Juntos lutamos
contra a
desigualdade!
Salários baixos
um atestado de pobreza
para a Suíça
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Adam Rogalewski
secretário de migração
para sócios polacos
Portugal e Suíça
3
Manifestação e semana
de acções
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Nr. 6 | Outubro 2012 | português
Sai como suplemento do jornal «work» | Redacção T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch
Construção civil
Não ao dumping salarial –
responsabilidade solidária já!
Editorial
Estimadas leitoras,
estimados leitores
Contra o dumping salarial é necessária uma . . .
Os trabalhadores da construção exigem uma responsabilidade solidária vinculativa. O Unia lançou em finais de Agosto
uma recolha de assinaturas nas obras – para evitar o dumping salarial e para proteger as condições de trabalho. Isto
é necessário porque a pressão sobre os salários suíços tem
aumentado brutalmente.
Os trabalhadores da construção estão
fartos. Com uma acção de protesto
contra o dumping salarial levado a
cabo pelas subempreiteiras numa das
maiores obras na Suíça – a Feira de
Basileia –, o Unia lançou em fins de
Agosto uma recolha de assinaturas
nas obras da Suíça. Desta forma, os tra­
balhadores e as trabalhadoras de um
ramo caracterizado por trabalho duro
querem mostrar aos e às parlamenta­
res que o dumping salarial praticado
por muitos submpreiteiros representa
um perigo para todos os trabalhadores
e todas as trabalhadoras na Suíça. A
exigência é clara: é necessária uma res­
ponsabilidade solidária vinculativa.
Aumentaram muito as
pressões sobre os salários
suíços
Nas obras da Feira de Basileia o Unia
encontrou em Agosto numerosos sub­
empreiteiros que não pagavam nem
salários nem ajudas de custos cor­
rectos. A pressão sobre o mercado de
trabalho suíço vinda do estrangeiro
aumentou muito porque grande par­
te da Europa está mergulhada numa
grande crise, enquanto que na Suíça
a construção continua a prosperar.
Cada vez há mais empresas estrangei­
ras dispostas a trabalhar por salários
de dumping. Assim, todos os salários
ficam sob pressão.
Longa lista de casos
extremos de dumping
salarial
E pior ainda: hoje as empresas que
concedem subempreitadas a condi­
ções de dumping são recompensadas.
Podem fazer preços mais baixos e não
correm quaisquer riscos. Quando uma
inspecção revela condições de traba­
lho ilegais, lavam daí as mãos, dizen­
do que nada têm a ver com o assunto.
Isto é válido para a construção, mas
mais ainda para as actividades afins.
A lista de casos de dumping salarial
é longa, o Unia colocou uma lista na
internet.
Partidos de direita sem garras
Além disso, a decisão de fins de
Agosto da comissão de economia e
tributação do Conselho de Estados
foi uma desilusão. Os membros dos
partidos de direita, em maioria na
comissão, recusaram a responsabi­
lidade solidária e optaram por uma
solução que nada resolve. De acor­
do com esta medida, o contratador
tem de se assegurar por escrito que
os subempreiteiros respeitam as con­
dições mínimas de trabalho. Desta
forma, os empreiteiros não podem
ser responsabilizados caso o subem­
preiteiro pague ilegalmente salários
de dumping. E se uma subempreitada
é entregue a outro subempreiteiro, o
primeiro contratador fica, de acordo
com a vontade da comissão, livre de
quaisquer responsabilidades. Os par­
tidos da direita apoiam, assim, direc­
tamente o dumping salarial e põem a
livre circulação de pessoas em causa.
Assinemos por uma
responsabiliade soclidária!
Depois desta incompreensível deci­
são, é ainda mais importante lutar­
mos por uma responsabilidade so­
lidária que possa evitar o dumping
salarial e proteger as condições de
trabalho! O Unia está a recolher assi­
naturas em todas as obras da Suíça. Na
acção na Feira de Basileia praticamen­
te todos os trabalhadores assinaram
a petição. Assine também! Dirija-se
ao seu secretariado Unia para mais
informações.
/ Aurora García
. . . responsabilidade solidária vinculativa.
Quase 2 milhões de habitantes da
Suíça, ou seja 25 % da população,
são de origem estrangeira. Uma
grande parte destes são migrantes
sem passaporte suíço, mas que
aqui nasceram, cresceram e foram
socializados. Apesar disso, o tema
migração e integração há anos que
domina o discurso público: muitas
vezes os migrantes ou grupos de
migrantes – até aqueles que já há
muito tempo se naturalizaram –
servem de campo de batalha para
as diferentes forças políticas do
país. Mas o que é com frequência
esquecido neste debate é toda a
contribuição para o bem-estar do
país que os migrantes deram e continuam a dar. A campanha do Unia
«Sem nós não há Suíça» mostra
este facto com clareza (www.ohneuns-keine.ch).
Nos últimos anos tem-se vindo a
falar de integração como um processo mútuo, uma tarefa que diz
respeito a toda a sociedade. Ela
só pode funcionar se os suíços e
os estrangeiros se interessarem
e empenharem em participar no
processo. Este tema está repleto
de preconceitos mútuos. São necessários órgãos e estruturas onde
a participação seja possível e as
necessidades e possíveis soluções
possam ser discutidas e levadas a
quem tem o poder de decisão. O
modelo participativo do sindicato
Unia pode servir de exemplo, juntamente com os projectos de cidadania da Comissão Federal para a
Migração, para uma melhor participação e consequente integração
dos migrantes. Com o português
Fernando Ferreira damos neste número do Horizonte um exemplo de
participação na vida politica a nível
local, que, no entanto, só é possível
em alguns cantões.
Osman Osmani
Secretário sindical pela migração
horizonte
Notícias
breves
Salários de cabeleireiras, vendedoras, padeiros...
União dos Sindicatos
Suíços: exigidos
aumentos salariais
Cerca de 400 000 trabalhadores não ganham o suficiente
para viver na Suíça. Não se trata só de ajudantes ou trabalhadores não especializados. Um terço destas pessoas tem
uma formação profissional.
Por ocasião da conferência de imprensa da União de Sindicatos Suíços (USS), o Unia exigiu para a maioria dos ramos um aumento salarial
geral de 100 francos e uma subida
correspondente dos salários mínimos. Além disso, continua a haver
uma grande necessidade de recuperação dos salários das mulheres.
Nas vendas, por exemplo, as mulheres continuam a ganhar 18 % menos
dos que os homens. O Unia exige
que a igualdade salarial garantida
por lei seja efectivamente realizada.
São necessários salários mínimos
obrigatórios e aumentos especiais
para as mulheres.
Tornos: Manifestaçção
contra despedimentos
Ao fim da tarde de 17 de Setembro,
mais de 500 pessoas participaram
em Moutier (Jura) numa manifestação por uma política industrial forte.
A manifestação é uma reacção directa ao anúncio feito pelo produtor
de tornos mecânicos, no dia 7 de
Setembro, de que iriam despedir
225 trabalhadores. A manifestação
mostra que a população do Jura não
está disposta a continuar a pagar
pela elevada taxa cambial do franco
e a aceitar a desmontagem completa
da indústria da região.
Ramos afins da
construção: exigidos
aumentos salariais
Na conferência do ramo de 1 de
Setembro, os delegados dos ramos
afins da construção exigiram para
o próximo ano mais 100 francos no
salário mínimo e pelo menos 1 %
de aumento salarial para todos os
trabalhadores. Isto porque os ramos
afins da construção vão de vento em
popa e os salários são consideravelmente mais baixos do que no ramo
principal da construção. Além disso,
os delegados exigem a introdução
de uma responsabilidade solidária
como protecção contra o dumping
salarial.
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Nr. 6 | Outubro 2012 | português
Um atestado de pobreza
para a Suíça
2900 francos por mês é quanto uma
cabeleireira ganha no cabeleireiro de
uma cadeia em Berna. 3938.23 fran­
cos ganha uma livreira – com uma
formação profissional de 3 anos e
15 anos de experiência.
Um escândalo num país rico
«Salários dos quais quase não se pode
viver são um escândalo num país
rico como a Suíça», afirma Daniel
Lampart, economista da União de
Sindicatos Suíços (USS). Mas a verda­
de é que cerca de 12 % dos trabalha­
dores ganham menos do que 3986
francos ao mês. Este é o valor que o
Departamento Federal de Estatística
define como marcando a fronteira
para salários baixos.
Estes salários mal dão para viver. E há
cada vez mais pessoas com uma for­
mação profissional completa que não
recebem mais. Até aqui considerava­
-se que, quem tem uma formação
profissional, deve ganhar o suficiente
para poder sustentar uma família.
Para Daniel Lampart, esta condição
não se verifica: «A Suíça tem aqui
um problema. Como é que um sis­
tema de formação profissional pode
funcionar, se os trabalhadores não
ganham o suficiente depois da sua
formação?».
Salários baixos:
um problema feminino?
As mulheres são as mais atingidas por
salários baixos. Não existem números
exactos. Mas em geral pode dizer-se
que há duas vezes mais mulheres
com salários baixos do que homens:
19,1 % das empregadas ganham me­
nos do que 4000 francos ao mês. No
caso dos homens são «só» 6,9 %.
Segundo o Departamento Federal de
Estatística, no ano de 2009, cada sé­
tima pessoa na Suíça encontrava-se
em risco de pobreza. O risco é maior
para membros de famílias monopa­
rentais, estrangeiros e pessoas com
baixa formação escolar. O número
dos «working poor», isto é daqueles
que, apesar de trabalharem a tempo
inteiro, são pobres, aumentou para
150 000. E os salários mais baixos
diminuíram ainda mais entre 2002 e
2010, ao contrário dos salários mais
elevados que subiram cerca de 8 %.
Os salários são mais baixos nos ramos tradicionalmente «femininos».
Iniciativa pelo salário
mínimo
Por isso a iniciativa pelo salário míni­
mo, que foi entregue no início deste
ano, é tão importante. Ela exige que
quem trabalha a tempo inteiro ganhe
pelo menos 4000 francos ao mês ou
22 francos à hora. O Conselho Fede­
ral considerou que a parceria social
funciona «perfeitamente», apesar dos
salários baixos e recusou a iniciativa.
Nem sequer se deu ao trabalho de
preparar uma contraproposta. Os ci­
dadãos do país terão dentro em breve
a oportunidade de dar uma resposta
condigna nas urnas, quando a inicia­
tiva for a votação.
/ Oliver Fahrni, work
Congresso do PS da Suíça
Política de migração em foco
De 8 a 9 Setembro 2012 teve
lugar o congresso do Partido
Socialista em Lugano. Os delegados discutiram sobretudo sobre a sua posição relativamente à política de migração, acabando por aprovar
um controverso documento
de posicionamento. Por outro lado, os delegados aprovaram para a migração uma
estrutura que represente os
seus interesses dentro do
partido.
Para a migração não foi um congres­
so muito feliz. Foi positivo que os
delegados tivessem aprovado a cria­
ção de um grupo Migração PS, com
as mesmas competências e deveres
estatutários que os Jovens (JUSO)
e o grupo Mulheres PS. Assim, os
migrantes do PS podem defender os
seus interesses quer dentro do parti­
do quer para fora. Negativo foi que
a maioria dos delegados tenha apro­
vado um documento de posiciona­
mento que lembra mais políticas de
direita do que de esquerda.
as deportações forçadas de requeren­
tes de asilo, cujos pedidos tenham
sido recusados. Mas tiveram menos
sucesso no que toca a repatriações
de estrangeiros criminosos, não con­
seguindo aí obter uma recusa das
mesmas.
Feitas algumas correcções
O problema não
é a migração
Sobretudo no que toca à ajuda de
emergência para requerentes de asi­
lo, os delegados conseguiram fazer
algumas correcções no documento.
No respeitante a medidas de acom­
panhamento da livre circulação de
pessoas, os delegados confirmaram
o curso do partido.
Os Jovens Socialistas, que mais
veementemente se posicionaram
contra o documento, conseguiram
convencer os colegas do partido a
tomar uma posição coerente contra
Também o Unia está a preparar, para
apresentar ao congresso de 2012,
um documento de posicionamento
sobre a migração. Neste, a migração
não é vista como um problema mas
como um desafio que exige algumas
medidas específicas. O Unia toma
posição sobre os temas formação,
medidas de acompanhamento da li­
vre circulação de pessoas, habitação
e planeamento do espaço.
Algumas exigências do Unia
Importante é alargar a oferta de
cursos de língua para quem esteja
empregado, bem como um processo
simplificado de reconhecimento de
diplomas estrangeiros. No que toma
à falta de mão-de-obra especializada,
o Unia exige que se acabe na escola
com a selecção precoce para a entrada
no liceu, que atinge sobretudo crian­
ças migrantes oriundas de famílias
com uma baixa formação escolar.
Também é necessário que haja sufi­
cientes postos de aprendizagem.
O Unia defende a livre circulação
de pessoas regulada por medidas de
acompanhamento que sejam efica­
zes. Ela é a base para um mercado de
trabalho não discriminatório e para a
luta por salários justos e condições de
trabalho seguras.
/ Osman Osmani
Em Berna teve lugar em fins de Agosto a primeira conferência profissional
do Unia dos trabalhadores da assistência privada não médica. Cerca de
400 empregados, que trabalham em
casas particulares cuidando sobretudo de pessoas idosas, defenderam
na conferência uma melhoria das
suas condições de trabalho e, como
consequência, também da qualidade da assistência. Os delegados defenderam a assinatura de um contrato colectivo de trabalho para o ramo.
Foto: Skender Hajdari, www.tung.ch
Assistência privada:
por melhores condições de trabalho num
ramo em expansão
Congresso do Partido Socialista em Lugano
horizonte
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Nr. 6 | Outubro 2012 | português
Segurança no trabalho, carta de segurança
«Visão 250 vidas»
8 regras
vitais para a
construção:
Todos os anos, cada quinto
trabalhador da construção,
cada quarto montador de
andaimes e cada terceiro
trabalhador florestal tem
um acidente de trabalho,
são 250 000 pessoas no total. A campanha «250 vidas»
pretende mudar isto.
1. Fixamos barreiras de
segurança a partir de
uma altura de 2 m.
2. Protegemos, imediatamente, as aberturas
no chão.
Evitar acidentes é um dos temas
centrais na construção. Num inqué­
rito do sindicato Unia, 1466 traba­
lhadores da construção declararam
estar «por vezes» em situações de
perigo de acidente, 10 % responde­
ram mesmo estar nestas situações
«muitas vezes» ou «sempre».
3. Operamos as gruas
correctamente e
prendemos as cargas
com segurança.
4. Montamos andaimes
a partir de uma altura
de queda de 3 m.
Evitar acidentes
«Visão 250 vidas» é a resposta ao ele­
vado número de acidentes de traba­
lho graves. O seu objectivo é evitar,
no prazo de 10 anos, 250 acidentes
mortais e outros tantos que tenham
como consequência uma invalidez
grave. Para isso, é necessário reduzir
em metade o número de acidentes
graves. O objectivo é que, se possí­
vel, todos os trabalhadores voltem
com saúde para casa.
5. Controlamos os
an­daimes diariamente.
6. Construímos acessos
seguros para todos
os locais de trabalho.
7. Usamos o equipamento
de protecção pessoal.
8. Escoramos as covas e
as escavações a partir
de uma profundidade
de 1,5 m.
Parar em caso de perigo
ou risco!
O fundamental é que os trabalhado­
res reconheçam o risco e tenham o
direito de dizer «PARAR!». Depois
de reconhecer o perigo, o traba­
lhador deve parar o trabalho ime­
diatamente e resolver a situação de
perigo. Só depois é que o trabalho
pode continuar.
Carta de segurança
nas obras
Há um ano que a carta de segurança
está em muitas obras. Com ela, as
associações patronais, os técnicos
e os sindicatos comprometem-se
a cumprir as regras vitais no lo­
cal de trabalho. Está planeado um
alargamento da carta para outros
sectores e ramos de alto risco, como
a indústria.
Em caso de perigo, pare os trabalhos. Faça-o também por amor à sua família.
Regras vitais
Para todos os ramos foram criados
folhetos com as oito regras vitais.
Até agora estes existem para a cons­
trução, pintores e estucadores, para
as construções em madeira, os tra­
balhos nos telhados e fachadas, tra­
balhos com o cabo de segurança, na
reparação de máquinas, bem como
trabalhos florestais. Para mais infor­
mações, consulte a página internet
da Suva: www.suva.ch.
/ Aurora García
Carta de segurança da construção.
Controlamos os andaimes diariamente.
Entrevista
Contra dumping salarial
e exploração
dos trabalhadores
A migração do Unia tem mais um
trabalhador: Adam Rogalewski,
30 anos de idade, vai trabalhar um
ano no Unia para organizar os trabalhadores polacos. Falámos com ele
sobre o seu trabalho, os sindicatos
na Grã-Bretanha e os trabalhadores
polacos.
Conta-nos um pouco sobre ti.
Venho de Bialystok no noroeste da Polónia e
estudei Direito em Cracóvia. Fui há quatro anos
para Londres, onde trabalhei como secretário
sindical no maior sindicato inglês, Unison. Aí
criei uma rede de sócios activistas polacos e fo­
mentei a cooperação com associações polacas.
Além disso, estou a fazer o doutoramento em
contrá-las, ver quais são os seus problemas.
Depois tentarei criar uma rede de pessoas de
confiança. Quero também mostrar tudo o que
o Unia oferece aos sócios: formação profissio­
nal, cursos de língua… E tentarei contactar as
associações e colaborar com estas.
Sociologia sobre migração e trabalho sindical.
A oportunidade de trabalhar no Unia e co­
nhecer outros sindicatos por dentro é muito
importante para a minha formação.
Que diferenças notas no trabalho sindical
entre a Suíça e a Grã-Bretanha?
Primeiro, as diferenças de números: o Unia
tem 1000 trabalhadores para 200 000 sócios,
o Unison tem, com o mesmo número de
trabalhadores, 1 400 000 sócios. Embora dos
trabalhadores do Unia só 500 se ocupem do
movimento sindical, as relações são comple­
tamente diferentes. Mas a influência dos sin­
dicatos na Grã-Bretanha é bastante reduzida.
Aqui na Suíça, os sindicatos têm, graças aos
contratos colectivos de trabalho, uma melhor
Adam Rogalewski
posição – na Grã-Bretanha não existem CCTs
e é mais difícil lutar pelos direitos dos traba­
lhadores.
O que vais fazer no Unia?
Mais ou menos o mesmo que na Inglater­
ra: descobrir onde as pessoas trabalham, en­
Quais são, na tua opinião, os maiores problemas dos trabalhadores polacos?
Exploração, sobretudo dumping salarial. Que­
ro informar bem os trabalhadores sobre os seus
direitos. A exploração dos trabalhadores tem
de acabar! Por isso quero lutar com os traba­
lhadores por melhores condições de trabalho.
/ Aurora García
horizonte
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Nr. 6 | Outubro 2012 | português
A revolta dos portugueses
Pergunte,
que
nós
Contra a desigual distribuição
respondemos
da austeridade
Cerca de um milhão de portugueses manifestaram-se
no sábado, 15 de Setembro,
contra as medidas de austeridade da troika e do governo.
O que levou os portugueses,
até então resignados com
as medidas de austeridade
impostas, a sair à rua em número tão impressionante?
Uma taxa de desemprego de 15,7 %,
os aumentos dos impostos, a suspen­
são do 13° mês e do subsídio de férias
a funcionários públicos, enfim, todas
as medidas de austeridade, têm vindo
a sufocar as famílias e a vida económi­
ca portuguesa.
Tirar dos trabalhadores para
dar aos empregadores
Apesar disso, os portugueses pareciam
resignados à austeridade, talvez na es­
perança que, assim, ela passasse mais
depressa. Isso era repetido sem cessar
pelo governo e pela UE: com o acordo
dos portugueses, o governo podia
levantar adiante as reformas impostas
pela troika e a economia recuperaria.
Manifestação de 15 de Setembro.
A população disse: «BASTA de austeridade».
Mas a 7 de Setembro, quando o Pri­
meiro-Ministro anunciou que a con­
tribuição social aumentaria em 7 %
para os trabalhadores (quase um mês
de salário por ano) e seria reduzida em
5.75 % para os empregadores, confir­
maram-se todas as suspeitas sobre o
sentido desta austeridade: transferir
os rendimentos do trabalho para o
capital.
Politica dominante
na Europa
A ideologia neoultraliberal, que segue
o dogma de baixar o preço do traba­
lho para dar mais lucros a quem tem
o capital, e a total insensibilidade do
governo português para com as afli­
ções da população tornaram-se claras
e justificam a descrença no governo.
Daí o claro «NÃO» à actuação deste.
Esta política, no entanto, não é exclu­
siva de Portugal, é praticada em toda a
Europa, até na Suíça. O leque salarial
tem vindo a abrir-se cada vez mais:
enquanto os salários altos ou muito
altos aumentam continuamente, no
outro lado da escala, os salários baixos
pouco aumentam, estagnam ou até
baixam.
Semana de acções:
Há dinheiro suficiente,
está é mal distribuído
É, por isso, importante que os tra­
balhadores da Europa se unam para
fazer frente à rapina da sua força
laboral. Na semana de 5 a 9 de No­
vembro, o Unia e os sindicatos Verdi,
da Alemanha, e GPA-djp, da Áustria,
realizam várias actividades para dis­
cutir a situação nesta Europa cada
vez mais desigual e qual deverá ser a
resposta dos sindicatos.
/ Marília Mendes
Dois sindicalistas portugueses,
Manuel Correia, do Conselho Nacional da CGTP-IN, e Sérgio Graça, da
FEVICCOM, falarão sobre a situação
em Portugal nas seguintes datas e
localidades:
n Dia 6.11.2012:
em Uster, cantão de Zurique
n Dia 6.11.2012:
Situação precária em Portugal
Fernando Ferreira nasceu em 1965 perto de Viseu. Fez o
nono ano, mas não gostava muita da escola, sobretudo
de Francês. Mal ele sabia quanto essa língua viria a ser
importante na sua vida! Em 1988 veio para a Suíça. A
mulher já cá vivia e eles decidiram que, para fundar uma
família, a Suíça seria ideal.
Na altura, os desportos de Inverno eram importantes
em Chateau d’Oex. Havia muitos hotéis, foi aí que ele
começou a trabalhar. Mas os horários irregulares não
eram para ele. Passou para a construção civil. Primeiro
como servente. Depois foi-se qualificando: foi pedreiro
e agora é capataz. Deixou a hotelaria a tempo, depois
muitos hotéis fecharam em Château d’Oex por falta de
neve e por causa das muitas casas de férias.
Empenhado na vida da comunidade
Ferreira trabalha nas obras públicas – constrói infra-estru­
turas para a comunidade. E nos tempos livres participa
activamente na vida desta. Esteve 13 anos no conselho
paroquial da Igreja Católica. Foi aí que conheceu as pes­
soas do Partido Socialista que o convidaram a entrar no
Não. Se várias pessoas têm direito de requerer o abono de família para uma
criança, a lei determina uma ordem para esse direito. Esta ordem chama-se
«concurso de direito». Se ambos os pais tiverem a guarda conjunta da criança
e viverem no mesmo agregado familiar com a criança, tem direito ao abono
quem viver no cantão de residência da família. Se ambos os pais ou nenhum
deles trabalhar no cantão de residência, então recebe o abono de família
quem tiver o ordenado mais elevado. Se só um dos pais tiver a guarda da
criança, então a pretensão deste tem prioridade. Se os pais tiverem a guarda
conjunta da criança, mas não viverem no mesmo agregado familiar, então tem
prioridade quem viver com a criança. No seu caso, a resposta é a seguinte:
a sua esposa recebe o abono de família no cantão de residência, Friburgo. É
importante saber: se num cantão o abono de família for maior do que no outro,
pode requerir o pagamento do valor da diferença.
work, 23.8.2012, Heinrich Nydegger
Prestação de assistência:
Para menores com deficiência e/ou
grande necessidade de cuidados
O nosso homem no
conselho comunal
É assim no cantão, explica Ferreira: quem vive há pelo
menos 10 anos na Suíça e três na comuna pode votar e ser
eleito a nível local. Ele próprio vive há 24 anos na Suíça,
sempre em Chateau d’Oex. Sente-se aqui como em casa.
Nós tivemos um filho há pouco tempo. Depois da licença de parto, a
minha esposa retomará a sua actividade profissional no cantão em
que vivemos, Friburgo. Eu trabalho em Berna. Em que cantão devemos
requerer o abono de família? O salário é determinante?
em Basileia
n Dia 7.11.2012:
em Schmerikon/Rapperswil
Retrato
Na linha de comboio do Golden Pass, na
paisagem pré-alpina do cantão de Vaud fica a simpática vila de Château d’Oex. Uma
terra conservadora, a avaliar pelo conselho
comunal: 10 dos 60 lugares pertencem ao
Partido Socialista, os outros pertencem à
UDC e sobretudo aos liberais-radicais. Nesse conselho está o português Fernando
Ferreira.
Abono de família:
Qual é o salário que conta?
Com a revisão 6a do susbsídio de invalidez (IV/AI), a chamada prestação de assistência foi definitivamente ancorada na lei. Ela permite
a pessoas que precisam de assitência regular de empregarem uma
ou várias pessoas que as ajudem. Crianças e jovens que, por causa
da sua deficiência precisam de apoio para frequentarem a escola ou
para a formação, também têm direito a esta prestação.
Só jovens que recebem um subsídio de deficiência da IV/AI e cuja necessidade
de assistência seja reconhecida pela IV/AI é que têm direito a esta prestação.
Bom começo no conselho comunal
Até 14 000 francos ao mês
A prestação de assistência não é concedida automaticamente, tem de ser
requerida. O montante depende dos cuidados que são necessários e é determinado pela IV/AI. No máximo, o seguro paga serviços para 240 horas ao
mês numa base salarial de 32.50 francos à hora. Em caso de necessidade, há
também um valor para a noite no montante de 86.70 francos. Tudo somado,
os pais de uma criança com um grande grau de deficiência poderão receber da
IV/AI até 14 300 francos ao mês para a assistência. Isto não cobra os custos
de cuidados que são iguais aos das crianças não deficientes. Os cuidados
médicos são efectuados à parte pela Spitex.
No conselho foi bem acolhido por todos. Só ainda não
fez uma intervenção no plenário. Por enquanto está a
aprender o máximo, quando for necessário e se sentir
preparado, fará uma intervenção. Também só está lá há
um ano, tem tempo.
A prestação de deficiência pode ser utilizada de forma flexível. Os pais podem
escolher se precisam mais de ajuda na lida da casa ou nos cuidados aos filhos.
Mas não podem usar o dinheiro para eles próprios, têm de empregar pessoal
externo e de prestar disso contas à IV/AI.
Fernando Ferreira
partido e na lista eleitoral para o conselho comunal. E
ele foi eleito por uma margem confortável. Uma enorme
surpresa! Mas muitos já o conheciam do trabalho e da
Igreja, por isso votaram nele. Confessa que sentiu um
certo orgulho. Os filhos, esses, ficaram mesmo muito
orgulhosos do pai.
Adaptación de Tages Anzeiger, 3.9.2012, Andrea Fischer
Sócio activo do Unia
O sócio activo do Unia participa no comité do Pays
d’Enhaut e da construção de Vaud Riviera. Sente-se bem
nas terras altas de Vaud, está bem integrado e pensa ficar
por cá. Talvez quando se reformarem, ele e a mulher
vão mais vezes a Portugal. Mas viver lá? Pensa que não.
Estão tão habituados à vida de cá que às vezes a vida em
Portugal lhes parece estranha.
Com raízes em Portugal, ligado à Suíça
Mas que não o entendam mal: ele é português com orgu­
lho. A família fala português em casa e sobretudo o filho
mais velho sente-se como português. Por isso, Fernando
Ferreira ainda não se naturalizou suíço, as origens são-lhe
importantes. Mas a Suíça, Château d’Oex, também. Isso
não é uma contradição.
Impressum: Beilage zu den Gewerkschaftszeitungen work, area, Événement syndical | Heraus­geber Verlagsesellschaft work AG, Zürich, Chefredak­
tion: Marie-José Kuhn; Événement syndical SA, Lausanne, Chefredaktion:
Sylviane Herranz; Edizioni Sociali SA, Lugano, Chef­redak­tion: Gianfranco
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