Romantismo 1ª Geração: Nacionalidade Uma corte em fuga No início do século XIX, o Brasil vive um período muito especial de sua história: a crise em Portugal, provocada pelas manobras expansionistas de Napoleão Bonaparte, desencadeia acontecimentos que modificarão a vida na colônia. O principal deles é a vinda da família real para o Brasil. Os nobres no Rio de Janeiro Quando D. João VI chegou ao Rio de Janeiro, em 1808, as ruas da cidade tinham sido cobertas por areia de praia e ervas aromáticas. Ao desembarcar, os membros da corte foram saudados com uma chuva de flores. Nada disso, porém, foi suficiente para disfarçar a realidade: O Rio de Janeiro era uma cidade descuidada, com ruas sujas e malcheirosas. O Discurso da nacionalidade Na primeira metade do século XIX, várias missões estrangeiras vieram ao Brasil. Eram compostas por cientistas e artistas que, coletando, desenhando e escrevendo textos, registraram as características do novo reino. Foram eles que apontaram os índios e a natureza exuberante como elementos mais representativos da identidade brasileira, símbolos ideiais para a nação que começava a ganhar forma. Manifesto romântico Vivendo na França, alguns escritores, conhecidos como o Grupo de Paris, resolveram criar uma revista em que seriam tratados temas de interesse nacional. Entre esses escritores, estavam Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto Alegre. A Nitheroy, Revista Brasiliense de Ciências, Letras e Arte surgiu em 1836 e declarava, em epígrafe: “Tudo pelo Brasil, e para o Brasil”. Foi o “grito” de independência literária do Brasil. A poesia indianista Os textos literários escritos para divulgar a imagem do índio e da natureza americana como elementos definidores da identidade brasileira são conhecidos como nativistas ou indianistas. Por extensão, os poetas e romancistas que desenvolvem essa temática também são chamados assim. O discurso nacionalista O contexto de produção da primeira geração romântica brasileira foi muito influenciado pela propaganda nacionalista que tomou conta do país. Boa parte dos escritores românticos vivia na Europa, para onde tinham ido completar seus estudos. De Lisboa, Coimbra e Paris, lançavam um olhar idealizado para a pátria, fazendo com que a representação literária dos elementos nacionais ganhe o tom exagerado da saudade dos exilados. A linguagem Os versos indianistas não exploram a liberdade formal característica do Romantismo. Eles são marcados pelo controle da métrica e pela escolha das rimas. Uma das formas de aproximar os leitores dos costumes indígenas é fazer com que o ritmo dos versos se assemelhe ao toque ritual dos tambores, usados nas cerimônias desses povos. Outro recurso de linguagem é uma delicada caracterização da natureza brasileira, espaço no qual se desenvolvem os acontecimentos narrados nos poemas indianistas. Gonçalves Dias O grande nome da primeira geração romântica brasileira foi Antônio Gonçalves Dias (1823-1864). De origem mestiça, filho de um comerciante português e uma cafuza (descendentes de negros e índios), o poeta orgulhava-se de ser descendente das três raças que formaram o povo brasileiro. Foi para Coimbra estudar Direito e sobre a influência dos românticos Almeida Garret e Alexandre Herculano. Natureza transfigurada A lírica de Gonçalve Dias revela o gosto por temas como a da solidão e do sofrimento amoroso. A natureza surge, nesses poemas, como o espaço que abriga e acolhe o sujeito que sofre.