos rateados, direta ou indiretamente, segundo critérios e normas estabelecidos em regulamento, atendidos os seguintes procedimentos: a concessão ou autorização de obras de regularização de vazão, com potencial de aproveitamento múltiplo, deverá ser precedida de negociação sobre o rateio de custos entre os beneficiados, inclusive as de aproveitamento hidrelétrico, mediante articulação com a União; a construção de obras de interesse comum ou coletivo dependerá de estudos de viabilidade técnica, econômica, social e ambiental, com previsão de formas de retorno dos investimentos públicos ou justificativa circunstanciada da destinação de recursos a fundo perdido. 3.4 Política Nacional de Recursos Hídricos A Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas, instituída pela Lei nº 9.433/1997 (BRASIL, 1997), é reflexo do novo ordenamento jurídico e institucional formulado no contexto do processo de redemocratização do Brasil, que tem a Constituição Federal de 1988 como um marco referencial. A Política Nacional de Recursos Hídricos representa, ao mesmo tempo, uma clara resposta à inquietação da sociedade brasileira com relação ao processo de degradação de um dos principais patrimônios do país, que são as suas águas (BRASIL / MMA / ANA, 2009). O objetivo central da Política Nacional é “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”, ao mesmo tempo em que busca a prevenção e a defesa 50 contra eventos hidrológicos críticos e o desenvolvimento sustentável pela utilização racional e integrada dos recursos hídricos, inclusive para transporte aquaviário. Os fundamentos elencados na Política Nacional de Recursos Hídricos são (BRASIL / MMA / ANA, 2009): • Água como bem público, finito e vulnerável, portanto dotado de valor econômico; • Gestão integrada para assegurar uso múltiplo das águas; • Consumo humano e dessedentação de animais são prioridades em situação de escassez; • Gestão descentralizada baseada na bacia hidrográfica como unidade territorial de planejamento e de gestão; • Gestão participativa para garantir participação dos diferentes segmentos, do poder público, usuários e sociedade civil, na tomada de decisões sobre o uso múltiplo das águas. As diretrizes da Política Nacional de Recursos Hídricos são: • A gestão sistemática dos recursos hídricos considerando qualidade e quantidade; • Adequação da gestão dos recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diferentes regiões; • A integração da gestão de recursos hídricos à gestão ambiental; • A articulação do planejamento dos recursos hídricos com o planejamento dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional; • A articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; • A integração da gestão das bacias hidrográficas com os sistemas estuarinos e zonas costeiras. A Figura 14 ilustra as diretrizes de ação da Política Nacional de Recursos Hídricos. 51 Figura – 14. Diretrizes de ação da Política Nacional de Recursos Hídricos. Fonte: BRASIL / MMA / ANA, 2009 (adaptado). 3.4.1 Instrumentos de Gestão A Política Nacional de Recursos Hídricos também estabelece instrumentos de gestão que, atuando de forma sincronizada e harmônica, vão possibilitar o efetivo uso sustentável dos recursos hídricos (BRASIL / MMA / ANA, 2009). Os instrumentos de gestão são a forma de assegurar na prática a efetivação dos fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos. Os instrumentos de gestão são (BRASIL / MMA / ANA, 2009; AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a): a) Planos de bacias hidrográficas Aprovados pelos Comitês de Bacia, de forma participativa, de modo a orientar programas e projetos e a gestão nas respectivas bacias. Os planos de bacias devem conter, entre outros temas, diagnóstico com disponibilidades hídricas, balanço entre 52 as disponibilidades hídricas e as demandas atuais e futuras, metas de racionalização de uso das águas e programas de investimentos. b) Enquadramento dos corpos de água em classes, segundo usos preponderantes das águas O enquadramento em classes (níveis de qualidade), a serem mantidos ou com estabelecimento de metas para a melhoria da qualidade das águas a serem alcançadas, como resultado de projetos e programas resultantes de pactos regionais, são inseridos nos Planos de Bacia. As classes de corpos de águas, definidas pela legislação ambiental, são conjuntos de condições e padrões de qualidade da água necessários ao atendimento dos usos preponderantes, atuais ou futuros. O procedimento para o enquadramento de corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes, deve ser desenvolvido em conformidade com os Planos de Recursos Hídricos. A Resolução CNRH nº 91/2008 (BRASIL / MMA / CNRH, 2008), que estabeleceu os procedimentos para o enquadramento de corpos de água em classe, dispõe que “as agências de água ou de bacia ou entidades delegatárias das suas funções, em articulação com os órgãos gestores de recursos hídricos e os órgãos de meio ambiente, elaborarão e encaminharão as propostas de alternativas de enquadramento aos respectivos comitês de bacia hidrográfica para discussão, aprovação e posterior encaminhamento, para deliberação, ao Conselho de Recursos Hídricos competente”. c) Outorga de direitos de uso das águas Os usos de recursos hídricos nas Bacias PCJ, outorgados ou não, estarão sujeitos às ações de fiscalização e às sanções previstas na Lei nº 9.433/1997 (BRASIL, 1997) e na Resolução ANA nº 82/2002 (BRASIL / MMA / ANA, 2002). d) Cobrança pelo uso dos recursos hídricos / das águas O Código Civil de 1916 já sinalizava com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos, ao considerar que os bens públicos de uso comum teriam uso gratuito ou com retribuição, consideradas as legislações em vigor. O Código das Águas, pelo Decreto nº 24.643/1934, também apontou para a cobrança, finalmente estabelecida pela Lei nº 9.433/1997 (BRASIL, 1997). A cobrança incide sobre o uso dos recursos 53 hídricos nos seus aspectos quantitativos como a captação e qualitativos como a diluição de efluentes. A definição de um preço público para a água deriva do fato de que ela é um bem finito, dotado de valor econômico. A cobrança pelo uso da água se configura por vezes como o último instrumento de gestão dos recursos hídricos. A cobrança pelo uso da água não é receita derivada do patrimônio dos administrados, ou seja, um tributo. Na verdade, trata-se do pagamento pelo uso de um bem público, no caso a água. Além disso, um imposto é um tributo exigido ao contribuinte pelo governo, independentemente da prestação de serviços específicos, o que não é o caso da cobrança, pois ela se caracteriza como um dos instrumentos de gestão da Política Nacional de Recursos Hídricos. O valor que será cobrado é pactuado pelos membros do comitê de bacia e aprovado em sua reunião plenária, que pode também decidir se haverá ou não cobrança na bacia hidrográfica. Portanto, não se trata de um imposto no qual o contribuinte é impossibilitado de participar diretamente da decisão sobre seu valor, critérios e conveniência. Porém, se os membros do comitê decidirem não efetuar a cobrança, devem estar cientes do impacto dessa decisão sobre a quantidade e a qualidade da água de sua bacia. e) Sistema de informações sobre recursos hídricos Inclui o cadastro de usuários de águas e dados sobre qualidade e quantidade dos recursos hídricos. Em coerência com as premissas do Sistema de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, em termos de democratização, descentralização e participação, o sistema de informações pressupõe a montagem de uma base de dados com todas as informações coletadas, interpretadas, analisadas e armazenadas, devendo ter acesso facilitado a todos os cidadãos. Os instrumentos de gestão estão esquematizados e inter-relacionados na Figura 15. 54 Figura – 15. Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos e sua inter-relação. Fonte: BRASIL / MMA / ANA, 2009 (adaptado). A Política Nacional de Recursos Hídricos também apresenta a organização institucional do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), que é composto pelos seguintes órgãos: • Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH); • Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (SRHU / MMA); • Agência Nacional de Águas (ANA): Autarquia especial criada pela Lei nº 9.984/2000, com a missão de implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, em articulação com órgãos e entidades públicas e privadas que constituem o SINGREH; • Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos: Em São Paulo, o CRH e em Minas Gerais, o CERH; • Gestores estaduais: Órgãos executivos dos Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos com atribuições, nas esferas estaduais, semelhantes às da ANA – no caso do Estado de São Paulo é o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), e em Minas Gerais, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM). É importante mencionar também os órgãos responsáveis pela gestão ambiental – CETESB em São Paulo e Fundação 55 Ambiental do Estado de Minas Gerais (FEAM) – cujas atuações devem ser integradas com a gestão de recursos hídricos; • Secretarias Estaduais com atuação em Recursos Hídricos: Em São Paulo, a SMA com sua Coordenadoria de Recursos Hídricos (CRHi) e em Minas Gerais, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD); • Comitê de Bacia: Também chamado de “Parlamento das Águas”, é o órgão colegiado de atuação descentralizada, sendo composto por representantes de diferentes segmentos de uma bacia, onde ocorre a articulação entre o poder público, usuários e sociedade civil, visando formular o Plano de Bacia e indicar programas e projetos para preservar e recuperar os recursos hídricos, é órgão estratégico, democrático, participativo, descentralizado, introduzido pela Política Nacional de Recursos Hídricos no novo modelo de gestão desse bem público; • Agência de Água: Entidade executiva dos comitês de bacias, sendo responsável por manter atualizado o plano de bacias, auxiliar os trabalhos dos comitês de bacias e aplicar os recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos, entre outras funções – nas Bacias PCJ, as funções de agência são cumpridas atualmente pelo Consórcio Intermunicipal das Bacias PCJ, como entidade delegatária do comitê federal. 3.4.2 Pacto de Gestão Para viabilizar a implantação do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos em bacias hidrográficas, a ANA se utiliza do pacto de gestão que pode ser implementado por meio do Convênio de Integração. O Convênio de Integração é utilizado para firmar o pacto entre a ANA, gestores estaduais e comitês, objetivando a implementação da gestão (BRASIL / MMA / ANA, 2009). Por meio do pacto de gestão, oficializado através do Convênio de Integração, é possível conciliar dificuldades, pactuar metas, estabelecer cronogramas e disponibilizar os recursos financeiros e humanos necessários para a implementação, 56 de forma adequada, do sistema de gerenciamento de recursos hídricos em uma bacia hidrográfica com rios de domínio da União e de Estados. 3.5 Comitês das Bacias PCJ A Lei nº 7.663/1991 criou os Comitês de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) e do Alto Tietê (CBH-AT). Eram as bacias com maior volume de informações reunidas e com capital social expressivo para liderar a implantação da grande novidade que eram os comitês de bacias, espaços estratégicos de articulação e negociação visando à gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos, também chamado de “Parlamento das Águas”, segundo a ANA (BRASIL / MMA / ANA, 2009). O CBH-PCJ foi instalado em novembro de 1993, em Piracicaba. O então prefeito de Piracicaba tornou-se o primeiro presidente do CBH-PCJ, primeiro Comitê de Bacias instalado em São Paulo. Mesmo antes da instalação do Comitê Federal, a ANA efetuou investimentos da ordem de R$35.000.000 por meio do Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas8 (PRODES). O PRODES teve importância nesse processo, através do qual a ANA sinalizava a necessidade de se trabalhar de maneira harmônica e integrada nas Bacias PCJ. O Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí ou “Comitê Federal” ou PCJ-Federal foi criado por Decreto Presidencial em maio de 2002 e instalado em março de 2003 e é composto por 50 representantes, sendo 20 (40%) dos poderes públicos, 20 de usuários de recursos hídricos e 10 (20%) de organizações civis. Um elemento considerado como fundamental pelo Comitê era a inclusão das Bacias dos Rios Capivari e Jundiaí, rios de domínio do Estado de São Paulo, como integrantes e formadores do Comitê Federal PCJ. A possibilidade de acatar essa aspiração das Bacias foi amplamente debatida no CNRH até que houvesse o convencimento da necessidade de prevalecer a expectativa dos envolvidos diretamente no processo de gestão. Essa foi considerada mais uma 8 Programa da ANA, também conhecido como Programa de Compra de Esgoto Tratado, é uma iniciativa inovadora: não financia obras e equipamentos e paga pelos resultados alcançados e pelo esgoto efetivamente tratado (BRASIL / MMA / ANA, 2009). 57 vitória para permitir a abordagem integrada dos recursos hídricos, aproveitando a experiência exercitada e bem sucedida no Comitê Paulista. Fundamental também na construção do Comitê Federal foi a incorporação de nove membros representando poder público, usuários e sociedade civil da porção mineira das Bacias PCJ. Apesar de Minas Gerais possuir apenas 1% da população e 7,4% da área da bacia, os representantes mineiros ocupam 12,5% das vagas do comitê. Essa representação proporcionalmente maior do Estado de Minas sinaliza o reconhecimento pelo Comitê Estadual de São Paulo da importância da participação de Minas Gerais no processo de gestão integrada das águas das Bacias PCJ. O Comitê Mineiro, Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba e Jaguari “CBH-PJ” foi criado e instalado pela Lei Estadual (MG) nº 13.199/1999. Os três comitês trabalham em conjunto, formando uma união: os Comitês PCJ, que ainda contam com o apoio técnico de 11 Câmaras Técnicas (CT’s), que subsidiam as decisões do Plenário, a saber: • Câmara Técnica de Águas Subterrâneas – CT-AS; • Câmara Técnica de Educação Ambiental – CT-EA; • Câmara Técnica de Integração e Difusão de Pesquisas e Tecnologias – CTID; • Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico – CT-MH; • Câmara Técnica de Outorgas e Licenças – CT-OL; • Câmara Técnica de Planejamento – CT-PL; • Câmara Técnica do Plano de Bacias – CT-PB; • Câmara Técnica de Proteção e Conservação dos Recursos Naturais – CTRN; • Câmara Técnica de Saneamento – CT-SA; • Câmara Técnica de Saúde Ambiental – CT-SAM; • Câmara Técnica de Uso e Conservação da Água no Meio Rural – CT-Rural. 58 3.6 Cobrança Pelo Uso dos Recursos Hídricos / da Água nas Bacias PCJ Sinais do amadurecimento das Bacias PCJ para se tornarem uma das regiões pioneiras no Brasil para implantação do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos – representando importante contribuição para a implementação em outras regiões do país – foram a criação do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, em 1989, e a instalação, em 1993, do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ), o primeiro a funcionar no Estado de São Paulo (BRASIL / MMA / ANA, 2009). No Estado de São Paulo, a destinação, através do FEHIDRO, de um percentual anual dos recursos vindos da compensação financeira pela utilização de recursos hídricos para geração de energia elétrica (royalties), com a devida aplicação através dos comitês paulistas, foi um elemento importante e estimulante para a implantação e fortalecimento do Comitê Paulista PCJ. Os subsídios derivados da mobilização e discussões na região das Bacias PCJ foram relevantes na definição da legislação paulista e na própria Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos. A partir de 2006, as Bacias PCJ deram mais uma significativa contribuição, com o início da cobrança pelo uso de recursos hídricos, resultado de um Pacto de Gestão entre os Comitês (Federal e Estadual) de Bacias, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE, do governo paulista), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM, do governo mineiro) e a ANA, como reguladora do uso de águas de domínio da União, como é o caso de rios da Bacia do Piracicaba. Segundo a ANA (BRASIL / MMA / ANA, 2009), a comprovação da maturidade regional, para a implementação dos instrumentos e do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, foi reforçada com o início da cobrança pelo uso dos recursos hídricos em rios de domínio da União. Ao final de 2006, o índice de adimplência entre os usuários foi de expressivos 99,3%. Os recursos financeiros arrecadados com a cobrança pelo uso da água na região já foram destinados a vários projetos de recuperação e proteção dos recursos hídricos nas Bacias PCJ, de acordo com contratos assinados pela Agência de Água PCJ. Fator determinante para o sucesso na cobrança foi a participação da ANA. Em agosto de 2004, os Comitês PCJ firmaram Convênio de Integração com a ANA e os Estados de São Paulo e Minas Gerais, visando à implementação dos 59 instrumentos de gestão da Política Nacional de Recursos Hídricos, incluindo a cobrança pelo uso de recursos hídricos. Pelos termos do Convênio de Integração, a ANA passou a prestar toda assistência necessária à apropriada implantação da cobrança, passo fundamental para a grande aspiração das comunidades das Bacias PCJ, a recuperação dos recursos hídricos de uma das regiões estratégicas para o futuro do país. Coube à ANA coordenar o processo de implantação do Comitê Federal, garantindo os procedimentos democráticos e a participação de todos os atores envolvidos. O envolvimento de um grande número de atores, componentes dos órgãos colegiados e usuários da região, foi determinante para o longo processo de negociação que levou ao pacto regional para a cobrança pelo uso da água nas Bacias PCJ, começando por rios de domínio da União. Processo marcado pela transparência, respeito mútuo e diálogo envolvendo todos os setores de usuários, em sintonia com as premissas do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Segundo a ANA (BRASIL / MMA / ANA, 2009), o ano de 2006 ficará na história das Bacias PCJ como aquele em que decisões importantes foram tomadas com vistas à consolidação na região do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos – um sistema integrado, democrático, participativo e descentralizado, como estipula a legislação brasileira – com o início da cobrança pelo uso da água em rios de domínio da União e com o primeiro ano de atividades da Agência de Água PCJ, função exercida pelo Consórcio Intermunicipal das Bacias PCJ, por indicação dos Comitês PCJ e delegação estipulada pela Resolução CNRH nº 53/2005. Em dezembro de 2006, o Decreto nº 51.449 (SÃO PAULO, 2006b) autorizou a cobrança pelo uso dos recursos hídricos de domínio do Estado de São Paulo, fixando os valores de cobrança nas bacias. A promulgação desse Decreto somente foi possível graças à aprovação do Decreto nº 50.667/2006 (SÃO PAULO, 2006a), que regulamentou a Lei nº 12.183/2005 (SÃO PAULO, 2005), instituindo a cobrança no Estado de São Paulo, após sete anos de debate na Assembleia Legislativa de São Paulo. No dia 13/04/2010, o CNRH aprovou que ao fim do atual contrato de gestão entre a ANA e o Consórcio PCJ, a Fundação Agência das Bacias PCJ, assumirá a cobrança federal, sendo que a mesma também assumirá a cobrança estadual paulista. 60 A cobrança pelo uso de recursos hídricos em Minas Gerais é, por sua vez, prevista na Lei nº 13.199/1999, que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos. A regulamentação dessa cobrança em Minas Gerais ocorreu com a edição do Decreto nº 44.046/2005, tendo iniciada em 2010. A implementação da cobrança pode causar polêmica, o que pode ser explicado pela dúvida sobre o destino e a transparência na aplicação dos recursos arrecadados, gerando, por vezes, desconfiança e a falsa ideia de que se trata de mais um imposto. No entanto, a legislação federal dispõe de mecanismos que garantem o retorno dos recursos financeiros recebidos para as bacias hidrográficas onde foram arrecadados. A Lei das Águas determina que os valores arrecadados com a cobrança sejam aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que forem gerados. Entretanto, a Lei nº 10.881/2004 (BRASIL, 2004), que dispõe sobre os contratos de gestão entre a ANA e as entidades delegatárias das funções de agência de água, garante que os recursos arrecadados mediante a cobrança sejam, obrigatoriamente, aplicados na bacia de origem. É oportuno ressaltar que o montante arrecadado deve ser aplicado, com transparência, na execução do programa de intervenções previsto no plano de recursos hídricos da bacia (Plano de Bacia Hidrográfica). Conforme a Política Nacional de Recursos Hídricos, os Comitês de Bacia decidem sobre a implementação da cobrança, bem como definem quem paga e por meio de que mecanismos de cobrança serão quantificados os valores a serem pagos pelos usuários. As deliberações dos comitês, definindo os mecanismos e sugerindo os preços, são encaminhadas para aprovação ao CNRH, no caso de corpos d’água de domínio da União e para os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, no caso de rios de domínio dos respectivos Estados. A estrutura dos mecanismos de cobrança existentes constitui-se, em geral, de três partes: a base de cálculo, o preço unitário e os coeficientes. A base de cálculo é determinada em função do uso da água. Normalmente, o parâmetro para caracterizar o uso quantitativo é a vazão e para caracterizar o uso qualitativo, a carga de poluentes lançada. Já o preço unitário é determinado em função dos objetivos da cobrança, que na Política Nacional de Recursos Hídricos foram definidos como: • Obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos; 61 • Incentivar a racionalização do uso da água; • Reconhecer a água como bem econômico dando ao usuário uma indicação de seu real valor. Segundo a Lei nº 9.433/1997 (BRASIL, 2007), os usuários sujeitos à outorga serão cobrados. Com isso, institui-se no Brasil uma abordagem que integra um instrumento econômico (cobrança pelo uso da água) a um instrumento de regulação ou comando-e-controle (outorga). Trata-se da uma forma de combater a prática de solicitação de uma vazão a ser outorgada maior do que a necessidade de seu uso. Essa espécie de “reserva de água” poderá prejudicar os demais usuários que pretendam captar água na mesma bacia hidrográfica. Com a cobrança pelo uso da água, há uma tendência para que o usuário de água solicite vazões a serem outorgadas dentro dos limites de sua real necessidade de uso. 3.7 Planos e Programas Existentes Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), principais planos e programas existentes para a região das Bacias PCJ: a) Programa de Microbacias O Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas, implantado pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) – Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SSA) de São Paulo, tem como objetivo atuar junto aos produtores rurais paulistas para o estímulo ao trabalho comunitário e à organização rural para enfrentar o mercado através da formação de associações, capacitação, conscientização e melhoria ambiental com o plantio de matas ciliares, manejo adequado de solo e adequação das estradas rurais. b) Projeto Água Limpa O Projeto Água Limpa, apresentado pelo Governo do Estado de São Paulo, é uma ação conjunta entre a Secretaria de Saneamento e Energia (SSE), por intermédio do DAEE, e a Secretaria da Saúde para ser implantado em parceria com os municípios envolvidos. O programa tem por objetivo recuperar a qualidade das 62 águas interiores do Estado, visando melhorar a qualidade de vida dos habitantes dos municípios, bem como os indicadores de saúde pública e desenvolvimento da cidade, através da implantação de obras nos sistemas de esgotamento sanitário de efluentes urbanos (tratamento de esgoto por lagoas de estabilização), em municípios de pequeno porte que não são atendidos pela SABESP. c) Plano Entre Serras e Águas O Plano "Entre Serras e Águas: Plano de Desenvolvimento Sustentável para a Área de Influência da Duplicação da Rodovia Fernão Dias", como o próprio nome sugere, é uma proposta da SMA para os municípios do trecho paulista dessa via de ligação, entre São Paulo e Belo Horizonte. O objetivo do plano é preparar a região para as transformações sociais e econômicas que advirão com a duplicação dessa estrada, criando condições para enfrentar os problemas emergentes. d) Programa de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas A RMC, responde, de acordo com a Secretaria Estadual de Economia e Planejamento (SEP), por 9,1% do PIB estadual e sua produção industrial é superior a de todos os outros Estados do país, com exceção da RMSP. É a região que mais cresce em todo o Estado e, em sua maioria, as indústrias são de grande complexidade tecnológica. e) Projetos de Educação Ambiental Na RMC são desenvolvidos alguns projetos de educação ambiental que colaboram na solução de problemas. Com base em alguma necessidade concreta que foi constatada, os projetos são elaborados, estruturados e escritos, seguindo a fase de captação de recursos para o mesmo. Os recursos podem vir tanto de órgãos públicos quanto privados. Com esses garantidos, o projeto é desenvolvido. f) Carta de Indaiatuba O município de Indaiatuba sediou, em outubro de 2007, o “1º Seminário RMC do Meio Ambiente 2007 – Indaiatuba +10”. O resultado do seminário foi compilado em um documento – a Carta de Indaiatuba – que representa o compromisso dos prefeitos, secretários municipais e técnicos das áreas de meio ambiente dos 19 municípios da RMC de atuarem conjuntamente para a otimização de recursos 63 materiais e financeiros e para a maior eficácia das ações. O objetivo é melhorar a qualidade de vida da população. O documento foi elaborado a partir da discussão dos principais problemas enfrentados pelas cidades da RMC. g) Programa de Recuperação de Matas Ciliares (PRMC) O Governo do Estado de São Paulo, através da SMA, desenvolve o Projeto de Recuperação de Matas Ciliares (PRMC). O projeto tem como objetivo o desenvolvimento de instrumentos, metodologias e estratégias para viabilizar um programa de restauração de matas ciliares de longo prazo e abrangência estadual. Destaca-se, desde a sua concepção, a integração das ações da SMA com a SAA. No caso das Bacias PCJ as microbacias selecionadas são: Ribeirão Moinho, em Nazaré Paulista, Ribeirão Piraí, em Cabreúva e Ribeirão Cancã, em Joanópolis. h) Hidrovia Tietê-Paraná – Aproveitamento Múltiplo de Santa Maria da Serra A Hidrovia Tietê-Paraná (HTP) vem sendo implantada gradualmente durante as ultimas décadas. Em sua configuração atual, possibilita a navegação segura e ininterrupta através de trechos dos Rios Tietê, Paraná, Paranaíba, Grande e Piracicaba. Nas últimas décadas, foram implantadas eclusas, canais e dispositivos de sinalização e segurança, totalizando 2.400 km de vias navegáveis principais e secundárias. A HTP é administrada, no seu trecho paulista, pelo Departamento Hidroviário (DH) da Secretaria Estadual dos Transportes (ST), e no trecho federal, pela Administração da Hidrovia do Paraná (AHRANA). Na Bacia do Piracicaba, opera o Terminal de Santa Maria da Serra. i) Reservas da Biosfera A Reserva da Biosfera é uma figura instituída pela UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, em português: Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) para abrigar uma rede de áreas no globo de relevante valor ambiental para a humanidade. Representa um forte compromisso do Governo local, perante seus cidadãos e a comunidade internacional que realizará os esforços e atos de gestão necessários para preservar essas áreas e estimular o desenvolvimento sustentável, dentro do espírito da solidariedade universal. Os Governos locais, espontaneamente, indicam as áreas que querem ver 64 declaradas como Reserva da Biosfera e se dispõem a transformar sua vontade política em ações concretas para que o propósito seja alcançado. Boa parte das áreas abrangidas pelo programa está sob a administração direta do Instituto Florestal (IF), órgão da SMA / SP. A criação da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo traz vários benefícios para as Bacias PCJ, uma vez que as nascentes dos Rios Jaguari e Atibaia se situam dentro dessa reserva, garantindo assim a manutenção dos níveis de produção de água desses mananciais e o abastecimento de grande parte da RMSP e também dos municípios da própria Bacia do Piracicaba. j) Projeto de Proteção aos Mananciais do Consórcio PCJ O Consórcio Intermunicipal das Bacias PCJ (Consórcio PCJ) é uma associação de direito privado sem fins lucrativos, composta por municípios e empresas, que tem como objetivo a recuperação dos mananciais de sua área de abrangência. A base do trabalho da entidade está na conscientização de todos os setores da sociedade sobre a problemática dos recursos hídricos da região, no planejamento e no fomento às ações de recuperação dos mananciais. Desde 1991, o Programa de Proteção aos Mananciais (PPM) do Consórcio PCJ desenvolve ações com foco na proteção dos mananciais visando à garantia de água de qualidade para toda a população das Bacias PCJ. k) Programa Município Verde-Azul / Pacto das Águas O Governo de São Paulo iniciou em julho de 2007, através da SMA, o Programa Município Verde, que depois passou a se chamar Município Verde-Azul (por ter se somado a ele como diretiva o Programa Pacto das Águas), que tem por objetivo compartilhar a política de meio ambiente com os municípios. Os municípios que aderirem ao Programa e cumprirem as metas estabelecidas receberão a certificação de Município Verde-Azul, ficando credenciados como prioritários na obtenção de recursos públicos do Governo de São Paulo, especialmente aqueles oriundos do FEHIDRO e do Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição (FECOP). 65 l) Programa Melhor Caminho Sob a coordenação da SAA de São Paulo, a execução de obras e dos programas educativos junto às prefeituras, aos agricultores e à comunidade em geral são de responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo (CODASP). O programa visa à recuperação das estradas rurais, deterioradas em função da dificuldade em se manter um sistema de conservação para essas que, por fim, acabam se tornando intransitáveis. Essa situação, além de comprometer o escoamento da safra e o transporte rural em geral, a falta de manutenção nas estradas rurais acaba gerando impactos ambientais consideráveis, como erosão do solo e assoreamento dos corpos d’água adjacentes. m) Programa Nacional de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (PROAGUA) O Programa Nacional de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (PROÁGUA Nacional) é um programa do Governo Brasileiro financiado pelo Banco Mundial. O Programa originou-se da exitosa experiência do PROÁGUA / Semi-árido e mantém sua missão estruturante, com ênfase no fortalecimento institucional de todos os atores envolvidos com a gestão dos recursos hídricos no Brasil e na implantação de infraestruturas hídricas viáveis do ponto de vista técnico, financeiro, econômico, ambiental e social, promovendo assim o uso racional dos recursos hídricos. O objetivo geral do PROÁGUA Nacional é contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população, especialmente nas regiões menos desenvolvidas do País, mediante planejamento e gestão dos recursos hídricos simultaneamente com a expansão e otimização da infraestrutura hídrica, de forma a garantir a oferta sustentável de água em quantidade e qualidade adequadas aos usos múltiplos. n) Projeto Conservador das Águas O Projeto Conservador das Águas está sendo desenvolvido em Extrema (MG). A lei que dá origem a esse projeto é a de nº 2.100/2005, regulamentada pelo Decreto nº 1.703/2006 (projeto de lei da Prefeitura Municipal de Extrema). Tem por objetivos a implantação de ações para a melhoria da qualidade e quantidade das águas e o apoio financeiro aos proprietários rurais. O apoio financeiro se dá pelo cumprimento de todas as metas estabelecidas, estando essas relacionadas à conservação do solo, implantação de sistemas de saneamento (incluindo disposição 66 adequada de resíduos sólidos) e implantação e manutenção da cobertura vegetal das APP’s e da Reserva Legal através de averbação em cartório. o) Programa Gestão Municipal de Recursos Hídricos – Sistema Municipal de Informações Ambientais (SMIA) Conduzido pelo CEPAM (Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal – Fundação Prefeito Faria Lima), o Programa Gestão Municipal de Recursos Hídricos nos municípios das Bacias PCJ tem como objetivos capacitar os gestores municipais a estabelecer, a partir de suas competências constitucionais, as condições necessárias para a proteção das águas em seu território e assessorá-los na criação e implantação de políticas locais de preservação e conservação das águas. O projeto propõe também a implantação de um Sistema Municipal de Informações Ambientais (SMIA), que deverá ser desenvolvido pelos gestores ambientais segundo as realidades locais e consiste na produção, organização e utilização sistemáticas de informações necessárias para lidar com as questões determinantes da qualidade ambiental e de vida dos habitantes, na busca de sustentabilidade, seja nos territórios municipais, como naqueles com os quais esses se relacionem. Dessa forma, ele integra o rol de instrumentos considerados essenciais para habilitar os municípios na gestão dos recursos hídricos, considerando sua importância estratégica na determinação das condições de vida e das atividades econômicas. 67 4. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho é de levantamento bibliográfico, usadas diversas fontes. Foi realizado um trabalho de caracterização das Bacias PCJ, com dados demográficos, geográficos, ambientais, sociais, sanitários etc., assim como dados de gestão dos recursos hídricos, baseados nas Políticas de Recursos Hídricos Estadual Paulista e Federal. Foram levantados mais especificamente dados de qualidade das águas, através de índices, comparando dados de diferentes anos; também dados de investimentos e destinação de recursos financeiros nas Bacias PCJ. Destaca-se que quando se referem a dados municipais, tais como esgoto, resíduos sólidos etc., os valores apresentados como média, a somatória ou total da UGRHI-5, estão sendo considerados os 57 municípios com sede nas Bacias PCJ. Segue descrição das principais referências bibliográficas utilizadas neste trabalho, sendo o material estudado e utilizado neste trabalho. a) Sítios eletrônicos Foram consultados os sítios eletrônicos dos Comitês PCJ, da Agência de Água PCJ e da Fundação das Bacias PCJ. Nesses sítios são disponibilizados documentos, atas de reuniões dos comitês e das câmaras técnicas, materiais de divulgação, notícias, dados de cobrança, plano de bacia, relatórios de situação, cursos, mapas, leis, deliberações, estudos, teses, membros e contatos desses, dados de monitoramento, eventos, licitações, contratos, relatórios de gestão, de atividades e de avaliação, arrecadação e aplicação dos recursos, boletins etc., ou seja, uma série de informações à disposição para consulta. b) Plano de Bacias Hidrográficas dos Rios PCJ 2008 – 2011 O plano atual das Bacias PCJ é o “Plano de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí para o Quadriênio 2008 – 2011”, de responsabilidade da Agência de Água PCJ, que é dividido pelos tópicos de caracterizações física, político-administrativa, demográfica socioeconômica, ambiental, dos recursos hídricos, inclusive esses divididos sub-bacias e regiões específicas; prognósticos, 68 inclusive por sub-bacias e RMC; plano de metas e ações; programa de investimentos. c) Relatórios de situação dos recursos hídricos das Bacias PCJ 2007 e 2009 O Relatório de Situação dos Recursos Hídricos nas Bacias PCJ (porção paulista das Bacias) foi elaborado utilizando-se a matriz de indicadores ambientais obrigatórios e os dados disponibilizados pela Coordenadoria de Recursos Hídricos (CRHi), da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo (SMA) para a UGRHI-5 (PCJ) para esses indicadores, consistidos quando necessário. A CRHi, com o objetivo de tornar o Relatório de Situação mais conciso e com periodicidade anual, propôs aos Comitês de Bacia das UGRHI’s a utilização de um método de elaboração desses relatórios. Tal método, denominado GEO Bacias9, consiste no uso de um conjunto de indicadores ambientais organizados em uma estrutura denominada matriz FPEIR (Força-Motriz, Pressão, Estado, Impacto e Resposta). A Figura 16 apresenta a estrutura desse conjunto de indicadores. Figura – 16. Estrutura FPEIR. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CRHi, 2009. 9 Aplicação do método Global Environment Outlook, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a bacias hidrográficas, com foco nos recursos hídricos. 69 d) Relatórios de Situação dos recursos hídricos no Estado de São Paulo 2009 e 2010 Esse relatório passa por aprovação pelo CRH. Essa publicação retrata a condição dos recursos hídricos no Estado de São Paulo. Previsto em lei, o relatório de Situação dos Recursos Hídricos tem dupla finalidade: avaliar o cumprimento das metas do Plano Estadual de Recursos Hídricos e prestar informação pública simples e clara sobre o estado das águas no território paulista. Com a finalidade de garantir coerência e uniformidade de coleta e tratamento de dados, foi utilizada a matriz FPEIR. e) Livro “A implementação da cobrança pelo uso de recursos hídricos e Agência de Água das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí” Material produzido pela ANA em 2007 e revisado em 2009. Esse livro documenta a contribuição histórica que as Bacias PCJ, vêm dando para a estruturação do sistema integrado de gestão dos recursos hídricos. A partir de uma mobilização de décadas da sua população, em defesa de seus rios, a região das Bacias PCJ constituiu importante capital social sobre a forma de gerir as águas, como fruto do acúmulo de debates, reflexões e estudos muito bem fundamentados, com expressiva participação de seus vários centros de ensino e pesquisa. f) Política Estadual de Recursos Hídricos A Lei paulista nº 7.663/1991 institui a Política Estadual de Recursos Hídricos. Essa lei representa um avanço conceitual por ser a pioneira dentre todos os Estados brasileiros, além de ter sido promulgada antes da Política Nacional de Recursos Hídricos (MARCON, 2005). g) Política Nacional de Recursos Hídricos País com uma das maiores reservas de água doce do mundo, o Brasil tem procurado fazer a sua parte, por meio da implantação de um sistema integrado de gestão dos recursos hídricos. É um sistema fundamentado em legislações estaduais e na Lei das Águas, como ficou conhecida a Lei nº 9.433/1997, que definiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. 70 h) “Relatório de qualidade das águas interiores no Estado de São Paulo 2005” e Relatório de “Qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo 2009” Relatórios publicado pela CETESB em 2006 e 2010, com dados dos anos anteriores (2005 e 2010, respectivamente). Para a avaliação da qualidade das águas superficiais, a CETESB possui uma série de redes de monitoramento com pontos de amostragem distribuídos em todo o Estado, seja em corpos de água doce como rios e reservatórios, como em águas salinas e salobras em regiões estuarinas a marinhas. Com relação à rede de qualidade, foram escolhidos 10 pontos de monitoramento da rede básica na UGRHI-5, escolhidos em função de serem predominantemente em pontos de captações municipais (dois de Campinas e um cada de Sumaré, Piracicaba, Paulínia / Hortolândia, Limeira e Jundiaí) e à jusante de grandes cidades (Campinas e Piracicaba), além do último ponto da Bacia do Rio Piracicaba, no Reservatório de Barra Bonita. O Quadro 6 apresenta os pontos escolhidos para esse estudo, com os códigos adotados pela CETESB, os corpos d’águas pertencentes, as localizações e os municípios. 71 Quadro 6. Pontos da rede básica de monitoramento da CETESB escolhidos para o presente estudo. Ponto Corpo d'água Localização Município Na captação de Campinas, na ATIB 02065 divisa entre os municípios de Campinas Campinas e Valinhos. ATIB 02300 Rio Atibaia No canal de captação da Rhodia, em Paulínia. Na captação de Sumaré, perto do ATIB 02800 Mini-Pantanal de Paulínia. Paulínia Paulínia Na captação de Campinas - ETA CPIV 02130 Rio Capivari Capivari na Rodovia dos Campinas CRUM 02500 Rio Corumbataí Na captação de Piracicaba. Piracicaba Bandeirantes. Na ponte da rodovia SP-332, JAGR 02500 Rio Jaguari JAGR 02800 JUMI 00800 Ribeirão Jundiaí-Mirim próximo às captações de Paulínia Paulínia e Hortolândia. Na captação de Limeira. Limeira Na captação de Jundiaí. Jundiaí Margem esquerda, 2,5 km à PCAB 02220 Rio Piracicaba jusante da foz do Ribeirão Piracicamirim, na captação de Piracicaba Piracicaba. PCBP 02500 Braço do Rio Piracicaba Ponte na rodovia SP-191, no trecho que liga Santa Maria da Serra a São Manuel. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptado). Santa da Serra Maria 72 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Principais Interfaces ou Conflitos em Recursos Hídricos 5.1.1 CBH – PCJ Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), as bacias PCJ encontram-se interligadas, em relação ao uso de seus recursos hídricos, devido às seguintes reversões existentes para abastecimento público: • Município de Jundiaí: reverte até 1.200 L.s-1 do Rio Atibaia para uma represa existente no Rio Jundiaí-Mirim; • Município de Campinas: capta aproximadamente 4.000 L.s-1 no Rio Atibaia, sendo que aproximadamente 1.050 L.s-1 são revertidos, na forma de esgoto, para a Bacia do Rio Capivari e aproximadamente 250 L.s-1 para a bacia do Piracicaba, através da sub-bacia do Ribeirão do Quilombo; • Municípios de Paulínia, Hortolândia e Monte Mor: através do sistema integrado de abastecimento desses municípios, a SABESP reverte do Rio Jaguari aproximadamente 900 L.s-1 para as bacias dos Rios Atibaia e Capivari; • Interestadual: as nascentes do Rio Jaguari (e um pequeno ribeirão afluente do Rio Atibaia) encontram-se no Estado de Minas Gerais e escoam para o Estado de São Paulo. 5.1.2 CBH – AT (Alto Tietê) Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), o Sistema Cantareira, gerenciado pela SABESP, é o principal produtor de 73 água para abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP, responsável por 57% do abastecimento público na UGRHI-6 – AT (Alto Tietê), onde a RMSP se insere – ou cerca de nove milhões de habitantes em 2007 (BRASIL / MMA / ANA, 2009). O contexto espacial desse sistema não se restringe, no entanto, à Bacia do Alto Tietê. O Sistema Cantareira se utiliza de reservatórios localizados nas cabeceiras dos Rios Atibaia, Atibainha, Cachoeira e Jaguari, formadores do Rio Piracicaba. Nesse complexo, há uma transposição de até 31 m³.s-1 da bacia hidrográfica do Rio Piracicaba para a Bacia do Alto Tietê através do túnel que interliga o Reservatório do Rio Atibainha em Nazaré Paulista para o Reservatório Paiva Castro, na Bacia do Rio Juqueri em Mairiporã e Franco da Rocha. Desse último, as águas são bombeadas para a Estação de Tratamento de Água – ETA Guaraú, na zona norte do município de São Paulo. A Figura 17 mostra o esquema de funcionamento do Sistema Cantareira. Figura – 17. Esquema de Funcionamento do Sistema Cantareira. Fonte: BRASIL / MMA / ANA, 2009 (adaptado). 74 Segundo a ANA (BRASIL / MMA / ANA, 2009), a reversão de águas da Bacia do Rio Piracicaba, para abastecimento de grande parte da RMSP, por intermédio do Sistema Cantareira, representa historicamente o principal foco de conflitos pelo uso dos recursos hídricos nas Bacias PCJ. Essa reversão representa importante desafio, considerando a situação de escassez de recursos hídricos nas bacias. A autorização para a derivação de água para a RMSP de até 33 m³.s-1 foi dada por Portaria do Ministério das Minas e Energia de agosto de 1974, estabelecendo um prazo de 30 anos de vigência da outorga. Em 2004, a ANA e o DAEE, com ativa participação dos Comitês PCJ, fixaram novas condições de operação do Sistema Cantareira, após intenso processo de negociação. O referendo aos termos da minuta da nova outorga do Sistema Cantareira aconteceu em reunião plenária dos Comitês PCJ em agosto de 2004, conforme a Deliberação Conjunta dos Comitês PCJ nº 013/2004. Os termos da outorga envolveram uma série de condicionantes, como o prazo de vigência de 10 anos (e não mais 30, como na outorga anterior), e o estabelecimento de vazões mínimas para as Bacias PCJ de três a cinco metros cúbicos por segundo e a máxima para a Região Metropolitana de São Paulo de 31 m³.s-1. 5.2 Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos 5.2.1 Plano de Bacias Hidrográficas O plano das bacias hidrográficas, ou plano de recursos hídricos, atual das Bacias PCJ é o “Plano de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí para o Quadriênio 2008 – 2011”, de responsabilidade da Agência de Água PCJ. Esse plano visa preencher uma lacuna subsequente ao período de validade do plano anterior, até 2007, necessária para que os Comitês PCJ tenham a base para as ações e deliberações referentes às indicações de empreendimentos para a utilização dos recursos do FEHIDRO e das Cobranças PCJ (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a). A sua validade está vinculada à aprovação do plano de Bacias PCJ em processo de audiência pública com horizonte até 2020/2035 (ainda em discussão). 75 5.2.2 Enquadramento dos Corpos d’Água Enquadramento dos corpos d’água é o estabelecimento do nível de qualidade (classe) a ser alcançado e/ou mantido em um dado segmento do corpo de água ao longo do tempo (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a). A legislação referente ao enquadramento dos corpos d'água das Bacias PCJ em âmbito do Estado de São Paulo é o Decreto Estadual Paulista nº 10.755/1977 (SÃO PAULO, 1977), que obedeceu aos padrões fixados pelo Decreto Estadual Paulista nº 8.468/1976 (SÃO PAULO, 1976) e, em âmbito federal, o estabelecimento dos padrões foi feito pela Resolução CONAMA nº 357/2005 (BRASIL / MMA / CONAMA, 2005). Segundo a ANA (BRASIL / MMA / ANA, 2009), um dos propósitos do novo plano de recursos hídricos das Bacias PCJ com horizonte em longo prazo é o do reenquadramento dos corpos d’água, importante instrumento de gestão, previsto na legislação e que deve ser refinado no escopo de ações futuras nas Bacias PCJ. O tema nas Bacias PCJ é tratado como um processo no qual se definem as metas com a situação que se pretende para os corpos d’água, em uma cronologia determinada, portanto, não há uma definição obrigatória sobre o atual estágio dos corpos de água, mas o enquadramento a ser obtido em determinado tempo. O Rio Piracicaba, por exemplo, por determinação legal, é considerado rio de Classe 2 pelo decreto paulista de enquadramento (SÃO PAULO, 1977), mas na realidade apresenta vários trechos na condição de Classe 4 em períodos do ano. O novo plano de recursos hídricos contemplará a real possibilidade para o reenquadramento dos rios da região, visando à melhoria substancial e sustentável de seus parâmetros de qualidade e quantidade, considerando o uso de sua água pelas futuras gerações. 5.2.3 Outorga No Estado de São Paulo, o órgão responsável pela outorga em rios de domínio do Estado é o DAEE (órgão da SSE / SP); em Minas Gerais, é o IGAM. Em rios de domínio da União, é a ANA a responsável pela outorga. 76 Considerando a necessidade de articulação e de integração de procedimentos entre as autoridades outorgantes de recursos hídricos das Bacias PCJ, ANA, DAEE e IGAM, bem como entre os órgãos ambientais CETESB e FEAM, foi elaborada a “Resolução Conjunta ANA, DAEE, IGAM nº 499, de 21 de novembro de 2005”, que dispõe sobre os procedimentos para a regularização dos recursos hídricos nos rios de domínio da União nas Bacias PCJ, referentes aos dados de outorga e cobrança. A Resolução resolveu que as três entidades, articuladas com a CETESB e a FEAM promoveriam a regularização dos usos de recursos hídricos nos rios de domínio da União nas Bacias PCJ com prazo final até dezembro de 2005, pois o início da cobrança seria janeiro de 2006. Os usuários dos rios de domínio da União se constituíram no público-alvo da regularização, uma vez que a cobrança em águas de domínio estadual ainda não seria implementada. Essa regularização teve por base a integração dos bancos de dados existentes ou em construção pelas cinco entidades. O processo de regularização foi iniciado pela convocação de todos os usuários em corpos de água de domínio da União, nas Bacias PCJ, para cadastramento ou retificação dos dados da outorga. O cadastramento foi realizado mediante preenchimento de formulário eletrônico próprio do Cadastro Nacional dos Recursos Hídricos (CNARH). Segundo a ANA (BRASIL / MMA / ANA, 2009), a disseminação e o enraizamento de uma cultura de valorização da outorga, principalmente como instrumento de planejamento, e para efeito, por exemplo, do funcionamento da cobrança pelo uso de recursos hídricos, com base em um cadastro refinado e consolidado de usuários é de grande importância, visando o refinamento do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos nas Bacias PCJ. Trata-se, entre outros desafios, do convencimento de todos os usuários, nos diversos segmentos, de que a outorga é benéfica para todos os envolvidos. Benéfica para os usuários em geral das bacias e para o próprio outorgado, pois o funcionamento integral do sistema é a única garantia para a sustentabilidade das águas e sem essa sustentabilidade, o usuário que não contemplar a outorga tenderá a ficar sem a água no futuro, ou pior, isto trará prejuízos e impactos negativos para todas as comunidades que dependem da água para viver e produzir. 77 5.3.4 Cobrança pelo Uso da Água Segundo o Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011 (AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a), em São Paulo, a criação do CRH, em novembro de 1987, contribuiu decisivamente para a intensificação dos debates nessa área, já que define como seus objetivos a formulação da Política Estadual de Recursos Hídricos, a elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH) e a proposta de lei de instituição do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRH), objetivos esses constantes da Constituição Paulista de 1989, a qual prevê a cobrança pelo uso da água. A Resolução CNRH nº 52/2005 (BRASIL / MMA / CNRH, 2005) aprova os mecanismos e os valores para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos nas Bacias PCJ (federal). A Deliberação CRH nº 68/2006 (SÃO PAULO / SMA / CRH, 2006) referenda a proposta dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos de domínio do Estado nas Bacias PCJ. Em 2006 foi aprovado o Decreto Estadual nº 51.449 (SÃO PAULO, 2006b), que institui a aprovação e fixação dos valores para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos no Estado de São Paulo. Tal proposta aprovada foi elaborada em conjunto pelos comitês de bacias hidrográficas e o CRH. A cobrança estadual nas Bacias PCJ foi iniciada em 2007, implantada de forma progressiva, atingindo índices de adimplência bastante altos, o que demonstra que houve consenso entre os usuários quanto à necessidade da cobrança e quanto aos valores cobrados. O Comitê PCJ foi o segundo comitê a implementar a cobrança pelo uso da água em rios de domínio da União – a cobrança em rios de domínio da União iniciou-se na Bacia do Rio Paraíba do Sul (Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). A cobrança foi estabelecida após a consolidação de um grande pacto entre os poderes públicos, os setores usuários e as organizações civis representadas no âmbito dos Comitês PCJ para a melhoria das condições relativas à quantidade e à qualidade das águas da Bacia. A cobrança pelo uso da água nas Bacias PCJ teve início em janeiro de 2006. Após o Consórcio PCJ e a ANA assinarem o Contrato de Gestão, delegando à entidade as funções de Agência de Água, durante o mês de dezembro de 2005 houve uma campanha para atualização de dados e cadastramento de usuários e possíveis pagadores pelo uso da água dos rios de domínio da União nas Bacias 78 PCJ, promovida pela ANA, DAEE, IGAM, CETESB e FEAM, com apoio da Agência de Água PCJ. Após esse trabalho, chegou-se a um número próximo de 100 usuários em condições de receber os boletos da cobrança pelo uso da água. Os usos considerados para a cobrança são aqueles constantes dos cadastros dessas entidades, que foram confirmados ou alterados pelos usuários no processo de regularização de usos. Os usuários que não se cadastraram no CNARH estão ilegais e sujeitos às penalidades previstas em lei. Os recursos financeiros arrecadados em rios de domínio da União pela ANA são repassados integralmente ao Consórcio PCJ, entidade delegatária das funções de Agência de Água, escolhida pelos Comitês PCJ e aprovada pelo CNRH para um período de dois anos; essas funções de Agência de Água será transferida para a Fundação Agência das Bacias PCJ, segundo aprovação do CNRH, e também assumirá a cobrança estadual paulista. Esses recursos financeiros são aplicados na região onde foram arrecadados com base nos programas, projetos e obras previstos no Plano de Bacias aprovado pelos Comitês PCJ. O Plano consiste em um programa de ações e investimentos para a conservação, recuperação e preservação dos recursos hídricos. O processo de seleção dos projetos prioritários, serviços e obras a serem beneficiados com os recursos da cobrança, sob critérios técnicos aprovados pelos Comitês PCJ, é conduzido pelo Consórcio PCJ, assim como o repasse dos recursos e a fiscalização da execução das ações. Os valores a serem pagos pelos usuários foram discutidos e estudados no âmbito dos Comitês PCJ, de forma a não causar impactos significativos nos custos dos usuários. A cobrança aplica-se à captação, ao consumo e ao lançamento dos recursos hídricos utilizados, de acordo com os usos declarados e consolidados e com os mecanismos previstos nas deliberações dos Comitês PCJ. O valor a ser cobrado de cada usuário é a soma dos valores respectivos à captação, ao consumo e ao lançamento, resultando no Preço Unitário Final (PUF), sendo que cada um desses itens são calculados pelo produto do Preço Unitário Básico (PUB) pelos Coeficientes Ponderados. Os preços públicos unitários aprovados para a cobrança PCJ são apresentados na Tabela 9. Esses valores, no entanto, foram previstos para obedecer a uma progressividade aprovada pelos Comitês PCJ, sendo cobrado 60% desses valores em 2006, 75% em 2007 e em 2008 o valor integral. 79 TABELA 9. Preços Públicos Unitários para a Cobrança PCJ. Tipo Uso Unidade Valor Captação de água bruta R$ . m-3 0,01 Consumo de água bruta R$ . m-3 0,02 Lançamento de carga orgânica DBO5,20 R$ . m-3 0,10 Transposição de bacia R$ . m -3 0,015 Fonte: AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2008a (adaptado). Em Minas Gerais, a cobrança pelo uso de recursos hídricos é prevista na Política Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais, instituída pela Lei nº 13.199/1999, tendo sido regulamentada no âmbito do Estado pelo Decreto nº 44.046/2005. Nas bacias hidrográficas de rios de domínio do Estado de Minas Gerais, a cobrança se iniciou em 2010. Para implementação da cobrança nos rios de domínio do Estado, foi necessário o atendimento de alguns pré-requisitos previstos na legislação estadual, tais como o desenvolvimento de programa de comunicação social sobre a necessidade econômica, social e ambiental da utilização racional e proteção das águas; o cadastramento dos usuários das águas e a regularização dos direitos de uso; a definição dos usos insignificantes pelo respectivo comitê de bacia hidrográfica; a instituição de agência de bacia hidrográfica ou entidade a ela equiparada, na mesma área de atuação de um ou mais comitês de bacia hidrográfica, e a aprovação pelo CERH da proposta de cobrança tecnicamente fundamentada, encaminhada pelo respectivo comitê de bacia hidrográfica. Estarão isentos da cobrança os usos de recursos hídricos destinados à satisfação das necessidades de pequenos núcleos habitacionais distribuídos no meio rural, bem como as acumulações, as derivações, as captações e os lançamentos considerados insignificantes. Os recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da água serão aplicados integralmente na bacia onde foram gerados. As agências de bacia hidrográfica são entidades jurídicas de direito privado, com autonomia financeira e administrativa, que atuam como unidades executivas descentralizadas de apoio a um ou mais comitês de bacia hidrográfica e respondem pelo seu suporte administrativo, técnico e financeiro. É a arrecadação feita por meio 80 da cobrança que suportará as despesas de implantação, custeio para manutenção técnica e administrativa das agências, a médio e longo prazo. Como o processo de implementação das agências de bacia hidrográfica propriamente ditas é, do ponto de vista legal, bastante complexo, exigindo até mesmo instituição pelo Estado e autorização legislativa, existe uma tendência à equiparação de organizações civis de recursos hídricos a agência de bacia, passando, então, a ser denominadas entidades equiparadas, no âmbito estadual, e entidades delegatárias, no âmbito federal. A Tabela 10 apresenta os valores arrecadados anualmente nas Bacias PCJ com a cobrança pelo uso da água, nota-se que os valores têm aumentado a cada ano, tanto no nível estadual quanto federal (exceto no ano de 2009, que ficou ligeiramente inferior ao ano de 2008, no nível federal). TABELA 10. Arrecadação com a cobrança pelo uso da água nas Bacias PCJ. Cobrança PCJ Valores arrecadados (R$) Ano Federal 2006 10.016.779,37 (A) 2007 13.499.321,85 8.761.303,98 (B) 2008 17.038.837,82 12.595.098,79 2009 16.955.757,89 15.584.099,46 2010 (C) 11.914.454,43 11.789.271,43 69.425.151,36 48.729.773,66 Total (A) a partir de janeiro; Estadual (B) a partir de julho; 118.154.925,02 (C) até agosto. Fontes: AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ, 2010; SECOFEHIDRO, 2010. Segundo a Agência de Água PCJ (2010), foram arrecadados com a cobrança pelo uso da água em rios de domínio da União nas Bacias PCJ, de até agosto de 2010, mais de R$69.000.000. Segundo a SECOFEHIDRO – Secretaria Executiva do Conselho de Orientação do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (2010), foram arrecadados quase R$49.000.000, até agosto de 2010, em rios de domínio do Estado nas Bacias PCJ. Com isso, somam-se mais de R$118.000.000 em arrecadação com a cobrança pelo uso da água nas Bacias PCJ desde 2006. 81 5.2.5 Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos Segundo o relatório de Situação dos recursos hídricos no Estado de São Paulo 2009 (SÃO PAULO / SMA / CRHi, 2009), o sistema de informações sobre recursos hídricos está implantado na UGRHI-5 (PCJ). De acordo com o sítio eletrônico da Agência de Água PCJ, os sistemas de informações disponíveis na área das Bacias PCJ são: • Sistema de Monitoramento em tempo real - Dados de chuva e vazão (DAEE); • Sistema de Monitoramento do Sistema Cantareira (SABESP); • Sistema de Suporte à Decisão das Bacias PCJ – SSD. 5.3 Qualidade das Águas A qualidade das águas no Estado de São Paulo é influenciada, dentre outros, pelos índices de tratamento de esgotos domésticos e pelas chuvas. Os principais problemas observados na UGRHI-5 (PCJ) estão relacionados com contaminantes de origem industrial e doméstica, que acarretam carência de oxigênio, eutrofização e toxicidade nos recursos hídricos, além da erosão marginal. Segundo o relatório de Qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo 2009 (SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b), com dados de 2009, a UGRHI5 (PCJ), que já apresentava elevado grau de eutrofização, exibiu a maior porcentagem de piora em 2009. Por exemplo, na bacia do Capivari, a intensa expansão urbana vem causando uma perda de qualidade das águas do Rio Capivari, no trecho de Campinas. Foram analisados os dados de IQA, IAP, IET e IVA dos pontos estudados (como consta no item 4) do Relatório de qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo 2006 (SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2006), com dados de 2005 (quando disponíveis) e comparados com o relatório de Qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo 2009 (SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b), com dados de 2009. 82 5.3.1 Índice de Qualidade das Águas O Índice de Qualidade das Águas (IQA) considera variáveis de qualidade que indicam o lançamento de efluentes sanitários para o corpo d’água, fornecendo uma visão geral sobre as condições de qualidade das águas superficiais. As Figuras 18 e 19 apresentam os valores de IQA em 2005 e 2009, respectivamente, para os pontos estudados. Figura – 18. IQA em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2005. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2006 (adaptado). Figura – 19. IQA em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2009. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptado). 83 Para os três pontos do Rio Atibaia, no ano de 2009, o IQA médio apresentouse regular, tendo ligeira melhora durante o curso em alguns meses, porém, como apresentou em um mês qualidade ruim (mês de estiagem), as duas primeiras médias apresentarem-se iguais, com piora no último ponto. Em 2005, o IQA médio foi bom para o único ponto calculado (o mais à montante dos três), em janeiro e em novembro (meses de maior pluviometria) apresentou melhora, mas piora nos demais, exceto maio, que se manteve igual; entre os dois anos, a diferença foi de um ponto, mas no limite entre as duas faixas (regular e boa), piorando em 2009. Para o ponto do Rio Capivari, no ano de 2009, o IQA médio apresentou-se regular – com dois meses dos seis analisados em situação ruim – e com média inferior à média em 2005, onde na maioria do ano, apresentou-se em situações boas. Para o ponto do Rio Corumbataí, no ano de 2009, o IQA médio apresentou-se na faixa regular, com metade dos pontos em situação regular e metade boa. Com relação ao IQA médio de 2005, houve piora na média (média boa) e menos pontos em situação boa. Para os dois pontos do Rio Jaguari, no ano de 2009, o IQA médio apresentouse bom, com melhora ao longo do curso; com relação aos meses, em três houve melhora ao longo do curso, um manteve-se e dois apresentaram piora. Com relação aos dados de 2005, as médias foram na faixa de bom, com melhora ao longo do curso, mas ligeira piora entre os dois anos. Para o ponto do Ribeirão Jundiaí-Mirim, no ano de 2009, o IQA médio apresentou-se bom, mantendo essa faixa ao longo de todo o ano. Em 2005, não houve cálculo do IQA para esse ponto. Para o ponto do Rio Piracicaba, no ano de 2009, o IQA médio apresentou-se ruim, mantendo-se nessa faixa ao longo de quase todo o ano. Em 2005, o mesmo ponto apresentou IQA médio também na faixa ruim, com ligeira piora na média, mas ao longo do ano, o mês de março, que se apresentava péssimo, apresentou-se regular e os demais meses se apresentaram piores em 2009. Para o ponto do Braço do Rio Piracicaba, no Reservatório de Barra Bonita, no ano de 2009, o IQA médio apresentou-se bom, com apenas um mês (março) na faixa regular, mostrando melhora na qualidade ao longo do curso, quando comparado com o ponto anterior. Em 2005, o IQA médio apresentou-se bom, mas 84 com piora ao longo dos anos, já que em 2005 apresentou-se em dois meses na escala ótima. 5.3.2 Índice de Qualidade de Água para fins de Abastecimento Público O Índice de Qualidade de Água para fins de Abastecimento Público (IAP) avalia, além das variáveis consideradas no IQA, as substâncias tóxicas e as variáveis que afetam a qualidade organoléptica da água, advindas, principalmente, de fontes difusas. As Figuras 20 e 21 apresentam os valores de IAP em 2005 e 2009, respectivamente, para os pontos estudados. Figura – 20. IAP em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2005. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2006 (adaptado). Figura – 21. IAP em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2009. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptado). 85 Dentre os três pontos do Rio Atibaia, para dois pontos foram calculados o IAP no ano de 2009, que apresentaram médias regulares e à jusante, ruim, tendo o primeiro ponto, quatro meses ficando na escala regular e um mês na escala péssima e o segundo ponto, dois meses na escala péssima e um na escala ruim. Comparando-se com os dados de 2005, para o único ponto disponível (o mais à montante), o IAP médio apresentou-se na faixa ruim, com meses entre péssimo e regular, mas apresentando melhora no ano de 2009. Para o ponto do Rio Capivari, no ano de 2009, o IAP médio apresentou-se ruim, com meses entre péssimo e regular. Em 2005, apresentou média regular, onde ao longo do ano apresentou-se entre ruim e bom, com piora em 2009. Para o ponto do Rio Corumbataí, no ano de 2009, o IAP médio apresentou-se na faixa ruim, com os meses de dezembro em situação péssima e nos meses de maio e julho em situação boa. Não houve análise do IAP nesse ponto em 2005. Para os dois pontos do Rio Jaguari, no ano de 2009, o IAP médio apresentouse ruim e regular à jusante, ambos com um mês em situação péssima. Em 2005, as médias foram na faixa regular, apresentando, portanto, piora ao longo dos anos. Para o ponto do Ribeirão Jundiaí-Mirim, no ano de 2009, o IAP médio apresentou-se bom, mantendo essa faixa ao longo de todo o ano. Em 2005, não houve cálculo do IAP para esse ponto. Para o ponto do Rio Piracicaba, no ano de 2009, o IAP médio apresentou-se péssimo, entre péssimo e ruim ao longo do ano. Em 2005, o mesmo ponto apresentou IAP médio na faixa ruim, com destaque para o mês de janeiro com índice igual a zero (péssimo), com piora ao longo dos anos. Para o ponto do Braço do Rio Piracicaba, no Reservatório de Barra Bonita, no ano de 2009, o IAP médio não foi calculado. Em 2005, o IAP médio apresentou-se bom, com um mês na escala ótima. 5.3.3 Índice de Estado Trófico O Índice de Estado Trófico (IET) classifica os corpos d’água em diferentes graus de trofia, ou seja, avalia a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento excessivo das algas ou ao 86 aumento da infestação de macrófitas aquáticas. As Figuras 22 e 23 apresentam os valores de IET em 2005 e 2009, respectivamente, para os pontos estudados. Figura – 22. IET em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2005. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2006 (adaptado). Figura – 23. IET em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2009. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptado). 87 Dentre os três pontos do Rio Atibaia, no ano de 2009 para o IET médio, o primeiro apresentou condições mesotróficas (com meses variando de ultraoligotrófico a eutrófico) e os dois à jusante, condições supereutróficas (tendo ambos, em alguns meses do ano, apresentado condições hipereutróficas). Em 2005, somente o primeiro ponto teve o IET analisado, apresentando condições oligotróficas, variando de ultraoligotrófico a eutrófico, mostrando piora nesse ponto com relação a 2009. Para o ponto do Rio Capivari, no ano de 2009, o IET médio apresentou-se mesotrófico, variando de ultraoligotrófico a supereutrófico. Em 2005, não houve análise do IET para esse ponto. Para o ponto do Rio Corumbataí, no ano de 2009, o IET médio apresentou-se em condições oligotróficas, variando de ultraoligotróficas a eutróficas. Em 2005, o IET médio apresentou-se mesotrófico, variando de ultraoligotrófico a eutrófico, mostrando melhora para esse ponto com relação a 2009. Para os dois pontos do Rio Jaguari, no ano de 2009, o IET médio apresentouse mesotrófico e ultraoligotrófico (nessas condições ao longo de todo o ano) à jusante, mostrando melhora ao longo do curso. Em 2005, apresentaram condições oligotróficas e mesotróficas à jusante, mostrando piora ao longo do curso. Nesse caso, nota-se que o segundo ponto, em 2009, teve significativa melhora quando comparado com o ponto anterior e quando comparado com o ano de estudo anterior, 2005. Para o ponto do Ribeirão Jundiaí-Mirim, no ano de 2009, o IET médio apresentou-se supereutrófico, nessas condições na metade do ano, com meses em condições hipereutróficas. No ano de 2005, não houve cálculo do IET para esse ponto. Para o ponto do Rio Piracicaba, no ano de 2009, o IET médio apresentou-se supereutrófico, variando em um mês com ultraoligotrofia a dois com supereutrofia. Em 2005, o ponto apresentou-se em condições médias também supereutróficas, permanecendo na mesma faixa em 2009. Para o ponto do Braço do Rio Piracicaba, no Reservatório de Barra Bonita, no ano de 2009, o IET médio apresentou-se em condições supereutróficas, com metade dos meses em hipereutróficas. Em 2005, o IET médio apresentou-se 88 mesotrófico, inclusive em quase todo o ano, mostrando significativa piora entre 2005 e 2009. 5.3.4 Índice de Qualidade de Água para Proteção da Vida Aquática No cálculo do Índice de Qualidade de Água para Proteção da Vida Aquática (IVA), além das variáveis do IET, incluem-se também as variáveis essenciais para a vida aquática, assim como substâncias tóxicas. As Figuras 24 e 25 apresentam os valores de IET em 2005 e 2009, respectivamente, para os pontos estudados. Figura – 24. IVA em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2005. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2006 (adaptado). Figura – 25. IVA em pontos estudados da UGRHI-5, ano 2009. Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptado). 89 Dentre os três pontos do Rio Atibaia, para dois pontos (primeiro e terceiro) foram calculados o IVA no ano de 2009, que apresentaram médias boa e ruim à jusante, mostrando piora ao longo do curso. Em 2005, apenas para o primeiro ponto foi calculado o IVA, que apresentou média boa, de mesmo valor. Para o ponto do Rio Capivari, no ano de 2009, o IVA médio apresentou-se regular, variando de ótima a ruim. Em 2005, apresentou-se também com média regular. Para o ponto do Rio Corumbataí, no ano de 2009, o IVA médio apresentou-se na faixa regular, variando de ótima a ruim. Em 2005, o IVA médio para o ponto apresentou-se também regular, mas com valor maior (pior qualidade). Para os dois pontos do Rio Jaguari, no ano de 2009, o IVA médio apresentouse regular e ótimo à jusante (tendo em metade do ano apresentado condições ótimas), mostrando melhora ao longo do curso. Já em 2005, os dois pontos apresentaram IVA médio em condições boas, mostrando ao longo dos anos piora no primeiro ponto e melhora no segundo. Para o ponto do Ribeirão Jundiaí-Mirim, não foi calculado o IVA em 2009 nem em 2005. Para o ponto do Rio Piracicaba, no ano de 2009, o IVA médio apresentou-se péssimo, permanecendo quase todo o ano nessa situação. Em 2005, o mesmo ponto apresentou IVA médio na faixa péssima também, com menos vezes no ano nessa situação, mas quando nessa faixa, com o índice maior (pior qualidade). Entre os dois anos, a faixa permaneceu, mas o índice diminuiu (melhor qualidade). Para o ponto do Braço do Rio Piracicaba, no Reservatório de Barra Bonita, no ano de 2009, o IVA médio apresentou-se ruim, mantendo-se assim na metade do ano, com pontos em condições péssimas. Em 2005, o IVA médio apresentou-se regular, variando de ruim a bom. Com isso, observa-se piora no IVA ao longo dos anos. 5.4 Coleta e Tratamento de Esgoto Segundo a ANA (BRASIL / MMA / ANA, 2009), um dos efeitos da urbanização intensiva nas Bacias PCJ foi a multiplicação das fontes de poluição dos rios pelos esgotos urbanos. 90 Os índices de coleta de esgoto nas Bacias PCJ evoluíram de 76% em 1996 para 85% em 2003. Os municípios com população entre 50 e 150 mil habitantes têm os índices mais reduzidos de coleta de esgoto. Também é verificada a evolução no tratamento de esgotos urbanos. No início da década de 1990, menos de 5% dos esgotos domésticos recebiam algum tipo de tratamento. Em 2003, o índice de tratamento já era de 16%. Isso representava uma carga remanescente estimada em cerca de 200 t-DBO.dia-1. O processo foi acelerado com a inauguração de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE’s) em Santa Bárbara d’Oeste, Jaguariúna, Valinhos e, principalmente, com as ETE’s do Piçarrão e Anhumas, em Campinas. Tiveram papel decisivo nessa evolução a mobilização regional, os avanços no Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, o Programa Despoluição de Bacias Hidrográficas (PRODES), os recursos advindos do FEHIDRO e dos órgãos e entidades responsáveis pela prestação de serviços de saneamento. Houve avanços no tratamento de esgotos urbanos nas Bacias PCJ, entretanto, é longo o caminho até o tratamento de no mínimo 80%, principalmente considerando as projeções de crescimento populacional na região, o que reforça a relevância dos recursos da cobrança pelo uso da água como alternativa de financiamento de estudos, projetos e obras. A destinação de recursos financeiros para a gestão do sistema deve acompanhar os investimentos destinados a obras, garantindo o fortalecimento dos órgãos e entidades com pessoal capacitado e atualizado. Segundo a ANA (BRASIL / MMA / ANA, 2009), o Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo de 2005, da CETESB, indicava que os rios das Bacias PCJ estavam entre os mais poluídos do Estado de São Paulo. Os esgotos domésticos sem tratamento representam boa parte da carga poluidora. De acordo com o Relatório de qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo 2006 (SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2006), com dados de 2005, para uma população urbana de 4.528.637 habitantes, o índice de coleta era de 84% na UGRHI-5 (PCJ) e o índice de tratamento era de 30% desse total – sempre que se fizer referência ao índice de esgoto tratado é o valor em relação ao coletado e não ao total gerado – e redução de 21% de carga orgânica. O relatório de Situação dos recursos hídricos no Estado de São Paulo 2010 (SÃO PAULO / SMA / CRHi, 2010), com dados de 2008, apresentou dados 91 indicando que na UGRHI-5 a coleta de esgoto era de 85%, sendo 42% tratado, com redução de 34% da carga orgânica. Segundo o relatório de Qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo 2009 (SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b), com dados de 2009, para uma população urbana de 4.646.916 habitantes, o índice de coleta é de 88% na UGRHI-5 (PCJ), estando em 15º lugar dentre as 22 UGRHI’s do Estado. Já o índice de tratamento é de 46% desse total (16º lugar dentre as UGRHI’s do Estado), com redução de 35% da carga orgânica. Com isso, observa-se melhora nos dados de coleta, tratamento e redução de carga orgânica ao longo dos anos, mas ligeira queda no comparativo com as demais UGRHI’s. O ICTEM da UGRHI-5 é 4,6, também um dos piores do Estado (16º lugar), ficando à frente apenas das UGRHI’s Serra da Mantiqueira, Baixada Santista, Litoral Norte, Alto Tietê, Mogi e Peixe. Analisando-se esses dados, observa-se que a população urbana aumentou e também os índices de coleta de esgoto (em 4%) e de tratamento de esgoto (em 16%). A carga orgânica potencial aumentou 12.177 kg-DBO.dia-1, porém, a remanescente diminuiu 26.556 kg-DBO.dia-1, indicando que investimentos, mais estações de tratamento e melhorias nas eficiências das mesmas estão surtindo efeito. O Quadro 7 apresenta os índices de coleta e de tratamento do esgoto coletado dos anos de 2005 e de 2009 dos municípios com sede na UGRHI-5 (em azul os valores a partir de 90% e em vermelho os valores até 30%), segundo os relatórios da CETESB, além dos percentuais (quando disponibilizados pelo responsável pelo sistema de tratamento) de eficiências dos tratamentos relativos a 2009. 92 Quadro 7. Índices de coleta e de tratamento do esgoto coletado dos anos de 2005 e de 2009 e eficiência de tratamento de 2009 dos municípios com sede na UGRHI-5. (continua...) Município Coleta (%) Tratamento (%) Eficiência (%) 2005 2009 2005 2009 2009 Águas de São Pedro 100 100 0 0 74 Americana 81 95 72 87 80 Amparo 89 89 0 0 82 Analândia 94 94 0 0 44 Artur Nogueira 100 100 0 0 86 Atibaia 67 90 30 49 98 Bom Jesus dos Perdões 75 75 0 0 80 Bragança Paulista 86 86 0 0 - Campinas 86 90 34 70 56 Campo Limpo Paulista 55 54 0 0 - Capivari 70 93 28 32 95 Charqueada 85 85 80 80 - Cordeirópolis 82 82 0 0 90 Corumbataí 100 100 100 100 - Cosmópolis 82 82 0 0 - Elias Fausto 92 92 100 100 94 Holambra 91 91 100 100 86 Hortolândia 2 22 0 100 80 Indaiatuba 96 96 10 10 - Ipeúna 96 96 100 96 - Iracemápolis 100 100 100 100 80 Itatiba 100 70 0 100 - Itupeva 69 80 0 0 - Jaguariúna 95 95 35 35 95 Jarinu 21 18 100 100 84 Joanópolis 54 54 96 96 - Jundiaí 96 98 100 100 80 93 Quadro 7. Índices de coleta e de tratamento do esgoto coletado dos anos de 2005 e de 2009 e eficiência de tratamento de 2009 dos municípios com sede na UGRHI-5. (continuação e continua...) Município Coleta (%) Tratamento (%) Eficiência (%) 2005 2009 2005 2009 2009 Limeira 100 100 5 56 - Louveira 48 94 0 0 96 Mombuca 90 90 63 100 92 Monte Alegre do Sul 92 92 0 0 - Monte Mor 35 40 2 8 96 Morungaba 88 82 100 100 - Nazaré Paulista 46 46 60 60 - Nova Odessa 90 90 7 7 97 Paulínia 79 90 0 95 - Pedra Bela 94 94 0 0 91 Pedreira 97 98 0 0 80 Pinhalzinho 80 80 85 85 78 Piracaia 41 41 30 30 80 Piracicaba 98 98 33 35 84 Rafard 90 90 12 10 - Rio Claro 99 99 30 30 - Rio das Pedras 99 99 0 0 83 Saltinho 96 96 100 100 - Salto 98 98 0 70 85 Santa Bárbara d'Oeste 88 90 40 54 - Santa Gertrudes 100 100 0 0 86 Santa Maria da Serra 100 100 100 100 95 Santo Antônio de Posse 19 79 0 0 58 São Pedro 90 95 0 0 89 Sumaré 88 88 4 13 75 Tuiuti 35 35 0 0 - Valinhos 85 85 85 100 62 94 Quadro 7. Índices de coleta e de tratamento do esgoto coletado dos anos de 2005 e de 2009 e eficiência de tratamento de 2009 dos municípios com sede na UGRHI-5. (continuação...) Coleta (%) Município Tratamento (%) Eficiência (%) 2005 2009 2005 2009 2009 Vargem 68 68 0 10 80 Várzea Paulista 70 68 0 0 90 Vinhedo 92 92 60 60 80 Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2006; SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptados). Os municípios de Louveira, Pedreira, Santo Antônio de Posse e São Pedro apresentaram melhora no índice de coleta de esgoto. Os municípios de Limeira, Mombuca, Piracicaba, Salto, Sumaré e Valinhos apresentaram melhora no índice de tratamento de esgoto. Já Americana, Atibaia, Campinas, Capivari, Hortolândia, Monte Mor, Paulínia e Santa Bárbara D’Oeste apresentaram melhoras em ambos os índices. A melhora nesses índices contribui para diminuir a contaminação dos corpos d’água das Bacias PCJ. Os municípios de Campo Limpo Paulista, Itatiba, Jarinu, Morungaba e Várzea Paulista apresentaram piora no índice de coleta de esgoto entre 2005 e 2009 e o município de Ipeúna apresentou piora no índice de tratamento de esgoto. Os municípios de Águas de São Pedro, Artur Nogueira, Limeira e Santa Gertrudes apresentaram 100% de índice de coleta de esgoto, enquanto que Elias Fausto, Holambra, Hortolândia, Itatiba, Jarinu, Jundiaí, Mombuca, Morungaba, Saltinho e Valinhos apresentam 100% de índice de tratamento do esgoto coletado. Os destaques são os municípios de Corumbataí, Iracemápolis e Santa Maria da Serra, que apresentam 100% em ambos os índices, porém, esses são municípios pequenos, que geram quantidade relativamente pequena de esgotos urbanos. Nenhum município apresentou índice de coleta de esgoto igual a zero e o menor índice é de Jarinu (18%), seguido por Hortolândia (22%), Tuiuti (35%), Monte Mor (40%) e Piracaia (41%). Já os municípios de Águas de São Pedro, Amparo, Analândia, Artur Nogueira, Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista, Campo Limpo Paulista, Cordeirópolis, Cosmópolis, Itupeva, Louveira, Monte Alegre do Sul, Pedra Bela, Pedreira, Rio das Pedras, Santa Gertrudes, Santo Antônio de Posse, 95 São Pedro, Tuiuti e Várzea Paulista apresentam zero de índice de tratamento de esgoto. Ainda segundo os referidos relatórios da CETESB, o Quadro 8 apresenta as cargas poluidoras (kg-DBO.dia-1) potencial (gerada) e remanescente (lançada, após tratamento) dos anos de 2005 e de 2009, o cálculo da redução da carga poluidora em 2009 (em azul os valores a partir de 90% e em vermelho os valores até 40%) e o ICTEM no ano de 2009 (em azul os valores a partir de 9,0 e em vermelho os valores até 4,0) dos municípios com sede na UGRHI-5, ordenados em ordem decrescente de carga poluidora remanescente em 2009. Quadro 8. Cargas poluidoras potencial e remanescente dos anos de 2005 e de 2009 e o ICTEM no ano de 2009 dos municípios com sede na UGRHI-5. (continua...) Redução Carga Poluidora de carga (kg-DBO.dia-1) Município poluidora Potencial Remanescente ICTEM (%) 2005 2009 2005 2009 2009 2009 Campinas 54.827 56.533 42.002 30.153 47 5,6 Piracicaba 18.689 19.204 13.854 13.935 27 4,3 Sumaré 11.795 12.834 11.463 11.623 9 2,7 Limeira 14.148 14.552 13.582 10.974 25 4,1 Hortolândia 9.940 11.116 9.940 9.022 19 3,2 Indaiatuba 9.183 9.769 8.478 8.850 9 2,4 Rio Claro 9.766 10.070 7.446 7.677 24 4,0 Bragança Paulista 6.868 7.000 6.868 7.000 0 1,3 Americana 10.590 11.056 5.649 5.945 46 6,2 Várzea Paulista 5.602 5.789 5.602 5.789 0 1,0 9.730 10.107 6.990 5.430 46 5,7 Paulista 3.825 3.950 3.825 3.950 0 0,8 Atibaia 6.149 5.958 5.160 3.593 40 5,2 Cosmópolis 2.632 3.071 2.632 3.071 0 1,2 Santa Bárbara d'Oeste Campo Limpo 96 Quadro 8. Cargas poluidoras potencial e remanescente dos anos de 2005 e de 2009 e o ICTEM no ano de 2009 dos municípios com sede na UGRHI-5. (continuação e continua...) Redução Carga Poluidora de carga (kg-DBO.dia-1) Município poluidora Potencial Remanescente ICTEM (%) 2005 2009 2005 2009 2009 2009 Amparo 2.527 2.555 2.527 2.555 0 1,3 Nova Odessa 2.417 2.573 2.295 2.420 6 2,4 Salto 5.584 5.867 5.584 2.406 59 6,9 Monte Mor 2.233 2.305 2.220 2.246 3 1,1 Artur Nogueira 2.002 2.160 2.002 2.160 0 1,5 Pedreira 2.065 2.133 2.065 2.133 0 1,5 Itatiba 3.881 4.343 3.881 1.911 56 6,7 Itupeva 1.321 1.688 1.321 1.688 0 1,2 Louveira 1.435 1.644 1.435 1.644 0 1,4 Vinhedo 2.977 3.365 1.662 1.601 52 5,9 Capivari 2.052 2.020 1.730 1.516 25 3,7 Rio das Pedras 1.318 1.437 1.318 1.437 0 1,5 Paulínia 3.260 4.517 3.260 1.427 68 7,5 São Pedro 1.498 1.371 1.498 1.371 0 1,4 Jaguariúna 1.597 1.936 1.172 1.318 32 4,5 Valinhos 4.651 5.492 1.963 1.197 78 8,1 Santa Gertrudes 1.011 1.109 1.011 1.109 0 1,5 Piracaia 1.382 1.228 1.246 1.083 12 2,3 Cordeirópolis 1.025 1.022 1.025 1.022 0 1,2 Posse 943 929 943 929 0 1,2 Jundiaí 17.564 17.541 4.075 862 95 9,5 Perdões 656 819 656 819 0 1,4 Jarinu 823 794 685 664 16 2,8 Santo Antônio de Bom Jesus dos 97 Quadro 8. Cargas poluidoras potencial e remanescente dos anos de 2005 e de 2009 e o ICTEM no ano de 2009 dos municípios com sede na UGRHI-5. (continuação) Redução Carga Poluidora de carga (kg-DBO.dia-1) Município poluidora Potencial Remanescente ICTEM (%) 2005 2009 2005 2009 2009 2009 Rafard 398 387 364 359 7 2,0 Joanópolis 631 603 369 359 40 5,4 Charqueada 704 749 321 341 54 6,0 Nazaré Paulista 367 333 286 256 23 3,6 Sul 216 210 216 210 0 1,4 Analândia 167 182 167 182 0 1,4 Morungaba 481 564 142 180 68 7,5 Tuiuti 133 155 133 155 0 0,8 Iracemápolis 902 1.013 180 152 85 10,0 Pedro 106 141 106 141 0 1,5 Pinhalzinho 336 327 153 136 58 6,8 Vargem 178 143 178 134 6 2,1 Ipeúna 243 244 56 114 53 6,4 Elias Fausto 635 611 168 109 82 9,6 Holambra 237 302 64 96 68 7,5 Pedra Bela 79 71 79 71 0 1,4 Mombuca 143 137 78 60 56 6,5 Serra 228 270 46 54 80 9,8 Saltinho 288 320 67 44 86 9,4 Corumbataí 109 101 22 20 80 9,8 Monte Alegre do Águas de São Santa Maria da TOTAL 244.547 256.723 192.260 165.704 Média: 35 - Fonte: SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2006; SÃO PAULO / SMA / CETESB, 2010b (adaptados). 98 Os municípios com sede na UGRHI-5 geraram em 2005 um total de 244.547 kg-DBO.dia-1 e em 2009 um total 256.723 kg-DBO.dia-1, um aumento de 5%. Já a carga remanescente diminuiu de 192.260 kg-DBO.dia-1 em 2005 para 165.704 kgDBO.dia-1 em 2009, uma redução de 14%. Com relação à remoção de carga poluidora, o total reduzido em 2009 foi de 35% na UGRHI-5. Os municípios de Campinas (18%), Piracicaba (8%), Sumaré e Limeira (7% cada), Hortolândia, Indaiatuba e Rio Claro (5% cada), Bragança Paulista e Americana (4% cada) são os que mais contribuem em carga orgânica para os corpos d’água da UGRHI-5. Os municípios que mais reduzem a carga orgânica remanescente são Jundiaí, Saltinho, Iracemápolis, Elias Fausto, Corumbataí e Santa Maria da Serra, respectivamente. Já os municípios de Águas de São Pedro, Amparo, Analândia, Artur Nogueira, Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista, Campo Limpo Paulista, Cordeirópolis, Cosmópolis, Itupeva, Louveira, Monte Alegre do Sul, Pedra Bela, Pedreira, Rio das Pedras, Santa Gertrudes, Santo Antônio de Posse, São Pedro, Tuiuti e Várzea Paulista têm suas cargas poluidoras potenciais iguais às remanescentes, ou seja, não reduzem nenhuma parcela de suas cargas orgânicas antes do lançamento nos corpos d’águas. Os municípios com sede na UGRHI-5 que apresentam os melhores valores de ICTEM são: Iracemápolis (único com valor igual a 10,0), Corumbataí, Santa Maria da Serra, Elias Fausto, Jundiaí e Saltinho, respectivamente; já os piores são: Campo Limpo Paulista, Tuiuti, Várzea Paulista, Monte Mor, Santo Antônio de Posse, Itupeva, Cosmópolis, Cordeirópolis, Bragança Paulista e Amparo. 5.5 Investimentos nas Bacias PCJ Pela Deliberação dos Comitês PCJ nº 44 de 28/08/2009 (COMITÊS PCJ, 2009), que definiu cronograma e regras para hierarquização de empreendimentos visando à indicação para obtenção de financiamento com recursos do FEHIDRO e das cobranças (federal, paulista e mineira) pelo uso dos recursos hídricos, referentes ao orçamento de 2010, as proporções de recursos a serem distribuídas foram estabelecidas. 99 O montante de recursos a ser aplicado em empreendimentos prioritários e de caráter estratégico, são intitulados “demanda induzida”, com disponibilização de 10% do saldo para investimento. O próprio Comitê é quem define qual é essa demanda. Os “recursos para investimentos”, do orçamento de 2010, disponíveis para distribuição pelos Comitês PCJ, descontados os recursos de “demanda induzida”, são distribuídos para empreendimentos de iniciativa isolada (propostos pelos candidatos a tomador) considerados como “demanda espontânea”. Esses empreendimentos foram classificado em quatro grupos, a saber: • Grupo 1: no mínimo 55% para as ações de tratamento dos efluentes urbanos, efluentes das ETA’s e disposição final dos lodos das ETE's e de tratamento de efluentes dos sistemas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos, e das fontes difusas de poluição, estabelecidas no Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011, exceto as ações previstas no Grupo 3; • Grupo 2: até 33% para as ações de projetos e obras de prevenção e contenção da erosão em áreas urbanas e rurais, em parceria com municípios, de base de dados, cadastros, estudos e levantamentos, de gerenciamento dos recursos hídricos, de conservação e proteção dos corpos d’ água, de promoção do uso racional dos recursos hídricos, de aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos, de prevenção e defesa contra eventos hidrológicos extremos e de capacitação técnica, educação ambiental e comunicação social, baseadas nas ações de curto prazo do Plano das Bacias PCJ 2008 – 2011; • Grupo 3: até 10% para as ações relacionadas com a elaboração de estudos, planos, projetos e serviços para o licenciamento e autorizações ambientais e de recursos hídricos de futuras obras de coleta (exceto redes coletoras), afastamento e tratamento de esgotos; • Grupo 4: até 2% para ações de estudos e pesquisas relacionadas com as ações do Grupo 2. A Deliberação dos Comitês PCJ nº 70 de 19/03/2010 (COMITÊS PCJ, 2010) hierarquizou e indicou empreendimentos para financiamento com recursos oriundos das cobranças pelo uso dos recursos hídricos em rios de domínio da União e dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, localizados nas Bacias PCJ (Cobranças PCJ 100 e do FEHIDRO), referentes ao exercício de 2010. O Quadro 9 apresenta os valores previstos para investimento nas Bacias PCJ para o ano de 2010, deliberados pelos Comitês PCJ. Quadro 9. Valores previstos para investimento nas Bacias PCJ para o ano de 2010, segundo a Deliberação dos Comitês PCJ nº 70/2010. (continua...) COBRANÇA FEDERAL Valores em R$ Potencial de arrecadação cobrança federal 17.172.149,00 Saldos e rendimentos 5.484.447,96 Estimativa de inadimplência, custeio administrativo, remuneração dos agentes técnicos e financeiro etc. -3.412.210,38 Recurso disponível cobrança federal 19.244.386,58 COBRANÇA PAULISTA Valores em R$ Potencial de arrecadação cobrança paulista 18.572.246,21 Saldos e rendimentos, saldos de contratos anteriores, contratos cancelados Estimativa 3.944.441,92 de inadimplência, custeio administrativo, remuneração dos agentes técnicos e financeiro etc. -3.216.834,05 Recurso disponível cobrança paulista 19.299.854,08 COBRANÇA MINEIRA Valores em R$ Potencial de arrecadação cobrança mineira 64.000,00 Custeio administrativo, remuneração dos agentes técnicos e financeiro -6.280,00 Recurso disponível cobrança mineira 57.720,00 FEHIDRO Valores em R$ Repasse CRH (Delib. COFEHIDRO nº 113/2010) 3.388.735,29 Saldos de contratos anteriores, contratos cancelados, retorno de financiamentos reembolsáveis, saldo não indicado anteriormente 1.218.735,65 Repasse para VIII Diálogo Interbacias de Educação Ambiental em Recursos Hídricos Recurso disponível FEHIDRO -15.000,00 4.592.470,94 101 Quadro 9. Valores previstos para investimento nas Bacias PCJ para o ano de 2010, segundo a Deliberação dos Comitês PCJ nº 70/2010. (continuação...) SALDO PARA INVESTIMENTO Valores em R$ Total cobranças federal + paulista + mineira e FEHIDRO 43.194.431,60 Fonte: COMITÊS PCJ, 2010. Levando em consideração as proporções estabelecidas na Deliberação dos Comitês PCJ nº 44/2009, os tomadores que candidataram empreendimentos a receber verbas de investimento pelos Comitês PCJ e os valores previstos para investimento nas Bacias PCJ para o ano de 2010 na Deliberação dos Comitês PCJ nº 70/2010, essa última Deliberação distribui os recursos entre os empreendimentos, de acordo com o tipo de demanda (induzida ou espontânea) e grupos (da demanda espontânea: 1 a 4). Os empreendimentos classificados (que preencheram todos os requisitos) de demanda induzida e dos Grupos 1 e 3 de demanda espontânea não foram pontuados, pois não alcançaram os valores máximos respectivos a serem destinados; já os do Grupo 2 precisaram ser pontuados, pois excederam o limite máximo a ser disponibilizado, ficando os de menos pontos como suplentes. Não foram recebidos projetos do Grupo 4. O Quadro 10 apresenta os valores a serem distribuídos no ano de 2010 de acordo com essas divisões. Quadro 10. Estimativa de disponibilidade de recursos no exercício de 2010 pelos Comitês PCJ. (continua...) Valores em R$ SALDO PARCIAL PARA INVESTIMENTO 43.194.431,60 INVESTIMENTOS DEMANDA INDUZIDA Disponível = 10% do Saldo parcial para investimento 4.319.443,16 Empreendimentos INDICADOS de demanda induzida -3.866.522,61 Saldo parcial para investimento nos GRUPOS 1, 2 e 3 39.327.908,99 102 Quadro 10. Estimativa de disponibilidade de recursos no exercício de 2010 pelos Comitês PCJ. (continuação e continua...) Valores em R$ INVESTIMENTOS DEMANDA ESPONTÂNEA Disponível para GRUPO 1 (mínimo 55% do Saldo parcial) 21.630.349,94 Empreendimentos INDICADOS no GRUPO 1 (38,76% do saldo parcial) -15.245.437,37 Disponível para GRUPO 2 (até 33% do Saldo parcial) 12.978.209,97 Empreendimentos INDICADOS no GRUPO 2 (54,79%) -21.547.095,72 Disponível para GRUPO 3 (até 10% do Saldo parcial) 3.932.790,90 Empreendimentos INDICADOS no GRUPO 3 (6,33% do saldo parcial) -2.488.521,98 Total INDICADO em 19/03/2010 39.281.055,07 Limite de solicitação por município (20% do Saldo parcial) 7.865.581,80 Limite de solicitação SABESP e COPASA (30% do Saldo parcial) RESUMO DAS INDICAÇÕES Limite GRUPO 1 (MÍNIMO 55%) – Delib. nº 44/2009 11.798.372,70 Valores em R$ 21.630.349,94 Empreendimentos a serem INDICADOS sem pontuação GRUPO 1 - 19/03/2010 -15.245.437,37 Saldo GRUPO 1 6.384.912,57 Limite GRUPO 3 (até 10%) – Delib. nº 44/2009 3.932.790,90 Empreendimentos a serem INDICADOS sem pontuação GRUPO 3 - 19/03/2010 -2.488.521,98 Saldo GRUPO 3 1.444.268,92 Limite GRUPO 4 (até 2%) – Delib. nº 44/2009 e SALDO SALDO DISPONÍVEL GRUPOS 1, 3 e 4 786.558,18 8.615.739,67 103 Quadro 10. Estimativa de disponibilidade de recursos no exercício de 2010 pelos Comitês PCJ. (continuação...) Valores em R$ Limite GRUPO 2 (até 33%) – Delib. nº 44/2009 12.978.209,97 SALDO DISPONÍVEL PARA INDICAÇÃO GRUPO 2 (Saldos Grupos 1, 3 e 4 + Limite Grupo 2) 21.593.949,64 Empreendimentos a serem INDICADOS pontuados GRUPO 2 19/03/2010 -21.547.095,72 Saldo NÃO INDICADO FEHIDRO 0 Saldo NÃO INDICADO Cob. Federal 0 Saldo NÃO INDICADO Cob. Paulista 46.853,92 Saldo NÃO INDICADO Cob. Mineira 0 SALDO NÃO INDICADO (FEHIDRO+COB. FEDERAL+ COB. PAULISTA) 46.853,92 Empreendimentos SUPLENTES GRUPO 2 8.991.589,04 Déficit GRUPO 2 -8.944.735,12 Fonte: COMITÊS PCJ, 2010. Do total de R$43.194.431,60 previsto a ser disponibilizado no ano de 2010, pela cobrança federal foram previstos R$19.244.386,58 (44,56%), pela cobrança estadual paulista R$19.299.854,08 (44,68%), pela cobrança estadual mineira 57.720,00 (0,13%) e pelo FEHIDRO R$4.592.470,94 (10,63%). Somente as cobranças federal e paulista, somam 89,24% dos recursos para investimentos nas Bacias PCJ, mostrando a importância da cobrança pelo uso da água para a região. 5.5.1 Investimentos com Recursos da Cobrança Federal O Quadro 11 apresenta os valores investidos com recursos da Cobrança Federal nas Bacias PCJ nos anos de 2008 e 2009, considerando os valores de contrapartida, ou seja, os valores totais dos empreendimentos. 104 Quadro 11. Investimentos com recursos da Cobrança Federal nas Bacias PCJ nos anos de 2008 e 2009. Investimentos Ano 2009 2008 Faixas Empreendimentos Valor total (R$) Quantidade % (R$) % 0 – 99.999 1 3 74.263,80 0,3 100.000 – 499.999 19 67 3.829.878,92 15,3 500.000 – 999.999 5 17 3.249.450,01 13,0 1.000.000 – 4.999.999 3 10 9.909.295,23 39,5 a partir de 5.000.000 1 3 7.999.400,27 31,9 Total 29 - 25.062.288,23 - 0 – 99.999 0 0 0,00 0,0 100.000 – 499.999 7 50 1.993.978,83 9,5 500.000 – 999.999 1 7 854.067,13 4,0 1.000.000 – 4.999.999 5 36 12.234.623,49 58,3 a partir de 5.000.000 1 7 5.909.835,46 28,2 Total 14 - 20.992.504,91 - Fonte: Sítio AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ (adaptado). Analisando o Quadro 11, observa-se que os valores investidos, considerando a somatória dos valores arrecadados com a cobrança pelo uso da água em rios de domínio da União nas Bacias PCJ e contrapartida, aumentou de 2008 para 2009 em quase 25%. Observa-se que em 2009 a maior parte dos empreendimentos (67%) correspondem à faixa entre R$100.000 e R$499.999, enquanto que a maior parte dos recursos (39,5%) foram para empreendimentos entre R$1.000.000 e R$4.999.999. Em 2008, 50% dos empreendimentos corresponderam a 9,5% dos recursos, indicando uma pulverização dos mesmos. A maioria dos recursos (58,3%) corresponderam a 36% dos empreendimentos, que estavam na faixa entre R$1.000.000 e R$4.999.999. Na Tabela 11 são apresentados os valores investidos com recursos da cobrança pelo uso da água em rios de domínio da União nas Bacias PCJ, 105 considerando os valores de contrapartida, divididos em modalidades de projetos, no ano de 2009, sendo que: rios e drenagem correspondem a projetos de revitalização, matas ciliares, medições de vazões etc.; abastecimento de água correspondem a projetos para todas as fases, da captação, passando pelo tratamento (inclusive lodo e resíduos dessa fase), adução, até o abastecimento das unidades consumidoras; esgotamento sanitário engloba todas as fases, da coleta, afastamento, tratamento (lodos e resíduos) até lançamento; resíduos sólidos correspondem à disposição final e suas consequências; outros projetos correspondem a planos diretores de várias modalidades, educação ambiental etc. TABELA 11. Investimentos com recursos da Cobrança Federal nas Bacias PCJ, divididos em categorias de projetos, em 2009. Modalidade Empreendimentos Valores investidos Quantidade % (R$) % Rios e drenagem 4 14 760.911,00 3 Abastecimento de água 7 24 1.665.879,78 7 Esgotamento sanitário 11 38 20.829.847,02 83 Resíduos sólidos 1 3 520.342,92 2 Outros 6 21 1.285.307,51 5 Total 29 25.062.288,23 Fonte: Sítio AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ (adaptado). Pela Tabela 11, pode ser observado que a maioria dos empreendimentos (28%) e a grande maioria dos recursos (83%) investidos correspondem a projetos ligados ao esgotamento sanitário, empreendimentos esses de grande importância para a melhoria da qualidade das águas dos rios das Bacias PCJ. 5.6 Perspectivas Futuras As Bacias PCJ possuem todos os instrumentos de gestão da Política Nacional de Recursos Hídricos implementados. Isso faz com que a gestão dos recursos hídricos dessas bacias seja cada vez mais fortalecida. 106 Investimentos estão sendo ampliados para a melhoria das condições das águas das Bacias PCJ. Um importante instrumento implementado é a cobrança pelo uso da água, que é precedida da outorga. Com os recursos desse instrumento, muitos investimentos estão sendo feitos na região; estão sendo implantadas melhorias principalmente em sistemas de esgotamento sanitário, sendo que a principal fonte poluidora das Bacias PCJ provém de efluentes urbanos. A região possui diversos pontos de monitoramento da qualidade das águas, controlados pela CETESB, sendo uma das bacias com mais pontos de monitoramento do Estado, mas ainda precisa de mais pontos, para monitorar mais locais de despejos e que possam ser detectadas eventuais fontes difusas. Como são muitas as variáveis, sugere-se que seja realizada uma análise multivariada dos dados existentes e futuros para a cobrança do uso da água como instrumento de gestão, onde poderão ser observados os resultados dos parâmetros com maior relevância e com isso, poderá ser viabilizado um plano de metas e investimentos. Apesar do importante trabalho realizado pela CETESB e pela FEAM nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, também seria interessante a continuidade de um monitoramento específico para a gestão dos recursos hídricos através de uma parceria entre os Comitês PCJ, a Fundação Agência de Bacias e o Consórcio PCJ com a CETESB e a FEAM. Esse monitoramento consistiria em monitorar a qualidade da água nos exutórios de cada Sub-bacia do Rio Piracicaba e nos das Bacias dos Rios Capivari e Jundiaí, monitorando os índices físicos, químicos, microbiológicos, resíduos agroquímicos e metais traço, além da vazão dos rios. 107 6. CONCLUSÕES Conclui-se, a partir do presente trabalho, com relação às Bacias PCJ, que: • Ao longo dos últimos anos, houve melhoria de qualidade em alguns pontos de monitoramento, porém deterioração da qualidade em outros pontos, devido aos aumentos do consumo de água e da geração de efluentes, dentre outros; • Apesar de existir uma base legal para o combate à degradação dos corpos d’água, é necessário que seja utilizada grande montante de recursos financeiros para o combate à poluição e reversão da situação de degradação atual; • Apesar da melhora da totalidade nas bacias, é necessário ainda aumentar a cobertura da coleta do esgoto urbano, assim como o tratamento dado a ele, melhorando inclusive a eficiência de tratamento, reduzindo a carga orgânica remanescente; • É necessário também maior controle das cargas difusas e não somente das pontuais; • Os instrumentos de gestão são de fundamental importância para a região, para se obter melhores diagnósticos e controle das águas, levando a melhores e maiores investimentos nessas bacias; • Destacam-se nessas bacias os instrumentos de gestão implementados, com destaque para o outorga e a cobrança pelo uso da água, que gerou elevados recursos para investimentos nas bacias; • O plano de bacia está sendo renovado e serão estipuladas novas metas de enquadramento dos corpos d’água; • Os investimentos em saneamento ambiental estão cada vez maiores nas bacias, graças principalmente à cobrança pelo uso da água, mas ainda não são suficientes, devendo cada vez mais ser alocados recursos para tal setor; 108 • A maioria dos empreendimentos apoiados e a grande maioria dos recursos investidos correspondem a projetos ligados ao esgotamento sanitário, empreendimentos esses de grande importância para a melhoria da qualidade das águas dos rios das Bacias PCJ; • A construção de obras e sistemas precisa ser complementada com processo de educação ambiental para a população ter consciência da importância da preservação dos corpos d’água, agindo a princípio localmente (não destinando resíduos em locais inadequados, não ligando a rede de drenagem à rede coletora de esgoto etc.). 109 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ. Balanço da arrecadação acumulada 2010. Piracicaba, 2010. Disponível em <http://www.ana.gov.br/GestaoRecHidricos/CobrancaUso/ _docsArrecadacao/2010/AcumuladaPCJ_2010.pdf >. Acesso em 13 set 2010. __________. Plano das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, 2008 – 2011. Piracicaba: STS Engenharia Ltda., 2008. __________. Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, 2007. Piracicaba: Irrigart, 2008. __________. Relatório de situação dos recursos hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, 2009. Piracicaba: Irrigart, 2009. __________. Responsável: Agência de Água PCJ. Disponível em <http://www.agenciadeaguapcj.org.br>. Acesso em todo o 2º semestre de 2010. BRASIL. Lei no 10.881/2004. Dispõe sobre os contratos de gestão entre a Agência Nacional de Águas e entidades delegatárias das funções de Agências de Águas relativas à gestão de recursos hídricos de domínio da União e dá outras providências. Brasília, 2004. __________. Lei nº 9.433/1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Brasília, 1997. 110 BRASIL. MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. A implementação da cobrança pelo uso de recursos hídricos e Agência de Água das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Brasília: ANA, 2009. __________. Resolução nº 82/2002. Dispõe sobre procedimentos e define as atividades de fiscalização da Agência Nacional de Águas – ANA, inclusive para apuração de infrações e aplicação de penalidades. Brasília, 2002. BRASIL. MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. CONAMA – CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA nº 357/2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Brasília, 2005. BRASIL. MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. CNRH – CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS. Resolução CNRH nº 109/2010. Cria Unidades de Gestão de Recursos Hídricos de Bacias Hidrográficas de rios de domínio da União – UGRH’s e estabelece procedimentos complementares para a criação e acompanhamento dos comitês de bacia. Brasília, 2010. __________. Resolução CNRH nº 52/2005. Aprova os mecanismos e os valores para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos nas bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Brasília, 2005. __________. Resolução CNRH nº 91/2008. Dispõe sobre procedimentos gerais para o enquadramento dos corpos de água superficiais e subterrâneos. Brasília, 2008. COMITÊS PCJ. Deliberação nº 44/2009. Define cronograma e regras para hierarquização de empreendimentos visando à indicação para obtenção de financiamento com recursos do FEHIDRO e das cobranças (federal, paulista e mineira) pelo uso dos recursos hídricos, referentes ao orçamento de 2010, e dá outras providências. Piracicaba, 2009. 111 __________. Deliberação nº 70/2010. Hierarquiza e indica empreendimentos para financiamento com recursos oriundos das cobranças pelo uso dos recursos hídricos em rios de domínio da União e dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, localizados nas bacias PCJ – Cobranças PCJ e do FEHIDRO, referentes ao exercício de 2010, e dá outras providências. Piracicaba, 2010. __________. Responsável: Comitês PCJ. Disponível em <http://www.comitepcj.sp.gov.br>. Acesso em todo o 2º semestre de 2010. FERREIRA, A. B. de H. Miniaurélio: O minidicionário da Língua Portuguesa. Curitiba: Editora Positivo, 7ª edição, 2008. FUNDAÇÃO AGÊNCIA DAS BACIAS PCJ. Responsável: Fundação Agência das Bacias PCJ. Disponível em <http://www.comitepcj.sp.gov.br/fundacao/index.php>. Acesso em todo o 2º semestre de 2010. INFOESCOLA. Tipos de chuva. [s.l.], [s.n.], [s.d.]. Disponível em <http://www.infoescola.com/meteorologia/tipos-de-chuvas/>. Acesso em 01 out 2010. MARCON, G. Avaliação da Política Estadual de Recursos Hídricos de São Paulo nas Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. 2005. 256f. Tese (Doutorado em Saúde Pública na Área de Concentração Saúde Ambiental) – Faculdade de Saúde Pública, USP – Universidade de São Paulo, São Paulo. SÃO PAULO (ESTADO). Decreto nº 10.775/1977. Dispõe sobre o enquadramento dos corpos de água receptores na classificação prevista no Decreto nº 8.468, de 08 de setembro de 1976, e dá providências correlatas. São Paulo, 1977. __________. Decreto nº 41.258/1996. Aprova o Regulamento dos artigos 9º a 13 da Lei nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991. São Paulo, 1996. 112 __________. Decreto nº 50.667/2006. Regulamenta dispositivos da Lei nº 12.183 de 29 de dezembro de 2005, que trata da cobrança pela utilização dos recursos hídricos do domínio do Estado de São Paulo, e dá providências correlatas. São Paulo, 2006. __________. Decreto nº 51.449/2006. Aprova e fixa os valores a serem cobrados pela utilização dos recursos hídricos de domínio do Estado de São Paulo nas Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – PCJ. São Paulo, 2006. __________. Decreto nº 8.468/1976. Aprova o Regulamento da Lei nº 997, de 31 de maio de 1976, que dispõe sobre a Prevenção e o Controle da Poluição do Meio Ambiente. São Paulo, 1976. __________. Lei nº 12.183/2005. Dispõe sobre a cobrança pela utilização dos recursos hídricos do domínio do Estado de São Paulo, os procedimentos para fixação dos seus limites, condicionantes e valores e dá outras providências. São Paulo, 2005. __________. Lei nº 7.663/1991. Estabelece normas de orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos bem como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos. São Paulo, 1991. __________. Lei nº 9.034/1994. Dispõe sobre o Plano Estadual de Recursos Hídricos – PERH, a ser implantado no período 1994 e 1995, em conformidade com a Lei nº 7663, de 30 de dezembro de 1991, que instituiu normas de orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos. São Paulo, 1994. SÃO PAULO (ESTADO). IGC – INSTITUTO GEOGRÁFICO E CARTOGRÁFICO. Mapa das Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo – UGRHI. São Paulo, 2008. 113 SÃO PAULO (ESTADO). SEE – SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA. DAEE – DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA. Portaria nº 1.213/2004. Dispõe sobre a outorga à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP do Sistema Cantareira. São Paulo, 2004. SÃO PAULO (ESTADO). SMA – SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE. CETESB – COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares 2009. São Paulo, 2010. __________. Qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo 2009. São Paulo, 2010. __________. Relação de áreas contaminadas e reabilitadas 2009. São Paulo, 2009. __________. Relatório de qualidade das águas interiores no Estado de São Paulo 2005. São Paulo, 2006. SÃO PAULO (ESTADO). SMA – SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE. CRH – CONSELHO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS. Resolução CRH nº 68/2006. Referenda a proposta dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos de domínio do Estado nas Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. São Paulo, 2006. SÃO PAULO (ESTADO). SMA – SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE. CRHi – COORDENADORIA DE RECURSOS HÍDRICOS. Situação dos recursos hídricos no Estado de São Paulo 2009. São Paulo, 2009. __________. Situação dos recursos hídricos no Estado de São Paulo 2010. São Paulo, 2010. 114 SECOFEHIDRO – SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO DE ORIENTAÇÃO DO FUNDO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS. Receitas da cobrança pelo uso da água para o FEHIDRO até 2010 – PCJ. São Paulo, 2010. THAME, A. C. DE M. (Org.). Comitês de Bacias Hidrográficas: Uma revolução conceitual. São Paulo: IQUAL Editora, 2002. TUNDISI, J. G. et al. A bacia hidrográfica do Tietê/Jacaré: Estudo de caso em pesquisa e gerenciamento. Estudos Avançados. São Paulo, vol. 22, n. 63, 2008. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 40142008000200010>. Acesso em 05 ago 2010. USP. IAG. MASTER. Tipos de nuvens e sua relação com o quadro sinótico. [s.l.], [s.n.], [s.d.]. Disponível em <http://www.master.iag.usp.br/ensino/Sinotica/ AULA05/AULA05.HTML>. Acesso em 01 out 2010.