1 Material didático e de divulgação científica produzidos por alunos, formulação de hipóteses consistentes na pesquisa e uso de temas de abrangência nacional em Fisiologia Vegetal Carlos Henrique Britto de Assis Prado – Departamento de Botânica, UFSCar, São Carlos-SP ([email protected]) O ensino de Fisiologia Vegetal (FV) deveria ser privilegiado desde o nível fundamental por estar associado diretamente à segurança hídrica e alimentar. O incentivo à produção de material didático, equipamentos, vidrarias, drogas e encontros dedicados ao ensino de FV deveriam aparecer como prioritários atendendo à necessidade crescente de produção de alimentos e segurança hídrica. É um contra senso não existir essas atividades bem estruturadas de ensino de FV no Brasil, que apresenta boa parte de seu PIB associado à produção de biomassa vegetal e animal, é vulnerável aos eventos de seca e com problemas graves de preço e qualidade nos alimentos. Recentemente vários cursos de nível técnico na área agrícola e afins (agropecuária, meio ambiente) foram criados por meio dos institutos federais de ensino aumentando ainda mais a demanda por FV. Como envolver esses novos alunos em FV é um caminho que deve ser considerado, por exemplo, divulgando os congressos e simpósios relacionados para esse público. Por outro lado, uma forma de envolvimento de baixo para cima deve ocorrer por meio da produção local de material de FV tanto para a divulgação como para o ensino, além da pesquisa. Principalmente na graduação e na pósgraduação em FV é fundamental que os alunos se comprometam com a produção de material que possa ser utilizado para divulgação científica e ensino. As experiências locais são, muitas vezes únicas, com espécies e ambientes peculiares. Essas experiências locais e os resultados de manejo e a síntese de resultados de experimentos mais complexos devem ser transmitidos por meio da internet com livre acesso na forma de material de divulgação e ensino. A coordenação de produção desse material é de responsabilidade do professor, pesquisador, tutor ou monitor. Os cursos de graduação e pós apresentam hoje estrutura suficiente para a experimentação em vários níveis de complexidade em FV e os produtos de pesquisa como artigos científicos, capítulos de livros e livros são formas adequadas e crescentes de divulgação de resultados, mas não são suficientes. Artigos de divulgação científica e material de ensino propondo experimentos são essenciais para atender a demanda de ensino em FV. Filmes, animações e áudios são também produtos de divulgação que hoje são mais fáceis de serem construídos localmente propondo soluções e mostrando resultados específicos. A produção de material de ensino por meio dos alunos é forma efetiva de melhorar o ensino dos próprios alunos de graduação e pós. O responsável pela disciplina de FV ou disciplina relacionada deve cumprir o papel de correção desses materiais valorizando o ineditismo, a síntese e as conclusões, bem como se responsabilizando pela divulgação adequada por meio da internet de acesso livre em mídia social, portal ou canal. A divulgação adequada de material didático e de divulgação científica atingindo o maior número de interessados é prática de extensão em FV de impacto significativo (experiência própria do autor). Na área de pesquisa a maior dificuldade de formação do aluno é na construção de hipóteses de qualidade. Nessa prática de estruturação e escrita das hipóteses aparecem todas as lacunas que devem ser preenchidas para a iniciação e finalização de um bom trabalho de 2 pesquisa. Na formulação de hipótese fica claro onde a escrita do Português ou de outra língua precisa ser melhorada, quais leituras devem ser feitas, e como está a formação científica do aluno (por exemplo, o que é uma hipótese e uma síntese e para que servem?). Por meio da construção de uma excelente hipótese é possível conduzir o trabalho com a metodologia correta, escolher bons títulos, guiar as conclusões, verificar se os resultados corroboram ou não as hipóteses levantadas e quais são os prováveis condicionadores dos resultados. Portanto, na área de pesquisa faltam hipóteses explícitas e implícitas nos projetos e nos artigos científicos que, mesmo se não corroboradas, continuam sendo boas para as mudanças de metodologia e de novas hipóteses similares. Ensinar a redigir e exigir hipóteses de excelência em FV é um bom caminho para melhorar a formação de pessoal. Por outro lado, o engajamento com temas de interesse nacional é uma forma de atrair público para a FV. Falta pessoal para essa área de ensino, pesquisa e extensão no Brasil. O envolvimento do ensino e a divulgação científica por meio de temas nacionais é uma boa forma de agregar público em direção à FV. Por exemplo, a crise hídrica do Sudeste, que provavelmente será crônica, é tema para atrair a atenção e mostrar a importância da FV conquistando interessados. Nessa área de hidrologia e hidráulica o papel das plantas deve ser destacado por meio do contínuo solo-planta-atmosfera. Esse contínuo é essencial para a formação dos rios aéreos, liberação de aerossóis como núcleos de condensação e ocorrência de chuva. Ou seja, as florestas assumem função primordial no ciclo hidrológico e na formação de um clima amigável no Brasil. Em síntese, a prática de produção de material didático e de divulgação por alunos de graduação e pós é fundamental para excelência em ensino, pesquisa e extensão em FV. A construção de hipóteses primorosas é um dos maiores entraves na qualidade dos trabalhos de pesquisa na nossa área. O uso de temas de abrangência nacional como o da bomba biótica Amazônica e a contribuição das plantas na evapotranspiração na América do Sul deveriam ser usados desde o ensino fundamental para mostrar a importância direta da FV na economia do Brasil. Difundindo e popularizando a ciência na UNESP: interação entre pósgraduação e ensino básico na Área de Botânica. Carmen Sílvia Fernandes Boaro, Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, UNESP, Campus de Botucatu A “Rede Nacional de Educação e Ciência: Novos Talentos da Rede Pública” teve origem em 1985, com o Dr. Leopoldo de Meis, Professor do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ que, preocupado com o declínio da qualidade do ensino público fundamental e médio, criou um programa de educação em ciência para alunos de baixa renda, oferecendo cursos de férias e estágios em seus laboratórios. Essa Rede envolve 37 grupos, vinculados a 24 instituições de ensino e pesquisa, em 15 Estados da Federação e visa a melhoria do aprendizado de ciências, buscando novas metodologias para um ensino eficiente, dinâmico e atraente, desmistificando e popularizando a Ciência. O Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Botânica), do Instituto de Biociências de Botucatu – UNESP passou a integrar a Rede Nacional em 2009, com o projeto “Difundindo e popularizando a ciência na UNESP: interação entre pós-graduação e 3 ensino básico. Área de Botânica”, com os seguintes objetivos: 1. Divulgar a Área de Botânica e seus recentes avanços, com ênfase na forma e função dos vegetais, em cursos de férias ministrados a alunos e professores do ensino básico da rede pública, origem de muitos alunos de graduação e pós-graduação da UNESP; 2. Oferecer estágio com bolsa PIBIC-Jr, em laboratórios da UNESP, para estudantes que se destacaram durante os cursos de férias; 3. Produzir material didático alternativo, inovador e de baixo custo, a partir da experiência erada nos cursos; 4. Complementar a formação didática de alunos de pós-graduação e de graduação que, ao monitorarem os cursos de férias e os estágios técnicos, atuam como professores e pesquisadores na Área de Botânica. Já foram recebidos 320 participantes do ensino básico, 26 dos quais, a partir de 2011, foram selecionados como bolsistas PIBIC-Jr. Destes, 19 ingressaram em cursos de graduação de diferentes Universidades, inclusive USP, UNICAMP, UNESP e UFRJ, e quatro em Programas de Pós-graduação da UNESP, resultado que reflete o papel social deste projeto, diminuindo a distância entre os centros de pesquisa e as escolas de ensino básico. Quatro Décadas de Ensino de Fisiologia Vegetal na Pós-Graduação do Instituto de Biociências da USP Prof. Gilberto B. Kerbauy, Dep. de Botânica – I. Bioc. / USP Uma dúvida tem perpassado os docentes de Fisiologia Vegetal nestes últimos tempos. Como ministrar, de forma contemporânea e ao mesmo tempo instigante, os conhecimentos obtidos em ritmo cada vez mais acelerado e, em tempos de aula inelásticos ou até reduzidos? Embora esta dúvida abarque inescapavelmente o ensino na graduação em si, é na área da pósgraduação, contudo, que ela adquire contornos mais expressivos. O diagnóstico potencialmente mais plausível das causas envolvidas parece apontar, a um só tempo, para dois pontos. De um lado, o grau de complexidade inerente à Fisiologia Vegetal “per se” como uma área cientificamente multifacetada, e de outro, os avanços incessantes verificados em seus componentes de avanço e sustentação experimental. Neste contexto, a Biologia Molecular insere-se apenas como uma ferramenta de trabalho a mais no amplo leque de áreas distintas e de valor insofismável como a Física, Química, Bioquímica, Biofísica, Genética dentre outras tantas mais. Em princípio, num certo sentido, para o bom desempenho do ensino e do aprendizado da Fisiologia Vegetal, caberia aos profissionais um certo domínio das áreas correlatas, sendo o mesmo válido também para o alunato. Isto posto, pretende-se na presente oportunidade colocar à discussão algumas experiências conduzidas na ministração da Fisiologia do Desenvolvimento Vegetal nestes últimos quarenta anos de ensino em nossa instituição.