Monografias APFAC sobre Argamassas de Construção
Tema 1: Colas de Construção (EN 12004) e Juntas de Cor (EN 13888)
APFAC, Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção
Edifício Rosa, Piso 1, Praça das Indústrias
1300-307 Lisboa, Portugal
www.apfac.pt
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Monografia: Argamassas de Reboco, Monomassas e ETICS
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Monografias sobre Argamassas de Construção
Tema 1: Colas de Construção (EN 12004) e Juntas de Cor (EN 13888)
Introdução
A APFAC, Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção1,
entendeu ser oportuna a publicação de Monografias que proporcionassem aos
interessados uma abordagem actual e detalhada destes Produtos da Construção.
Assim, foram considerados quatro temas:
1. Colas de Construção e Juntas de Cor
2. Argamassas de Assentamento de Alvenarias
3. Argamassas de Reboco e Monomassas
4. Argamassas de Pavimento
O presente volume corresponde à Monografia nº 1, Colas de Construção e Juntas de
Cor.
Nota importante:
A APFAC decidiu não editar a presente Monografia em papel, limitando-se a publicá-la
em formato pdf, com vantagens relevantes sobre a edição em papel, nomeadamente no
que respeita à procura de vocábulos e economia de recursos.
Esta versão será objecto de revisões e actualizações, devendo ser entendida, à
semelhança com a prática corrente em programas informáticos, como uma versão beta.
Assim, a APFAC agradece aos utilizadores da Monografia que desejam apresentar
comentários e sugestões, que o façam para o endereço [email protected].
1
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Informações Gerais
Directiva dos Produtos da Construção
As Argamassas de Construção estão integradas na Directiva dos Produtos da
Construção (89/106/EEC)2.
Federação Europeia das Associações de Fabricantes de Argamassas
Existe a nível europeu uma Federação de Associações de Fabricantes de Argamassas à
qual pertence a APFAC, designada por EMO, European Mortar Industry Organization3.
2
3
http://ec.europa.eu/enterprise/construction/internal/cpd/cpd.htm
www.euromortar.com
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As Argamassas de Construção e a CAE (Classificação das Actividades
Económicas)
1. As Argamassas de Construção são Produtos da Construção que pertenciam à CAE
4
26640, Fabricação de Argamassas (versão 2.1 de Jan.2003).
2. Estranhamente, a CAE 26640 não integrava as Colas de Construção, que estavam
incluídas na 24620 (Fabricação de Colas e Gelatinas) juntamente com outras colas
que não são Argamassas.
3. Esta discrepância levanta dificuldades a nível estatístico, pois não se podem adicionar
os valores das duas CAE (a 24620 inclui produtos diferenciados). Por outro lado, na
declaração feita pelos fabricantes para efeitos estatísticos, haverá situações em que
as Colas de Construção são classificadas na 24620, mas admitimos que haja casos
em que, por serem Argamassas de Construção, sejam classificadas na 24620.
4. Esta situação confusa não tem justificação, pois a Directiva dos Produtos da
Construção (89/106/EEC)5 considera as Colas de Construção integradas nas
Argamassas de Construção. A EMO, European Mortar Industry Organization6
adopta o mesmo critério.
5. Entretanto, a situação modificou-se com a publicação da CAE (Rev. 37), de Mar.2007,
onde a Fabricação de Argamassas mudou para a subclasse 23640, aparentemente
concentrando todas as famílias, o que terá efeitos futuros na clareza estatística,
desde que as empresas fabricantes, no preenchimento das declarações, usem
apenas a subclasse 23640.
Cf. http://www.iapmei.pt/iapmei-faq-02.php?tema=10
http://ec.europa.eu/enterprise/construction/internal/cpd/cpd.htm
6
www.euromortar.com
7
Cf. http://dre.pt/pdf2sdip/2007/05/092000000/1251612544.pdf
4
5
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Termo de Responsabilidade
A responsabilidade dos textos das Monografias é da APFAC, tendo sido redigidos por
uma equipa de colaboradores dos seus Associados (Anexo 1).
A abordagem da questão relativa a Patologias, pela sua delicadeza, sensibilidade e
tecnicidade, foi objecto de colaboração activa do Patorreb, Grupo de Estudos da
Patologia da Construção8, entidade com quem foi celebrado um protocolo de
cooperação para este efeito.
8
www.patorreb.com
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Índice Geral
Capítulo 1. Caracterização das Famílias: Colas de Construção e Juntas de Cor
Capítulo 2. Bases para a Selecção de Produtos
Capítulo 3. Boas Práticas de Aplicação
Capítulo 4. Patologias mais comuns
Capítulo 5. Bibliografia
Anexos:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Equipa responsável pelas Monografia
APFAC e os seus Associados
História das Argamassas
Classificação de Argamassas
Fabrico de Argamassas Secas
Distribuição de Argamassas Fabris
Vantagens das Argamassas Fabris sobre as Argamassas feitas no Estaleiro
Normas aplicáveis. Marcação CE
EMOdico, Dicionário Europeu de Argamassas
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Cap. 1. Caracterização das Famílias Colas de Construção e Juntas de Cor
1.1. Terminologia das Colas de Construção
Entre a grande variedade de colas que existe à nossa disposição, podem-se distinguir
três tipos: cimento-cola, adesivo em dispersão e cola reactiva, sendo estas as
designações atribuídas pela norma EN 120049.
Cimento-cola (C)
Mistura de ligantes hidráulicos, de cargas minerais e aditivos orgânicos, utilizado
para colar materiais de revestimento cerâmico em interiores e exteriores. O
cimento-cola deve ser simplesmente misturado com água ou com o líquido de
amassadura imediatamente antes da sua utilização.
Adesivo em Dispersão (D)
Mistura de ligantes orgânicos sob a forma de polímeros em dispersão, de aditivos
orgânicos e de cargas minerais finas. O produto é fornecido pronto a aplicar.
Cola Reactiva (R)
Mistura de resinas sintéticas, cargas minerais finas e aditivos orgânicos, em que a
presa ocorre por reacção química. São apresentados sob a forma de um ou mais
componentes.
A NP EN 12004, além dos tipos acima definidos, considera ainda as classes seguintes:
1: Cola normal
2: Cola melhorada
F: Cola de presa rápida
T: Cola com deslizamento reduzido
E: Cola com tempo aberto alongado
S1: Cola deformável
S2: Cola altamente deformável
Disponível em www.ipq.pt (ver Loja). A EN 12004 foi revista em 2007. Ainda não existe versão portuguesa desta
revisão (a versão anterior, de 2002, tinha tradução em português).
9
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A combinação entre tipos e classes, dá origem a diversas notações do tipo C1, C1 T, C2,
C2 E, D2 TE, etc., que se podem apresentar de uma forma mais sugestiva, através dos
selos seguintes (referem-se alguns exemplos apenas e são uma interpretação da
APFAC, não constando na EN 12004):
1.2. Terminologia de Argamassas de Juntas
Argamassa para enchimento (betumação) das juntas entre revestimentos cerâmicos e
outros (EN 13888)10.
Nas argamassas que se utilizam para a betumação de juntas distinguem-se duas
categorias:
À base de cimento Portland
À base de resinas de reacção (argamassa de base epóxi).
1.2.1 Argamassa de Junta à base de cimento Portland (CG)
Mistura de ligantes hidráulicos, agregados e aditivos orgânicos e inorgânicos. A
argamassa deve ser simplesmente misturada com água ou com o líquido de amassadura
imediatamente antes da sua utilização (EN 13888).
Este tipo de argamassas é o mais vulgarmente utilizado na construção, sendo usado
como ligante o cimento Portland.
Estas argamassas utilizam resinas como aditivos, proporcionando um aumento na
flexibilidade, permitindo suportar as tensões do suporte.
Recorre-se ainda a aditivos hidrofugantes que permitem melhorar a capacidade de
inibição à travessia da água.
Podem ser utilizadas tanto em superfícies exteriores como interiores, para situações de
baixa/média exigência.
Distinguem-se dois tipos de juntas consoante a aplicação que se pretende:
Junta fina
Junta larga.
As juntas finas não apresentam areia (como agregado) na sua composição, e por isso
limitam a sua aplicação apenas a espessuras reduzidas, devido a factores retractivos
10
Disponível em www.ipq.pt (ver Loja).
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associados. As juntas largas apresentam na sua constituição areia, e como tal evitam
fenómenos de retracção, podendo ser utilizadas em espessuras superiores.
1.2.2. Argamassa de Junta à base de resinas de reacção (RG)
Mistura de resinas sintéticas, agregados, aditivos orgânicos e inorgânicos, a presa ocorre
por reacção química. São apresentados sob a forma de um ou mais componentes (EN
13888).
Estas argamassas são indicadas para aplicações mais exigentes, quando se requer
elevada resistência química e mecânica como é o caso de piscinas, cozinhas industriais
ou indústria ligeira.
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Cap. 2. Bases para a Selecção de Produtos
As informações que se seguem não substituem a consulta das Fichas Técnicas dos
Produtos em causa, que devem ser cumpridas. Em caso de dúvida, deve ser consultado
o fabricante.
Além das Fichas Técnicas, deve ainda ser lidas as Fichas de Segurança dos produtos
antes de os utilizar.
Para uma selecção da cola mais indicada, devemos ter em atenção o tipo de local da
aplicação:
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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(*) Retirar sempre a tinta de areia, antes de aplicar qualquer tipo de cola.
No entanto existe uma situação específica, a indústria alimentar ou similares, onde se
devem utilizar sempre uma cola de reacção química designadas por - R; também em
piscinas públicas esta é uma solução recomendada.
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Na escolha da argamassa de junta tipo cimentícia, temos de ter em conta o tipo de local
de aplicação.
A NP EN 13888 considera as seguintes classes:
Designação
Tipo
CG
CG
CG
CG
Classe
1
2W
2Ar
2ArW
RG
Argamassas de Juntas Cimentícias
Normal
Melhorada com absorção de água reduzida
Melhorada com alta resistência à abrasão
Melhorada com alta resistência à abrasão e absorção de água
Argamassa de juntas de resinas reactivas
As juntas de reacção - RG são recomendadas para locais onde se requer elevada
resistência aos ácidos ou alcalis fortes.
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Cap. 3. Boas Práticas de Aplicação
As informações que se seguem não substituem a consulta das Fichas Técnicas dos
Produtos em causa, que devem ser cumpridas. Em caso de dúvida, deve ser consultado
o fabricante.
Além das Fichas Técnicas, deve ainda ser lidas as Fichas de Segurança dos produtos
antes de os utilizar.
3.1. Introdução
O revestimento de superfícies em pavimentos e paredes com ladrilhos de materiais duros
é uma prática que se perde na memória do tempo.
Quer com o objectivo de as proteger ou simplesmente decorar, esta actividade – da qual
se conhecem vestígios do tempo de Caldeus, Assírios e Persas – não sofreu, no
percurso até aos nossos dias, grandes alterações na sua essência, pese embora o
alargamento de alternativas em termos de escolha de materiais proporcionado pelas
inovações tecnológicas, que introduziram grandes melhoramentos nas técnicas de fabrico
de ladrilhos a partir de argilas e agregados, assim como na indústria da extracção e
transformação de rochas ornamentais e derivados.
Assim, as formas de aplicação mantêm-se praticamente as mesmas, simplesmente
caldeadas com a frescura das novidades do nosso tempo.
Em suma, para revestir pavimentos ou paredes é necessário apenas possuir o material
de revestimento e algo com que o fixar… o resto é ferramenta, preparação técnico-prática
e senso comum.
É com este espírito que pretendemos abordar o tema “boas práticas de aplicação de
ladrilhos em pavimentos e paredes”, desmistificando-o e descomplexando-o através da
elaboração de uma memória de procedimentos e conselhos, baseada na nossa melhor
experiência, que mais não visa do que contribuir para facilitar a acção de técnicos
projectistas, ladrilhadores ou simples leigos confrontados com obras desta natureza.
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3.2. Considerações Preliminares
Do ponto de vista construtivo todos os produtos usados no revestimento de superfícies
são meros materiais de construção e, como tal, devem ser avaliados e usados por
agentes tecnicamente capacitados para o efeito.
Por outro lado, para que o trabalho final resulte perfeito e duradouro, a tarefa de revestir
uma superfície com ladrilhos, seja ela qual for, exige a elaboração prévia de um projecto.
Esse projecto, que nem sempre é feito por um técnico especializado, pode e deve contar
com a participação dos diversos interlocutores, começando pelo arquitecto, passando
pelo engenheiro, pelos fabricantes dos ladrilhos e adesivos, pelo ladrilhador, terminando
no homem comum que, mesmo sendo um profano da técnica e das artes, terá como
utilizador final e eventual patrocinador, o direito de dar a sua opinião sobre o aprazimento
do ambiente imaginado.
Neste projecto devem constar:
Tipologia, dimensões e características do ladrilho em função das exigências de
desempenho pretendidas.
Estereotomia
do
revestimento
(compreendendo
juntas
de
assentamento,
fraccionamento, esquartelamento e de dilatação, eventuais perfis de protecção ou
remate, etc.), definição de cores e orientação do revestimento.
Características do suporte e eventual protecção adicional face ao tipo de utilização.
Definição do adesivo.
Definição do tipo de betumes e mástiques para os diversos tipos de juntas.
Referência a fichas técnicas e de segurança dos produtos a utilizar.
O projecto deverá ainda fazer alusão aos métodos de limpeza, manutenção e utilização
segura dos revestimentos aplicados, assim como a certificação de conformidade e
garantias que recaiam sobre os produtos seleccionados.
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3.3. Caracterização das Superfícies a revestir e sua preparação
São de natureza muito diversa as superfícies para as quais hoje em dia se requerem
revestimentos:
Betão, rebocos e betonilhas de base cimentícia, interiores e exteriores.
Estuques à base de gesso.
Blocos celulares.
Revestimentos antigos feitos com ladrilhos cerâmicos ou pedra.
Revestimentos vinílicos desgastados.
Soalhos ou tacos de madeira maciça.
Paredes pintadas.
Superfícies metálicas.
Painéis de fibras celulósicas e aparas de madeira aglomeradas com cimento ou
resinas.
Painéis laminados de gesso revestidos a cartão.
Etc…
Apesar desta diversidade existem no mercado soluções capazes de responder a todas as
solicitações sendo, no entanto, indispensável avaliar e preparar convenientemente os
suportes para depois eleger o sistema de colagem adequado a cada situação.
Salientamos alguns dos cuidados a ter:
Superfícies em betão: devem ser cuidadosamente lavadas para as libertar de restos de
óleos desmoldantes, poeira e partes desagregáveis.
Ninhos de gravilha ou outras irregularidades de maior expressão devem ser previamente
reparadas com argamassas adequadas para o efeito.
Deve-se respeitar um período de cura correcto antes de assentar qualquer tipo de
revestimento (os ladrilhos depois de aplicados não podem ser sujeitos a movimentos ou
fissuração resultante da retracção do suporte).
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Rebocos de base cimentícia: devem apresentar-se planos, compactos e enxutos. Antes
de revestir, deve-se respeitar um tempo de cura de pelo menos uma semana por cada
centímetro de espessura, em condições amenas de temperatura e humidade. Durante o
período de cura, proteger da exposição solar e da acção do vento, de modo a evitar uma
secagem demasiado rápida.
Os rebocos exteriores devem ter uma resistência mínima ao arranque de 1 N/mm2.
Betonilhas de base cimentícia: devem apresentar-se sólidas, planas e enxutas. Deve
aguardar-se um período de cura de 28 dias antes de proceder ao seu revestimento.
Os massames não estruturais, com mais de 4 cm de espessura, podem ser
dessolidarizados do seu substrato por meio de uma folha de polietileno. Devem
igualmente ser dessolidarizados, dos elementos verticais adjacentes, com placas de
poliestireno expandido com cerca de 1 cm de espessura, formando assim juntas de
trabalho que anulam confinamentos indesejáveis. Estes massames devem ser reforçados
com malha de aço electrossoldada, sendo igualmente indispensável proceder ao seu
esquartelamento em áreas de aproximadamente 20 a 25 m2 em interiores ou 16 m2 no
exterior.
Todos os massames com menos de 4 cm de espessura devem ser colados ao substrato
por meio de calda de aderência.
Estuques à base de gesso: as superfícies em gesso devem ter uma humidade residual
inferior a 0,5 %.
Quando se utilizar adesivo à base de cimento é indispensável tratar este tipo de
superfícies com primário adequado, a fim de evitar a reacção química entre os sulfatos do
gesso e os aluminatos do cimento que em presença de humidade origina a formação de
um sal (etringite) que causa o descolamento do revestimento.
Blocos celulares: desaconselha-se o assentamento directo sobre tal suporte no exterior
por ter tendência a desagregar-se, não garantindo resistência às solicitações resultantes
de movimentos dilatométricos.
Nestas condições e sobre este tipo de suporte é sempre aconselhável a execução de
reboco armado com rede metálica.
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Em interiores o assentamento directo do revestimento deve ser precedido da aplicação
de primário consolidante adequado.
Revestimento sobre ladrilhos antigos em cerâmica ou pedra: lavar o pavimento
antigo com uma solução aquosa de soda caustica a 10% e enxaguar.
Comprovar a perfeita ancoragem dos ladrilhos existentes e remover os descolados
preenchendo com argamassa as depressões resultantes desta operação.
Assentamento de cerâmica ou pedra sobre pavimento vinílico antigo: verificar se o
vinílico antigo está perfeitamente colado.
Passar lixa e aspirar antes de assentar ladrilhos.
Assentamento sobre soalhos ou tacos de madeira: comprovar a perfeita ancoragem
dos pavimentos de madeira.
Remover todos os elementos soltos e preencher com argamassa as depressões
resultantes.
Passar lixa e aspirar antes de assentar ladrilhos.
Antes de efectuar o assentamento, verificar a estabilidade da madeira em presença de
humidade.
Assentamento sobre pinturas antigas: é sempre conveniente remover a pintura. Caso
tal seja impraticável, verificar a aderência da mesma ao suporte assim como a sua
compatibilidade com o adesivo seleccionado.
Assentamento sobre superfícies metálicas: remover gorduras e óxidos. Proteger as
superfícies em função da sua natureza. Garantir um bom travamento para evitar flexões e
vibrações excessivas.
Assentamento sobre painéis de madeira ou fibras: verificar a sua estabilidade em
presença de humidade. Garantir um travamento perfeito.
Limpar poeiras e proteger com primário adequado em caso de necessidade.
Assentamento sobre painéis de gesso laminado revestidos a cartão: garantir
travamento perfeito e proteger com primário adequado em função das solicitações
previstas.
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3.4. Caracterização dos Materiais de Revestimento
A diversidade de ambientes e solicitações impõem uma reflexão cuidada na avaliação do
tipo de ladrilho a usar.
Mesmo se correctamente aplicado com adesivo e betumes de qualidade superior, um
ladrilho inadequado constituirá uma péssima solução quer do ponto de vista prático como
económico.
No que respeita à oferta, o mercado apresenta uma variedade imensa de produtos, o que
torna a escolha difícil.
As normas criadas para regular o fabrico destes materiais podem por vezes parecer
enigmáticas e pouco elucidativas, sobretudo para os agentes menos esclarecidos na
matéria.
Contudo constituem verdadeiros compromissos entre os fabricantes e os restantes
intervenientes no processo, desde o projectista até ao utilizador final.
Em relação aos produtos cerâmicos, a EN 14411 revela dois parâmetros fundamentais:
os métodos de conformação (extrusão ou prensagem) e a porosidade do material,
avaliada pela sua capacidade de absorção de água.
Estas características aliadas a outras voluntariamente divulgadas pelos fabricantes
ajudam a perceber até que ponto os materiais são ou não adequados ao fim em vista.
Para as pedras naturais e derivados, apesar de ser possível avaliar as características
petrográficas, químicas, físicas e mecânicas que as distinguem, é raro conseguir obtê-las
através dos fornecedores, não sendo contudo prudente ignorá-las.
Decidida a escolha e antes de se proceder ao assentamento é indispensável verificar se
todos os materiais recebidos na obra correspondem às especificações definidas pelo
projectista e pelo fabricante e se são recomendados para a utilização prevista.
Após a recepção dos materiais, abrir aleatoriamente algumas embalagens de ladrilhos e
expor os mesmos lado a lado para avaliar eventuais diferenças de cores e padrões,
evitando assim associações desagradáveis e inestéticas.
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Devem ser igualmente verificadas as suas dimensões, espessura, ortogonalidade e
planeza para garantir que as mesmas se encontram dentro das tolerâncias referidas
pelas normas abrangentes.
A irregularidade de dimensões e ortogonalidade das peças, mesmo respeitando as
tolerâncias normalizadas, obrigam a aumentar a dimensão das juntas entre ladrilhos para
permitir o alinhamento harmonioso dos mesmos.
A irregularidade de espessura e planeza entre peças obriga à utilização de um leito de
cola de maior espessura para absorver as diferenças e permitir o perfeito nivelamento
das superfícies.
Tal situação limita a escolha do adesivo, introduzindo condicionamentos imprevistos no
que respeita ao comportamento e secagem do mesmo e consequente agravamento de
preços.
No que respeita à escolha de adesivos, a EN 12004 define as características de cada tipo
de adesivo enquanto a EN 12002 introduz a classificação dos mesmos quanto à sua
deformabilidade.
Conhecendo estas classificações e o tipo de trabalho a realizar, torna-se mais fácil optar
pelo adesivo mais adequado.
De modo idêntico e, recorrendo à EN 13888, se pode proceder à escolha dos produtos
destinados ao preenchimento de juntas entre ladrilhos.
3.5. Assentamento de Ladrilhos
Esta é uma operação que requer atenção particular.
Se é um facto que a selecção correcta de todos os materiais é factor preponderante para
o sucesso do resultado final, não é menos verdade que a maior parte dos insucessos
ocorridos se devem a preparação e aplicação incorrectas.
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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São diversos os factores que influenciam o assentamento de ladrilhos cerâmicos ou de
pedra natural:
Assentamento vertical ou horizontal.
Ambiente interior e exterior.
Utilização privada, pública, comercial, industrial, etc.
Condições de exercício: solicitações mecânicas, químicas, termo-higrométricas.
Formato e tipologia dos ladrilhos e lastras.
Tipologia do suporte.
Condições ambientais no momento do assentamento.
Prazo para colocação em exercício.
Antes de se dar início à aplicação é indispensável responder a todas estas questões, pois
só assim é possível fazer a preparação correcta da obra.
O ladrilhador deve inteirar-se de todos os pormenores do projecto e dispor os materiais
estritamente necessários no local.
Efectuar a avaliação dos mesmos assim como das condições do suporte.
Em superfície horizontal, verificar níveis, marcar o ponto de saída e fazer um ensaio
prévio posicionando ladrilhos sem cola, simulando o ambiente pretendido.
Fazer o primeiro barramento de adesivo “a zero” apertando-o contra o suporte.
Esta operação tem por fim emulsionar na cola eventuais poeiras superficiais e garantir o
contacto íntimo desta com o suporte.
Garantir que o reverso dos ladrilhos esteja perfeitamente limpo.
Em casos de particular solicitação, barrar também o reverso dos ladrilhos com adesivo.
A aplicação do adesivo no suporte deve ser feita com espátula de dentes dimensionados
de modo a garantir a espessura adequada ao correcto nivelamento dos ladrilhos.
Os ladrilhos devem ser batidos de modo a evitar cantos levantados.
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Em grandes superfícies e para facilitar o trabalho, pode ser usado adesivo de
consistência semifluida, com característica automolhante.
Em superfícies verticais, marcar as linhas mestras de orientação e ensaiar a
estereotomia, rectificando-a em função das medidas conferidas no local.
As aplicações exteriores requerem obrigatoriamente dupla colagem para garantir o
contacto total do ladrilho com o suporte.
O assentamento em condições ambientais desfavoráveis podem originar “pele” na
superfície dos adesivos de base cimentícia modificados com polímeros.
Porque actua com película antiadesiva, esta “pele” deve ser quebrada, reaplicando
adesivo fresco.
3.6. Betumação e Selagem de Juntas
Todos os materiais usados para revestimento de superfícies apresentam movimentos
dilatométricos originados por solicitações higrotérmicas.
Por este motivo, é indispensável considerar na sua estereotomia, quer em
assentamentos verticais, quer em horizontais, a criação de juntas que possam absorver
esses movimentos, impedindo os ladrilhos de entrarem em compressão entre si, o que
inevitavelmente conduzirá ao seu descolamento.
As juntas normais entre ladrilhos deverão ser dimensionadas em função das dimensões
dos ladrilhos e devem ser betumadas com argamassas de base cimentícia.
No revestimento vertical exterior, as juntas de fraccionamento destinadas a absorverem
os movimentos de dilatação dos revestimentos deverão ser localizadas nas linhas de
separação de pisos e em todos os cantos e arestas dos edifícios.
Complementarmente devem ser criadas juntas verticais afastadas 4 metros entre si se o
revestimento for constituído por ladrilhos com dimensões inferiores a 30x30 cm.
No caso dos das dimensões dos ladrilhos serem superiores a 30x30 cm, o afastamento
destas juntas não deve ser superior a 3x3 m.
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Nos pavimentos exteriores as juntas de fraccionamento deverão ser coincidentes com as
juntas de esquartelamento das betonilhas.
Estas juntas deverão ser seladas com mástiques elásticos.
3.7. Limpeza e Protecção Final
Depois da betumação concluída, deve proceder-se à limpeza final do pavimento ou
parede, para remover restos de cimento-cola ou argamassas de betumação, com
produtos que não afectem os materiais de revestimento, em particular os de natureza
pétrea.
Os materiais mais porosos devem ser protegidos da agressividade dos agentes
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Cap. 4. Patologias
Este capítulo foi redigido em colaboração com o Patorreb, Grupo de Estudos da
Patologia da Construção11, entidade com quem foi celebrado um protocolo de
cooperação para este efeito.
Foram seleccionadas as Patologias mais frequentes, relativamente às quais o Patorreb
apresentou Fichas – tipificadas e formatadas – que caracterizam o fenómeno.
Pretende-se que esta abordagem seja dinâmica, vindo no futuro a incluir mais Fichas e
actualizando as existentes.
As Fichas são apresentadas após a página 43.
11
www.patorreb.com
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Quadro Geral de Patologias
De uma forma muito simplificada as Patologias podem classificar-se segundo o critério
exposto no Quadro seguinte.
Patologias
Devidas a erros de:
Prescrição
Preparação dos Suportes
Exógenas à
Argamassa
Aplicação
Fenómenos diversos
Endógenas à
Argamassa
Produto defeituoso
Exemplos:
Reboco para interior usado no exterior.
Betão com vestígios de óleos.
Suporte com material solto.
Suporte demasiado quente, absorvendo água de
amassadura, desequilibrando a argamassa.
Temperatura elevada, vento.
Água de amassadura desproporcionada (em
excesso ou escassa) ou contaminada.
Aplicação de espessura excessiva ou reduzida.
Não utilização de redes (panos esbeltos, zonas de
transição entre materiais), cantoneiras de reforço,
etc.
Vibrações, sismos.
Ausência ou insuficiência de juntas.
Cedência de fundações.
Movimentos estruturais do edifício.
Presença indevida de água na construção
(terraços, paredes duplas).
Humidade ascensional.
Má formulação (origina retracção por excesso de
cimento), mistura incompleta
Segregação durante o transporte (granel).
Embalagem deficiente. Sem instruções de
aplicação ou com instruções incompletas.
Produto fora de prazo.
As Fichas de Patologias preparadas pelo Patorreb constam no Quadro seguinte.
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Quadro de Fichas Patorreb
Notas importantes
1. O Quadro não esgota o tema Patologias: futuramente serão acrescentadas novas
Fichas
2. As Fichas encontram-se a seguir à página 43 desta Monografia.
Ref.ª
Âmbito
Descrição
A01
Parede Exterior – Produto de Colagem
Descolamento do revestimento em ladrilhos cerâmicos
aplicado em fachadas
A02
Parede Exterior – Deficiente Aplicação
Descolamento do revestimento em placas de pedra
aplicado em fachadas
A03
Parede Exterior – Deformação do
Suporte
Descolamento do revestimento em “pastilha” cerâmica
da fachada de um edifício
A04
Parede Exterior – Expansão
Higrotérmica
Descolamento do revestimento em “pastilha” cerâmica
da fachada de um edifício
B03
Parede Exterior – Deficiente Aplicação
Deficiente planeza do revestimento da fachada de um
edifício
B05A
Parede Exterior – Corrosão de
Elementos Metálicos
Destacamento do revestimento rebocado e pintado da
fachada de um edifício
B05B
Parede Exterior – Instabilidade e
Expansão Higrotérmica
Destacamento do revestimento rebocado e pintado
junto aos cunhais da fachada de um edifício
B06
Parede Exterior – Eflorescências
Aparecimento de manchas esbranquiçadas no
revestimento monomassa da fachada de um edifício
B08A
Parede Interior – Fissuração
Fissuração aleatória de paredes interiores
B08B
Parede Exterior – Dilatação Térmica
Fissuração do revestimento exterior na zona de
fixação da guarda metálica
B09
Parede Exterior – Deficiente Concepção
e Aplicação do Revestimento
Colonização biológica no revestimento da fachada
B10
Parede Interior – Humidade
Ascensional
Manchas de humidade em paredes interiores em
granito rebocadas e pintadas
B11A
Parede Exterior – Deficiente Aplicação
Aparecimento de fantasmas em fachadas com
revestimento monomassa
B11B
Parede Exterior – Termoforese
Aparecimento de manchas em fachadas
B12
Parede Exterior – Deficiente
Configuração dos Peitoris
Manchas de sujidade em fachadas sob os peitoris
C01
Parede Exterior – Eflorescências
Aparecimento de manchas esbranquiçadas nas juntas
de uma parede em alvenaria à vista
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Cap. 5. Bibliografia
Consultar o sítio da APFAC www.apfac.pt (ver links úteis).
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Anexos
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Anexo 1. Equipa responsável pela Monografia
A presente Monografia teve a seguinte equipa:
Nome
Endereço email
Empresa Associada
[email protected]
Secil Martingança
César Correia
[email protected]
Weber
José Severo
[email protected]
Diera
Rita Santos
[email protected]
DBF
Roger Moita
[email protected]
LusoMapei
[email protected]
DBF
Carlos Duarte (coordenador)
Vânia Vendeirinho
O Cap. 4. Patologias teve a colaboração activa do Patorreb, Grupo de Estudos da
Patologia da Construção12, entidade com quem foi celebrado um protocolo de
cooperação para este efeito.
A APFAC manifesta ao Sr. Prof. Dr. Vasco Peixoto de Freitas e ao Sr. Eng. Sandro
Alves o seu apreço pela permanente disponibilidade para a discussão criativa que
se estabeleceu e pela qualidade do trabalho desenvolvido.
12
www.patorreb.com
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Anexo 2. APFAC e os seus Associados
A APFAC nasceu em 2001 do empenhamento das seguintes empresas: Weber, Secil
Martingança, Ciarga, Maxit (Optiroc na época), Diera e DBF.
A constituição formal ocorreu em escritura notarial de 2002.07.18, publicada na III Série
do Diário da República de 2002.09.12.
A APFAC tem actualmente (Maio.2008) 16 Associados fabricantes de Argamassas
dispondo de 20 Fábricas em Portugal:
SAINT-GOBAIN WEBER CIMENFIX Arg. Ind., S.A.
Sede e Fábrica 1:
Aveiro Zona Industrial da Taboeira
Apartado 3016 - Esgueira - 3801-997 Aveiro
Tel: 234 30 11 30; Fax: 234 30 11 14
Web: www.weber-cimenfix.com
DIAMANTINO BRÁS FRANCO, Lda.
Rua dos Castanheiros, nº 11 - Boa Vista
2420-415 Leiria
Tel: 244 723 720; Fax: 244 723 040
Web: www.lena.pt
CIARGA - Argamassas Secas S.A.
Est.Nacional N.º10, Km 18,4 - 2600 Alhandra
Tel: 219 519 030; Fax: 219 511 850
Web: www.cimpor.pt/site_p/gama/gama_argamassas.html
Maxit-Tecnologias para a Construção, Reabilitação e Ambiente, SA
Unidade Industrial de Argamassas.
Zona Industrial de Ourém - 2435-661 Seiça
Tel: 249 54 01 90; Fax: 249 54 01 99
Web: www.maxit.pt
SECIL MARTINGANÇA - Aglomerantes e Novos Materiais para a Construção,
SA.
Apartado 2 - 2405-999 Maceira, Leiria.
Tel: 244 770 220; Fax: 244 777 997
Web: www.secilmartinganca.pt
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PEGACOL,Cimentos Cola, Lda.
Fornos de Cima. Calhandriz - 2615-Alverca
Tel: 219 587 360; Fax:219 587 369
Web: www.grupopuma.com
IRP, Industria de Rebocos de Portugal, S.A.
Zona Industrial de Rio Maior
Apartado 33 - 2040-998 Rio Maior
Tel: 243 909 800; Fax: 243 909 809
LUSOMAPEI, Lda.
Zona Industrial de Alfeloas
Apartado 89 - 3781-909 ANADIA
Tel: 231 512 952; Fax: 231 512 052
Web: www.mapei.pt
DIERA - Fáb. de Revestimentos, Colas e Tintas, Lda.
Rua D. Marcos da Cruz, 1301
4450-731 Leça da Palmeira - Portugal
Tel: 229 983 350; Fax: 229 983 369
Web: www.diera.pt
TRANSCOL
TRANSCOL, Cimentos e Argamassas, Lda
Zona Industrial de Rio Maior
Apartado 160 - 2040-357 RIO MAIOR
Tel: 243 994 105; Fax: 243 994 114
E-mail: [email protected]
TMIC, Tecnologia em Massas Industriais para a Construção, Lda
Apartado 541
2491-901 ALCOBAÇA
Tel: 262 544 811; Fax: 262 544 878
E-mail: [email protected]
ANTÓNIO CALDAS
António Caldas Revestimentos Construção Civil, Lda
R. do Moinho de Vento, Apartado 8, Santo António
3105-170 LOURIÇAL
Tel: 236 960 320; Fax: 236 960 329
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Calcidrata - Indústrias de Cal, SA
Estrada 5 de Outubro, Pé da Pedreira
2025-161 ALCANEDE
Tel: 243 409 030; Fax: 243 409 039
Web: www.calcidrata.pt
IPESUL, Fabrico de Argamassas, Lda
Zona Industrial da Poupa - Fracção M Apartado 198, Poupa
4784-909 SANTO TIRSO
Tel: 252 850 355; Fax: 252 850 356
Web: www.ipesul.com
Sika Portugal - Produtos Construção e Indústria, S.A.
Rua de Santarém, 113 - Apartado 2768
4401-601 V.N.Gaia
Tel: 223 776 900; Fax: 223 702 012
Web: www.sika.pt
PRIMEFIX Colas e Argamassas Técnicas, Lda
Zona Industrial de Anadia - Domingas
Apartado 54
3780-909 ANADIA
Tel: +351 231 516 371; Fax: +351 231 516 381;
Tlm: +351 917 454 646;
E-mail: [email protected]
Web: www.primefix-technik.com
São ainda Associados Extraordinários as empresas seguintes:
WACKER, Química Ibérica, Lda.
Calle Córcega 303, 5°
08008 Barcelona, España.
Tel: +34 93 2920700; Fax: +34 93 2175766
Web: http://www.wacker.com
BRENNTAG Portugal, Lda.
Estrada de Albarraque, Linhó - Manique de Cima
Apartado 1 - 2646-901 Alcabideche
Web: http://www.brenntag.pt/Portuguese/inicio.htm
A informação actualizada pode ser consultada no sítio web www.apfac.pt.
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Anexo 3. História das Argamassas
As Argamassas são Produtos da Construção muito antigos, ultrapassados apenas pela
madeira e pela pedra, que foram os primeiros materiais a ser usados pelo Homem.
Existem evidências de uso de Argamassas, em diferentes locais do planeta, desde há
cerca de 10 000 anos, como resultado da calcinação de pedra calcária, em fornos muito
rudimentares, utilizando madeira como combustível.
O resultado da operação dá origem à Cal Viva, através da reacção seguinte:
CaCO3
CaO
+
CO2
Posteriormente, a reacção da Cal Viva com água (fortemente exotérmica) dá origem a
uma leitada que se usa, desde sempre, para caiar paredes:
CaO
+
H2O
Ca (OH)2
Depois de evaporado o excesso de água, deposita-se um pó branco, chamado Cal
Hidratada, que foi o primeiro ligante (não hidráulico, pois não ganha presa na presença
de água) fabricado pelo Homem.
A reacção de presa da Cal Hidratada desenvolve-se na presença de CO2, sendo uma
reacção muito lenta, que regenera o carbonato de cálcio:
Ca (OH)2
+
CO2
CaCO3
+ H2O
Contudo, foram os Romanos que conseguiram progressos notáveis, utilizando recursos
naturais como as pozolanas, que conferiam propriedades hidráulicas às suas
argamassas.
Passaram-se alguns séculos, até surgir uma obra emblemática: o 4º farol de Eddystone
(1759), construído pelo inglês John Smeaton13 (1724 – 1792), obra em pedra, e edificado
em condições de mar adverso.
Os faróis anteriores eram feitos em madeira e acabavam por arder, em noites de
ventania. Assim, Smeaton decidiu que o seu farol deveria ser em pedra, mas para isso
necessitava de argamassas com ligantes hidráulicos (cal hidráulica), que estudou e
desenvolveu.
13
http://www.britannica.com/eb/article-9068253/John-Smeaton
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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O Farol de Eddystone foi mais tarde desmontado e reconstruído em terra, sendo hoje
visitável, assinalando a importância do seu autor no domínio da Engenharia das
Construções.
Outro inglês, Joseph Aspdin14 (1788 – 1855), pedreiro e inventor, registou a patente do
Cimento em 1824, sob a designação de Cimento Portland devido à sua semelhança de
cor com a pedra de construção da Ilha de Portland, largamente utilizada no sul da
Inglaterra.
História das Argamassas: Linha de Tempo
10 000 AC
Primeiras Argamassas
conhecidas (Aztecas e
Galileia)
2004 e seguintes
Marcação CE das
Argamassas de
Construção
Roma: uso de pozolanas
Farol de Eddystone:
ligantes hidráulicos
Séc.1
200
Marcação CE do Cimento
Portland
175
Patente do
Cimento Portland
198
1ª Fábrica de Cal
Hidráulica (França)
Directiva Europeia dos
Produtos da Construção
189
1ª Fábrica de Cimento
em Portugal (Alhandra)
182
182
189
185
1ª Fábrica de
Cimento (Inglaterra)
14
1ªFábrica de Cal Hidráulica
em Portugal (Martingança)
http://en.wikipedia.org/wiki/Joseph_Aspdin
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Anexo 4. Classificação de Argamassas
Uma forma simples de classificar as Argamassas é a seguinte:
Argamassas Tradicionais: são preparadas em obra, segundo um procedimento
milenar. Este método é muito grosseiro, sujeito a erros graves e outros
inconvenientes tratados mais adiante.
Argamassas Fabris: preparação das Argamassas numa unidade fabril (como
acontece com a generalidade dos Produtos da Construção (inicio na década de
60 do séc. XX).
As Argamassas Fabris podem classificar-se em:
Argamassas Secas ou Prontas a Amassar: na fábrica realizam-se as pesagens
de matérias-primas, de acordo com uma formulação. Segue-se a mistura das
matérias-primas e depois, a embalagem em sacos que são paletizados e
protegidos com plástico retráctil. Em alternativa, dispensa-se a embalagem em
saco e carrega-se o produto a granel para alimentação de Silos colocados em
obra.
Argamassas Estabilizadas ou Prontas a Aplicar: na fábrica realizam-se as
pesagens de matérias-primas, de acordo com uma formulação, sendo o produto
amassado com água. A argamassa é fornecida à obra em camião cisterna e,
devido à presença de um aditivo estabilizante, pode ser usada nas 30 a 36 horas
seguintes ao seu fabrico.
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Anexo 5. Fabrico de Argamassas Secas
Uma fábrica de Argamassas Secas é uma instalação onde se podem encontrar as
seguintes áreas:
1. Armazenagem de Matérias-primas em silos colocados a uma quota elevada.
Os silos variam em dimensão consoante o tipo de matéria-prima:
Ligantes e agregados: podem atingir as 100 ou mais toneladas
Aditivos: Inferior a 10 toneladas
2. Pesagem: efectuada frequentemente por recurso a duas balanças: uma de
grande capacidade para os componentes maioritários na formulação e outra
para componentes minoritários (aditivos).
3. Mistura: equipamento nuclear da operação onde os componentes são
misturados de forma homogénea, sem segregação15.
4. Embalagem: frequentemente as Argamassas Secas são ensacadas,
paletizadas e depois, protegidas com filme plástico retráctil. Em alternativa, as
Argamassas Secas podem ser fornecidas à obra a granel. Neste caso, o
Misturador descarrega directamente para um camião cisterna que transporta a
Argamassa para a obra ou então, a descarga é feita para silos de produto
acabado (de grande capacidade, podendo atingir as 100 ou 200 toneladas)
que posteriormente alimentam os camiões cisterna.
Fabrico de Argamassas Secas
O diagrama seguinte mostra de uma forma muito simplificada com funciona uma Fábrica
de Argamassas Secas, no caso mais geral.
A segregação é a separação física de matérias-primas na massa em mistura, devido às diferenças de peso unitário
dos grãos dos componentes, formando-se zonas ricas em ligantes e zonas ricas em agregados. A mistura resultante
apresenta-se heterogénea, não se verificando a presa da Argamassa. A segregação também pode ocorrer no transporte
da Argamassa ou durante o abastecimento de um Silo.
15
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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A secção que se encontra assinalada a tracejado vermelho pode não existir, desde que a
instalação não trate os Agregados, recebendo-os de fornecedores, que descarregam os
camiões cisterna aos Silos de Agregados.
No caso em que a empresa trate parte ou todos os seus Agregados, estes são
recepcionados passando de seguida por um Secador (é necessário reduzir a humidade
ao limite máximo), seguindo-se a operação de Moagem.
Depois, os Agregados passam pela Crivagem, para separar as várias granulometrias que
seguem para os respectivos Silos.
Existem igualmente diversos Silos para Ligantes, que podem ser:
Cimento Portland (Cinzento e Branco)
Cal Hidráulica
Cal Hidratada
Por último, existem vários Silos (mais pequenos) que se destinam a receber as adições
(aditivos).
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
Pág. 36 de 43
A instalação é controlada por um computador central no qual se encontram as diversas
formulações de Argamassas.
O operador escolhe a formulação, não sendo em princípio necessário seleccionar a
quantidade, pois é geralmente sempre a mesma.
O programa informático vai fazendo a chamada das diversas matérias-primas que são
pesadas nas balanças, geralmente uma para os componentes maioritários e outra, mais
pequena, para os componentes minoritários.
A operação de cada pesagem é efectuada respeitando cada tolerância, sendo a
quantidade pesada lançada depois ao Misturador.
Logo que fique concluída a pesagem de todas as matérias-primas, segue-se o ciclo da
mistura durante o tempo e condições consignadas na formulação da Argamassa em
causa.
Quando se conclui a mistura, o produto final pode ter um de três destinos:
Descarga directa a um camião cisterna, que segue depois para a obra.
Neste caso, tem de haver um sincronismo entre a chegada do camião cisterna e o
fabrico em causa para que nem o camião fique a aguardar, nem a instalação
tenha de esperar pelo camião.
Esta situação permite ainda a possibilidade de se fazer uma formulação específica
para uma obra.
Descarga para os Silos de Produto Acabado (a granel) da instalação
Descarga para a Unidade de Ensacagem, Paletização e Plastificação de Paletes,
seguindo estas para a armazenagem de Produto em Saco e Expedição de
Paletes.
As instalações têm vários sistemas de segurança que impedem erros, como por exemplo
embalar um produto que se destina a fornecimento a granel (e vice-versa).
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Anexo 6. Distribuição de Argamassas Fabris
No quadro seguinte apresenta-se sinteticamente a forma de distribuição das Argamassas
(Informação a título de orientação, podendo haver excepções. Consulte o seu
Fornecedor.)
Produtos
Família de Argamassas Secas Embalados em Saco
Produtos a Granel
[Destinados a Silos
colocados em Obra]
Argamassas de Alvenaria
Sim
Sim
Argamassas de Reboco
Sim
Sim
Argamassas de Pavimento
Sim
Sim
Monomassas
Sim
Não
Argamassas de Betonilha
Sim
Não
Colas (cimentos-cola)
Sim
Não
Juntas de Cor
Sim
Não
Argamassas de Reparação
Sim
Não
Os Produtos Embalados do tipo Saco ou Balde são geralmente acondicionados em
Palete, com plastificação.
As Argamassas fornecidas a granel destinam-se a alimentar silos colocados em obra,
geralmente de 20 m3.
O transporte de Argamassas a granel em camião cisterna pode conduzir a segregação16.
A segregação em Argamassas é a separação física das matérias-primas constituintes, criando-se zonas ricas em
ligantes e zonas ricas em agregados, devido às diferenças de peso unitário dos grãos. A mistura resultante apresentase heterogénea, verificando-se um comportamento anormal na presa da Argamassa.
16
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Anexo 7. Vantagens das Argamassas Fabris sobre as preparadas em Estaleiro
Durante séculos, as Argamassas – tal como muitos outros Produtos da Construção –
foram preparadas no estaleiro da obra. Contudo, desde os anos 50 do séc. XX
começaram, na Europa Central, a surgir as primeiras Fábricas de Argamassas.
Em Portugal, o fabrico de Argamassas surgiu durante os anos 80 do séc. XX, com a
produção de cimento-cola.
Nas fotos seguintes mostram-se os passos fundamentais da preparação de argamassas
em obra, evidenciando os seus pontos fracos.
Argamassas preparadas em obra: características
Cimento e Areias expostos às intempéries
Medição dos componentes a balde ou à pazada, sem registos
Formulações dependentes do operador
Preparações inconsistentes
Inviável o uso de adições
Preparação exige muito espaço
Resíduos
Vantagens das Argamassas Fabris
•
Composições estudadas
•
Cumprimento de Normas
•
Fabrico rigoroso, com registos
•
Possibilidade de fabrico à medida
•
Propriedades consistentes
•
Ficha Técnica e Ficha de Segurança
•
Produtividade na aplicação
•
Desperdício reduzido
•
Contribuição para a Organização do Estaleiro
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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As imagens são elucidativas e dispensam comentários. Não houve manipulação, nem
encenação.
Contudo, em Portugal, em 2007, as Argamassas preparadas em estaleiro ainda foram
fortemente maioritárias (consultar o sítio www.apfac.pt para conhecer a estatística).
A tendência no período que tem vindo a ser acompanhado pela APFAC (2005-2015),
num cenário real de decréscimo da actividade da Construção Nova, é a contínua (e
sustentada) substituição de argamassas preparadas em estaleiro por Argamassas Fabris,
porventura até acelerada relativamente ao admitido, por motivos relacionados com as
exigências regulamentares da Construção.
No mesmo período, manifesta-se o crescimento da Reabilitação de Construções.
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Posteriormente a 2015, certamente que em Portugal se passará o mesmo que na Europa
central, prevalecendo a Reabilitação sobre a Construção Nova.
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
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Anexo 8. Normas aplicáveis. Marcação CE
A Directiva dos Produtos da Construção (89/106/EEC)17 deu origem a diversas Normas
EN de Especificação e outras de Métodos de Ensaio.
No sítio www.apfac.pt encontra-se a listagem de Normas que interessam às Argamassas.
17
http://ec.europa.eu/enterprise/construction/internal/cpd/cpd.htm
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
Pág. 42 de 43
Anexo 9. EMOdico, Dicionário Europeu de Argamassas
Uma das primeiras iniciativas da APFAC foi a tradução para Português do EMOdico,
Dicionário Europeu de Argamassas, da iniciativa da EMO, European Mortar Industry
Organization18, com base nos idiomas Alemão, Espanhol, Francês e Inglês.
Depois de traduzidas as designações e expressões constantes no EMOdico, a EMO
adoptou a tradução realizada pela APFAC, tendo acrescentado essa contribuição ao
documento original, encontrando-se disponível no sítio www.euromortar.com e
www.apfac.pt em 5 idiomas.
Seguem-se as Fichas Patorreb referidas no Quadro da página 25.
18
www.euromortar.com
Monografia: Colas de Construção e Juntas de Cor
Pág. 43 de 43
FICHA
A01
Parede Exterior – Produto de Colagem
DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS APLICADO EM FACHADAS
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento cerâmico aplicado na fachada de um edifício de
habitação apresentava-se descolado, tendo-se observado o
destacamento muito significativo dos ladrilhos cerâmicos.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada,
tendo-se verificado que a alvenaria de suporte do revestimento se
encontrava confinada. Os estudos sobre a deformabilidade do
suporte evidenciaram uma reduzida deformação.
Trata-se de uma patologia, generalizada, que apresenta uma
maior incidência nas zonas da fachada mais expostas à radiação
e à humidade. O descolamento foi progressivo ao longo do
tempo.
A observação cuidada da fachada permitiu verificar a ausência de
fissuração do suporte nas zonas degradadas.
O cimento-cola utilizado foi do tipo C1. As juntas entre ladrilhos
cerâmicos tinham cerca de 2 mm, não sendo conhecidas as
características do material de preenchimento. Não existiam
juntas de fraccionamento.
Para medir a aderência dos ladrilhos cerâmicos ao suporte
procedeu-se à realização de ensaios de arrancamento por tracção
“in situ”. A resistência ao arrancamento foi obtida através da
colagem de uma peça metálica à superfície das plaquetas que foi
depois sujeita a uma força perpendicular ao seu plano. Verificouse, na maioria dos ensaios, que a interface de rotura se localizava
entre o revestimento cerâmico e a argamassa de colagem (rotura
adesiva). Os valores obtidos para a tensão de rotura encontram-se
listados no quadro anexo.
Amostra
Tensão de
rotura [MPa]
1
0,133
2
0,131
3
0,318
4
0,466
5
0,100
Média
[MPa]
Desvio Padrão
[Mpa]
0,230
0,141
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
O descolamento do revestimento em ladrilhos cerâmicos da
fachada deveu-se ao uso de um produto de colagem inadequado
(C1) e à perda de propriedades mecânicas ao longo do tempo.
Nos ensaios de arrancamento por tracção, os valores não
deveriam ser inferiores a 0,5 MPa de modo a garantir um correcto
desempenho do revestimento. A ausência de juntas de
fraccionamento e o incorrecto dimensionamento das juntas de
assentamento poderão ter contribuído para este fenómeno.
A correcção do problema implicaria a substituição do
revestimento em ladrilhos cerâmicos, tendo em atenção os
seguintes aspectos na aplicação dos novos ladrilhos:
Estudos experimentais realizados no Laboratório de Física das
Construções – LFC, com o objectivo de avaliar o desempenho de
diferentes tipos de cimento-cola ao longo da sua vida útil,
permitiram concluir que o desempenho face à tensão de aderência
diminui muito significativamente ao fim de alguns ciclos de
envelhecimento acelerado. A título de exemplo, mostram-se os
resultados obtidos para a variação da tensão de aderência de 3
tipos de ladrilhos colados com um cimento-cola do tipo C2 em
função do número de ciclos de envelhecimento acelerado.
O cimento-cola deve ser criteriosamente escolhido em função
das características do revestimento e do suporte (ver quadro
anexo);
O fabricante deve fornecer resultados sobre a variação das
propriedades
mecânicas
do
cimento-cola
com
o
envelhecimento;
As juntas de assentamento devem ser preenchidas por um
produto cujo módulo de elasticidade seja inferior a 8000 MPa;
Devem ser criadas juntas de fraccionamento (> 6 mm) e
juntas em correspondência com as juntas de dilatação, bem
como devem ser previstas juntas nas zonas de contacto do
revestimento cerâmico com os pontos singulares da fachada
(por exemplo, peitoris, caixilharias, etc.) e nos ângulos
salientes ou reentrantes da fachada.
REVESTIMENTO
NATUREZA
ÁREA (cm²)
Mosaico em pasta de
vidro ou porcelâmico
S
Plaquetas murais em
terracota
Azulejos em terracota
Ladrilhos extrudidos ou
prensados, excepto os
plenamente vitrificados
Ladrilhos plenamente
vitrificados
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
S
S
S
ALTURA DA FACHADA
H 6 m 6 m<H 28 m
50
231
300 (15 × 15)
C2
ou
C2S
C2S
2000 (40 × 40)
2000 < S
3600 (60 × 60)
C2S
S
2000 (40 × 40)
C2S
Parede Exterior, Ladrilhos Cerâmicos, Cimento-cola, Descolamento, Durabilidade
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
A02
Parede Exterior – Deficiente Aplicação
DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM PLACAS DE PEDRA APLICADO EM FACHADAS
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em placas de pedra aplicado na fachada de um
edifício de habitação apresentava-se descolado, tendo-se
observado o destacamento de placas em áreas localizadas da
fachada.
Verificou-se que as placas de pedra que revestiam a fachada do
edifício em estudo eram constituídas por pedra calcária de cor
clara, com 2 cm de espessura e superfície rectangular de 60x40
cm2. A face exterior das placas apresentava um aspecto rugoso
(“bujardado”), enquanto que o tardoz tinha um aspecto liso.
Nas zonas de destacamento das pedras, verificou-se que a
colagem das placas não abrangia a totalidade do respectivo
tardoz, existindo áreas significativas sem contacto entre as
placas e a argamassa de colagem.
Refira-se que o edifício era composto por rés-do-chão mais sete
pisos elevados.
As juntas entre as placas encontravam-se abertas, não existindo
qualquer junta complementar de fraccionamento do revestimento.
Efectuaram-se sondagens para analisar a configuração do suporte,
tendo-se verificado que era constituído por paredes em alvenaria
de tijolo vazado, sobre as quais foi realizada um regularização em
argamassa, com cerca de 1 cm de espessura, seguida de reboco à
base de cimento e cal hidráulica, com 2 cm de espessura.
A fixação das placas foi efectuada por colagem, tendo sido
utilizado o método da colagem simples, espalhando o produto de
colagem sobre o suporte.
Não foi possível obter resultados para os ensaios de arrancamento
por tracção “in situ” uma vez que as placas de pedra se
destacavam sistematicamente ao efectuar os cortes para obter
provetes quadrados com 5 cm de lado.
O destacamento ocorreu sempre na interface entre a placa e o
cimento-cola.
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
O problema em questão resultou de algumas deficiências
construtivas, nomeadamente:
Este tipo de patologia é grave atendendo ao facto de pôr em
risco a segurança das pessoas que transitam na via pública.
A superfície das placas não deveria ultrapassar os 1100 cm2
(30x30), admitindo-se os 2000 cm2 (40x40) mas apenas para
pedras de porosidade superior a 5% e em fachadas com altura
máxima de 6m em relação ao solo, o que não era o caso;
Recomenda-se a remoção integral das pedras e a sua
substituição por um novo revestimento, respeitando os princípios
construtivos descritos no campo “causas da patologia”.
Atendendo às dimensões das placas, a sua fixação deveria ter
sido realizada por dupla colagem, isto é, a cola deveria ser
aplicada no suporte e no tardoz da placa;
O tempo aberto do cimento-cola terá provavelmente sido
ultrapassado, devido à aplicação de áreas demasiado extensas
de cimento-cola e/ou à existência de condições climáticas
adversas durante a aplicação (temperaturas superiores a 30ºC
ou inferiores a 5ºC, humidades relativas inadequadas ou
ocorrência de ventos fortes).
Em alternativa poder-se-ia equacionar a realização de uma
fixação mecânica complementar das placas. Essa fixação deveria
ser realizada através de buchas químicas, associadas a camisas
metálicas e pernos roscados em aço inox (ver fotografias).
Atendendo às dimensões das placas de pedra, admite-se que
apenas seriam necessárias duas buchas por placa, aplicadas a
uma distância de 20 cm de cada bordo.
A resistência das buchas deveria ser de, pelo menos, 1,0 kN a
esforços de tracção.
A opção de não preencher as juntas de assentamento acelera o
processo de envelhecimento do produto de colagem do
revestimento.
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
Parede Exterior, Placas de Pedra, Deficiente Aplicação, Dupla colagem, Tempo Aberto,
Cimento-cola
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
A03
Parede Exterior – Deformação do Suporte
DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM “PASTILHA” CERÂMICA DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em “pastilha” cerâmica da fachada de um edifício
de habitação apresentava-se fissurado, tendo ocorrido o
empolamento e o descolamento pontual da “pastilha”.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada,
tendo-se verificado que:
A patologia ocorreu principalmente junto às zonas de maior
rigidez da viga de bordadura, que se encontrava parcialmente
em consola e tinha um desenvolvimento curvo.
Era constituída por parede dupla em alvenaria de tijolo vazado
(0,20 m+ 0,11 m), com isolamento térmico na caixa-de-ar;
No topo das lajes foram aplicados painéis de aparas de madeira
(0,025 m);
A parede encontrava-se apoiada numa viga de bordadura
parcialmente em consola e com um desenvolvimento curvo;
O revestimento foi colado ao suporte com argamassa de
colagem;
Não foram executadas juntas de fraccionamento.
Tijolo vazado
Isolamento térmico
“Pastilha”
Painéis de aparas
de madeira
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
O descolamento do revestimento em “pastilha” cerâmica da
fachada teve origem nos seguintes factores:
A intervenção a efectuar exige os seguintes procedimentos:
Deformabilidade do suporte da alvenaria, nomeadamente na
excessiva deformabilidade das vigas de bordadura que
suportavam as alvenarias ao nível de cada piso (corpo em
consola e com desenvolvimento curvo);
Escolha inadequada do produto de colagem. Deveriam ter sido
utilizadas colas de elevada resistência e deformabilidade,
devido ao facto da fachada ter um desenvolvimento curvo;
Heterogeneidade do suporte;
Aplicação de painéis de aparas de madeira;
Aderência insuficiente entre camadas do sistema de
revestimento;
Inexistência de juntas de fraccionamento.
Remoção dos painéis de aparas de madeira do topo das lajes;
Reforço da estabilidade do suporte através da realização de
tirantes passivos ou activos (corpo em consola);
Aplicação de nova “pastilha” cerâmica, tendo em atenção os
seguintes aspectos:
·
Deveria realizar-se a impermeabilização do suporte com
argamassa à base de polímeros, armada;
·
As juntas deveriam ser preenchidas por um produto
flexível (módulo de elasticidade < 8000 MPa);
·
Deveriam ser criadas juntas de fraccionamento (> 6 mm)
e juntas em correspondência com as juntas de dilatação;
·
O cimento-cola deveria ser criteriosamente escolhido em
função das características do revestimento e do suporte
(ver quadro seguinte).
REVESTIMENTO
NATUREZA
ÁREA (cm²)
Mosaico em pasta de
vidro ou porcelâmico
S
Plaquetas murais em
terracota
Azulejos em terracota
Ladrilhos extrudidos ou
prensados, excepto os
plenamente vitrificados
Ladrilhos plenamente
vitrificados
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
S
S
S
ALTURA DA FACHADA
H 6 m 6 m<H 28 m
50
231
300 (15 × 15)
C2
ou
C2S
C2S
2000 (40 × 40)
2000 < S
3600 (60 × 60)
C2S
S
2000 (40 × 40)
C2S
Parede Exterior, “Pastilha” Cerâmica, Cimento-cola, Descolamento, Deformação do Suporte
Prof. Vasco P. de Freitas, Eng.ª Marília Sousa e Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
A04
Parede Exterior – Expansão Higrotérmica
DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM “PASTILHA” CERÂMICA DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em ladrilhos cerâmicos da fachada de um edifício
apresentava-se descolado, tendo-se observado o empolamento e
o destacamento dos ladrilhos em extensas áreas da fachada, de
uma forma aleatória. Verificou-se também que vários ladrilhos se
encontravam delaminados nos seus topos, como se evidencia na
figura seguinte.
Procedeu-se à caracterização dos ladrilhos cerâmicos aplicados,
através da realização de ensaios para determinação da “expansão
por humidade dos ladrilhos” (EN ISO 10545-10) e de “análise
dilatométrica” (EN ISO 10545-8).
Foram obtidos valores de expansão máxima devida à humidade
de cerca de 0,4 mm/m nos provetes ensaiados.
Para verificar a aderência ladrilho/produto de colagem, procedeuse à realização de ensaios de arrancamento por tracção “in situ”,
tendo-se obtido uma resistência superior ou igual a 0,5 MPa.
O revestimento foi colado ao reboco com cimento-cola, não
existindo juntas verticais de assentamento entre os ladrilhos
cerâmicos.
Verificou-se após desmontagem de grandes áreas
revestimento que o suporte não se encontrava fissurado.
do
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
No caso em estudo, o descolamento observado resultou,
principalmente, da ausência de juntas verticais adequadas entre
os ladrilhos cerâmicos e nas deformações de carácter
higrotérmico dos ladrilhos devido ás variações dimensionais,
quer pela acção da temperatura, quer pela expansão irreversível
resultante da acção da humidade.
O revestimento em ladrilhos cerâmicos teria de ser removido. No
assentamento dos novos ladrilhos deveria ser garantida a
compatibilidade entre a capacidade de deformação dos ladrilhos
e a elasticidade da camada de colagem, conjugada com as juntas
de assentamento.
Tendo por base o coeficiente de dilatação térmica dos ladrilhos
sabe-se que a expansão térmica correspondente a um gradiente
de temperatura de 50ºC é da ordem de 0,2 a 0,3 mm/m, sendo
a expansão irreversível com a humidade superior.
A execução de juntas de assentamento entre os ladrilhos
cerâmicos permite também compensar eventuais desvios
dimensionais das próprias peças.
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
A dimensão dessas juntas deveria ser indicada pelo fabricante (>
4 mm) em função do tipo de aplicação e atendendo às
características dos ladrilhos (ver Cahier do CSTB n.º 3266).
O preenchimento deveria ser realizado com argamassas próprias
para juntas (módulo de elasticidade < 8000 MPa), classificadas,
de acordo com a norma EN 13888.
Parede Exterior, Expansão Higrotérmica, Descolamento do Revestimento, Ladrilhos Cerâmicos,
Juntas de Assentamento
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
B03
Parede Exterior – Deficiente Aplicação
DEFICIENTE PLANEZA DO REVESTIMENTO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
O revestimento da fachada de
apresentava defeitos de planeza.
um
SONDAGENS E MEDIDAS
edifício
de
habitação
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada
tendo-se verificado que:
Esses defeitos são facilmente observáveis quando os raios
solares são rasantes em relação à superfície.
As paredes eram duplas em alvenaria de tijolo vazado (0,15
m + 0,11 m), com caixa de ar intermédia (0,08 m)
parcialmente preenchida com isolamento térmico (0,04 m);
A alvenaria encontrava-se confinada. Estudos sobre a
deformabilidade do suporte do revestimento evidenciaram
uma reduzida deformabilidade;
O revestimento exterior consistia num reboco tradicional à
base de ligantes hidráulicos com espessura média de 2 cm.
Efectuaram-se medidas com uma régua de alumínio de 2 m de
comprimento para verificar quais os desvios máximos de planeza
do suporte. Verificou-se que o desvio de planeza médio era de
14 mm, chegando a registar-se valores acima dos 20 mm.
Reboco
Régua de 2 m
Princípio de medição do desvio de planeza
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
A patologia referida deveu-se à deficiente aplicação em obra do
reboco, provavelmente devido à utilização de mão-de-obra
pouco qualificada ou à elevada velocidade de execução, muitas
vezes exigida nas obras de construção civil.
Embora esta patologia não afecte directamente o desempenho
da fachada, apresenta inconvenientes estéticos.
Existem um conjunto recomendações que deveriam ter sido
respeitadas durante a execução para evitar problemas deste
tipo, nomeadamente:
Os trabalhos de revestimento em suportes novos não
deveriam começar antes destes terem sofrido a parte mais
significativa da sua retracção de secagem (ITE 24);
As saliências do suporte cuja altura fosse superior a um terço
da espessura do revestimento deveriam ter sido previamente
desbastadas (ITE 24);
As irregularidades excessivas em reentrância existentes no
suporte devem ser previamente preenchidas para evitar que
a espessura máxima de aplicação do revestimento seja
ultrapassada (ITE24);
Depois de aplicar o revestimento, as flechas medidas com
uma régua de 2 m em todas as direcções não deveriam
exceder 1 cm (DTU 26.1);
O revestimento deveria apresentar uma tolerância de
verticalidade, medida com um fio de prumo, de 1,5 cm em 3
m (DTU 26.1).
Refira-se ainda que teria sido fundamental assegurar constância
de qualidade dos constituintes e invariabilidade das suas
proporções na mistura para obter um aspecto uniforme dos
paramentos.
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
Por outro lado, alguns revestimentos decorativos, como é o caso
dos ladrilhos cerâmicos, não devem ser aplicados em suportes
demasiados irregulares. O CEN (European Committee for
Standardization)
classifica os suportes de revestimentos
cerâmicos em função dos desvios de planeza (ver tabela
seguinte).
Deste modo, a correcção do problema iria depender do
revestimento final que se pretende aplicar. Contudo, dada a
elevada irregularidade do suporte, seria recomendável a
aplicação de uma nova camada de reboco, respeitando os
princípios descritos anteriormente.
Tipo de Suporte
I
(1)
Desvio de Planeza1 [mm]
<6
II
6 e < 10
III
10
Desvio medido com uma régua de 2 m de comprimento
Parede Exterior, Reboco, Argamassa, Planimetria, Deficiente Planeza, Deficiente Aplicação
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
B05A
Parede Exterior – Corrosão de Elementos Metálicos
DESTACAMENTO DO REVESTIMENTO REBOCADO E PINTADO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em reboco pintado da fachada de um edifício
apresentava-se destacado e manchado. Verificou-se que o
destacamento ocorria nas arestas do reboco (ombreiras dos vãos
envidraçados) associado a duas fissuras verticais paralelas e
equidistantes da aresta.
Efectuaram-se sondagens para analisar
fachadas tendo-se verificado que:
a
configuração
das
As paredes eram constituídas por alvenaria dupla de tijolo
vazado, com espessuras de 15 cm no exterior e 11 cm no
interior;
O espaço entre panos, com 8 cm de espessura, foi parcialmente
preenchido por placas de poliestireno expandido com 2 cm de
espessura;
Como acabamento foi aplicado um reboco pré-doseado
directamente sobre o suporte.
Nalguns locais foi ainda possível observar manchas “acastanhas”,
resultantes de fenómenos de corrosão.
As sondagens efectuadas nas arestas do reboco revelaram a
existência de perfis de reforço em ferro galvanizado, num estado
avançado de corrosão.
Tijolo 0,11 m
Isolamento térmico
Espaço de ar
Tijolo 0,15 m
Reboco
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
O destacamento do reboco observado resultou da expansão
provocada pela corrosão dos perfis metálicos aplicado nas
arestas.
A correcção do problema implicaria a substituição dos perfis de
reforço em ferro galvanizado, sendo necessário proceder à
seguinte intervenção:
A corrosão é o resultado de fenómenos electro-químicos que
transformam o ferro em hidróxido de ferro (vulgarmente
conhecido como “ferrugem”). No caso em estudo, a corrosão
observada nos elementos metálicos inseridos no reboco resultou
da deficiente protecção destes elementos contra o fenómeno.
Os rebocos de fachada à base de ligantes hidráulicos não são
estanques, independentemente de estarem ou não fissurados,
pelo que, ao contrário do betão, não asseguram a protecção
adequada das peças metálicas. Isto obriga a que essas peças
tenham de ser convenientemente protegidas antes da aplicação,
o que não aconteceu no edifício em estudo, em particular no que
toca aos perfis das arestas.
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
Análise do reboco das fachadas por percussão, demolindo as
partes que não se encontrem perfeitamente aderentes ao
suporte (que soem a oco);
Remoção de todos os perfis metálicos embebidos no reboco;
Colocação de novos perfis devidamente tratados contra a
corrosão de modo a evitar problemas semelhantes;
Reposição do reboco nas áreas demolidas, sendo desejável que
o material a aplicar seja igual ao existente, por razões de
homogeneidade de comportamento. Uma reparação pontual
dificilmente conduz a um aspecto estético satisfatório.
Parede Exterior, Elementos Metálicos, Reboco, Argamassa, Destacamento, Corrosão
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
B05B
Parede Exterior – Instabilidade e Expansão Higrotérmica
DESTACAMENTO DO REVESTIMENTO REBOCADO E PINTADO JUNTO AOS CUNHAIS DA FACHADA
DE UM EDIFÍCIO
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento da envolvente vertical exterior de um edifício
constituído por reboco pintado apresentava uma fissuração
significativa, em particular junto aos cunhais, onde as fissuras
tinham um desenvolvimento mais ou menos vertical, e ao nível
dos apoios dos panos exteriores de parede, tendo essa
fissuração um desenvolvimento sensivelmente horizontal.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração das
fachadas, tendo-se verificado que:
As paredes eram constituídas por alvenaria dupla de tijolo
vazado, com espessuras de 15 cm no exterior e 11 cm no
interior, sendo o espaço de ar parcialmente preenchido por
poliestireno expandido;
Ao nível dos elementos estruturais, nomeadamente pilares e
topos de laje, foram aplicadas “forras térmicas” pelo exterior,
constituídas por tijolo vazado, com 3 cm de espessura. Estes
elementos foram assentes e colados ao suporte com uma
argamassa de cimento incorporando um adjuvante promotor de
aderência à base de resinas acrílicas;
Como acabamento foi aplicado um reboco pré-doseado
directamente sobre o suporte.
O assentamento das “forras” foi efectuado com a furação no
sentido horizontal ou vertical, de forma aleatória.
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
As fissuras com orientação vertical existentes próximo dos
cunhais, resultaram da expansão da alvenaria de tijolo por efeito
da temperatura e da humidade. As paredes com diferentes
orientações recebem a radiação solar diferida no tempo,
apresentando diferentes temperaturas superficiais. Estas acções,
em conjugação com as diferenças de configuração e de extensão
dos panos de parede, levam a que este tipo de fissuração se
manifeste com intensidade variável.
Para tratamento da fissuração seria necessário proceder-se ao
travamento complementar do pano exterior da alvenaria, de
forma a ser garantida a estabilidade das paredes, através da
execução de pilaretes e cintas complementares em betão armado.
A configuração da parede
fenómeno, nomeadamente:
contribuiu
também
para
este
Inexistência de elementos verticais de travamento da alvenaria;
Ausência de juntas de fraccionamento;
Deficiente apoio da alvenaria ao nível do topo de lajes (“forra”
colocada após a betonagem);
Instabilidade do pano exterior.
Em alternativa, poderia equacionar-se a possibilidade de efectuar
a pregagem dos panos de alvenaria utilizando buchas químicas.
As fissuras deveriam ser tratadas e preenchidas com material
elástico (mastique).
A substituição do revestimento existente por um revestimento
dessolidarizado do suporte, por exemplo, do tipo reboco delgado
armado, aplicado sobre isolamento térmico (ETICS) ou a
realização de uma fachada "ventilada", seria vantajoso em termos
de eficácia e durabilidade.
Reparação de fissuras
Sistema “ETICS”
Fachada Ventilada
Suporte
Rede de fibra de
vidro
Argamassa com
polímeros
Mastique sintético
Papel adesivo
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
Parede Exterior, Reboco, Argamassa, Instabilidade e Expansão Higrotérmica, Pontes Térmicas,
Destacamento
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
B06
Parede Exterior – Eflorescências
APARECIMENTO DE MANCHAS ESBRANQUIÇADAS NO REVESTIMENTO MONOMASSA DA FACHADA
DE UM EDIFÍCIO
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento monomassa, de acabamento raspado, da
fachada de um edifício de habitação apresentava manchas
esbranquiçadas.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada,
tendo-se verificado que as paredes exteriores eram duplas em
alvenaria de tijolo vazado com caixa de ar intermédia.
As manchas eram mais sensíveis nas zonas fissuradas.
A espessura do revestimento monomassa era aproximadamente
de 16 mm.
Constatou-se ainda que as manchas de cor branca eram
aparentemente de carbonato de cálcio. A sua remoção era
possível com uma solução de ácido clorídrico diluído a 10%.
Tijolo 0,11 m
Argamassa
Tijolo 0,15 m
Revestimento monomassa (16 mm)
Espaço de ar
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
As manchas de cor branca no revestimento tratam-se de
eflorescências.
Apesar das eflorescências não afectarem directamente a
durabilidade do reboco, estas manchas esbranquiçadas podem
ser bastante desagradáveis, principalmente quando originadas
em rebocos de cor escura.
As eflorescências são depósitos de sais que mediante condições
favoráveis emergem à superfície.
As argamassas à base de ligantes hidráulicos contêm cal que é
solúvel em água, pelo que, no processo de secagem, essa cal é
transportada para a superfície combinando-se com o dióxido de
carbono presente na atmosfera, o que originou a formação de
carbonato de cálcio, que constituía as manchas observadas.
CaO ! CO2
CaCO3
A remoção dos depósitos de carbonato de cálcio é possível
escovando a parede com grande cuidado e aplicando produtos
específicos existentes no mercado ou uma solução de ácido
clorídrico diluído a 10%.
De forma a minimizar o aparecimento destas manchas em
aplicações futuras, deveriam ter-se em conta os seguintes
aspectos:
Este fenómeno ocorre principalmente quando o revestimento é
aplicado por tempos frios e húmidos. Nestas circunstâncias, o
tempo de secagem é mais demorado e a água de amassadura em
excesso possibilita o transporte da cal para a superfície.
Por outro lado, sempre que ocorre fissuração facilita-se o processo
de migração de humidade que propicia o aparecimento de
eflorescências.
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
Evitar a aplicação do revestimento por tempo frio (temperatura
inferior a 8ºC) e húmido;
Evitar a escolha de revestimentos com tonalidades escuras
durante os períodos frios e húmidos;
Controlar a capilaridade do revestimento.
Parede Exterior, Argamassa, Revestimento Monomassa, Eflorescências
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
B08A
Parede Interior – Fissuração
FISSURAÇÃO ALEATÓRIA DE PAREDES INTERIORES
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
O revestimento de paredes interiores de
apresentava-se fissurado em toda a sua extensão.
SONDAGENS E MEDIDAS
um
edifício
A fissuração era aleatória (mapeada), sem qualquer tipo de
orientação preferencial.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da parede,
tendo-se verificado que era simples, em alvenaria de tijolo vazado
(0,11 m) e revestida com uma argamassa industrial pré-doseada.
Foi ainda possível obter informações acerca da constituição do
reboco, tendo-se apurado que:
O ligante do reboco era misto, contendo cal hidráulica e
cimento, numa proporção aproximada de 4:1;
Foi adicionado complementarmente 10% de cimento Portland
(CEMII/B-L 32.5N) à mistura inicial com o objectivo de diminuir
o tempo de presa.
Argamassa
Tijolo 0,11 m
Argamassa Industrial Pré-doseada
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
Neste caso, a adição de 10% de cimento Portland terá sido a
causa fundamental da patologia descrita.
Tendo em atenção a extensão e a gravidade da fissuração
observada, o tratamento da patologia pressupõe a substituição
do reboco seguido da sua reposição por uma nova argamassa,
tendo em consideração os seguintes aspectos:
Uma argamassa industrial pré-doseada é uma argamassa cujos
componentes são doseados em fábrica e fornecidos á obra, onde
serão misturados segundo instruções e condições do fabricante.
O controlo da retracção e das restantes características destas
argamassas é efectuado na formulação das argamassas prontas
industriais.
Qualquer possível alteração na composição inicial da argamassa
com objectivos diversos, por exemplo, diminuição do tempo de
presa ou aumento da resistência, pode ser prejudicial podendo
provocar efeitos adversos noutras características.
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
Deverá ser escolhida uma argamassa aditivada com resinas
acrílicas para promoção da aderência ao suporte;
A mistura da argamassa deverá seguir rigorosamente as
indicações do fabricante e ser isenta de contaminações e
adições.
Parede Interior, Argamassa Pré-doseada, Fissuração
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
B08B
Parede Exterior – Dilatação Térmica
FISSURAÇÃO DO REVESTIMENTO EXTERIOR NA ZONA DE FIXAÇÃO DA GUARDA METÁLICA
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O reboco da parede exterior orientada a poente de uma moradia
encontrava-se fissurado na zona de fixação da guarda metálica à
parede.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada,
tendo-se constatado que as paredes exteriores eram duplas em
alvenaria de tijolo vazado (0,15 m + 0,07 m), com caixa de ar
intermédia (0,08 m) parcialmente preenchida com isolamento
térmico (0,04 m).
A guarda metálica apresentava um grande desenvolvimento,
sem juntas de dilatação.
Na alvenaria foi efectuado uma zona maciça em argamassa.
Verificou-se que a guarda metálica se encontrava encastrada na
parede, ficando assim impedidos os movimentos do elemento
metálico devido às solicitações térmicas.
Procedeu-se à medição da temperatura superficial da guarda
metálica. As medidas efectuadas revelaram que o diferencial de
temperatura entre o verão e o inverno é superior a 50ºC.
Reboco
Encastramento
Guarda metálica
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
A fissuração do reboco da fachada deveu-se à dilatação térmica
da guarda metálica que se encontrava encastrada na parede.
Para a resolução do problema seria necessário corrigir a forma
de fixação da guarda à parede o que implicaria:
A variação de comprimento da guarda ( L) depende do seu
) e da
comprimento (L0), do coeficiente de dilatação térmica (
temperatura superficial (T):
"L ! L0 . .T
de
Considerando um coeficiente de dilatação térmica 11*10-6 /ºC para o ferro, e um comprimento de 8 m para a
guarda, verifica-se que com diferenças de temperatura da ordem
dos 50ºC podem ocorrer dilatações da ordem de alguns
milímetros.
Contribuíram também para este fenómeno a forma errada de
fixação da guarda e o enchimento com argamassa e consequente
retracção.
Remoção da guarda metálica e do reboco;
Criação de uma junta de dilatação na ligação guarda metálica/
parede, convenientemente dimensionada;
Efectuar a fixação mecânica da guarda;
Aplicar um reboco armado com argamassa com polímeros no
painel da fachada degradada, após prévio tratamento das
fissuras com mais de 1 mm.
Fixação mecânica
Guarda metálica
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
Parede Exterior, Guarda Metálica, Fissuração, Dilatação Térmica, Fixação Elementos Metálicos
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
B09
Parede Exterior – Deficiente Concepção e Aplicação do Revestimento
COLONIZAÇÃO BIOLÓGICA NO REVESTIMENTO DA FACHADA
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento aplicado nas fachadas apresentava manchas de
cor verde.
Realizaram-se ensaios, tendo-se verificado que as manchas se
deviam à presença de algas autotróficas, ou seja, produziam o
alimento de que necessitavam. O carbono celular era produzido
em fotossíntese com a luz, utilizando o dióxido de carbono do ar
ou da água.
Verificou-se que o fenómeno ocorria com maior intensidade nas
fachadas do edifício voltadas a Norte e Poente.
Note-se que as algas não destruíam o suporte por não extraírem
dele nenhuma substância nutritiva. Além disso, ao contrário de
outros organismos, não possuíam raízes de modo a penetrarem
no suporte.
Foi avaliado o coeficiente de absorção – A, expresso em kg/m2. s,
tendo os resultados conduzido a valores elevados.
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
O desenvolvimento de microorganismos, tais como algas e
líquenes, apenas ocorre quando se verifica a presença de água
em quantidade suficiente. A presença de vegetação próxima e a
textura do revestimento são também condicionantes.
O risco de desenvolvimento de microorganismos poderia ter sido
parcialmente reduzido através de opções arquitectónicas ou de
pormenorização construtiva que permitissem diminuir a
quantidade de água que escorria ao longo das fachadas.
Verificou-se
também
uma
maior
colonização
destes
microorganismos em fachadas orientadas a Norte ou a Poente,
onde tinham à disposição a luz necessária e em que existia
humidade em quantidade suficiente, resultante quer do
fenómeno de condensação da superfície exterior, que ocorreu
durante o período nocturno e cuja secagem é mais difícil a Norte
e a Poente, quer das escorrências que ocorreram ao longo da
fachada, provenientes da precipitação.
Por outro lado, a aplicação de um produto biocida (algicida)
sobre o revestimento final, ou mesmo incorporado neste, seria
vantajosa. No entanto, os produtos algicidas ou fungicidas têm
uma durabilidade limitada (5 a 7 anos), sendo fundamental uma
correcta manutenção do sistema para evitar o reaparecimento
das manchas.
O coeficiente de absorção – A elevado contribuiu para o
fenómeno observado.
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
A protecção superior das fachadas face às escorrências é uma
estratégia importante para a minimização do problema.
Parede Exterior, Argamassa, Colonização Biológica, Fungos
Prof. Vasco P. de Freitas, Eng.ª Marília Sousa e Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
B10
Parede Interior – Humidade Ascensional
MANCHAS DE HUMIDADE EM PAREDES INTERIORES EM GRANITO REBOCADAS E PINTADAS
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento das paredes divisórias interiores de um edifício
apresentava manchas de humidade ao nível da base.
Realizaram-se sondagens para identificação da constituição da
parede, tendo-se observado que eram em alvenaria de granito,
sendo a superfície rebocada e pintada.
Os rodapés em madeira adjacentes apresentavam-se também
degradados.
Efectuaram-se um conjunto de medidas para caracterização das
condições higrotérmicas das ambiências (temperatura e teor de
humidade superficial da parede e do rodapé em madeira).
Verificou-se que a base das paredes,
apresentava um teor de humidade elevado.
junto
ao
rodapé,
O edifício possuía um sistema de aquecimento central com
funcionamento a temperatura variável, sendo a temperatura de
21ºC durante o dia e de 19ºC, durante a noite.
Temperatura
superficial (ºC)
Reboco
17
170
130
171
129
150
142
Teor de
humidade da
madeira (%)
“Húmido”
18
137
151
14
12
170
18
136
12
11
180
“Seco
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
As manchas de humidade que surgiram na base da parede
resultaram do fenómeno de ascensão capilar.
De forma a minorar o problema observado seria necessária a
seguinte intervenção:
A humidade ascensional manifesta-se quando as paredes estão
em contacto com a água ou com o solo húmido, sempre que os
materiais constituintes apresentam elevada capilaridade e
quando não existe um corte hídrico. A ascensão capilar progride
até que se verifique o equilíbrio entre a evaporação e a
capilaridade.
Execução de um corte hídrico na base da parede, de forma a
impedir a ascensão de água, por exemplo através da injecção
de produtos hidrófugos ou tapa-poros;
O fluxo de secagem (g) depende do gradiente de concentração
do vapor da superfície da parede (Cs’) e do ar (Ca’):
g=
(Cs’- Ca’) [kg/(m².s)]
A não aplicação de um corte hídrico na parede existente terá sido
a causa fundamental do problema.
Criação de um sistema de ventilação da base das paredes
constituído por tubos perfurados (por exemplo, manilhas de
betão) associados a um dispositivo de ventilação;
Aplicação de uma argamassa permeável ao vapor com uma
porosidade e porometria estudada;
A pintura terá de apresentar uma elevada permeabilidade ao
vapor.
Difusão do
produto
impermeabilizante dentro
do muro
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
Parede Interior, Granito, Argamassa, Humidade Ascensional, Corte Hídrico, Ventilação da Base
das Paredes
Prof. Vasco P. de Freitas, Eng.ª Marília Sousa e Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
B11A
Parede Exterior – Deficiente Aplicação
APARECIMENTO DE FANTASMAS EM FACHADAS COM REVESTIMENTO MONOMASSA
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento monomassa, de acabamento raspado, da
fachada de um edifício apresentava alterações de cor, criando
uma imagem que permitia visualizar as juntas de argamassa e a
disposição dos elementos estruturais (vigas e pilares).
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada,
tendo-se verificado que:
As paredes exteriores eram duplas em alvenaria de tijolo
vazado (0,15 m + 0,07 m), com caixa de ar intermédia (0,05
m);
O revestimento exterior apresentava uma espessura média de 6
mm, sendo constituído por uma monomassa de acabamento
raspado.
Tijolo 0,15 m
Argamassa
Tijolo 0,07m
Revestimento
Monomassa (6 mm)
Espaço de ar
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
A reduzida espessura do revestimento associada à inevitável
heterogeneidade do suporte estiveram na origem deste
fenómeno.
Esta patologia afecta apenas o aspecto estético do edifício, mas
pode também estar na origem da ausência de estanquidade
devido ao facto da sua espessura ser muito reduzida. A sua
resolução passa inevitavelmente pela aplicação de um novo
revestimento.
Durante o período de secagem do revestimento, a diferença de
temperaturas existentes na fachada e a absorção desigual dos
diferentes materiais do suporte não permitem uma hidratação
uniforme do ligante.
Sabendo-se que a coloração de um revestimento monocamada é
obtida através da adição de um pigmento na massa,
compreende-se que uma hidratação heterogénea irá ter
consequências na uniformidade da coloração.
É fundamental respeitar a espessura mínima recomendada de
forma a minimizar a probabilidade de aparecimento de
fantasmas (espessuras compreendidas entre 10 e 20 mm).
Estes fenómenos são acentuados por reduzidas espessuras de
revestimento, por juntas de alvenaria muito espessas ou
salientes relativamente aos blocos e pelo uso de materiais com
coeficientes de absorção muito distintos. A ocorrência de
fissuração nas juntas pode também dar origem ou acentuar este
problema.
A
B
A – Alvenaria
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
B – Junta de
argamassa
Parede Exterior, Revestimento Monomassa, Fantasmas, Deficiente Aplicação
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
B11B
Parede Exterior – Termoforese
APARECIMENTO DE MANCHAS EM FACHADAS
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento à base de ligantes hidráulicos de um edifício de
habitação apresentava manchas de cor escura. Essas manchas
criavam uma imagem que permitia visualizar as juntas de
argamassa e a disposição dos elementos estruturais.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada,
tendo-se verificado que:
As paredes exteriores eram simples em alvenaria de blocos de
betão leve;
O revestimento exterior apresentava uma espessura mínima
aceitável.
Procedeu-se à medição da temperatura superficial do
revestimento da fachada com o auxílio de uma câmara de
infravermelhos (termografia), num instante em que as
temperaturas exteriores e interiores eram de 5 e 18ºC
respectivamente.
O termograma obtido permitiu verificar que a temperatura
superficial da fachada era inferior nas zonas correspondentes aos
blocos de alvenaria do que nas zonas correspondentes às juntas.
Reboco
Junta
Alvenaria
CAUSAS DA PATOLOGIA
A causa mais frequente desta
designado termoforese. Trata-se
poeiras, função da temperatura
depósito é tanto mais importante
temperaturas.
RECOMENDAÇÕES
patologia é um fenómeno
da deposição diferencial de
superficial das paredes. O
quanto mais baixas forem as
A diferença de temperaturas verificada na superfície da fachada
deveu-se às diferenças significativas entre as condutibilidades
térmicas das juntas de argamassa-cola ( =1,15) e dos blocos de
alvenaria ( =0,16).
Desprezando a resistência térmica do reboco devida à sua
pequena espessura, podemos validar facilmente os resultados
obtidos experimentalmente da seguinte forma:
*
(
+
1 / he
Tsei % Te ' +
( * Ti ' Te !
e
1
1
.
.
(
+ he
hi
/
i
)
,
$Tse % 6,8º C
&# 1
"Tse 2 % 5,5º C
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
Ti=18ºC
Esta patologia afecta apenas o aspecto estético do edifício, não
tendo quaisquer consequências na qualidade e durabilidade do
revestimento.
A sua resolução passa inevitavelmente pela aplicação de um
novo revestimento uma vez que a simples limpeza da fachada
não iria eliminar as causas do problema.
A uniformização da temperatura superficial poderia passar pela
aplicação de um sistema de isolamento térmico pelo exterior, do
tipo ETICS ou revestimento descontínuo, do tipo fachada
ventilada (ver figura).
Te=5ºC
Tse1
Tse2
Parede Exterior, Argamassa, Sujidade, Fantasmas, Termoforese
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
B12
Parede Exterior – Deficiente Configuração dos Peitoris
MANCHAS DE SUJIDADE EM FACHADAS SOB OS PEITORIS
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento monomassa das fachadas de um edifício de
habitação apresentava manchas de sujidade associadas a
escorrências nas zonas da fachada sob os peitoris dos vãos
exteriores.
Procedeu-se à análise da configuração dos peitoris, tendo-se
observado que não apresentavam inclinação para o exterior,
sendo praticamente horizontais.
Os peitoris não apresentavam também pingadeira exterior que
permitisse o afastamento da água.
Na ligação com a ombreira também não existia qualquer diferença
de cota que conduzisse a água de precipitação de forma
adequada.
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
As superfícies horizontais ou com pequena inclinação têm
tendência para acumular pó que será posteriormente arrastado
pelas águas da chuva.
A limpeza da fachada permitiria restituir um aspecto visual
aceitável ao edifício, não eliminando no entanto as causas do
problema.
Assim, é fundamental evitar que essa água escorra pelas
fachadas, procurando minimizar a existência de caminhos
preferenciais (ver figuras seguintes).
Para evitar o reaparecimento de novas escorrências sob os
peitoris, seria necessário aplicar elementos com a configuração
adequada, o que implicaria o ajuste da caixilharia adjacente,
sendo uma operação de grande complexidade.
Neste caso, as manchas de sujidade devem-se claramente à
existência de caminhos preferenciais para as escorrências, para
as quais contribuíram os seguintes factores:
Inexistência de uma pingadeira devidamente dimensionada;
Reduzida inclinação do peitoril;
Inexistência de batentes laterais;
Projecção lateral do peitoril de dimensão reduzida.
Em alternativa, seria aceitável a aplicação de um rufo em zinco
sob o peitoril com configuração adequada.
A título de exemplo, apresenta-se a fotografia do peitoril de um
edifício antigo em pedra com uma configuração exemplar bem
como algumas indicações preconizadas pelas normas francesas
(DTU 20.1).
1,5 cm
1,5 cm
l
h
h
l
!
25mm
25mm
tg !
0,10
DTU 20.1
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
Parede Exterior, Peitoril, Revestimento Monomassa, Sujidade, Escorrências
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
FICHA
C01
Parede Exterior – Eflorescências
APARECIMENTO DE MANCHAS ESBRANQUIÇADAS NAS JUNTAS DE UMA PAREDE EM ALVENARIA À
VISTA
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
As juntas de argamassa dos blocos da parede interior de um
edifício industrial apresentavam manchas esbranquiçadas,
alterando o aspecto estético pretendido.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da fachada,
tendo-se verificado que a parede exterior era simples, em
alvenaria de blocos de betão com 15 cm de espessura.
As manchas de cor branca observadas correspondiam
depósitos de uma substância que apresentava grande dureza.
Constatou-se ainda que as manchas de cor branca eram de
carbonato de cálcio. A sua remoção era possível com uma solução
de ácido clorídrico diluído a 10%.
a
Refira-se também que se observaram indícios de infiltrações de
água através das juntas.
CAUSAS DA PATOLOGIA
RECOMENDAÇÕES
Quer as juntas entre blocos quer os próprios blocos são
constituídos à base de ligantes hidráulicos. Durante a reacção de
presa dos cimentos há libertação de cal devido à hidratação dos
sais minerais e silicatos de cal contidos no clinker.
Nos trabalhos de reparação a efectuar interessa adoptar
procedimentos que assegurem resultados satisfatórios a longo
prazo, para evitar a repetição de anomalias.
Quando os materiais que constituem as paredes são
atravessados por fortes quantidades de água, a cal que é solúvel
em água, é transportada para o exterior da parede durante o
processo de transferência de humidade.
A intervenção deverá realizar-se tendo em atenção os seguintes
princípios:
Uma vez em contacto com o exterior, a cal combina-se com o
dióxido de carbono da atmosfera, originando a formação de
carbonato de cálcio, que constituía as manchas observadas.
CaO ! CO 2
CaCO 3
Este fenómeno ocorre principalmente quando a argamassa é
aplicada por tempos frios e húmidos. Nestas circunstâncias, o
tempo de secagem é mais demorado e a água de amassadura
em excesso possibilita o transporte de cal para a superfície.
PALAVRAS-CHAVE
AUTORES
Remoção dos depósitos de carbonato de cálcio (eflorescências)
escovando a parede com grande cuidado e aplicando produtos
específicos existentes no mercado ou uma solução de ácido
clorídrico diluído a 10%;
Seria vantajoso a impermeabilização da parede pelo exterior
através da aplicação de um hidrófugo de superfície incolor que
penetra nos poros e exerce a sua acção repelente por via
química, não criando uma superfície contínua que impeça as
troca de vapor.
Parede Exterior, Alvenaria, Juntas de Alvenaria, Argamassa, Eflorescências
Prof. Vasco P. de Freitas / Eng.º Sandro M. Alves
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Monografias APFAC sobre Argamassas de Construção