Processos migratórios e as múltiplas formas de urbanização: um estudo comparativo no
oeste do Pará, 2005-2010
Julia Corrêa Côrtes
Eng. Agrônoma (ESALQ/USP)
Mestre em Demografia (IFCH/Unicamp)
Doutoranda em Demografia (IFCH/Unicamp)
Resumo
A Amazônia brasileira é considerada cada vez mais uma floresta urbanizada, no entanto, ainda é
incipiente o conhecimento sobre sua transição urbana. É consenso que as formas de classificação de
áreas urbanas precisam ser ampliadas para contemplar a heterogeneidade urbana da região. A
constatação de um processo de urbanização do rural reforça que é necessário romper a dicotomia ruralurbana e integrar as dimensões urbanas que perpassam não somente pela condição física do espaço, mas
sobretudo pelos valores sociais, culturais e econômicos. Este trabalho parte do estudo migratório
detalhado para apresentar e discutir indicadores que auxiliem na identificação das diferentes faces
urbanas da Amazônia. Para isso, o estudo propõe uma análise comparativa entre duas regiões no estado
do Pará que compartilham o mesmo grau de urbanização, mas com diferentes trajetórias de urbanização.
Utilizando o Censo Demográfico 2010, faz-se uma análise geral a partir de indicadores sintéticos de
migração e uma análise sociodemográfica da população migrante por corrente migratória e situação do
destino. As medidas-resumo sugerem similaridades entre as regiões, tal como alta circulação migratória e
migração líquida negativa. Já a análise por grupo de migrantes revela que as dinâmicas migratórias são
particulares de cada área e não podem ser igualmente compreendidas. Os resultados mostram que
existem diferentes formas e significados de urbanização que não se expressam via grau de urbanização.
Na área de estudo da BR163, o cenário migratório constatou que o meio rural está conectado à dinâmica
urbana, que por sua vez é estruturada pela sua longa história de ocupação. Na área de estudo da BR230,
onde a urbanização é mais recente, o cenário migratório sugere o processo contrário, onde o meio
urbano está conectado à dinâmica rural. Se inicialmente a proposta era considerar a urbanização do rural
como uma classe de uso da terra, o esforço oposto também deverá ser realizado, no sentido de
(re)classificar áreas consentidas como urbano para reproduzir a ruralização do urbano. Este trabalho foi
de natureza exploratória, mas mostrou que indicadores como composição do grupo migrante e atividade
de ocupação no destino trazem à luz a complexidade da transição urbana na Amazônia. E que, portanto,
para discutir as múltiplas formas de urbanização é preciso adotar abordagens que não se detenham
unicamente a indicadores agregados e considerem o processo histórico da região.
Palavras-Chave: Urbanização, Migração, Uso da terra, Amazônia.
IV SEMINÁRIO DA LINHA DE PESQUISA EM POPULAÇÃO, AMBIENTE,
ESPAÇO E SUSTENTABILIDADE: DIÁLOGOS TRANSVERSAIS NEPO-INPE
Núcleo de Estudos de População, Universidade Estadual de Campinas
26 de setembro de 2014
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