NUNES, M.V.; CAVALCANTE, C.A.M.; LIMA, A.K.O. Conhecimento popular e uso de plantas medicinais por uma comunidade da zona rural do Município de Jaguaribe, Ceará. In: II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste, 2015, Fortaleza. Anais do II Simpósio da RGV Nordeste. Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2015 (R 260). Conhecimento popular e uso de plantas medicinais por uma comunidade da zona rural do Município de Jaguaribe, Ceará Marcos Venicius Nunes¹; Cícero Antonio Maia Cavalcante²; Alan Kelbis Oliveira Lima³ ¹ Discente. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Campus Jaguaribe. CEP: 63475-000, Jaguaribe, Ceará. [email protected]; ² Docente. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Campus Jaguaribe. CEP: 63475-000, Jaguaribe, Ceará. [email protected]; ³ Discente. Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Campus Santarém. CEP: 68035-110, Santarém, Pará. [email protected]. Palavras-chave: comunidade rural, espécies medicinais, fitoterápicos, indicações terapêuticas. Introdução O uso de plantas medicinais é uma prática que vem se mantendo em evidência pelos valiosos ensinamentos propagados ao longo das gerações, garantindo assim, a base milenar do uso das mesmas no tratamento de doenças e, podendo substituir muitos fármacos (Ozaki; Duarte, 2006). O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. As observações populares sobre o uso e a eficácia de plantas medicinais em todo mundo, mantém em voga a prática do consumo de fitoterápicos, tornando válidas as informações terapêuticas que foram sendo acumuladas durante séculos (Maciel et al., 2002). O uso popular tradicional de espécies nativas tem pouco impacto negativo, pois, geralmente, as quantidades usadas são pequenas. Grande parte do material vem de plantios domésticos, sendo que para muitas espécies, apenas parte da planta é colhida, sem eliminá-la, e, quando a colheita envolve a eliminação de plantas, muitos dos coletores tradicionais têm o cuidado de não esgotar a população. Por outro lado, o uso pode ter um impacto positivo, por aumentar o interesse na preservação de áreas nativas (Giulietti et al, 2006). Em vista do exposto, objetivou-se neste estudo identificar as espécies de plantas medicinais da Caatinga e a sua utilização como fitoterápico por uma comunidade da zona rural do Município de Jaguaribe, Ceará. Materiais e métodos A pesquisa caracterizou-se como quantitativa e qualitativa e a metodologia empregada foi a pesquisa bibliográfica e de campo, a qual foi realizada durante o mês de junho de 2014, na comunidade de Vertentes, localizada na zona rural do Município de Jaguaribe, Ceará. O grupo amostral foi escolhido por conveniência sendo formado por indivíduos que moravam naquela região e que concordassem em participar da pesquisa. A forma de obtenção dos dados foi a partir de entrevistas semiestruturadas. Dessa forma, o grupo amostral foi formado por 46 indivíduos com idades superiores a 50 anos. A escolha de indivíduos com essa faixa etária deveu-se ao fato de acreditar-se que seriam as pessoas que teriam acumulado o maior conhecimento sobre o uso de plantas medicinais no decorrer do tempo. Alguns parâmetros foram avaliados, sendo estes, qual a planta utilizada, as finalidades desse uso, a forma de obtenção do conhecimento sobre o uso da planta e se o uso possuía alguma prescrição médica. A partir dos dados obtidos elaborou-se uma listagem de todas as espécies citadas como medicinais. As espécies foram tratadas por seus nomes populares e identificadas de acordo com regras de nomenclatura por seus nomes científicos. Resultados e discussão Foram citadas sete plantas originárias da Caatinga que são utilizadas pela população da zona rural entrevistada (Tabela 01). II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015 Valorização e Uso das Plantas da Caatinga Tabela 01. Nome popular e científico das espécies de plantas da Caatinga com fins medicinais e sua finalidade citadas pela população da comunidade de Vertentes, na Zona Rural do Município de Jaguaribe, Ceará, 2014. Nome popular Aroeira Ameixa Chanana Jucá Jurema preta Marmeleiro Mufumbo Nome científico Myracrodruon urundeuva Ximenia americana Turnera ulmifolia Caesalpinia ferrea Mimosa tenuiflora Contron sonderianus Combretum leprosum Uso/Ação Infecções e inflamações Inflamações e cicatrizante Inflamação Dores musculares, inflamações e cicatrizantes Reumatismo Diarreia Diarreia e problemas intestinais Os dados coletados demonstram ainda que para 13% (6 pessoas) do grupo amostral o uso dessas plantas é baseado em prescrições medicas e que 87% (40 pessoas) não se baseia em nenhuma indicação por um profissional da área da saúde, mas sim na cultura popular. Ressalta-se que quando questionados sobre a origem do conhecimento para a utilização dessas plantas os entrevistados afirmaram que o conhecimento havia sido passado pelos pais, familiares ou amigos. A humanidade utiliza as plantas como alternativa terapêutica na perpetuação de informações valiosas, muitas vezes próprias de sua cultura. Este fator faz com que cada sociedade, ou comunidade possua seu sistema de classificação, crenças e métodos populares capazes de promover a cura dos seus próprios males (Moreira ET al., 2002). Conclusão Diversas são as plantas medicinais originárias da Caatinga utilizadas pela comunidade de Vertentes em Jaguaribe, CE, para as mais diferentes enfermidades e que os conhecimentos sobre a indicação terapêutica e a utilização da planta tiveram origem na sabedoria popular repassada de geração a geração. Referências GIULIETTI, A. M.; NETA, A. L. B.; CASTRO, A. A. J. F. Diagnóstico da vegetação nativa do bioma Caatinga. Revista Infarma, v. 18, pág.72. 2006. MACIEL, M. A. M.; PINTO. A. C.; VEIGA JUNIOR. V. F. Plantas Medicinais: a Necessidade de Estudos Multidisciplinares. Quím. Nova vol. 25. nº. 3. São Paulo Maio 2002. MOREIRA, R. C. T.; COSTA, L. C. B.; COSTA, R. C. S.; ROCHA, E. A. Abordagem etnobotânica acerca do uso de plantas medicinais na vila Cachoeira, Ilhéus, Bahia, Brasil. Acta Farmacêutica Bonaerense, v. 21. nº 3. 205-211, 2002. OZAKI, A. T.; DUARTE, P. C. Fitoterápicos utilizados na Medicina Veterinária, em Cães e Gatos. Revista Infarma, v. 18, pág.11-12, 2006. II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015