Centro Federal de Educa€•o Tecnol‚gica de S•o Paulo Eliane de Oliveira Lima Teixeira A Merenda Escolar e seus aspectos Polƒticos, Sociais e Nutricionais S•o Paulo 2008 Eliane de Oliveira Lima Teixeira I A Merenda Escolar e seus aspectos Polƒticos, Sociais e Nutricionais Monografia apresentada no Curso de Especializa€•o em Educa€•o Profissional T‚cnica de Nƒvel M‚dio Integrada ao Ensino M‚dio na Modalidade EJA, como requisito para obten€•o do tƒtulo de Especialista. BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Prof„.Ms.Maria Patrƒcia C…ndido Hetti _________________________________________________ Prof. Ms. Marco Ant†nio M. Grillo ________________________________________________ Prof orientadora Dra. Lourdes de F‡tima Bezerra Carril S•o Paulo 2008 II DEDICATˆRIA Dedico este trabalho: Ao Laerte, meu eterno mestre, companheiro, amigo e grande amor III AGRADECIMENTOS Meus sinceros agradecimentos: A Deus que me colocou em contato com pessoas t•o especiais. Ao papai (in memorian), por ter me ensinado e me motivado para a leitura. Aos diretores, coordenadores e alunos da Educa€•o de Jovens e Adultos, que aceitaram participar desta pesquisa. A Prof„ Dr„ Lourdes de F…tima Bezerra Carril, agrade€o imensamente por ter aceitado ser minha orientadora. Ao Prof. Dr. Marcelo de Almeida Buriti, por ter me incentivado e auxiliado em toda a an…lise quantitativa dos dados da pesquisa, ajuda que foi imprescindƒvel para a realiza€•o deste. Aos professores do curso de especializa€•o que “iluminaram passagens” como afirmou o professor Ms. Marco Antonio M. Grillo em uma de suas maravilhosas aulas. Aos colegas de turma, pela solidariedade e pelo incentivo. Ao meus filhos, Dimitri e Inaˆ, pela compreens•o. Ao Laerte, por tudo. IV RESUMO O presente estudo consistiu em verificar e analisar a Merenda Escolar tendo em vista o Programa Nacional de Alimenta€•o Escolar, considerando seus aspectos polƒticos, sociais e nutricionais. Observamos que o fato dos Conselhos de Alimenta€•o Escolar, muitas vezes, n•o terem a proximidade adequada com a comunidade escolar, refor€a as caracterƒsticas da a€•o assistencialista. Contudo, a realiza€•o da polƒtica de alimenta€•o como polƒtica p‰blica n•o pode ser tamb‚m definida exclusivamente como assistencialismo, pois as for€as sociais em movimento podem redefinir o car…ter da polƒtica, transformando-a em condi€•o necess…ria para sua reprodu€•o. A pesquisa revela que a maioria dos pesquisados entende a Merenda Escolar como uma Polƒtica p‰blica de Alimenta€•o, mas ficou evidenciado que os pesquisados n•o tˆm plena consciˆncia do seu significado. Tal fato demonstra a ausˆncia de uma articula€•o consistente entre a sociedade e o Estado, que analisamos estar em consonŠncia com o car…ter contradit‹rio do ‰ltimo. Participaram da pesquisa 112 alunos da Educa€•o de Jovens e Adultos de duas Escolas Estaduais e Municipais em S•o Paulo. Os pesquisados, com idade m‚dia de 31 anos (Œ14,26), sendo 58,7% do sexo feminino, s•o predominantemente solteiros, com renda mensal de at‚ 3 sal…rios-mƒnimos. Como crit‚rios metodol‹gicos foram utilizadas, dialeticamente, as an…lises quantitativa e qualitativa. Os resultados mostraram que os benefici…rios da Merenda Escolar a entendem como Polƒtica P‰blica e tˆm grande interesse em tudo o que diz respeito • merenda escolar, destacando-se os h…bitos alimentares saud…veis. Conclui-se que ‚ necess…rio um trabalho com maior articula€•o entre a comunidade escolar, os Conselhos de Alimenta€•o Escolar e organismos do governo. PALAVRAS-CHAVE Polƒtica P‰blica, Alimenta€•o Escolar, Assistencialismo, EJA V ABSTRACT The study consisted of verification and analysis of the School Alimentation, having in mind the National School Alimentation Program, and considering its political, social and nutritional aspects. We observed that the fact of the School Alimentation Council, many times, do not have the appropriate proximity with the school community, reinforces the characteristics of an assistance action. However, the accomplishment of politics of alimentation as public politics cannot also be exclusively defined as assistencialism, because the social forces in movement can redefine the nature of the politics, transforming it in a necessary condition for its reproduction. The research reveals that most of the interviewed people understand the School Alimentation as a public politics of alimentation, but it was evidenced that the interviewed people don't have total conscience of its meaning. Such fact demonstrates the absence of a consistent articulation between the society and the State that, we concluded, is in consonance with the contradictory nature of the last one. The interviewed people were 112 students of the Education for Youths and Adults of two State and Municipal Schools in S•o Paulo. The interviewed people, with medium age 31 years old (Œ14,26) and being 58,7% of the feminine sex, are predominantly single, with monthly income of up to 3 minimum wage. The quantitative and qualitative analyses were used, dialectically, as methodological criteria. The results showed that the beneficiaries of the School Alimentation understand it as Public Politics and they have great interest in everything that concerns the school alimentation, standing out the healthy alimentary habits. We could conclude that is necessary an effort with larger articulation among the school community, the School Alimentation Council and the government's organisms. KEYWORDS Public politics, School Alimentation, Assistencialism, EJA VI LISTA DE TABELAS 1. Estado civil do participante 2. N‰mero de filhos 3. Residˆncia 4. Trabalho 5. Renda 6. Faz uso da merenda na escola 7. Para resposta “nenhuma” apresente outra situa€•o 8. Como entendem a Merenda Escolar (Polƒtica P‰blica ou Assistencialismo) 9. A merenda ajuda no aprendizado? 10. A merenda escolar influencia nos h…bitos alimentares do aluno e da famƒlia (fez em casa prepara€Žes iguais as da Merenda Escolar?) 11. Interesse quanto • educa€•o alimentar 12. Motivo pelo qual voltaram a estudar 13. Preferˆncias Alimentares 14. O que ‚ servido na Merenda Escolar VII LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABIN = Associa€•o Brasileira da Ind‰stria de Nutri€•o CAE = Conselho de Alimenta€•o Escolar CNA = Comiss•o Nacional de Alimenta€•o CNAE = Campanha Nacional de Alimenta€•o Escolar CNME = Campanha Nacional de Merenda Escolar CONSEA = Conselho Nacional de Seguran€a Alimentar CPI = Comiss•o Parlamentar de Inqu‚rito DSE = Departamento de Suprimento Escolar ECA = Estatuto da Crian€a e do Adolescente EEs = Entidades executoras EJA = Educa€•o de Jovens e Adultos FAE = Funda€•o de Assistˆncia ao Estudante FAO = Food Agriculture Organization FGV = Funda€•o Get‰lio Vargas FINSOCIAL = Fundo de Investimento Social FNDE = Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa€•o GA = Grupo de Alunos do Ensino Fundamental (Municƒpio) GB = Grupo de alunos do Ensino M‚dio (Estado) IBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatƒstica ICCN = Incentivo ao Combate •s Carˆncias Nutricionais INAN = Instituto Nacional de Alimenta€•o e Nutri€•o IPEA = Instituto de Pesquisa Econ•mica Aplicada MST = Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra OMS = Organiza€•o Mundial da Sa‰de ONU = Organiza€•o das Na€Žes Unidas PAA = Programa de Aquisi€•o de Alimentos PAT = Programa de Alimenta€•o do Trabalhador PCA = Programa de Complementa€•o Alimentar PCCN = Programa de Combate •s Carˆncias Nutricionais PNAE = Programa Nacional de Alimenta€•o Escolar PNE = Plano Nacional de Educa€•o VIII PNLCC = Programa Nacional do Leite para Crian€as Carentes PRODEA = Programa de Desenvolvimento da Educa€•o Ambiental PRONAF = Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PSA = Programa de Suplementa€•o Alimentar SALTE = Sa‰de, Alimenta€•o, Transporte e Energia SAPS = Servi€o de Alimenta€•o e Previdˆncia Social SFCI = Secretaria Federal de controle Interno SISVAN = Sistema de VigilŠncia Alimentar e Nutricional STAN = Servi€o T‚cnico de Alimenta€•o Nacional TCU = Tribunal de Contas da Uni•o UNICEF =Fundo das Na€Žes Unidas para a InfŠncia USAID = United States Agency for International Development IX SUM‰RIO APRESENTA•‘O ............................................................................................................. XI INTRODU•‘O .................................................................................................................. 1 CAP’TULO 1 Polƒticas P‰blicas e Assistencialismo ......................................................... 6 CAP’TULO 2 Breve Hist‹rico da Alimenta€•o Escolar no Brasil..................................... 14 1. A polƒtica de Alimenta€•o durante os governos populistas 15 1.1 O Governo de Get‰lio Vargas e Josu‚ de Castro 15 1.2 A polƒtica de Alimenta€•o durante o governo de Gaspar Dutra 19 1.3 A polƒtica de Alimenta€•o durante o governo democr…tico de Get‰lio Vargas 20 1.4 A polƒtica de Alimenta€•o durante os governos de Jo•o Caf‚ Filho, de Juscelino Kubitschek, de JŠnio Quadros e de Jo•o Goulart 20 1.5 A pr…tica populista e as polƒticas sociais: uma an…lise dial‚tica 21 2. A polƒtica de Alimenta€•o durante o regime militar 24 3. A polƒtica de Alimenta€•o durante a Nova Rep‰blica (1985-1990) 27 4. O governo Collor (1990-1992) e de Itamar Franco(1992 – 1995) 28 5. O governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) 30 6. O Governo de Luiz In…cio Lula da Silva (a partir de 2002) 32 7. Considera€Žes Finais sobre a polƒtica de alimenta€•o a partir dos governos populistas at‚ o governo Lula 34 CAP’TULO 3 A Merenda Escola na vis•o dos alunos da EJA 38 1. A estrutura organizacional da merenda escolar na rede estadual e municipal 39 2. A pesquisa: M‚todo, Material e Participantes 41 3. Resultados e Discuss•o 43 An…lise das Tabelas 57 CONSIDERA•”ES FINAIS........................................................................................ 64 REFER•NCIAS............................................................................................................ 66 ANEXOS....................................................................................................................... 1 - Question…rio....................................................................................................... 2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.................................................. X APRESENTAŠ‹O H… vinte e seis anos, estudando a ciˆncia da Nutri€•o, com experiˆncia na …rea de Educa€•o Alimentar, junto aos Grupos de Gestantes Adolescentes, Hipertensos e Grupos de 3„ idade, surgiu o interesse de pensar a alimenta€•o escolar, o que se tornou possƒvel nesse momento como monografia do Lato Sensu (Especializa€•o em Educa€•o Profissional T‚cnica de nƒvel m‚dio integrada ao ensino m‚dio na modalidade EJA). Considerando que a fome j… foi causa de guerra e de epidemias que atingiram o mundo e que at‚ nos dias atuais se evidenciam as conseq–ˆncias sociais, econ•micas e fƒsicas da difƒcil acessibilidade aos alimentos, principalmente nas camadas de menor poder aquisitivo, a autora acredita ser de interesse pessoal, social e polƒtico, verificar o que est… sendo realizado em nƒvel de educa€•o para jovens e adultos no que se refere • alimenta€•o escolar. Existem diversas formas de se abordar a alimenta€•o na escola e uma delas ‚ por meio da merenda escolar, que foi introduzida no Brasil na d‚cada de 50, como polƒtica educacional para o universo da aprendizagem, com a finalidade de reduzir o fracasso escolar (evas•o e repetˆncia) e, conseq–entemente, melhorar o rendimento escolar, ou de melhorar a sa‰de e os h…bitos alimentares da popula€•o escolar extensiva a seus familiares. Considera-se importante identificar onde, quando, o que, como e com quem se come, para melhor definir o papel da merenda escolar. Os cursos de gradua€•o em nutri€•o est•o formando profissionais cada vez mais preparados para atuarem nos setores da Educa€•o e as escolas ainda n•o contam com a colabora€•o direta deste profissional, motivo pelo qual, torna-se relevante uma verifica€•o de como se realiza na pr…tica a operacionaliza€•o centralizada do Programa Nacional de Alimenta€•o Escolar (PNAE), tamb‚m conhecido com o nome de Programa de Merenda Escolar. Est… ligado ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa€•o (FNDE) que o gerencia e fornece assistˆncia financeira, normatiza, coordena, acompanha, monitora, fiscaliza e avalia a execu€•o do Programa. Os recursos provˆm do Tesouro Nacional e est•o assegurados no Or€amento da Uni•o, atrav‚s do Minist‚rio da Educa€•o e Cultura. O Programa Nacional de Alimenta€•o Escolar nasceu com a Constitui€•o Federal de 1988, que colocou a educa€•o como dever do Estado (Uni•o, Estados e Municƒpios) em seu artigo 208, inciso IV “atendimento em creche e pr‚-escola •s XI crian€as de zero a seis anos de idade” e inciso VII “atendimento ao educando no ensino fundamental, atrav‚s de programas suplementares de material did…tico-escolar, transporte, alimenta€•o e assistˆncia • sa‰de”. N•o h… pretens•o de, no desenvolvimento desta, dar uma abrangˆncia nacional ao tema, mas de pelo menos definir um perfil do aluno da EJA, nas escolas objeto da pesquisa, verificando qual a rela€•o dos alunos com a merenda escolar e assim dar um passo inicial para que este assunto seja melhor explorado junto a Educa€•o de Jovens e Adultos. Institucionalmente, poder… ser uma contribui€•o para futuros estudos no sentido de ampliar e aprimorar o Programa. Do ponto de vista cientƒfico, a nutri€•o dos seres humanos ‚ relevante para a manuten€•o da sa‰de e para o bem estar psico-social e a merenda escolar ‚ um meio de discutir e de introduzir h…bitos alimentares saud…veis • popula€•o, al‚m de ampliar o papel pedag‹gico da escola. Os altos ƒndices de fome e desnutri€•o, est•o relacionados com os fen•menos da globaliza€•o econ•mica. O problema da fome n•o est… isolado das questŽes de sa‰de, como: a obesidade, as doen€as cr•nico-degenerativas, as alergias, o cŠncer, a degrada€•o do meio-ambiente e a agress•o aos animais, uma vez que o consumo alimentar, visto como nutri€•o p‰blica, est… ligado a cidadania e se relaciona com a natureza. “O direito humano • alimenta€•o s‹ se concretiza realmente, quando proporciona o desenvolvimento pleno e saud…vel de cada cidad•o”( Castro, 2006). XII INTRODUŠ‹O Castro (2006), fez um estudo detalhado sobre a fome no Brasil, referindo-se • fome como um fen•meno limitado •s …reas de extrema mis‚ria, e tamb‚m • fome oculta, que seria aquela qualitativa, onde o indivƒduo alimenta-se diariamente, por‚m n•o obt‚m atrav‚s da alimenta€•o os nutrientes necess…rios para manuten€•o da sa‰de e para propiciar crescimento e desenvolvimento adequados • esp‚cie humana. Por outro lado Foucault (2000, p. 17) afirma: Pensamos que o corpo tem apenas as leis de sua fisiologia, e que ele escapa • hist‹ria. Novo erro: ele ‚ formado por uma s‚rie de regimes que o constroem; ele ‚ destro€ado por ritmos de trabalho, repouso e festa; ele ‚ intoxicado por venenos, alimentos ou valores, h…bitos alimentares e leis morais, simultaneamente; ele cria resistˆncias. A partir de tais pensamentos, n•o se pode entender a alimenta€•o apenas no seu aspecto fisiol‹gico, mas perpassada tamb‚m por elementos s‹cio-culturais. A alimenta€•o est… presente nas reuniŽes de trabalho, cientƒficas ou familiares. Durante a merenda escolar, misturam-se h…bitos, paladares, alimentos e comportamentos diferenciados. Aparecem gostos, sentimentos, preocupa€Žes e prazeres relacionados aos h…bitos alimentares. Tendo em vista que a alimenta€•o ‚ marcada tamb‚m pelo elemento s‹ciocultural e que a educa€•o visa formar o sujeito para a convivˆncia social, em tese, a merenda escolar tem um car…ter pedag‹gico. De acordo com Ceccim (1995, p. 63), “a alimenta€•o escolar ‚ um espa€o coletivo de prazer, nutri€•o e aproxima€•o de constru€•o cultural e convivencial”. Todavia, admitindo-se que a pedagogia possa ser instrumento que colabora para a autonomia dos sujeitos e • inclus•o social, a possƒvel permanˆncia do car…ter assistencialista do programa de merenda escolar n•o permite que se atinjam esses objetivos. Sabe-se que na sua origem, este programa era assistencialista. Foi implementado no Brasil em 1954, com verbas da UNICEF (‹rg•o da ONU) e era oferecido somente aos pobres e desnutridos. Entende-se que este programa foi inserido numa sociedade que, historicamente, criou contradi€Žes sociais e econ•micas gritantes. 1 Para compreender essas contradi€Žes no contexto da educa€•o e da merenda escolar, a dial‚tica marxista oferece suporte te‹rico e metodol‹gico importante para se pensar a realidade. Para a dial‚tica marxista, o concreto, o real, somente ‚ conhecido pelas media€Žes. O conhecimento do objeto em uma perspectiva dial‚tica supera o imediato caracterizando-se pelo mediato. Como nos lembra Kosik (1976) o concreto, o real, ‚ sƒntese de v…rias determina€Žes. Ou seja, a sƒntese revela o todo. N•o h… o concreto sem um ponto de chegada que ‚ a totalidade. Determina€Žes s•o partes, fra€Žes que se relacionam e se condicionam em um processo hist‹rico e que possibilitam a constru€•o do todo. Processo este sempre marcado pelas rela€Žes sociais. De acordo com Carril (2006, p.25): “[...] nenhum processo social pode ser analisado separadamente, uma vez que traduz o sentido das rela€Žes sociais”. Chauƒ (1989, p.19) tamb‚m afirma: [...] o real n•o ‚ um dado sensƒvel nem um dado intelectual, mas ‚ um processo, um movimento temporal de constitui€•o dos seres e de suas significa€Žes, e esse processo depende fundamentalmente do modo como os homens se relacionam entre si e com a natureza. Essas rela€Žes entre os homens e deles com a natureza constituem as rela€Žes sociais como algo produzido pelos pr‹prios homens, ainda que estes n•o tenham consciˆncia de serem seus ‰nicos autores. Pensando essa pesquisa na perspectiva da dial‚tica marxista segundo Kosik (1976), busca-se analisar que uma pesquisa que tenha como foco a merenda escolar n•o pode ser desvinculada de um todo constituƒdo nas e pelas rela€Žes sociais. N•o ‚ possƒvel entender o real desconectado de uma pr…tica social, da atividade social humana. A polƒtica governamental sobre a merenda escolar, a sua gˆnese e como se deu no processo hist‹rico perpassado por antagonismos de classe, ‚ um elemento essencial na busca do todo. Como tamb‚m s•o essenciais para este prop‹sito a pr…tica concreta dos indivƒduos e os sentidos, as significa€Žes ou ressignifica€Žes que os indivƒduos d•o para ela. Acompanhando a evolu€•o hist‹rica do Programa, evidenciou-se que, atualmente, pelo menos nos documentos, ele deixou de ser assistencialista. Com base na Constitui€•o de 1988, a Alimenta€•o Escolar passou a ser direito constitucional e o PNAE se constituiu como instrumento para garanti-lo. 2 Importante ressaltar que, a Lei de Diretrizes e Bases da Educa€•o (LDB) de 1996, contempla a Merenda Escolar nas suas entrelinhas (Tƒtulo III, Art. 4—, item VII): “oferta de educa€•o escolar regular para jovens e adultos, com caracterƒsticas e modalidades adequadas •s suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condi€Žes de acesso e permanˆncia na escola”. Este direito tamb‚m ‚ refor€ado pelo Estatuto da Crian€a e do Adolescente – ECA1 e pelo Plano Nacional de Educa€•o – PNE2. S•o objetivos do PNAE: Propiciar a aprendizagem e aumentar o rendimento escolar Formar h…bitos alimentares saud…veis Promover o crescimento e o desenvolvimento das crian€as Oferecer refei€•o saud…vel que cubra no mƒnimo 15% das necessidades nutricionais de acordo com a faixa et…ria durante o perƒodo de permanˆncia do aluno na escola. Ainda segundo o FNDE, s•o princƒpios e diretrizes do PNAE: Estimular o exercƒcio do controle social, atrav‚s da participa€•o popular. Gerar empregos e renda, respeitando os h…bitos regionais e a voca€•o agrƒcola Oferecer alimenta€•o de boa qualidade a todos os escolares garantindo no mƒnimo 15% das necessidades nutricionais. Ou seja, a alimenta€•o escolar ‚ vista hoje como um direito do cidad•o. Se a pr…tica assistencialista se caracteriza pela manipula€•o, pela tentativa de gerar dependˆncia e controle polƒtico, a exigˆncia de controle social do programa quer significar a ruptura com o assistencialismo. O PNAE, atrav‚s de seus documentos, se afirma como uma polƒtica p‰blica que pode ser definida como a forma de efetivar direitos atrav‚s de uma interven€•o na realidade social. Ele cria os Conselhos de Alimenta€•o Escolar com o objetivo da participa€•o social e na lei aponta para o controle nas m•os da sociedade. Nos seus objetivos fica explƒcito tamb‚m o car…ter pedag‹gico do programa quando se propŽe criar h…bitos alimentares. Buscou-se inspira€•o na pr…tica dos paƒses 1 2 Lei n˜ 8069 / 1990 Lei n˜ 10.172/2001 3 desenvolvidos. Nestes, a merenda escolar est… articulada com as atividades pedag‹gicas da escola. Segundo Collares e Moys‚s (1989, p. 83) [....] Nos paƒses desenvolvidos a merenda ‚ um programa incorporado •s atividades pedag‹gicas da escola, facilitando e propiciando a vivˆncia de rela€Žes sociais, coopera€•o, lazer, m‰sicas e ainda, aprendizagem de nutri€•o, biologia, agricultura, etc. A dial‚tica marxista nos ensinou que a teoria n•o pode estar desvinculada de uma pr…tica social. N•o basta saber ou conhecer. ™ necess…rio que os cidad•os, principalmente os mais carentes, possam ler criticamente e de forma coletiva a pr…tica social na qual vivem. Se o oferecimento da merenda escolar, proposta pelo PNAE, deve ser vista tamb‚m como uma a€•o educacional ‚ importante saber, citando Wachowicz (1991, p. 42) que: “... se a pedagogia ‚ uma teoria, a educa€•o ‚ uma a€•o” Por isto pergunta-se: desenvolveu-se uma pr…tica social? O programa tem, na pr…tica social, car…ter educacional? Est… contribuindo para a cria€•o de h…bitos alimentares? Construiu-se uma comunidade e pr…tica polƒtica de direitos? A exigˆncia legal dos Conselhos de Alimenta€•o garante o controle por parte da sociedade? A descentraliza€•o prevista no programa atrav‚s da parceria com os Estados e Municƒpios garantem o controle do programa pela sociedade? Os cidad•os est•o lendo criticamente e de forma coletiva sua pr…tica social no que tange • alimenta€•o? Seria uma forma de controle social (conten€•o social)? A pesquisa tem como objetivos: verificar e analisar a merenda escolar tendo em vista o Programa Nacional de Alimenta€•o Escolar, considerando seus aspectos polƒticos, sociais e nutricionais; tra€ar um perfil s‹cio-econ•mico dos alunos da EJA, verificar com os alunos, professores e coordena€•o se a merenda escolar da forma como est… sendo oferecida tem car…ter assistencialista ou se ‚ uma polƒtica p‰blica; conhecer as preferˆncias alimentares dos alunos da EJA e diagnosticar a ressignifica€•o da merenda escolar pelo aluno da EJA Este trabalho se divide em trˆs capƒtulos: O primeiro com o tƒtulo de Polƒticas P‰blicas e Assistencialismo tem o objetivo de mostrar como os estudiosos do assunto definem cada termo. O segundo, com o tƒtulo de 4 Breve Hist‹rico da Alimenta€•o Escolar no Brasil, tem o objetivo de situar a alimenta€•o no contexto hist‹rico, resgatando algumas contradi€Žes que a envolvem e o terceiro capƒtulo, intitulado A Merenda Escolar na Vis•o dos Alunos da EJA, tem como objetivo apresentar os resultados da pesquisa de campo com as respectivas an…lises. 5 CAPŒTULO 1 Polƒticas p•blicas e assistencialismo Quando o assunto ‚ o Programa de merenda escolar, inevitavelmente vem • baila o questionamento sobre o car…ter da a€•o que a norteia. O governo, algumas organiza€Žes sociais e alguns estudiosos entendem que pelo fato de ser uma polƒtica p‰blica tem um car…ter emancipat‹rio, de inclus•o, de garantidora de direitos, diferenciando-se do assistencialismo. Dallaruvera (2007)3, nos oferece um exemplo desta vis•o: “Polƒtica p‰blica n•o ‚ assistencialismo. Queremos a universaliza€•o do acesso aos servi€os socioassistenciais com qualidade. A polƒtica de assistˆncia social n•o pode ser fragmentada, nem isolada.” O assistencialismo, por sua vez, remete a um tipo de polƒtica desenvolvida em determinado perƒodo da hist‹ria da forma€•o social brasileira num Brasil rural e num contexto de polƒticas que impulsionavam a industrializa€•o-urbaniza€•o e que tem continuidade at‚ os tempos de hoje. Caracteriza determinadas a€Žes e programas que foram por muito tempo praticadas no Brasil para dar assistˆncia •s pessoas que vivem em situa€•o de carˆncia com o objetivo de torn…-las dependentes e controladas politicamente. Segundo Rolim (2002)4: O assistencialismo, ao praticar a aten€•o •s popula€Žes desfavorecidas, oferece a pr‹pria aten€•o como uma "ajuda", vale dizer: insinua, em uma rela€•o p‰blica, os parŠmetros de retribui€•o de favor que caracterizam as rela€Žes na esfera privada. ™ pelo valor da "gratid•o" que os assistidos se vinculam ao titular das a€Žes de car…ter assistencialista. O que se perde aqui ‚ a no€•o elementar de que tais popula€Žes possuem o direito ao amparo e que, portanto, toda iniciativa p‰blica, voltada ao tema da assistˆncia caracteriza dever do Estado. O que se vislumbra, pelo assistencialismo, ‚ a possibilidade dos assistidos "retribuƒrem" eleitoralmente a aten€•o recebida; por 3 Disponƒvel no site http://www.mds.gov.br/noticias/marcia-lopes-secretaria-executiva-do-mds-defendepolitica-publica-de-assistencia-social/view 4 Disponƒvel no site http://www.rolim.com.br/cronic5.htm 6 isso, os assistidos devem ser submissos e dependentes, n•o devem se organizar de forma aut•noma e, muito menos, expressar demandas polƒticas como se sujeitos fossem. O assistencialismo ‚, por isso mesmo, uma pr…tica de domina€•o. Se vitorioso, ele produz objetos d‹ceis e manipul…veis. Mas, a trajet‹ria da realiza€•o das polƒticas p‰blicas no Brasil revela que estas podem ter car…ter assistencialista e de controle social. Segundo Brito (2004)5: H… um intenso debate em torno de posi€Žes controversas, destacandose por um lado os defensores do seu car…ter emancipat‹rio, apontando as suas possibilidades de dar respostas aos problemas centrais da realidade, e por outro lado os que enfatizam o seu car…ter paliativo e de controle social. Esta segunda linha de argumenta€•o encontra grande respaldo na trajet‹ria de realiza€•o das polƒticas p‰blicas no Brasil, especialmente no Nordeste, devido • forma como as elites locais controlaram o Estado e, portanto, as suas polƒticas, destacandose a apropria€•o privada de bens e servi€os p‰blicos, pelos pequenos grupos controladores de poder e de riquezas, portanto os recursos p‰blicos quase sempre tem sido utilizados como instrumentos de controle social e polƒtico, com forte dosagem de clientelismo e de assistencialismo por um lado, e por outro, de desprezo e persegui€•o para com os grupos n•o subordinados. A segunda linha de argumento d… consistˆncia • tese de que as polƒticas p‰blicas podem ter car…ter assistencialista. Portanto, os discursos que propŽem uma contraposi€•o radical e definitiva entre polƒtica p‰blica e assistencialismo s•o relativizados pelo processo hist‹rico, no qual a sociedade se dinamiza, reivindicando polƒticas, que mesmo sendo circunstanciais, tragam condi€Žes para o avan€o das polƒticas sociais. Brito (2004) d… uma resposta a esta quest•o situando-a em outro patamar: Com o avan€o das lutas e movimentos sociais, da participa€•o cidad•, e especialmente da interven€•o popular nas polƒticas p‰blicas, colado ao processo de redemocratiza€•o do paƒs, percebe-se importantes mudan€as em torno de pr…ticas e sƒmbolos da polƒtica, criando-se 5 Disponƒvel no Site http://www.abdl.org.br/filemanager/fileview/197/ 7 mecanismos para impedir ou pelo menos inibir o controle privado dos bens p‰blicos. Portanto o car…ter das polƒticas p‰blicas pode ser concebido em novo patamar, como disputa de interesses e projetos para a sociedade, ou seja, a concep€•o de emancipat‹ria ou paliativa, n•o deve ser definitiva, ou garantida a priori, mas deve ser percebida em movimento, dependendo das for€as sociais presentes na a€•o polƒtica, deste modo, tanto as polƒticas emergenciais, quanto as estruturadoras, podem ter um car…ter paliativo e conservador, ou emancipat‹rio e transformador. O seu car…ter n•o est… dado somente na defini€•o da polƒtica, mas principalmente no m‚todo para sua execu€•o. ™ importante destacar que, segundo o autor citado, as polƒticas p‰blicas devem ser percebidas em seu movimento, em um contexto de luta das for€as sociais por hegemonia. Nada ‚ definitivo e dado a priori. E como bem evidencia o texto acima, o m‚todo para a sua execu€•o ‚ determinante para o seu car…ter. Ou seja, ‚ a pr…xis que comanda: uni•o da teoria com a pr…tica. Ter esta percep€•o ‚ ter uma forma dial‚tica de analisar a realidade. O Instituto Polis, ONG dedicada ao estudo e formula€•o de polƒticas p‰blicas municipais e estrat‚gias de desenvolvimento local, tem este entendimento, de car…ter dial‚tico, sobre polƒticas p‰blicas. Segundo o Boletim deste Instituto, Repente, n˜ 26, dez. 2006, Polƒtica P‰blica ‚ a forma de efetivar direitos, intervindo na realidade social. Ela ‚ o principal instrumento utilizado para coordenar programas e a€Žes p‰blicos. Ela deve ainda ser resultado de um compromisso p‰blico entre o Estado e a sociedade, com o objetivo de modificar uma situa€•o em uma …rea especƒfica, promovendo a igualdade. Se n•o houver polƒticas concretas para a efetiva€•o e garantia dos direitos, eles ficam apenas no plano das inten€Žes e n•o se efetivam. Em outras palavras, a polƒtica p‰blica tem que se traduzir em plano de a€Žes composto por programas e projetos com articula€•o entre a sociedade civil e o governo, dependendo muito das for€as sociais em movimento. . A aten€•o •s contradi€Žes da realidade social e polƒtica deve ser permanente pois as polƒticas p‰blicas podem contribuir para uma melhor distribui€•o da renda, 8 melhorando a qualidade de vida da popula€•o, como tamb‚m podem privilegiar setores dominantes da sociedade, aumentando a desigualdade social e contribuindo para uma maior concentra€•o da renda, tendo em vista o papel contradit‹rio do Estado numa sociedade capitalista. Sabe-se que as polƒticas p‰blicas no Brasil, a partir dos anos 90 do s‚culo XX, influenciadas pela ideologia neoliberal, n•o beneficiaram a todos. Refor€aram a desigualdade e a exclus•o social. Afinal o neoliberalismo ‚ uma pr…tica polƒtico-econ•mica caracterizada pela id‚ia do Estado Mƒnimo, significando uma interven€•o estatal mƒnima na atividade econ•mica. Esta deve ter como reguladores o mercado e suas leis. Dentro deste contexto, o Estado se exime de sua responsabilidade para a efetiva€•o das polƒticas p‰blicas diretas, estabelecendo apenas leis de incentivo fiscal e investimentos diretos em empreendimentos privados, com a id‚ia de que a for€a econ•mica destes, por si s‹, gerar… distribui€•o de renda e diminuir… a desigualdade social. Por isso, ‚ imprescindƒvel a participa€•o da sociedade civil principalmente dos segmentos que expressam os anseios populares. Devem ter acesso a todas as informa€Žes sobre os processos. Sem mobiliza€•o popular n•o se efetiva nenhuma polƒtica p‰blica. Esta participa€•o foi garantida de forma legal atrav‚s da Constitui€•o de 1988, resultado dos embates entre os representantes das classes populares e os representantes das classes dominantes. Apesar das tentativas por parte dos representantes das classes dominantes em manter o status quo da desigualdade social, os movimentos populares estavam suficientemente organizados para garantirem a sua participa€•o e conseguir uma constitui€•o direcionada para uma maior justi€a social. A garantia da participa€•o popular possibilitou uma ampla mobiliza€•o com 122 movimentos populares enviando emendas • Assembl‚ia Nacional Constituinte, assinadas por mais de 12 milhŽes de eleitores. Oitenta e trˆs emendas foram defendidas pelos deputados federais, o que ressalta a peculiaridade do processo constituinte brasileiro se comparado com a elabora€•o de constitui€Žes anteriores. Esta mobiliza€•o garantiu na Constitui€•o de 88 a participa€•o da sociedade civil na elabora€•o e gest•o das polƒticas p‰blicas principalmente por meio dos conselhos municipais, estaduais e nacionais. No caso da polƒtica p‰blica de alimenta€•o, existem, atualmente, os Conselhos de Alimenta€•o Escolar. 9 Estes tˆm o grande desafio de romper com o trato privado da coisa p‰blica, com o clientelismo, o fisiologismo, com os limites da democracia representativa, de efetivar o car…ter p‰blico das polƒticas p‰blicas, pois afinal uma polƒtica ‚ p‰blica quando as decisŽes s•o p‰blicas e n•o privadas. Por‚m, as polƒticas p‰blicas s•o caracterizadas pelas disputas entre atores diversos que representam os interesses das classes populares e os das classes dominantes. Dependendo da correla€•o de for€as entre os segmentos sociais que representam estas classes pode-se ter constru€•o, desconstru€•o ou reconstru€•o. Por isso, ‚ fundamental aquilo que a dial‚tica marxista chama de pr…xis, ou seja, a uni•o entre o saber e a a€•o. ™ o saber articulado com a a€•o transformadora que vai permitir a fiscaliza€•o dos Conselhos e o acompanhamento do PNAE, evitando que sirva aos interesses dos setores vinculados com a classe dominante. A simples existˆncia dos Conselhos n•o garante efetivamente a participa€•o popular. Muitas vezes, os procedimentos se repetem sem questionamentos e sem a preocupa€•o de dar visibilidade •s razŽes que os fundamentam. As determina€Žes acabam vindo de cima para baixo de forma autorit…ria, sem o conhecimento do contexto daqueles para os quais se destinam as polƒticas p‰blicas. Tal pr…tica pode ser tamb‚m a dos CAEs (Conselhos de Alimenta€•o Escolar). Segundo Freitas e Pena (2007)6 O Conselho de Alimenta€•o Escolar tem como objetivo garantir a permanˆncia da alimenta€•o nas escolas p‰blicas; mas em alguns lugares, funciona como extens•o do poder polƒtico local sobre a popula€•o. O que deveria ser representativo da popula€•o se mant‚m como mais um instrumento do uso privado da “coisa p‰blica” e o formalismo as rela€Žes sociais do Conselho de Alimenta€•o Escolar legitima essa hegemonia polƒtica. O reconhecimento deste fato n•o desconsidera a importŠncia destes conselhos. A sua institui€•o significou um grande avan€o no PNAE j… que envolveu a sociedade no acompanhamento e fiscaliza€•o da sua execu€•o. O CAE ‚ um ‹rg•o colegiado deliberativo e aut•nomo, composto por sete membros: dois representantes dos pais de alunos, dois professores, um representante da sociedade civil, um representante do Poder Executivo e outro do Poder Legislativo. O 6 Disponƒvel no Site http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141552732007000100008&lng=in&nrm=iso&tlng=in 10 perƒodo do mandato dos conselheiros ‚ de dois anos, podendo os membros ser indicados para mais uma gest•o. Sua competˆncia, segundo o PNAE ‚: • divulgar em locais p‰blicos o montante de recursos do Programa Nacional de Alimenta€•o Escolar, recebidos pelas EEs; • acompanhar a elabora€•o dos card…pios, opinando sobre sua adequa€•o • realidade local; • cuidar para que a qualidade dos alimentos seja mantida, desde a compra at‚ a distribui€•o, zelando para que sejam observadas as boas pr…ticas higiˆnicas e sanit…rias; • orientar o armazenamento dos alimentos nos dep‹sitos e/ou nas escolas; • comunicar • Entidade Executora quando houver problemas com os alimentos, como perda da validade, deteriora€•o, desvio e furto. • receber e analisar a presta€•o de contas da Entidade Executora e encaminh…-la ao FNDE. • comunicar ao FNDE sobre o descumprimento, por parte da Entidade Executora, das orienta€Žes legais, durante a execu€•o do PNAE. Por‚m, verifica-se que falta neste rol de competˆncias uma que contemple a rela€•o dial‹gica do CAE com a comunidade a partir do seu contexto. O nutricionista, profissional que, por exigˆncia de lei, ‚ o respons…vel t‚cnico pelo PNAE nos Estados e Municƒpios, poderia ser o elo de liga€•o do CAE com a comunidade escolar. O fato de a merenda escolar ser servida em escola, uma institui€•o educativa, favorece a percep€•o do PNAE como ferramenta educativa. Para isto, o Programa n•o pode permanecer alheio •s demais atividades pedag‹gicas desenvolvidas na escola. ™ necess…rio, pois, um trabalho articulado com todos os atores do ambiente escolar, envolvidos no processo: alunos, t‚cnicos-administrativos e merendeiras. A atua€•o do nutricionista n•o pode se dar a partir de um modelo tecnicista que pretende mudar comportamentos atrav‚s de uma mera transmiss•o de normas. O nutricionista deve estabelecer um di…logo entre o saber popular e o saber t‚cnico a fim de que a partir do que a comunidade sabe, lev…-la a conhecer o que n•o sabe. Como diz a pedagogia de Paulo Freire, o conhecimento ‚ dial‹gico. No di…logo construƒmos e mudamos o mundo. O di…logo traz na sua essˆncia a dial‚tica, pois ele promove o 11 conflito, os embates que ajudam a entender melhor o real na sua dinamicidade e no seu movimento. Segundo Demo (1988, p.67) Di…logo autˆntico ‚ uma fala contr…ria. Entre partes idˆnticas n•o h… comunica€•o; h… mon‹logo, pois duas coisas idˆnticas s•o uma s‹. Para haver di…logo, ‚ mister haver interesses contr…rios (contrariados). O di…logo tamb‚m ‚ dial‚tico e antiautorit…rio, quando favorece a quebra do dualismo entre educador e educando. O educador, ao mesmo tempo em que ‚ um agente formador tamb‚m se forma no processo. Forma-se formando. O educador aprende com o educando e vice-versa. Este di…logo deve ser promovido dentro de uma perspectiva de totalidades hist‹ricas que como afirma Demo (1988, p.66) Se mant‚m em processo e por isso se transformam, porque contˆm dinŠmica interna essencial, baseada na polariza€•o. As realidades sociais n•o s•o apenas complexas; s•o sobretudo polarizadas. S•o um campo magnetizado, onde qualquer presen€a provoca a€•o e rea€•o. O prop‹sito deste di…logo ‚ possibilitar que a comunidade escolar tenha consciˆncia dos fatores que influenciam suas pr…ticas alimentares di…rias, e a partir desta consciˆncia, question…-las e modific…-las. O nutricionista tem o compromisso de compreender todo o processo de produ€•o da merenda, entendendo que esse Programa de Alimenta€•o teve sua origem e tem continuidade na atualidade em determinado contexto social, polƒtico e econ•mico. Sofre, portanto, as influˆncias do momento hist‹rico em que se situa atrav‚s dos embates de interesses dos diversos atores sociais. Reflete as contradi€Žes que permeiam os diversos contextos sociais e hist‹ricos. Evidentemente esta compreens•o vai ser enriquecida atrav‚s de um trabalho conjunto que pode se manifestar em salas de aula atrav‚s de um enfoque interdisciplinar e atrav‚s de atividades extraclasse realizadas em dias especiais como o Dia Mundial da Alimenta€•o (16 de outubro), dia do Nutricionista, etc... Por exemplo, na Ciˆncia da Sa‰de, pode-se analisar como os germens chegam aos alimentos e as doen€as provocadas por eles. Pode-se mostrar para os alunos a importŠncia da higiene para a conserva€•o dos alimentos. 12 Na disciplina Matem…tica, pode-se medir as ra€Žes, calcular os custos dos alimentos e do combustƒvel. Uma compara€•o entre o lucro do fornecedor de alimentos e do atravessador seria um elemento importante para a consciˆncia crƒtica. Na disciplina Geografia, pode-se ensinar sobre a procedˆncia dos alimentos, como se elaboram e como ‚ feito seu transporte. Pode-se destacar a polƒtica agrƒcola e reforma agr…ria e a sua rela€•o com a produ€•o de alimentos. O livro de Josu‚ de Castro, “A geografia da fome”, seria um subsƒdio valioso. Na disciplina Hist‹ria, pode-se estudar os h…bitos alimentares dos diferentes paƒses comparando-os com os do Brasil. Pode-se destacar como os diversos tipos de estruturas sociais, polƒticas e econ•micas (com classes sociais ou sem elas) influenciam na alimenta€•o dos povos. O conhecimento e compreens•o da totalidade em que se insere a problem…tica do alimento, permite fortalecer a consciˆncia da alimenta€•o como um direito e a a€•o de resistˆncia a toda tentativa de extinguƒ-lo. 13 CAPŒTULO 2 Breve hist‚rico da Alimenta€•o Escolar no Brasil Na forma€•o da sociedade brasileira, a quest•o da fome torna-se aspecto constituinte dessa mesma forma€•o. Por‚m, os primeiros estudos dos h…bitos alimentares e das doen€as carenciais resultantes da alimenta€•o inadequada da popula€•o brasileira s‹ surgem no s‚culo XIX, atrav‚s dos estudos realizados pelos estudantes de Medicina nas faculdades do Rio de Janeiro e da Bahia. Os primeiros relatos s•o do farmacˆutico cearense Rodolfo Marcos Te‹filo, publicados em 1880 e 1890, que foram analisados por Josu‚ de Castro a partir de 1937 e segundo ele “s•o preciosos registros das mais diversificadas formas de pen‰ria e de fome provocadas pelas secas sobre os sertanejos nordestinos”. Nessa linha, em 1938, Graciliano Ramos, em Vidas Secas, tamb‚m relata a triste realidade daquela popula€•o que convive com a seca. Todavia, ‚ somente a partir da ditadura Vargas (1937-1945) que se tenta dar uma resposta ao problema da alimenta€•o atrav‚s de uma polƒtica social de alimenta€•o e nutri€•o. E tem continuidade com outros governos at‚ os dias atuais. ™ importante observar que este perƒodo que vai de 1930 at‚ 1964, e que inclui os dois perƒodos de governo de Get‰lio Vargas, ‚ denominado academicamente de populismo. J… se tornou de senso comum entender o populismo como um tipo de a€•o governamental caracterizada por uma a€•o de manipula€•o polƒtica das camadas populares, pelo clientelismo e pelo assistencialismo. Segundo Martins (1994, p. 32) O governo Vargas parece ter sido, do come€o ao fim, um suceder de jogos polƒticos executados com maestria e competˆncia. Por‚m, marcado por in‰meras incertezas. Isso talvez explique por que Vargas estabeleceu com os “coron‚is” sertanejos uma esp‚cie de pacto polƒtico t…cito. Em decorrˆncia, o governo n•o interferiu diretamente nem decisivamente nas rela€Žes de trabalho rural, n•o as regulamentou, indiferente ao seu atraso hist‹rico, embora, ao mesmo tempo, regulamentasse e melhorasse substancialmente as condi€Žes de vida dos trabalhadores urbanos. Com isso, manteve nas zonas rurais e 14 nas cidades interioranas do paƒs uma enorme for€a eleitoral conservadora, que se tornou o fiel da balan€a da polƒtica brasileira. For€a eleitoral, por‚m, que se realimenta continuamente do clientelismo polƒtico, e, portanto, de rela€Žes institucionais corruptoras. No entanto, foi durante o perƒodo populista que se consolidou a id‚ia da necessidade de uma polƒtica para a alimenta€•o que se traduziu em v…rios programas. Esta constata€•o justifica tra€ar o percurso hist‹rico dos programas de alimenta€•o a partir do primeiro governo populista que ‚ o de Get‰lio Vargas, encerrando com a polƒtica de alimenta€•o dos governos recentes. 1 A polƒtica de alimenta€•o durante os governos populistas 1.1 O governo de Get•lio Vargas e JosuŽ de Castro Um dos tra€os fundamentais de Josu‚ de Castro era a sua clarivid„ncia. A clarivid„ncia ‚ uma virtude que se adquire pela intui€•o, mas sobretudo pelo estudo. … tentar ver a parte do presente que se projeta no futuro. Milton Santos, ge‹grafo Os programas de combate • fome no Brasil durante o perƒodo populista foram influenciados pelas id‚ias de Josu‚ de Castro que se deu n•o somente atrav‚s de seus livros mas tamb‚m atrav‚s de sua a€•o. A sua a€•o se destacou mais durante o governo de Get‰lio Vargas, particularmente durante o perƒodo da chamada Ditadura do Estado Novo (1937-1945). Participou ativamente, coordenando servi€os e comissŽes criadas por este governo. Segundo Andrade (1997)7 A a€•o polƒtica de Josu‚ de Castro desenvolveu-se a partir de 1940, quando o governo Get‰lio Vargas criou o Servi€o de Alimenta€•o e de Previdˆncia Social (SAPS) pelo Decreto n— 2.478, de 5 de fevereiro, como organismo subordinado ao Minist‚rio do Trabalho, que ele instituƒra com a vit‹ria da Revolu€•o de 1930. Al‚m de Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Josu‚ de Castro 7 Disponƒvel no Site http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141997000100009&script=sci_arttext 15 lecionava Nutri€•o e Alimenta€•o no curso de p‹s-gradua€•o da Faculdade Nacional de Medicina e foi designado primeiro diretor do SAPS. Era a oportunidade que passava a ter o professor e cientista de p•r em pr…tica os seus conhecimentos te‹ricos. Para difundir tais conhecimentos e experiˆncias, fundou a Sociedade Brasileira de Alimenta€•o, que tamb‚m dirigiu. Montava, desse modo, um forte esquema para o estudo da fome e dos problemas por ela causados no Brasil. › propor€•o que atuava nos dois setores, em duas frentes – ensino e administra€•o –, Josu‚ mais se convencia da importŠncia do conhecimento geogr…fico para a vis•o de totalidade da realidade brasileira, e para a pesquisa, relacionando a fome e a pobreza com as condi€Žes naturais e as estruturas sociais. Segundo Castro (1977, p.195): O SAPS tinha como objetivo assegurar condi€Žes favor…veis e higiˆnicas • alimenta€•o dos segurados dos Institutos e Caixas de Aposentadorias e PensŽes subordinados ao Minist‚rio do Trabalho, Ind‰stria e Com‚rcio. Vasconcelos (2005)8 afirma: Durante a sua vigˆncia (1940 a 1967) foi respons…vel por uma infinidade de a€Žes no campo da nutri€•o. Na …rea da assistˆncia nutricional promoveu a instala€•o dos restaurantes populares no Rio de Janeiro, S•o Paulo e outras cidades, com o objetivo de oferecer aos trabalhadores urbanos uma alimenta€•o equilibrada e por pre€o acessƒvel. Na …rea de abastecimento alimentar promoveu a cria€•o dos postos de subsistˆncia destinados • comercializa€•o de gˆneros de primeira necessidade a pre€o de custo. A essas a€Žes se acrescenta uma s‚rie de outras, tais como atividades de educa€•o nutricional, tendo como objetivos a forma€•o de h…bitos alimentares saud…veis e a melhoria do estado nutricional da popula€•o; a cria€•o de cursos de treinamento e forma€•o de recursos humanos e a realiza€•o de estudos e pesquisas nesse campo. 8 Disponƒvel no Site http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141552732005000400001&script=sci_arttext&tlng= 16 Durante a segunda guerra mundial, desorganizou-se o com‚rcio internacional e tal fato trouxe conseq–ˆncias negativas para o Brasil que ainda dependia da exporta€•o de produtos prim…rios. A economia ficou desorganizada e como conseq–ˆncia surgiram problemas graves de abastecimento. O governo de Get‰lio Vargas criou, ent•o, em 1942, o Servi€o T‚cnico de Alimenta€•o Nacional (STAN) e entregou sua dire€•o a Josu‚ de Castro que tratou de reorganizar nacionalmente o abastecimento. Em 1945, O STAN ‚ substituƒdo pela Comiss•o Nacional de Alimenta€•o (CNA), e Josu‚ de Castro a dirige at‚ 1954. A CNA era um ‹rg•o do Conselho Federal de Com‚rcio Exterior que tratava de dar um car…ter mais permanente •s atividades iniciadas pelo STAN: educa€•o alimentar e assistˆncia • ind‰stria nacional de alimentos. Josu‚ de Castro tentou, como participante do governo, romper com o assistencialismo que caracterizava os diversos programas. Percebeu que o perfil epidemiol‹gico nutricional brasileiro apresentava grande ocorrˆncia de doen€as nutricionais e este fato estava relacionado • mis‚ria, • pobreza e ao atraso econ•mico. De acordo com Castro (2006, p. 291) Esta dram…tica situa€•o alimentar... impŽe a necessidade inadi…vel de uma polƒtica alimentar mais efetiva, que n•o seja apenas de paliativos e de corre€•o das falhas mais gritantes atrav‚s de programas simplesmente assistenciais. ImpŽe-se uma polƒtica que, acelerando o processo de desenvolvimento, quebrando as mais reacion…rias for€as de conten€•o que impedem o acesso • economia do paƒs a grupos e setores enormes da nacionalidade, venham a criar os meios indispens…veis • eleva€•o dos nossos padrŽes de alimenta€•o. Fator importante para elevar os padrŽes de alimenta€•o era um sal…rio que desse poder de compra. E o Decreto-Lei 2162 de 1— de maio de 1940, o instituiu no Brasil. Get‰lio Vargas proferiu o seguinte discurso para anunci…-lo • Na€•o: Assinamos hoje, um ato de incalcul…vel alcance social, a lei que fixa o sal…rio mƒnimo para todo o paƒs. Trata-se de antiga aspira€•o popular, promessa do movimento revolucion…rio de 1930, agora transformada em realidade depois de longos e apurados estudos. Procuraremos por 17 esse meio assegurar ao trabalhador remunera€•o eq–itativa, capaz de garantir-lhe o indispens…vel para o seu sustento e da pr‹pria famƒlia, estabelecendo um padr•o mƒnimo de vida para a grande maioria da popula€•o, aumentando no decorrer do tempo os ƒndices de sa‰de e de produtividade que auxiliar•o a solu€•o de importantes problemas que retardam a marcha do nosso progresso (VARGAS, discurso de 1— de maio de 1940, apud CASTRO, p.118) Em seguida, houve o estabelecimento da ra€•o essencial mƒnima que deveria compor alimentos necess…rios ao atendimento das necessidades nutricionais do trabalhador adulto.™ importante assinalar as contradi€Žes do discurso relativo ao Sal…rio Mƒnimo, pois este sempre fica descompassado em rela€•o • ra€•o essencial mƒnima, perpetuando-se uma situa€•o em que o valor do sal…rio mƒnimo ‚ insuficiente para atender as necessidades mƒnimas do trabalhador, j… que os reajustes ficam muito abaixo do custo de reprodu€•o da for€a de trabalho. Para adquirir a ra€•o essencial mƒnima o trabalhador precisaria elevar o tempo de trabalho necess…rio. Todavia, a institui€•o do sal…rio mƒnimo vinculado • ra€•o mƒnima institui o direito e tal fato ‚ relevante. Em uma sociedade com interesses de classe divergentes, a institui€•o do direito ‚ um primeiro passo para a sua concretiza€•o pois legitima toda luta que necessariamente vai ter que acontecer para garantir o direito na pr…tica. Um outro fator para elevar o padr•o de alimenta€•o da popula€•o era a realiza€•o da Reforma Agr…ria. Para Castro (2006, p. 286) era indispens…vel alterar substancialmente os m‚todos de produ€•o agrƒcola, o que s‹ ‚ possƒvel reformando as estruturas rurais vigentes. Apresenta-se, deste modo, a reforma agr…ria como uma necessidade hist‹rica nesta hora de transforma€•o social que atravessamos, como um imperativo nacional Tal afirma€•o demonstra que Josu‚ de Castro foi um homem que enxergou al‚m de seu tempo. N•o foi realizada na sua ‚poca e at‚ hoje o conservadorismo das nossas classes dominantes impede que se concretize. No entanto ‚ altamente relevante para a quest•o alimentar e nutricional brasileira. A terra no Brasil est… muito concentrada e esta concentra€•o repercute na desigualdade social refor€ando-a. 18 1.2 A polƒtica de Alimenta€•o durante o Governo de Gaspar Dutra Muito pouco foi feito para a alimenta€•o durante o governo de Gaspar Dutra, exministro da Guerra de Get‰lio Vargas e presidente do Brasil no perƒodo de 1946 a 1950 ap‹s o fim da ditadura do Estado Novo (1937-1945). Sua polƒtica de alimenta€•o fazia parte do que se chamou plano SALTE que se constituiu tamb‚m numa tentativa de planejamento governamental. Este plano previa um grande investimento em quatro …reas: Sa‰de, Alimenta€•o, Transporte e Energia. Os recursos viriam da Receita Federal e de empr‚stimos externos. Por‚m, este plano foi logo abandonado por falta de recursos. A press•o popular poderia se constituir em um fator para que este plano fosse realizado. O momento era propƒcio, pois houve o retorno da democracia ap‹s o perƒodo ditatorial do Estado Novo (1937-1945). Este retorno era visto como a oportunidade de reorganiza€•o do movimento popular com o objetivo de pressionar o Estado para um desempenho que possibilitasse maior igualdade social. No entanto, contraditoriamente, este perƒodo significou um retrocesso no que se refere •s polƒticas p‰blicas. Este retrocesso se deve muito • a€•o autorit…ria e antipopular de Dutra. Proibiu a existˆncia do Movimento Unificador dos Trabalhadores (MUT) que pretendia criar um sindicalismo trabalhista aut•nomo em rela€•o ao Estado. Colocou novamente na ilegalidade o Partido Comunista. Proibiu as elei€Žes sindicais e interveio, praticamente, em todos os sindicatos. No ‰ltimo ano de seu governo, cerca de 200 sindicatos trabalhistas estavam sob interven€•o governamental. Tivemos, ‚ claro, durante o seu governo a Constitui€•o de 1946 que propunha a Reforma Agr…ria no Brasil. Por‚m, determinava, em seu art. 147, que as desapropria€Žes de propriedades deveriam ser feitas mediante o pagamento em dinheiro. Esta exigˆncia tornava impossƒvel a reforma agr…ria por causa dos custos. N•o havia recursos suficientes. Pode-se concluir que no governo de Gaspar Dutra n•o houve a democracia esperada, prosseguindo o pacto polƒtico entre as classes dominantes. O governo Dutra expressou, atrav‚s de suas a€Žes, os anseios destas classes. Se o populismo pode ser definido como a polƒtica do “v•o-se os an‚is, mas ficam os dedos”, as classes 19 dominantes durante este governo, manifestando o seu conservadorismo na manuten€•o do status quo, n•o queriam nem perder os dedos e tampouco os an‚is. 1.3 A polƒtica de Alimenta€•o durante o governo democr‡tico de Get•lio Vargas Em 1951 Get‰lio Vargas retorna • presidˆncia, agora atrav‚s de elei€Žes diretas e permanece no poder at‚ 1954 quando se suicida. Quanto • polƒtica de alimenta€•o, deu continuidade •s a€Žes do SAPS. Criou em 1954 o embri•o do atual Programa Nacional de Alimenta€•o Escolar (PNAE). Neste perƒodo iniciaram-se os programas de assistˆncia nutricional •s gestantes, nutrizes e crian€as menores de cinco anos. Todos estes programas se articularam com organiza€Žes internacionais como o Food and Agriculture Organization (FAO). Em 1951, sob a presidˆncia do ministro do Trabalho e a vice-presidˆncia de Josu‚ de Castro, ‚ formada a Comiss•o Nacional do Bem-Estar Social. 1.4 A polƒtica de alimenta€•o durante os governos de Jo•o CafŽ Filho, de Juscelino Kubitschek de J…nio Quadros e de Jo•o Goulart Os governos de Jo•o Caf‚ Filho (24 de Agosto de 1954 e 8 de Novembro de 1955), de Juscelino Kubitschek (1956-1961), de JŠnio Quadros (31 de janeiro de 1961 e 25 de agosto de 1961) e Jo•o Goulart (1961-1964) praticamente deram continuidade •s polƒticas sociais criadas durante os governos de Get‰lio Vargas. Mas deve-se fazer alguns destaques. Durante o perƒodo do governo transit‹rio de Jo•o Caf‚ Filho foi criada em 31 de mar€o de 1955, atrav‚s do decreto n˜ 37.106, a Campanha Nacional da Merenda Escolar (CNME). A mentalidade que est… por tr…s deste programa ‚ claramente assistencialista. Ela ‚ o resultado das contradi€Žes do contexto social, econ•mico e polƒtico da ‚poca, da polariza€•o entre a pr…tica socialista e a capitalista bastante dimensionada no contexto da Guerra Fria. O medo do socialismo levava paƒses hegem•nicos como os 20 Estados Unidos a auxiliar programas de Alimenta€•o nos paƒses perif‚ricos como o Brasil fazendo doa€Žes de alimentos. Mas n•o se pode esquecer que os alimentos doados faziam parte do excedente agrƒcola norte-americano. O governo norte-americano comprava mais barato dos produtores e fazia doa€•o a paƒses como o Brasil mantendo aquecido o com‚rcio dos Estados Unidos. Ou seja, os interesses de acumula€•o capitalista estavam presentes. O governo de Jo•o Goulart foi o tempo mais inst…vel e perturbado da hist‹ria da Campanha Nacional da Merenda Escolar (CNME). O fornecimento de alimentos por parte dos Estados Unidos come€ou a diminuir e no final de 1963 e inƒcio de 1964, o governo norte-americano n•o permitiu nenhuma entrega devido • preocupa€•o com a suposta influˆncia comunista no governo. A tentativa de realizar as Reformas de Base, incluindo a Reforma Agr…ria, com uma intensa mobiliza€•o popular aumentou os temores das classes m‚dia e alta brasileiras e do imperialismo norte-americano. O golpe militar de 64 foi o resultado destas contradi€Žes. A partir do golpe, o Brasil se orienta pelos ditames do mercado e pelos interesses das classes sociais hegem•nicas. 1.5 A pr‡tica populista e as polƒticas sociais: uma an‡lise dialŽtica Segundo Moreira (1998)9 A agenda nacionalista do populismo latino-americano apresentava-se de duas maneiras essenciais. Em primeiro lugar, por meio de decisŽes polƒticas de impacto, definidas como indispens…veis • soberania e ao desenvolvimento econ•mico nacional tais como a expropria€•o de companhias de petr‹leo estrangeiras no M‚xico, a cria€•o da PETROBRœS no Brasil e a nacionaliza€•o das ferrovias na Argentina. Em segundo lugar, o populismo agiu deliberadamente no sentido de integrar as camadas populares ao sistema polƒtico ent•o vigente atrav‚s da ret‹rica popular, da propaganda polƒtica, do reconhecimento geralmente tutelado de organiza€Žes sindicais e camponesas, da estrutura€•o de partidos de massa e do atendimento de algumas demandas sociais e trabalhistas. 9 Disponƒvel no site http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01881998000100015 21 Na ret‹rica populista, a identifica€•o do "povo" com a "na€•o" ocultava as diferen€as de classe e de interesses presentes no Estado e na sociedade, permitindo a cria€•o de uma comunidade nacional imagin…ria e totalmente homogˆnea. Desde ent•o "povo" e "na€•o" passaram a ser verdadeiros sin•nimos e o nacional-populismo tornouse uma ideologia de integra€•o social fundamental • manuten€•o dos novos Estados emergentes da crise do sistema de poder olig…rquico. ™ difƒcil discordar desta an…lise. No entanto, n•o se pode afirmar de forma absoluta e acabada que o populismo ‚ apenas caracterizado por processos de manipula€•o polƒtica com o objetivo de ocultar as diferen€as de classes, ou como dizem outros analistas, por a€Žes que servem, na pr…tica, aos interesses da burguesia industrial, na medida em que suas polƒticas sociais visariam rebaixar os custos da reprodu€•o da for€a de trabalho. Aceitar esta concep€•o de forma absoluta ‚ concluir pela passividade das classes populares. A hist‹ria deste perƒodo n•o permite esta conclus•o conforme afirma Ferreira (2001)10. Este perƒodo ‚ marcado por um campo de disputas mais complexo do que pressupunham muitas an…lises que passam a imagem de uma classe trabalhadora passiva e manipulada pelo Estado. Segundo Kovarick e Bonduki (1988, p.123) ™ preciso dizer que o populismo n•o pode ser apenas caracterizado por processos de manipula€•o polƒtica, nos quais as camadas populares serviram enquanto massa de manobra, elemento meramente passivo na sustenta€•o do regime e dos dirigentes da ‚poca. Se, como afirma a dial‚tica marxista, o real ‚ sƒntese de v…rias determina€Žes, onde os elementos “contradi€•o” e “luta de classes” s•o fundamentais, ele sempre se mostra com um grau de complexidade que exige uma an…lise profunda. N•o se pode fazer an…lises apressadas e superficiais que n•o d•o conta da complexidade do objeto analisado. 10 Disponƒvel no Site http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010444782001000200012&lng=es&nrm=iso&tlng=es 22 Se a a€•o clientelista do Estado populista atenta contra a cidadania ativa, por outro lado a efetiva€•o de suas polƒticas sociais possibilitaram, contraditoriamente, a generaliza€•o da consciˆncia de que cabe ao Estado garantir direitos sociais, como a alimenta€•o. As lutas neste perƒodo pelos direitos sociais s•o expressŽes desta consciˆncia. Lutas de resistˆncia contra a manipula€•o, contra a explora€•o por parte das classes dominantes e uma luta de press•o sobre o Estado para que cumprisse o seu papel. Afinal, as polƒticas p‰blicas s•o sempre um resultado do jogo de for€as, de luta de classes, que se estabelece no Šmbito das rela€Žes de poder na sociedade. ™ oportuno citar algumas manifesta€Žes deste perƒodo ligadas •s reivindica€Žes no campo da alimenta€•o. Em 1946 h… a Campanha Popular contra a Fome. Em 1951 e 1953 o Movimento contra a Carestia atinge diversas regiŽes do paƒs. Em 1963 h… a Promo€•o do Dia Nacional de Protesto contra a Carestia. Este avan€o na consciˆncia de que o Estado deve garantir os direitos sociais ‚ refor€ado pela participa€•o no governo de intelectuais progressistas como Josu‚ de Castro que influenciou com suas id‚ias os programas de alimenta€•o dos governos populistas. Suas id‚ias fundamentavam-se na vis•o de que a alimenta€•o era um direito e que implicava em mudan€as estruturais e diminui€•o do poder das classes dominantes. Estes fatos evidenciam, sobremaneira, a complexidade da pr…tica populista que ‚ marcada pela ambig–idade, pelas contradi€Žes. Se h… um componente assistencialista, a participa€•o de intelectuais progressistas nos governos populistas e as a€Žes de resistˆncia e de reivindica€•o das classes populares, direcionam, ainda que de forma insuficiente, as polƒticas p‰blicas para a garantia dos direitos sociais. ExpressŽes destas a€Žes, tƒmidas ‚ verdade, s•o as mudan€as ou tentativas de mudan€as na polƒtica econ•mica e social que acontecem at‚ 1964, ano do golpe militar e inƒcio do regime militar. 23 2. A polƒtica de alimenta€•o durante o regime militar Em 1964, com a instala€•o da Ditadura Militar, Josu‚ de Castro e outros intelectuais progressistas foram exilados do paƒs, devido • oposi€•o que fizeram a este regime. Josu‚ de Castro n•o teve a felicidade como outros de retornar ao paƒs com a decreta€•o da anistia. Faleceu em Paris, em 1973. A participa€•o popular foi reprimida e houve um retrocesso em rela€•o •s conquistas de direitos sociais que o populismo, devido •s suas contradi€Žes e apesar delas, possibilitou. A cria€•o da Campanha Nacional de Alimenta€•o Escolar (CNAE) em 20 de setembro de 1965 atrav‚s do decreto de n˜ 56.886 n•o teve a relevŠncia esperada. Em 1967, durante o governo de Costa e Silva, foi extinto o SAPS. A polƒtica de alimenta€•o agora est… vinculada intrinsecamente com o agroneg‹cio, cujo fortalecimento se d… a partir da d‚cada de 80, com as ind‰strias de alimentos e com organismos internacionais como a USAID (United States Agency for International Development), agˆncia norte-americana que se propunha “contribuir” para o desenvolvimento dos paƒses do Terceiro Mundo. Destacando a vincula€•o da CNAE com as ind‰strias de alimentos, observa-se que esta vincula€•o esteve alicer€ada na ideologia da ‚poca que associava a desnutri€•o a h…bitos alimentares em desacordo com as necessidades biol‹gicas do organismo humano. Ent•o, os paƒses, especialmente os mais pobres como o Brasil, deveriam utilizar de preferˆncia alimentos enriquecidos. Esta vis•o favoreceu como nunca a lucratividade das empresas alimentƒcias, principalmente as estrangeiras. Afinal os produtos formulados tinham uma vantagem operacional que otimizava os lucros: regularidade da oferta, baixa perecibilidade, a facilidade no transporte e no armazenamento e a simplicidade no preparo. Um exemplo perfeito de como um elemento essencial para a dignidade humana, como o alimento, que poderia atrav‚s de uma polƒtica alimentar preocupada com maior justi€a social, saciar a fome de muita gente, ‚ usada de acordo com os interesses particularistas do mercado e por isso gerando n•o inclus•o mas exclus•o social. O crescimento da ind‰stria e do agroneg‹cio s•o a express•o da r…pida expans•o econ•mica no perƒodo de 1968 a 1974. Em tese, esta expans•o, conhecida como “Milagre Econ•mico”, deveria favorecer uma diminui€•o da pobreza, 24 mas, contraditoriamente, levou ao aumento da concentra€•o de renda e • exclus•o da classe trabalhadora do crescimento econ•mico. Considerando a polƒtica agrƒcola como uma a€•o social fundamental para uma polƒtica p‰blica de alimenta€•o, verifica-se que segundo Sinatora et al (1985, p. 62) O desenvolvimento capitalista da agricultura brasileira, principalmente a partir da d‚cada de 70, acelerou a concentra€•o da propriedade da terra, acentuou a prioridade • produ€•o de culturas de exporta€•o e de mat‚rias-primas para a agroind‰stria, desenvolveu t‚cnicas modernizantes de cultivo que mudaram as rela€Žes de trabalho, provocando a expuls•o do campo de milhŽes de trabalhadores. Outra conseq–ˆncia foi o agravamento da crise de abastecimento. De acordo com Vasconcelos (2005)11 Dados sobre a distribui€•o da renda atestavam que al‚m de crescer e n•o ser dividido, o bolo prometido pelos primeiros governos da Ditadura Militar instalada em 1964 havia se reconcentrado. A degrada€•o as condi€Žes de vida das massas trabalhadoras excluƒdas do processo de crescimento econ•mico foi atestada por v…rios estudos. Em 1974/1975, o Estudo Nacional de Despesas Familiares (ENDEF) atestava que 67% da popula€•o apresentava um consumo energ‚tico inferior •s necessidades nutricionais mƒnimas recomendadas pela Organiza€•o Mundial de Sa‰de (OMS), Como consequˆncia, 46,1% dos menores de cinco anos, 24,3% dos adultos e idosos brasileiros do sexo masculino e 26,4% do feminino apresentavam desnutri€•o energ‚tico-prot‚ica. Com o colapso do capitalismo no contexto internacional, veio a crise mundial de alimentos. A OMS, FAO e UNICEF, defenderam a incorpora€•o do planejamento nutricional ao planejamento econ•mico nos paƒses de Terceiro Mundo. Por isso, no Brasil, a partir da lei 5829 de 30/11/72, criou-se o Instituto Nacional de Alimenta€•o e Nutri€•o (INAN) que se pautou em trˆs linhas de atua€•o: 11 Disponƒvel no Site http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141552732005000400001&script=sci_arttext&tlng= 25 1. Suplementa€•o alimentar a gestantes, nutrizes e crian€as de 0 a 6 anos, escolares de 7 a 14 anos e trabalhadores de baixa renda. 2. Racionaliza€•o do sistema de produ€•o e comercializa€•o de alimentos, com ˆnfase no pequeno produtor e 3. Atividade de complementa€•o e apoio Ou seja, a vis•o assistencialista permanecia, agora sob um regime autorit…rio que n•o permitia questionamentos. Este assistencialismo, juntamente com o clientelismo, ‚ refor€ado com a queda do Produto Interno Bruto (PIB) na d‚cada de 80, que instalou um quadro de crise aguda no Brasil, resultado do enorme endividamento, escassez de capital no mercado interno e pela retra€•o do mercado internacional. O governo militar n•o seguiu o caminho do ajuste e optou pela continuidade do crescimento apoiado no endividamento. As condi€Žes de mis‚ria e fome no Brasil se agravaram. Uma aten€•o especial, marcadamente assistencialista, deveria ser dada aos desnutridos, aqueles que estavam abaixo da linha de pobreza. Os efeitos da crise levaram a cria€•o do FINSOCIAL, em 1982, cujos recursos possibilitou o financiamento dos programas de suplementa€•o alimentar entre os quais se destacavam o PNAE e o Programa de Alimenta€•o ao Trabalhador (PAT). O PNAE adquiriu este nome em 1979 substituindo a CNAE e em 1983 passa a ser gerenciado pela Funda€•o de Assistˆncia ao Estudante – FAE, criada a partir da fus•o do Instituto Nacional de Assistˆncia ao Estudante com a Funda€•o Nacional de Material Escolar e atrav‚s da Lei n˜ 7.091 de 18/04/1983. Deve-se salientar o centralismo autorit…rio na condu€•o da polƒtica de alimenta€•o. Todas as decisŽes eram tomadas antes de chegar aos municƒpios e aos estados: o que chegaria, quando, quanto, para quanto tempo. Este centralismo n•o permitia a participa€•o dos que eram favorecidos pelos programas. Efeitos desta centraliza€•o: a comida chegava com validade vencida, muitas vezes o alimento nem chegava, armazenamento inadequado, problemas com o transporte, deteriora€•o de alimentos, etc.... N•o havia, evidentemente, uma preocupa€•o pedag‹gica com a merenda escolar. Esta era um ato meramente administrativo, n•o pedag‹gico. Por um certo tempo, interromperam-se as tarefas que eram consideradas pedag‹gicas para a realiza€•o da merenda. N•o se colocavam questŽes como participa€•o social, sobre a distribui€•o, compra, consumo, etc.. 26 3 A polƒtica de alimenta€•o durante a Nova Rep•blica (1985-1990) O fim da ditadura militar foi o inƒcio de um novo contexto hist‹rico: a Nova Rep‰blica, e, com ela a esperan€a da resolu€•o dos problemas brasileiros. O termo resgate apareceu constantemente nos discursos desta ‚poca: resgate da justi€a social, da liberdade polƒtica, da dƒvida social. Os sƒmbolos nacionais, a bandeira e o hino nacional, voltavam a ser o orgulho dos brasileiros. Tentava-se incutir nos brasileiros a ideologia do pacto social que evidentemente intencionava encobrir as rela€Žes de poder e de classe na sociedade brasileira. Retomar o crescimento econ•mico e criar empregos passou a ser o grande objetivo das polƒticas econ•micas e sociais. Em rela€•o •s prioridades no que se refere • alimenta€•o e nutri€•o, foram previstos para 1986 os seguintes programas: PSA – Programa de suplementa€•o Alimentar, PNAE – Programa Nacional de Alimenta€•o Escolar e Refor€o alimentar ao programa de creches e programa nacional do leite para crian€as carentes, este ainda hoje existe com o nome de “leve leite”, no municƒpio de S•o Paulo, administrado pelo Departamento de Merenda Escolar. Destaque deve ser dado • nova constitui€•o brasileira de 1988, pela qual a alimenta€•o escolar passou a ser um direito e foi lan€ada a base para a descentraliza€•o dos programas de Alimenta€•o. 27 4 O governo Collor (1990-1992) e de Itamar Franco (1992-1995) O governo Collor foi caracterizado pelo pioneirismo na introdu€•o das reformas neoliberais no Brasil e na abertura do mercado interno obedecendo aos ditames do Consenso de Washington. Introduzia-se a ideologia de que a solu€•o do Brasil estava no mercado e no Estado mƒnimo. Toda polƒtica nacionalista foi denominada de atrasada. Desencadeou redu€•o de recursos financeiros, esvaziamento e/ou extin€•o dos programas de alimenta€•o. A Reestrutura€•o Produtiva que acompanhou este processo colaborou para aumentar o desemprego e aumentar a desigualdade social. Foi um governo marcado pela corrup€•o e pelo servi€o aos interesses privados. A CPI da fome e auditorias confirmaram irregularidades no PNAE (Programa de Alimenta€•o Escolar), no PSA (Programa de Suplementa€•o Alimentar), no PCA (Programa de Complementa€•o Alimentar) e no PNLCC (Programa Nacional do Leite para Crian€as Carentes) Um fato no contexto da polƒtica de alimenta€•o foi deveras revelador. Nessa ‚poca, era presidente do INAN um representante da Associa€•o Brasileira da Industria da Nutri€•o (ABIN), o qual priorizava nitidamente os interesses dos produtores de alimentos formulados. Em decorrˆncia disso, o PSA passou a usar alimentos b…sicos industrializados (fiambre bovino, macarr•o de milho, leite desnatado enriquecido). Enquanto isso, o PAT atendia prioritariamente as grandes e m‚dias empresas e aos trabalhadores com melhores condi€Žes de renda. A€Žes deste tipo colaboraram para o impeachment do presidente Collor. A grande mobiliza€•o social que originou o impeachment criou a esperan€a de termos a partir deste contexto uma maior participa€•o dos cidad•os nos destinos do paƒs. O governo Itamar Franco se iniciou com este otimismo. Movimentos sociais como o da “A€•o da Cidadania contra a Fome, a Mis‚ria e pela Vida", liderada pelo soci‹logo Betinho, refor€avam a expectativa de os cidad•os poderem ter maior poder de influˆncia na implementa€•o das polƒticas p‰blicas incluindo a da alimenta€•o. 28 Segundo Andrade (2006)12 Em 1993, a luta contra a fome e a mis‚ria alcan€ou um ƒndice de participa€•o inusitado de todos os setores da sociedade, o que, sem d‰vida, coloca a A€•o da Cidadania contra a Fome a Mis‚ria e pela Vida como um dos movimentos sociais mais importantes da hist‹ria do Brasil. Naquela ocasi•o, a maior parte da sociedade brasileira n•o reconhecia a existˆncia da fome e da mis‚ria no Brasil, falava-se, somente, em pobreza. A primeira grande conquista foi acabar com a hipocrisia em rela€•o • fome, pela primeira vez na hist‹ria o IBGE registrava oficialmente o contingente de 32 milhŽes de brasileiros que passam fome e o IPEA e a FGV aprofundam e divulgam pesquisas. Tƒnhamos conhecimento da dimens•o do problema e, ent•o, era imprescindƒvel lutar por medidas emergenciais e polƒticas estruturais de combate efetivo • mis‚ria. Formaram-se os Comitˆs de Combate • fome e cada comitˆ tinha a tarefa de fazer a€Žes emergenciais e a€Žes de press•o da opini•o p‰blica. Em 18 de mar€o de 1993, o presidente Itamar Franco assumiu o compromisso de implanta€•o da Polƒtica Nacional de Seguran€a Alimentar e um mˆs depois constituiuse o Conselho Nacional de Seguran€a Alimentar (CONSEA) pelo Decreto Presidencial de 26/04/1993, formado por nove ministros de Estado e vinte e um representantes da Sociedade Civil. Conseq–ˆncia desta mobiliza€•o democr…tica foi a descentraliza€•o da merenda escolar concretizada em julho de 1994, atrav‚s da Lei Federal 8.913 e que se respaldou na Constitui€•o de 1988. Criaram-se os CAES, Conselhos de Alimenta€•o Escolar, com o objetivo de possibilitar a participa€•o da sociedade civil no acompanhamento da realiza€•o do programa. Segundo Stefanini (1997)13 12 Disponƒvel no Site http://www.acaodacidadania.com.br/templates/acao/novo/publicacao/publicacao.asp?cod_C anal=6&cod_Publicacao=1302 13 Disponƒvel em http://www.isaude.sp.gov.br/teses/malu97.pdf 29 A descentraliza€•o da merenda escolar foi concretizada em julho de 1994, por meio da Lei Federal 8.913. Essa lei, em seu Artigo 4˜, determina que a elabora€•o dos card…pios dos programas de alimenta€•o escolar, sob a responsabilidade dos estados e municƒpios, atrav‚s de nutricionista, seja desenvolvida em acordo com o Conselho de Alimenta€•o Escolar e respeitando os h…bitos alimentares de cada localidade, sua voca€•o agrƒcola e a preferˆncia por produtos in natura. Essa Lei define ainda, em seu Artigo 2˜ a composi€•o dos Conselhos de Alimenta€•o Escolar: representantes do ‹rg•o de administra€•o da educa€•o p‰blica, dos professores, dos pais e alunos, de trabalhadores e outros da sociedade local (FAE, 1994. (Anexo 4). 5 Governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) O governo FHC consolidou a polƒtica econ•mica neoliberal no Brasil com uma desregulamenta€•o da economia jamais vista. V…rias empresas p‰blicas e servi€os p‰blicos foram privatizados. Consolidava-se tamb‚m a polƒtica do Estado mƒnimo. Uma de suas primeiras medidas foi a extin€•o, em 1995, do Conselho Nacional de Seguran€a Alimentar (CONSEA), que tinha sido criado a partir de uma proposta do Partido dos Trabalhadores, partido do seu advers…rio polƒtico Luƒs In…cio Lula da Silva. Com esta a€•o, levou a um retrocesso em rela€•o •s articula€Žes da sociedade civil organizada para a implanta€•o de um novo modelo de desenvolvimento por meio da Seguran€a Alimentar. O CONSEA ‚ substituƒdo pelo Conselho da Comunidade Solid…ria, criado pelo Decreto 1366 de 12/01/95. Este organismo n•o representava nem o governo nem a sociedade. Expressou nos seus objetivos a ideologia neoliberal que exigia menos interven€•o e responsabilidade do Estado. Segundo Andrade (2006)14 O Governo Fernando Henrique Cardoso cria o Conselho da Comunidade Solid…ria, uma proposta hƒbrida que n•o representava o Governo, nem a sociedade. Tal Conselho n•o segue os objetivos do Conselho anterior e lan€a uma nova proposta com menos interven€•o e responsabilidade do Estado. 14 Disponƒvel no Site http://www.acaodacidadania.com.br/templates/acao/novo/publicacao/publicacao.asp?cod_Canal=6&cod_ Publicacao=1302 30 No primeiro governo FHC (1995-1998), os programas de alimenta€•o e nutri€•o que existiam tiveram continuidade conforme diretrizes operacionais dos governos anteriores. De acordo com Vasconcelos (2005)15 Ao final desse perƒodo continuavam em funcionamento: o PNAE; o PAT; o Programa Leite ‚ Sa‰de, que passou a se chamar Programa de Combate •s Carˆncias Nutricionais (PCCN) e depois Incentivo ao Combate •s Carˆncias Nutricionais (ICCN); o PRODEA; os demais programas voltados ao combate •s carˆncias nutricionais especƒficas e o SISVAN. Sem d‰vida, a grande altera€•o verificada nesses anos foi a extin€•o do INAN, por meio da Medida Provis‹ria n— 1.576, de 5 de junho de 1997 Por‚m, o PNAE sofreu uma reestrutura€•o positiva a partir de 2000 ap‹s v…rias den‰ncias de desvio de recursos. D…-se importŠncia ao papel dos Conselhos Municipais e Estaduais da Alimenta€•o escolar como organismo de fiscaliza€•o da operacionaliza€•o do programa. Para conseguir os recursos os municƒpios e estados tinham que criar necessariamente o CAE. Outro ponto positivo em rela€•o ao PNAE aconteceu em 2001 com a edi€•o da Medida Provis‹ria n˜ 2.178. Segundo esta medida, 70% dos recursos transferidos pelo governo federal deveriam ser aplicados exclusivamente em produtos b…sicos. Obrigava tamb‚m a respeitar-se os h…bitos alimentares regionais e incentivar a voca€•o agrƒcola do municƒpio com o objetivo de desenvolver a economia local. De forma geral segundo Andrade (2006)16: Devemos reconhecer que ‚ no Governo Fernando Henrique Cardoso que se inicia um novo processo em rela€•o ao combate • mis‚ria, j… apresentado nas conclusŽes da 1„ Conferˆncia Nacional de Seguran€a Alimentar: a polƒtica de transferˆncia de renda. A implanta€•o da Bolsa Escola d… inƒcio a um processo de combate • fome, embora emergencial, muito mais digno e amplo que a distribui€•o de leite. Em seus oito anos de governo, Fernando Henrique Cardoso consolida a 15 Disponƒvel no Site http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141552732005000400001&script=sci_arttext&tlng= 16 Disponƒvel no Site http://www.acaodacidadania.com.br/templates/acao/novo/publicacao/publicacao.asp?cod_Canal=6&cod_Publicacao=1302 31 polƒtica de transferˆncia de renda como instrumento de combate • fome. No entanto, ainda de forma tƒmida, pois o IBGE, a FGV e o IPEA nesses anos continuam a atualizar e aprofundar os dados da exclus•o social no paƒs. Os 32 milhŽes de miser…veis de 1993 j… s•o 52 milhŽes em 2002, aproximadamente 11,2 milhŽes de famƒlias. O benefƒcio da Bolsa Escola alcan€ou pouco mais de 30% das famƒlias na mis‚ria. Sem d‰vida, um avan€o, por‚m insuficiente. Deve-se tamb‚m destacar que no governo FHC, a agricultura familiar entrou na agenda polƒtica do paƒs. Neste governo, foi criado o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), programa importante para incentivar e baratear os alimentos que fazem parte da mesa dos trabalhadores considerando que a maior parte destes alimentos vem da agricultura familiar. Mas n•o se deve esquecer que, infelizmente, o maior investimento continuou sendo no Agroneg‹cio voltado prioritariamente para a exporta€•o. Em rela€•o • Reforma Agr…ria, deu-se prioridade aos assentamentos, mas na perspectiva de controle dos movimentos sociais, como o MST, e, no adiamento de uma reforma agr…ria efetiva, pois, assentamentos n•o significam Reforma Agr…ria. Um destaque especial deve ser dado a uma lei conservadora, baixada por este governo e pela qual n•o se desapropriaria terras ocupadas pelos movimentos em prol da Reforma Agr…ria. 6 Governo de Luiz In‡cio Lula da Silva (a partir de 2002) O PNAE durante o governo atual est… articulado com o Programa Fome Zero, o qual propŽe a sua amplia€•o. O Programa Fome Zero foi lan€ado logo no inƒcio do seu primeiro governo (31/03/2002). PropŽem-se a€Žes de polƒticas estruturais com o objetivo de se chegar • raiz do problema da fome e da pobreza, gerando emprego e renda. PropŽe tamb‚m o incentivo • agricultura familiar, reforma agr…ria, bolsa-escola e renda-mƒnima, seguran€a e qualidade dos alimentos. O CONSEA (Conselho Nacional de Seguran€a Alimentar e Nutricional) ‚ recriado atrav‚s da Medida Provis‹ria n— 103 de 1— de janeiro de 2003, e regulamentado pelo Decreto 4.582, de 30 de janeiro de 2003. De acordo com os termos desta medida provis‹ria, tinha os seguintes objetivos: ser um instrumento de articula€•o entre governo 32 e sociedade civil na proposi€•o de diretrizes para polƒticas e a€Žes na …rea da alimenta€•o e nutri€•o; estabelecer di…logo entre o Minist‚rio de Seguran€a Alimentar e Combate • fome, demais minist‚rios e a sociedade civil. O PNAE, constituindo-se em um programa na …rea de alimenta€•o, ‚ um dos objetos das diretrizes deste conselho, sendo visto como uma estrat‚gia de seguran€a alimentar e nutricional. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa€•o (FNDE) ‚ o respons…vel pela assistˆncia financeira em car…ter complementar, normatiza€•o, coordena€•o, acompanhamento, monitoramento e fiscaliza€•o da execu€•o do programa, al‚m da avalia€•o da sua efetividade e efic…cia. Segundo o Site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa€•o17: Atualmente, o valor per capita repassado pela Uni•o ‚ de R$ 0,22 por aluno de creches p‰blicas e filantr‹picas, de R$ 0,22 por estudante do ensino fundamental e da pr‚-escola. Para os alunos das escolas indƒgenas e localizadas em comunidades quilombolas, o valor per capita ‚ de R$ 0,44. Os recursos destinam-se • compra de alimentos pelas secretarias de Educa€•o dos estados e do Distrito Federal e pelos municƒpios. O repasse ‚ feito diretamente aos estados e municƒpios, com base no censo escolar realizado no ano anterior ao do atendimento. O programa ‚ acompanhado e fiscalizado diretamente pela sociedade, por meio dos Conselhos de Alimenta€•o Escolar (CAEs), pelo FNDE, pelo Tribunal de Contas da Uni•o (TCU), pela Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) e pelo Minist‚rio P‰blico. Em 2006, foram investidos R$ 1,48 bilh•o para atender 36,3 milhŽes de alunos. Para 2007, o or€amento previsto ‚ de R$ 1,6 bilh•o destinado ao mesmo universo de alunos. O programa passou a ter eixos gerais que se desdobram em eixos especƒficos como se segue: 1. Promo€•o da alimenta€•o saud…vel e adequada no ambiente escolar. 17 http://www.fnde.gov.br 33 2. Fomento ao conhecimento do programa por parte do nutricionista, dos conselheiros e demais agentes do PNAE. 3. Estƒmulo • inser€•o da educa€•o alimentar e nutricional no currƒculo escolar e no cotidiano da pr…tica educacional. De forma geral, o PNAE teve um avan€o substancial pela sua articula€•o com o Programa Fome Zero que incorpora a concep€•o de que a alimenta€•o ‚ um direito. O incentivo • Agricultura Familiar, atrav‚s do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), ‚ um elemento importante para a produ€•o de alimentos. O PRONAF se vincula ao Programa de Aquisi€•o de Alimentos (PAA) pelo qual o governo compra alimentos diretamente dos agricultores familiares. Mas, faltam a€Žes estruturantes que dˆem garantia para a inclus•o efetiva das famƒlias carentes no processo produtivo. Uma a€•o estruturante seria a Reforma Agr…ria, que por sinal, est… prevista no Programa Fome Zero. O governo Lula est… ainda longe de efetuar uma verdadeira Reforma Agr…ria. Assentamentos, por si s‹, n•o a garantem. A ˆnfase continua em programas compensat‹rios que, mesmo considerando sua importŠncia, podem resultar em a€Žes assistencialistas. 7 Considera€•es finais sobre a polƒtica de alimenta€•o a partir dos governos populistas atŽ o governo Lula Ap‹s este breve hist‹rico do percurso dos programas de alimenta€•o do Brasil, podemos tirar algumas conclusŽes. Houve um avan€o no que tange • polƒtica p‰blica de educa€•o. Hoje, a alimenta€•o ‚ considerada um direito. A descentraliza€•o do PNAE, a maior participa€•o da sociedade civil no seu acompanhamento atrav‚s dos CAEs, s•o outros elementos importantes. ™ claro que em rela€•o ao CAEs a fiscaliza€•o ‚ ainda insuficiente e fr…gil. O CAE ‚ ainda usado por parte de algumas prefeituras como instrumento de barganha, de interesses eleitoreiros. Falta ainda uma a€•o consistente de prepara€•o dos conselheiros e uma maior vincula€•o dos CAEs com a comunidade escolar. 34 Por‚m, de forma geral, faltaram para todos os governos, desde Get‰lio Vargas, reformas estruturais que possibilitassem a consolida€•o do direito • alimenta€•o. Realmente, n•o d… para separar a alimenta€•o de reformas estruturais como a Reforma Agr…ria, a gera€•o de emprego e renda, o incentivo • agricultura familiar e a reforma tribut…ria. As dificuldades na sua implanta€•o s•o enormes, pois atingem os interesses das classes dominantes que secularmente mantˆm seus privil‚gios. Quanto • Reforma agr…ria, as notƒcias atuais sobre os conflitos entre movimentos sociais, como o MST e Via Campesina e os representantes dos latif‰ndios e do agroneg‹cio, revelam que ainda estamos longe da concretiza€•o destes fatores estruturantes. No entanto, o projeto de uma sociedade justa e democr…tica permanece como horizonte nas manifesta€Žes populares. O Brasil est… entre as dez maiores potˆncias econ•micas, mas, comparando com outros paƒses, tem um dos piores ƒndices de desigualdade social. ™ um progresso, um desenvolvimento que, contraditoriamente, gera exclus•o. Segundo Escoda (2004)18 O Brasil apesar de ser considerado um dos paƒses emergentes, em fun€•o de seu potencial econ•mico gerador e consumidor de bens, seu processo de desenvolvimento traz a forte caracterƒstica das desigualdades sociais. Estas s•o entendidas como causas e efeitos estruturais de sua condi€•o perif‚rica nas rela€Žes econ•micas internacionais, se expressam, por exemplo, nos discrepantes nƒveis de desenvolvimento regional e de concentra€•o de renda. Aparentes contradi€Žes do sistema econ•mico e de governo, essas contradi€Žes, segundo Dobb (1982), s•o funcionais a acumula€•o e a reprodu€•o capitalistas, a ponto do crescimento econ•mico do paƒs situar-se entre as dez maiores economias com significantes avan€os em setores de ponta na …rea tecnol‹gica, de comunica€Žes e de servi€os, com a exclus•o de quase um ter€o de sua popula€•o. 18 Disponƒvel no Site http://www.ufrnet.br/~scorpius/20-Iniquidade%20em%20saude.htm 35 De acordo com Chauƒ (2003, p. 93) O Brasil ocupa o terceiro lugar mundial em ƒndice de desemprego, gasta por volta de 90 bilhŽes de reais por ano em instrumentos de seguran€a privada e p‰blica, ocupa o segundo lugar mundial nos ƒndices de concentra€•o da renda e de m… distribui€•o da riqueza, mas ocupa o oitavo lugar mundial em termos do Produto Interno Bruto. A desigualdade na distribui€•o da renda – 2% possuem 98% da renda nacional, enquanto 98% possuem 2% dessa renda..... Em outras palavras, a sociedade brasileira est… polarizada entre a carˆncia absoluta das camadas populares e o privil‚gio absoluto das camadas dominantes e dirigentes. Deve-se destacar que a urgˆncia da Reforma Agr…ria n•o se deve • disponibilidade ou n•o de alimentos em si. A quest•o ‚ que o desnƒvel de renda n•o permite a muitos terem nem uma “ra€•o essencial mƒnima”. Como afirma Escoda (1989)19: ™ necess…rio evidenciar que n•o ‚ a disponibilidade de alimentos em si, um fator de causa no processo de consumo alimentar brasileiro. O paƒs alcan€ou sua auto-suficiˆncia em trigo, mesmo reduzida em 1,5% a sua produ€•o anual per capita, a disponibilidade no mercado interno de alimentos b…sicos ‚ suficiente para a demanda das necessidades nutricionais da popula€•o. A quest•o alimentar que est… posta ‚ de ordem econ•mica/renda na garantia do acesso ao consumo, determinado pelo confisco salarial e de concentra€•o da renda, evidenciando assim a rela€•o dial‚tica da quest•o alimentar e nutricional brasileira. A reforma agr…ria, para propiciar a redistribui€•o de renda, n•o pode estar dissociada de um projeto de incentivo • agricultura familiar que colaborar… para um desenvolvimento com inclus•o social. Os avan€os recentes nessa dire€•o n•o encobrem que muito ainda est… por ser feito, principalmente quando se constata que o Agroneg‹cio continua tendo privil‚gios no que tange aos investimentos em detrimento da agricultura familiar. 19 Disponƒvel no Site http://www.ufrnet.br/~scorpius/23-Concen%20da%20Terra.htm 36 No entanto, como afirma Santos (2003)20 Em todos os paƒses desenvolvidos, a op€•o em favor da agricultura familiar foi fundamental para o crescimento econ•mico. Em bases familiares, o desenvolvimento da agricultura fortaleceu e assegurou a seguran€a alimentar dos paƒses, equilibrou progressivamente os pre€os dos alimentos e produtos agrƒcolas, estimulou o mercado de consumo de massas e a poupan€a, dinamizou as economias rurais e alavancou os setores industriais e de servi€os, al‚m de polƒticas de fomento ou de apoio ao desenvolvimento. E, hoje, a agricultura familiar vem tendo um papel de destaque na preserva€•o do meio ambiente e na gest•o dos territ‹rios rurais. Em termos de soberania alimentar, a agricultura familiar ‚ respons…vel pela maior parte da produ€•o de milho, feij•o, mandioca, hortigranjeiros e suƒnos. Tamb‚m provˆm daƒ metade do milho e do leite produzidos no paƒs, 40% das aves e dos ovos e mais de 30% da soja, do arroz, do algod•o. Portanto, a agricultura familiar ‚ respons…vel por parte significativa da produ€•o que sustenta o agrobusiness e nossas exporta€Žes. Ela ‚ mais forte nas regiŽes onde o acesso • terra foi mais democratizado – em particular o Sul – e onde houve mais polƒticas de apoio a seu desenvolvimento. N•o por acaso encontramos, nessas mesmas regiŽes rurais e “familiaress”, os melhores ƒndices de desenvolvimento humano do paƒs, as menores disparidades de renda, os menores ƒndices de violˆncia no campo. 20 Disponƒvel no Site http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=1956 37 CAPŒTULO 3 A Merenda Escolar na vis•o dos alunos da EJA Ao longo desta pesquisa, se destacou a importŠncia da participa€•o popular com consciˆncia polƒtica na estrutura da implementa€•o da merenda escolar. Como foi ressaltado no Capƒtulo 1, o reconhecimento de que a merenda escolar se implementa no bojo de uma polƒtica p‰blica de alimenta€•o n•o garante por si s‹, que tal polƒtica seja realmente p‰blica. Por isso, reafirma-se a relevŠncia da participa€•o popular que n•o se esgota nos Conselhos de Alimenta€•o Escolar (CAES). ™ necess…rio que estes se aproximem mais da comunidade com uma a€•o que efetive realmente a participa€•o cidad•. E o primeiro passo para atingir este objetivo ‚ ouvir •queles que usufruem da merenda escolar. A pesquisa realizada teve esta inten€•o. At‚ que ponto o car…ter p‰blico da polƒtica de alimenta€•o, que abrange a merenda escolar, ‚ reconhecido pelos alunos da EJA e se manifesta na sua pr…tica? Os dados da pesquisa confirmaram a hip‹tese de que o fato de uma polƒtica p‰blica garantir por lei determinados direitos e buscar efetiv…-los, n•o ‚ suficiente se n•o vier acompanhada de a€Žes que, como afirma Valente (2002, p.61), possibilitem: desenvolver um processo de capacita€•o de setores da sociedade civil para o exercƒcio da cidadania, estimulando a participa€•o no processo polƒtico; fortalecer a autonomia da sociedade civil, capacitando-a para o processo de interlocu€•o com as autoridades governamentais; desenvolver propostas concretas de mecanismos de constru€•o de parcerias entre atores da sociedade civil e organismos governamentais que preservem e respeitem a independˆncia, a autonomia e a diversidade entre os diferentes atores. 38 1 A estrutura organizacional da merenda escolar na rede estadual e municipal Foi relevante para a pesquisa o conhecimento da estrutura de organiza€•o da Merenda escolar na rede estadual e municipal. A Merenda Escolar no Estado de S•o Paulo O Departamento de Suprimento Escolar (DSE) ‚ respons…vel pelas compras e labora€•o dos card…pios das escolas estaduais. Os CAEs, atrav‚s de seus representantes d•o sugestŽes de card…pio em reuniŽes peri‹dicas. O DSE n•o possui cargo de nutricionista, mas conta com a colabora€•o de seis nutricionistas contratadas para o cargo de assessor t‚cnico e quinze t‚cnicos de nutri€•o, n‰mero inexpressivo mediante a quantidade de escolas atendidas e de refei€Žes servidas. S•o 1738 escolas e aproximadamente 1100 refei€Žes/dia, por escola. Para possibilitar o desenvolvimento da educa€•o alimentar junto aos alunos, o departamento mant‚m convˆnios com as faculdades, oferecendo est…gios para alunos do quarto ano do curso de gradua€•o em nutri€•o. Estes, ficam respons…veis por realizar palestras nas escolas abordando a alimenta€•o saud…vel e destacando o incentivo • alimenta€•o escolar . O DSE tamb‚m n•o possui o cargo de merendeira, mas as escolas contam com a colabora€•o de profissionais que ocupam o cargo de servente e desempenham a fun€•o de “preparadoras de merenda”. Estas, recebem capacita€•o atrav‚s de cursos anuais realizados no departamento ou em local determinado nas diversas cidades do Estado. As escolas estaduais recebem os gˆneros alimentƒcios para a execu€•o do card…pio padr•o, sendo: arroz in natura, feij•o enlatado, hamburguer enlatado ou frango flocado empanado, batata em flocos, p‹ para sobremesa L…ctea, macarr•o in natura, legumes enlatados e biscoitos. As escolas recebem uma verba complementar no valor de R$ 0,12 (doze centavos) por aluno matriculado, para fazerem a aquisi€•o de condimentos, temperos, frutas, verduras, ovos, e leite. Importante a informa€•o de que os alimentos enlatados e os semi-prontos foram a op€•o encontrada para garantir a seguran€a alimentar da merenda oferecida, uma vez 39 que n•o possuem corantes nem conservantes artificiais. S•o alimentos conservados pela esteriliza€•o em autoclaves. Al‚m disso, no recebimento ‚ feito um rigoroso controle de qualidade. A merenda escolar deve conforme a Lei atender a no mƒnimo 15% das necessidades nutricionais. O sistema de compras segue a seq–ˆncia: publica€•o do edital, abre a licita€•o na modalidade preg•o; ganha o menor pre€o. O fornecedor traz o produto para teste interno e tamb‚m um teste de aceita€•o em trˆs escolas. Se a aceita€•o for maior que 85%, o produto ‚ aprovado e o resultado encaminhado para a diretora t‚cnica decidir sobre a compra ou n•o do produto. Nas regiŽes mais carentes ‚ tamb‚m oferecida a merenda inicial (leite enriquecido), mas cada escola tem autonomia para decidir como administrar os casos especiais. Os card…pios s•o elaborados por nutricionistas, de forma a atender 15% das necessidades nutricionais di…rias e tamb‚m fornecer um aporte de micronutrientes (vitaminas, minerais) e de fibras. As escolas devem seguir o card…pio que ‚ publicado no DOE. A Merenda Escolar na Prefeitura de S•o Paulo O Departamento de Merenda Escolar est… subordinado • Secretaria Municipal da Educa€•o. ™ respons…vel pela elabora€•o dos card…pios, que dever•o atender a 15% das necessidades nutricionais. Responde tamb‚m pelas compras, recebimento, armazenamento e distribui€•o dos gˆneros nas escolas. A distribui€•o ‚ feita por frota terceirizada, di…ria para gˆneros perecƒveis e semanal para gˆneros n•o perecƒveis. As escolas devem obedecer aos card…pios que s•o publicados no DOM. O DME tamb‚m responde pela distribui€•o de leite nas escolas. Conta com a colabora€•o de quatorze nutricionistas para a realiza€•o de treinamentos junto ao pessoal operacional e para a realiza€•o de a€Žes que possam garantir a total seguran€a alimentar. Segundo levantamento feito em mar€o/2007, o DME atende a 1005 creches, servindo 502.777 refei€Žes/dia; 472 escolas de educa€•o infantil, servindo 276.378 refei€Žes/dia e 469 escolas de ensino fundamental, servindo 674.486 refei€Žes/dia. Para o alimento ou prepara€•o ser introduzido no card…pio da merenda escolar ‚ feito um teste de aceita€•o com pelo menos cinco escolas e a aceita€•o deve ser igual ou superior a 85%. 40 2 A Pesquisa: MŽtodo, Material e Participantes Participaram da pesquisa 112 alunos das turmas de Ensino de Jovens e Adultos (EJA), divididos em dois grupos: o grupo A, denominado de GA eram alunos do Ensino Fundamental de escola municipal com idade mƒnima de 14 anos e idade m…xima de 72 anos, mediana 28,50 com m‚dia aritm‚tica 31,00 Œ 14,26, sendo 41,3% do sexo masculino e 58,7 do sexo feminino. O grupo B, denominado GB, eram alunos do Ensino M‚dio de escola estadual com idade mƒnima de 18 anos e idade m…xima de 64 anos, mediana 30,00 com m‚dia aritm‚tica 31,92 Œ 10,36, sendo 38,5% do sexo masculino e 61,5% do sexo feminino. Para a coleta de dados foi utilizado um question…rio (Anexo 1), construƒdo pela autora, baseando-se no texto de G–nther (2003) e no modelo de Ferrante (1976), com 14 perguntas fechadas e semi-abertas. Nos dados de identifica€•o do aluno e do professor da EJA, foi solicitada a s‚rie, idade, sexo, estado civil e n‰mero de filhos. Indicaram tamb‚m se a residˆncia ‚ pr‹pria, alugada ou cedida, se trabalha, qual a profiss•o, renda total dos moradores da casa especificando por faixas de sal…rio-mƒnimo. O participante indicou quantas vezes por semana faz uso da merenda escolar, se, no seu entendimento, ela ‚ assistencialista ou polƒtica p‰blica de educa€•o, se o uso da merenda escolar auxilia no aprendizado e interfere nos h…bitos alimentares. Assinalou as prepara€Žes e/ou alimentos de sua preferˆncia, especificando o que ‚ servido na merenda escolar e o que a escola pode fazer para propiciar educa€•o alimentar. A pergunta de fechamento, se referiu aos motivos que o levaram a voltar a estudar. Os resultados apurados de todas estas questŽes, foram apresentados em tabelas. Al‚m disso, tem um question…rio especƒfico para a coordena€•o, com perguntas abertas e fechadas, cuja finalidade foi colher informa€Žes gerais sobre o funcionamento da Educa€•o de Jovens e Adultos e constatar se havia alguma rela€•o do aluno com a escola, ap‹s concluir o curso. Nas escolas observadas, a EJA foi instituƒda em 2002 para o GA e em 2004 para o GB. Os objetivos da EJA nas duas escolas s•o: atender a comunidade local, formar educandos dentro dos princƒpios da Lei de Diretrizes e Bases, resgatar a auto-estima e valorizar o indivƒduo. 41 No GA, a escola atende a pessoas com mais de 14 anos que desejam cursar o ensino fundamental. No GB, a escola atende a alunos que desejam cursar o Ensino M‚dio “pararam de estudar e agora retornam com pressa de terminar por questŽes de trabalho”. Os professores da EJA no GA s•o em n‰mero de 12, todos possuem licenciatura plena. Quanto •s disciplinas, todas da base nacional, mais inglˆs. Quanto • dura€•o dos cursos: Ensino Fundamental I, dois anos e Ensino Fundamental II, dois anos . Hor…rio do curso: das 19 •s 23 horas de 2„ a 6„ feira. Ap‹s o t‚rmino do curso •s vezes as escolas tˆm contato com o aluno dos GA e GB. No GB, os professores da EJA s•o em n‰mero de 30, todos possuem licenciatura plena. As disciplinas oferecidas s•o portuguˆs, hist‹ria, geografia, fƒsica, quƒmica, biologia, matem…tica, inglˆs e artes. A dura€•o do curso ‚ de um ano e meio (18 meses), no hor…rio das 19 •s 23 horas. O aluno da EJA dever… ter 17 anos completos e ter completado o Ensino Fundamental II. Inicialmente, foi encaminhada uma solicita€•o formal • diretoria da escola, explicando os objetivos do projeto da pesquisa e apresentando a pesquisadora. Ap‹s algumas escolas terem negado a realiza€•o da pesquisa, alegando que este ‚ um assunto muito polˆmico e que d… abertura para muita discuss•o, que poderia causar problemas para a escola e para a dire€•o, conseguimos autoriza€•o com os diretores de duas escolas. Foi combinado que a aplica€•o do instrumento se daria em dia letivo, no hor…rio noturno das aulas, momento em que tamb‚m foi acompanhada a distribui€•o da merenda escolar. Os participantes receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II) em duas vias, sendo que uma via foi assinada e devolvida. Todas as d‰vidas e esclarecimentos foram realizados no momento da leitura. Em seguida, foram distribuƒdos os question…rios (Anexo I), feita a leitura das perguntas e, no caso de d‰vidas, procedia-se o esclarecimento. Em todas as turmas houve esclarecimento quanto a quest•o “Como entende a merenda escolar: Polƒtica P‰blica ou Assistencialista?” A pesquisadora explicou que Polƒtica P‰blica ‚ quando o Estado (governo) cria as leis para garantir um direito social e Assistencialista ‚ quando o Estado (governo) d… um benefƒcio para incentivar a popula€•o, mas n•o ‚ lei, pode tir…-lo a qualquer momento. N•o houve necessidade de maiores esclarecimentos quanto as demais questŽes. 42 3 Resultados e Discuss•o Adotar-se-… nesta parte tanto a an…lise quantitativa como a qualitativa. N•o se propŽe polariza€•o entre estas abordagens mas, de forma dial‚tica, uma vincula€•o dial‚tica dentro de uma unidade de contr…rios. Ou seja, n•o se pode separar a an…lise quantitativa da qualitativa e vice-versa. Segundo Sanchez e Minayo (1993)21 ....... se a rela€•o entre quantitativo e qualitativo, entre objetividade e subjetividade n•o se reduz a um continuum, ela n•o pode ser pensada como oposi€•o contradit‹ria. Pelo contr…rio, ‚ de se desejar que as rela€Žes sociais possam ser analisadas em seus aspectos mais "ecol‹gicos" e "concretos" e aprofundadas em seus significados mais essenciais. Assim, o estudo quantitativo pode gerar questŽes para serem aprofundadas qualitativamente, e vice-versa. A primeira (quantitativa) tem como campo de pr…ticas e objetivos trazer • luz dados, indicadores e tendˆncias observ…veis. Deve ser utilizada para abarcar, do ponto de vista social, grandes aglomerados de dados, de conjuntos demogr…ficos, por exemplo, classificando-os e tornando-os inteligƒveis atrav‚s de vari…veis. A segunda (qualitativa) adequa-se a aprofundar a complexidade de fen•menos, fatos e processos particulares e especƒficos de grupos mais ou menos delimitados em extens•o e capazes de serem abrangidos intensamente. Segundo Demo (1988, p.14 e 27) N•o se trata... de estabelecer entre qualidade e quantidade uma polariza€•o radical e estanque, como se uma fosse a pervers•o da outra. Cada termo tem sua raz•o pr‹pria de ser e age na realidade como uma unidade de contr…rios. Ainda que possam se repelir, tamb‚m se necessitam. A quantidade n•o ‚ uma dimens•o inferior ou menos nobre da realidade, mas simplesmente uma face dela. E a qualidade n•o precisa espiritualidade, divindade. 21 Disponƒvel no Site http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102311X1993000300002&script=sci_arttext&tlng=pt 43 inevitavelmente significar enlevo, Uma avalia€•o qualitativa dedica-se a perceber tal problem…tica para al‚m dos levantamentos quantitativos usuais, que por isso n•o deixam de ter sua importŠncia. N•o h… raz•o para se polemizar contra apresenta€Žes quantitativas, de estilo empƒrico e estatƒstico, a n•o ser que a an…lise se torne empirista. Quer dizer, h… toda uma diferen€a entre aproveitamento empƒrico da realidade e redu€•o empirista. N•o faz nenhum mal a qualquer avalia€•o qualitativa vir secundada por dados quantitativos, at‚ porque estes s•o inevit…veis. A an…lise quantitativa foi realizada por meio de porcentagens e s•o apresentadas em Tabelas. Para a compara€•o entre os dois grupos foi aplicada a estatƒstica inferencial usando o teste qui-quadrado e correla€•o de Sperman . Tabela 1 – Estado civil do participante Estado civil GA GB Total F % F % F % solteiro casado vi‰vo divorciado mora junto 32 17 6 2 3 53,3 28,3 10 3,3 5 26 20 50 38,5 4 2 7,7 3,8 58 37 6 6 5 51,8 33 5,4 5,4 4,4 Total 60 100 52 100 112 100 Os dados da Tabela 1, mostram os resultados quanto ao estado civil dos participantes. Para o grupo A , 53,3% s•o solteiros, 28,3% casados, , 10% s•o vi‰vos, 5% moram juntos e 3,3% s•o divorciados. J… o grupo B, apresenta um resultado de 50% solteiros, 38,5% casados, 7,7% divorciados e 3,8% morando juntos. No geral, os dois grupos apresentam 51,8% dos participantes solteiros, 33% casados, 5,4% vi‰vo e divorciado e 4,4% moram juntos. Para verificar se existe diferen€a estatisticamente significante foi aplicado o teste qui-quadrado (L x C) aos dois grupos. O o2 = 4,90 (c2 = 3,84 e n.g.l = 1, p < 0,05), verificou-se que existe diferen€a estatisticamente significante entre os grupos quanto ao estado civil, o mesmo teste foi aplicado para verificar se existe diferen€a significante entre as vari…veis do estado civil participante o o2 = 103,62 e c2 = 9,49 n.g.l. = 4, neste caso existe diferen€a estatisticamente significante. O estado civil que predominou foi “solteiro”. Correlacionando os dois grupos foi aplicado o teste de correla€•o de 44 Sperman o ro = 0,60 e rc = 0,75, assim sendo n•o existe correla€•o entre os participantes do GA versus o GB em rela€•o ao estado civil. Tabela 2 – n˜ filhos do participante N‘ de filhos GA GB Total F % F % F % N•o tem filhos de 1 a 2 de 3 a 5 de 6 a 7 de 8 a 10 > 10 27 19 14 45 31,6 23,4 20 24 6 1 38,5 46 11,5 2 47 43 20 1 41,9 38,5 17,8 0,9 1 2 1 0,9 Total 60 52 100 112 100 100 Quanto ao n‰mero de filhos, a Tabela 2, mostra que no grupo A 45% n•o tem filhos, 31,6% tˆm de 1 a 2 filhos e 23,4% tˆm de 3 a 5 filhos. O grupo B apresenta que 38,5% n•o tˆm filhos, 46% tˆm de 1 a 2 filhos, 11,5% tˆm de 3 a 5 filhos e apenas 2% apresentam ter de 6 a 7 filhos e mais que 10. O dois grupos demonstram o seguinte resultado: 41,9% n•o tˆm filhos, 38,5% tˆ de 1 a 2, 17,8%, de 3 a 5 filhos e somente 0,9% afirmam ter de 6 a 7 ou mais que 10 filhos. Tabela 3 – Residˆncia dos participantes Resid•ncia GA GB Total F % F % F % Pr‹pria Alugada Cedida 39 14 7 65 23,3 11,7 25 26 1 48 50 2 64 40 8 57,1 35,8 7,1 Total 60 100 52 100 112 100 Quanto a residˆncia dos participantes a Tabela 3, mostra que no GA 65% moram em casa pr‹pria, 23,3% moram em casa alugada e 11,7% em casa cedida. J… no GB, 48% moram em casa pr‹pria, 50% em casa alugada e 2% em casa cedida. No total, os dois grupos apresentam a seguinte situa€•o quanto a residˆncia: 57,1% moram em casa pr‹pria, 35,8% moram em casa alugada e 7,1% moram em casa cedida. 45 Foi aplicado o teste qui-quadrado (L x C) aos dois grupos. O o2 = 0,66 (c2 = 5,99 e n.g.l = 2, p < 0,05) ; quanto ao tipo de residˆncia n•o existe diferen€a estatisticamente significante. No total tamb‚m foi aplicado o mesmo teste . O o2 = 42,28 e c2 = 5,99 n.g.l. = 2, p<0,05. Neste caso, existe diferen€a estatisticamente significante. Para verificar se existe correla€•o aplicando a correla€•o de Sperman ro = 0,50 e rc = 0,87 (p, 0,05 e N=3), neste caso n•o existe correla€•o entre os grupos. ™ importante considerar que o GA se refere a um bairro mais perif‚rico. Tabela 4 – Trabalho dos participantes Situa€•o GA GB Total F % F % F % Sim 30 50 44 84,6 74 66 N•o 30 50 8 15,4 38 34 Total 60 100 52 100 112 100 Conforme demonstrado na Tabela 4, a situa€•o de trabalho dos participantes do GA ‚ que 50% est•o trabalhando e do GB 66%. Para verificar se existe diferen€a estatisticamente significante foi aplicado o teste qui-quadrado (L x C) aos dois grupos. O o2 = 14,89 (c2 = 3,84 e n.g.l = 1, p < 0,05) verificou-se que quanto a situa€•o de trabalho, existe diferen€a estatisticamente significante entre os grupos. No total, tamb‚m foi aplicado o mesmo teste o2 = 11,57 e (c2 = 3,84, n.g.l. = l ,p< 0,05). Tamb‚m neste caso existe diferen€a estatisticamente significante. Pelo fato de s‹ ter duas vari…veis nesta Tabela, n•o se aplica a correla€•o de Sperman. As profissŽes no GA s•o: comerciante, diarista, costureira, motorista, cabeleireiro, pedreiro, padeiro, pintor, porteiro, gar€onete e empregada dom‚stica, 46 auxiliar de lavanderia, atendente, auxiliar de almoxarifado, balconista, manicura, Tabela 5 – Renda dos participantes Situa€•o GA GB Total F % F % F % At‚ 1 SM de 2 a 3 de 4 a 5 de 6 a 10 > 10 21 31 5 2 1 35 51,7 8,3 3,3 1,7 9 18 15 9 1 17,3 34,6 28,8 17,3 2 30 49 20 11 2 26,8 43,8 17,8 9,8 1,8 Total 60 100 52 100 112 100 inspetor de aluno, copeira, auxiliar de produ€•o, passadeira e empregada dom‚stica. Com rela€•o a Tabela 5, renda dos participantes, a situa€•o que se apresenta ‚: no GA 51,7% possuem renda de 2 a 3 SM, 35% renda de at‚ 1 SM, 8,3% possuem renda de 4 a 5 SM, 3,3% renda de 6 a 10 SM e apenas 1% possui renda superior a 10 SM. No GB, 34,6% possuem renda de 2 a 3 SM, 28,8% de 4 a 5 SM, 17,3% at‚ 1 SM e 6 a 10 SM e apenas 2% possui renda superior a 10 SM. No total, 43,8% referem renda de 2 a 3 SM; 26,8% at‚ 1 SM; 17,8% de 4 a 5 SM; 9,8% de 6 a 10 SM e 1,8% maior que 10 SM. Aplicado o teste qui-quadrado (L x C) o o2 = 21,98 (c2 = 7,82 e n.g.l = 3, p < 0,05) Quanto a renda, existe diferen€a estatisticamente significante entre os grupos. No total tamb‚m foi aplicado o mesmo teste o2 = 28,98 e (c2 = 7,82, n.g.l. = 3 ,p< 0,05). Tamb‚m neste caso existe diferen€a estatisticamente significante. Para verificar se existe correla€•o aplicando a correla€•o de Sperman ro = 0,82 e rc = 0,75 (p, 0,05 e N=5), neste caso existe correla€•o entre os grupos. 47 Tabela 5 a – Renda acrescida de bolsa Situa€•o Bolsa famƒlia Bolsa educa€•o nenhuma As duas bolsas Total GA GB Total F % F % F % 7 1 52 11,7 1,7 86,6 1 1 50 1,9 1,9 96,2 8 2 102 7,1 1,8 91,1 60 100 52 100 112 100 Na Tabela 5a, renda acrescida da bolsa no GA 86,6% responderam “nenhuma”, 11,7% tˆm bolsa famƒlia e 1,7% tˆm bolsa educa€•o. No GB 96,2% responderam nenhuma bolsa acrescida • renda e 1,9 tˆm bolsa famƒlia e bolsa educa€•o. No total, 91,1% n•o recebem bolsa, 7,1% recebem bolsa famƒlia e 1,8% recebem bolsa educa€•o. Para verificar se existe diferen€a estatisticamente significante foi aplicado o teste qui-quadrado (L x C) aos dois grupos. O o2 = 34,32 (c2 = 3,84 n.g.l = 1, p < 0,05) verificou-se que existe diferen€a estatisticamente significante entre os grupos quanto a renda acrescida de bolsa . O mesmo teste foi aplicado para verificar se existe diferen€a significante entre as vari…veis o o2 = 80,32 (c2 = 14,07 n.g.l = 1, p < 0,05) neste caso existe diferen€a estatisticamente significante no que se refere • renda acrescida de bolsa. Correlacionando os dois grupos foi aplicado o teste de correla€•o de Sperman ro = 0,86 e rc = 0,87(p < 0,05 e N=3), assim sendo n•o existe correla€•o entre os grupos. No geral, os dois grupos apresentam uma predominŠncia de renda de 2 a 3 SM correspondendo a 43,8% da popula€•o estudada, sendo que 91,1% n•o possuem bolsa incluƒda na renda. 48 Tabela 6 – Vocˆ costuma comer na escola N‘ de vezes GA GB Total F % F % F % 1 x semana 2 x semana 3 x semana 4 x semana 5 x semana nenhuma 7 5 8 4 19 20 11,1 7,9 12,7 6,3 30,2 31,8 9 7 6 3 8 19 17,3 13,5 11,5 5,8 15,4 36,5 16 12 14 7 27 39 13,9 10,4 12,2 6,1 23,5 33,9 Total 63 100 52 100 115 100 A Tabela 6 mostra que no total dos dois grupos 33,9% n•o fazem uso da merenda escolar, sendo que no GA 31,8% e no GB 36,5%. Mas, 23,5% se utilizam da merenda escolar 5 vezes por semana, sendo 30,2% no GA e 23,5% no GB. Outros ƒndices de uso da merenda s•o apresentados: 13,9% 1 x semana; 12,2% 3 x semana; 10,4% 2 x semana e 6,1% 4 x semana. Para verificar se existe diferen€a estatisticamente significante foi aplicado o teste qui-quadrado (L x C) aos dois grupos. O o2 = 4,48 (c2 = 9,49 e n.g.l = 4, p < 0,05) o que demonstra que n•o existe diferen€a estatisticamente significante entre as vari…veis relacionadas ao n‰mero de vezes que os alunos costumam fazer uso da merenda escolar. O mesmo teste foi aplicado para verificar se existe diferen€a significante entre os dois grupos o2 = 36,06 ( c2 = 11,07, p<0,05, n.g.l. = 5) neste caso existe diferen€a estatisticamente significante. Correlacionando os dois grupos foi aplicado o teste de correla€•o de Sperman o ro = 0,71 e rc = 0,70, assim sendo existe correla€•o estatisticamente significante entre os participantes do GA versus o GB em rela€•o ao n‰mero de vezes em que os participantes se utilizam da merenda escolar. 49 Tabela 7 – Para quem respondeu “nenhuma” Situa€•o Venho s/ comer Como alg. coisa Janto Cantina Total GA GB Total F 2 17 1 % 10 85 5 F 6 11 1 1 % 31,5 57,9 5,3 5,3 F 8 28 2 1 3 % 20,5 71,8 5,1 2,6 20 100 19 100 39 100 A Tabela 7 se refere aos 33,9% que n•o fazem uso da merenda escolar. Destes, 71,8% comem alguma coisa antes de vir para as aulas, 20,5% vem para as aulas sem comer nada, 5,1% jantam em casa ou no trabalho e 2,6% fazem uso da cantina dentro da escola, sendo que esta s‹ existe na escola do GB. Foi aplicado o teste qui-quadrado (L x C) aos dois grupos. O o2 = 1,47 (c2 = 3,84 e n.g.l = 1, p < 0,05); quanto a resposta “nenhuma” na Tabela 6, n•o existe diferen€a estatisticamente significante entre os grupos quanto as vari…veis. O mesmo teste foi aplicado para verificar se existe diferen€a significante no total dos dois grupos; o o2 = 11,11 ( c2 = 3,84, p,0,05 e n.g.l. = 1) neste caso existe diferen€a estatisticamente significante. Correlacionando os dois grupos foi aplicado o teste de correla€•o de Sperman o ro = 0,94 e rc = 0,81, assim sendo existe correla€•o entre os dois grupos. Tabela 8 – Como os participantes entendem a Merenda Escolar Situa€•o GA GB Total F % F % F % Assistencialista 15 23,8 19 36,5 34 29,6 Polƒt.P‰bl.Educ. 30 47,6 26 50 56 48,7 Nenhuma 18 28,6 7 13,5 25 21,7 63 100 52 100 115 100 Total Os dados da Tabela 8 demonstram que no GA 47,6% entendem a Merenda Escolar como Polƒtica P‰blica , 23,8% a entendem como Assistencialista e 28,6% responderam nenhuma. O GB respondeu 50% Polƒtica P‰blica, 36,5% como 50 Assistencialista e 13,5% nenhuma. O resultado geral dos dois grupos foi 48,7% polƒtica p‰blica , 29,6% assistencialista e 21,7% nenhuma. Para verificar se existe diferen€a estatisticamente significante foi aplicado o teste qui-quadrado (L x C) aos dois grupos. O o2 = 4,58 (c2 = 5,99 e n.g.l = 2, p < 0,05) verificou-se que n•o existe diferen€a estatisticamente significante entre os grupos quanto a forma como entendem a merenda escolar. O mesmo teste foi aplicado para verificar se existe diferen€a significante no total o2 = 13,27 ( c2 = 5,99 n.g.l. = 2 e p <0,05) neste caso existe diferen€a estatisticamente significante entre as vari…veis do entendimento. Prevaleceu a id‚ia de Polƒtica P‰blica. Correlacionando os dois grupos foi aplicado o teste de correla€•o de Sperman o ro = 0,50 e rc = 0,87, assim sendo n•o existe correla€•o entre os participantes do GA versus o GB em rela€•o a este entendimento. Tabela 9 – A merenda escolar ajuda no aprendizado Situa€•o GA GB Total F % F % F % Aprendo c/ fome fome desconcent. Boa aliment... N•o tem rela€•o 7 12 36 8 11,1 19 57,1 12,8 1 23 21 7 2 44,2 40,3 13,5 8 35 57 15 6,9 30,4 49,6 13,1 Total 63 100 52 100 115 100 A Tabela 9 mostra um consenso entre os dois grupos quanto a ordem das vari…veis. No total dos dois grupos, resultou que 49,6% acreditam que boa alimenta€•o ‚ igual a bom rendimento escolar, 30,4% acreditam que fome desconcentra e prejudica o aprendizado, 13,1% afirmam que n•o tem rela€•o alimenta€•o e aprendizado e 6,9% afirmam que aprendem mesmo com fome. Aplicado o teste qui-quadrado (L x C) aos dois grupos. O o2 = 23,72 (c2 = 5,99 e n.g.l = 2, p < 0,05) quanto a quest•o se a merenda escolar ajuda no aprendizado existe diferen€a estatisticamente significante entre os grupos No total tamb‚m foi aplicado o mesmo teste o2 = 50,67 (c2 = 7,82, p,0,05 n.g.l. = 3) neste caso tamb‚m existe diferen€a estatisticamente significante. Correlacionando os dois grupos foi aplicado o teste de correla€•o de Sperman o ro = 0,40 e rc = 0,81, assim sendo n•o existe correla€•o entre os participantes do GA 51 versus o GB. Prevaleceu a ressignifica€•o de que “boa alimenta€•o ‚ sin•nimo de bom rendimento escolar”. Tabela 10 – Em casa faz prepara€Žes iguais as da merenda escolar Situa€•o Nunca Quase nunca •s vezes quase sempre sempre Total GA GB Total F 10 5 34 4 10 % 15,9 7,9 54 6,3 15,9 F 16 6 17 7 6 % 30,7 11,5 32,9 13,4 11,5 F 26 11 51 11 16 % 22,6 9,6 44,3 9,6 13,9 63 100 52 100 115 100 A Tabela 10, mostra os resultados da quest•o implƒcita se a merenda escolar influencia nos h…bitos alimentares do aluno e de sua famƒlia. Para isto, foi explicitado qual a freq–ˆncia com que os participantes fazem as prepara€Žes iguais as da merenda escolar em suas residˆncias. O GA respondeu 54% •s vezes, 15,9 nunca e sempre, 7,9 quase nunca, 6,3 quase sempre. O GB respondeu 32,9% •s vezes, 30,7% nunca, 13,4% quase sempre, 11,5% quase nunca e sempre. No total, os dois grupos responderam 44,3% •s vezes, 22,6% nunca, 13,9% sempre e 9,6% quase nunca e quase sempre. No total, os dois grupos responderam 44,3% •s vezes, 22,6% nunca, 13,9% sempre e 9,6% quase nunca e quase sempre. Para verificar se existe diferen€a estatisticamente significante foi aplicado o teste qui-quadrado (L x C) aos dois grupos. O o2 = 13,28 (c2 = 9,49 e n.g.l = 4, p < 0,05) verificou-se que existe diferen€a estatisticamente significante entre os grupos quanto ao n‰mero de vezes que fazem em casa prepara€Žes iguais as da merenda escolar.O mesmo teste foi aplicado para verificar se existe diferen€a significante entre as vari…veis. o2 = 49,13 ( c2 = 9,49 n.g.l. = 4, p < 0,05) neste caso existe diferen€a estatisticamente significante. Correlacionando os dois grupos foi aplicado o teste de correla€•o de Sperman o ro = 0,94 e rc = 0,75, assim sendo existe correla€•o entre os participantes do GA versus o GB no que se refere aos h…bitos alimentares. 52 Tabela 11 – educa€•o alimentar Educ. alimentar GA GB Total F % F % F % Vinc.tema • aula Trazer nutricion. Realizar debate 10 35 18 15,9 55,5 28,6 4 26 22 7,7 50 42,3 14 61 40 12,2 53 34,8 Total 63 100 52 100 115 100 O interesse dos grupos com rela€•o • educa€•o alimentar se revela nos resultados apresentados na Tabela 11, onde 53% desejam trazer um nutricionista para realizar palestra sobre o tema, 34,8% desejam realizar debate e 12,2% desejam vincular o tema •s aulas. Para verificar se existe diferen€a estatisticamente significante foi aplicado o teste qui-quadrado (L x C) aos dois grupos. o2 = 5,18 (c2 = 3,84 e n.g.l = 1, p < 0,05) verificou-se que existe diferen€a estatisticamente significante entre os grupos, o mesmo teste foi aplicado para verificar se existe diferen€a significante no total o2 = 28,92 ( c2 = 5,99 n.g.l. =2, p<0.05) neste caso existe diferen€a estatisticamente significante. Correlacionando os dois grupos foi aplicado o teste de correla€•o de Sperman o ro = 0,50 e rc = 0,87 (p,0,05 e N=3), assim sendo n•o existe correla€•o entre os dois grupos. H… consenso entre os dois grupos quanto as vari…veis. 53 Tabela 12 – motivo pelo qual voltou a estudar Motivo GA GB Total F % F % F % Faculdade •timo emprego Progredir trabal profiss•o necessidade outros todos os motivos 18 22 2 7 6 5 30 36,7 3,3 11,7 10 8,3 27 5 7 5 3 1 4 51,9 9,6 13,5 9,6 5,8 2 7,6 45 27 9 12 9 6 4 40,2 24,1 8,0 10,7 8,0 5,3 3,7 Total 60 100 52 100 112 100 A Tabela 12 apresenta os motivos que levaram o aluno da EJA a voltarem a estudar. No GA 36,7% responderam que desejam ‹timo emprego, 30% pretendem cursar uma faculdade, 11,7% desejam ter uma profiss•o, 10% sentiram necessidade, 8,3% responderam outros motivos e 3,3% desejam progredir no trabalho. No GB 40,2% desejam cursar faculdade, 13,5% desejam progredir no trabalho, 9,6% desejam ‹timo emprego e ter uma profiss•o, 5,8% responderam por necessidade, 7,6% responderam todos os motivos e 2% responderam outros. Para verificar se existe diferen€a estatisticamente significante foi aplicado o teste quiquadrado (L x C) aos dois grupos. o2 = 7,18 (c2 = 7,82 e n.g.l = 3, p < 0,05) verificou-se que n•o existe diferen€a estatisticamente significante entre os grupos, o mesmo teste foi aplicado para verificar se existe diferen€a significante no total o2 = 64,00 ( c2 = 11,07 n.g.l. =5, p<0.05) neste caso existe diferen€a estatisticamente significante. Correlacionando os dois grupos foi aplicado o teste de correla€•o de Sperman o ro = 0,73 e rc = 0,66 (p<0,05 e N=7), assim sendo existe correla€•o entre os dois grupos. Ficou clara a divergˆncia dos motivos entre os dois grupos. No GB h… predominŠncia de pessoas mais jovens e no ‰ltimo ano do Ensino M‚dio. No GA, as pessoas s•o mais idosas e cursando o ensino fundamental. 54 Tabela 13 – Preferˆncias alimentares Alimento GA GB Total F % F % F % Arroz Feij•o Carne cozida salsicha frango ovo peixe suco artificial outros legumes cozidos saladas frutas doce caseiro lazanha macarronada suco natural Refrigerante Chocolate 52 52 41 21 41 18 31 24 9 36 50 55 29 39 31 50 31 32 8,1 8,1 6,4 3,3 6,4 2,8 4,8 3,7 1,4 5,6 7,8 8,6 4,5 6,1 4,8 7,8 4,8 5,0 47 44 25 12 27 15 26 13 11 40 44 42 24 28 30 35 20 30 9,2 8,6 4,9 2,3 5,3 2,9 5,1 2,5 2,1 7,8 8,6 8,2 4,7 5,5 5,8 6,8 3,9 5,8 99 96 66 33 68 33 57 37 20 76 94 97 53 67 61 85 51 62 8,6 8,3 5,7 2,8 5,9 2,8 4,9 3,2 1,7 6,6 8,1 8,4 4,7 5,8 5,3 7,4 4,4 5,4 Total 642 100 513 100 1155 100 Para verificar se existe diferen€a estatisticamente significante no quesito referente as preferˆncias alimentares, foi aplicado o teste qui-quadrado (L x C) aos dois grupos. o2 = 9,74 (c2 = 27,59 e n.g.l = 17, p < 0,05) verificou-se que n•o existe diferen€a estatisticamente significante entre os grupos. O mesmo teste foi aplicado para verificar se existe diferen€a significante no total o2 = 152,57 ( c2 = 27,59 n.g.l. =17, p<0.05) neste caso existe diferen€a estatisticamente significante. Correlacionando os dois grupos foi aplicado o teste de correla€•o de Sperman o ro = 0,88 e rc = 0,44 (p<0,05 e N=18), assim sendo existe correla€•o entre os dois grupos. 55 Tabela 14 – O que ‚ servido na merenda Alimento GA GB Total F % F % F % Arroz Feij•o Carne cozida salsicha frango ovo peixe suco artificial outros legumes cozidos saladas frutas doce caseiro lazanha macarronada suco natural refrigerante chocolate 55 56 51 48 46 49 46 50 00 43 49 54 00 00 33 00 00 00 9,5 9,6 8,8 8,4 7,9 8,4 7,9 8,6 00 7,4 8,4 9,3 00 00 5,8 00 00 00 44 44 38 27 24 20 5 13 00 27 30 25 00 00 33 00 00 00 13,3 13,3 11,5 8,2 7,3 6,0 1,6 3,9 00 8,2 9,1 7,6 00 00 10,0 00 00 00 99 100 89 75 70 69 51 63 00 70 79 79 00 00 66 00 00 00 10,9 11,0 9,8 8,2 7,7 7,6 5,6 6,9 00 7,7 8,7 8,7 00 00 7,2 00 00 00 Total 580 100 330 100 910 100 Para verificar se existe diferen€a estatisticamente significante no que se refere ao que ‚ servido na merenda escolar, foi aplicado o teste qui-quadrado (L x C) aos dois grupos. o2 = 122,66 (c2 = 21,03 e n.g.l = 12, p < 0,05) verificou-se que existe diferen€a estatisticamente significante entre os grupos. O mesmo teste foi aplicado para verificar se existe diferen€a significante no total o2 = 30,43 ( c2 = 19,68 n.g.l. = 11, p<0.05) neste caso existe diferen€a estatisticamente significante. Correlacionando os dois grupos foi aplicado o teste de correla€•o de Sperman o ro = 0,53 e rc = 0,44 (p,0,05 e N=18), assim sendo existe correla€•o entre os dois grupos. 56 4 An‡lise das Tabelas 04, 05 e 12 O item II do artigo 4 do decreto do governo federal de n˜ 6135, de 26 de junho de 2007, define o que se entende por baixa renda familiar. Citando o referido artigo: Art. 4o Para fins deste Decreto, adotam-se as seguintes defini€Žes: I - famƒlia: a unidade nuclear composta por um ou mais indivƒduos, eventualmente ampliada por outros indivƒduos que contribuam para o rendimento ou tenham suas despesas atendidas por aquela unidade familiar, todos moradores em um mesmo domicƒlio. II - famƒlia de baixa renda: sem prejuƒzo do disposto no inciso I: a) aquela com renda familiar mensal per capita de at‚ meio sal…rio mƒnimo; ou b) a que possua renda familiar mensal de at‚ trˆs sal…rios mƒnimos; Tendo em vista a defini€•o de baixa renda familiar dada por este decreto e os resultados da tabela 5, conclui-se que a maioria dos alunos pesquisados tˆm uma baixa renda familiar pois respondendo • pergunta - “Qual a renda total na sua casa? (contando todas as pessoas que moram na casa)” - obteve-se a porcentagem de 70,6% de pesquisados com at‚ 03 sal…rios mƒnimos. Este dado corrobora o que afirma a cartilha 1 do governo federal que, como as outras 4, tˆm o objetivo de propor orienta€Žes pedag‹gicas para os professores de Educa€•o de Jovens e Adultos. Citando trecho desta cartilha (2006)22: Os homens, mulheres, jovens, adultos ou idosos que buscam a escola pertencem todas a uma mesma classe social: s•o pessoas com baixo poder aquisitivo, que consomem, de modo geral, apenas o b…sico • sua sobrevivˆncia: aluguel, …gua, luz, alimenta€•o, rem‚dios para os filhos (quando os tˆm). O lazer fica por conta dos encontros com as famƒlias ou dos festejos e eventos das comunidades das quais participam, ligados, muitas vezes, •s igrejas ou associa€Žes 22 Disponƒvel no Site http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja_caderno1.pdf 57 Os dados sobre as profissŽes dos alunos da EJA na Tabela 04 confirmam o fato de a maioria destes alunos serem das classes populares. Esta constata€•o revela a situa€•o de exclus•o social por parte das classes mais desfavorecidas. O atraso na educa€•o reflete esta exclus•o. A luta pela sobrevivˆncia em uma sociedade desigual impediu que muitos pudessem participar, quando mais jovens, do ensino regular. Por que voltam a estudar? A Tabela 12 apresenta os motivos que levaram o aluno da EJA a voltar a estudar. No GA, 36,7% responderam que desejam ‹timo emprego, 30% pretendem cursar uma faculdade, 11,7% desejam ter uma profiss•o, 10% sentiram necessidade, 8,3% responderam outros motivos e 3,3% desejam progredir no trabalho. No GB, 40,2% desejam cursar faculdade, 13,5% desejam progredir no trabalho, 9,6% desejam ‹timo emprego e ter uma profiss•o, 5,8% responderam por necessidade, 7,6% responderam todos os motivos e 2% responderam outros. Estes depoimentos revelam que os alunos da EJA buscam a escola para se integrarem • sociedade letrada da qual fazem parte por direito e da qual n•o podem participar com plenitude se n•o dominam a leitura e a escrita. A volta • escola expressa o resgate de um direito roubado por uma sociedade de classes onde constantemente os interesses privados das classes dominantes se sobrepŽem •s polƒticas p‰blicas, aos direitos coletivos. A percep€•o deste direito ‚ ainda embrion…ria, mas a sua pr…tica social lhe possibilita a experiˆncia da desigualdade social. A sua pr…tica est… permeada pelas contradi€Žes sociais. Por exemplo, para ter uma vida digna percebe que precisam ter uma habita€•o decente, educa€•o, postos de sa‰de, transporte, bens de consumo coletivo e servi€os em geral. Por‚m, estes interesses entram em contradi€•o com os interesses do capital que simplesmente mercantiliza todos os elementos necess…rios para a vida, excluindo principalmente aqueles que pertencem •s classes populares. O esfor€o atrav‚s do seu trabalho ‚ insuficiente para ter os recursos necess…rios para uma vida digna. Contraditoriamente, o trabalho que deveria ser a express•o m…xima da humaniza€•o do homem inserido em uma estrutura capitalista o coisifica, o aliena. Este movimento contradit‹rio humaniza€•o/aliena€•o interessa muito ao educador e se constitui em elemento facilitador para um trabalho conjunto de 58 conscientiza€•o sobre o direito a ter direitos:o direito • educa€•o, o direito a uma moradia digna, o direito • sa‰de. E, no que interessa particularmente • esta monografia, o direito • alimenta€•o. A merenda escolar sendo, de acordo com a lei, express•o do direito • alimenta€•o pode se constituir em um tema importante para a consciˆncia cidad• dos alunos da EJA. Se o seu saber j… est… ligado • sua pr…tica cotidiana, um trabalho conjunto pode, vinculando dialeticamente o saber com a pr…tica, qualificar sua cidadania no sentido de resistir a toda tentativa de extinguir direitos sociais. Tabelas 08 e 11 Comparando os ƒndices de entendimento do car…ter da merenda escolar, se ‚ uma polƒtica p‰blica (48,7%) ou assistencialista (29,6%), verificou-se a predominŠncia da vis•o de a merenda escolar ser uma polƒtica p‰blica. Por‚m, esta interpreta€•o requer cautela, pois se somarmos os 21,7% que responderam “nenhuma” aos 29,6% que responderam que a merenda escolar tem car…ter assistencialista, obtˆm-se 51,3%. Este dado, superior • percentagem da vis•o da merenda como polƒtica p‰blica, revela que o Programa de Alimenta€•o Escolar, no que toca ao seu car…ter educativo, n•o tem ainda um respaldo significativo na consciˆncia e na pr…tica dos alunos da EJA. Revela-se claramente uma defasagem entre objetivo e execu€•o do PNAE. Na pr…tica, o Programa de Alimenta€•o Escolar oscila entre dois p‹los que se opŽem: ou se caracteriza como uma pr…tica vinculada aos direitos da cidadania ou como pr…tica assistencialista. Tal constata€•o legitima a proposta de um trabalho educativo conjunto envolvendo os diversos agentes da comunidade escolar: alunos, professores, administrativos e merendeiras (vide capƒtulo 1), para que a merenda escolar seja vista, vivida e exigida como um direito. O car…ter educativo do PNAE e a sua vis•o da alimenta€•o como um direito, ficam bem evidenciados na legisla€•o. 59 Na portaria interministerial n˜ 1010, de 08 de maio de 200623 se lˆ: Considerando que a alimenta€•o no ambiente escolar pode e deve ter fun€•o pedag‹gica, devendo estar inserida no contexto curricular, resolvem: Art. 1o- Instituir as diretrizes para a Promo€•o da Alimenta€•o Saud…vel nas Escolas de educa€•o infantil, fundamental e nƒvel m‚dio das redes p‰blica e privada, em Šmbito nacional, favorecendo o desenvolvimento de a€Žes que promovam e garantam a ado€•o de pr…ticas alimentares mais saud…veis no ambiente escolar. Art. 2o- Reconhecer que a alimenta€•o saud…vel deve ser entendida como direito humano, compreendendo um padr•o alimentar adequado •s necessidades biol‹gicas, sociais e culturais dos indivƒduos, de acordo com as fases do curso da vida e com base em pr…ticas alimentares que assumam os significados s‹cio-culturais dos alimentos. Art. 3o- Definir a promo€•o da alimenta€•o saud…vel nas escolas com base nos seguintes eixos priorit…rios: I - a€Žes de educa€•o alimentar e nutricional, considerando os h…bitos alimentares como express•o de manifesta€Žes culturais regionais e nacionais; II - estƒmulo • produ€•o de hortas escolares para a realiza€•o de atividades com os alunos e a utiliza€•o dos alimentos produzidos na alimenta€•o ofertada na escola; III - estƒmulo • implanta€•o de boas pr…ticas de manipula€•o de alimentos nos locais de produ€•o e fornecimento de servi€os de alimenta€•o do ambiente escolar; IV - restri€•o ao com‚rcio e • promo€•o comercial no ambiente escolar de alimentos e prepara€Žes com altos teores de gordura saturada, gordura trans, a€‰car livre e sal e incentivo ao consumo de frutas, legumes e verduras; e V - monitoramento da situa€•o nutricional dos escolares. Mas, os termos da lei por si s‹ s•o insuficientes para a mudan€a de atitudes. Nunca ‚ demais reafirmar que se o PNAE com os Conselhos de Alimenta€•o Escolar se 23 Disponƒvel no Site http://dtr2004.saude.gov.br/sas/legislacao/portaria1010_08_05_06.pdf 60 constituem em um grande avan€o para uma consciˆncia cidad•, por outro lado s•o insuficientes se n•o se traduzirem na pr…tica em um trabalho de educa€•o alimentar. Um trabalho de educa€•o alimentar a partir da id‚ia de direito como j… se afirmou no capƒtulo 2 n•o pode estar desvinculado do entendimento das polƒticas p‰blicas de alimenta€•o dentro de um contexto hist‹rico, do respeito •s diversas culturas, da cria€•o de h…bitos alimentares, da polƒtica agrƒcola, da distribui€•o de alimentos,etc... Segundo Pedraza e Sousa (2006)24 “... a merenda por si mesma, quando bem concebida, • fonte de conhecimento sobre alimenta‚ƒo, nutri‚ƒo, agricultura, cultura alimentar, meio ambiente, ecologia, terra etc.” Bem diferente • a pr…tica a partir de uma visƒo assistencialista, com o entendimento de que o objetivo da merenda escolar • o de suprir car†ncias. Ainda de acordo com os autores citados: A merenda, enquanto proposta para suprir carˆncias, desconsidera aspectos fundamentais, como os h…bitos alimentares, o incentivo • produ€•o agrƒcola, a necessidade de sistemas adequados de armazenamento e distribui€•o de alimentos, a necessidade de seguran€a alimentar; e constitui-se em elemento estranho • escola no lugar de ser inserida nas demais atividades educacionais e vincul…-la • famƒlia e • comunidade. De acordo com Valente (2002, p. 38) A alimenta€•o para o ser humano tem outras conota€Žes importantes. A alimenta€•o humana tem que ser entendida como processo de transforma€•o de natureza – no seu sentido mais amplo – em gente, em seres humanos, ou seja, em humanidade. Tal processo extrapola sua faceta meramente quƒmica – de absor€•o de nutrientes – e fƒsica – de simples apropria€•o da natureza sob a forma de alimentos. O ser humano, ao longo de sua evolu€•o desenvolveu uma intricada rela€•o com o processo alimentar, transformando-o em rico ritual de criatividade, de partilha, de carinho, de amor, de solidariedade e de comunh•o entre seres humanos e com a pr‹pria natureza, permeado pelas caracterƒsticas culturais e cada agrupamento humano. 24 Disponƒvel no Site http://www.unifor.br/notitia/file/961.pdf 61 O direito • alimenta€•o passa pelo direito de acesso aos recursos e meios para produzir ou adquirir alimentos seguros e saud…veis que possibilitem uma alimenta€•o de acordo com os h…bitos e pr…ticas alimentares de sua cultura, de sua regi•o ou de as origem ‚tnica. Os dados da tabela 11, que demonstram o interesse de uma educa€•o alimentar atrav‚s da a€•o educativa de um nutricionista, facilitam este trabalho. Como diz Paulo Freire: “Se h… o interesse h… a aprendizagem”. Tabela 09 De acordo com os dados desta tabela, se constata que prevaleceu a id‚ia de que a boa alimenta€•o ‚ sin•nimo de bom rendimento escolar. Este entendimento obriga a uma revis•o da literatura sobre a rela€•o entre alimenta€•o e rendimento escolar. H… dois pontos de vista: um que vincula a falta de alimenta€•o adequada (desnutri€•o) ao fracasso escolar. Outro que o atribui • qualidade da escola p‰blica, • a€•o pedag‹gica inadequada principalmente em rela€•o •s classes populares de onde se origina a maioria dos alunos e alunas da EJA. Realmente como afirma Abreu (2001)25: Se n•o h… comprova€•o da interferˆncia da desnutri€•o no desenvolvimento cognitivo, sabe-se que a fome interfere na aprendizagem. Enquanto a desnutri€•o grave provoca lesŽes no sistema nervoso, a fome ‚, ao contr…rio, uma situa€•o transit‹ria, ou potencialmente transit‹ria, que n•o provoca lesŽes irreversƒveis, mas que dificulta a realiza€•o de qualquer atividade do ser humano. ™ fome do dia. Segundo Valente (2002:32): Um adulto ou crian‚a com “fome do dia” fica desligado do mundo, nƒo consegue prestar aten‚ƒo ao que est… fazendo e muito menos no que outra pessoa pode estar fazendo, como, por exemplo, uma 25 Disponƒvel em http://www.inep.gov.br/download/cibec/1995/periodicos/em_aberto_67.doc 62 professora em sala de aula. A ‘fome do dia’ ‚ mais um aspecto da vida das classes populares que dificulta o processo de aprendizagem. A partir destas constata€Žes Abreu (2001), conclui que: “™ preciso questionar a merenda escolar. Em primeiro lugar, ‚ necess…rio desvincul…-la dos falsos e inatingƒveis objetivos de constituir-se em solu€•o para a desnutri€•o e o fracasso escolar”. A merenda escolar precisa ser vista como uma refei€•o que visa manter a crian€a ou o adulto da EJA alimentados enquanto est•o na escola, independentemente de suas condi€Žes socioecon•micas. N•o ‚ um instrumento para a erradica€•o da desnutri€•o. 63 CONSIDERAŠ’ES FINAIS Com a realiza€•o desta pesquisa, havia uma proposta inicial de identificar o perfil s‹cio-econ•mico dos alunos da EJA, verificando e analisando os aspectos da merenda escolar dentro de uma an…lise dial‚tica, tendo como base o Programa Nacional de Alimenta€•o Escolar e de verificar se os benefici…rios o entendem como Polƒtica P‰blica ou Assistencialismo. Ficou constatado que os alunos da EJA tˆm idade m‚dia de 31 anos, s•o, na sua maioria, do sexo feminino, solteiros, com renda mensal familiar de 2 a 3 sal…riosmƒnimo e residem em casa pr‹pria. Esta renda confirma que a maioria ‚ oriunda das classes populares e pode ser considerada pobre. O fato de a maioria ter casa pr‹pria n•o contradiz este resultado, pois, a maioria dos pobres mora na periferia onde os terrenos tˆm pre€os mais acessƒveis, possibilitando a aquisi€•o, e, a m•o-de-obra para constru€•o das moradias, muitas vezes, ‚ a dos pr‹prios moradores. Al‚m disso, ter habita€•o pr‹pria, pode significar compartilhamento habitacional, muito freq–ente entre a popula€•o pobre. Para evitar uma degrada€•o maior nas suas vidas, filhos moram na casa dos pais ou constroem moradias no terreno deles. Retomando o hist‹rico deste programa de Alimenta€•o Escolar, que se iniciou na d‚cada de 30 e foi formalizado em 1955, a partir dos governos populistas, com grande influˆncia do m‚dico e ge‹grafo Josu‚ de Castro, concluiu-se que, contraditoriamente, ao mesmo tempo em que os governos populistas promovem a€Žes de car…ter assistencialista no campo da alimenta€•o, com o objetivo de manipula€•o, de concilia€•o de classes, por outro lado, favorecem a conscientiza€•o de que ‚ dever do Estado assegurar o direito • alimenta€•o o que facilita a organiza€•o popular no sentido de for€…-lo a cumprir sua obriga€•o. Os CAEs, a cria€•o do Consea, a constitui€•o de 88 colocando a alimenta€•o como um direito, s•o o resultado desta luta que vem desde os governos populistas passando pelos governos recentes. A continuidade desta luta ‚ necess…ria para garantir o direito. Uma a€•o governamental marcada apenas pelo tecnicismo ‚ insuficiente para a consecu€•o deste ideal. Esta a€•o tecnicista foi verificada nas escolas onde a pesquisa foi realizada. O nutricionista, profissional importantƒssimo no contexto de uma polƒtica p‰blica de alimenta€•o, ainda parte de um modelo tecnicista, limitando-se • elabora€•o de card…pios nutricionalmente adequados, sem nenhuma articula€•o com a comunidade escolar. 64 Esta realidade, aliada ao fato de que os Conselhos de Alimenta€•o Escolar, muitas vezes, n•o tˆm a proximidade adequada com a comunidade escolar, refor€a as caracterƒsticas da a€•o assistencialista. No Capƒtulo 1, ficou evidenciado que a realiza€•o da polƒtica de alimenta€•o como polƒtica p‰blica n•o ‚ garantia da n•o contamina€•o pelo assistencialismo. O fato de a pesquisa revelar que a maioria dos pesquisados entende a Merenda Escolar como uma Polƒtica p‰blica de Alimenta€•o, n•o contradiz o que se afirmou acima. Constatou-se que os pesquisados n•o tˆm plena consciˆncia do seu significado. Isto demonstra a necessidade da pr…xis: a articula€•o entre a teoria e a pr…tica. Sente-se • ausˆncia de uma articula€•o consistente entre a sociedade e o Estado. Se a polƒtica p‰blica deve ser entendida no seu movimento, perpassado pela luta das for€as sociais, ‚ imprescindƒvel um trabalho que envolva todos aqueles que s•o objeto da polƒtica de alimenta€•o com o objetivo de serem municiados de todos os elementos necess…rios para tornar permanente esta luta. Somente assim se assegurar… o direito. A pesquisa revelou um grande interesse por parte dos pesquisados em torno de tudo aquilo que diz respeito • merenda escolar. ™, sem d‰vida nenhuma, um primeiro passo para um trabalho conjunto que efetive os objetivos propostos pela lei. Entre eles, merece destaque a cria€•o de h…bitos alimentares saud…veis, pois estes carregam uma conota€•o polƒtica ao se contraporem • influˆncia do mercado capitalista. Este tenta nos aliciar, com uma propaganda carƒssima, para um tipo de consumo que muitas vezes deixa a desejar em termos de valor nutricional. Como afirmado no capƒtulo 1, o nutricionista poderia ser o elo de liga€•o entre o Conselho de Alimenta€•o Escolar e a comunidade, promovendo o di…logo com o prop‹sito de conscientizar a popula€•o escolar dos fatores que influenciam suas pr…ticas alimentares di…rias. No caso dos alunos da EJA, este di…logo pode ser facilitado devido ao fato de se lidar com pessoas adultas que j… possuem uma larga experiˆncia. Tendo em vista as contradi€Žes que permeiam a execu€•o do PNAE e todas as suas implica€Žes polƒticas, sociais e nutricionais, muito ainda h… para ser estudado e discutido, mas esperamos que este trabalho possa contribuir para a melhoria contƒnua do programa com realiza€Žes mais efetivas, aproximando-se cada vez mais aos anseios da popula€•o. 65 REFER“NCIAS 1. 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Alunos da __________ s‚rie da EJA Professores da EJA Idade: __________ sexo: __________ 1 – Estado civil: solteiro casado vi‰vo divorciado outro (qual?) __________ 2 – n— de filhos : n•o tenho filhos de 1 a 2 filhos de 3 a 5 filhos de 6 a 7 filhos de 8 a 10 filhos acima de 10 3 – Sua residˆncia ‚: Pr‹pria Alugada Cedida 4 – Vocˆ trabalha? Sim – Profiss•o _______________ N•o 5 – Qual a renda total na sua casa? (contando todas as pessoas que moram na casa) (O valor atual do sal…rio mƒnimo estadual ‚ R$ 410,00) At‚ 1 sal…rio mƒnimo De 2 a 3 De 4 a 5 De 6 a 10 Mais que dez 5.1 – Da renda acima est… computada: bolsa famƒlia bolsa educa€•o nenhuma bolsa as duas bolsas 5.2 – Se sim. qual o valor? _________________________________________ 6- Vocˆ costuma comer a merenda da escola quantas vezes por semana? Uma vez por semana 2 vezes 3 vezes 4 vezes 5 vezes Nenhuma 7) Caso tenha assinalado “nenhuma”, responda Venho para as aulas sem comer nada Como alguma coisa antes de vir para as aulas Outros ________________________________________________________________ 8- Vocˆ entende a merenda escolar como: Assistencialista Polƒtica p‰blica de Alimenta€•o Nenhuma anterior Penso que __________________________________________________________________ 9 – Com rela€•o a afirma€•o: “a merenda escolar ajuda no aprendizado”, assinale a que mais corresponde a sua realidade. Mesmo com fome, consigo aprender Fome desconcentra e prejudica o aprendizado Boa alimenta€•o ‚ sin•nimo de bom rendimento escolar N•o tem nada a ver alimenta€•o com rendimento escolar 10 - Vocˆ faz em casa, prepara€Žes iguais as que s•o servidas na merenda escolar? Nunca Quase nunca ›s vezes Quase sempre Sempre 11 – Assinale os alimentos/prepara€Žes que vocˆ tem preferˆncia arroz legumes cozidos feij•o saladas carne cozida frutas salsicha doces caseiros frango lazanha ovo macarronada peixe sucos naturais sucos artificiais refrigerantes outros chocolate 12 – Assinale os alimentos que sƒo servidos na merenda escolar arroz legumes cozidos feijƒo saladas carne cozida frutas salsicha doces caseiros frango lazanha ovo macarronada peixe sucos naturais sucos artificiais refrigerantes outros chocolate 13 – Para propiciar uma educa‚ƒo alimentar, a escola deveria:. Vincular o tema Œs aulas Trazer um nutricionista para realizar palestras sobre alimenta‚ƒo Promover debates sobre o tema 14 – Assinale o principal motivo que o levou a voltar a estudar desejo cursar faculdade para ter um ˆtimo emprego para progredir no trabalho para ter uma profissƒo por necessidade outros motivos _____________________________________________________ Perguntas para serem respondidas pela coordena€•o 1 – Desde quando foi instituƒda a EJA nesta escola? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _______________ 2 – Quais os objetivos da EJA nesta escola? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 3 – quanto ao funcionamento: a quem atende? ______________________________________________________________________ quantos professores s•o da EJA? e quais s•o suas habilita€Žes_____________________________________________________________ quais disciplinas s•o oferecidas? ______________________________________________________________________ dura€•o do curso: ______________________________________________________________________ hor…rio do curso__________________________________________________________________ Quais os pr‚-requisitos para o aluno da EJA? ______________________________________________________________________ Existe contato da escola com os alunos ap‹s a conclus•o do curso? Nunca Quase nunca ›s vezes Quase sempre Sempre Servi€o P•blico Federal Centro Federal de Educa€•o Tecnol‚gica de S•o Paulo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Prezado(a) Sr.(a) O projeto intitulado “ A Merenda Escolar e seus aspectos pol€ticos, sociais e nutricionais” , ‚ uma pesquisa aprovada pelo CEP (Comitˆ de ™tica de Pesquisa) do CEFET-SP, orientado pela Prof„ .Dr„. Lourdes de F…tima Bezerra Carril e conduzido pela aluna Eliane de Oliveira Lima Teixeira, que tem como objetivo geral verificar e analisar a merenda escolar tendo em vista o Programa Nacional de Merenda Escolar, considerando seus aspectos polƒticos, s‹cias e nutricionais e tamb‚m como objetivos especƒficos, tra€ar o perfil s‹cio-econ•mico dos alunos da EJA, verificar com os alunos, professores e coordena€•o se a merenda escolar da forma com est… sendo oferecida tem car…ter assistencialista ou se ‚ uma polƒtica p‰blica de educa€•o, conhecer as preferˆncias alimentares dos alunos da EJA e diagnosticar a ressignifica€•o da merenda escolar pelo aluno da EJA. Durante a atividade ser… entregue um question…rio, no qual o entrevistado ter… livre arbƒtrio para escolher se quer ou n•o responder. A atividade que ser… realizada ‚ considerada sem risco. Por‚m, se este procedimento gerar desconforto, constrangimento ou outra situa€•o negativa qualquer, a participa€•o poder… ser interrompida sem qualquer prejuƒzo. O entrevistado ficar… livre para interromper a qualquer momento sua participa€•o na atividade de campo. Essa participa€•o na atividade de campo ‚ volunt…ria, sendo que n•o haver… qualquer forma de remunera€•o. Os dados pessoais ser•o mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos atrav‚s da atividade de campo ser•o utilizados apenas para alcan€ar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluƒda sua participa€•o em sala de aula ou congressos. O entrevistado poder… entrar em contato com o respons…vel pela atividade de campo,, Prof„ .Dr„. Lourdes de F…tima Bezerra Carril, sempre que julgar necess…rio atrav‚s do telefone: (11) 6763.7601 e/ou Eliane de Oliveira Lima Teixeira pelo telefone (11)6258.8673, ou com o Comitˆ de ™tica e Pesquisa do Cefet-SP pelo telefone: (11) 6763-7546. Este Termo de Consentimento ‚ feito em 2 (duas) vias, de maneira que uma permanecer… em meu poder e a outra com a aluna respons…vel e obtive todas as informa€Žes necess…rias para poder decidir conscientemente sobre a minha participa€•o na referida atividade de campo. Eu___________________________________________________ ,_______anos RG__________________, residente a __________________________________, telefone ( )________________, abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como volunt…rio(a) da atividade de campo supracitada, sob responsabilidade da aluna Eliane de Oliveira Lima Teixeira , estudante do Centro Federal de Educa€•o Tecnol‹gica de S•o Paulo, e da Prof„ .Dr„.Lourdes de F…tima Bezerra Carril, professora do curso de P‹s-Gradua€•o. S•o Paulo, ______ de ____________________ de 2007. __________________________________________ Nome e/ou assinatura do volunt…rio Prof„ .Dr„. Lourdes de F‡tima Bezerra Carril End.: Rua Pedro Vicente, 625 e-mail: [email protected] Tel.: (11) 6763.7601 Eliane de O L Teixeira RG.: 8.530.153 - tel: 6258.8673 e-mail:[email protected]