UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE FARMÁCIA NAYARA MARIA BERNHARDT AVALIAÇÃO DE COMPRIMIDOS DE GLIBENCLAMIDA 5 MG (SIMILAR) DISTRIBUÍDOS PELA PREFEITURA MUNICIPAL DE ARARANGUÁ/SC FRENTE AO REFERÊNCIA DAONIL® CRICIÚMA, JUNHO DE 2009 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE FARMÁCIA NAYARA MARIA BERNHARDT AVALIAÇÃO DE COMPRIMIDOS DE GLIBENCLAMIDA 5 MG (SIMILAR) DISTRIBUÍDOS PELA PREFEITURA MUNICIPAL DE ARARANGUÁ/SC FRENTE AO REFERÊNCIA DAONIL® Trabalho de Conclusão de Curso, em formato de artigo, apresentado para a obtenção do grau de Farmacêutico, do Curso de Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, para o cumprimento parcial desta. Professor Orientador: Giordana Maciel Dário. CRICIÚMA, JUNHO DE 2009 AVALIAÇÃO DE COMPRIMIDOS DE GLIBENCLAMIDA 5 MG (SIMILAR) DISTRIBUÍDOS PELA PREFEITURA MUNICIPAL DE ARARANGUÁ/SC FRENTE AO REFERÊNCIA DAONIL® * 1 BERNHARDT, Nayara Maria ; DÁRIO, Giordana Maciel 1 *Acadêmica Farmácia, Professora do Curso de Farmácia, Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC Criciúma, SC, Brasil RESUMO Em virtude dos altos índices de Diabetes, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece gratuitamente medicamentos hipoglicemiantes, passando a existir a necessidade de oferta de produtos nas quantidades adequadas, adquiridos por um valor razoável (em processo licitatório), sem que seja perdido o compromisso de garantir os padrões de qualidade. A partir disto, este trabalho propôs avaliar a qualidade dos comprimidos de Glibenclamida fornecidos gratuitamente pela prefeitura municipal de Araranguá/SC, ® comparando com o medicamento referência (Daonil ). O teste de doseamento para ambos determinou que a quantidade de ativo apresentou-se de acordo com os limites preconizados, bem como os testes relacionados ao aspecto, dimensões e peso médio. No entanto, diferentemente do esperado, pôde-se observar que o medicamento referência obteve resultados não aceitáveis para resistência mecânica. Para o teste de desintegração, onde ambos os medicamentos apresentaram-se dentro do limite estabelecido para Glibenclamida, o produto referência desintegrou-se em tempo bem menor que o produto similar, sendo este um fato questionável. Este estudo torna-se, deste modo, um instrumento importante tanto na qualificação dos fornecedores, no processo de licitação, bem como na promoção à saúde pública, que visa assegurar a dispensação de medicamentos com qualidade, o que é imprescindível para a eficácia do tratamento. UNITERMOS: Comprimidos; Glibenclamida; Controle de qualidade; Medicamento similar; Sistema Único de Saúde; Araranguá/SC. ABSTRACT Given the high rates of Diabetes, the Brazilian public health system provides hypoglycemic medications gratuitously and needs to offer products in the adequate quantities, acquired at a reasonable value (in a bidding process), without breaking its commitment to guarantee quality standards. From this, this study proposes to evaluate the quality of Glibenclamide tablets provided gratuitously by the prefecture ® of Araranguá/SC, comparing to the reference medication (Daonil ). The assay test for both medications determined that the amount of active is presented in accordance with the limits prescribed, as well as the tests related to appearance, size and average weight. However, differently from expected, it was noted that the reference medication did not obtain acceptable results to mechanical resistance. For the disintegration test, in which both medications were presented in the established limit of Glibenclimide, the reference medication disintegrated in a much smaller time than the similar product, which is a questionable fact. Thus, this study becomes an important tool in the qualification of suppliers in the bidding process, as well as in the promotion of public health, which seeks to ensure the dispensing of medicines with quality, which is essential for the effectiveness of the treatment. KEYWORDS: Tablets; Glibenclamide; quality control; similar medication; Brazilian public health system; Araranguá/SC * Correspondente: N. M. Bernhardt. Curso de Farmácia. Av. Universitária, 1105 - Bairro Universitário - C.P. 3167 CEP: 88806-000 - Criciúma - SC INTRODUÇÃO Com o advento do mundo moderno surgem várias mudanças no estilo de vida das pessoas de todo o mundo principalmente em seus hábitos alimentares, práticas de exercícios físicos e no crescente consumo de tabaco que são decorrentes dos processos de industrialização, urbanização e globalização intensa da indústria de alimentos. Como conseqüência destas mudanças, surge uma série de doenças crônicas que afetam de maneira gradativa e crescente a população tanto em países desenvolvidos como aqueles em fase de desenvolvimento, tornando-se a principal causa de incapacidade e mortalidade em todo o mundo, dentre elas: doenças cardiovasculares, obesidade, doenças respiratórias, câncer e diabetes (OPS, 2008a; OPS, 2008b). O Diabetes é uma doença na qual o pâncreas deixa de produzir insulina de maneira suficiente para regular a glicemia com eficácia. Uma característica comum do Diabetes não controlado é a hiperglicemia, que pode evoluir a sérias lesões em vários tecidos, em especial os vasos sangüíneos. Pode ser classificada como Diabetes do tipo 1, quando há ausência da produção ou esta é insuficiente levando a quadros de poliúria, polidipsia, perda de peso, fadiga, alterações visuais e apetite constante, ou Diabetes do tipo 2, quando o organismo não utiliza a insulina de maneira eficaz, sendo que grande parte das pessoas que possuem o diabetes do tipo 2 são sedentários e apresentam sobrepeso corporal. E além das complicações à saúde dos portadores da doença, há sérias conseqüências econômicas não somente aos pacientes e suas famílias, mas também para os sistemas de saúde e, consequentemente seus países (WHO, 2006). Estima-se que entre os anos de 2005 e 2015 a China perderá cerca de 558 milhões de euros devido a doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais e Diabetes. Cálculos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que no mundo há mais de 180 milhões de pessoas com Diabetes, sendo que este número tende a aumentar ainda mais que seu dobro até o ano de 2030 e ainda, caso não sejam tomadas medidas urgentes o número de mortes, nos próximos 10 anos por Diabetes aumentará mais de 50%. Esses dados tornam-se mais preocupantes quando prevêem que entre os anos de 2006 e 2015 haverá um aumento de 80% dos casos de morte por Diabetes nos países em desenvolvimento. Estima-se que 5,9% (10.940.000) da população brasileira, considerando um total de 184 milhões de brasileiros, são portadores de Diabetes, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes a dezembro de 2007 (WHO, 2006; SBD, [200_?]). Para que esses números tornem-se menos assustadores é importante que sejam tomadas medidas urgentes como, por exemplo, ter um peso corporal normal e realizar atividades físicas freqüentemente. Isso em muitos casos deve ser associado ao uso de insulina exógena ou de hipoglicemiantes orais, como as Sulfoniluréias (WHO, 2006; MARTINS e col., 2007). As Sulfoniluréias ocasionam a hipoglicemia por meio do estímulo das células pancreáticas para a liberação de insulina, ou através do aumento da sensibilidade dos tecidos periféricos à insulina. Portanto, estes fármacos são ineficazes em pacientes que retiraram o pâncreas ou que não possuem insulina endógena, sendo então indicado no tratamento do Diabetes tipo 2 (não insulino-dependente). As Sulfoniluréias também estimulam a liberação de somatostatina e podem suprimir a secreção de glucagon. Em geral, são bem toleradas, apresentando como efeitos indesejáveis o aumento de peso (no caso de obesos), distúrbios gastrintestinais (relatado em cerca de 3% dos pacientes), podendo ocorrer erupções cutâneas alérgicas e a lesão da medula óssea, caso raro, porém grave. Esta classe de fármacos pode ser dividida em duas gerações de acordo com a estrutura química; sendo a Glibenclamida, pertencente à segunda geração, considerada mais potente (FUCHS e col., 2004; GOODMAN e GILMAN, 2006). A Glibenclamida (1-{4-[2-(5-cloro-2metoxibenzamido)etil]benzenossulfonil}-3-ciclo-1 hexiluréia, MM 494,01 g mol ), ou, como é conhecida na América do Norte, Gliburida, representada na Figura 1, é um agente hipoglicemiante oral e uma das substâncias mais utilizadas em diversos países da classe das Sulfoniluréias (CLARKE, 1986; UNITED STATES PHARMACOPEIAL CONVENTION, 2001; FUCHS e col., 2004; GOODMAN e GILMAN, 2006; O''NEIL, 2006). Figura 1. Estrutura química da Glibenclamida. Sua matéria-prima é em forma de pó cristalino branco, ou quase branco. É praticamente insolúvel em água e éter etílico, solúvel em dimetilformamida, pouco solúvel em etanol, metanol e clorofórmio, dissolvendo-se em soluções diluídas de hidróxidos alcalinos. Seu pKa é de 5,3 e a DL50 em ratos e camundongos é superior: a 20 g/Kg por via oral; 12,5 g/Kg por via intra peritonial e 20 g/kg por via subcutânea (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988-2004; O''NEIL, 2006; SWEETMAN, 2007). Encontrada na forma farmacêutica comprimidos, a Glibenclamida é usualmente administrada em dose única diária, sendo que, a recomendação inicial da dose para adultos é de 2,5 a 5 mg para a forma não micronizada, sendo relatadas indicações de até 20 mg diários. Para a forma farmacêutica com Glibenclamida micronizada, a dose é de 1,5 a 3 mg diários com um máximo de 12 mg diários. As diferentes doses ocorrem pelo fato de alguns países comercializarem comprimidos com o fármaco micronizado, o que aumenta a sua biodisponibilidade (SWEETMAN, 2007). O desenvolvimento de formas farmacêuticas é um aspecto muito trabalhoso para o tecnologista tanto no aperfeiçoamento de medicamentos já tradicionais, como nos casos de estudos de desenvolvimento de novas terapêuticas. Dentre as formas farmacêuticas, os comprimidos são considerados os mais complexos pelos vários parâmetros que devem ser avaliados durante e até mesmo antes da produção destes, fatores estes que provavelmente condicionarão as características da forma farmacêutica (AULTON, 2005; PRISTA e col., 2008). Dentre todas as formas farmacêuticas que são administradas oralmente, aquelas que possuem forma sólida (comprimidos ou cápsulas) são as mais utilizadas pelo fato de permitirem que o fármaco seja administrado em uma única dosagem exata com variação mínima de conteúdo. Nesta forma farmacêutica existe a possibilidade de mascarar sabores desagradáveis que o fármaco possa ter; apresenta menor custo (quando comparada com outras formas farmacêuticas orais); admitindo perfis de dissolução variados, como os de liberação retardada ou gastro-resistentes; têm grande estabilidade química, microbiológica e mecânica (CLARKE, 1986; LACHMAN e col., 2001; PRISTA e col., 2008). Para que se torne possível a produção de comprimidos, existem atualmente as seguintes técnicas: compressão direta e a compressão com granulação como etapa prévia, por via úmida ou por via seca. A granulação visa, de modo geral, transformar pós cristalinos ou amorfos em uma massa unitária/agregados sólidos com resistência e porosidade desejada, que torna mais adequado o enchimento da matriz da máquina compressora (SOARES e PETROVICK, 1999; PRISTA e col., 2008). A granulação por via úmida tem como principal diferencial a adição de um líquido ao pó em misturadores ou malaxadores para a obtenção de uma massa úmida adequada para a granulação. A quantidade de líquido a ser adicionado é determinante, onde um excesso pode gerar uma massa com aderência em demasia, levando mais tempo para secar por completo; enquanto a quantidade de líquido insuficiente torna o grânulo friável com liberação de pó. Esta massa úmida é então submetida a uma pressão mecânica através de uma superfície perfurada (tamises), com diâmetro de malha prédeterminado. Após obter o granulado realiza-se o processo de secagem. Quando já estiverem secos, os grânulos então são misturados a seco com o restante dos componentes da formulação (adjuvantes como: desintegrantes, lubrificantes, deslizantes e corantes) para que posteriormente sejam submetidos à compressão (SOARES e PETROVICK, 1999; JATO, 2001; AULTON, 2005; PRISTA e col., 2008). Já a compressão direta consiste na maneira mais simples de reduzir tempo e custos (sua principal vantagem) pelo fato de ter uma minimização de operações envolvidas no seu processamento que envolve apenas as operações de mistura de pós e a compressão; não havendo contato com calor e umidade que acarreta em maior estabilidade química que, no entanto, pode exigir mais testes de qualidade antes de seu processamento. Contudo, esta técnica não se aplica a toda e qualquer formulação, sendo necessário o uso de aglutinantes especiais e para enchimento da matriz, com propriedades de fluidez e compressibilidade, que costumam ter um custo mais elevado que os adjuvantes tradicionais. Apesar disso, o fato de haver menos operações envolvidas durante o processo de compressão, quando comparada à via úmida, a via direta pode tornar-se compensatória no quesito custo, não deixando então de ser vantajoso o seu emprego (LIEBERMAN e col., 1990, JATO, 2001; AULTON, 2005; PRISTA e col., 2008). Independente da via empregada, esta deve garantir a produção de medicamentos de qualidade, e até mesmo com baixo custo para a distribuição à população, de modo que garantam sua eficácia em relação à doença a ser tratada. No caso do Diabetes, e das principais patologias que acometem a população, o fácil acesso aos medicamentos necessários para realização de tratamento específico é garantido através do seu fornecimento gratuito pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Com o intuito de minimizar problemas referentes à acessibilidade aos medicamentos por todos, vigora na Constituição Brasileira desde 1988 no seu artigo 196 que “A saúde é direito de todos e dever do Estado [...]” e a Lei Orgânica n.º 8.080/90, de maneira explícita, define que está inclusa no campo de atuação do SUS a realização de ações de assistência terapêutica integral, inclusive a farmacêutica. Este direito que garante o acesso às ações e serviços para promover disponibilidade, uso racional, sustentabilidade, qualidade e acesso aos medicamentos, deve ser consolidado por meio de políticas sociais (BRASIL, 1988; BRASIL, 1990). Por meio dessas políticas e baseado na Resolução do Conselho Nacional de Saúde n.º 338, de 6 de maio de 2004, que estabeleceu a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, o Departamento de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (DAF/SCTIE/MS) disponibiliza à sociedade brasileira um instrumento racionalizador e de orientação ao planejamento das ações de saúde e de assistência farmacêutica no SUS no Brasil: a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) que, apesar de não constituir uma lista que estabelece padrões para o SUS, servirá de base ao desenvolvimento tanto tecnológico quanto científico, às novas listas estabelecidas a nível estadual e municipal de atenção à saúde e ainda, à produção de medicamentos no país (WANNMACHER, 2006; BRASIL, 2007b). A OMS define que Medicamentos Essenciais são aqueles que atendem às necessidades prioritárias de cuidados da saúde da população de modo que devem ser escolhidos por meio de critérios de eficácia, segurança, conveniência, qualidade e comparação de custo favorável; devendo estar sempre disponíveis, dentro das possibilidades de funcionamento dos sistemas de saúde, em quantidades adequadas, em dosagem apropriada, com qualidade e a preço que todos possam custear (WHO, 2002). Para a construção da lista de Medicamentos Essenciais no Brasil, a seleção dos medicamentos leva em consideração as doenças prevalentes e de relevância para a população, as condições organizacionais dos serviços de saúde, a capacitação e experiência dos profissionais, a qualidade dos medicamentos registrados e disponíveis no país, e os recursos financeiros reservados para a saúde. Caso seja colocada em prática de modo efetivo, o impacto da adoção de tal política é de manejar medicamentos mais eficazes, mais seguros, de menor custo e, consequentemente, garantindo maior acesso à população. Algumas das conseqüências políticas da lista modelo é a adoção desses medicamentos para as doações por organismos internacionais e para ressarcimento dos custos de prescrição por seguros-saúde de alguns países (OMS, 2002). A aplicação cotidiana desta prática traz vantagens que incluem: (a) melhora de qualidade da prescrição, levando a melhores desfechos de saúde; (b) menor ocorrência de erros de medicação; (c) melhor aproveitamento dos recursos e menores custos por meio de compra em escala maior, e simplificação dos sistemas de abastecimento; (d) distribuição e; (e) reembolso. Esta tática compõe um dos princípios fundamentais da política farmacêutica nacional por ajudar a estabelecer prioridades em todos os aspectos do sistema farmacêutico; sendo aplicável aos setores público e privado, nos diferentes níveis do sistema de atenção à saúde. Políticas de medicamentos essenciais, na realidade, objetivam promover o uso racional de medicamentos, acesso, sustentabilidade, qualidade e disponibilidade (OMS, 2002). O fluxograma que envolve o abastecimento do setor farmacêutico é bastante complexo, envolvendo tanto laboratórios nacionais quanto transnacionais, fornecedores de insumos farmacêuticos (fármacos, excipientes, material de embalagem e acondicionamento), distribuidores, farmácias (de rede e independentes) e o mercado institucional; além do grande número de especialidades farmacêuticas no mercado e os problemas referentes à segurança e qualidade destas (REIS e PERINI, 2008). Já o desabastecimento de medicamentos afeta a segurança do processo assistencial e aumenta a probabilidade de erros de medicação. De modo geral, as despesas com assistência à saúde são aumentadas devido ao emprego de alternativas de preço mais elevado. No setor público, de uma maneira geral, o desabastecimento está relacionado à má gestão dos planejadores de assistência farmacêutica e/ou à ausência de planejamento (REIS e PERINI, 2008). No processo de aquisição de medicamentos espera-se que estes tenham, acima de tudo, qualidade que engloba os seguintes aspectos: eficácia, efetividade e adequabilidade às doenças prevalentes do serviço de saúde ou da população a que se pretende atender (que devem ser previamente solucionadas por um bom processo de seleção e padronização); e ainda o estabelecimento do nível de exigência de qualidade desejado e do que pode ser efetivamente feito durante o processo de aquisição. Como as compras de medicamentos no serviço público são realizadas através de licitação e pelo menor preço, a qualidade dos produtos adquiridos tem sido tema de bastante preocupação, uma vez que, com freqüência são ofertados produtos de baixa qualidade (JOHNSON e BOOTMAN, 1994 apud LUIZA e col., 1999; MELO, 2006) O número de registros de medicamentos no Brasil, em uma estimativa que abrange todas as categorias, é de cerca de 11.000, sendo 840 de medicamentos genéricos e 7.600 de similares (BRASIL, 2003a). Deve-se entender como medicamento similar aqueles que possuem o mesmo fármaco, a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência, devendo ser realizados testes de biodisponibilidade relativa e equivalência farmacêutica. A equivalência farmacêutica, realizada em laboratório, serve para comprovar se o similar tem o mesmo princípio ativo, na mesma dosagem e forma farmacêutica (comprimido, cápsula, pomada, etc.) que o medicamento de referência. A biodisponibilidade relativa determina a quantidade e em quanto tempo um princípio ativo atinge a corrente sanguínea, depois de administrado, em comparação com um produto de referência; de forma que medicamento de referência deve ser aquele inovador, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente, por ocasião do registro no Ministério da Saúde. São os medicamentos que, de maneira geral, encontramse no mercado há bastante tempo e têm uma marca (BRASIL, 2003b; BRASIL, 2007a). Os problemas que mais vêm preocupando o mercado brasileiro no tocante aos medicamentos similares envolvem: (a) a extrema disparidade no quesito qualidade das indústrias de medicamentos que, numa tentativa de uniformizar a qualidade, por meio da imposição de critérios, foi implantado nesta década, o Programa Nacional de Inspeção das Indústrias Farmacêuticas e Farmoquímicas (PNIIFF) que se atém apenas a aspectos estruturais que acabam não se tornando suficientes para que se obtenha total garantia da qualidade; (b) a insegurança quanto aos produtos que possuem componentes químicos iguais, mesma formulação, processo de preparo e dose, administrados nas mesmas condições, e, portanto, teórica e biofarmaceuticamente equivalentes, sejam também de maneira efetiva bioequivalentes, ou seja, que tenham equivalente ação terapêutica. Mesmo em países desenvolvidos há certa dificuldade ao realizar estas avaliações, seja pela indigência das metodologias empregadas, seja pela necessidade de avaliações repetidas através do tempo sem ser possível então, assegurar tal bioequivalência de maneira precisa (LEVY, 1995 apud LUIZA e col., 1999). De acordo com o exposto no decorrer deste texto é possível perceber que a possibilidade dos medicamentos fornecidos gratuitamente pelos postos de saúde não serem eficazes é de extrema gravidade para a saúde pública; onde estão inseridos os postos de medicamentos de distribuição gratuita (medicamentos essenciais) para várias doenças inclusive do Diabetes que é um importante problema de saúde pública e a quarta principal causa de morte da população adulta em Santa Catarina. No município de Araranguá, O Diabetes é a terceira principal causa de mortalidade (25,6%) e sendo ainda, causa de internação (6,4%) em pacientes com mais de 65 anos, segundo dados de Sistema de Internação Hospitalar de 2006 (BRASIL, 2006-2007) Diante dos altos índices de Diabetes e a consequente necessidade de fornecimento de medicamentos a todos que procurem tratamento pelo SUS, que adquire estes medicamentos por licitação por um baixo custo, é importante que este mantenha o compromisso com esta população garantindo a qualidade de seu medicamento de modo que, trabalhos como este, em parceria com universidades, podem se tornar um instrumento importante tanto na qualificação de fornecedor, no processo licitatório, bem como na promoção de saúde. Realizado no mês de maio de 2009, este estudo teve como objetivo realizar a avaliação da qualidade de comprimidos de Glibenclamida 5 mg similar (Lote: 90061; Validade: 01/2011) fornecidos gratuitamente pelo sistema público de saúde de Araranguá, comparando com a qualidade apresentada pelo seu medicamento referência amostra grátis (Lote: 802857; Validade: 04/2010) obtido em Farmácia Comunitária que atende a região; ambos os medicamentos (similar e referência) possuem formulações diferentes – de acordo com dados de suas bulas. METODOLOGIA Os critérios considerados para o Controle de Qualidade dos comprimidos em estudo foram: características organolépticas, peso médio, resistência mecânica (friabilidade, dureza) e doseamento. Para o cumprimento destes ensaios foram utilizados aproximadamente 80 comprimidos de cada amostra de comprimidos de Glibenclamida (referência e similar). - Características Organolépticas Aspectos Visuais: Inclui a quantificação de um determinado número de propriedades tais como: tamanho, a forma, a cor, a presença ou ausência de cheiro, rugosidade da superfície, defeitos físicos (LACHMAN e col., 2001). - Dimensões: Definida em conjunto com o ajuste de dureza, a espessura está intimamente relacionada com a pressão exercida no processo de compressão. O ajuste de diâmetro/espessura foi avaliado com auxílio de paquímetro eletrônico digital (Worker) devidamente calibrado (MOISÉS, 2006). - Peso Médio O peso médio foi determinado com auxílio de pinça, vidro-relógio e balança analítica (Quimis, modelo Q-500L 210C) devidamente calibrada, onde foram pesados individualmente 20 comprimidos para que então fosse determinado o peso médio, sendo que não poderiam ser toleradas mais que duas unidades fora dos limites preconizados. Estes comprimidos foram avaliados de acordo com critérios pré-determinados, os quais relacionam o peso médio obtido para os comprimidos com seus limites de variação (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988-2004). - Resistência Mecânica Friabilidade: Neste teste utilizou-se pinça, béquer, balança analítica e friabilômetro (Nova Ética, modelo 300) - cilindro com 20 cm de diâmetro e 4 cm de espessura, que gira em torno de seu próprio eixo. O cilindro contém um suporte que recolhe os comprimidos a cada rotação, levando-os a uma altura pré-determinada de onde eles caem repetidamente com as rotações consecutivas. Um número de 20 comprimidos foi submetido a uma rotação de 25 rpm por 5 minutos sendo a tolerância máxima de 1,5% de perda de seu peso. Transcorrido este tempo é possível calcular a resistência ao atrito e choque. Para realização do cálculo da porcentagem de friabilidade não foram considerados os comprimidos lascados ou aqueles que se separaram em duas camadas (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988-2004). Dureza: Determina a resistência mecânica do comprimido ao esmagamento com o uso de durômetro a uma pressão continuada. O limite mínimo para teste de dureza em comprimidos é entre 3 e 4 Kgf para valores obtidos com aparelho que exerce pressão por meio de mola espiral, sendo este o durômetro Nova Ética, modelo 298 (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988-2004; ANSEL e col., 2005). - Desintegração Foi determinado o tempo em que um comprimido se desfez em meio aquoso aquecido a 37°C +/- 1°C, num sistema em movimento (ascendente e descendente), pretendendo produzir os mesmos efeitos sofridos pelo comprimido após ser ingerido, e no percurso boca, estômago e intestino. O limite de tempo baseia-se no critério específico para o teste de desintegração dos comprimidos de Glibenclamida que é de, no máximo, 15 minutos. Neste método o equipamento utilizado foi o desintegrador Nova Ética, modelo 301 AC (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988-2004; MOISÉS, 2006). - Doseamento Determina o quanto de princípio ativo está presente na formulação com auxílio de vidrorelógio, balão volumétrico, balança analítica, espátula, gral, pistilo, espectrofotômetro Fento 700, béquer, agitador, água purificada, ácido clorídrico e metanol. A técnica consiste em: pesar e pulverizar 20 comprimidos. Transferir quantitativamente, para balão volumétrico de 200 mL, quantidade de pó, exatamente pesada, equivalente a cerca de 20 mg de glibenclamida. Adicionar 4 mL de ácido clorídrico 0,5 M e agitar. Adicionar 100 mL de metanol e submeter ao banho de ultra-som por 15 minutos e, em seguida, agitar mecanicamente por mais 15 minutos. Completar o volume com metanol e homogeneizar. Filtrar. Pesar, exatamente, cerca de 50 mg de glibenclamida padrão e transferir para balão volumétrico de 50 mL, dissolver em 35 mL de metanol e submeter ao banho de ultra-som por 15 minutos. agitar mecanicamente mais 15 minutos. Completar com metanol. Transferir 5 mL desta solução para balão volumétrico de 50 mL, adicionar 1 mL de ácido clorídrico 0,5 M e agitar. Completar o volume com metanol e homogeneizar. Medir as absorbâncias das soluções resultantes em 300 nm utilizando a mistura de ácido clorídrico 0,5 M e metanol (1:49) para ajuste zero. Calcular o teor de Glibenclamida nos comprimidos a partir das leituras obtidas (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, [1995?]). Todas as etapas de avaliação dos comprimidos de Glibenclamida 5 mg de referência e seu similar foram realizadas no Laboratório de Controle de Qualidade (localizado no bloco S) da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a realização da pesquisa que fez o levantamento da qualidade de comprimidos de Glibenclamida distribuídos pela Prefeitura Municipal de Araranguá/SC foram obtidos os resultados descritos na Tabela 1. Tabela 1. Resultados dos testes físicos e químico realizados com os comprimidos de Glibenclamida referência e seu similar. Parâmetros Especificações (respect.) Glib. Referência Glib. Similar Aspecto Referência: oblongo Similar: circular Quando triturado pó livre de sujidades De acordo De acordo Dimensões (milímetros)* Fica a critério da indústria (C)10,27/ (L)5,22/ (E)2,75 (D)6,08 / (E)2,62 Dureza Média > 3 Kgf/cm2 4,825 Kgf/cm2 5,65 Kgf/cm2 Peso médio 160 mg ± 7,5% (148 a 172 mg) / 100 mg ± 7,5 % (92,5 a 107,5 mg) 164 mg 99,3 mg Parâmetros Especificações (respect.) Glib. Referência Glib. Similar Friabilidade Média (%) < 1,5 % 5,2408 % 0,0947 % 0,33 min. 4,08 min. 96 % 94 % Desintegração Doseamento (%) * Diâmetro (D), comprimento (C) 15 minutos 90 - 110 % largura (L), espessura (E), - Características Organolépticas Antes de dar início aos ensaios foram analisadas as características organolépticas dos comprimidos de Glibenclamida, bem como avaliação da sua embalagem externa (blister) que estavam completas, e os comprimidos não se apresentavam quebrados. Quanto à forma física, o medicamento referência apresentou formato oblongo com sulco central em ambas as faces, enquanto o similar tem seu formato circular com sulco central em uma de suas faces – estando de acordo com o descrito em suas bulas, sendo um critério determinado pelas indústrias de modo individualizado; suas superfícies não possuíam quaisquer irregularidades (rugosidade ou defeitos físicos), sendo aprovados para o exame de superfície (PRISTA e col., 2008). Quando triturados, os comprimidos apresentaram seu pó livre de sujidades, inodoro e de cor branca estando em conformidade com a monografia da matéria prima Glibenclamida, indicando que não houve contaminação da matéria prima com partículas estranhas (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, [1995?]). - Dimensões A medição das dimensões dos comprimidos foi de acordo com o seu formato: para o formato oblongo foram medidos largura, comprimento e espessura; já o circular teve medidos seu diâmetro e espessura. De acordo com a tabela de resultados as dimensões dos comprimidos avaliados seguiram um padrão, sem que houvesse diferença representativa entre as amostras. As dimensões (diâmetro/espessura) dos comprimidos são fatores importantes que indicam padrão de pressão e enchimento de matrizes; o diâmetro determina o tamanho do punção, a relação entre as medidas determinam seu peso (MOISÉS, 2006). - Peso Médio Para o ensaio de determinação de peso médio, não mais do que 2 das 20 unidades pesadas poderão ter valores superiores ou inferiores que o da faixa de variação (±7,5% para comprimidos com peso médio entre 80 e 250 mg) e nenhuma unidade poderá ter o dobro dos valores da faixa de variação. Foi feita uma estimativa de pesos médios para ambos comprimidos de modo que o medicamento similar teve seu peso estimado em 100 mg, enquanto o referência foi estimado em 160 mg. A partir desta estimativa calculou-se o limite de variação dos pesos dos comprimidos, conforme descrito na Tabela 1 (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 19882004). Estes critérios de variação de peso devem ser seguidos com o intuito de não causar prejuízos à saúde do consumidor, uma vez que o peso do comprimido está diretamente relacionado à dose de fármaco contida na forma farmacêutica, assim o comprimido que tiver variação de peso pode não apresentar a dose declarada de princípio ativo, o que fere gravemente uma das principais vantagens dos comprimidos que é sua uniformidade de conteúdo, sem superdose (que leva a toxicidade) ou dose abaixo daquela que produz efeito terapêutico (BURLIM, 2007 apud SILVA, 2008). A tabela de resultados mostra que tanto a Glibenclamida medicamento referência quanto o similar tiveram peso médio satisfatório, levando-se em consideração que todos estavam dentro da faixa de tolerância preconizada pela Farmacopéia Brasileira (1988-2004), o que demonstra que o processo de fabricação, no quesito peso médio, encontra-se adequado sugerindo que houve correto preenchimento do punção inferior/matriz e regulagem da máquina compressora (MOISÉS, 2006; GENNARO e col., 2000). - Resistência Mecânica Os testes de resistência mecânica, como friabilidade e dureza, visam demonstrar a resistência dos comprimidos à ruptura quando estes sofrem golpes ou fricção durante os processos de revestimento, embalagem, transporte, armazenagem, entre outros. No teste realizado no friabilômetro o medicamento similar apresentou um desgaste de 0,0947%, sendo considerada uma perda aceitável de acordo com os limites pré-estabelecidos, supondo que os mesmos foram produzidos com força de compressão adequada para resistir aos impactos da manipulação dos processos de obtenção e do transporte. O mesmo não pôde ser observado em relação ao medicamento referência, que apresentou uma perda de 5,242%. O alto índice percentual registrado pode ser justificado pelo fato de um dos comprimidos não ter resistido ao teste, lascando, o que indica falhas no processo de obtenção, como: baixa pressão exercida pela máquina compressora no momento da compressão, a quantidade de aglutinante não ser a ideal, adesividade imprecisa dos grânulos, umidade excessiva, tamanho de partícula não era o ideal, entre outros (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988-2004). Os problemas anteriormente elucidados para o medicamento referência podem ser responsáveis também pela dureza encontrada no mesmo medicamento. Embora a dureza média dos comprimidos respeite o limite mínimo descrito na literatura, entre 3 e 4 Kgf, seus valores encontram-se muito próximos destes limites, o que pode interferir de maneira negativa neste aspecto. Os comprimidos devem ser suficientemente duros a ponto de resistir à quebra durante a embalagem, o transporte ou a manipulação convencional, o que não ocorreu com o medicamento referência que se quebrava ao retirá-lo do blister. Contudo a dureza deve ser o suficiente para que seja possível partir o comprimido com os dedos, quando for necessário tomar uma dose parcial, o que foi possível ser observado com o medicamento similar (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988-2004; ANSEL e col., 2005). - Desintegração Quanto à desintegração, ambos os medicamentos apresentaram-se dentro do limite estabelecido para Glibenclamida (15 minutos), sendo que o produto referência desintegrou-se em tempo bem menor (0,33 minutos) quando comparado ao produto similar (aproximadamente 4 minutos). Estes tempos de desintegração podem ser justificados pelas diferenças entre as formulações e pelo tipo de via utilizada: compressão com etapa prévia de granulação (por via seca ou úmida) ou compressão direta (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, [1995?]; SHARGEL e YU, 1999 apud BAPTISTA, 2005; STORPIRTIS e col., 1999 apud BRANDÃO, 2006; SAUSEN, 2007). Estudo realizado por Baptista (2005) com o medicamento referência indicou que o tempo total de desintegração obtido foi de 2 minutos, este resultado quando comparado ao do presente estudo sugere que os aspectos dureza e friabilidade das amostras avaliadas foram possivelmente alterados pela porosidade demasiada destes comprimidos que, por isso, acabam absorvendo mais rapidamente a umidade e, portanto, ficam mais susceptíveis a desintegração. Este fato pode ser confirmado por outro estudo que aborda o seguinte aspecto: em se tratando de comprimidos armazenados sob condições apropriadas de umidade, a força de compressão (dureza) não alterou o tempo de desintegração. Já quando em ambientes mais secos, ou em ambientes mais úmidos, o tempo de desintegração foi influenciado pela força de compressão e pela umidade. Isto demonstra que o modo de transporte e armazenamento do medicamento referência pode ser outro fator que interferiu negativamente nos resultados dos testes realizados neste estudo e, portanto na qualidade dos comprimidos (BAPTISTA, 2005; CHAUD e col., 2005). Entretanto, o fato de o medicamento referência apresentar um tempo menor para que fosse totalmente desintegrado não significa um aspecto negativo, uma vez que para o tratamento do Diabetes espera-se uma ação rápida. No entanto, o tempo de desintegração adequado não implica no satisfatório perfil de dissolução do mesmo medicamento, sendo importante que o conjunto de avaliações seja satisfatório em relação aos critérios para forma farmacêutica. - Doseamento Com relação ao teor de princípio ativo, o ensaio mostrou que os comprimidos de Glibenclamida cumpriram com os limites determinados pela literatura, variando entre 96 e 94% para medicamento referência e similar respectivamente, apresentando homogeneidade da mistura dos pós e, consequente garantia da dose terapêutica estabelecida (5 mg), uma característica essencial da qualidade em produtos farmacêuticos que é a constância da dose na formulação dos comprimidos a serem administrados nos pacientes. Portanto, neste quesito, o produto atende o que se espera no momento do uso: ação farmacológica e níveis toxicológicos sejam mantidos em níveis aceitáveis. Isto mostra que o medicamento similar adquirido pelo sistema de saúde local contém a dose dentro dos limites preconizados, não comprometendo a saúde dos usuários do sistema público de saúde (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, [1995?]; AULTON, 2005). CONCLUSÃO O presente trabalho apresentou um estudo abordando a necessidade de distribuição de medicamentos de qualidade e com baixo custo a população que sofre de Diabetes, o que torna trabalhos como este um instrumento importante tanto na qualificação dos fornecedores, no processo de licitação bem como na promoção da saúde pública. Dentre as análises realizadas, o teste de doseamento para ambos, determinou que a quantidade de ativo apresentou-se de acordo com os limites preconizados, bem como os testes relacionados ao aspecto, dimensões e peso médio. No entanto, diferentemente do esperado, pôde-se observar que o medicamento referência obteve resultados não aceitáveis para resistência mecânica. A porosidade pode ser considerada uma causa provável das não-conformidades obtidas para os comprimidos em estudo e este fato pode ser decorrente dos processos de fabricação e formulação inadequados. A umidade apresentada pelo produto é outro fator que age interferindo na liberação do fármaco contido na dose unitária, podendo alterar o resultado terapêutico. Ressalta-se a importância de definir ainda na pré-formulação as condições ideais para a fabricação do medicamento relacionando ao ambiente onde serão preparados e produzidos, ao modo que serão embalados, ao local de armazenamento e às condições oferecidas no momento do transporte, de modo que, tanto a dureza quanto a umidade do comprimido não interfiram na taxa de liberação do fármaco e na friabilidade que este possa apresentar, não alterando negativamente os resultados terapêuticos desejados. Deste modo, foi possível perceber que o sistema público de saúde local conseguiu unir aspectos de qualidade, dentro dos parâmetros aqui avaliados, com o possível baixo custo na compra deste medicamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ANSEL, Howard C.; ALLEN JR, Loyd V.; POPOVICH, Nicholas G. Pharmaceutical dosage forms and drug delivery systems. 8ª ed. Philadelphia: Lippincott Williams and Wilkins, 2005. 738 p. Disponível em: <http://books.google.com/books?id=x1H7Tn2qig4 C&printsec=frontcover&dq=Ansel%27s+pharmace utical+dosage+forms+and+drug+delivery+systems &hl=pt-BR>. Acesso em: maio, 2009. AULTON, Michael E. Delineamento de formas farmacêuticas. 2. ed Porto Alegre: ARTMED, 2005. 677 p. BAPTISTA, Edilene Bolutari. Estudo da Correlação in vivo/in vitro empregando comprimidos de glibenclamida não bioequivalentes. 141 p. Dissertação (Mestrado) Curso de Farmácia, Departamento de Centro De Ciências Da Saúde, Universidade Federal Do Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, 2005. 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Caderno de Farmácia - Instruções para Autores Caderno de Farmácia publica artigos destinados à formação continuada nas áreas de Ciências Farmacêuticas dos seguintes tipos: a) artigos originais, especialmente direcionados à formação continuada (máximo de 25 páginas); b) comunicações e notas prévias (máximo de 3 páginas) e c) artigos de revisão à convite da Comissão Editorial. Os trabalhos serão analisados pelo Conselho Editorial e por Consultores ad hoc, desde que não tenham sido publicados em outros periódicos e haja concordância por escrito de todos os autores. As contribuições deverão ser enviadas ao Editor obedecendo as seguintes instruções: Datilografados em duas vias, em papel A4 (210 x 297 mm), numa só via do papel em espaço duplo, incluindo ilustrações e tabelas. Cada página deverá ter no máximo 28 linhas, sendo que cada linha não poderá exceder a 17 cm. A língua oficial é a portuguesa, sendo permitida a redação em outras de difusão internacional, para autores não brasileiros. Na montagem do trabalho será observada a seguinte seqüência: Em folha separada: título, nome completo do(s) autor(es), local de trabalho e endereço para correspondência do autor responsável; RESUMO em português (até 200 palavras) seguido de até 10 palavras-chave (UNITERMOS); Resumo em inglês (ABSTRACT) contendo as versões do título, do resumo e das palavras chaves (KEYWORDS); O Texto deverá obedecer, preferencialmente, a forma usual de organização de artigos de formação, como, por exemplo: INTRODUÇÃO, CORPO CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS e REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS; As citações bibliográficas no texto deverão ser indicadas por número entre parêntesis, por ordem alfabética, ou pelo sobrenome do primeiro autor, em maiúsculas, seguido do ano de publicação, entre parênteses. Por exemplo: um autor HANSEL (1999); dois autores SILVA e FLORES (2000); mais de dois autores SIMÕES e col. (2000). As referências bibliográficas deverão obedecer as orientações da NBR 6023 da ABNT/ ago.2002 e ordenadas alfabeticamente. Comunicações pessoais, trabalhos em andamento e inéditos, mesmo que aceitos para publicação, não devem ser citados na lista de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, mas sim citados em notas de rodapé (em espaço um). Ilustrações, desenhos e gráficos deverão ser apresentados em preto e branco, numerados em algarismos arábicos, levando em consideração a legibilidade após redução ao tamanho final do texto impresso. Além das cópias apostas ao manuscrito, deverão ser fornecidos os originais identificados. Para gráficos deverão ser apresentados, em folha separada, identificando, os valores de origem, em forma de tabela. É desejável o envio do artigo em disquete (3½") desde que produzido em processador de textos WORD FOR WINDOWS® (versão 6.0 ou superior) ou programa capaz de ser convertido. É responsabilidade do autor verificar a integridade do disquete. Neste caso, deverão ser escolhidos os seguintes parâmetros: Folha A4 (210 x 297 mm) Margens: superior (2,8 cm), inferior (2,9 cm), esquerda (1,8 cm) e direita (2,5 cm). Colunas (2), com separação entre colunas de 0,7 cm. Parágrafo com espaçamento simples. Tipo de letra Arial de 10 pontos. Para os gráficos solicita-se anexar, identificando, os valores ou arquivos que o originaram . Em ambos os casos, enviar ofício de concordância de todos os autores. Serão entregues ao autor ou ao responsável pelo trabalho 10 separatas do artigo publicado. Uma publicação da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Avenida Ipiranga, 2752. 90610-000 - Porto Alegre/RS - Brasil +55 51 3308 5346, Fax: +55 51 3308 5437, E-mail: [email protected] Copyright ©2008. Todos direitos reservados. ISSN 0102-6593. Desenvolvido por Cassiano S. Moreira Atualizado por Rosana É. Reiter UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE FARMÁCIA NAYARA MARIA BERNHARDT AVALIAÇÃO DE COMPRIMIDOS DE GLIBENCLAMIDA 5 MG (SIMILAR) DISTRIBUÍDOS PELA PREFEITURA MUNICIPAL DE ARARANGUÁ/SC FRENTE AO REFERÊNCIA DAONIL® CRICIÚMA, JUNHO DE 2009 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE FARMÁCIA NAYARA MARIA BERNHARDT AVALIAÇÃO DE COMPRIMIDOS DE GLIBENCLAMIDA 5 MG (SIMILAR) DISTRIBUÍDOS PELA PREFEITURA MUNICIPAL DE ARARANGUÁ/SC FRENTE AO REFERÊNCIA DAONIL® Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCCII, do Curso de Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, para o cumprimento parcial desta. Professor Orientador: Giordana Maciel Dário. CRICIÚMA, JUNHO DE 2009 INTRODUÇÃO Com o advento do mundo moderno surgem várias mudanças no estilo de vida das pessoas de todo o mundo principalmente em seus hábitos alimentares, práticas de exercícios físicos e no crescente consumo de tabaco que são decorrentes dos processos de industrialização, urbanização e globalização intensa da indústria de alimentos. Como conseqüência destas mudanças, surge uma série de doenças crônicas que afetam de maneira gradativa e crescente a população tanto em países desenvolvidos como aqueles em fase de desenvolvimento, tornando-se a principal causa de incapacidade e mortalidade em todo o mundo, dentre elas: doenças cardiovasculares, obesidade, doenças respiratórias, câncer e diabetes (OPS, 2008a; OPS, 2008b). O Diabetes é uma doença na qual o pâncreas deixa de produzir insulina de maneira suficiente para regular a glicemia com eficácia. Uma característica comum do Diabetes não controlado é a hiperglicemia, que pode evoluir a sérias lesões em vários tecidos, em especial os vasos sangüíneos. Pode ser classificada como Diabetes do tipo 1, quando há ausência da produção ou esta é insuficiente levando a quadros de poliúria, polidipsia, perda de peso, fadiga, alterações visuais e apetite constante, ou Diabetes do tipo 2, quando o organismo não utiliza a insulina de maneira eficaz, sendo que grande parte dos diabéticos do tipo 2 são sedentários e apresentam sobrepeso corporal. E além das complicações à saúde dos portadores da doença, há sérias conseqüências econômicas não somente aos pacientes e suas famílias, mas também para os sistemas de saúde e, consequentemente seus países (WHO, 2006). Estima-se que entre os anos de 2005 e 2015 a China perderá cerca de 558 milhões de euros devido a doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais e Diabetes. Cálculos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que no mundo há mais de 180 milhões de pessoas com Diabetes, sendo que este número tende a aumentar ainda mais que seu dobro até o ano de 2030 e ainda, caso não sejam tomadas medidas urgentes o número de mortes, nos próximos 10 anos por Diabetes aumentará mais de 50%. Esses dados tornam-se mais preocupantes quando prevêem que entre os anos de 2006 e 2015 haverá um aumento de 80% dos casos de morte por Diabetes nos países em desenvolvimento. Estima-se que 5,9% (10.940.000) da população brasileira, considerando um total de 184 milhões de brasileiros, são portadores de Diabetes, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes a dezembro de 2007 (WHO, 2006; SBD, [200_?]). Para que esses números tornem-se menos assustadores é importante que sejam tomadas medidas urgentes como, por exemplo, ter um peso corporal normal e realizar atividades físicas freqüentemente. Isso em muitos casos deve ser associado ao uso de insulina exógena ou de hipoglicemiantes orais, como as Sulfoniluréias (WHO, 2006; MARTINS et al., 2007). As Sulfoniluréias ocasionam a hipoglicemia por meio do estímulo das células pancreáticas para a liberação de insulina, ou através do aumento da sensibilidade dos tecidos periféricos à insulina. Portanto, estes fármacos são ineficazes em pacientes que retiraram o pâncreas ou que não possuem insulina endógena, sendo então indicado no tratamento do Diabetes tipo 2 (não insulino-dependente). As Sulfoniluréias também estimulam a liberação de somatostatina e podem suprimir a secreção de glucagon. Em geral, são bem toleradas, apresentando como efeitos indesejáveis o aumento de peso (no caso de obesos), distúrbios gastrintestinais (relatado em cerca de 3% dos pacientes), podendo ocorrer erupções cutâneas alérgicas e a lesão da medula óssea, caso raro, porém grave. Esta classe de fármacos pode ser dividida em duas gerações de acordo com a estrutura química; sendo a Glibenclamida, pertencente à segunda geração, considerada mais potente (FUCHS, WANNMACHER, FERREIRA, 2004; GOODMAN, GILMAN, 2006). A Glibenclamida (1-{4-[2-(5-cloro-2-metoxibenzamido)etil]benzenossulfonil}-3-ciclo-hexiluréia, MM 494,01 g mol-1), ou, como é conhecido na América do Norte, Gliburida, representada na Figura 1, é um agente hipoglicemiante oral e uma das substâncias mais utilizadas em diversos países da classe das Sulfoniluréias (CLARKE, 1986; UNITED STATES PHARMACOPEIAL CONVENTION, 2001; FUCHS, WANNMACHER, FERREIRA, 2004; GOODMAN, GILMAN, 2006; O''NEIL, 2006). Figura 2. Estrutura química da Glibenclamida, -1 metoxibenzamido)etil]benzenossulfonil}-3-ciclo-hexiluréia, MM 494,01 g mol . 1-{4-[2-(5-cloro-2- Sua matéria-prima é em forma de pó cristalino branco, ou quase branco. É praticamente insolúvel em água e éter etílico, solúvel em dimetilformamida, pouco solúvel em etanol, metanol e clorofórmio, dissolvendo-se em soluções diluídas de hidróxidos alcalinos. Seu pka é de 5,3 e a DL50 em ratos e camundongos é superior: a 20 g/kg por via oral; 12,5 g/kg por via intra peritonial e 20 g/kg por via subcutânea (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988-2004; O''NEIL, 2006; SWEETMAN, 2007). Encontrada na forma farmacêutica comprimidos, a Glibenclamida é usualmente administrada em dose única diária, sendo que, a recomendação inicial da dose para adultos é de 2,5 a 5 mg para a forma não micronizada, sendo relatadas indicações de até 20 mg diários. Para a forma farmacêutica com Glibenclamida micronizada, a dose é de 1,5 a 3 mg diários com um máximo de 12 mg diários. As diferentes doses ocorrem pelo fato de alguns países comercializarem comprimidos com o fármaco micronizado, o que aumenta a sua biodisponibilidade (SWEETMAN, 2007). O desenvolvimento de formas farmacêuticas é um aspecto muito trabalhoso para o tecnologista tanto no aperfeiçoamento de medicamentos já tradicionais, como nos casos de estudos de desenvolvimento de novas terapêuticas. Dentre as formas farmacêuticas, os comprimidos são considerados os mais complexos pelos vários parâmetros que devem ser avaliados durante e até mesmo antes da produção destes, fatores estes que provavelmente condicionarão as características da forma farmacêutica (AULTON, 2005; PRISTA, ALVES, MORGADO, 2008). Dentre todas as formas farmacêuticas que são administradas oralmente, aquelas que possuem forma sólida (comprimidos ou cápsulas) são as mais utilizadas pelo fato de permitirem que o fármaco seja administrado em uma única dosagem exata com variação mínima de conteúdo. Nesta forma farmacêutica existe a possibilidade de mascarar sabores desagradáveis que o fármaco possa ter; apresenta menor custo (quando comparada com outras formas farmacêuticas orais); admitindo perfis de dissolução variados, como os de liberação retardada ou gastro-resistentes; têm grande estabilidade química, microbiológica e mecânica (CLARKE, 1986; LACHMAN, LIEBERMAN, KANIG, 2001; PRISTA, ALVES, MORGADO, 2008). Para que se torne possível a produção de comprimidos, existem atualmente três técnicas disponíveis: compressão direta, granulação por via úmida ou granulação por via seca. A granulação visa, de modo geral, transformar pós cristalinos ou amorfos em uma massa unitária/agregados sólidos com resistência e porosidade desejada, que torna mais adequado o enchimento da matriz da máquina compressora (SOARES, PETROVICK, 1999; PRISTA, ALVES, MORGADO, 2008). A granulação por via úmida tem como principal diferencial a adição de um líquido ao pó em misturadores ou malaxadores para a obtenção de uma massa úmida adequada para a granulação. A quantidade de líquido a ser adicionado é determinante, onde um excesso pode gerar uma massa com aderência em demasia, levando mais tempo para secar por completo; enquanto a quantidade de líquido insuficiente torna o grânulo friável com liberação de pó. Esta massa úmida é então submetida a uma pressão mecânica através de uma superfície perfurada (tamises), com diâmetro de malha prédeterminado. Após obter o granulado realiza-se o processo de secagem. Quando já estiverem secos, os grânulos então são misturados a seco com o restante dos componentes da formulação (adjuvantes como: desintegrantes, lubrificantes, deslizantes e corantes) para que posteriormente sejam submetidos à compressão (SOARES, PETROVICK, 1999; JATO, 2001; AULTON, 2005; PRISTA, ALVES, MORGADO, 2008). Já a compressão direta consiste na maneira mais simples de reduzir tempo e custos (sua principal vantagem) pelo fato de ter uma minimização de operações envolvidas no seu processamento que envolve apenas as operações de mistura de pós e a compressão; não havendo contato com calor e umidade que acarreta em maior estabilidade química que, no entanto, pode exigir mais testes de qualidade antes de seu processamento. Contudo, esta técnica não se aplica a toda e qualquer formulação, sendo necessário o uso de aglutinantes especiais e para enchimento da matriz, com propriedades de fluidez e compressibilidade, que costumam ter um custo mais elevado que os adjuvantes tradicionais. Apesar disso, o fato de haver menos operações envolvidas durante o processo de compressão, quando comparada à via úmida, a via direta pode tornar-se compensatória no quesito custo, não deixando então de ser vantajoso o seu emprego. (LIEBERMAN et al., 1990, JATO, 2001; AULTON, 2005; PRISTA, ALVES, MORGADO, 2008). Independente da via empregada, esta deve garantir a produção de medicamentos de qualidade, e até mesmo com baixo custo para a distribuição à população, de modo que garantam sua eficácia em relação à doença a ser tratada. No caso do Diabetes, e das principais patologias que acometem a população, o fácil acesso aos medicamentos necessários para realização de tratamento específico é garantido através do seu fornecimento gratuito pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Com o intuito de minimizar problemas referentes à acessibilidade aos medicamentos por todos, vigora na Constituição Brasileira desde 1988 no seu artigo 196 que “A saúde é direito de todos e dever do Estado [...]” e a Lei Orgânica n.º 8.080/90, de maneira explicita, define que está inclusa no campo de atuação do SUS a realização de ações de assistência terapêutica integral, inclusive a farmacêutica. Este direito que garante o acesso às ações e serviços para promover disponibilidade, uso racional, sustentabilidade, qualidade e acesso aos medicamentos, deve ser consolidado por meio de políticas sociais (BRASIL, 1988; BRASIL, 1990). Por meio dessas políticas e baseado na Resolução do Conselho Nacional de Saúde n.º 338, de 6 de maio de 2004, que estabeleceu a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, o Departamento de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (DAF/SCTIE/MS) disponibiliza à sociedade brasileira um instrumento racionalizador e de orientação ao planejamento das ações de saúde e de assistência farmacêutica no SUS no Brasil: a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) que, apesar de não constituir uma lista que estabelece padrões para o SUS, servirá de base ao desenvolvimento tanto tecnológico quanto científico, às novas listas estabelecidas a nível estadual e municipal de atenção à saúde e ainda, à produção de medicamentos no país (WANNMACHER, 2006; BRASIL, 2007b). A OMS define que Medicamentos Essenciais são aqueles que atendem às necessidades prioritárias de cuidados da saúde da população de modo que devem ser escolhidos por meio de critérios de eficácia, segurança, conveniência, qualidade e comparação de custo favorável; devendo estar sempre disponíveis, dentro das possibilidades de funcionamento dos sistemas de saúde, em quantidades adequadas, em dosagem apropriada, com qualidade e a preço que todos possam custear (WHO, 2002). Para a construção da lista de Medicamentos Essenciais no Brasil, a seleção dos medicamentos leva em consideração as doenças prevalentes e de relevância para a população, as condições organizacionais dos serviços de saúde, a capacitação e experiência dos profissionais, a qualidade dos medicamentos registrados e disponíveis no país, e os recursos financeiros reservados para a saúde. Caso seja colocada em prática de modo efetivo, o impacto da adoção de tal política é de manejar medicamentos mais eficazes, mais seguros, de menor custo e, consequentemente, garantindo maior acesso à população. Algumas das conseqüências políticas da lista modelo é a adoção desses medicamentos para as doações por organismos internacionais e para ressarcimento dos custos de prescrição por seguros-saúde de alguns países (OMS, 2002). A aplicação cotidiana desta prática traz vantagens que incluem: (a) melhora de qualidade da prescrição, levando a melhores desfechos de saúde; (b) menor ocorrência de erros de medicação; (c) melhor aproveitamento dos recursos e menores custos por meio de compra em escala maior, e simplificação dos sistemas de abastecimento; (d) distribuição e; (e) reembolso. Esta tática compõe um dos princípios fundamentais da política farmacêutica nacional por ajudar a estabelecer prioridades em todos os aspectos do sistema farmacêutico; sendo aplicável aos setores público e privado, nos diferentes níveis do sistema de atenção à saúde. Políticas de medicamentos essenciais, na realidade, objetivam promover o uso racional de medicamentos, acesso, sustentabilidade, qualidade e disponibilidade (OMS, 2002). O fluxograma que envolve o abastecimento do setor farmacêutico é bastante complexo, envolvendo tanto laboratórios nacionais quanto transnacionais, fornecedores de insumos farmacêuticos (fármacos, excipientes, material de embalagem e acondicionamento), distribuidores, farmácias (de rede e independentes) e o mercado institucional; além do grande número de especialidades farmacêuticas no mercado e os problemas referentes à segurança e qualidade destas (REIS, PERINI, 2008). Já o desabastecimento de medicamentos afeta a segurança do processo assistencial e aumenta a probabilidade de erros de medicação. De modo geral, as despesas com assistência à saúde são aumentadas devido ao emprego de alternativas de preço mais elevado. No setor público, de uma maneira geral, o desabastecimento está relacionada à má gestão dos planejadores de assistência farmacêutica e/ou à ausência de planejamento (REIS, PERINI, 2008). No processo de aquisição de medicamentos espera-se que estes tenham, acima de tudo, qualidade que engloba os seguintes aspectos: eficácia, efetividade e adequabilidade às doenças prevalentes do serviço de saúde ou da população a que se pretende atender (que devem ser previamente solucionadas por um bom processo de seleção e padronização); e ainda o estabelecimento do nível de exigência de qualidade desejado e do que pode ser efetivamente feito durante o processo de aquisição. Como as compras de medicamentos no serviço público são realizadas através de licitação e pelo menor preço, a qualidade dos produtos adquiridos tem sido tema de bastante preocupação, uma vez que, com freqüência são ofertados produtos de baixa qualidade (JOHNSON, BOOTMAN, 1994 apud LUIZA, DE CASTRO, NUNES, 1999; MELO, 2006) O número de registros de medicamentos no Brasil, em uma estimativa que abrange todas as categorias, é de cerca de 11.000, sendo 840 de medicamentos genéricos e 7.600 de similares (BRASIL, 2003a). Deve-se entender como medicamento similar aqueles que possuem o mesmo fármaco, a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência, devendo ser realizados testes de biodisponibilidade relativa e equivalência farmacêutica. A equivalência farmacêutica, realizada em laboratório, serve para comprovar se o similar tem o mesmo princípio ativo, na mesma dosagem e forma farmacêutica (comprimido, cápsula, pomada, etc.) que o medicamento de referência. A biodisponibilidade relativa determina a quantidade e em quanto tempo um princípio ativo atinge a corrente sanguínea, depois de administrado, em comparação com um produto de referência; de forma que medicamento de referência deve ser aquele inovador, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente, por ocasião do registro no Ministério da Saúde. São os medicamentos que, de maneira geral, encontram-se no mercado há bastante tempo e têm uma marca (BRASIL, 2003b; BRASIL, 2007a). Os problemas que mais vêm preocupando o mercado brasileiro no tocante aos medicamentos similares envolvem: (a) a extrema disparidade no quesito qualidade das indústrias de medicamentos que, numa tentativa de uniformizar a qualidade, por meio da imposição de critérios, foi implantando nesta década, o Programa Nacional de Inspeção das Indústrias Farmacêuticas e Farmoquímicas (PNIIFF) que se atém apenas a aspectos estruturais que acabam não se tornando suficientes para que se obtenha total garantia da qualidade; (b) a insegurança quanto aos produtos que possuem componentes químicos iguais, mesma formulação, processo de preparo e dose, administrados nas mesmas condições, e, portanto, teórica e biofarmaceuticamente equivalentes, sejam também de maneira efetiva bioequivalentes, ou seja, que tenham equivalente ação terapêutica. Mesmo em países desenvolvidos há certa dificuldade ao realizar estas avaliações, seja pela indigência das metodologias empregadas, seja pela necessidade de avaliações repetidas através do tempo sem ser possível então, assegurar tal bioequivalência de maneira precisa (LEVY, 1995 apud LUIZA, DE CASTRO, NUNES, 1999). De acordo com o exposto no decorrer deste texto é possível perceber que a possibilidade dos medicamentos fornecidos gratuitamente pelos postos de saúde não serem eficazes é de extrema gravidade para a saúde pública; onde estão inseridos os postos de medicamentos de distribuição gratuita (medicamentos essenciais) para várias doenças inclusive do Diabetes que é um importante problema de saúde pública e a quarta principal causa de morte da população adulta em Santa Catarina. No município de Araranguá, O Diabetes é a terceira principal causa de mortalidade (25,6%) e sendo ainda, causa de internação (6,4%) em pacientes com mais de 65 anos, segundo dados de Sistema de Internação Hospitalar de 2006 (BRASIL, 2006-2007) Diante dos altos índices de Diabetes e a consequente necessidade de fornecimento de medicamentos a todos que procurem tratamento pelo SUS, que adquire estes medicamentos por licitação por um baixo custo, é importante que este mantenha o compromisso com esta população garantindo a qualidade de seu medicamento. A partir disto, a avaliação da qualidade deste fármaco hipoglicemiante fornecido pela prefeitura municipal, torna-se um instrumento importante tanto na qualificação dos fornecedores, no processo licitatório bem como na promoção de saúde. Os critérios empregados para avaliação dos comprimidos neste trabalho são: aspecto visual, peso, resistência mecânica, tamanho/espessura, desintegração e doseamento. OBJETIVO GERAL Realizar avaliação comparativa dos comprimidos de Glibenclamida similar e referência, distribuídos gratuitamente pelo setor público de saúde local. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Avaliar as propriedades físicas e química de comprimidos de Glibenclamida 5 mg similar e referência; - Realizar avaliação comparativa; - Averiguar se houve diferenças significativas nas análises realizadas; - Apresentar os resultados obtidos. METODOLOGIA O presente estudo terá como objetivo realizar a avaliação da qualidade de comprimidos de Glibenclamida 5 mg similar fornecidos gratuitamente pelo sistema público de saúde de Araranguá, comparando com a qualidade apresentada pelo seu medicamento referência distribuído como amostra grátis em Farmácia Comunitária que atende a região. Os parâmetros considerados que serão avaliados são: características organolépticas, peso médio, resistência mecânica (friabilidade, dureza) e doseamento. Para o cumprimento destes ensaios foram utilizados aproximadamente 80 comprimidos de cada amostra de Glibenclamida (medicamento referência e seu similar). Características Organolépticas - Aspectos Visuais: Incluirá a quantificação de um determinado número de propriedades tais como: tamanho, a forma, a cor, a presença ou ausência de cheiro, rugosidade da superfície, defeitos físicos (LACHMAN, LIEBERMAN, KANIG, 2001). - Diâmetro/espessura: Será avaliado com auxílio de paquímetro devidamente calibrado. Peso e Massa: O peso será determinado através balanças devidamente calibradas, onde serão pesados individualmente 20 comprimidos para que então seja determinado o peso médio, sendo que não deverão ser tolerados não mais que duas unidades fora dos limites preconizados. Estes comprimidos serão avaliados de acordo com os critérios determinados pela F.B. IV ed., onde relaciona o peso médio obtido para os comprimidos com seus limites de variação (FARMACOPÉIA BRASILERA, 1988-2004). Resistência Mecânica - Friabilidade: Neste teste utilizou-se balança analítica, béquer, pinça e friabilômetro (cilindro com 20 cm de diâmetro e 4 cm de espessura, que gira em torno de seu próprio eixo com velocidade de rotação de 20 rpm). O cilindro contém lâminas que recolhem os comprimidos a cada rotação, levando-os a uma altura pré-determinada de onde eles caem repetidamente com as rotações consecutivas. Segundo a FARMACOPÉIA BRASILEIRA (1988-2004), alguns comprimidos devem ser submetidos a uma rotação de 25 rpm por 5 minutos com tolerância de no máximo 1,5% de perda de seu peso. Após transcorrer este tempo será possível calcular a resistência ao atrito e choque. Para realização do cálculo da porcentagem de friabilidade não devem ser considerados os comprimidos lascados ou aqueles que se separam em duas camadas. - Dureza: Determina a resistência mecânica do comprimido ao esmagamento com o uso de durômetro a uma pressão continuada. Limite mínimo para teste de dureza em comprimidos é de 3 kgf para valores obtidos com aparelho que exerce pressão por meio de mola espiral (FARMACOPÉIA BRASILERA, 1988-2004). Desintegração Será determinado o tempo em que um comprimido se desfaz em meio aquoso aquecido a 37°C +/- 1°C, num sistema em movimento (ascendente e descendente), pretendendo produzir os mesmos efeitos sofridos pelo comprimido após ser ingerido e no percurso boca, estômago e intestino. O limite de tempo baseia-se no critério especifico para o teste de desintegração dos comprimidos de Glibenclamida que é de, no máximo, 15 minutos. (FARMACOPÉIA BRASILERA, 1988-2004; MOISÉS, 2006). eo sq u is b iP b g rá fia co as X A q iliis ia ç ã o d m e(u d c e to s irefe s m irêm ln ac rin e a )e X P ro d u ç ão d c o m p r i m i d o s n áa lis se s fA ís ip c e co m rliim id d o s A n á se s q u ím ic a s d es c o m p r i m i d o A n á lis sie c o n c l u v a E n te red g afe d o e s atc X X X X X Doseamento X X X X Determina o quanto de princípio ativo está presente na formulação. Técnica - pesar e pulverizar X X X 20 comprimidos. Transferir quantitativamente, para balão volumétrico de 200 mL, quantidade de pó, exatamente pesada, equivalente a cerca de 20 mg de glibenclamida. Adicionar 4 mL de ácido clorídrico 0,5 M e agitar. Adicionar 100 mL de metanol e submeter ao banho de ultra-som por 15 minutos e, em seguida, agitar mecanicamente por mais 15 minutos. Completar o volume com metanol e homogeneizar. Filtrar. Pesar, exatamente, cerca de 50 mg de glibenclamida padrão e transferir para balão volumétrico de 50 mL, dissolver em 35 mL de metanol e submeter ao banho de ultra-som por 15 minutos. Agitar mecanicamente mais 15 minutos. Completar com metanol. Transferir 5 mL desta solução para balão volumétrico de 50 mL, adicionar 1 mL de ácido clorídrico 0,5 M e agitar. Completar o volume com metanol e homogeneizar. Medir as absorbâncias das soluções resultantes em 300 nm utilizando a mistura de ácido clorídrico 0,5 M e metanol (1:49) para ajuste zero. Calcular o teor de Glibenclamida nos comprimidos a partir das leituras obtidas (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, [1995?]). Todas as etapas de avaliação dos comprimidos de Glibenclamida 5 mg referência e seu similar serão realizadas no Laboratório de Controle de Qualidade (localizado no bloco S) da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC. CRONOGRAMA ATIVIDADES FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO ORÇAMENTO: Quantidade Solicitada 01 01 01 01 01 01 01 01 02 10 01 01 02 01 04 04 02 01 10 05 500 mL 500 mL 700 mL 06 03 Descrição: Equipamentos, Materiais e Reagentes BALANÇA ANALÍTICA FRIABILÔMETRO DESINTEGRADOR ESPECTROFOTÔMETRO PAQUÍMETRO AGITADOR MAGNÉTICO CRONÔMETRO DURÔMETRO BECKER DE PLÁSTICO (500 mL) BECKER DE PLÁSTICO (150 mL) PROVETA (500 mL) PROVETA (50 mL) PIPETAS (10 mL) CUBETA DE QUARTZO (300nm) BASTÃO DE VIDRO TUBOS DE ENSAIO GRAL LUPA ESPÁTULAS DE PESAGEM PAPEL FILTRO ÁLCOOL METÍLICO (METANOL) ÁCIDO CLORÍDRICO ÁLCOOL CX C/ 15 COMPRIMIDOS GLIBENCLAMIDA REFER. CX C/ 30 COMPRIMIDOS GLIBENCLAMIDA SIMILAR TOTAL Custo total (em Reais) 15,00 4,965 5,39 4,55 R$ 29,90 As matérias primas utilizadas para produção dos comprimidos de Glibenclamida, conforme exposto na tabela acima, gerarão um custo de R$ 29,90. Financiado pelo Departamento do curso de Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Equipamentos e materiais (aqueles que não contêm valor estimado na tabela de Orçamento) não gerarão custo para o Departamento de Farmácia da UNESC, uma vez que já fazem parte da estrutura presente no laboratório de Controle de Qualidade desta universidade. Os comprimidos (similar e referência) que serão utilizados nas análises serão advindos de doações, não gerando despesas adicionais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AULTON, Michael E. Delineamento de formas farmacêuticas. 2. ed Porto Alegre: ARTMED, 2005. 677 p. BRASIL, 1988. Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Publicada no Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/constituicao_saude_idoso.pdf>. Acesso em: maio 2009. ______, 1990. Congresso Nacional. Lei nº. 8.080, de 19 de setembro de 1990. 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