MAIO DE 2008 ANO XX Nº 815 SEG 19 TER 20 QUA 21 QUI 22 SEX 23 SÁB 24 DOM 25 sintufrj.org.br [email protected] SUCESSÃO NO SINTUFRJ Chapas inscritas Três chapas se inscreveram para a disputa eleitoral do SINTUFRJ, na quinta-feira, 15 de maio. A Comissão Eleitoral será instalada nesta segunda-feira, 19, às 11h, na sede do Sindicato, quando as candidaturas serão homologadas e assim passarão a ser válidas. Aumento no próximo salário Os técnicos-administrativos já recebem daqui a duas semanas os seus salários com o reajuste. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na noite de quarta-feira, dia 14, a Medida Provisória nº 431 que garante os acordos e o reajuste nas tabelas salariais de 17 categorias (entre as quais a nossa) do funcionalismo federal que envolve 800 mil servidores. Veja como fica o seu salário. Páginas 2, 3 e 4 Fotos: Cícero Rabello Caos no hospital PROTESTO. Pelo menos 500 pessoas fecharam a Linha Vermelha numa manifestação em defesa do Hospital Universitário Obras do bandejão avançam O colapso financeiro do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho provocou a maior crise da instituição nos seus 30 anos de história. Hospital de referência e que desenvolve procedimentos de alta complexidade, como transplante de fígados, o HU realiza 25 mil consultas mensais e tem um corpo médico formado por 3,5 mil profissionais. A crise foi deflagrada por uma portaria do Ministério da Educação. Mas sua origem é anterior. A dívida, hoje, é estimada em R$ 10 milhões. Páginas 5 , 6 e 7 Estudantes ocupam UFRJ Página 8 Página 12 2 – Jornal do SINTUFRJ a serviço da categoria – No 815 - 19 a 25 de maio de 2008 - www.sintufrj.org.br - [email protected] DINHEIRO Lula assina MP do reajuste Medida provisória é publicada dia 14 e o acordo com os novos salários já está valendo O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a Medida Provisória nº 431 que garante os acordos e o reajuste nas tabelas salariais de 17 categorias do funcionalismo federal que envolvem 800 mil servidores. A MP foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) de 14 de maio, e nela estão contidos o texto do acordo de greve firmado com a Fasubra, as três tabelas reajustadas (2008, 2009 e 2010) que constam no Anexo XIV, a tabela de percentuais de incentivo à qualificação e o termo de opção para ingresso no plano de carreira. Agora em junho, os técnicos-administrativos em educação (TAEs) recebem o novo salário. Para a categoria dos TAEs, que envolve 150 mil servidores das universidades federais de todo o Brasil, o reajuste varia entre 20,84% e 82,72% e há um acréscimo de 12,35% para todas as classes, de forma linear, com impacto a partir de 2009. Em 2010 o piso da categoria chegará a mais de R$ 1.000,00 e o teto a R$ 5.600,00, aproximadamente. Uma vitória significativa, haja vista que tínhamos os piores piso e teto do funcionalismo. A MP regulariza a questão do vencimento básico complementar (VBC), que prejudicou boa parte da categoria, isto é, ele não será absorvido em decorrência de aumentos; reabre nova adesão à Carreira com prazo até 14 de julho deste ano com efeitos financeiros a partir do mês subseqüente à adesão; e estabelece novos percentuais para qualificação. Os índices que atendem às classes C, D e E são 27% para Especialização, 52% para Mestrado e 75% para Doutorado. O parágrafo 6º do texto estabelece também para os titulares de cargos do nível E a possibilidade de aproveitar disciplinas isoladas que tenham relação direta com as atividades inerentes ao cargo, em cursos de mestrado e doutorado reconhecidos pelo MEC para certificação em programas de capacitação para fins de progressão por capacitação profissional. O impacto dos índices passa a vigorar a partir da aprovação da lei. Para garantir os recursos para os aumentos deste ano, o presidente Lula assinou outra medi- da provisória que libera um crédito suplementar no valor de R$ 8 bilhões. Mesmo que a MP tenha ainda de ser votada pelo Congresso Nacional, ela já está valendo, e garante a inclusão imediata dos aumentos nos contracheques. Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), há condições de aprovar a medida em 45 dias. A publicação da MP põe fim à novela do cumprimento dos acordos e do recebimento dos reajustes pelos servidores que aguardavam há mais de um mês a definição do governo. seu padrão. 2 - Localize então na tabela de 2008 a sua classe, nível e padrão e veja o salário correspondente. Este será o valor do seu vencimento básico em maio. Sobre ele incidem as ações judiciais e os adicionais de insalubridade e periculosidade para quem os recebe. Como se localizar na tabela Os reajustes nas tabelas serão em três etapas. A primeira etapa, programada para o contracheque de maio, já se concretiza no salário de junho; a se- gunda estabelece o mês de julho de 2009 e a terceira, julho de 2010. Para visualizar o novo salário, o servidor deve seguir os seguintes passos: 1 - De posse de seu contracheque, confira no cabeçalho o campo da classe (A, B, C, D ou E) e o campo “ref/padrão/nível”. Veja qual é a sua classe, nível e Exemplo I No comprovante de rendimentos de um eletricista de Classe C, com “ref/padrão/nível” de número 110, significa que ele é, na Classe C, do nível de capacitação I e padrão 10. Hoje ele tem vencimento básico de R$ 1.374,55. Na tabela de maio deste ano, consulte a mesma Classe C, nível I e padrão 10. Assim, encontrará o novo valor de vencimento básico, que nesse caso passa a ser de R$ 1.571,89. Exemplo II No comprovante de rendimentos de um arquiteto (Classe E), verifique no campo “ref/padrão/nível” o número “410”. Isso significa que ele é, na Classe E, do nível de capacitação IV e padrão 10. Hoje ele tem vencimento básico de R$ 2.176,89. Na tabela de maio, consultando a mesma Classe E, nível IV e padrão 10, o vencimento básico passa para R$ 2.671,88. JORNAL DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DA UFRJ Cidade Universitária - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro - RJ Cx Postal 68030 - Cep 21944-970 - CNPJ:42126300/0001-61 Coordenação de Comunicação Sindical: Denise Francisco Góes, Jeferson Mota Salazar e Iaci Azevedo / Conselho Editorial: Coordenação Geral e Coordenação de Comunicação / Edição: L.C. Maranhão / Reportagem: Ana de Angelis, Lili Amaral e Regina Rocha. / Estagiária: Silvana Sá / Secretária: Katia Barbieri / Projeto Gráfico: Luís Fernando Couto / Diagramação: Luís Fernando Couto e Jamil Malafaia / Ilustração: André Amaral / Fotografia: Cícero Rabello / Revisão: Roberto Azul / Tiragem: 11 mil exemplares / As matérias não assinadas deste jornal são de responsabilidade da Coordenação de Comunicação Sindical / Correspondência: aos cuidados da Coordenação de Comunicação. Fax: 21 2260-9343. Tels.: 2560-8615/2590-7209, ramais 214 e 215. Jornal do SINTUFRJ a serviço da categoria – No 815 - 19 a 25 de maio de 2008 - www.sintufrj.org.br - [email protected] – 3 DINHEIRO A luta do movimento A publicação da MP é um importante passo para a luta da Fasubra e do movimento dos TAEs, mas ela não se encerra. A Federação continua a trabalhar na mesa setorial de negociação o modelo do Anexo IV, conforme aprovado em plenária. Esta aprovou a extensão aos integrantes das classes A e B do incentivo à titulação aos cursos lato e stricto sensu. E conforme previsto no acordo firmado com o governo depois da greve de 2007, a Fasubra ainda tem a negociar a racionalização dos cargos (correção de problemas originados com a organização dos cargos nas classes) e os percentuais de incentivo à qualificação. A conquista desta luta se traduz efetivamente na materialização do que foi acordado pelo governo com os trabalhadores das universidades depois de quase 100 cem dias de paralisação em 2007. Uma luta que continuou depois do fim da greve com a batalha da CPMF – justificativa utilizada pelo governo desde o final do ano de 2007 para não cumprir o acor- do – e perdurou com a pressão incessante do movimento, da Federação, demais entidades e da CUT, com reuniões e atos em Brasília diante da indefinição sobre a validação dos acordos através de MP ou projeto de lei. Depois de cinco meses temos o saldo: * Aumento real do piso e do teto; * Ganhos para todas as classes, além dos limites colocados pelo Governo no início da negociação; * Paridade entre ativos e aposentados * Não-absorção do VBC; e * Além dos ganhos salariais a conquista do auxílio à saúde para o conjunto da categoria e aposentados. O round final Com assembléias marcadas e indicativo de greve à vista, as entidades do funcionalismo (Fasubra, Condsef, Proifes) e mais a CUT fizeram na manhã do dia 11 Ato Público na Esplanada dos Ministérios, protestando pela demo- ra do envio da MP ao Congresso Nacional. A manifestação arrancou reunião com o Ministério de Planejamento, e nela, depois de justificativas jurídicas e políticas do secretário de Recursos Humanos, Duvanier Paiva, as entidades obtiveram a resposta de que a MP seria publicada na edição extraordinária do DOU do dia 15 de maio de 2008 e que todos os acordos seriam cumpridos na íntegra. Na reunião as entidades foram enfáticas e diretas, afirmando que o aspecto jurídico – a ação direta de inconstitucionalidade do STF questionando a suplementação orçamentária – era uma questão interna de governo e que estavam cobrando o cumprimento do acordo. As entidades manifestaram sua opinião e informaram que, independente da posição e informação do governo, a categoria se mantinha em processo de mobilização, com indicativo de greve, pelo cumprimento do acordo, com o envio da MP ao Congresso Nacio- nal. Foi ainda dito que a demora na conclusão das negociações, através do instrumento legal, colocava em risco todo o processo de negociação até então firmado com os trabalhadores. Os representantes dos servidores federais ressaltaram que o governo não podia ficar refém de oposição política. E lembraram que os acordos foram ameaçados quando da queda da CPMF, no ano passado e agora novamente por uma ação já prevista da oposição política do governo – PSDB. Os trabalhadores, por sua vez, é que não podiam ser a vítima desse processo. Após várias intervenções, as entidades informaram que iriam aguardar a edição da MP no dia 15 de maio, conforme informação do secretário de Recursos Humanos, mas que iriam manter o calendário de mobilização. O governo tratou então de publicar uma edição extra do DOU no dia 14 de maio. 4 – Jornal do SINTUFRJ a serviço da categoria – No 815 - 19 a 25 de maio de 2008 - www.sintufrj.org.br - [email protected] PESSOAL Novo prazo de adesão à Carreira A Comissão de Enquadramento da Carreira está orientando os servidores do PUCRCE sobre a abertura do prazo para novas adesões ao plano de carreira. O novo prazo dado pela MP vai até 14 de julho, por isso, a Comissão publica a lista dos não-optantes e explica que estará à disposição para a adesão. Os interessados podem ligar para os telefones do protocolo da PR-4: 25981787 e 2598-1793 para agendamento de atendimento. Esta informação também vale para o servidor que continua no antigo plano e não consta da lista apresentada. Outra informação importante: de acordo com a nova redação do artigo 12 dado pela MP, acaba a exigência de quatro anos de efetivo exercício no cargo para requerer o incentivo à qualificação. NOVA CHANCE Matrícula 0362401 1275276 0359849 0303820 1531614 0366425 0361102 0370404 0367034 0362875 2154351 1250034 1443884 2154258 1280308 0372486 0362443 1084895 0376004 0364986 0367113 0367222 0367258 0367339 0367389 0367445 0362822 0376351 0367932 0375698 0360033 0368100 0364523 1124198 0376914 0368420 0368430 0368530 0362897 0368940 0375384 0377523 0460803 0364442 0369222 0369251 0369419 0375213 0369496 0369500 0369530 0363192 0375115 0369917 0370035 0370121 0376262 0361274 0370171 0370257 0370362 0375111 0364116 0370522 0370550 0364952 0370930 0365485 0370998 0371149 0371303 0371320 0371402 0371420 0371427 0397210 0371495 0364633 0371720 0371826 0376434 0371862 0371899 0371979 0371982 0372008 0372049 0372067 0372052 0372097 0366339 0372262 0372647 0372658 0372660 0372743 6372860 0372945 0372951 0373164 0373225 0373228 0373263 0373269 0373305 0360333 0373762 0373863 0373900 0373979 0374094 0374234 0364500 6359646 Nome ALUISIO CICERO DO NASCIMENTO FILHO ANA LUIZA MONTENEGRO CAMANHO CHUN YIN HSU DILVACY ARAUJO DA SILVA EYDIR SILVA DE MENDONCA GILBERTO LIMA DE ALMEIDA JORGE DE CARVALHO COUTO JORGE HENRIQUE BARCELOS DA MOTTA JORGE LUIZ DOS SANTOS BEZERRA JOSE CARLOS FERREIRA DE MORAES JOSE CARLOS FERREIRA DE MORAES LUCIA AZEVEDO SANGUEDO MARIO PICCAGLIA NETO MARISA CASAROTTO MAURICIO GRANATO DA SILVA CASTRO MAURO NERI PREISSLER PAULO CESAR SOUZA NABUCO DE ARAUJO ROMULO GENTIL SAMUEL BRASIL ADEMIR ARAUJO DA SILVA AGUR GRAVESTEIN BORGES DE MORAES ALDAIR DE SOUZA GODINHO ALFREDO JOAO FILHO ALVARO ALVES CARNEIRO AMELIA RODRIGUES ANACLETA DOS REIS CARDOSO ANTONIO CARLOS LABANCA AUGUSTO PAULO GONCALVES BENJAMIN VALERIANO DE OLIVEIRA BRAULINA CAETANO CURVO CARLOS ALBERTO GOMES CARLOS THEOPHILO DA SILVA CICERO GERALDO NOVAIS GADELHA CLEA MONTEIRO RODRIGUES MOREIRA CREUSA DA SILVA MAIOLINO DO NASCIMENTO DALMIRO JORDAO DOS REIS DANIEL MARTINS LEITE DILMA NUNES MONTENEGRO ELAZIR NICOLAU SILVA ELZA SENNA PRAGUER CARDOSO EVANILCE LUIZA SANT ANNA DE OLIVEIRA EVANILDA SANTOS FERNANDA ALIPIO BRUNO LOBO FERNANDO SANTOS DA SILVA FLORA RODRIGUES AZEVEDO FRANCISCA FERREIRA DOS SANTOS GERALDO NOGUEIRA DE MATOS GESSY FONTES DA SILVA GISELA MARIA RIBEIRO GIUSEPPINA PIRRO DE MOREIRA GUILHERME AUGUSTO CRESPO GUSTAVO ADIB COURI IRIA FERREIRA BARBOSA IRTES FARIA IZALTINO DA SILVA JANETE SANT ANNA SOARES DE ALVARENGA JANILTON SIQUEIRA SILVA JASUB MANHAES RODRIGUES JOAO ANIZIO DE SOUZA JOAO JOSE DOS SANTOS JORGE ALEIXO JORGE HENRIQUE FERNANDES DA SILVA JOSE CARLOS ARCHANJO JOSE CARLOS DAS CHAGAS ARAUJO JOSE D ALESSANDRO JOSE JOAO DA SILVA LALDIR SOARES MONTEIRO LEDA MARIA JERONIMO LELIA DE MEIRA GOMES LUCIA DE OLIVEIRA SANTOS LUIZ GONZAGA DA SILVA LUIZ MATIAS MAGDALENA LOUREIRO DE AGUIAR MANOEL ALEIXO MANOEL ANTONIO PINTO DE ALMEIDA MANOEL CARVALHO DA SILVA MANOEL RODRIGUES FEIJAO MARCIO LUIZ FIRMINO DO NASCIMENTO MARIA DA CONCEICAO QUEIROZ PRISTA MARIA DE LOURDES CARNEIRO AYROSA MARIA DE LOURDES DOS SANTOS MARIA DE LOURDES SANTOS SILVA MARIA DO CARMO LEITE DA SILVA MARIA HELENA DE CASTRO TORRES MARIA HELENA DE LIMA MARIA IGNES DOS SANTOS MARIA JOSE DE JESUS VIANNA MARIA JOSE DE OLIVEIRA MARIA JOSE DE SOUZA MARIA LOURDES PEREIRA MARIA YOLANDA DA SILVA MARIA ZELIA DO NASCIMENTO NAIR BENTO FERNANDES NAIR MENEZES CUNHA NAIR PAUL VEROL NELSON DUARTE NILSON GOES PENNA OCTAVIANO PAULO DO NASCIMENTO ODACY GONZAGA DA SILVA BARRETO PAULO DA CONCEICAO PAULO ROBERTO MARQUES PAULO ROBERTO PEREIRA PEDRO DESIDERIO FERNANDES PEDRO FERREIRA PERINA RODRIGUES DA SILVA RUTE MELO DA SILVA SEBASTIAO BATISTA DOS SANTOS SEVERINO VALENTIM DA COSTA FREIRE SILVIA LEMPERT STELLIDA ROCHA COSTA THEREZA DE JESUS GIOVANETTE DA BARBARA VERGINIA MONTEIRO NASCIMENTO WAGNER MATOS YSMAR VIANNA E SILVA FILHO Regime Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Ativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Inativo Jornal do SINTUFRJ a serviço da categoria – No 815 - 19 a 25 de maio de 2008 - www.sintufrj.org.br - [email protected] – 5 CAOS NO HOSPITAL HU: Protesto fecha Linha Vermelha HU suspendeu transplantes e fechou leitos. É a pior crise da instituição em 30 anos de história Alunos, residentes, professores e funcionários do Hospital Universitário participaram do ato organizado pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Medicina com apoio do DCE na sextafeira, dia 16. Eles reivindicam verbas para que o hospital, que teve diversas atividades suspensas em meio a crise por falta de material durante a última semana, voltasse a funcionar normalmente. Cerca de 500 estudantes, munidos de faixas e cartazes e com palavras de ordem reivindicando recursos, fizeram passeata em torno do hospital e fecharam pistas da Linha Vermelha em direção à Baixada. Segundo policiais do Batalhão de Vias Especiais, o engarrafamento alcançou mais de dois quilômetros. O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, referência nacional em procedimentos de alta complexidade – como transplantes de fígado – e responsável por 80% destes procedimentos no Estado do Rio, completou 30 anos, imerso numa de suas piores crises. O hospital é vinculado ao Ministério da Educação e ao Sistema Único de Saúde, mas a falta de repasse de verbas por parte do município, a falta de reajuste no orçamento desde 2004 e a renúncia do MEC no seu sustento como hospital de ensino levaram a endividamento e sucateamento tais, que acabaram por restringir atividades.. A dívida com fornecedores chega a R$ 10 milhões. Crise se agravou em maio A polêmica Portaria nº 4 de 29 de abril do MEC, que modifica a execução orçamentária e patrimonial dos hospitais universitários federais, fez mais do que provocar temor de que seja o início da transformação dos hospitais em fundações estatais de direito privado. Acabou por agravar o problema de abastecimento, obrigando a direção a suspender transplantes, atendimentos e até a fechar leitos. Isso levou o HU aos noticiários pratica- mente a semana inteira. A determinação da portaria de que as instituições de ensino criem até o dia 1º de junho unidades gestoras/executoras para os HUs no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) – para onde serão empenhados diretamente, a partir de então, os créditos orçamentários para OCC (outras despesas correntes e de capital) – atingiu o hospital num ponto fraco: a dívida com fornecedores, que com medo do novo sistema impedir o pagamento de dividas atrasadas se retraíram. Isso comprometeu o abastecimento, levando a situações fora do comum, como a falta de fio cirúrgico em meio a uma cirurgia, falta de luvas, gaze e até papel higiênico. No dia 12, o diretor Alexandre Cardoso reuniu chefes de serviço para dar a notícia, depois divulgada por todo corpo social: desde o dia 9 transplantes de órgãos foram suspensos, leitos foram fechados assim que o paciente internado ganhava alta, clientes de primeira vez não eram atendidos e as cirurgias só seriam realizadas se o médico confirmasse que havia material, caso contrário o paciente não seria internado. Só havia material para exames de sangue e material radioativo para o serviço de medi- cina nuclear por poucos dias. “Até que as condições adequadas de funcionamento possam ser restabelecidas”, disse o diretor. O HU não tem orçamento próprio e vive da prestação de serviços ao SUS. Ou seja, recebe pelos serviços que realiza,mas com base em uma tabela de 2004, desconsiderando a inflação, as necessidades acadêmicas e assistenciais. O diretor avaliou que enquanto não houvesse reajuste da tabela, e o MEC não enviasse para os hospitais recursos de custeio e realizasse concursos para sanear o déficit de pessoal, os problemas se repetiriam. NA MANHÃ DE SEXTA. Manifestação mobilizou uma massa de pessoas para protestar contra o caos no hospital Tabela defasada O HU recebe como prestador de serviço do SUS cerca de R$ 4,5 milhões para custeio (alimentação, remédios e exames). Só que um terço tem que ser usado para pagar pessoal terceirizado (cooperativa de médicos, técnicos de enfermagem, limpeza e segurança). “Hoje temos capacidade para faturar mais, mas estamos limitados pelo teto de prestação de serviços, que não é reajustado”, disse Alexandre Cardoso, argumentando que além de reivindicar a ampliação do teto e atualização do orçamento, iria solicitar a imediata orçamentação do MEC com recursos de outros custeios de capital. Pelo menos os R$ 1,3 milhão por mês para pagamento do pessoal terceirizado até que haja concurso. O diretor reivindicou ainda que haja um prazo para adap- tação do sistema à nova portaria: “Qual fornecedor que vai vender mercadorias numa situação em que não se tem certeza se vai receber as notas anteriores?”, questionou. O diretor esteve em Brasília, numa reunião dos dirigentes de Hospitais Universitários com o MEC e obteve do ministério a promessa de que este estudaria a questão da dilatação do prazo para adaptação dos hospitais à portaria. Com a Prefeitura do Rio, a direção negociou o aumento do teto da prestação de serviço em R$ 800 mil. “Não houve reajuste, mas houve exFotos: Cícero Rabello INACREDITÁVEL. Veja o quadro deplorável do teto e das instalações internas do HU pansão do teto dos procedimentos de alta complexidade”, disse, explicando que o aumento de 15% permite que o hospital possa arrecadar mais se trabalhar mais. O diretor do hospital solicitou ainda que o MEC assuma a folha de pagamento dos funcionários terceirizados – como copeiros e faxineiros –, o que aumentaria os recursos do hospital em R$ 1,3 milhão. Portaria O diretor explicou que a portaria tem aspectos importantes, porque torna o hospital uma unidade orçamentária.“Desde que haja dinheiro, pode significar uma sinalização do MEC na diferenciação dos hospitais universitários”, disse, explicando que o problema está na transição. O reitor Aloísio Teixeira esteve em Brasília para ratificar as reivindicações. 6 – Jornal do SINTUFRJ a serviço da categoria – No 815 - 19 a 25 de maio de 2008 - www.sintufrj.org.br - [email protected] CAOS NA SAÚDE “Chorei. Fiquei deprimida. É muito triste”, disse a enfermeira Claudia Fotos: Cícero Rabello Claudia Santos, técnica de enfermagem especializada em Oncologia, do Setor de Transplantes de Medula Óssea, traçou um quadro lamentável: “Chorei. Fiquei deprimida. É muito triste ver o doente chegar e ter que ir embora. Isso foi o que aconteceu no dia 12. Doentes voltavam para casa. Não tinha alternativa. Durante a semana foram realizadas cirurgias marcadas e algumas de emergência. Em alguns dias todas as cirurgias eletivas foram canceladas. Não poderíamos operar sem fios, fazer quimioterapia, exames de laboratório. O governo tinha a obrigação de financiar. A direção está gerindo uma dívida antiga, de outros gestores. Mas transformar em fundações, nem pensar. Precisamos nos mobilizar para enfrentar esse perigo. Esse é um hospital universitário. Se tentarem implantar as fundações estatais aqui a gente vai para a Rua”. “Não há cirurgias. Não há condições básicas para fazer exames. A gente não tem como aprender”, reclamou Letícia Hastenreiter, do 12o período de Medicina e representante do DCE. João Guilherme Assy, do 7o período e representante do CA, explicou que os estudantes não vão permitir que o HU se adapte às limitações. Eles reivindicam orçamento adequado para pagamento dos procedimentos de alta complexidade pelo Ministério da Saúde; custeio de pessoal terceirizado pelo MEC e reajuste de verba do SUS proporcional aos gastos. “Não dá para aceitar que seja tudo meio mais ou menos. Se faltar remédio o paciente morre. A gente não vai funcionar sem qualidade”, alertou João Guilherme durante o ato em frente ao HU. Política em xeque O diretor Alexandre Cardoso fez um histórico da crise, explicou aspectos positivos da portaria na transformação do HU em unidade orçamentária para agilizar a transferência de recursos e comentou sobre a possibilidade de prorrogação do prazo para aplicação da portaria e sobre as perspectivas com as reuniões na Secretaria Estadual de Educação e no MEC para tratar da folha de pessoal. A presidente do Conselho Regional de Medicina, Márcia Araújo disse que as políticas de governo devem ser postas em xeque: “É um LEITOS VAZIOS. Mais de 200 leitos estão desocupados, resultado da crise que estrangulou o funcionamento do hospital GENIVAL CELESTINO. Paciente prejudicado SILVANIA SOARES. Preocupada com a falta de atendimento HU em números Leitos desocupados Dos 500 leitos, apenas 268 estão ocupados, e até quinta-feira, dia 15, 31 pacientes tiveram alta e seus leitos foram fechados. O atendimento no Posto de Enfermagem foi reduzido: de uma média de 200 por dia, caiu para 50 pacientes, segundo Jorge Luiz Santanna, da chefia administrativa apontando as salas desativadas do serviço de Radiodiagóstico. Apenas duas das dez salas equipadas funcionam ainda, ora por falta de peças e manutenção ou às condições deploráveis da sala. “Isso não é recente”, alerta a chefe do Serviço de Raio-X, Fátima Colette, explicando que o hospital trabalha no limite há muito tempo: “É uma pena que isso tenha acontecido num hospital como o nosso. Mas não havia outra alternativa”. Silvania Soares dos Santos, de 25 anos, sai cedo de Vilar dos Telles, com encaminhamento do PAM para o hospital. Mas pacientes de primeira vez não podiam ser aten- didos: “Falam tão bem desse hospital, chego aqui e agora isso”, lamentou a jovem. Genival Celestino da Silva, 64 anos, aguardava para ser atendido. Ele se trata há 10 anos no HU e também se ressente da redução de serviços e falta de médicos: “Às vezes para marcar consultas demora três, quatro, até 10 meses”, reclama. “O governo está esquecendo a saúde. Isso aqui já foi um hospital bom”, comentou. governo democrático? Melhor ainda”, afirmou. Os alunos seguiram em passeata, fechando as pistas da Linha Vermelha. “Tem que fechar a Linha Vermelha inteira. O Hospital é que não pode fechar, não”, disse Maria Aparecida, 44 anos, que acompanhava a manifestação do ponto de ônibus: “Sou paciente há muitos anos, faço tratamento e não pode fechar, não, e tem que ser como era antes”, comentou, apoiando o ato dos estudantes. O HU realiza 25 mil consultas mensais. O corpo médico é formado por 3,5 mil profissionais. São 856 trabalhadores de cooperativas. O Hospital realiza mais de 108 mil intervenções especializadas. Tem índice médio de 75% de taxa de ocupação. Aliando ensino, pesquisa e prestação de serviço, em 2007, o HU alcançou mais de 20.900 atendimentos em suas 49 especialidades médicas. Entre procedimentos de alta complexidade (transplantes de órgãos, terapias com células-tronco, cirurgia bariátrica etc.), o número ultrapassou os 10 mil. Jornal do SINTUFRJ a serviço da categoria – No 815 - 19 a 25 de maio de 2008 - www.sintufrj.org.br - [email protected] – 7 CAOS NO HOSPITAL Posições diferentes sobre o assunto dentro da Fasubra O modelo das fundações estatais desvincula os HUs das ifes e deteriora o caráter de ensino, pesquisa e extensão em busca de serviços que gerem lucro e garantam seu sustento. Com base em indicadores de produtividade que podem se distanciar das necessidades da população, o novo modelo inclui ainda a flexibilização das relações de trabalho. Não soluciona a questão do financiamento tampouco a de pessoal, mas desobriga o governo dessa responsabilidade. Muitos acham que a portaria nº 4 de 29 de abril do MEC seria um caminho para a implantação das Fundações. Outros acham que não há indícios. A Fasubra vai se posicionar. A Coordenação de Educação e Políticas Sociais se reuniria no último fim de semana, para depois chamar o grupo de trabalho e levar o tema à plenária dos dias 6 e 7 de junho, cujo eixo central será a portaria. “Com o tempo, vai ser criado Fotos: Cícero Rabello um novo ente jurídico. Não se sabe exatamente o que é. Se a portaria se resumisse no primeiro artigo, seria uma coisa boa, porque acabava em parte com as fundações (que até aqui intermediavam a gestão financeira dos HUs). Vai ter maior transparência. Mas se sair da Universidade e se transformar em fundação estatal de direito privado, vamos ser um novo ente jurídico. Para ter todos os dados que precisava, o MEC não precisava separar as folhas de pagamento”, avaliou Janine Teixeira, da Coordenação de Educação. “Se for transformado em fundações, os prejuízos serão incontáveis. Os Hus transformam-se em hospitais comuns da rede, acabando com ensino e extensão, e se desvinculam da universidade. O diretor vai ter que se virar. A folha será paga com recursos próprios do hospital. E a portaria cria uma folha à parte da Universidade”, alerta Janine. A coordenadora das Estaduais, Vera Miranda, acha que, em princípio, é bom o dinheiro entrar direto para o hospital sem passar pelas fundações universitárias. Segundo ela, a Secretaria de Orçamento do MEC explicou que o sentido da portaria foi de levantar dados mais concretos, de forma que o orçamento dos hospitais fosse mais bem planejado. E que não há nenhum dispositivo de desvinculação do hospital. A crítica que é feita à portaria é justamente pelo pouco tempo para a transição: “Com certeza, vamos discutir isso e fechar uma posição à luz da conversa com a Andifes. Eu acho prematura uma fala no sentido de que haverá desvinculação. Não há indícios concretos”, avalia Vera, que acredita que, quanto a pessoal, o propósito é o levantamento do quadro e das necessidades de reposição para planejamento. Origens da crise, segundo o Reitor SEM FUNCIONAR. Sala de exames do hospital sem operar por falta de recursos. Estudantes e funcionários caminham na passeata improvisada que fechou a Linha Vermelha “As dificuldades por que passam os hospitais universitários são graves e têm origem em diversos fatores, alguns de natureza estrutural e outros de natureza conjuntural. Entre os fatores de natureza estrutural, poderíamos apontar: a crescente incorporação de tecnologia aos procedimentos e insumos, processo esse que vêm implicando custos crescentes e aumento das despesas com saúde em todas as partes do mundo; a universalização do sistema público no Brasil, acarretando um aumento da demanda por serviços na rede de hospitais públicos. Esses dois fatores, em particular o segundo, impactaram os hospitais universitários, que passaram a integrar a rede pública universal, o que, num quadro de financiamento insuficiente, gerou necessidades de recursos e de pessoal especializado, além daqueles previstos nos orçamentos das universidades. Esses fatores foram objeto das conversas que mantive em Brasília, no início da semana, com o Ministério da Saúde, com o Ministério da Educação e com a Andifes. Nessas conversas, assumi a defesa do pleito da Andifes, no sentido de se buscar junto ao governo federal uma solução para o pagamento do pessoal terceirizado. Isso daria aos hospitais uma folga financeira, que lhes permitiria enfrentar as dificuldades emergenciais do momento presente. Entre os fatores de natureza conjuntural, cabe apontar a exigüidade do prazo de ajustamento às condições determinadas pela Portaria nº4 da SPO-MEC, de 29 de abril de 2008, que gerou, entre os fornecedores de insumos, temores quanto à continuidade dos pagamentos, levando-os a interpor maiores obstáculos ao fornecimento regular desses materiais. Mesmo não discutindo o mérito da portaria nem suas intenções, não há dúvida de que o processo de transformação dos hospitais universitárias em unidades orçamentárias, em uma universidade que, como a nossa, possui oito hospitais, é um processo extremamente complexo. Mesmo assim, a Reitoria da UFRJ e a direção do Hospital Universitário vêm mantendo contatos e adotando medidas que garantam a continuidade dos serviços prestados, no mesmo patamar de qualidade que sempre nos caracterizou.” 8 – Jornal do SINTUFRJ a serviço da categoria – No 815 - 19 a 25 de maio de 2008 - www.sintufrj.org.br - [email protected] FUNDÃO Bandejão em ritmo acelerado Um terço do projeto do restaurante universitário já foi concluído. Próximo passo é o refeitório Fotos: Cícero Rabello Na semana passada, o Jornal do SINTUFRJ esteve no canteiro de obras do restaurante universitário e constatou que a construção está mesmo em ritmo acelerado. Os 70 operários das três empreiteiras contratadas estão trabalhando em tempo integral, até os sábados, para recuperar os 87 dias perdidos em virtude das últimas chuvas. Outro problema que impediu a inauguração do bandejão na data prevista, 15 de maio, foi a dificuldade de encontrar no mercado material e mão-de-obra especializada. A equipe de jornalistas (repórter e fotógrafo) percorreu a obra acompanhada do gerente responsável pelo empreendimento, o engenheiro do Escritório Técnico da Universidade (ETU) Márcio Escobar. Ele informou que um terço do projeto total do bandejão já foi concluído, e a ênfase agora é para a finalização do refeitório, previsto para começar a operar em meados de julho, segundo o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Carlos Levi. A ordem é acelerar Para que a partir de agosto pelo menos dois mil estudantes do campus do Fundão passem a se alimentar com comida de qualidade e ao custo de R$ 2, foram gastos, além do previsto na construção do restaurante universitário, R$ 13 mil com a montagem de uma estrutura de madeira (pranchas) para driblar o terreno úmido, em conseqüência das chuvas. Só assim pode ser retomada a terceira etapa da obra, que consiste na construção da subestação de energia que alimentará o refeitório. “Dos 210 dias de contrato com a empreiteira, chuveu em 87”, justificou Escobar. Além desse problema, o engenheiro queixou-se de outras dificuldades que vem enfrentando desde o início das obras, em julho de 2007, como, por exemplo, em encontrar material de acabamento, como esquadrias de alumínio; falta de alguns produtos em grande BRASIL A III Conferência Nacional do Meio Ambiente, cujo tema foi Mudanças Climáticas, realizada em Brasília, foi ce- universitário em atividade estão disponíveis”, afirmou. Mesmo trabalhando há 20 anos na UFRJ e com experiência acumulada em grandes obras, como as do CT Infra I e do CCMN, o engenheiro contou que acorda às 4 horas da manhã para pensar na obra. OBRAS EM GRANDE RITMO. Bandejão está sendo erguido próximo a Educação Física PRÉDIO. Maquete do projeto do restaurante universitário no campus do Fundão quantidade no mercado, ocasionando certa demora na entrega das encomendas, como foi o caso das pastilhas para revestimento das paredes do refeitório; e até da escassez de mão-de-obra especializada para alguns serviços. “O setor de construção civil está aquecido, por isso falta material e profissionais”, complementou Escobar. Mas a expectativa dele é que daqui para a frente nada mais atrapalhe a conclusão da construção do refeitório, sanitários e vestiário dos funcionários, e os acessos dos estudantes ao local. Segundo Márcio Escobar, “a Reitoria está totalmente envolvida com o empreendimento e dando total apoio para solução imedia- ta dos problemas que surgem, assim como a Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento cuida de minimizar as burocracias e discussões irrelevantes a respeito do projeto”. Existe até um plano B, em caso de faltar energia e água, disse. “A pressão é grande, pois todos os recursos necessários para pôr o restaurante Calendário O restaurante universitário ocupa um terreno de 17.403,82 m2, cuja área construída do prédio de dois pavimentos é de 3.828,64 m2. Incluindo as vias internas, estacionamento para 160 veículos, guarita, praça, calçadas e jardins, a área urbanizada atinge 11.655,58 m2. O custo total do empreendimento está orçado em R$ 13.644.116,45. O ETU é quem coordena os trabalhos, tendo à frente o engenheiro Márcio Escobar e o diretor da Divisão de Projetos, o arquiteto Alexandre Martins, que, responde pela parte de projetos da construção, inclusive os de responsabilidade das empreiteiras contratadas. Inicialmente, com a entrega apenas do refeitório – que terá capacidade para 429 lugares e mais de 100 mesas –, serão atendidos dois mil estudantes da UFRJ. Três empresas foram cadastradas e participarão da concorrência para produção, externa, das refeições, que neste primeiro momento, ainda durante as férias de julho, só será servida no campus do Fundão. A previsão de Escobar é que até março de 2009 o restaurante central esteja concluído e totalmente equipado, incluindo a cozinha industrial, quando passará a fornecer 3.200 refeições no Fundão e 800 em outros campi. “O grande diferencial deste restaurante universitário para os que já existem no país é o seu cunho acadêmico, tornando-o um referencial para outros empreendimentos da mesma natureza. Quem responderá administrativamente por ele é o Instituto de Nutrição, e seu segundo objetivo é formar profissionais de diversas áreas”, antecipou Escobar. Ex-ministra quer demarcação de reserva nário de intensos debates, mas extremamente democráticos, elogiada até por observadores internacionais convidados para o evento. O momento de maior comoção aconteceu quando a ex-ministra Marina Silva apelou à Justiça que garantisse a demarcação da Reserva Indígena Raposa do Sol. Ela foi aplaudida de pé por mais de mil pessoas que lotavam o Centro de Convenções da Capital Federal. Marina foi substituída no Ministério por Carlos Minc. Jornal do SINTUFRJ a serviço da categoria – No 815 - 19 a 25 de maio de 2008 - www.sintufrj.org.br - [email protected] – 9 FORMAÇÃO Encontro debateu experiência do ProJovem Desde 2006 a Coppe, através de um convênio, produz material didático Durante dois dias a Coppe promoveu o Encontro de Qualificação Social e Profissional para avaliar e debater o conteúdo do material utilizado e trocar informações e experiências do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem). Lançado em 2005 pela Secretaria Nacional da Juventude, o programa cumpriu a meta de elevar a escolaridade de 260 mil jovens, um trabalho desenvolvido em 56 cidades do Brasil. O evento foi realizado nos dias 13 e 14 de maio, no auditório do Centro de Tecnologia, na Ilha do Fundão, e reuniu cerca de 350 participantes. Desde 2006 a Coppe, através de um convênio com o Ministério do Trabalho, vem trabalhando no desenvolvimento do material didático e na capacitação de professores que atuam no programa. O Laboratório de Trabalho & Formação coordenou a produção dos 50 volumes do material didático, incluindo o Guia de Estudos e o Manual do Educador. Segundo o professor Fábio Zamberlan, coordenador do Encontro e do Laboratório de Trabalho & Formação da Coppe, o programa une três ações que julga fundamentais para o desenvolvimento dos jovens com baixo nível educacional: elevação de escolaridade, qualificação social e profissional e ação comunitária. “Foi um grande desafio aprimorar um número fabuloso de jovens em situação de vulnerabilidade social, um contin- gente que representa 20% de jovens brasileiros de 18 a 24 anos”, disse. O ProJovem é projeto estratégico do governo federal e tem como objetivo integrar à sociedade, por meio da educação, jovens de 18 a 24 anos. Aos participantes, o programa oferece oportunidades de elevação de escolaridade; de qualificação profissional; e de planejamento e execução de ações comunitárias de interesse público. Por meio do curso, proporciona formação integral com carga horária de 1.600 horas desenvolvidas em 12 meses consecutivos e inclui disciplinas do ensino fundamental, aulas de inglês, de informática, aprendizado de uma profissão e atividades sociais e comunitárias de forma integrada. Cada aluno, como forma de incentivo, recebe um auxílio de R$ 100,00 por mês, desde que tenha 75% de freqüência e cumpra as atividades programadas. Foto: Cícero Rabello PARTICIPANTE do Programa Nacional de Inclusão de Jovens “Escolhi o teatro, é a minha vida” A experiência de Marcele dos Santos, 22 anos, mostra como o ProJovem foi capaz de mudar a sua realidade de vida. Moradora da Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e com um filho pequeno, não teria conseguido terminar o ensino fundamental sem o apoio do programa. “Parei de estudar porque engravidei. Quando vi o anúncio do ProJovem na TV me deu esperanças, fui e me inscrevi. No começo foi difícil porque a bolsa só saiu depois de três meses, período em que eles verificam se o aluno vai ficar mesmo, e tive que me virar para pagar a passagem. Mais valeu a pena. Escolhi o teatro porque era muito tímida, me encontrei, e assim pretendo viver a minha vida”. Marcele ajudou a fundar a Companhia da Estação da Cidade de Deus, já fez quatro apresentações, e participa de outra companhia, o Pax Urbano. NOTAS “Bertha Lutz: ciência, feminismo e museu” O Museu Nacional realiza nesta segunda-feira, dia 19, dois eventos em torno da cientista Bertha Lutz (1894-1976). Às 14h haverá uma mesaredonda: “Bertha Lutz – uma atuação plural”, e às 17h, exposição temporária “Bertha Lutz: ciência, feminismo e museu”. A programação faz parte da agenda da 6ª Semana de Museus – IPHAN. Local: Auditório Roquete Pinto, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. Palestra e filme na Praia Vermelha O Fórum de Ciência e Cultura, a Escola de Comunicação (ECO) e o Programa de Pós-Graduação da UFRJ convidam para a palestra da professora Linda Erlich (Case Western Reserve University) intitulada “Nobody Knows’ and the Resonant Gesture on Screen”, nesta terçafeira, dia 20, das 15h às 16h30, no Centro de Produção Multimídia (CPM) da ECO, na Praia Vermelha. A palestra será em inglês sem tradução, e terá como ponto de partida o filme “Ninguém pode saber” (“Nobody Knows”), de Hirokazu Kore-eda e estabelecerá diálogo com filmes como “Ladrões de bicicleta”, de Vittorio De Sica, e o “Sol é para todos”, de Robert Mulligan, entre outros. Aposentadoria especial No dia 30 de maio, o Sindipetro-RJ e o Diesat (Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho) promovem a palestra “Aposentadoria especial: situação atual, avanços e retrocessos no Brasil”, com a representante da Fundacentro São Paulo, Cristiane Granja, no auditório da entidade. Qualquer trabalhador pode participar. Mais informações pelo telefone 3852-0148, ramal 236. Endereço: Avenida Passos, 34, Centro. III Simpósio Lutas Sociais na América Latina O evento ocorrerá na Universidade Estadual de Londrina, de 24 a 26 de setembro, mas a coordenação informa que receberá até o dia 6 de junho inscrições e os resumos de artigos sobre os seis diferentes temas ligados às lutas no centro-sul do continente americano. Os temas são os seguintes: “Definições das questões agrárias hoje” ([email protected]); “Estado, ideologia e meios de comunicação” (ideol.comunicaçã[email protected]); “Classes sociais e transformações no mundo do trabalho” ([email protected]); “Política e economia na América Latina” (polí[email protected]); “Movimentos sociais urbanos” ([email protected]) e “Socialismo no século XXI: perspectiva para a América Latina” ([email protected]). 8ª Plenária Estadual Cutista A direção executiva da CUT-RJ informa que foi prorrogada até 30 de maio a data de realização de assembléias de base para eleição de delegados à 8ª Plenária Estadual, que ocorrerá dias 27 e 28 de junho. 10 – Jornal do SINTUFRJ a serviço da categoria – No 815 - 19 a 25 de maio de 2008 - www.sintufrj.org.br - [email protected] TECNOLOGIA UFRJ inaugura supercomputador Netuno está entre as 100 máquinas mais potentes do mundo Foi apresentada no dia 12 de maio a mais potente máquina para uso acadêmico da América Latina. O supercomputador, chamado Netuno, é resultado de uma parceria entre a Petrobras e a UFRJ. A estatal do petróleo financiou o projeto, que custou R$ 5 milhões. A máquina está instalada no NCE e atenderá às demandas das Redes Temáticas de Geofísica Aplicada e de Modelagem e Observação Oceanográfica. A UFRJ e outras 14 universidades brasileiras serão beneficiadas com o Netuno. Entre elas estão a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade de Campinas (Unicamp). O equipamento é capaz de trabalhar de forma simultânea em diferentes tarefas. Isso reduzirá, por exemplo, o ciclo ocioso da máquina, enquanto os técnicos analisam dados gerados por ela. A grande vantagem de um cluster (conjunto de computadores ligados em rede) é obter maior desempenho com custo menor. São 256 servidores, cada um com dois processadores de quatro núcleos. Segundo o responsável técnico do projeto, professor Gabriel Silva, o supercomputador consome energia equivalente a 300 microcomputadores. Dois nobreaks e um sistema gerador garantem o funcionamento da máquina, mesmo em caso de pane elétrica. Ele também destacou o papel dos técnicos-administrativos. “Este projeto tem o envolvimento de vários técnicos-administrativos que possibilitaram o desenvolvimento do Netuno”, disse. O projeto atende à cláusula de investimentos em pesquisa e desenvolvimento dos contratos de concessão de exploração e produção entre a Petrobras e a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Segundo a cláusula, pelo menos 1% da receita bruta gerada pelos campos deve ser investido em pesquisa e desenvolvimento, sendo 50% deste valor aplicados em universidades e instituições nacionais. O coordenador do Núcleo de Computação Eletrônica, Ageu Cavalcanti, destacou o papel do NCE: “Funcionamos como elemento integrador entre Geofísi- ca e Oceanografia”. E apontou para a deficiência de recursos humanos na Universidade: “O mais importante é o material huma- no. Quando cheguei à UFRJ em 1987 eram cerca de 500 pessoas no NCE. Hoje não passam de 300”, afirmou. Foto: Cícero Rabello MARAVILHA TECNOLÓGICA. Supercomputador adquirido com recursos da Petrobras Aplicação de recursos é difícil por falta de equipamentos A representante da ANP, Nalia Martins, explicou que a Petrobras tem dificuldades de aplicação de recursos nas universidades porque as instituições “não estão aparelhadas para isso”. “Por essa razão resolvemos aplicar em infra-estrutura laboratorial”, disse. Segundo Nalia, já foram mais de R$ 900 milhões aplicados em universidades de todo o Brasil, “20% dos recursos só na UFRJ”. O gerente executivo do Cenpes, Carlos Tadeu Fraga, informou que o Netuno é um dos seis supercomputadores que a Petrobras irá desenvolver no Brasil. “O projeto da ANP permite que a riqueza do petróleo seja reinvestida em geração de conhecimento para o Brasil”, disse. Ele reconheceu que esses investimentos permitirão à própria Petrobras obter dados seguros para desenvolvimento de futuras plataformas, “que serão muitas”. O reitor Aloísio Teixeira elogiou a relação entre UFRJ e Petrobras e disse que o trabalho com Redes Temáticas minimiza a competição existente entre as áreas do saber. “O conhecimento só pode se desenvolver com um sistema de cooperação. Com as Redes Temáticas é possível interligar as várias áreas do conhecimento sem competições. Isso nos permite desenvolver um projeto público para colocar não só os míseros 10% de jovens brasileiros na universidade, mas todos. Sem essas pessoas não há universidade”, afirmou. PATRIMÔNIO UFRJ depende de comunicação da Justiça para tomar posse de terreno No dia 7 de maio foi julgado no Superior Tribunal Federal o processo de reintegração de posse do terreno pertencente à UFRJ que abrigava o Cassino Botafogo, na Rua Lauro Müller. O julgamento foi favorável à Universidade, mas a instituição ainda não tomou posse do terreno. Segundo o prefeito da Cidade Universitária, Hélio de Mattos, a UFRJ não foi oficialmente notificada. “Só poderemos ocupar o local quando recebermos o comunicado oficial. O ocupante também preci- sa receber a notificação para sair do imóvel”, afirmou. O diretor de Gestão Patrimonial da UFRJ, Hélcio Gomes, também afirmou que ainda aguarda o pronunciamento oficial. “Estamos aguardando o parecer da Justiça. Ganhamos o direito à reintegração, mas não temos o parecer comunicando oficialmente a reintegração. Esse documento vai chegar via Procuradoria”, informou. O presidente da Associação de Moradores da Lauro Müller e Adjacências (Alma), Abílio Tozini, um dos mais ativos no movimento em prol da ocupação da UFRJ, pediu que a universidade se apresse no processo. “O advogado que representa a UFRJ pode se antecipar, já que a liminar que impedia a retomada do terreno caiu. Basta que a Procuradoria se mexa e despache junto ao desembargador”, desabafou. Ele afirmou que a empresa de construção e decoração Amoedo está fazendo reformas no imóvel. Tozini fez um apelo: “A UFRJ é uma vizinha que nos trata com respeito. O bingo é uma atividade viciante e não condiz com a missão da universidade. Mais do que como vizinhos, estamos aqui como brasileiros. Trata-se de um ato de enriquecimento ilícito, porque é patrimônio da União sendo invadido pela iniciativa privada”, desabafou. A assessoria de imprensa da Amoedo confirmou as obras, mas disse que a empresa “não se pronunciará sobre o problema até que tudo esteja resolvido”, pois entende que as partes envolvidas são a Associação dos Servidores Civis do Brasil (ASCB) e a UFRJ, “não tendo a Amoedo qualquer envolvimento direto com a questão”. Uma funcionária da ASCB informou que o processo está nas mãos do jurídico da instituição e que só o advogado poderia falar sobre o caso. Até o fechamento desta edição ele não havia sido localizado. A Procuradoria foi contatada pela nossa reportagem, mas ninguém foi encontrado que pudesse falar sobre o caso. Jornal do SINTUFRJ a serviço da categoria – No 815 - 19 a 25 de maio de 2008 - www.sintufrj.org.br - [email protected] – 11 MUNDO O dedo do FMI na crise de alimentos Fotos: Internet O encarecimento dos alimentos desatou distúrbios em muitos países do Sul, da Indonésia a Camarões, da Índia à Costa do Marfim, de Bangladesh ao Haiti. Mas isso não deveria surpreender ninguém. Trata-se apenas da mais recente de uma série de conseqüências da abertura das fronteiras praticada por muitos países em desenvolvimento, como parte de acordos com o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, medidas de ajuste estrutural que acabaram prejudicando o setor agrícola e minando sua capacidade de produzir alimento. Em tempos de maior controle estatal, nos anos 70 e início dos 80, boa parte dos mercados de alimentos nacionais do Sul estava em mãos de juntas de comercialização estatais e de cooperativas. As juntas garantiam preços mínimos, forneciam sementes e fertilizantes, controlavam o volume importado, redistribuíam alimentos quando diminuía sua produção e compravam matériasprimas das cooperativas. Estes organismos nem sempre eram dirigidos da melhor maneira. Houve muitos casos de corrupção e ineficiência, mas, de todo modo, cumpriam certas funções críticas. Os agricultores contavam, graças a esses mecanismos, com mercados para vender seus produtos e garantir seu sustento. Os preços eram estáveis mesmo quando eram menores do que desejavam os produtores. Essas políticas permitiam a muitos países em desenvolvimento exportar alimentos ou, pelo menos, alcançar a auto-suficiência. Tudo isso mudou nos últimos 20 anos. O apoio estatal aos agricultores caiu. Aos pequenos camponeses foi aconselhado se dedicar ao mercado internacional, enquanto os mercados nacionais se abriam à produção estrangeira. Apoio a exportadores Mais do que apoiar os alimentos tradicionais e básicos de cada país, os governos apoiavam os exportadores. Supunha-se que as “vantagens comparativas” dos produtos escolhidos para serem vendidos ao exterior enriqueceriam esse setor e que benefícios se espalhariam em seguida a toda a população. Porém, mais do que originar riqueza, a abertura expulsou milhões de camponeses mais pobres do mercado de seus próprios países. As importações substituíram o que antes se produzia em nível nacional nestes 20 anos, as colheitas diminuíram gravemente. O ocorrido nas Filipinas é um AGRICULTURA. Colhedeira de arroz em operação numa fazenda no Norte do país exemplo cabal do resultado destas políticas. “Nas décadas de 60 e 70, éramos auto-suficientes”, disse à Agência Notícias Inter Press Service (IPS) Jowen Berber, do não-governamental Centro Saka. “Nesses tempos, o governo investia muito em arroz, tanto na irrigação e infraestrutura quanto em apoio ao marketing com créditos e insumos para a produção. Mas quando as autoridades suspenderam esses incentivos, a colheita diminuiu lentamente”, afirmou Berber. “O governo agora intervém, mas comprando menos de 1% da produção de arroz filipino. Compra mais arroz importado do que nacional”, acrescentou. O governo de Camarões retirou seu apoio ao setor arrozeiro em 1994, ao implementar políticas recomendadas pelo Banco Mundial e pelo FMI. Nesse contexto, entregou ao mercado de fertilizantes o setor privado. O rendimento dos campos dos agricultores pobres se precipitou, pois o fertilizante se tornou um artigo de luxo, segundo mostraram os especialistas David Pingpoh e Jean Senahoun em um estudo para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A abertura comercial aumentou a vulnerabilidade dos países às políticas dispostas por outras forças externas. As importações de arroz da Índia multiplicaram-se por quase oito em apenas um ano, entre 2001 e 2002 NA ÁSIA. Camponeses colhem arroz manualmente num país asiático Preço do arroz explodiu As importações de arroz do Nepal tiveram enormes picos de aumento: quase triplicaram em 1994 e aumentaram oito vezes em 2000. Em algumas zonas, o preço ao consumidor caiu quase 20%. Grandes quantidades de estabelecimentos da fronteira com a Índia fecharam. O atual ciclo de encarecimento é atribuído à queda das existências. A produção agrícola se canaliza para a produção de biocombustíveis. A seca australiana fez a sua parte, e tam- bém o jogo dos especuladores que compram a futuro. Houve distúrbios e protestos em pelo menos 37 países. Mas desde o Norte volta a se repetir a cantilena do livre-comércio como panacéia. Assim o fizeram no final de abril, em uma reunião na cidade suíça de Berna onde foi examinada a emergência alimentar, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon; o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy. Dificilmente os agricul- tores serão convencidos de que mais do mesmo que destruiu seu meio de subsistência durante duas décadas os ajuda. “Proteger a alimentação se converteu em delito pelas leis do livre-comércio. O protecionismo, em má palavra, disse Henri Saragih, coordenador internacional da rede mundial Via Camponesa. “Os países se tornaram adeptos da importação de alimentos baratos. Agora que o preço aumenta, a fome mostra seu rosto feio”. (IPS) As importações de arroz da Índia multiplicaram-se por quase oito em apenas um ano, entre 2001 e 2002. Por isso, muitos agricultores abandonaram a atividade. A área cultivada com arroz diminuiu 31,2% entre 1999 e 2004. Segundo a FAO, a Costa do Marfim também foi inundada pelas exportações de alimentos. Em cumprimento aos seus compromissos com a Organização Mundial do Comércio, o país reduziu as tarifas alfandegárias ao máximo de 15%. Como conseqüência, as importações de arroz aumentaram 6%, em média, ao ano, de 470 mil toneladas para 715 mil toneladas entre 1997 e 2004. A produção nacional caiu 40% no mesmo período. Fonte: Agência Carta Maior/ Aileen Kwa (IPS) PÁGINA 12 O sonho da universidade Cerca de 11 mil estudantes do ensino médio foram apresentados à UFRJ Fotos: Cícero Rabello A comunidade universitária viveu dois dias muito especiais na semana passada com a quinta edição do projeto Conhecendo a UFRJ. Este ano, cerca de 11 mil alunos do ensino médio, maioria de escolas públicas e pré-vestibulares comunitários de várias localidades do Estado do Rio de Janeiro, realizaram o sonho de pisar numa universidade pública. Os adolescentes e jovens se encantaram com a grandiosidade do campus do Fundão, a receptividade dos graduandos e a atenção dos professores e técnicos-administrativos. A Divisão de Segurança foi mobilizada para garantir que nenhum incidente atrapalhasse a festa dos visitantes – quem sabe, no futuro, estudantes da Universidade. Mais uma vez, a Escola de Educação Física e Desportos cumpriu papel fundamental para o sucesso do evento. A unidade suspendeu suas atividades para acolher os secundaristas. Os seis ginásios se transformaram em auditórios para as palestras sobre os 100 cursos de graduação oferecidos pela UFRJ, mas ainda foi necessário montar no pátio uma tenda com capacidade para três mil pessoas sentadas. Outros espaços da Escola foram ocupados por estandes e até minilaboratórios. O programa incluiu visitas a outras dependências da Universidade, como ao Tanque Oceânico de pesquisa marítima. Portas abertas “Realizamos uma verdadeira operação de guerra que dá supercerto, pois este é o maior evento de portas abertas para alunos do ensino médio realizado por uma universidade. A grande maioria desses estudantes nunca entrou numa universidade, e proporcionar a eles a oportunidade de ouvirem os professores falando sobre os cursos, receberem material e de conviverem com os universitários é um estímulo para que lutem por uma vaga”, afirmou a pró-reitora de Extensão, Laura Tavares, responsável, com sua equipe de técnicos-administrativos, pela viabilização do projeto. Outro motivo de satisfação da pró-reitora foi poder permitir, pela primeira vez, que os pré-vesti- TENDA GIGANTE. O evento ganhou um cenário monumental para receber milhares de alunos na E. Física bulares comunitários participassem: “Só dos cursos bancados pela UFRJ vieram 600 alunos de Nova Iguaçu, 200 do Caju e mais os do Centro da Cidade e do Samora Machel, que funcionam no Fundão. Além disso, a cada ano cresce consideravelmente o número de inscrições de escolas públicas. Em 2004 recebemos ao todo mil estudantes; 2005, dois mil; 2006, cinco mil; 2007, 10 mil e, agora, em 2008, nos dois dias, 11 mil”. Mas para atender às expectativas do público das escolas inscritas, Conhecendo a UFRJ 2008 consumiu dois meses de trabalho da PróReitoria de Extensão e envolveu diretamente na sua execução 200 técnicos-administrativos, 100 professores e 200 monitores bolsistas, teve apoio da Pró-Reitoria de Graduação e participação direta da Comissão de Vestibular. ESTUDANTES no Fundão. No alto, à direita, a pró-reitora de Extensão, Laura Tavares, a superintendente Isabel Azevedo, e Marco Felipe e Jane Frank, coordenadores do evento. Custo Isabel Azevedo, superintendente- geral de Extensão – coordenadora do evento junto com Marco Felipe e Jane Frank, da Divisão de Cultura e Esporte da Pró-Reitoria de Extensão –, informou que o projeto foi orçado em R$ 150 mil, mas acabou consumindo R$ 170 mil, e quem pagou as despesas foi o Cenpes/ Petrobras. “Sempre buscamos patrocinadores para atividades como esta, que demandam muitos gastos”, disse. O mais caro, segundo Isabel, foi o aluguel e a montagem da tenda gigante, seguido das despesas com o material distribuído aos estudantes e de divulgação nas escolas, e a ajuda de custo aos alunos da UFRJ (transporte, alimentação). Todo esse agito na Universidade ocorreu na quarta-feira, 14, e quintafeira, 15, das 8h às 17h. Muita criatividade Enquanto na tenda gigante o diretor da Escola Politécnica, Erickson Rocha, informava a três mil alunos do 3º ano do ensino médio que “vocês estão na maior instituição de ensino de engenharia do Brasil e falta engenheiros no país”— depois de contar como nasceu a Politécnica e de detalhar o conteúdo de cada uma das engenharias —, estudantes da graduação abusavam da criatividade para “convencer” os pré-vestibulandos a optarem também pela carreira que escolheram seguir. No estande de Anatomia, um esqueleto inteiro e partes do corpo humano, como crânio, braços e pernas, envernizados, ajudavam Ludmila Silva, acadêmica de fonoaudiologia, a “desmistificar que anatomia não é uma coisa horripilante; não é só mexer com morto. É utilizar uma vida para salvar outra”. Entusiasmado, Edson Júnior, do pré-vestibular da UFRJ no Centro do Rio, reafirmou sua decisão de cursar Medicina. “Todos dizem que é muito difícil passar no vestibular para a UFRJ. Mas eu só preciso de uma vaga, e vou fazer a minha parte”, disse. Hudson Angelo, do pré-vestibular da UFRJ de Nova Iguaçu, também desfez qualquer dúvida que ainda poderia ter sobre a opção por engenharia civil, depois de ouvir a palestra do diretor da Escola Politécnica. “Ele falou coisas que motivaram bastante quem quer ser engenheiro: tem mercado de trabalho, existe a oportunidade de especialização fora e o salário é bom”. No ginásio poliesportivo, o professor do Instituto de Economia, Marcelo Paixão, explicava a uma atenta platéia que “Economia é tão importante que tem uma página inteira em todos os jornais; é o princípio de tomada de decisões”. Falou de economia de mercado, reforçou seus argumentos citando Adam Smith – “autor dos estudos do processo de criação” – e, por último, acrescentou que o economista é um profissional que tem inserção fácil na sociedade, prestígio e boa remuneração.