Políticas públicas para a Energia: Desafios para o próximo quadriênio 31 de maio a 02 de junho de 2006 Brasília - DF AS DEMANDAS DO NOVO MODELO INSTITUCIONAL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO Leila Weitzel1 Emílio La Rovere2 Ricardo Cunha3 RESUMO A reestruturação mais recente sofrida pelo setor elétrico nacional foi o Modelo Institucional do Setor Elétrico promulgado em 2004. Os principais paradigmas incluem a modicidade tarifária, segurança de suprimento e a diversificação da matriz energética. No primeiro teste pelo qual passou o modelo ao final de 2005 verificou-se que muito há que se fazer para satisfazer os requisitos propostos. A diversificação energética por fontes alternativas e a modicidade tarifária ficaram comprometidas já para o triênio 2008-2010, já que 70% dos empreendimentos licitados foram de origem fóssil. Este artigo procura contribuir para o planejamento energético em longo prazo, em especial em como promover o aumento da participação das fontes alternativas na matriz energética no atual contexto. No caso brasileiro, os custos de muitas tecnologias novas renováveis encontram-se ainda em um patamar muito elevado. Com os resultados foi verificado que de acordo com o desempenho do progresso técnico e das mudanças estruturais foi possível determinar a alocação estratégica de usinas de combustíveis renováveis na matriz energética nacional no período de 2005-2020 através de investimentos em maturação, combinando-se curvas de custos e curvas de experiência. 2. ABSTRACT The most recent restructuring suffered by the national electric sector was the Institutional Model of the Electric Sector promulgated in 2004 – IMES. The main paradigms include the supply security, reasonable taxes and energy matrix diversification. In the first test at the end of 2005, the model was shown unable to satisfy the proposed requirements. So much the energy diversification with alternative sources as the reasonable taxes was committed already for the three-year period 2008-2010, since 70% of the auctioned enterprises were of fossil origin. This article tries to contribute for the energy planning in long period, especially in how to 1 Leila Weitzel, Universidade Federal do Pará, [email protected] Emílio La Rovere, Universidade Federal do Rio de Janeiro, [email protected] 3 Ricardo Cunha, Universidade Federal do Rio de Janeiro, [email protected] 2 1 promote the increase of the participation of alternative sources in the matrix energy in the current context. In the Brazilian case, the costs of many renewable new technologies are still in a very high landing. With these results it was verified that in agreement with the technological progress and structural changes it was possible to determine the strategic allocation of plants of renewable fuel in the national energy matrix in the period of 2005-2020 through maturation investments, combining cost curves and experience curves. 3. EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO ENERGÉTICO NACIONAL As mudanças estruturais sofridas pelos setores de infra-estrutura, principalmente aqueles organizados sob a forma de rede, objetivaram conferir a esses setores um grau maior de competição, a fim de alcançarem eficiência econômica. É nesse contexto que se inseriu a reforma da indústria de energia elétrica nas principais economias do mundo e também no Brasil. Acompanhando estas mudanças o planejamento energético nacional passou por diferentes arranjos institucionais. No período anterior à privatização (até início dos anos 90), o planejamento energético era ordenado pelo Estado e claramente setorializado através da Petrobrás e Eletrobrás. A Petrobrás sendo responsável pelo planejamento dos setores de petróleo e gás. E a Eletrobrás, pelos estudos e projetos de construção e operação das usinas, das linhas de transmissão etc, e cabia ao Ministério de Minas e Energia - MME apenas o papel de homologar as políticas energéticas adotadas. Após a implementação das reformas do setor elétrico empreendendo transformações em seu “modus operand”, o planejamento passa a ter foco indicativo, esperando-se que fosse influenciado fortemente por forças de mercado. Com a mudança no ambiente de mercado, o planejamento da expansão deveria ser precedido de estudos abrangendo diferentes horizontes, tendo como objetivo definir, em função de um ou mais cenários de crescimento da economia e da demanda, a expansão da oferta. Entretanto, foram aplicados exercícios sistemáticos, utilizando-se extrapolações e tendências verificadas nos últimos anos, o que, evidentemente, limitou a utilidade das matrizes energéticas para horizontes de longo prazo. A reestruturação mais recente foi o Modelo Institucional do Setor Elétrico - MISE representado pela Lei de nº. 10.848 de 15 de março de 2004. Através deste Marco Regulatório o Governo, como poder concedente, retoma o papel central das decisões. A formulação de políticas públicas na área de energia e a realização de estudos prospectivos de planejamento da expansão do setor energético, em particular do setor elétrico, são novamente da competência do MME. O Objetivo deste artigo é dar respaldo, em parte, aos requisitos do MISE, com relação a diversificação da Matriz Energética e a participação das fontes renováveis, de modo que a previsão dos investimentos seja metodologicamente mais consistente. 4. PARADIGMAS DO MODELO INSITUCIONAL Os elementos fundamentais do novo modelo, no contexto da política energética da atual administração do Governo Brasileiro, são: modicidade tarifária por meio da contratação eficiente de energia para os consumidores regulados; segurança de suprimento; ambientes de contratação e competição na geração; promover a inserção social no Setor Elétrico, em particular pelos programas de universalização de atendimento e a diversificação da matriz energética. A modicidade tarifária como previsto no MISE tem como objetivo garantir tarifas mais baixas, provenientes da contratação eficiente (entenda-se pelo menor custo) de energia para os consumidores regulados (Ambiente de Contratação Regulada ACR). Obtida através da obrigatoriedade dos distribuidores comprarem energia por 2 meio de um pool. O sucesso do princípio da modicidade tarifária está atrelado ao equilíbrio entre oferta e demanda. Pelo lado da demanda, tem-se que grande parte da população está ainda fora do mercado para um amplo leque de bens de consumo energo-intensivos, pela recente retomada do crescimento. Pelo lado da oferta, as escolhas tecnológicas podem influenciar na modicidade tarifária, uma vez que tarifas baixas não assentam com as tecnologias renováveis nem mesmo as baseadas em combustíveis fósseis. A segurança no suprimento está relacionada aos contratos de compra e venda de energia. Os contratos de venda de energia deverão ter garantia (lastro físico) de geração, de forma a que não existam contratos sem a capacidade física de entrega da energia. Além disso, tem-se a exigência de contratação de 100% da demanda por parte de todos os agentes de consumo (distribuidores e consumidores livres), com antecedência de três e cinco anos por meio de contratos de longo prazo. Distribuidoras serão obrigadas a comprar toda a sua energia através de contratos de licitação em leilões pelo critério do menor preço (tarifa ofertada) para novos empreendimentos. A previsão é de que ocorram leilões do tipo: A5 - leilão de energia para entrega cinco anos após o contrato. São leilões de energia de novos empreendimentos de geração. A3 - leilão de energia para entrega três anos após o contrato. Também são leilões de novos empreendimentos. A1 - leilão de energia para entrega no ano seguinte. São leilões de energia de usinas existentes. As concessões para todos os novos projetos hídricos e de linhas de transmissão virão com licenças ambientais pré-aprovadas, assim, a licença ambiental é pré-requisito para as licitações. 5. RESULTADOS OBTIDOS NA APLICAÇÃO DO MISE – O TESTE DO MODELO No primeiro leilão de energia já existente, a chamada energia “velha” (Leilão A1) realizado em dezembro de 2004, os preços ficaram abaixo do valor de referencia fixado pelo governo, porém acima do que era comercializado no mercado livre, fato este impactado pelo maior número de usinas entrando em operação entre 2001 e 2004. Este Leilão contou com a participação de usinas construídas a partir do ano de 2000 e que, portanto, ainda não foram totalmente amortizadas. Para ser entregue em 2005 foram licitados 9.054 MW à R$57,21, para entrega em 2006 foram licitados 6.782 MW à R$ 67,33 e para serem entregues em 2007 foram licitados 1.172 MW à R$75,46. Em abril de 2005, houve o segundo leilão de energia “velha” onde foram licitados 1.325 MW à R$83,13. O baixo percentual de energia contratada pode ter sido influenciado pela decisão dos geradores de aguardarem o leilão de energia nova previsto para o final do ano de 2005. O primeiro leilão de energia de novos empreendimentos (Leilão A3) ocorreu em dezembro de 2005 com a negociação de 49 empreendimentos ao valor de R$116,00 por megawatt/hora (MWh) sendo que aproximadamente 70% do total contratado é de origem térmica (Tabela 1). Praticamente toda a demanda de mercado projetada para os anos de 2008, 2009 e 2010 (médio prazo) foram atendidas com este último leilão faltando pequena parcela que poderá ser complementada nos próximos leilões. Deve-se destacar que para este leilão foram outorgadas somente sete concessões de novas usinas hidroelétricas de um total de dezessete inicialmente previstas pelo MME. Tabela 1: Resultado do Leilão nº.002/2005 Ano de Suprimento 2008 2009 2010 Energia Contratada (MWmédios) Hídrica Térmicas 71 551 46 855 891 862 Algumas usinas não participaram da licitação por motivos de atrasos no licenciamento ambiental, ou teve a licença prévia negada por inviabilidade ambiental. O ritmo lento no processo de licenciamento prévio ambiental das novas outorgas fez com que a maior parte dos empreendimentos hídricos fosse excluída 3 da licitação. Desta forma, em função do grande montante de energia térmica que foi contratada para atender a demanda prevista, o custo médio dos contratos se elevou. 6. DESCRIÇÃO DO MODELO PROPOSTO O balanço energético anual tem como objetivo avaliar as condições de atendimento à demanda máxima visando definir a alocação de manutenções em unidades geradoras, que garantam a preservação da reserva de potência operativa, a este sistema dá-se o nome de Diagrama de Duração de Carga. Esse diagrama é bastante utilizado em sistemas nos quais o peso das usinas de elevado custo de investimento, tal como as hidroelétricas e as nucleares, são preponderantes na geração elétrica. A demanda típica de eletricidade, por exemplo, varia consideravelmente durante o curso do dia e do ano.S No diagrama de duração de carga o eixo das ordenadas indica a potência que é excedida durante o tempo indicado na abscissa. O diagrama de duração da demanda pode ser dividido em três níveis que determinam, do lado da oferta, as diferentes categorias de operação. O primeiro nível denomina-se Base, o segundo Semibase ou Intermediário e o terceiro Ponta. Adota-se a hipótese aqui de que esta curva permanecerá constante, mantendo as características de uma curva obtida para o caso brasileiro. A demanda máxima (DMax) obtida segundo o Planejamento Anual de operação energética do Operador Nacional do Sistema - ONS (2006), foi de 46446 MW em 2005, tal como a apresentada na Figura 2. As usinas denominadas de base são utilizadas principalmente para cobrir a base do diagrama de cargas, uma vez que mudar o nível de produção destas usinas pode não ser uma tarefa trivial. No caso brasileiro, considera-se que elas operam 100% do tempo da demanda (exceto paradas para manutenção) atendendo cerca de 40% da capacidade, isto é, operam em regime constante. Essas usinas têm como características possuírem alto custo de capital e baixo custo de operação e manutenção.Algumas usinas são capazes de operar acompanhando a carga, variando sua produção de acordo com o nível de demanda. Tais usinas são bem adequadas para aplicações de carga intermediária (semibase) e de ponta. As usinas de semibase são utilizadas principalmente para cobrir a faixa intermediária do diagrama de cargas. Estima-se que essas usinas operam mais que 70% do tempo atendendo cerca de 20% da demanda máxima, atingindo, assim, o patamar de 60% da demanda máxima ao acrescentar a sua geração à das usinas de base. As usinas de ponta operam menos de 70% do tempo, e sua geração, acrescentada à das usinas de base e semibase, permite completar o atendimento da demanda máxima (fornecendo cerca de 40% da demanda máxima, permitindo passar de 60% para 100% atendimento da demanda). Essas usinas têm como características baixo custo de capital e alto custo de manutenção. As usinas com custo variável (manutenção e operação) baixo são, em geral, competitivas quando operam na Base do sistema de geração, durante um número elevado de horas no ano, reduzindo, assim, os custos unitários totais de forma significativa. Os exemplos de usinas de Base são as Hidroelétricas, Termoelétricas (a carvão) e as Centrais Nucleares. Usinas com baixo custo fixo (investimento) são mais econômicas como usinas de Ponta, como por exemplo, as Termoelétricas a Óleo e a Gás Natural e as Hidroelétricas Supermotorizadas. A metodologia usual de alocação econômica das usinas no diagrama de carga segue a configuração ilustrada na Figura 2. Essa metodologia adota uma lógica inflexível nas escolhas tecnológicas disponíveis, pois a dinâmica global do sistema energético não está sendo devidamente representada ao longo do tempo. De acordo com ela, são alocadas na base somente as tecnologias que têm menor custo operativo. Por essa formulação, fontes alternativas que podem se tornar competitivas no futuro poderiam ser excluídas da avaliação ou teriam de ser fixadas exogenamente no planejamento. Ora, a fixação de um 4 percentual para a geração de usinas alternativas poderia não fornecer um bom sinal para o mercado, pois os investidores poderiam superestimar o preço dessa energia. Seria muito mais eficiente se a participação destas usinas fosse determinada em função dos custos e da avaliação do progresso tecnológico. No caso da primeira fase do programa de incentivo às fontes alternativas – PROINFA, não houve critério formal apurado para determinar a capacidade ótima a ser instalada dessas fontes não convencionais (Pequenas Centrais Hidroelétricas - PCH, Biomassa e Eólica). Criado pelo âmbito do MME, pela Lei nº 10.438 de 26 de abril de 2002, o PROINFA tem como meta, na primeira etapa do processo, a instalação de 3.300 MW até o ano de 2006, e em uma segunda etapa, em 2020, estas fontes representarão 10% do consumo total de energia elétrica. O modelo de planejamento de longo prazo proposto – PELP visa avaliar as tecnologias do ponto de vista dos custos fixos e variáveis. O primeiro refere-se, sobretudo, aos investimentos. O segundo representa geralmente os custos de operação, principalmente os gastos com combustíveis. Ao longo do planejamento, os custos fixos e os variáveis (Figura 3), podem se modificar em função do progresso técnico ou em função de um cenário (contexto) macroeconômico. Hundred Figura 2: Diagrama de duração de carga para o ano de 2005, fonte: Operador Nacional do Sistema - ONS (2006). A dinâmica nos custos pode alterar desta forma a composição do diagrama, modificando a participação das tecnologias. A variação de custos fixos faria deslocar as curvas de custo para cima ou para baixo e a variação de custos variáveis faria modificar a inclinação das curvas de custo. Cost Curve (1999) $25. US$/MW $20. $15. $10. $5. Hy dro Nuclear Biomass SH Coal Gas Wind Oil 0 760 1.560 2.360 3.160 3.960 4.760 5.560 6.360 7.160 7.960 8.760 $. Time (hours) Diesel Figura 3: Curva de Custo para as tecnologias disponíveis no mercado energético nacional para o ano de 1999. No PELP, a análise dos custos variáveis segue àquela formulada por Fortunato et al. (1990), que apesar de ser uma forma bastante simplificada de 5 calcular a participação entre fontes energéticas, servirá como Proxy no modelo. Os custos variáveis são influenciados pelo tempo de operação das usinas, ou fator de capacidade. Este fator deve ser inferior a 1, porque todas as usinas necessitam de paradas obrigatórias para, por exemplo, operações de manutenção. Por isso, o custo é expresso em função do número de horas em operação e apresentam a seguinte forma usual de cálculo: CT = CF + CC x POT x FCMAX x N Equação 1 Onde: CT: custo anual total em $/ano; CF: custo anual fixo, em $/ano; CC: custo variável, em $/MWh; POT: potência instalada, em MW; FCMAX: fator de capacidade máximo contínuo, em %; N: número de horas anuais de operação. Em termos unitários, a expressão anterior pode ser escrita da seguinte forma: C = CF / (POT x FCMAX) + CC x N Equação 2 Ou então: C = CI / FCMAX + CC x N Equação 3 Onde CI = (CF / POT): custo unitário fixo, em $/MW/ano A determinação do custo de atendimento à demanda de eletricidade pode ser feita pela combinação de curvas de custos unitários de produção de energia. Quando há um ponto de interseção entre curvas de custos unitários, isto significa que uma tecnologia é mais lucrativa do que a outra até aquele ponto. A partir de então, a situação se inverte. Se as equações de custos das tecnologias são lineares tais como as apresentadas acima, torna-se fácil determinar o número de horas ótimo de operação das tecnologias . Basta igualar as equações de custos das tecnologias. O ponto de interseção das curvas (Figura 3) em função do número de horas mostra o momento de transição de tecnologia j para uma outra i. Igualando as equações de custo unitário, temos o número de horas anuais de operação da usina. N = (CIi / FCMAXi – CIj / FCMAXj) / (CCj – CCi) Equação 4 Até então as tecnologias competem livremente, não havendo nenhuma restrição de entrada em operação (a não ser o preço) e assim inviabiliza-se a, por exemplo, complementaridade entre fontes de produção de energia elétrica. Na Figura 3 tem-se as curvas de custos para ano base (1999) das tecnologias analisadas neste estudo. Sendo elas: de combustíveis fósseis (carvão, óleo combustível, diesel e gás) e renováveis (eólica, biomassa, hidroelétrica e PCH) e as nucleares. Ao se combinar curvas de custos com diagrama de carga pode-se elaborar um gráfico tal como ilustrado na Figura 4, e definir a alocação ótima de investimentos em função dos custos variáveis em função do tempo e fator de capacidade das usinas. Os custos fixos podem ser avaliados pela dinâmica do progresso técnico. A avaliação do progresso tecnológico através das curvas de experiência pode ser aplicado para verificar a trajetória destes custos, principalmente a participação das tecnologias não convencionais no diagrama de carga, bem como os investimentos necessários, ao se confrontar as curvas de custo de novas tecnologias com de tecnologias convencionais, identificando futuros pontos de equilíbrio (Martins, 2004). Quando se introduz um mecanismo que possibilite variar custos de geração, seja em função do tempo, seja em função do cenário macroeconômico, a competição entre tecnologias passa a ser dinâmica. O termo “dinâmica” refere-se às variações no custo de capital e nos preços relativos dos energéticos. 6 Figura 3: Os pontos de interseção das curvas de custo combinado com o diagrama de cargas da Figura 2 indicam as potências requeridas de cada tecnologia. Fortunato et al (1990). Nas análises é comum comparar custos de produção de energia renovável com aqueles de energias convencionais. Entretanto, as tecnologias possuem características diferentes e não são, via de regra, substitutas perfeitas. Uma energia nova renovável pode ser competitiva por algumas horas do dia, por alguns dias do ano ou em alguma região do país. Ela pode ser competitiva no futuro caso atinja uma determinada escala de produção ou um determinado nível de aprendizado. Nestes casos, a intervenção pública pode ser requerida, nos primeiros estágios da “aprendizagem” a fim de estimular a participação de outros atores, justamente quando os benefícios de longo prazo podem ser esperados, mas não são percebidos pela perspectiva de curto prazo dos investidores (Barreto, 1999). Em termos de desenvolvimento tecnológico, isto representa um mercado crescente para o amadurecimento destas tecnologias. Em teoria, a relação entre custos produção e a demanda abrem a possibilidade de uma transição para as tecnologias não carboníferas (Schrattenholzer, 2002). Neste caso, as curvas de experiência mostram como a experiência melhora o desempenho de uma atividade (Barreto, 1999). A relação mais comum descreve o custo de investimento de determinada tecnologia em função da capacidade cumulativa, a qual é empregada como uma Proxy do conhecimento acumulado. A formulação matemática para o setor elétrico pode ser expressa em um modelo log linear na forma de custo unitário (IEA, 2000): CI (C ) = a * C − b sendo ln CI (C ) = ln a − ln C a uma constante Equação 5 Equação 6 Onde: CI (C): é custo unitário fixo (R$/MW/ano para tecnologias de geração de eletricidade) que é uma função da capacidade acumulada; a : é um custo inicial que é uma constante (R$/MW); b: é a Taxa de Aprendizagem ou elasticidade da aprendizagem, que irá variar no intervalo 0 ≤ b ≤ 1; C : é a capacidade instalada acumulada (MW). A capacidade acumulada em determinado período corresponde ao somatório dos investimentos (em unidades físicas) em um intervalo de tempo. CI = CI 0 + T ∑ INVi Equação 7 i =0 A taxa de aprendizagem b define a eficácia com que o processo de aprendizagem ocorre. A Taxa de Progresso TP (TP = 1 - b) é a margem percentual que faz com que o custo diminua em determinado período. Por exemplo, uma TP de 0,8 (80%) é igual a uma Taxa de Progresso de 0,2 (2%), logo altas taxas de aprendizado significam mais rápido o declínio da curva de custo. Na Tabela 2 tem-se 7 os valores de Taxa de aprendizado encontrados em diferentes estudos realizados em diversas tecnologias. Tabela 2: Exemplo de Taxa de Aprendizado para diversas fontes Electricity from biomass (80-95) Ethanol (85-02) Wind Power (82-97) Natural Gás Combine Cycle PV modules (76-96) EU = 84% Brazil = 71% Denmark = 94% Europe = 74% EU – Atlas = 84% Massini (2002) Goldemberg (2002) Neij (1999) Claeson (1999) Nitsch (1980) Embora simplificado, a definição das taxas de aprendizagem usando capacidade acumulada e custos de capital como estratégia, podem ajudar a determinar escalas plausíveis das características de aprendizado das tecnologias alternativas ou o comportamento futuro das já existentes (Buonanno, 2000). Esta técnica traz uma abordagem nova e importante para a política de energia no que diz respeito à necessidade da experiência contínua a fim estimular o desenvolvimento das tecnologias não convencionais (Schrattenholzer, 2002). Por mais importante que seja, a modelagem do progresso tecnológico, através das curvas de experiência, ainda não foi representada adequadamente nos estudos nacionais, ressalta-se apenas o trabalho de Goldemberg (1996) para o energético biomassa (em especial o álcool). Através desta metodologia pode-se calcular o custo de maturação de determinada tecnologia. O custo de maturação (ou investimento em aprendizagem) fornece uma estimativa da quantidade de recursos que deve ser aplicada a fim de tornar uma tecnologia competitiva - processo evolutivo - no mercado futuro (Schrattenholzer, 2001). E com o passar do tempo, este processo torna-se mais lento até evoluir para uma fase de estabilização, onde não se pode mais diminuir os custos. A estabilização é devida em parte às restrições impostas pelo próprio potencial energético. No caso do setor elétrico as restrições na evolução da capacidade instalada das tecnologias determinam que este crescimento não é ilimitado seguem uma função do tipo degrau. Com esta metodologia pretende-se verificar a dinâmica da competição por investimentos de maturação. 7. COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS Do ONS (2006) foram obtidas as seguintes informações: A evolução da carga do sistema com uma taxa de crescimento do mercado de 5,3% no Cenário de Referência. Logo a projeção de carga do sistema é de 73195 MWmed no ano de 2015 e de 76510 MWmed para 2020. E A capacidade instalada das usinas hidros (incluindo a usina de Itaipu) compreendendo o intervalo de 1999-2005 em MW. Do Plano Decenal de Expansão do ano de 1998 (Eletrobrás, 2005) foram extraídos os dados relativos ao custo de capital (em R$/MW) convertidos em dólares de 1999 anualizado a uma taxa de juros de 15% e o prazo de amortização coincide com a vida útil da tecnologia hidroelétrica, neste caso no valor de 40 anos. Do Plano Decenal 2003-2012 (MME, 2002) obteve-se o cenário de oferta. Utilizou-se o Cenário de Referência sendo a projeção da expansão das fontes alternativas inspiradas no PROINFA. Para a primeira e segunda fase com apenas 15 % do previsto, ver Tabela 3. Tabela 3: Evolução da Capacidade Instalada em MW para o período 2005-2020 Tecnologia PCH Biomassa Eólica 2005 859 3251 22 2015 1959 4351 1122 2020 4175 6675 3338 Para as fontes alternativas foram utilizados os seguintes parâmetros: 1. Eólica: CI igual a 281 US$/MW, Schaeffer (2001) ano valor anualizado pela taxa de juros de 15% cujo prazo de amortização é a própria vida útil da usina, neste caso 20 anos. A capacidade instalada inicial é de 22 MW (ANEEL, 2005) e a acumulada é de acordo com os cenários previstos. E TP = 94% (Neij, 1999 apud Schrattenholzer, 2001); 2. PCH: CI igual a 233 US$/MW, Schaeffer (2001) ano valor anualizado pela 8 taxa de juros de 15% cujo prazo de amortização é a própria vida útil da usina, neste caso 20 anos. A capacidade instalada inicial é de 859 MW (ANEEL, 2005) e a acumulada é de acordo com os cenários previstos. E TP = 78% igual à hidros; 3. Biomassa: CI igual a 168 US$/MW, Schaeffer (2001) ano valor anualizado pela taxa de juros de 15% cujo prazo de amortização é a própria vida útil da usina, neste caso 20 anos. A capacidade instalada inicial é de 3.251 MW (ANEEL, 2005) e a acumulada é de acordo com os cenários previstos. E TP = 84% (Massini, 2002 apud Schrattenholzer, 2001). 8. RESULTADOS O valor encontrado de b para as usinas hidroelétricas compreendendo o intervalo 1999-2005 foi de 0,3585 o que gera uma TP de aproximadamente 78%. Na Tabela 3 pode-se verificar os resultados obtidos para as Hidros, nota-se que a partir do ano de 2005 o custo de investimento entre em uma fase de estabilização. O custo unitário médio que será utilizado como ponto de break-even será o custo médio de U$ 116 MW para o ano de 2020. Aplicando-se a Equação 5, projetou-se os valores de CI(C) para as três tecnologias alternativas. Na Tabela 4 tem-se os custos unitários calculados para o período 2015-2020. Tabela 3: Custos Unitários das Usinas Hidroelétricas no intervalo 1999-2020 Capacidade instalada (MW) 58078 71074 92737 103568 Ano 1999 2005 2015 2020 Custo Unitário Fixo (US$ MW/ano) 171 126 119 116 Experience Curve - Hydro 134 2 R = 0.93 132 US$/KW 130 128 126 124 122 1999 2002 2005 2008 2011 2014 2017 2020 Time (Years) Figura 5: Resultados da regressão para as usinas hidroelétrica Tabela 4: Valores encontrados dos Custos Unitários após investimentos em aprendizado Ano 2015 2020 Custo Unitário Fixo (US$ MW/ano) PCH Biomassa Eólica 171 156 198 128 140 179 Na Figura 6 e 7 tem-se os gráficos das curvas de experiência das tecnologias novas em comparação com as Hidros, no Cenário de Referência. A partir do ano de 2008, o custo das PCH tornam-se competitivos em relação ao custo das hidros e atinge o ponto de break even em 2018. O energético biomassa entra na fase de estabilização em 2014 sem, entretanto tornar-se competitivo em relação às hidros. Já as usinas eólicas têm queda significativa nos custos no primeiro intervalo e entram em fase de estabilização em 2018, sem, portanto alcançar o ponto de break-even estipulado. A partir da Equação 4, construiu-se o Gráfico ilustrado na 9 Figura 8 e 9. Utilizou-se o valor de CI(C) encontrado para as tecnologias: eólica, Biomassa, PCH. Experience Curves - Renewable Source 2005-2015 $300 US$/MW $240 $180 $120 2 R (Wind) = 0.9876 2 R (SmallHydro) = 0.975 $60 2 R (Biomass) = 0.980 Hy dro Wind Biomass 2015 2013 2011 2009 2007 2005 $0 Time (Year) SmallHy dro Figura 6: Curva de Experiência para as tecnologias renováveis no mercado energético nacional para o período 2005-2015. Experience Curves - Renewable Source 2015-2020 $240 US$/MW $180 $120 R 2 (Wind)= 0.9754 R 2 (SmallHydro)= 0.9401 $60 R 2 (Biomass)= 0.9251 Wind Biomass 2020 2019 2018 2017 2016 2015 $0 SmallHy dro Time (Year) Hy dro Figura 7: Curva de Experiência para as tecnologias renováveis no mercado energético nacional para o período 2015-2020 Hundred Cost Curve (2015) $25 $20 US$/MW $15 $10 $5 0 760 1.560 2.360 3.160 3.960 4.760 5.560 6.360 7.160 7.960 8.760 $ Time (hours) Hy dro Nuclear Biomass SH Coal Gas Wind Oil Diesel Figura 8: Quadro comparativo das Curvas de Custo após investimentos em aprendizado para o intervalo 2005-2015, em função do tempo de operação. Ao se comparar a Figura 4 (custos para ano 1999) com as Figuras 8 e 9 percebe-se uma mudança significativa na inclinação das curvas de custo da fonte 10 eólica, onde passa a competir com as usinas à óleo combustível no intervalo de zero à 3.160 horas. As usinas à biomassa que operavam no intervalo de 1.560 horas dilatam este intervalo para 3.960 horas em função do desempenho dos custos e do número de horas em operação, competindo com as usinas a carvão e nuclear. As PCH entram em competição direta com as hidros em todo intervalo de tempo. Para que este cenário se viabilize (mostrados na Figura 8 e 9) serão necessários investimentos em maturação ou investimentos exógenos. Como dito anteriormente, um conceito importante associado às curvas de experiência é o custo de maturação de um projeto. Hundred Cost Curve (2020) $25 $20 US$/MW $15 $10 $5 0 760 1.560 2.360 3.160 3.960 4.760 5.560 6.360 7.160 7.960 8.760 $ Time (hours) Hy dro Nuclear Biomass SH Coal Gas Wind Oil Diesel Figura 9: Quadro comparativo das Curvas de Custo após investimentos em aprendizado para o intervalo 2015-2020, em função do tempo de operação. O custo de maturação de determinada tecnologia corresponde aos investimentos acumulados necessários para alcançar o ponto “break-even”. Neste caso, os benefícios em longo prazo podem ser esperados, mas não são percebidos pela perspectiva de curto prazo dos investidores. Assim, pode-se projetar mecanismos para promover a penetração de tecnologias novas no mercado. O custo total referente aos investimentos exógenos que determinam a potência ofertada das usinas com tecnologia renovável pode ser dado pela Equação 8. CTT = C ∫0 CI T (C ) * dC = a * CT1 − b 1−b Equação 8 O custo total acumulado (CT) é expresso como a integral dos custos no intervalo de tempo estudado; representa a área sob as curvas de experiência de cada tecnologia na Figura 7 e 8. Na Tabela 5 tem-se os valores encontrados do total dos investimentos exógenos das tecnologias renováveis até o ano de 2020. Tabela 5: Total dos investimentos em maturação das fontes alternativas. Tecnologia Eólica Biomassa PCH Investimento (US$/MW) 2.561.138 891.033 330.326 Com os valores dos investimentos calculados, pode-se elaborar a composição do diagrama de carga acompanhando a dinâmica dos custos no tempo. Da mesma forma que o anterior, o diagrama possuirá três blocos (base, semibase e ponta). A base será composta dois sub-blocos, o primeiro composto pela usinas hidros e o segundo por usinas ditas estratégicas ou prioritárias (“Must-run”) composto por usinas nucleares, PCH, biomassa e eólica cuja participação independe de qualquer variável, apenas dos investimentos conforme Tabela 5. A produção de energia pode ser determinada pela equação abaixo: 11 E f = E1 + E 2 + ... + E n Equação 9 Onde: Ef é a eletricidade total produzida n são as diferentes fontes de geração disponíveis para o caso brasileiro A participação de cada fonte é uma função da potência demandada e da duração de funcionamento por ano em horas: Wf = Ef Equação 10 Df Onde: W é a potência demandada anual; E é o volume de eletricidade; produzida/ano a partir da capacidade instalada anual sendo reajustada ao final de cada período; D é a duração de funcionamento anual conforme as curvas de custos vão sendo calculadas em cada ano. A potência demandada (Equação 11) na base é o somatório das potências das hidros de base e das usinas prioritárias (fontes alternativas) e segue um percentual de 40% da potência total demandada (Wf), conforme Equação 12. Equação 11 Wbase = Whydro −base + Wmr Wbase = f base * W f Equação 12 Onde: fbase = 40% Logo, a produção de base que é atendido pelas hidros (Whydro-base) pode ser calculada pela diferença entre a potência demandada na base (Wbase), a potência das prioritárias (Wmr). A potência das fontes prioritárias será dada de forma exógena ao sistema a partir dos investimentos em maturação (ilustrados na Tabela 5) de cada tecnologia feitas as devidas correções para a capacidade instalada e com base no fator de capacidade, pelo viés dos custos unitários. Wmr = E mr Dmr Equação 13 Assim, o somatório dos investimentos obtidos pela Equação 8, transformados em unidades físicas para cada tecnologia, fornecerá a parcela de base prioritária para o intervalo do planejamento analisado no montante de 4.214 MW (em 2015) e 6.565 MW (em 2020) incluindo a parcela das nucleares, o restante será atendido pelas hidros em 25.064 MW (em 2015) e 24.039 MW (em 2020), Figura 10 e 11. A potência demandada na semibase e ponta poderão ser modeladas também pelas curvas de custos de acordo com a Equação 1 competindo conforme mudanças estruturais na economia. Neste ponto não existe a preocupação na alocação econômica das usinas neste bloco do diagrama, pois está fora do escopo deste estudo. Figura 10: Diagrama de Carga de acordo com a metodologia proposta para 2015 12 Figura 11: Diagrama de Carga de acordo com a metodologia proposta para 2020 9. CONCLUSÃO Os resultados encontrados mostraram o comportamento dos custos futuros das tecnologias renováveis em comparação às fósseis no intervalo 2005-2020. De acordo com o modelo proposto, o nível de participação no mercado de uma tecnologia promissora de produção de energia depende dos custos fixos e variáveis. Para o caso brasileiro, onde os custos de muitas tecnologias novas renováveis encontram-se em um patamar ainda muito elevado; a combinação de curvas de custos e curvas de experiência permitiu determinar a alocação estratégica das usinas por fontes alternativas de acordo com o desempenho do progresso técnico e das mudanças estruturais através de investimentos em maturação. Ressalta-se que o PROINFA ao estabelecer metas de potência instalada de fontes alternativas não utilizou uma metodologia formal. Se observarmos os resultados obtidos pode-se verificar que a parcela prioritária conforme estabelecida pelo PROINFA é tratada em um cenário muito otimista mesmo para o ano de 2020. Levando-se em consideração todas as premissas adotadas dentro de um cenário de referência aqui empregado, onde, para efeitos de simulação, congelou-se a evolução das curvas de custos e curvas de experiência das tecnologias fósseis; ainda assim a participação das fontes alternativas em 2020 não chega a totalizar 8,5% da carga, logo não perfaz o percentual pré-estabelecido pelo Programa. Como visto anteriormente, a característica fundamental do sistema brasileiro, que o diferencia de outros países é sua capacidade de geração instalada de base hidráulica. Espera-se que essa característica deve ainda permanecer, dentro de um horizonte previsível, em razão da competitividade econômica da geração hidrelétrica, a despeito do incremento que possa ter a geração de eletricidade a partir de outros energéticos. Entretanto, contradizendo essa expectativa, no último leilão de energia, 70% dos empreendimentos licitados, para serem entregues no triênio 2008-2010, foram de origem fóssil, devido em parte aos atrasos no licenciamento ambiental dos projetos hídricos. Além disso, apenas três empreendimentos foram em PCH e sete em Biomassa de um total de 49 empreendimentos licitados que irão cobrir 100% da demanda no triênio. Do mencionado acima pode-se retirar algumas considerações positivas do Leilão A3 realizado em dezembro de 2005. A preocupação em favor da segurança do suprimento (atendimento da demanda); e a aplicação de investimentos no setor energético até então estagnado, sendo a maior parte realizado pelas próprias estatais. Entretanto, devido impedimentos aquém ao planejamento, nomeadamente impedimentos ambientais, viu-se configurar uma matriz energética, para o médio prazo, com uma parcela adicional restrita em combustíveis fósseis (óleo diesel, carvão e gás natural). Na falta de oferta de hídricas, as térmicas tiveram maior espaço no leilão. Do ponto de vista do consumidor, o preço mais alto nas licitações afeta a modicidade tarifária quando existe maior participação de térmicas fósseis, além do que compromete a diversificação de origem renovável da matriz energética. 13 Do ponto de vista ambiental é prejudicial para a política ambiental defendida pelo País nos debates sobre tecnologias ambientalmente sustentáveis. Se o MISE tem como propostas a maior participação na matriz energética das fontes renováveis dentro do escopo do desenvolvimento sustentável, das questões ambientais e do desígnio econômico proporcionando o desenvolvimento regional (geração de empregos, aumento da renda e acesso à energia). O teste pelo qual passou no leilão de energia nova evidenciou a necessidade de aprimorar o tratamento de alguns destes paradigmas, deixando claro que o MISE ainda não se aperfeiçoou no tratamento dado às fontes alternativas. 10. 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