apenas o Ca encontrou-se dentro dos padrões por apresentar valores menores do que 250 mg/L. Para o parâmetro amônia, todos os coletores apresentaram valores menores do que 5 mg/L, portanto, dentro do valor máximo permitido na legislação, assim quanto aos valores de amônia não houve diferença significativa entre os coletores (p> 0,05). Queiroz; Koetz (1997) encontraram valores de sulfato de 21,06 mg/L, ao pesquisarem sobre o efluente gerado a partir da parboilização do arroz, de acordo com os valores encontrados e indicados na Tabela 4, todas as amostras analisadas apresentaram valores acima do encontrado por Queiroz e Koetz, esta diferença pode ser justificada devido as características orgânicas do efluente estudado, possuindo grande carga de matéria orgânica, corantes naturais e artificiais, favorecendo o aumento da quantidade de sulfatos no efluente e, consequentemente, o aumento dos sólidos totais dissolvidos, conforme o indicado na Tabela 3. Conforme Zavoudakis et. al., (2006), a amônia é um constituinte resultante da decomposição da matéria orgânica que pode comprometer o processo de desinfecção das águas residuárias na etapa de tratamento químico com cloro, por produzir cloroaminas que possuem baixo poder bactericida, impedindo o controle de micro-organismos não desejáveis na etapa de processo biológico ou na etapa do padrão de lançamento. Palhares; Calijuri (2007) encontraram valores de 60 mg/L de amônia, no mês de maio, ao caracterizarem o efluente oriundo de uma suinícola. Este resultado difere-se ao encontrado no presente estudo, conforme o indicado na Tabela 4. Estão demonstrados na Tabela 5 os resultados obtidos para os parâmetros de oxigênio dissolvido, protídeos e lipídeos. Tabela 5. Resultados obtidos para as amostras Ca, Cb, Cc e Cd para os parâmetros de oxigênio dissolvido (mg/L), proteínas (mg/L) e óleos e graxas (mg/L) Parâmetros Ca Cb Cc Cd Oxigênio dissolvido 19,5 ± 0,05 255 ± 1,52 271,25 ± 0,14 267,5 ± 0,35 Proteína 0,11 ± 0,01 0,46 ± 0,02 0,52 ± 0,19 0,48 ± 0,02 Óleos e graxas 0,008 ± 0,005 0,043 ± 0,03 0,041 ±0,002 0,042 ± 0,001 Fonte: Dados dos autores, 2013. Os resultados obtidos para os parâmetros de oxigênio dissolvido, proteínas e lipídeos indicam, de acordo com a Tabela 5, que houve diferença significativa para estes parâmetros apenas comparando-se o Ca aos demais coletores b, c e d, (Tukey, p <0,05), e que não houve diferença significativa entre as amostras dos Cb, Cc e Cd (Tukey, p >0,05). De acordo com Giordano (2004), os valores de oxigênio dissolvido indicam as condições de qualidade da água residuária, sob o aspecto de que as reduções nas concentrações de oxigênio nos corpos d´água são provocadas principalmente por despejos de origem orgânica. Assim, os valores de oxigênio dissolvido variam principalmente com a temperatura, a altitude e a R evista A nalytica • Fevereiro/Março 2014 • nº 69 quantidade de matéria orgânica disponível aos micro-organismos aeróbios. Os resultados de oxigênio dissolvido obtidos por Palhares; Calijuri (2007), ao estudarem amostras de efluente provenientes de suinícolas foram de 1,8 mg/L e 4,7 mg/L. Ambos os resultados encontraram-se menores aos obtidos no atual estudo em todos os coletores analisados (Tabela 5). Vários fatores podem ocasionar esta diferença obtida mas, principalmente, as características do efluente. O efluente pesquisado neste estudo é proveniente de uma indústria alimentícia, tendo como característica principal a presença de grande quantidade de matéria orgânica, embora as características de compostos orgânicos estejam presentes também nas amostras estudadas por Palhares e Calijuri (2007), as amostras de Palhares e Calijuri encontram-se diluídas, o que facilita a degradação da matéria orgânica pelos micro-organismos presentes no meio, fazendo com que os valores de oxigênio dissolvido diminuam conforme a degradação da matéria orgânica pelos micro-organismos aeróbios. Nas amostras dos coletores b, c e d deste estudo, a presença de elevados teores orgânicos podem ter influenciado na degradação microbiana, pois grandes quantidades de substratos podem promover concentração no meio aquoso, prejudicando o crescimento microbiano e consequentemente a sua utilização da matéria orgânica, devido à alta pressão osmótica criada no meio. A amostra contida no Ca apresenta menores quantidades de matéria orgânica, logo, neste coletor foram obtidos menores resultados de oxigênio dissolvido (Tabela 5), o que pode evidenciar menor pressão osmótica causada pela baixa concentração de substrato e então maior consumo de oxigênio dissolvido pelos micro-organismos aeróbios presentes neste coletor. Segundo Almeida et. al. (2004), a elevação da carga orgânica prejudica a eficiência dos tratamentos biológicos, devido ao intumescimento do lodo ativado, como é o caso dos efluentes das indústrias alimentícias, assim há necessidade de proceder tratamentos como sedimentação e principalmente flotação em efluentes com características de carga orgânica elevada, e também diluição do meio para que não haja pressão osmótica que possa desfavorecer a degradação da matéria orgânica pelos micro-organismos, antes de iniciar a etapa dos tratamentos biológicos. Se este efluente for despejado em corpos d’agua sem nenhum tipo de tratamento prévio, haverá uma diluição natural da matéria orgânica presente no efluente, o que poderá favorecer o crescimento de micro-organismos aeróbios ocasionando a morte de peixes e outros organismos aquáticos por falta de oxigênio, causando um desequilíbrio na biodiversidade nos corpos d’agua. A quantidade de proteína presente nos efluentes também serve como substrato microbiano. Valores de 41,4; 62,2 e 56,2 mg/L foram encontrados nos pontos de coleta A1, A2 e A3, respectivamente, por Bertonilo; Carvalho e Aquino (2008), ao estudarem o efluente proveniente de universidades. Estes valores são diferentes do obtido no presente estudo, que foram de 0,11; 0,46, 0,52 e 0,48 mg/L, para os coletores a, b c e d, respectivamente. 63