II Seminário Iniciação Científica – IFTM, Campus Uberaba, MG. 20 de outubro de 2009. PESO E GANHO DE PESO DE BEZERROS LEITEIROS NA FASE DE RECRIA, ALIMENTADOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE INCLUSÃO DE LEVEDURA SECA DE CANA NA DIETA GONCALVES, T.1; JAYME, D.G.2; SILVEIRA, M.A1; RODRIGUES, V.H.C1; CAMILO, M.J1 1 Estudante Bacharelado em Zootecnia . 2 Prof. IFET UBERABA, Dr. Zootecnia e-mail: [email protected]. RESUMO Objetivou-se com este trabalho avaliar o peso e ganho de peso de bezerros alimentados com diferentes níveis de levedura seca de cana na dieta. Foram utilizados 25 bezerros leiteiros girolando, alojados em cinco grupos. Foram cinco dietas distintas contendo os níveis 0, 5, 10, 15 e 20% de inclusão de levedura seca de cana. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 5 repetições. Cada animal recebeu 1800g de concentrado dividido em duas refeições as 9:00h e 15:00h. Os animais foram pesados no início do experimento e posteriormente, a cada 14 dias e ao final do projeto, calculando-se o ganho de peso entre as pesagens. Não foram observadas diferenças (p>0,05) no ganho médio de peso nos diferentes tratamentos.Conclui-se que se pode utilizar levedura seca de cana em até 20% da dieta sem comprometer o ganho de peso dos bezerros. Palavras chaves: alimentação, desempenho animal, levedura, valor nutritivo INTRODUÇÃO Existem variedades de alimentos e resíduos da agroindústria que podem ser utilizados na alimentação de ruminantes e seu valor nutricional é determinado por complexa interação de seus constituintes e dos microrganismos do trato digestivo, nos processos de digestão e absorção, no transporte e na utilização dos metabólitos, além da própria condição fisiológica do animal. Dessa forma, a necessidade de melhorar a eficiência do custo de produção dos ruminantes tem estimulado maior interesse em estudos utilizando-se fontes de proteínas e outras fontes alternativas de alimentos concentrados que contenham altos níveis de amido (HOLZER et al, 1997; MEDRONI, 1998; ZEOULA et al., 1998). Atualmente, nosso país destaca-se como um dos maiores produtores de etanol (álcool combustível) do mundo, vivendo uma fase de expansão da cultura de cana de açúcar, que atravessou as fronteiras de regiões produtoras tradicionais, em busca de novas áreas como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Minas Gerais. Para produção do etanol é necessária a utilização de levedura. Essa levedura utilizada para fermentação nas usinas sucroalcooleiras posteriormente será recuperada, seca e destinada à alimentação animal. Segundo Barbalho (2007), na década II Seminário Iniciação Científica – IFTM, Campus Uberaba, MG. 20 de outubro de 2009. de 70 e 80, diversos trabalhos zootécnicos foram realizados, tendo um único objetivo viabilizar a levedura como fonte protéica alternativa. A levedura de cana (Saccharomyces Cerevisiae) é um produto totalmente natural, podendo ter uma significativa importância na alimentação animal. Tem como propriedade melhorar significativamente os índices zootécnicos dos animais por se tratar de uma ótima fonte de proteína. A levedura também se destaca pela concentração de vitaminas de complexo B, principalmente Tiamina, Riboflavina, Niacina e Ácido Pantatênico. Existe ainda uma quantidade de ergosterol, o que a torna uma excelente fonte de Vitamina D. Outros componentes são os nucleotídeos, representados pelos ácidos nucléicos. Os nucleotídeos têm efeito sobre o trato gastrointestinal, aumentando o crescimento influenciando positivamente a flora intestinal. A utilização de levedura na alimentação dos ruminantes tem sido avaliada em ensaios que procuraram determinar o valor nutritivo (digestibilidade) ou o desempenho animal, comparativamente às fontes convencionais de proteína. Objetivou-se com este trabalho avaliar o peso e ganho de peso de bezerros alimentados com diferentes níveis de levedura seca de cana na dieta. MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – campus Uberaba, no setor de Bovinocultura. Foram utilizados 25 bezerros leiteiros girolando, desverminados, vacinados contra febre aftosa, identificados com brincos plásticos e alojados em cinco grupos, em piquetes medindo 0,5ha divididos por cerca de arame liso, coberto por sombrite medindo 6 metros de largura por 7 metros de comprimento e 2 metros de altura. Os piquetes eram dotados de bebedouro, comedouro para fornecimento de silagem e cochos para ração e sal mineral. Os animais recebiam silagem e sal mineral à vontade. Foram avaliadas cinco dietas distintas contendo os níveis de 0, 5, 10, 15 e 20% de inclusão de levedura seca de cana na dieta dos animais. Os cálculos das exigências nutricionais foram baseados no NRC (2001). Os lotes foram identificados com coleiras de diferentes cores em função do tratamento, sendo a escolha dos animais feita ao acaso. Cada animal recebeu 1800g de concentrado dividido em duas refeições as 9:00h e 15:00h. Os animais foram pesados no início do experimento e posteriormente, a cada 14 dias e ao final do projeto, calculando-se o ganho de peso entre as pesagens. As pesagens foram efetuadas sempre pela manhã. Os dados de peso e ganho de peso foram analisados levando-se em consideração os efeitos principais do percentual de levedura de cana de açúcar na dieta. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 5 II Seminário Iniciação Científica – IFTM, Campus Uberaba, MG. 20 de outubro de 2009. repetições. Para a análise de variância utilizou-se o SAEG versão 8.0, 1998, sendo as médias comparadas a 5% de probabilidade, utilizando-se o teste de Tukey. As médias geradas pelo experimento foram analisadas segundo o modelo estatístico abaixo: Ŷij = µ + Hi + eij onde, Ŷij = variável dependente µ = média geral Hi = efeito do tratamento i (i = 1,2,3,4) eij = erro padrão da média RESULTADOS E DISCUSSÃO Não foram observadas diferenças (p>0,05) no ganho médio de peso nos diferentes tratamentos. Como podemos observar na Tabela 1. Tabela 1. Peso médio (PM) de bezerros leiteiros alimentados com diferentes níveis de inclusão de levedura. Tratamento 0% 5% 10% 15% 20% Média CV P1 138,75 135,80 134,83 139,20 126,08 134,93 23,95 P2 148,41 144,30 137,58 147,80 131,25 141,87 21,61 P3 161,75 159,30 153,00 164,10 144,25 156,48 20,66 P4 171,25 168,90 164,83 173,60 155,66 166,85 21,46 P5 183,17 181,90 174,75 180,70 161,67 176,44 21,03 P6 211,00 218,20 205,83 203,80 186,83 205,13 19,12 Médias seguidas por letras minúsculas diferentes na mesma coluna apresentam diferença estatística significativa Tukey (p<0,05). Podemos observar que os animais de todos os tratamentos obtiveram aumento de peso com avançar do tempo. Os dados do Ganho de Peso médio dos animais são apresentados na Tabela 2. Não foram observados diferenças (P>0,05) no ganho de peso entre os tratamentos. A média de ganho de peso variou de 0,46 kg para a quarta pesagem a 1,2 kg para a primeira pesagem. Tabela 2. Ganho de peso médio (GPM) de bezerros leiteiros alimentados com diferentes níveis de inclusão de levedura. Tratamentos 0% 5% 10% 15% 20% Média GP1 2,91 0,65 0,21 0,66 1,54 1,2 GP2 0,95 1,07 1,1 1,16 0,93 1,04 GP3 0,68 0,69 0,85 0,68 0,82 0,74 GP4 0,57 0,62 0,47 0,34 0,29 0,46 GP5 0,93 1,21 1,03 0,77 0,84 0,96 Médias seguidas por letras minúsculas diferentes na mesma coluna apresentam diferença estatística significativa Tukey (p<0,05). II Seminário Iniciação Científica – IFTM, Campus Uberaba, MG. 20 de outubro de 2009. CONCLUSÕES Pode-se utilizar levedura seca de cana em até 20% da dieta sem comprometer o peso e ganho de peso de bezerros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBALHO, R.L.C. Efeitos da adição de diferentes níveis de levedura desidratada sobre o desempenho de leitões na fase inicial. Brotas, SP: Fazenda Santo Ignácio de Loyola, 2002. HOLZER, Z., AHARONI, Y., LUBIMOV, V. et al. 1997. The feasibility of replacement of grain by tapioca in diets for growing-fattening cattle. Anim. Feed Sci. Techn., 64:133-141. MEDRONI, S. Efeito da combinação de carboidratos e proteínas sobre a degradabilidade, digestibilidade e desempenho de novilhas Nelore confinadas. Maringá: UEM, 1998. 46p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Estadual de Maringá, 1998. NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC). Nutrients requirements’ of dairy cattle. Washington, DC: Natl. Acad. Sc., 7a rev. ed., 2001. 408 p. SAEG. Sistema de análises estatísticas e genéticas. Versão 8.0. Viçosa, MG: UFV, 2000. 142p. ZEOULA, L.M., ALCALDE, C.R., FREGADOLLI, F.L. et al. Degradação ruminal de grãos de cereais e da raspa de mandioca amassados. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, Botucatu, SP. Anais... p.35-37, 1998.