Pensamento do Dia Economistas analisam a Economia, o Brasil e o mundo, mundo, na mídia diária 28 07 2009 ---------------------------------------------------------------------------------------------Folha de S.Paulo 28 07 2009 TENDÊNCIAS/DEBATES Educação e trabalho: um salto para o futuro GERALDO ALCKMIN e PAULO RENATO SOUZA A importância da expansão da oferta de cursos técnicos e tecnológicos fica evidente nos números das pesquisas de empregabilidade QUANDO A formação educacional e a profissional andam juntas, a distância entre o saber e o saber fazer se encurta. Graças à iniciativa conjunta das secretarias da Educação e de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, o Centro Paula Souza, responsável por 162 escolas técnicas (Etecs) e 48 faculdades de tecnologia (Fatecs), estendeu a oferta de cursos técnicos nas escolas de ensino médio, permitindo que, além do ensino formal, os jovens possam receber capacitação profissional no mesmo ambiente escolar. Sem nenhum gasto com a construção de novos prédios, salas de aula hoje existentes em escolas da Secretaria Estadual da Educação serão utilizadas à noite para a promoção de cursos técnicos que possibilitem aos jovens o exercício de uma profissão. Já no segundo semestre deste ano, foram abertas 6.520 vagas para capacitação técnica em 74 escolas estaduais, beneficiando comunidades de 45 diferentes municípios. O uso compartilhado das salas de aula também está sendo adotado em unidades de ensino da capital. Como resultado de convênio firmado entre o governador José Serra e o prefeito Gilberto Kassab, outras 600 vagas foram abertas em dez centros educacionais unificados (CEUs), com o objetivo de levar o ensino técnico também às escolas da rede municipal. No início de 2010, serão preenchidas outras 9.265 vagas, assegurando, em um ano e meio, a mais 27 mil jovens -além dos 135 mil matriculados no ensino técnico das unidades do Centro Paula Souza- o direito à educação e à qualificação para o trabalho. Hoje, a formação educacional vinculada ao trabalho tem se mostrado extremamente positiva para o efeito de garantir vantagem competitiva aos jovens que procuram emprego, pois tem logrado prepará-los de forma condizente com as exigências atuais do mundo do trabalho. Com esse propósito, os cursos a serem agora oferecidos nas escolas da rede estadual de ensino, bem como nos CEUs da capital, a exemplo das Etecs e Fatecs do Estado, foram definidos em consonância com as demandas dos setores produtivos das regiões onde o ensino técnico é implantado, como forma de capacitar os alunos para o desempenho de atividades no mercado de trabalho local. As aulas terão duração de três semestres e serão voltadas para a formação de profissionais para a atuação no setor de serviços, com foco em gestão de negócios, informação e comunicação. No total, são oferecidas 12 habilitações: administração, logística, contabilidade, secretariado, marketing, comércio, serviços jurídicos, seguros, serviços imobiliários, informática, rede de computadores e informática para internet. A importância da expansão da oferta de cursos técnicos e tecnológicos fica evidente nos números das pesquisas de empregabilidade. A cada 10 alunos que estudam nas Etecs, 8 estão empregados em até um ano após a conclusão do curso. Nas Fatecs, são 9 em cada 10 egressos, o que comprova que esse é o ensino que vira emprego. Além disso, o processo seletivo para os candidatos aos cursos conta com um sistema de pontuação acrescida, que concede bônus de 10% para quem estuda ou já concluiu o ensino médio em escola pública e de 3% para afrodescendentes, podendo chegar a 13% caso o aluno se encaixe nessas duas situações. Estatísticas apontam que quase 80% dos alunos da rede do ensino técnico paulista são oriundos de escolas públicas e têm renda familiar de até cinco salários mínimos, o que justifica ainda mais a iniciativa que ora se procura implementar, como meio de promover maior inclusão social em favor de jovens dos segmentos mais humildes da sociedade. É dessa forma, por meio da união de esforços, que o poder público cumpre sua obrigação constitucional de oferecer educação gratuita e de qualidade para a população. A formação básica conciliada com a qualificação profissional representa um salto para o futuro, com a formação de bons profissionais para o mundo do trabalho, proporcionando aos jovens a possibilidade de contribuir com o desenvolvimento do Estado e do nosso país. GERALDO ALCKMIN FILHO , 56, médico, é secretário de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. Foi governador do Estado de São Paulo (2001-2006). PAULO RENATO COSTA SOUZA , 63, economista, é secretário da Educação do Estado de São Paulo. Foi ministro da Educação (governo FHC), reitor da Unicamp (1986 a 1890) e secretário da Educação do Estado de São Paulo (governo Montoro). --------------------------------Valor Econômico 28/07/2009 Salário e câmbio Antonio Delfim Netto Um dos aspectos mais interessantes da tabela é o quase espetacular aumento das exportações alemãs (superado apenas pelo espetacular crescimento das chinesas), que haviam sofrido muito com a reunificação. Elas passaram de 30% do PIB, em 1999, para cerca de 45% em 2008. Um aumento de quase 15% do PIB em apenas 9 anos. Até a reunificação (iniciada com dramáticos problemas em 1991), a economia alemã havia sido das mais dinâmicas e estáveis entre as grandes do mundo. Depois sofreu grandes tropeços internos e externos. Um fato notável é que a recuperação de 2006 só foi percebida a partir do segundo trimestre daquele ano. As estimativas de crescimento, feitas pelos economistas da OECD em junho, ainda projetavam para a Alemanha 1,8%. Isso mostra como o "passado" controla o "futuro", necessariamente, na projeção dos que supõem poder antecipá-lo. Aparentemente, a recuperação da taxa de crescimento está ligada ao aumento da relação exportações/PIB, depois de 2003. A que se deve tal fato, se a taxa de câmbio alemã, através do euro, está "amarrada" às taxas dos outros membros da zona do euro, que recebem porcentagem substancial das exportações alemãs? Boa parte da explicação se deve às modificações factuais (autorizadas ou não pela legislação, mas sempre obtidas por acordos estimulados pelo governo, entre empresários e trabalhadores) verificadas no mercado de trabalho alemão e que os franceses apelidaram de "glaciation salariale allemande". Esta é revelada no gráfico que mostra os aumentos anuais dos salários do setor privado de 2000 a 2008, na Alemanha, na Itália e na França. Ele mostra que o esperto aumento da competição alemã (a despeito do congelamento dos câmbios nominais dentro do euro) deve-se, pelo menos em parte, à moderação salarial que corrigiu o câmbio real da Alemanha (a relação salário/câmbio) com relação aos dos seus competidores. Ela tornou as exportações alemãs mais competitivas no mercado interno dos "outros" e mais difíceis as exportações dos "outros" países da zona para o mercado alemão (as importações alemãs). Como é evidente, tal estratégia acomoda-se mal dentro da Comunidade Econômica Europeia, uma vez que aumenta a demanda interna alemã (mas não estimula no mesmo passo as importações alemãs) e aumenta a penetração alemã nas outras grandes (e pequenas) economias, reduzindo a demanda interna atendida pela produção nacional de cada um. Parte do crescimento da Alemanha pôde dar-se, assim, à custa de uma redução do crescimento dos parceiros, que não acompanharam a "glaciation salariale" devido a problemas institucionais e estruturais (regulação protetora exagerada e diferenciada dentro da comunidade, forças sindicais diferentes etc.), que agora parecem estar diminuindo. O problema dos "outros" no mercado mundial é ainda agravado pela valorização do euro frente ao dólar, o que dificulta suas exportações para fora da comunidade. A velha "economia social de mercado" da Alemanha Ocidental, que enfatizava a liberdade dos mercados, o respeito ao equilíbrio fiscal e as virtudes da competição, mas cuidava da "justiça social", produziu o "milagre" alemão. Acabou gestando uma formidável sociedade do "bem estar", que tirou fantástico proveito da globalização e resistiu aos incríveis desequilíbrios gerados pela reincorporação física da Alemanha Oriental, em 1991. Esta, com 40 anos de controle do partido comunista, conseguira voltar ao século XVIII! Desde então foi crescendo (sob o estímulo do governo) a ideia de uma negociação salarial mais moderada entre sindicatos de trabalhadores e empresas, em troca de uma certa estabilidade no emprego, valor importante numa economia que em 2008 tinha 8% de desemprego. Em 2003, no governo Schröder, foi proposta uma reforma da previdência social e da legislação trabalhista (a chamada "Agenda 2010"), de caráter claramente liberal: redução de impostos e da carga sobre os salários para reduzir os custos do trabalho. Sua sucessora, Angela Merkel (que ainda não demonstrou grande paixão europeia), prossegue numa inteligente e cuidadosa flexibilização do mercado de trabalho que, com a crise de 2008, parece estar encontrando seus limites. Certamente, a experiência alemã é cheia de ensinamentos para os governos e para os sindicatos, se souberem entender o "jogo cooperativo" que ela envolve. Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Escreve às terças-feiras E-mail [email protected] -----------------------------------Valor Econômico 28 07 2009 A vez dos países emergentes Yoshiaki Nakano O cenário que começa a emergir da crise financeira global é de uma recuperação lenta e hesitante nos Estados Unidos, Europa e Japão, com desemprego elevado por muitos anos e forte elevação das suas dívidas públicas. O comércio mundial deverá permanecer por longo período deprimido devido, principalmente, ao fim do consumismo americano, com as famílias já elevando a taxa de poupança em sete pontos percentuais em relação ao PIB, queda muito forte em bens dependentes de crédito e muitos países privilegiando os empregos e mercados domésticos. Por outro lado, os países emergentes estão apresentando recuperação mais rápida e países como a China estão retomando crescimento em níveis surpreendentes. Este quadro já refletiu na expectativa dos investidores que, em busca de elevados retornos, direcionam seus recursos para países emergentes e para as commodities que vêm também apresentando recuperação surpreendente. Como ficará o Brasil neste quadro? A recessão nos Estados Unidos, Europa e Japão deverá ser mais profunda e durar mais do que as experiências cíclicas anteriores do período pós-guerra, afinal, foi o colapso do sistema financeiro que causou a contração da economia real, e não o contrário. A recuperação deverá ocorrer somente a partir de meados de 2010, com crescimento muito lento e hesitante posteriormente. Imensos desequilíbrios terão que ser removidos para a economia voltar a funcionar normalmente. Muitos destes estarão operando para reduzir a taxa de crescimento destes países pelo menos no médio prazo, tais como redução no endividamento, desalavancagem e aumento da taxa de poupança do setor privado e política fiscal restritiva, necessária depois dos imensos déficits fiscais em 2009 e 2010. As economias emergentes importaram a crise. O seu sistema financeiro não entrou em colapso e foi a queda nas suas exportações, devido à queda na demanda nos países desenvolvidos, que provocou a desaceleração das suas economias. A China, por exemplo, está apresentando uma recuperação surpreendente em forma de V, ainda que ninguém espere que volte a crescer a taxas pré-crise. Os países emergentes, ao acumularem reservas, tornaram-se, em maior ou menor grau, menos dependentes do financiamento externo. E, principalmente países com grande população, como a China, Índia e o Brasil, cada um de forma específica, estão explorando o mercado doméstico para promover a recuperação. Em princípio, o alto potencial de crescimento dos países emergentes não foi afetado pela crise financeira global. Este potencial vem do processo de "catching-up", importando bens de capital e tecnologia para construir uma estrutura produtiva moderna, competitiva e realocando trabalhadores para empregos mais produtivos e melhor remunerados. Isso vem gerando grandes e contínuos ganhos de produtividade e um mercado doméstico dinâmico. A queda drástica no crédito externo e fluxo de capitais não afetará o seu crescimento potencial, pois estes países de alto crescimento com política cambial agressiva manterão superávit em transações correntes, o que no passado lhes permitiu acumular reservas cambiais gigantescas, constituindo seguro contra a própria crise. Duas consequências importantes decorrem deste quadro: a manutenção de elevadas taxas de retorno nos investimentos nos emergentes e rápido crescimento da demanda de commodities. Ao atrair investidores em busca de alto retorno, disputará recursos financeiros com países mais ricos e deficitários e, certamente, provocará elevação na taxa real de juros de longo prazo. Como os países emergentes já haviam se tornado os maiores consumidores de commodities, respondendo com quase 60% do consumo global de petróleo e quase 70% do consumo de metais e alimentos, deverão manter em rápido crescimento a sua demanda. Assim, além do menor fluxo de capitais, o cenário será de taxa real de juros mais elevadas e preços de commodities também elevados. A questão central é: como o Brasil deve se posicionar neste cenário? Que ajustes na política macroeconômica devemos adotar para garantir um crescimento sustentado e estável? Tomemos a China como referência: os chineses já se posicionaram mantendo a sua taxa de câmbio fixa ao dólar, ganhando competitividade global adicional com a depreciação do dólar e, com isso, estão substituindo importações. Além disso, estão implementando um vigoroso programa fiscal anticíclico, deslocando gradualmente o dinamismo para o mercado doméstico. Como há folga fiscal, não estão comprometendo o futuro. Utilizando parte de seus US$ 2 trilhões de reservas para comprar empresas no exterior, vão continuar ampliando sua participação no comércio mundial. A característica de sua política é que a taxa real de câmbio estável e competitiva é utilizada como instrumento estratégico de longo prazo para manter elevada a sua taxa de poupança, mantendo a sua independência em relação aos recursos financeiros externos. As políticas monetária e fiscal são anticíclicas e utilizadas como instrumentos de curto prazo para garantirem a estabilidade da economia. O cenário é favorável para o Brasil. Temos um grande potencial de crescimento do mercado doméstico, somos grande exportadores de commodities e temos uma complexa estrutura industrial já montada no país. Mas o período de bonança externa acabou com crise e deverá prevalecer o novo cenário descrito acima. O Brasil vem ampliando a participação de commodities nas suas exportações e, com regime de câmbio flutuante, o real está cada vez mais atrelado ao preço das commodities, tornado-se uma moeda com comportamento anticíclico. A crise financeira e a retirada da pauta da inflação nos trouxe uma grande oportunidade para flexibilizar a política monetária e para levarmos o patamar de juros próximo ao nível internacional. Neste caso, ainda que com flutuações cíclicas, a taxa de câmbio no longo prazo poderia equilibrar o setor externo. Infelizmente, o Copom acaba de anunciar que não é para onde vamos caminhar. Em plena recessão e sem nenhum risco inflacionário no horizonte, o Banco Central está cedendo às pressões do mercado financeiro, anunciando que 8,75% é uma taxa adequada às circunstâncias atuais. Com isso continuamos com a taxa real de juros num patamar dos mais altos do mundo, permitindo a apreciação da taxa de câmbio, tornando esta pró-cíclica, e tornando a indústria manufatureira vulnerável não só a flutuações imprevisíveis da taxa de câmbio, mas também a acirrada competição estrangeira. No curto prazo, a demanda dos emergentes por commodities pode dar fôlego à recuperação, mas no longo prazo vamos comprometer o "catching-up", pois este envolve aprendizagem tecnológica e diversificação da indústria, possível com exportação de manufaturados. Com apreciação cambial, voltaremos também a ter crises de balanço de pagamentos. Em relação ao nosso eterno problema fiscal, estamos longe de ter equilíbrio de longo prazo para ajudar a alcançar o equilíbrio externo e podermos atuar no curto prazo de forma anticíclica. Yoshiaki Nakano, ex-secretário da Fazenda do governo Mário Covas (SP), professor e diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas - FGV/EESP. -------------------------------------------Valor Econômico 28/07/2009 Os governos precisam ser incentivados a mudar Gastos brasileiros são pró-cíclicos ou anticíclicos? Alexandre Manoel Angelo da Silva e Angelo José Mont'Alverne Duarte Uma mudança institucional é necessária para incentivar os governos a se comportarem de maneira anticíclica Há uma considerável gama de estudos empíricos que analisam como os componentes da despesa pública de países da América Latina respondem a choques no produto, se de forma pró-cíclica ou anticíclica. Em geral, ao utilizar diversas categorias de gasto e períodos amostrais distintos, os autores desses estudos concluem que o gasto público se comporta de maneira pró-cíclica. A título de ilustração, ver Gavin & Perotti (1997); Kaminsky, Reinhart & Végh, (2004); Alesina & Tabellini (2005); Ellery-Jr & Gomes (2005); Akitoby et.alli. (2006). A literatura justifica o caráter pró-cíclico da política fiscal em países em desenvolvimento sob pelo menos dois argumentos. Uma primeira razão estaria relacionada a restrições de liquidez enfrentadas por essas economias. Nos períodos de expansão, a oferta de crédito é mais abundante e os governos poderiam tomar empréstimos com maior facilidade e com isso elevar os dispêndios públicos. Por sua vez, nas recessões, a escassez da oferta de crédito limita o crescimento dos gastos públicos (Gavin & Perotti (1997) e Kaminsky, Reinhart & Vegh (2004)). Uma segunda linha de argumentação reside na literatura de economia política. Lane & Tornell (1998), por exemplo, defendem a existência do "efeito voracidade", ou seja, nos períodos de expansão, os recursos públicos são maiores e a disputa por uma parcela excedente desses recursos se intensifica, o que obriga os governos a acomodarem as demandas dos diversos grupos por meio da expansão dos gastos. Diante dessa fatídica tendência de se encontrar gastos pró-cíclicos nos países em desenvolvimento, decidimos promover uma análise na receita e na despesa primária (exclui a parte financeira do orçamento público, tais como juros e correções monetárias), no investimento e no consumo do governo federal brasileiro, de modo a verificar se esses itens se comportaram de maneira pró ou anticíclica em relação ao PIB per capita do Brasil, no período 1901 a 2006. De fato, no âmbito da esfera federal brasileira, investigamos empiricamente qual é a relação entre esses componentes do orçamento público e o PIB per capita, durante o Século XX e limiar do Século XXI. Nossa pesquisa foi eminentemente descritiva e exploratória (de dados) do ponto de vista econométrico, que formalmente não testou qualquer modelo teórico. Destaque-se que, além dos resultados aqui expostos, outras análises e referências bibliográficas poderão ser encontradas no Texto de Discussão (TD) a ser publicado pelo Ipea, sob o título "Variáveis Fiscais e PIB Per Capita no Brasil: Relações Vigentes entre 1901 e 2006". Nesse TD, em particular, investigamos se a relação encontrada entre as variáveis fiscais aludidas e o PIB per capita altera-se ao longo do tempo. Nesse sentido, estimamos modelos autorregressivos univariados e multivariados com a técnica Markov Switching. Esta técnica permite estimar modelos em que as variáveis se relacionam de maneira diferente em distintos regimes fiscais, de forma que os parâmetros desses modelos mudam de acordo com o regime em vigor. Assim, esses modelos levam em consideração possíveis relações de nãolinearidades, já que a imposição de linearidade entre cada variável investigada e seus valores passados e os valores defasados das outras variáveis selecionadas é feita apenas em cada regime de maneira separada, de modo que os dados descrevem o comportamento entre as variáveis de uma forma mais flexível. Ademais, destaque-se que questões de endogeneidade ou causalidade reversa entre as variáveis são contempladas quando se utiliza essa técnica. Assim, de acordo com os resultados encontrados em nossa pesquisa, pelo menos três considerações podem ser feitas. Primeiro, observando-se as médias das taxas reais de crescimento auferidas por meio dos modelos estimados, pode-se sugerir que o governo federal tende a se comportar de forma perdulária. De fato, nos períodos em que os regimes fiscais se mostraram significativos do ponto de vista estatístico, enquanto a taxa real de crescimento das despesas primárias crescia a uma média de 7,7% a.a., o PIB per capita crescia em média 5,09% a.a. Em outras palavras, no Século XX e limiar do Século XXI, em média, os gastos do governo federal cresceram em uma proporção maior que o aumento de riqueza da sociedade. Segundo, no Brasil, ao longo do período em análise, observa-se um único regime fiscal de ciclicalidade, que é o regime pró-cíclico - aumento (diminuição) da renda per capita leva a aumento (diminuição) da despesa - entre a despesa primária e o PIB per capita, datado em diversos períodos do século passado, o que corrobora os resultados encontrados em diversos estudos empíricos para a América Latina, conforme mencionado no início deste artigo. Terceiro, os resultados sugerem que um aumento de 1% na taxa real de crescimento da despesa primária do governo federal no ano anterior implica diminuição de aproximadamente 2,7% no crescimento da taxa real de crescimento do PIB per capita. Portanto, como se evidencia, em relação à ciclicalidade, concluímos que os gastos primários do governo federal se comportaram de maneira pró-cíclica em relação ao PIB per capita, no Século XX e no limiar do Século XXI. Dito isso, em tempos de crise e muitas discussões fúteis, cabe concluir destacando ao menos uma reflexão que inferimos de nossa pesquisa. Será que adianta discutir se a política fiscal do governo "A" ou "B" é pró-cíclica ou anticíclica? Em outras palavras, será que as raízes da natureza pró-cíclica de nossos gastos estão em puras escolhas do Poder Executivo? Enfim, de maneira geral, cremos que, no Brasil, no âmbito do governo federal, enquanto não houver mudanças legais (institucionais) que criem incentivos para que os governos se comportem de maneira anticíclica, a diferença da política fiscal de um governo "A" para um governo "B" residirá apenas na escolha dos premiados, de modo que as despesas primárias do governo federal tenderão naturalmente a se comportar de maneira procíclica. Alexandre Manoel Angelo da Silva é pesquisador do Ipea. Angelo José Mont´Alverne Duarte é analista do Bacen cedido ao Ministério da Fazenda. -----------------------------------Valor Econômico - 28/07/2009 "Política do governo fez país sofrer pouco" O secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, disse que o Brasil deve ter cautela com medidas de estímulo fiscal. Ele está certo? João Saboia: Creio que ele conhece pouco a economia brasileira e não está levando em consideração que o custo da dívida pública está se reduzindo bastante com a queda dos juros, abrindo espaço para a manutenção do equilíbrio fiscal mesmo com redução da receita e aumento dos gastos. Valor: O governo deve adotar novas medidas de redução de impostos, para tentar garantir mais crescimento? Há espaço para novos aumentos de gastos? Saboia: Os indicadores disponíveis apontam para um segundo semestre bem mais favorável que o primeiro. Com isso, o governo deverá aos poucos reduzir os estímulos fiscais do primeiro semestre, especialmente na área tributária. Com relação aos gastos, sou favorável a que o governo privilegie os investimentos públicos em vez dos gastos correntes, compensando em parte os investimentos privados, que tiveram grande redução neste ano. Valor: O governo reduziu a meta de superávit primário de 3,8% para 2,5% do PIB neste ano. É factível? Saboia: A tendência das autoridades é sempre apresentar dados otimistas. É possível que o resultado final fique abaixo disso. Valor: A atividade econômica parece ter reagido melhor do que se esperava no fim do ano passado. Qual o papel que a política fiscal deve ter para a variação do PIB neste ano? Saboia: Não tenho nenhuma dúvida de que a política fiscal do governo implementada no primeiro trimestre foi a principal responsável pelo fato de o país ter sofrido relativamente pouco, comparado com o resto do mundo. Uma das vantagens do Brasil é o tamanho de seu mercado interno, e a política fiscal teve um papel muito importante para segurar o nível de consumo interno. O caso da indústria automobilística é exemplar. Valor: Qual a perspectiva para a política fiscal em 2010? É possível fazer um superávit de 3,3% do PIB? Saboia: 2010 é um ano eleitoral, e é bem provável que os gastos públicos permaneçam em expansão. O superávit pode aumentar em relação a 2009, mas não muito. Valor: O governo reduziu fortemente o superávit primário e não houve reações significativas do mercado. A questão da solvência fiscal do país saiu de cena? Saboia: A solvência fiscal é um elemento importante e nunca sairá de cena. Como os juros caíram bastante, não há mais necessidade de superávits primários tão elevados e o mercado entendeu isso. A solvência fiscal pode ser garantida com superávits primários bem menores que os anteriores. Valor: Os investimentos cresceram 25% de janeiro a maio, mas eles atingiram apenas R$ 9,276 bilhões. Por que a União ainda investe tão pouco? Saboia: Gastar pode ser mais difícil do que se imagina, especialmente quando considerados os investimentos, que necessitam de planejamento, licitações, ações na Justiça. O período de tempo entre a decisão de investir e sua realização pode ser muito grande. Apesar da importância do PAC para o governo, a maior parte dos projetos está atrasada em relação a seus cronogramas originais devido às dificuldades inerentes à realização dos investimentos públicos. Valor: O governo aumentou fortemente os gastos correntes, acelerou os investimentos e concedeu desonerações tributárias importantes neste ano. Isso caracteriza uma política fiscal anticíclica bem executada? Por quê? Saboia: Uma política fiscal anticíclica, no caso de uma recessão, passa pelo aumento dos gastos e redução dos impostos e é exatamente isso que o governo está fazendo conforme argumentado acima. Seu sucesso pode ser medido pelo comportamento da economia brasileira quando comparado com os nossos vizinhos. Valor: As despesas correntes do governo vêm crescendo a um ritmo acelerado neste ano, superior a 20%. Quais as consequências para a economia desse aumento de gastos correntes? Saboia: O lado positivo é que o aumento dos gastos correntes estimula a economia por seu efeito realimentador, especialmente através dos gastos dos agentes beneficiados pelo aumento da despesa corrente. Keynes já ensinava isso desde os anos 30 do século passado, através do multiplicador dos gastos do governo ou mesmo da redução dos impostos. Valor: Em que medida a política fiscal atual restringe as perspectivas futuras de crescimento do país? Saboia: Pelo lado dos impostos, não vejo nenhum problema, pois a carga fiscal do país é relativamente elevada e a redução atual poderá eventualmente ser compensada no futuro, quando a economia se recuperar. No caso dos gastos, a situação é distinta, pois em alguns casos os gastos se tornam definitivos, como no aumento dos salários do funcionalismo público. De qualquer forma, não vejo nenhuma ameaça ao futuro do país por conta da política fiscal que o governo usa neste ano. Valor: Os gastos com pessoal e encargos sociais cresceram mais de 20% de janeiro a maio. É um movimento preocupante? Saboia: Sou favorável à valorização do funcionalismo público em geral. O problema com os atuais reajustes é que houve um compromisso do governo antes da crise que fica muito difícil de reverter. Creio que com a recuperação do economia já em 2010 a arrecadação deverá aumentar de modo que provavelmente não haverá dificuldades para o governo absorver o aumento da folha de pessoal. Para uma resposta mais precisa, contudo, seria necessário verificar o custo da folha nos próximos anos. Valor: O próximo governo receberá um país melhor ou pior do ponto de vista fiscal do que recebeu o presidente Lula? Saboia: Se lembrarmos da situação do país no fim de 2002, quando o câmbio explodiu e os juros eram elevadíssimos, com enormes pressões sobre o déficit público, o saldo é bastante favorável à situação atual. A menos que ocorra algo inesperado até o fim de 2010, a situação encontrada pelo sucessor do presidente Lula, tanto na economia como um todo quanto do ponto de vista fiscal, será bem mais favorável que a deixada por FHC. Valor: Quais serão os principais desafios na política fiscal para o próximo presidente? Saboia: Creio que a principal dificuldade será levar o país a algo semelhante ao que ocorria em 2008, até o mês de setembro, quando a economia crescia a uma taxa da ordem de 6% anuais. Do ponto de vista fiscal, o principal desafio é realizar uma reforma tributária que seja mais justa, beneficiando os Estados mais pobres e a população de baixa renda, que é a que paga proporcionalmente mais impostos. Será muito difícil convencer os Estados mais ricos a abrirem mão de sua situação privilegiada em benefício dos menos desenvolvidos, o que resultaria num desenvolvimento mais equilibrado para o conjunto do país. ---------------------------------------Folha de S.Paulo - Guilherme Barros - 28/07/2009 Acordo para Itaipu elevará tarifa, diz Tendências O acordo estabelecido entre os governos do Brasil e do Paraguai sobre as sobras da energia paraguaia de Itaipu deve elevar as tarifas para os consumidores brasileiros. A afirmação é do economista Walter De Vitto, da consultoria Tendências. O acerto entre os dois países envolve o aumento do valor pago pelo Brasil pela comercialização da energia excedente do Paraguai de US$ 3,17/MWh para US$ 9,51 o MWh. "Se esses termos forem levados a cabo sem outros ajustes, os consumidores do mercado cativo vão arcar com o custo da elevação do valor adicional pago ao Paraguai", diz De Vitto. Outro fator que pode impulsionar a alta das tarifas é se parte da energia produzida em Itaipu for destinada ao mercado livre, que atende grandes consumidores. Nesse caso, as distribuidoras do mercado cativo terão que substituir a energia de Itaipu pela de outros geradores, diz a consultoria. "Dificilmente haverá disponibilidade para contratação de energia hidrelétrica a curto prazo, o que implicará a necessidade de adquirir eletricidade gerada pelas térmicas, que tem custo mais elevado." Para minimizar a alta dos preços ao consumidor, De Vitto defende que o governo brasileiro associe o cronograma de venda da energia do Paraguai ao mercado livre com a entrada em operação de novas hidrelétricas, como a usina de Belo Monte. A absorção do aumento das tarifas pelo Tesouro Nacional, no entanto, não é bem-vista pelo economista. "Não é uma medida desejável, já que cria distorções de preço não só no mercado de energia mas em outros setores da economia, que teriam de arcar com esse custo via pagamento de impostos." --------------------------------------O Globo - Miriam Leitão - 28/07/2009 Preço da concessão O maior problema do acordo com o Paraguai não é a concessão em si ao país vizinho, que pode e merece ter o apoio brasileiro para o seu desenvolvimento. Há dificuldades técnicas concretas: hoje as distribuidoras do Sudeste são obrigadas a comprar de Itaipu. Deixarão de ser? Há também uma questão política: a concessão brasileira não encerrará a pressão paraguaia. O governo brasileiro diz que o aumento de 213% no preço pago pelo Brasil na cessão de energia não será repassado aos consumidores do país. Ora, é preciso desconhecer o básico em economia para achar que existe um preço que ninguém paga. Se o Paraguai vai receber mais de US$ 200 milhões a mais por ano, o dinheiro sairá de algum lugar. Se não for da tarifa, sairá do Tesouro. E o Tesouro somos todos nós contribuintes. Portanto, será pago pelos brasileiros. É bom lembrar que a cessão de energia é apenas uma parte do que se paga ao Paraguai. A Eletrobrás paga o preço de US$ 42,5 por megawatt/hora, mas sobre isso há também royalties, encargos de administração e supervisão. A cláusula de cessão de energia é um outro acréscimo que está no anexo C do acordo. A lei que obriga as distribuidoras brasileiras a comprar a energia gerada por Itaipu é de 1973. Fica uma dúvida: se o Paraguai pode vender parcelas crescentes de energia no mercado livre, como fica a obrigatoriedade das distribuidoras? Há outra dúvida já resolvida. O Brasil aceitou que o Paraguai possa usar, ao vender no mercado livre, a mesma estrada que se usa atualmente: o sistema integrado de Furnas. O problema é que no mercado livre não há preço mínimo, a energia tem que ser contratada, o preço oscila, e tanto sobe quanto desce. O próprio fato de entrar mais energia no mercado livre pode derrubar o preço. Está entrando aí Jirau, que apostou no mercado livre para oferecer preço mais baixo na licitação. E a recessão está reduzindo o consumo. Como o Paraguai depende dessa receita para cobrir boa parte do orçamento público, é bom que isso fique muito claro, antes que haja problemas. O Brasil também concordou que Itaipu construa para o Paraguai, com empréstimo do BNDES, a linha de transmissão de Ciudad del Este a Assunção, de 500 kv. O Paraguai terá 13 anos para pagar. A obra é necessária e justa. Afinal, o país que tem essa quantidade de energia tem também um suprimento deficiente que provoca apagões diários no verão, e não tem insumo para atrair investimentos. Esta é a melhor parte do projeto do governo brasileiro para a negociação. Não era justo nem sustentável essa situação. Porém, não pode ser visto pelo Paraguai como compensação por uma suposta “usurpação” brasileira. Tem que ficar claro que é uma ação de boa vontade porque interessa a todos o desenvolvimento paraguaio. O governo Lula negocia de forma errada com os países menores da região. Parece ter uma culpa original, como se tivesse vergonha de ser grande, ou acreditasse no discurso de ocasião de que somos imperialistas. O Brasil não é. Em todo esse processo, desde a negociação do acordo, a construção da usina, a operação de forma compartilhada do empreendimento, em todos os detalhes, o Brasil não se comporta como uma potência colonialista. Pelo contrário. O Paraguai de vez em quando ameaça ir a cortes internacionais discutir o tratado. Ora, que vá. O Brasil deveria querer que não pairem dúvidas sobre a legitimidade do acordo, porque como ficará claro que o tratado é juridicamente perfeito, o país poderá fazer suas propostas em bases mais maduras. O presidente Lugo tem problemas. Falarei dos problemas políticos. Sua base política é pulverizada em vários pequenos partidos, de diversas tendências, algumas bem radicais. Ele precisa, para manter um mínimo de governabilidade, do apoio do adversário Lino Oviedo. O general que já tentou um golpe no passado, já morou no Brasil, e voltou para fazer política legalmente no país, virou o pêndulo. Ele aceita dar apoio ao governo — mas não quer cargos — mas estuda caso a caso esse respaldo. Lugo tem feito um governo considerado pelos analistas como “medíocre”, não tem quadros de competência comprovada, e a máquina continua dominada pelo vetusto Partido Colorado, que está no poder desde os tempos da ditadura de Stroessner. Lugo precisa apresentar o acordo assinado neste fim de semana como uma redenção nacional, como uma prova de ele venceu o gigante, como nunca antes na história desse Paraguai. Desta forma ele se fortalece, mas ao mesmo tempo fortalece a ideia de que o Brasil é devedor de compensações ao país. Logo, os paraguaios concluirão que isso não basta, que outras exigências podem ser feitas. Querer o desenvolvimento do Paraguai, todos querem. Mas não temos compensações a fazer. O Brasil ao decidir pela construção de Itaipu naquele ponto, e não em outra parte do rio, ganhou um pouco mais de potência, mas também criou para o Paraguai um ativo que ele não tinha ainda. O Brasil emprestou o dinheiro para o Paraguai integralizar a parte dele; pegou empréstimos internacionais; deu o aval do Tesouro; construiu a usina; e divide a administração da empresa de forma paritária. Não tem do que se envergonhar. ----------------------------------------Folha de S.Paulo 28 07 2009 CRISE Obama faz apelo para Pequim gastar mais e reduzir exportação COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Com a economia global ainda em recessão, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez ontem um apelo à China para que o país asiático aumente seus gastos internos e reduza o ritmo de exportações, com o objetivo de ajudar na retomada do crescimento global. O encontro, em Washington, aconteceu em meio a tensões em torno da política de desvalorização do yuan (a moeda chinesa), do crescente déficit dos EUA e do saldo negativo do país no comércio com a China. Ao abrir o encontro de dois dias entre representantes dos dois países, Obama disse que EUA e China precisam superar desconfianças mútuas e aprofundar a cooperação em diversos temas, como a crise global e as mudanças climáticas. "O relacionamento entre EUA e China vai moldar o século 21, o que o torna tão importante como qualquer outro relacionamento bilateral no mundo", disse Obama. "Essa realidade deve dar respaldo à nossa parceria" No início da conferência, tanto Obama como o secretário do Tesouro norteamericano, Timothy Geithner, exortaram a China a encorajar o consumo interno, mas não repetiram o antigo apelo para que o país asiático permita a valorização do yuan. "Enquanto os norte-americanos poupam mais e os chineses podem gastar mais, nós podemos colocar o crescimento mundial em uma base mais sólida. Porque, se a China se beneficiou de investimentos substanciais e exportações lucrativas, também poderá ser um enorme mercado para produtos americanos", disse Obama. -------------------------------------- ECONOMIA & OUTRAS NOTÍCIAS Folha de S.Paulo 28 07 2009 Recessão no Brasil acabou em maio, avaliam bancos A recessão brasileira terminou em maio. Após dois trimestres seguidos de retração, que caracterizaram recessão técnica no país, a economia brasileira voltou a se expandir exatamente no centro do segundo trimestre, de acordo com diferentes estudos dos bancos Bradesco e Itaú Unibanco. Segundo o Bradesco, com os dados até maio, o PIB do segundo trimestre já apontava um crescimento de 1,7% em relação aos primeiros três meses deste ano. Até abril, os resultados eram negativos. Já os economistas do Itaú Unibanco detectaram em maio uma alta de 2,3% do PIB em relação a abril, o que também sugere a primeira expansão trimestral da economia após a crise. Os dados fazem parte de uma nova pesquisa, que segue a metodologia do IBGE, para estimar o PIB mensal, já livre de efeitos sazonais. Em abril, a pesquisa apurara retração de 0,7% em relação a março. Para Octavio de Barros, diretor de pesquisas do Bradesco, os números mostram que o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a sair da crise. A recessão é caracterizada tecnicamente por economistas com dois trimestres seguidos de retração. De acordo com o IBGE, a economia encolheu 0,8% no primeiro trimestre e 3,6% no último trimestre de 2008. Segundo Barros, a saída do Brasil da recessão é algo para ser comemorado, mas que era previsível dados os sinais de que o país e alguns emergentes sairiam antes da crise por conta de seus grandes mercados domésticos. "A ação do governo foi importante para a recuperação, principalmente a atuação dos bancos públicos", disse ele. Desde janeiro, o levantamento do PIB mensal do Itaú Unibanco mostra uma recuperação lenta da economia. A novidade em maio foi que o indicador do Itaú se expandiu de forma mais vigorosa. "Do jeito que as coisas estão caminhando, não só teremos crescimento, como um crescimento bem positivo [no segundo trimestre]. A gente captou uma coisa que não se via antes. Tínhamos vários indicadores mensais, como produção industrial e dados do varejo, mas que não davam o quadro completo", afirmou Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco. Na previsão do Itaú, o PIB deve ter crescido entre 1,5% e 2% no segundo trimestre de 2009 em relação ao período anterior. Para o Bradesco, a alta pode ser de até 2,2%. Apesar da recuperação a partir de maio, o PIB deste ano ainda deve registrar queda de pelo menos 0,5%, em razão da forte desaceleração do início do ano. Para 2010, as previsões são bastante otimistas, de crescimento superior a 4%, de acordo com o Bradesco. Os dados desagregados do indicador calculado pelo Bradesco mostram que a demanda doméstica foi a responsável pelo desempenho favorável, enquanto o setor externo ajudou a jogar a atividade para baixo. Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú, a redução das alíquotas de IPI para o setor automobilístico foi um dos propulsores do crescimento entre abril e junho. Ele afirma que o incentivo levou a indústria a uma expansão mensal média de 1,5% de janeiro a maio -excluindo o setor, a variação recua para 0,6% ao mês. O segundo fator da recuperação foi o ajuste nos estoques da indústria. Isso porque, no início da crise, a produção caiu mais rapidamente do que a demanda, como uma reação para impedir uma formação indesejada de estoques. Com a recuperação da demanda, a indústria teve de voltar a produzir mais para não ter problemas de entrega. "E isso ocorreu entre abril e junho, elevando a taxa de crescimento da produção industrial", disse Bicalho. O segundo fator foi o ajuste nos estoques da indústria. Finalmente, houve uma recuperação de volumes exportados e preços das commodities, com a retomada da demanda chinesa. A previsão é que as exportações sigam como principal fator de recuperação no segundo semestre. Para o Itaú, os indicadores de junho já divulgados mostram recuperação da economia em diversos setores, com destaque para vendas no varejo e para a produção industrial. Na avaliação do banco, o crescimento verificado no segundo trimestre de 2009 pode ser até em ritmo mais vigoroso do que a média vista no período anterior à crise. Por outro lado, a expectativa é a de que, na segunda metade do ano, esse ritmo se desacelere novamente. --------------------------------O Estado de S.Paulo - 28/07/2009 Por Sarney, Lula tenta rachar PT no Senado Preocupado em perder o apoio do PMDB na CPI da Petrobrás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desautorizou ontem o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP). Em reunião do grupo de coordenação do governo, Lula afirmou que mantém o aval ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e disse que a nota assinada por Mercadante na sexta-feira, reiterando o pedido de licença do aliado peemedebista, não reflete a posição do PT. Articulador político do Planalto, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, não escondeu a contrariedade de Lula com o líder do PT. "O que nós avaliamos é que isso não é um movimento do PT", insistiu Múcio. "Imaginamos que seja o posicionamento de um ou dois senadores." O movimento do governo tem o objetivo de conter o mal-estar provocado no PMDB com a nota divulgada por Mercadante há quatro dias. No texto de dez linhas, o senador considerou "grave" a revelação de que Sarney - alvejado por uma avalanche de denúncias - atuou para que o então diretor-geral do Senado Agaciel Maia reservasse uma vaga para Henrique Bernardes. O contratado era namorado de Maria Beatriz, neta de Sarney, conforme revelou o Estado. A nota foi interpretada pelo Planalto como mais um gesto para dar satisfação aos eleitores. Dos 12 senadores da bancada petista, dez serão candidatos nas eleições do ano que vem e têm recebido fortes cobranças de suas bases pelo apoio a Sarney. De qualquer forma, Lula também precisava jogar água no caldeirão do PMDB e escalou Múcio para a tarefa. "O presidente conversou com a bancada do PT 15 dias antes de tudo isso acontecer e não sentiu que o pedido de licença era uma posição de todos os senadores de seu partido", comentou Múcio. Na prática, o vaivém do PT em relação à crise no Senado dura mais de um mês. Oito dos 12 senadores petistas são a favor do afastamento de Sarney posição já manifestada em outras notas -, mas, como foram enquadrados pelo Planalto, protagonizam uma espécie de contorcionismo verbal, pois não podem se juntar à oposição para tirar o senador do posto. Apesar de manter o aval a Sarney por avaliar que o apoio é necessário para a governabilidade e para eleger a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência, em 2010, Lula foi orientado a amenizar os elogios feitos ao aliado em seus discursos. Avaliações reservadas do Planalto indicam que o presidente "já fez tudo o que podia fazer" por Sarney e deve, agora, dizer que toda a investigação cabe ao Senado. Ao contrário da expectativa do governo, o recesso parlamentar não serviu para esfriar a crise. O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que conversará com os senadores do partido, na próxima semana. Será mais uma tentativa de acertar um discurso único em relação a Sarney. "Tudo o que foi denunciado tem de ser apurado, mas pedir o afastamento de Sarney é o mesmo que propor um golpe", afirmou Berzoini. O deputado já havia demonstrado irritação com Mercadante no último dia 8, quando a bancada do PT no Senado pedira o afastamento de Sarney. "Produziram uma nota com vocação arqueológica, defasada no tempo", alfinetou Berzoini, na ocasião. Procurado pelo Estado, Mercadante não foi localizado ontem para comentar o assunto. -----------------------------Valor Econômico - 28/07/2009 No pré-sal, 32% dos poços abertos são pouco viáveis Maior província petrolífera encontrada no mundo nos últimos 30 anos, a Petrobras encontrou no pré-sal da bacia de Santos campos gigantes como Tupi, onde a estatal estima existirem 5 a 8 bilhões de barris de petróleo recuperáveis. Contudo, a área do pré-sal, apontada como "bilhete premiado" pela Petrobras e pelo governo federal, que prepara um novo marco regulatório do país, também tem poços secos. Mesmo assim os índices de sucesso exploratório ali são até melhores que a média da indústria mundial, que é de 25% a 30%. Até agora o único fracasso conhecido no pré-sal da bacia de Santos era da Exxon, no poço Guarani, perfurado no bloco BM-S-22 da bacia de Santos e onde a gigante americana também encontrou o reservatório batizado de Azulão em janeiro. Pelo site ANP, outras perfurações ao longo do pré-sal também não acharam óleo. A classsificação dos poços pelas empresas no Brasil obedece a uma portaria da ANP, a número 76, editada em 2000, e que regulamenta os procedimentos a serem adotados para reclassificar os poços. Entre outras categorias, a regra estabelece códigos que informam desde a profundidade até o resultado da perfuração. Por essa regra, por exemplo, um poço portador de petróleo ou gás, ou de ambos, "é todo poço incapaz de permitir a produção em quantidades comerciais, independentemente das facilidades de produção na área (...)". Nesse caso ele deve ser reclassificado como 5. A mesma portaria diz que poço seco "é todo poço onde não se caracterizou a presença de petróleo móvel e/ou gás natural (...), devendo ser reclassificado como 6. Pela portaria, o resultado seria um sucesso se fosse classificado como "poço descobridor de nova área produtora (código 1), ou descobridor de nova jazida (código 4). Ao comunicar a descoberta de Corcovado, em abril deste ano, a BG e a Petrobras informaram que a perfuração foi feita em reservatórios do pré-sal a uma profundidade de 800 metros a uma distância de aproximadamente 130 quilômetros da costa do estado de São Paulo. A área fica um pouco fora, ou na franja, da faixa de 200 por 800 quilômetros delimitada inicialmente pela Petrobras para marcar a área do pré-sal. A estatal tem 60% do bloco BM-S-52, onde foi furado o poço, e transferiu a operação para a BG apenas na fase exploratória devido a escassez de sondas de perfuração. No Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP) da ANP, este poço recebeu o código 6-BG-6P SPS. No resultado informado ao BDEP após a perfuração da jazida mais profunda está a informação: "seco sem indícios de petróleo". No poço 6-BRSA-639-ESS (ou Baleia Franca) foi informado como resultado que o poço é "produtor subcomercial de óleo e gás". Procurada pelo Valor, a BG respondeu, por meio da assessoria, que "Corcovado 1 tem óleo e o segundo poço ainda está sendo perfurado". Também procurada, a assessoria da Petrobras informou que estava com dificuldades para responder aos questionamentos, o que ficou para hoje. Para evitar que a informação fosse divulgada pelo blog da estatal, a decisão do jornal foi encaminhar as perguntas verbalmente. --------------------------Correio Braziliense - 28/07/2009 Sarney contrata equipe para salvar imagem O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), decidiu reagir ao que considera uma campanha midiática para retirá-lo do cargo. Uma equipe de 15 jornalistas foi contratada há três semanas para fazer parte de um bunker de contrainformação. Os profissionais analisam diariamente o noticiário dos jornais, municiando os assessores de imagem de Sarney. Com base na análise dos jornalistas, o gabinete de crise do presidente do Senado elabora um “relatório de intervenção” para rebater as reportagens. Contratados inicialmente até novembro, os jornalistas do bunker trabalham todos os dias, até mesmo nos fins de semana. O pagamento pela tarefa, segundo um dos contratados, será feito em dinheiro vivo, forma encontrada para não deixar rastros diretos do vínculo com o presidente do Senado. A estrutura foi montada num shopping center do Lago Norte, a 10km da Casa que Sarney preside. O objetivo principal é vencer a guerra de informação. Para isso, os jornalistas, a maioria recém-formada, abastecem endereços eletrônicos com opiniões favoráveis ao parlamentar. Blogs de jornalistas políticos e redes sociais como Twitter e Orkut são os alvos. A orientação é publicar comentários positivos a respeito do político e questionar a isenção dos veículos de imprensa que denunciam a família Sarney. A tática é usar nomes falsos para participar do debate, de preferência comuns, como “Maria Mercedes” e “Raimundo Nonato”. No Orkut, a comunidade Guarnicê Maranhão - referência a uma das manifestações folclóricas do estado, o bumba meu boi - foi criada com esse fim. “Aqui, se encontram aqueles que amam o Maranhão”, aponta a descrição do endereço. No Twitter, a página de “guarnice_ma” elogia a biografia de Sarney e questiona as críticas feitas pelos jornais. Até o início da noite de ontem, a página contava com 61 seguidores e acompanhava outros 356 perfis. Somente na segunda-feira, foram publicados, até o começo da noite, 27 comentários, todos favoráveis ao presidente do Senado. “Jornais estão fazendo tudo o que for possível para derrubar Sarney”, dizia um dos textos. Ferramentas A orientação, segundo um jornalista contratado, é obter o maior número de seguidores para, assim, aumentar a área de influência. A equipe também rastreia, por meio de uma ferramenta da internet, todos os comentários postados no Twitter que envolvam Sarney. Sem saber do propósito real do trabalho, os profissionais foram recrutados numa seleção realizada mês passado, no Hotel Eron, próximo à Torre de TV. Quem distribuiu currículo no Senado foi sondado para as vagas. Eles tiveram que fazer uma prova de 30 questões de português, inglês e conhecimentos sobre a conjuntura política atual. Também fizeram parte do questionário perguntas sobre afinidade partidária ou visão pessoal sobre política. Os candidatos que acertaram 25 ou mais questões foram convocados para um treinamento e, só após três dias de palestras, souberam o que fariam: reverter a imagem negativa de Sarney na internet. A maioria dos jornalistas receberá R$ 1,8 mil mensais por seis horas de trabalho. No início do mês, receberam adiantado uma ajuda de custo de R$ 200 para gastos com transporte. A equipe conta ainda com coordenadores e dois advogados para consultas jurídicas. Há um monitoramento intenso da imprensa do Maranhão e do Amapá, respectivamente a base política e eleitoral do presidente do Senado. Nesses estados, quase 300 veículos de comunicação, entre rádios, televisões, jornais impressos, revistas e sites, são analisados. A expectativa é que a estrutura seja ampliada na próxima semana, quando termina o recesso - e a pressão política contra a permanência de Sarney vai aumentar. Procurada pela reportagem, a assessoria de Sarney na Presidência do Senado negou o trabalho de contrainformação. “Asseguramos que da parte da Presidência do Senado não houve contratação de jornalistas”, apontou a assessoria da imprensa do senador. Comunidades Para rebater denúncias e críticas ao presidente do Senado, o bunker de contrainformação possui uma comunidade no Orkut e um perfil no Twitter. Nos blogs de política, a tática consiste em inserir comentários se valendo de pseudônimos. Cada um dos sites possui internautas assíduos. Em um deles, por exemplo, “Cordeiro Vargas” defendeu José Sarney: “O PSDB e o DEM através de seus membros estão a (sic) 6 anos batendo insistentemente no presidente e seu governo, na maioria das vezes de maneira totalmente irresponsável, criando boatos e distorcendo fatos, aí quando o Lula resolve lembrá-los de alguns erros e distorções do desgoverno que tiveram, esbravejam e se põem a espernear dizendo que é insensatez do presidente.” ---------------------------------Folha de S.Paulo - 28/07/2009 Aliado deu emprego no STJ para neta de Sarney Antes de pedir emprego para o namorado no Senado, a neta de Sarney (PMDBAP) Maria Beatriz ocupou por dois anos cargo de confiança no gabinete da presidência do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ainda cursando direito, recebia mais de R$ 6 mil por mês. Na época, o STJ não exigia nível superior dos ocupantes de cargos por indicação política, informou ontem a assessoria do tribunal. Maria Beatriz, que teve diárias pagas por duas viagens internacionais no período -aos Estados Unidos e à Austrália- trabalhou como assessora internacional de 2004 a 2006, de acordo com a assessoria. Maria Beatriz foi nomeada pelo então presidente do STJ, Edson Vidigal. Hoje inimigo político dos Sarney, Vidigal foi nomeado pelo antigo aliado. Vidigal incluiu Maria Beatriz em homenagem a servidores com "elevado espírito público, competência, presteza e iniciativa". Em seu blog, tem feito campanha pelo afastamento de Sarney da presidência do Senado. "O Poderoso Chefão não percebe que está com prazo de validade vencido", dizia ontem. Procurado desde sexta-feira, não quis se manifestar. A Folha deixou recado no escritório onde Maria Beatriz trabalha, mas não obteve resposta -------------------------------------------------O Globo - 28/07/2009 Governo defende Sarney e desautoriza Mercadante O Palácio do Planalto desautorizou publicamente, ontem, o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), que na semana passada divulgara nota em que sugeria o afastamento do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), do cargo, por considerar graves os indícios concretos da participação dele na edição de um ato secreto para nomear o namorado da neta para um cargo no Senado. Após reunião da coordenação política com o presidente Lula, ontem de manhã, o ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), apostando num possível racha, afirmou que a nota não representa a vontade da bancada de 12 senadores, mas apenas de um ou dois petistas. O líder do PT não se manifestou. - O que avaliamos é que isso não é um movimento do PT. Imaginamos que seja um posicionamento de um ou dois senadores. Como o Senado está em recesso, muitos estão fora, estamos esperando que a poeira abaixe para conversarmos na próxima semana. Precisamos ver se houve um movimento da bancada inteira, visto que o presidente conversou com a bancada 15 dias antes disso tudo acontecer - disse Múcio. O ministro afirmou que o governo lamenta a situação vivida por Sarney, mas entende que o Senado “tem todos os pré-requisitos e todos os poderes” para resolver a crise. Sobre a hipótese de afastamento de Sarney, Múcio disse que a Casa decidirá “o que for melhor para o país”. E reafirmou o apoio do governo ao senador: - Não tenha dúvida nenhuma. Segundo relatos, Lula ficou contrariado com a divulgação da nota em pleno recesso, classificandoa de inoportuna. Para o governo, Mercadante reavivou uma polêmica com o PMDB que estava superada. Na nota, o líder defende a apuração das conversas telefônicas de Sarney - combinando com o filho Fernando a contratação do namorado da neta - e diz que a bancada do PT “reafirma a sua posição de que o melhor caminho seria o pedido de licença da presidência da Casa por parte do senador José Sarney”. Para evitar um desgaste ainda maior de Lula, ficou acertado ontem que o comando do PT tentará enquadrar a bancada e assumirá a defesa de Sarney. Com o fim do recesso, dirigentes petistas devem procurar senadores do partido para mostrar que a posição da bancada pode interferir na aliança presidencial e na governabilidade. Líder teria apoio de 7 dos 12 senadores petistas Depois que o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), criticou duramente a nota de Mercadante, ontem foi a vez do líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP): - Apoio integralmente a visão do presidente Lula, contrária ao afastamento de Sarney, que não está sendo empecilho para qualquer investigação. É preciso separar o que são as denúncias sobre as empresas da família Sarney do seu mandato de presidente do Senado. No exercício do mandato, não existe quebra de decoro. Mercadante evitou polemizar. A interlocutores disse que a nota reflete o sentimento da maioria da bancada, mas reconheceu que não houve consulta a todos. No entanto, diferentemente do que disse Múcio, a posição do líder contaria hoje com o apoio de sete dos 12 senadores da bancada. Entre os que também apoiam publicamente o afastamento de Sarney estão Tião Viana (AC), Marina Silva (AC) e Eduardo Suplicy (SP). Internamente, também mostram desconforto com a permanência de Sarney no cargo Flávio Arns (PR), Paulo Paim (RS) e Fátima Cleide (RO). Paim não foi consultado por Mercadante, semana passada, mas não discorda do colega. Ele diz que a nota anterior, que também pedia a licença de Sarney, foi discutida pela bancada. E questões como o apoio à convocação de reunião extraordinária do Conselho de Ética são “posição individual de outros”. - A posição da bancada continua sendo a da última reunião - disse Paim. De folga em um sítio no interior de São Paulo, Mercadante não atendeu aos pedidos de entrevistas. Em seu twitter, as últimas postagens são sobre livros. A assessores, disse que consultou a líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), e ela teria concordado. Serys Schlessarenko (PTMT) concordou com o teor da nota. Suplicy, que ajudou a consultar os senadores, afirmou que todos com quem conversou concordaram: - Se o ministro José Múcio conversar com a bancada, ele vai ver que não apenas um ou dois apoiam a nota, que ela representa, sim, o pensamento de todos. Eu mesmo conversei com o senador João Pedro (AM) por telefone, na Palestina, e ele concordou com o teor. -----------------------------------