AVALIAÇÃO DE RAÇÕES NO GANHO DE PESO DE CODORNAS JAPONESAS Antônio Pasqualetto1, Adriano Póvoa Ribeiro2 , Carlos André R. Araújo2 , Mário Zanin Netto2, Melissa T. Gonçalves2 Resumo – Objetivou-se determinar o ganho de peso de codornas ao consumirem duas rações para frangos de corte de marcas diferentes, já que se desconhece no mercado rações direcionadas para as mesmas. Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado com dois tratamentos (Ração Guabi e Ração Fri-ribe) e dez repetições. Foram fornecidos 200g de ração por dia por grupo de 10 aves, conforme tratamento pré-estabelecido (100g pela manhã e 100g a tarde ). A água foi fornecida à vontade. As codornas foram submetidas a esta dieta alimentar por um período de 15 dias, no final deste prazo observou-se o ganho de peso vivo obtido. Foram avaliados o peso inicial e o peso final das codornas, o ganho diário de peso de cada codorna e o ganho total de peso que foi obtido durante os 15 dias de dieta alimentar. Os dados foram submetidos ao teste F de comparação de médias, com o nível de significância de 0,05. Pode-se concluir que as diferentes marcas de rações não diferem significativamente no ganho de peso vivo diário das codornas, mas são consumidas em quantidades não similares. Palavras-chave: codornas, rações, ganho de peso Avaliation of rations in the Gain Weight of Japanese Quails Abstract – This search had the objective to determinate the gain weight of the quail using two rations to cockerel for slaughter from different marks, because don’t exist quails rations in the market. It was utilized a complete randomized design with two treatments and ten replications. It was furnished 200g of ration for day for treatment, the treatment 1 received Guabi ration and treatment 2 received Fri-ribe ration, and the water was furnished at pleasure. The quails stayed in this treatment for 15 days, in the end of this time the quails was weighted and so we can find the results of gain weight. At realization of this work we can observe the initial weight and the final weight of the quails, the diary gain of weight of each replication and the total gain weight. The datum was submitted at test F of comparing of mediums with a significance level of 0,05. Concluded that the different marks of rations don’t actuate with significance in the gain weight. Key-words: quail, rations, gain weight _______________________________ 1 2 Professor Doutor do Depto. de Engenharia da Universidade Católica de Goiás - Goiânia - GO Acadêmicos do Curso de Zootecnia da Universidade Católica de Goiás - Goiânia - GO 2 INTRODUÇÃO As codornas domésticas tiveram sua origem nos diversos cruzamentos entre codornas selvagens realizados pelos japoneses e chineses. Com os excelentes resultados obtidos na produção de carne e ovos, a coturnicultura expandiu-se pelo oriente e pelos países europeus, chegando ao Brasil em 1959, passando a ser criada comercialmente a partir de 1961 especialmente por imigrantes japoneses no estado de São Paulo. (GUIA RURAL, p. 77, edição especial). As codornas pertencem à ordem galináceos, família faisanidae, gênero coturnix, e espécie coturnix. As principais características das codornas são o seu rápido desenvolvimento e curto intervalo entre gerações; o dimorfismo sexual (diferenciação do sexo pela aparência) que ocorre aos 15 dias de idade; a maturidade sexual precoce: 42 dias para a fêmea e 48 dias para o macho; as fêmeas adultas são em média 10% mais pesadas que os machos, possuem o abdômen mais amplo e o peito mais largo e claro, com manchas pretas, emitem pequenos pios mas não cantam; os machos tem pigmentação mais avermelhada, bico e cabeça mais escuros e não possuem pintas no peito, cantam bastante quando atingem a maturidade sexual; alta taxa de postura; ovos grandes em relação ao peso corporal; peso médio entre 115 gramas (45 dias) e o rendimento de carcaça pode chegar a 72% do peso vivo. Para formulações de rações balanceadas para codornas, têm sido utilizados valores energéticos de alimentos determinados com frango de corte, o que nem sempre permite formular rações que atendam corretamente a exigência destas aves. Deste modo, há a necessidade de realização de pesquisas que nos permitam quantificar o ganho de peso das codornas, quando submetidas a dietas a diferentes fontes comerciais de ração fabricadas para frangos de corte, e posteriormente, a partir desses resultados começar a pensar uma formulação de ração específica para codornas. Trabalhos neste sentido foram conduzidos por FURLAN, A.C. et al., 1998, avaliando o valor energético de diferentes alimentos na dieta de codornas japonesas. Esta pesquisa objetivou determinação do ganho de peso das codornas submetidas a alimentação com diferentes tipos comerciais de rações para frangos de corte, já que se desconhece no mercado rações específicas para codornas. 3 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na chácara Cosme e Damião no município de Senador Canedo – GO, em 1999, seguindo orientação de criação com base nas informações de FABICHAK, I., 1987. Foram utilizadas 20 codornas machos. As mesmas foram alojadas em duas gaiolas de madeira de 110 cm de largura e 80 cm de comprimento, em grupos de dez aves por gaiola. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado com dois tratamentos, sendo dois tipos comerciais de ração (Ração Guabi e Ração Fri-ribe) e dez repetições. As características das rações utilizadas estão abaixo: 1.Fri-ribe - Composição Básica do Produto Milho moído 59,80%, Farelo de soja, Farinha de carne, Fosfato bicálcico, Calcáreo calcítico, Sal comum, Suplemento vitamínico mineral e Aditivos. - Enriquecimento por kg de produto Vitamina A – 4500 U.I./ Vitamina D3 – 1000 U.I./ Vitamina E – 20,00 mg/ Vitamina K – 1,20 mg/ Vitamina B2 – 4 mg/ Vitamina B1 – 1 mg/ Vitamina B6 – 0,60 mg/ Vitamina B12 – 22 mcg/ Ácido pantotênico – 7,20 mg/ Niacina – 30 mg/ Ácido fólico – 0,50 mg/ Furazolidona – 100 mg/ Antibiótico – 12,50 mg/ Manganês – 50 mg/ Cobre – 50 mg/ Zinco – 50 mg/ Iodo – 0,36 mg/ Selênio- 0,10 mg/ Colinas – 200 mg/ Metionina – 1300 mg/ Lisina – 150 mg/ Coccidiostático – 500 mg/ Antioxidante (BHT) – 100 mg. - Níveis de garantia Umidade (máx.) 12%, Proteína bruta (mín.) 20%, Extrato etéreo (mín.) 3%, Matéria fibrosa (máx.) 6%, Matéria mineral (máx.) 8%, Cálcio (máx.) 1,30%, Fósforo (mín.) 0,50%. Guabi - Composição Básica do Produto Milho, Farelo de soja, Sorgo, Farelo de trigo, Protenose, Farinha de carne, Refinazil, Farelo de arroz desengordurado, Sal, Fosfato bicálcio, Premix mineral e vitamínico. - Enriquecimento por KG de produto 4 Vitamina A - 11000 U.I., Vitamina D3 - 2500 U.I., Vitamina E - 13 mg, Vitamina K 1,50 mg, Riboflavina - 5 mg, Tiamina - 1 mg, Pantotenato de cálcio - 12,5 mg, Niacina 28 mg, Piridoxina - 3 mg, Biotina - 0,5 mg, Colina - 300 mg, Ácido fólico - 0,55 mg, Vitamina B12 - 20 mcg, Antioxidante (Etoxiquin) - 125 mg, Antibiótico (Virginiamicina) - 150 mg, Coccidicida - 500 mg, Cobre - 3 mg, Iodo - 0,4 mg, Ferro 20 mg, Zinco - 40 mg, Manganês - 0,4 mg, Selênio - 0,1 mg. - Níveis de garantia Umidade (máx.) 12%, Proteína bruta (mín.) 19%, Extrato etéreo (mín.) 2%, Matéria fibrosa (máx.) 8%, Matéria mineral (máx.) 10%, Cálcio (máx.) 1,6%, Fósforo (mín.) 0,40%. Foram fornecidos 200g de ração por dia para cada grupo de codornas (100g pela manhã e 100g a tarde), de acordo com os tratamentos estabelecidos, e água fornecida à vontade. As aves foram adquiridas com 21 dias para que se adaptassem ao local do experimento. Aos 28 dias todos os animais foram pesados e a partir dos 30 dias de vida começaram a receber as rações de engorda. Após 15 dias submetidas a esta dieta, as codornas foram pesadas para obter resultados de peso final e consequentemente o ganho de peso vivo diário e no período, por ave. Os dados coletados foram submetidos a análise de variância utilizando-se o teste F à 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante a condução do experimento, percebeu-se que o consumo diário de ração foi inferior a oferta de alimento, registrando-se sobras diárias (Quadro 1). A média de consumo da ração Guabi foi de 152,3g e a da ração Fri-ribe foi de 138,0g por grupo de 10 codornas. Os índices de consumo registrados abaixo dessa média foram provocados, provavelmente, por eventuais ocorrências de estresse. 5 Quadro 1 – Consumo diário de ração (g), em cada tratamento, constituído por grupo de 10 codornas. Data Consumo diária de rações/10 codornas (g) Guabi Fri-ribe 140 160 130 150 130 140 130 140 170 140 150 150 170 90 160 120 150 140 150 120 170 140 150 100 150 150 175 170 160 160 152,3 138,0 30/Set 01/Out 02/Out 03/Out 04/Out 05/Out 06/Out 07/Out 08/Out 09/Out 10/Out 11/Out 12/Out 13/Out 14/Out Média Os dados foram submetidos a análise de variância e comparados pelo teste F a 5% de probabilidade (Quadro 2). Quadro 2. Quadrado médio do resíduo para as características de peso inicial, peso final, ganho de peso diário e ganho de peso ao final do tratamento (45 dias de idade) Fontes de variação G. L. Peso inicial (g/codorna) Peso final (g/codorna) Dentro de rações 1 45,0000ns 320,0000ns Entre rações 18 46,3889ns 16,6667* Total 19 * significativo a 5% de probabilidade pelo teste F ns: não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F Ganho de peso vivo diário (g/codorna) 0,5544ns 0,2840ns Ganho de peso vivo em 15 dias (g/codorna) 125,0000ns 64,16667ns Pode-se observar o peso inicial e o peso final das codornas, o ganho diário de peso vivo de cada ave e o ganho total obtido aos 15 dias em que elas foram submetidas à alimentação com tipos diferentes de rações no quadro 3. 6 Quadro 3 – Dados gerais da pesquisa envolvendo tipos de rações na alimentação de codornas. Tratamentos Repetições Peso Peso final Ganho de peso Ganho de peso vivo em inicial (g) vivo diário 15 dias (g) (g/codorna) (g/codorna) Ração guabi 1 80 115 2,33 35 2 80 115 2,33 35 3 95 110 1,00 15 4 90 120 2,00 30 5 80 110 2,00 30 6 85 120 2,33 35 7 80 110 2,00 30 8 75 115 2,66 40 9 85 110 1,66 25 10 75 115 2,66 40 Média 82,5 a 114 b 2,10 a 31,5 a Ração fri-ribe 1 75 130 3,66 55 2 85 120 2,33 35 3 80 120 2,66 40 4 85 120 2,33 35 5 75 120 3,00 45 6 85 120 2,33 35 7 90 120 2,00 30 8 95 120 1,66 25 9 95 130 2,33 35 10 90 120 2,00 30 Média 85,5 a 122 a 2,43 a 36,5 a C.V. (%) 8,11 3,46 23,54 23,56 Médias seguidas de mesma letra, em cada coluna, não diferem estatisticamente entre si a nível de 5% de probabilidade pelo teste F. Constatou-se que o peso vivo final apresentou diferença significativa para tipos de rações, ou seja, a ração da marca fri-ribe a média de peso de cada codorna ficou em 122g enquanto para a ração guabi não ultrapassou 114g. Há que se considerar, que embora sem diferença estatística, o peso inicial do lote de aves com dieta alimentar da ração fri-ribe apresentava leve superioridade em relação ao lote submetido a ração guabi, o que pode contribuir para os resultados obtidos. Entretanto, quando se considera o consumo total de ração do período, foi maior para a ração guabi não traduzindo-se em incremento proporcional àquele obtido com a ração fri-ribe. O ganho de peso vivo diário por codorna embora sem diferenças significativas, demonstra tendência favorável às aves submetidas a ração fri-ribe (2,43g/codorna) enquanto a ração guabi possibilitou ganho de 2,10 g/codorna. Contudo, o coeficiente de variação de 23,54% indica ter havido variação elevada entre codornas quanto a esta característica, sugerindo-se novos estudos para confirmar tais observações. 7 Se considerado o preço de mercado semelhante e composição similar das formulações comerciais testadas, e ganho de peso diário/codorna sem diferenças estatísticas, o consumo diário de ração passa a ser um fator preponderante na diminuição dos custos. Assim sendo, haveria menor consumo da ração fri-ribe (138g/10codornas), sem contudo ser refletido em menor ganho de peso comparada a ração guabi (152,3g/10codornas), o que representa melhor relação custo/benefício. CONCLUSÕES Conclui-se que as diferentes marcas de rações não atuam diferentemente no ganho de peso diário das codornas, entretanto, se levado em conta o consumo total de ração, a ração da marca Fri-ribe teve menor consumo. Se o preço de mercado estiver similar para ambas as rações, este fator passa a ser preponderante na menor relação do custo/benefício. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FABICHAK, I. Codorna: Criação, Instalação, Manejo. São Paulo, Nobel, 1987, 72p. FURLAN, A.C., ANDREOTTI, M.O., MURAKAMI, A.E., et al. Valores energéticos de alguns alimentos determinados com codornas japonesas. Revista. Brasileira de Zootecnia, 27(6):1147–1150, 1998. GUIA RURAL. Manual da Criação ( codornas ). edição especial, ed. Abril. p. 77.