Juntos lutamos contra a desigualdade! Salários baixos um atestado de pobreza para a Suíça 2 Adam Rogalewski secretário de migração para sócios polacos Portugal e Suíça 3 Manifestação e semana de acções 4 Nr. 6 | Outubro 2012 | português Sai como suplemento do jornal «work» | Redacção T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch Construção civil Não ao dumping salarial – responsabilidade solidária já! Editorial Estimadas leitoras, estimados leitores Contra o dumping salarial é necessária uma . . . Os trabalhadores da construção exigem uma responsabilidade solidária vinculativa. O Unia lançou em finais de Agosto uma recolha de assinaturas nas obras – para evitar o dumping salarial e para proteger as condições de trabalho. Isto é necessário porque a pressão sobre os salários suíços tem aumentado brutalmente. Os trabalhadores da construção estão fartos. Com uma acção de protesto contra o dumping salarial levado a cabo pelas subempreiteiras numa das maiores obras na Suíça – a Feira de Basileia –, o Unia lançou em fins de Agosto uma recolha de assinaturas nas obras da Suíça. Desta forma, os tra balhadores e as trabalhadoras de um ramo caracterizado por trabalho duro querem mostrar aos e às parlamenta res que o dumping salarial praticado por muitos submpreiteiros representa um perigo para todos os trabalhadores e todas as trabalhadoras na Suíça. A exigência é clara: é necessária uma res ponsabilidade solidária vinculativa. Aumentaram muito as pressões sobre os salários suíços Nas obras da Feira de Basileia o Unia encontrou em Agosto numerosos sub empreiteiros que não pagavam nem salários nem ajudas de custos cor rectos. A pressão sobre o mercado de trabalho suíço vinda do estrangeiro aumentou muito porque grande par te da Europa está mergulhada numa grande crise, enquanto que na Suíça a construção continua a prosperar. Cada vez há mais empresas estrangei ras dispostas a trabalhar por salários de dumping. Assim, todos os salários ficam sob pressão. Longa lista de casos extremos de dumping salarial E pior ainda: hoje as empresas que concedem subempreitadas a condi ções de dumping são recompensadas. Podem fazer preços mais baixos e não correm quaisquer riscos. Quando uma inspecção revela condições de traba lho ilegais, lavam daí as mãos, dizen do que nada têm a ver com o assunto. Isto é válido para a construção, mas mais ainda para as actividades afins. A lista de casos de dumping salarial é longa, o Unia colocou uma lista na internet. Partidos de direita sem garras Além disso, a decisão de fins de Agosto da comissão de economia e tributação do Conselho de Estados foi uma desilusão. Os membros dos partidos de direita, em maioria na comissão, recusaram a responsabi lidade solidária e optaram por uma solução que nada resolve. De acor do com esta medida, o contratador tem de se assegurar por escrito que os subempreiteiros respeitam as con dições mínimas de trabalho. Desta forma, os empreiteiros não podem ser responsabilizados caso o subem preiteiro pague ilegalmente salários de dumping. E se uma subempreitada é entregue a outro subempreiteiro, o primeiro contratador fica, de acordo com a vontade da comissão, livre de quaisquer responsabilidades. Os par tidos da direita apoiam, assim, direc tamente o dumping salarial e põem a livre circulação de pessoas em causa. Assinemos por uma responsabiliade soclidária! Depois desta incompreensível deci são, é ainda mais importante lutar mos por uma responsabilidade so lidária que possa evitar o dumping salarial e proteger as condições de trabalho! O Unia está a recolher assi naturas em todas as obras da Suíça. Na acção na Feira de Basileia praticamen te todos os trabalhadores assinaram a petição. Assine também! Dirija-se ao seu secretariado Unia para mais informações. / Aurora García . . . responsabilidade solidária vinculativa. Quase 2 milhões de habitantes da Suíça, ou seja 25 % da população, são de origem estrangeira. Uma grande parte destes são migrantes sem passaporte suíço, mas que aqui nasceram, cresceram e foram socializados. Apesar disso, o tema migração e integração há anos que domina o discurso público: muitas vezes os migrantes ou grupos de migrantes – até aqueles que já há muito tempo se naturalizaram – servem de campo de batalha para as diferentes forças políticas do país. Mas o que é com frequência esquecido neste debate é toda a contribuição para o bem-estar do país que os migrantes deram e continuam a dar. A campanha do Unia «Sem nós não há Suíça» mostra este facto com clareza (www.ohneuns-keine.ch). Nos últimos anos tem-se vindo a falar de integração como um processo mútuo, uma tarefa que diz respeito a toda a sociedade. Ela só pode funcionar se os suíços e os estrangeiros se interessarem e empenharem em participar no processo. Este tema está repleto de preconceitos mútuos. São necessários órgãos e estruturas onde a participação seja possível e as necessidades e possíveis soluções possam ser discutidas e levadas a quem tem o poder de decisão. O modelo participativo do sindicato Unia pode servir de exemplo, juntamente com os projectos de cidadania da Comissão Federal para a Migração, para uma melhor participação e consequente integração dos migrantes. Com o português Fernando Ferreira damos neste número do Horizonte um exemplo de participação na vida politica a nível local, que, no entanto, só é possível em alguns cantões. Osman Osmani Secretário sindical pela migração horizonte Notícias breves Salários de cabeleireiras, vendedoras, padeiros... União dos Sindicatos Suíços: exigidos aumentos salariais Cerca de 400 000 trabalhadores não ganham o suficiente para viver na Suíça. Não se trata só de ajudantes ou trabalhadores não especializados. Um terço destas pessoas tem uma formação profissional. Por ocasião da conferência de imprensa da União de Sindicatos Suíços (USS), o Unia exigiu para a maioria dos ramos um aumento salarial geral de 100 francos e uma subida correspondente dos salários mínimos. Além disso, continua a haver uma grande necessidade de recuperação dos salários das mulheres. Nas vendas, por exemplo, as mulheres continuam a ganhar 18 % menos dos que os homens. O Unia exige que a igualdade salarial garantida por lei seja efectivamente realizada. São necessários salários mínimos obrigatórios e aumentos especiais para as mulheres. Tornos: Manifestaçção contra despedimentos Ao fim da tarde de 17 de Setembro, mais de 500 pessoas participaram em Moutier (Jura) numa manifestação por uma política industrial forte. A manifestação é uma reacção directa ao anúncio feito pelo produtor de tornos mecânicos, no dia 7 de Setembro, de que iriam despedir 225 trabalhadores. A manifestação mostra que a população do Jura não está disposta a continuar a pagar pela elevada taxa cambial do franco e a aceitar a desmontagem completa da indústria da região. Ramos afins da construção: exigidos aumentos salariais Na conferência do ramo de 1 de Setembro, os delegados dos ramos afins da construção exigiram para o próximo ano mais 100 francos no salário mínimo e pelo menos 1 % de aumento salarial para todos os trabalhadores. Isto porque os ramos afins da construção vão de vento em popa e os salários são consideravelmente mais baixos do que no ramo principal da construção. Além disso, os delegados exigem a introdução de uma responsabilidade solidária como protecção contra o dumping salarial. 2 Nr. 6 | Outubro 2012 | português Um atestado de pobreza para a Suíça 2900 francos por mês é quanto uma cabeleireira ganha no cabeleireiro de uma cadeia em Berna. 3938.23 fran cos ganha uma livreira – com uma formação profissional de 3 anos e 15 anos de experiência. Um escândalo num país rico «Salários dos quais quase não se pode viver são um escândalo num país rico como a Suíça», afirma Daniel Lampart, economista da União de Sindicatos Suíços (USS). Mas a verda de é que cerca de 12 % dos trabalha dores ganham menos do que 3986 francos ao mês. Este é o valor que o Departamento Federal de Estatística define como marcando a fronteira para salários baixos. Estes salários mal dão para viver. E há cada vez mais pessoas com uma for mação profissional completa que não recebem mais. Até aqui considerava -se que, quem tem uma formação profissional, deve ganhar o suficiente para poder sustentar uma família. Para Daniel Lampart, esta condição não se verifica: «A Suíça tem aqui um problema. Como é que um sis tema de formação profissional pode funcionar, se os trabalhadores não ganham o suficiente depois da sua formação?». Salários baixos: um problema feminino? As mulheres são as mais atingidas por salários baixos. Não existem números exactos. Mas em geral pode dizer-se que há duas vezes mais mulheres com salários baixos do que homens: 19,1 % das empregadas ganham me nos do que 4000 francos ao mês. No caso dos homens são «só» 6,9 %. Segundo o Departamento Federal de Estatística, no ano de 2009, cada sé tima pessoa na Suíça encontrava-se em risco de pobreza. O risco é maior para membros de famílias monopa rentais, estrangeiros e pessoas com baixa formação escolar. O número dos «working poor», isto é daqueles que, apesar de trabalharem a tempo inteiro, são pobres, aumentou para 150 000. E os salários mais baixos diminuíram ainda mais entre 2002 e 2010, ao contrário dos salários mais elevados que subiram cerca de 8 %. Os salários são mais baixos nos ramos tradicionalmente «femininos». Iniciativa pelo salário mínimo Por isso a iniciativa pelo salário míni mo, que foi entregue no início deste ano, é tão importante. Ela exige que quem trabalha a tempo inteiro ganhe pelo menos 4000 francos ao mês ou 22 francos à hora. O Conselho Fede ral considerou que a parceria social funciona «perfeitamente», apesar dos salários baixos e recusou a iniciativa. Nem sequer se deu ao trabalho de preparar uma contraproposta. Os ci dadãos do país terão dentro em breve a oportunidade de dar uma resposta condigna nas urnas, quando a inicia tiva for a votação. / Oliver Fahrni, work Congresso do PS da Suíça Política de migração em foco De 8 a 9 Setembro 2012 teve lugar o congresso do Partido Socialista em Lugano. Os delegados discutiram sobretudo sobre a sua posição relativamente à política de migração, acabando por aprovar um controverso documento de posicionamento. Por outro lado, os delegados aprovaram para a migração uma estrutura que represente os seus interesses dentro do partido. Para a migração não foi um congres so muito feliz. Foi positivo que os delegados tivessem aprovado a cria ção de um grupo Migração PS, com as mesmas competências e deveres estatutários que os Jovens (JUSO) e o grupo Mulheres PS. Assim, os migrantes do PS podem defender os seus interesses quer dentro do parti do quer para fora. Negativo foi que a maioria dos delegados tenha apro vado um documento de posiciona mento que lembra mais políticas de direita do que de esquerda. as deportações forçadas de requeren tes de asilo, cujos pedidos tenham sido recusados. Mas tiveram menos sucesso no que toca a repatriações de estrangeiros criminosos, não con seguindo aí obter uma recusa das mesmas. Feitas algumas correcções O problema não é a migração Sobretudo no que toca à ajuda de emergência para requerentes de asi lo, os delegados conseguiram fazer algumas correcções no documento. No respeitante a medidas de acom panhamento da livre circulação de pessoas, os delegados confirmaram o curso do partido. Os Jovens Socialistas, que mais veementemente se posicionaram contra o documento, conseguiram convencer os colegas do partido a tomar uma posição coerente contra Também o Unia está a preparar, para apresentar ao congresso de 2012, um documento de posicionamento sobre a migração. Neste, a migração não é vista como um problema mas como um desafio que exige algumas medidas específicas. O Unia toma posição sobre os temas formação, medidas de acompanhamento da li vre circulação de pessoas, habitação e planeamento do espaço. Algumas exigências do Unia Importante é alargar a oferta de cursos de língua para quem esteja empregado, bem como um processo simplificado de reconhecimento de diplomas estrangeiros. No que toma à falta de mão-de-obra especializada, o Unia exige que se acabe na escola com a selecção precoce para a entrada no liceu, que atinge sobretudo crian ças migrantes oriundas de famílias com uma baixa formação escolar. Também é necessário que haja sufi cientes postos de aprendizagem. O Unia defende a livre circulação de pessoas regulada por medidas de acompanhamento que sejam efica zes. Ela é a base para um mercado de trabalho não discriminatório e para a luta por salários justos e condições de trabalho seguras. / Osman Osmani Em Berna teve lugar em fins de Agosto a primeira conferência profissional do Unia dos trabalhadores da assistência privada não médica. Cerca de 400 empregados, que trabalham em casas particulares cuidando sobretudo de pessoas idosas, defenderam na conferência uma melhoria das suas condições de trabalho e, como consequência, também da qualidade da assistência. Os delegados defenderam a assinatura de um contrato colectivo de trabalho para o ramo. Foto: Skender Hajdari, www.tung.ch Assistência privada: por melhores condições de trabalho num ramo em expansão Congresso do Partido Socialista em Lugano horizonte 3 Nr. 6 | Outubro 2012 | português Segurança no trabalho, carta de segurança «Visão 250 vidas» 8 regras vitais para a construção: Todos os anos, cada quinto trabalhador da construção, cada quarto montador de andaimes e cada terceiro trabalhador florestal tem um acidente de trabalho, são 250 000 pessoas no total. A campanha «250 vidas» pretende mudar isto. 1. Fixamos barreiras de segurança a partir de uma altura de 2 m. 2. Protegemos, imediatamente, as aberturas no chão. Evitar acidentes é um dos temas centrais na construção. Num inqué rito do sindicato Unia, 1466 traba lhadores da construção declararam estar «por vezes» em situações de perigo de acidente, 10 % responde ram mesmo estar nestas situações «muitas vezes» ou «sempre». 3. Operamos as gruas correctamente e prendemos as cargas com segurança. 4. Montamos andaimes a partir de uma altura de queda de 3 m. Evitar acidentes «Visão 250 vidas» é a resposta ao ele vado número de acidentes de traba lho graves. O seu objectivo é evitar, no prazo de 10 anos, 250 acidentes mortais e outros tantos que tenham como consequência uma invalidez grave. Para isso, é necessário reduzir em metade o número de acidentes graves. O objectivo é que, se possí vel, todos os trabalhadores voltem com saúde para casa. 5. Controlamos os andaimes diariamente. 6. Construímos acessos seguros para todos os locais de trabalho. 7. Usamos o equipamento de protecção pessoal. 8. Escoramos as covas e as escavações a partir de uma profundidade de 1,5 m. Parar em caso de perigo ou risco! O fundamental é que os trabalhado res reconheçam o risco e tenham o direito de dizer «PARAR!». Depois de reconhecer o perigo, o traba lhador deve parar o trabalho ime diatamente e resolver a situação de perigo. Só depois é que o trabalho pode continuar. Carta de segurança nas obras Há um ano que a carta de segurança está em muitas obras. Com ela, as associações patronais, os técnicos e os sindicatos comprometem-se a cumprir as regras vitais no lo cal de trabalho. Está planeado um alargamento da carta para outros sectores e ramos de alto risco, como a indústria. Em caso de perigo, pare os trabalhos. Faça-o também por amor à sua família. Regras vitais Para todos os ramos foram criados folhetos com as oito regras vitais. Até agora estes existem para a cons trução, pintores e estucadores, para as construções em madeira, os tra balhos nos telhados e fachadas, tra balhos com o cabo de segurança, na reparação de máquinas, bem como trabalhos florestais. Para mais infor mações, consulte a página internet da Suva: www.suva.ch. / Aurora García Carta de segurança da construção. Controlamos os andaimes diariamente. Entrevista Contra dumping salarial e exploração dos trabalhadores A migração do Unia tem mais um trabalhador: Adam Rogalewski, 30 anos de idade, vai trabalhar um ano no Unia para organizar os trabalhadores polacos. Falámos com ele sobre o seu trabalho, os sindicatos na Grã-Bretanha e os trabalhadores polacos. Conta-nos um pouco sobre ti. Venho de Bialystok no noroeste da Polónia e estudei Direito em Cracóvia. Fui há quatro anos para Londres, onde trabalhei como secretário sindical no maior sindicato inglês, Unison. Aí criei uma rede de sócios activistas polacos e fo mentei a cooperação com associações polacas. Além disso, estou a fazer o doutoramento em contrá-las, ver quais são os seus problemas. Depois tentarei criar uma rede de pessoas de confiança. Quero também mostrar tudo o que o Unia oferece aos sócios: formação profissio nal, cursos de língua… E tentarei contactar as associações e colaborar com estas. Sociologia sobre migração e trabalho sindical. A oportunidade de trabalhar no Unia e co nhecer outros sindicatos por dentro é muito importante para a minha formação. Que diferenças notas no trabalho sindical entre a Suíça e a Grã-Bretanha? Primeiro, as diferenças de números: o Unia tem 1000 trabalhadores para 200 000 sócios, o Unison tem, com o mesmo número de trabalhadores, 1 400 000 sócios. Embora dos trabalhadores do Unia só 500 se ocupem do movimento sindical, as relações são comple tamente diferentes. Mas a influência dos sin dicatos na Grã-Bretanha é bastante reduzida. Aqui na Suíça, os sindicatos têm, graças aos contratos colectivos de trabalho, uma melhor Adam Rogalewski posição – na Grã-Bretanha não existem CCTs e é mais difícil lutar pelos direitos dos traba lhadores. O que vais fazer no Unia? Mais ou menos o mesmo que na Inglater ra: descobrir onde as pessoas trabalham, en Quais são, na tua opinião, os maiores problemas dos trabalhadores polacos? Exploração, sobretudo dumping salarial. Que ro informar bem os trabalhadores sobre os seus direitos. A exploração dos trabalhadores tem de acabar! Por isso quero lutar com os traba lhadores por melhores condições de trabalho. / Aurora García horizonte 4 Nr. 6 | Outubro 2012 | português A revolta dos portugueses Pergunte, que nós Contra a desigual distribuição respondemos da austeridade Cerca de um milhão de portugueses manifestaram-se no sábado, 15 de Setembro, contra as medidas de austeridade da troika e do governo. O que levou os portugueses, até então resignados com as medidas de austeridade impostas, a sair à rua em número tão impressionante? Uma taxa de desemprego de 15,7 %, os aumentos dos impostos, a suspen são do 13° mês e do subsídio de férias a funcionários públicos, enfim, todas as medidas de austeridade, têm vindo a sufocar as famílias e a vida económi ca portuguesa. Tirar dos trabalhadores para dar aos empregadores Apesar disso, os portugueses pareciam resignados à austeridade, talvez na es perança que, assim, ela passasse mais depressa. Isso era repetido sem cessar pelo governo e pela UE: com o acordo dos portugueses, o governo podia levantar adiante as reformas impostas pela troika e a economia recuperaria. Manifestação de 15 de Setembro. A população disse: «BASTA de austeridade». Mas a 7 de Setembro, quando o Pri meiro-Ministro anunciou que a con tribuição social aumentaria em 7 % para os trabalhadores (quase um mês de salário por ano) e seria reduzida em 5.75 % para os empregadores, confir maram-se todas as suspeitas sobre o sentido desta austeridade: transferir os rendimentos do trabalho para o capital. Politica dominante na Europa A ideologia neoultraliberal, que segue o dogma de baixar o preço do traba lho para dar mais lucros a quem tem o capital, e a total insensibilidade do governo português para com as afli ções da população tornaram-se claras e justificam a descrença no governo. Daí o claro «NÃO» à actuação deste. Esta política, no entanto, não é exclu siva de Portugal, é praticada em toda a Europa, até na Suíça. O leque salarial tem vindo a abrir-se cada vez mais: enquanto os salários altos ou muito altos aumentam continuamente, no outro lado da escala, os salários baixos pouco aumentam, estagnam ou até baixam. Semana de acções: Há dinheiro suficiente, está é mal distribuído É, por isso, importante que os tra balhadores da Europa se unam para fazer frente à rapina da sua força laboral. Na semana de 5 a 9 de No vembro, o Unia e os sindicatos Verdi, da Alemanha, e GPA-djp, da Áustria, realizam várias actividades para dis cutir a situação nesta Europa cada vez mais desigual e qual deverá ser a resposta dos sindicatos. / Marília Mendes Dois sindicalistas portugueses, Manuel Correia, do Conselho Nacional da CGTP-IN, e Sérgio Graça, da FEVICCOM, falarão sobre a situação em Portugal nas seguintes datas e localidades: n Dia 6.11.2012: em Uster, cantão de Zurique n Dia 6.11.2012: Situação precária em Portugal Fernando Ferreira nasceu em 1965 perto de Viseu. Fez o nono ano, mas não gostava muita da escola, sobretudo de Francês. Mal ele sabia quanto essa língua viria a ser importante na sua vida! Em 1988 veio para a Suíça. A mulher já cá vivia e eles decidiram que, para fundar uma família, a Suíça seria ideal. Na altura, os desportos de Inverno eram importantes em Chateau d’Oex. Havia muitos hotéis, foi aí que ele começou a trabalhar. Mas os horários irregulares não eram para ele. Passou para a construção civil. Primeiro como servente. Depois foi-se qualificando: foi pedreiro e agora é capataz. Deixou a hotelaria a tempo, depois muitos hotéis fecharam em Château d’Oex por falta de neve e por causa das muitas casas de férias. Empenhado na vida da comunidade Ferreira trabalha nas obras públicas – constrói infra-estru turas para a comunidade. E nos tempos livres participa activamente na vida desta. Esteve 13 anos no conselho paroquial da Igreja Católica. Foi aí que conheceu as pes soas do Partido Socialista que o convidaram a entrar no Não. Se várias pessoas têm direito de requerer o abono de família para uma criança, a lei determina uma ordem para esse direito. Esta ordem chama-se «concurso de direito». Se ambos os pais tiverem a guarda conjunta da criança e viverem no mesmo agregado familiar com a criança, tem direito ao abono quem viver no cantão de residência da família. Se ambos os pais ou nenhum deles trabalhar no cantão de residência, então recebe o abono de família quem tiver o ordenado mais elevado. Se só um dos pais tiver a guarda da criança, então a pretensão deste tem prioridade. Se os pais tiverem a guarda conjunta da criança, mas não viverem no mesmo agregado familiar, então tem prioridade quem viver com a criança. No seu caso, a resposta é a seguinte: a sua esposa recebe o abono de família no cantão de residência, Friburgo. É importante saber: se num cantão o abono de família for maior do que no outro, pode requerir o pagamento do valor da diferença. work, 23.8.2012, Heinrich Nydegger Prestação de assistência: Para menores com deficiência e/ou grande necessidade de cuidados O nosso homem no conselho comunal É assim no cantão, explica Ferreira: quem vive há pelo menos 10 anos na Suíça e três na comuna pode votar e ser eleito a nível local. Ele próprio vive há 24 anos na Suíça, sempre em Chateau d’Oex. Sente-se aqui como em casa. Nós tivemos um filho há pouco tempo. Depois da licença de parto, a minha esposa retomará a sua actividade profissional no cantão em que vivemos, Friburgo. Eu trabalho em Berna. Em que cantão devemos requerer o abono de família? O salário é determinante? em Basileia n Dia 7.11.2012: em Schmerikon/Rapperswil Retrato Na linha de comboio do Golden Pass, na paisagem pré-alpina do cantão de Vaud fica a simpática vila de Château d’Oex. Uma terra conservadora, a avaliar pelo conselho comunal: 10 dos 60 lugares pertencem ao Partido Socialista, os outros pertencem à UDC e sobretudo aos liberais-radicais. Nesse conselho está o português Fernando Ferreira. Abono de família: Qual é o salário que conta? Com a revisão 6a do susbsídio de invalidez (IV/AI), a chamada prestação de assistência foi definitivamente ancorada na lei. Ela permite a pessoas que precisam de assitência regular de empregarem uma ou várias pessoas que as ajudem. Crianças e jovens que, por causa da sua deficiência precisam de apoio para frequentarem a escola ou para a formação, também têm direito a esta prestação. Só jovens que recebem um subsídio de deficiência da IV/AI e cuja necessidade de assistência seja reconhecida pela IV/AI é que têm direito a esta prestação. Bom começo no conselho comunal Até 14 000 francos ao mês A prestação de assistência não é concedida automaticamente, tem de ser requerida. O montante depende dos cuidados que são necessários e é determinado pela IV/AI. No máximo, o seguro paga serviços para 240 horas ao mês numa base salarial de 32.50 francos à hora. Em caso de necessidade, há também um valor para a noite no montante de 86.70 francos. Tudo somado, os pais de uma criança com um grande grau de deficiência poderão receber da IV/AI até 14 300 francos ao mês para a assistência. Isto não cobra os custos de cuidados que são iguais aos das crianças não deficientes. Os cuidados médicos são efectuados à parte pela Spitex. No conselho foi bem acolhido por todos. Só ainda não fez uma intervenção no plenário. Por enquanto está a aprender o máximo, quando for necessário e se sentir preparado, fará uma intervenção. Também só está lá há um ano, tem tempo. A prestação de deficiência pode ser utilizada de forma flexível. Os pais podem escolher se precisam mais de ajuda na lida da casa ou nos cuidados aos filhos. Mas não podem usar o dinheiro para eles próprios, têm de empregar pessoal externo e de prestar disso contas à IV/AI. Fernando Ferreira partido e na lista eleitoral para o conselho comunal. E ele foi eleito por uma margem confortável. Uma enorme surpresa! Mas muitos já o conheciam do trabalho e da Igreja, por isso votaram nele. Confessa que sentiu um certo orgulho. Os filhos, esses, ficaram mesmo muito orgulhosos do pai. Adaptación de Tages Anzeiger, 3.9.2012, Andrea Fischer Sócio activo do Unia O sócio activo do Unia participa no comité do Pays d’Enhaut e da construção de Vaud Riviera. Sente-se bem nas terras altas de Vaud, está bem integrado e pensa ficar por cá. Talvez quando se reformarem, ele e a mulher vão mais vezes a Portugal. Mas viver lá? Pensa que não. Estão tão habituados à vida de cá que às vezes a vida em Portugal lhes parece estranha. Com raízes em Portugal, ligado à Suíça Mas que não o entendam mal: ele é português com orgu lho. A família fala português em casa e sobretudo o filho mais velho sente-se como português. Por isso, Fernando Ferreira ainda não se naturalizou suíço, as origens são-lhe importantes. Mas a Suíça, Château d’Oex, também. Isso não é uma contradição. Impressum: Beilage zu den Gewerkschaftszeitungen work, area, Événement syndical | Herausgeber Verlagsesellschaft work AG, Zürich, Chefredak tion: Marie-José Kuhn; Événement syndical SA, Lausanne, Chefredaktion: Sylviane Herranz; Edizioni Sociali SA, Lugano, Chefredaktion: Gianfranco Helbling | Redaktionskommission A. García, M. Akyol, D. Filipovic, M. Martín, M. Mendes, O. 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