Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação – Geral de Documentação e Informação Coordenação de Biblioteca A s o l i d a r i e d a d e dos riograndenses e a libertação do Rio Grande (DISCURSO PRONUNCIADO NO PALÁCIO DO GOVERNO DO RIO GRANDE, EM PORTO ALEGRE, RESPONDENDO E AGRADECENDO A MANIFESTAÇÃO POPULAR DE 7 DE JANEIRO DE 1938) SUMARIO O Rio Grande ao lado da ordem — A marcha para a consolidação do Estado Novo — Os partidos haviam perdido sua razão de ser — Já não ha representantes de grupos nem representantes de interesses partidários — Ha sim o povo e o governante que ao povo se dirige para auscultar-lhe os interesses — Já não são necessários intermediários para chegar ao Chefe do Estado. ovo riograndense! Brasileiros de todos os recantos da Pátria! Eu não quero retardar por mais tempo o prazer de dirigir-vos a palavra e trazer-vos os meus agradecimentos e as minhas saudações por esta demonstração quente de entusiasmo vibrante e calor patriótico com que me acolhe, em meu berço, a população da Capital do meu Estado. Há dois anos e tanto, eu vos visitei, pela penúltima vez, quando festejávamos o centenário da Revolução Farroupilha, e, nessa ocasião, senti, pela primeira vez, em torno de mim, a hostilidade oficial, mas nem por um instante duvidei que a população do Rio Grande não estivesse a meu lado. E foi esta certeza, esta convicção, que me deu a força necessária para empreender o trabalho da libertação do Rio Grande. Sabia que esse serviço era um dever patriótico, que se me impunha com o intuito exclusivo de propugnar pela prosperidade e pela grandeza do Estado. Tempos passaram: a ação do povo riograndense colocando-se ao lado das forças armadas e a competência e o valor do General Daltro Filho mostraram que aquele que pretendia falar em nome do Rio Grande, ameaçar em nome do Rio Grande e violentar em nome do Rio Grande, estava abandonado pelos seus conterrâneos. E não podia deixar de assim ser, porque não podia falar em nome do Rio Grande um governo que não tinha em seu favor a base moral da sua autoridade. Hoje, volto ao vosso seio deante de um novo panorama político que se desenha. Estamos em marcha para a consolidação do Estado Novoa que é uma força que surge, porque lhe cabe, de hoje em 133 A NOVA POLÍTICA DO BRASIL diante, a capacidade de orientar, de coordenar e realizar o progresso do país. Quando os partidos políticos se dissolveram, não foi apenas por um decreto que determinava sua dissolução, porque, quando foi ele baixado, as agremiações partidárias já não existiam. Os partidos haviam perdido sua razão de ser, ou porque não tinham programa ou porque os seus programas não correspondiam às realidades palpitantes da vida nacional. Eram formas sem substância. Eram bronzes partidos que haviam perdido a sua sonoridade. Hoje, o Governo não tem mais intermediários entre ele e o povo. Não mais mandatários e piartidos. Não há mais representantes de grupos e não há mais representantes de interesses partidários. Há sim o povo no seu conjunto e o governante dirigindo-se diretamente a ele, afim de que, auscultando os interesses coletivos, possa ampará-los e realizá-los, de modo que o povo, sentindo-se amparado nas suas aspirações e nas suas conveniências, não tenha necessidade de recorrer a intermediários para chegar ao Chefe do Estado. Eu vos direi, agora, que, para a consolidação desta obra, precisamos contar com a educação da juventude e com a mocidade que surge das escolas primárias e elementares, dos ginásios e escolas superiores. E, para isso, todos precisam ser educados dentro da doutrina do Estado Novo. Desapareceu e tem de desaparecer a exterioridade do livre didatismo. Agora, precisa ser estabelecida a doutrina do Estado, que é a que tem por objetivo o engrandecimento da Pátria. Nunca me desviei desse sentimento de pátria; e vós bem compreendestes que jamais me teria passado pelo espírito que o fato de haver assumido o Governo do Rio Grande, em circunstâncias excepcionais e passageiras, um General do Exército que não era filho deste Estado^ pudesse melindrar os ríograndenses, pois» 134 A SOLIDARIEDADE DOS RIOGRANDENSES se um filho do Rio Grande pode governar o Brasil, por que um filho do Brasil não pode governar o Rio Grande? Mas, como dizia, todo o nosso esforço tem de ser dirigido no sentido de educar a mocidade, de prepará-la para o futuro: desde a que vive nas praias defrontando o mar, que é um educador de energias, àquela que vive no interior lavrando a terra creadora de riquezas, àquela que vive pastoreando o gado e que é descendente dos antigos centauros do Rio Grande; à mocidade das fábricas, das indústrias e do comércio; enfim, a todos aqueles que na juventude vêem com os olhos abertos pelo deslumbramento da vida que recem-desponta, a essa mocidade que sacode os braços para o alto como se pretendesse abraçar o Sol. E' nela que depósito a minha confiança; é para ela que eu apelo, porque é uma força capaz de consolidar o Estado Novo. E vós, meus concidadãos, que fostes aqueles que juntamente comigo fizeram a Revolução de 30, deveis acalentar no espírito desta mocidade a força nova que se conjuga para, num trabalho conjunto, com fito exclusivo e, unidos como um só elemento, tudo fazermos para a grandeza e a prosperidade do Brasil. 135-