EASY GLASS Easy Glass – Resumo O Easy Glass é um projeto desenvolvido para implantar a manutenção dos pára-brisas dos veículos ferroviários, cujo objetivo consiste na implantação de um guindaste de coluna giratório e uma talha com dispositivo de ventosas, para a substituição dos pára-brisas avariados. Devido a algumas eventualidades, dentre elas o ato de vandalismo, os pára-brisas dos veículos ferroviários são trincados ou danificados, havendo a necessidade de substituição. Neste trabalho, encontramos a situação atual da manutenção dos pára-brisas dos trens, apresentando a dificuldade de substituição dos mesmos, já que seu peso, dimensões e, em alguns casos, a angulação, não permitem a troca manual. Por decorrência disto, os pára-brisas trincados não podem ser substituídos, trazendo prejuízos estéticos para o trem e diminuindo a segurança do maquinista. O dispositivo proposto nesse projeto, por constituição, visa cessar os problemas citados acima, e, com a utilização do projeto proposto, será possível evitar a quebra e desperdício de pára-brisas durante a troca, e substituir os pára-brisas de forma segura e ergonomicamente correta. Palavras-chave: Pára-brisas, veículos ferroviários, ventosas. 3 Apresentação 1. Introdução O projeto Easy Glass foi criado a partir da constatação da ausência de equipamento para substituição dos pára-brisas dos veículos ferroviários. Os exemplos, dados e estatísticas são com referência ao trem novo fornecido em São Paulo, da série ‘7000’, por ser atualmente o caso mais crítico. Porém, é importante ressaltar que o equipamento se adapta à quaisquer pára-brisas utilizados em veículos ferroviários, com o intuito de implantar ou otimizar a manutenção dos mesmos nas empresas do ramo. Os pára-brisas dos veículos ferroviários são um dos componentes mais atingidos por vandalismo, que é danificado por pedras e/ou outros objetos lançados em sua direção; ou até mesmo por ação do tempo (granizo, picos de temperatura). Em média, em empresas do ramo de manutenção ferroviária, são trocados 3 vidros por mês. A troca é feita conforme disponibilidade de vidros e mão-de-obra. Porém, é trocado com 70% de prioridade quando a trinca está do lado do maquinista. A troca do pára-brisa é importante, não apenas por questões estéticas, mas também pela segurança do maquinista, e boa prestação de serviços aos usuários; visto que, a má visibilidade desse pára-brisa prejudicará a circulação. Além disso, as trincas do pára-brisa mesmo que inicialmente pequenas, tendem a se expandir, devido à vibração que a composição sofre ao estar em contato com a via permanente. 2. Situação Problema Atualmente a troca de pára-brisas é feita manualmente, onde, dependendo do trem, no mínimo 4 funcionários são encarregados de realizar essa tarefa. Todo esse processo dispensa muito tempo, além de prejudicar ergonomicamente os funcionários. Por conta disso, ocorre frequentemente a quebra do pára-brisa no momento da troca, devido ao mau manuseio e difícil posicionamento do mesmo. A cada vidro substituído, aproximadamente dois são quebrados durante a troca, dependendo da série. Algumas empresas utilizam ventosas de sucção para tal troca, mas ainda assim o processo é todo manual. Porém, vemos que o problema mais crítico é com relação aos trens da série 7000, pois é o maior pára-brisa utilizado até o momento em veículos ferroviários. Este possui as seguintes dimensões: Altura: 1490mm Comprimento: 2225mm Curvatura: 220,5mm (do centro para baixo) Inclinação: 54° Peso: 151Kg Espessura:18mm 4 Figura 1 – Vistas frontal e lateral do pára-brisa do trem da série 7000. Fonte: Manual Técnico 7000. Vemos que as dimensões são de grandes proporções e ainda há o fato da sua inclinação e curvatura, sendo que a troca manual deste pára-brisa é considerada quase impossível. O preço de um pára-brisa deste porte é muito oneroso para a empresa, não sendo economicamente viável o descarte de um devido à quebra no momento de troca, como ocorre com outros pára-brisas. 3. Descrição do projeto Após observarmos a situação problema, estudamos um método viável que viesse a corrigi-la. A partir disto desenvolvemos o Easy Glass, que é um projeto adaptável a quaisquer oficinas de manutenção ferroviárias. O Easy Glass consiste na fixação de um guindaste de coluna giratório, que terá por função erguer um dispositivo de ventosas de sucção, para a troca do pára-brisa. O dispositivo é uma armação metálica, onde em cada uma das suas extremidades é fixada uma ventosa de sucção de 220mm de diâmetro que tem a capacidade de suportar um peso de 2362N cada, lembrando que o peso do pára-brisa é de 151Kg. Essa armação metálica possuirá movimento de um plano horizontal para um plano vertical, obtendo assim a posição em ângulo correta para colocação do pára-brisa. A talha exponencial fixada no guindaste terá a função de erguer esse dispositivo que estará fixando o pára-brisa em sua estrutura, minimizando assim o esforço que o funcionário dispende ao realizar essa atividade, bem como o tempo necessário para concluí-la. 5 Figura 2 – Desenho demonstrativo do projeto. Fonte: Arquivo Pessoal Dessa forma, vemos que o equipamento é extremamente adaptável, por suportar um peso oneroso, além de possuir movimentação angular para atender qualquer necessidade. O guindaste de coluna giratório pode ser encomendado na altura necessária, dependendo do local a ser implantado. 3.1. Funcionamento da talha exponencial A talha exponencial é utilizada no projeto para que se possa erguer o pára-brisa sem grandes esforços. Uma talha exponencial consiste em uma associação de polias móveis com uma só polia fixa. Figura 3 – Funcionamento de uma talha exponencial Na figura acima, onde temos 3 polias móveis e uma fixa, o bloco de peso P é mantido em equilíbrio pela pessoa. Observe que a força que a pessoas aplica tem intensidade 8 vezes menor que o peso do bloco e que cada polia móvel reduz pela metade a força aplicada nela. A força exercida pela pessoa, se tiver n polias móveis, corresponde a 2n do peso do bloco com n=1,2,3... , conforme a fórmula abaixo: 6 Assim, se o bloco da figura acima tiver peso de 80N, a pessoa deve fazer uma força de apenas 10N para mantê-lo em equilíbrio. Para a aplicação desses cálculos no projeto tivemos que levar em consideração não apenas o peso do pára-brisa, mas também da estrutura usada para a sucção do mesmo. Consideramos que, ao total, este peso não ultrapasse 3000N (aproximadamente 300Kg). Neste caso, serão utilizados 5 polias móveis, e o operador exercerá um esforço de 93,75N (aproximadamente 9,37kg), ou seja, a força necessária para que se possa erguer o pára-brisa, bem como a estrutura de sucção. Este processo reduz em aproximadamente 32 vezes a força necessária para erguer o pára-brisa sem a talha. Cálculo: F F F P 2n 3000N 25 93,75N Para aplicação do projeto poderia ser adquirido um guindaste giratório de coluna convencional e uma talha elétrica pela empresa, porém a amortização seria mais demorada que a talha exponencial que projetamos. Pois a maior parte dos materiais necessários para a sua construção se encontra disponível dentro das instalações da empresa. 3.2. Funcionamento do dispositivo com ventosas de sucção Como já citado anteriormente, o dispositivo possuirá movimentação de 0° à 90°, e esse movimento se dará a partir do acionamento de um atuador servo-pneumático. Esse atuador é acionado por um motor trifásico. Uma válvula geradora de vácuo faz com que as ventosas de silicone succionem o párabrisa. Essas ventosas possuem suspensão e isso lhe confere um duplo manejo acompanhando a curvatura do pára-brisa. A escolha deste tipo de ventosa nos possibilita a utilização deste dispositivo na troca de pára-brisas de outras séries. Para definir o diâmetro da ventosa usa-se o cálculo descrito abaixo: Cálculo da força que a ventosa exerce: F m( g a).SV F F 200 (9,81 2). 4 9448 N F 9448 / 4 2362 N (por ventosa) Legenda: F = Força exercida pela ventosa 7 M = massa do objeto a ser succionado G = gravidade A = aceleração SV = Segurança por levantamento vertical (constante) Por consequência dos cálculos, analisando a tabela abaixo, vimos que o diâmetro ideal da ventosa é ø220mm. Tabela 1-Tabela de cálculo de ventosas. Fonte: PARKER 4. Amortização Apresentamos agora a vantagem do projeto financeiramente. 4.1 Gastos com a implantação do Easy Glass Foram contatadas diversas empresas fornecedoras, e utilizados somente as ofertas mais baixas. Segue abaixo um cálculo do valor estipulado do dispositivo: 8 Componente Estrutura metálica Guindaste de coluna Talha exponencial Suspensão das ventosas Válvula Geradora de Vácuo Filtro de vácuo Atuador Servo-pneumático Custo em R$ 140,00 1.250,00 365,00 12,00 213,60 44,74 2.600,00 Unidades 1 1 1 4 1 1 1 Preço Total 140,00 1.250,00 365,00 48,00 213,60 44,74 2.600,00 Ventosa de Silicone Ø220mm Motor Trifásico 440V Horas / Mecânico de Manutenção 142,80 623,00 9,25 4 2 3 pessoas / 160h cada 571,20 1.246,00 4.440,00 Total 12.178,54 Tabela 2 – Tabela de custos do dispositivo levando em consideração o valor médio no mercado. 4.2 Gastos com uma troca de pára-brisa As médias de tempo gasto para troca e número de pára-brisas trocados mensalmente são apenas uma média geral das empresas, usado como referência. O valor da hora de trabalho de um mecânico da manutenção é de aproximadamente R$9,25. O tempo aproximado gasto para substituição manual de um pára-brisa é de três horas com 4 mecânicos de manutenção. Portanto: R$9,25 a hora x 3 horas x 4 mecânicos = R$111,00. O valor de um pára-brisa da série 7000 (apenas referência, pode-se calcular com outro pára-brisa) é de aproximadamente R$14.000,00. Se durante a substituição for quebrado apenas um vidro, tem-se a perda de R$14.000,00. Ou seja, o gasto total é de aproximadamente R$14.111,00. 4.3 Amortização Com a utilização do nosso dispositivo, o tempo de troca cai mais de 70% e há a necessidade de apenas duas pessoas para o manuseio do mesmo. R$9,25 a hora x 1 hora x 2 mecânicos = R$18,50 por troca. Ou seja, a CPTM gasta R$12.178,54 para a implantação do Easy Glass no Abrigo. A cada troca, gasta R$18,50. O gasto anterior, sem o uso do Easy Glass, é de R$14.111,00 por troca, aproximadamente. Portanto: (R$12.178,54 + R$18,50) – R$14.111,00 = R$-1.913,96. Na primeira troca de um pára-brisa da série 7000 com a utilização do Easy Glass, o projeto é amortizado, ainda com vantagem de quase R$2.000,00. 9 CONCLUSÃO Concluímos que o projeto Easy Glass traz inúmeros benefícios às empresas de manutenção ferroviária, visto que não há nenhum equipamento adequado no mercado brasileiro que permite a troca dos pára-brisas de veículos ferroviários. Este também traz amortização muito ágil, pois, com a implantação deste projeto, o número de vidros quebrados e desperdiçados por um mau transporte ou substituição cairá em grande escala. Notamos que manter um pára-brisa quebrado traz problemas, como atrapalhar a visão do maquinista, bem como sua segurança, e má visibilidade dos trens frente aos usuários; e ainda que a tentativa de troca manual traz riscos à segurança dos funcionários. Desta forma, o projeto não é amortizado somente por valores econômicos, mas também por garantir segurança aos seus funcionários e confiabilidade dos serviços prestados pela empresa aos seus usuários. 10